sábado, 9 de julho de 2005

.: Resenha de "Lucíola e Diva", José de Alencar

Duas mulheres com vidas completamente opostas
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em julho de 2005


Mulheres de muita atitude que amam e lutam pelo que desejam. Este é o perfil geral das personagens principais das obras "Lucíola e Diva", de José de Alencar. Em Lucíola temos Maria da Glória uma jovem sonhadora que se vê diante de um grande problema: salvar a família com febre amarela. Para tanto, ela prostitui-se. O pai, ao melhorar de saúde, descobre a origem do dinheiro e a coloca na rua.

Após ser expulsa de casa, ela continua na vida promíscua. Ao perder uma amiga de trabalho, troca de nome, e passa a chamar-se Lúcia e a amiga que morreu "passa" a chamar-se Maria da Glória. Apesar das dificuldades de sua profissão, Lúcia, apaixona-se por Paulo, homem que a vê na corte como uma moça virgem. 

Ao ficar ciente da vida que Lúcia leva, eles vivem um caso, cheio de altos e baixos. Até que ela conta a sua verdadeira história. Ele descobre que ela tem problemas de saúde, coração. Lucíola tem uma narrativa completa e cheia de revelações, isto é, com vários ápices que permitem uma leitura fluente, transportando então, o leitor ao universo da mulher que prostitui-se, caí no mal, mas tem a sua redenção no amor, a purificação para todos os males, um pensamento bastante romântico.

Já em Diva, José de Alencar, tem um narrador, Amaral, que conta toda as suas aventuras romanescas com Emília, para Paulo. Sim, o personagem que Lúcia amou, em Lucíola. A história do médico Amaral e Mila é apresentada por Paulo. "Foi em março de 1856. Havia dois meses que eu tinha perdido a minha Lúcia. Sentia a necessidade de dar ao calor da família uma nova têmpera à minha alma usada pela dor. Parti para o Recife. A bordo encontrei o Dr. Amaral, que vira algumas vezes nas melhores salas da Corte. Formado em medicina, ela ia a paris fazer o estádio quase obrigatório dos jovens médicos brasileiros. [...] Um belo dia recebi uma carta de Amaral; envolvia um volumoso manuscrito, que é o que lhe envio agora, um retrato ao natural, a que a senhora dará como ao outro, a graciosa moldura".

Amaral, moço de vinte e três anos, negro apaixona-se por Emília, moça rica que não era muito provida de beleza, mesmo porque, a sua prima Júlia, a chamava de "esguicho de gente". Contudo, os anos passaram-se, aquela que era feia, tornou-se a bela dos salões, uma verdadeira beldade. "Quando aos dezoito anos ela pôs o remate a esse primor de escultura viva e poliu a estátua de sua beleza, havia atingido ao sublime da arte. Podia então, e devia, ter o nobre orgulho do gênio criador. Ela criara o ideal da Vênus moderna, a diva dos salões". O amor interracial é concluído? Não vale a pena responder, pois é mais do que certo de que a obra merece ser contemplada. Portanto, aproveite!

As obras que contam com textos condensados por Celso Leopoldo Pagnan não perdem a riqueza das obras de texto integral escritas por José de Alencar. O interessante da publicação são os rodapés que explicam o significado das palavras. Um exemplo está na página 67, de Diva. "Augusto: grandioso, imperioso / Paulo: é o narrador de Lucíola / Maçada: aborrecimento / Diva: beldade, mulher formosa". Além deste rodapé informativo, nas duas últimas páginas, o livro conta com a biografia do autor e um roteiro de leitura para cada um dos livros.

Livro: Lucíola e Diva
Autor: José de Alencar (texto condensado por Celso Leopoldo Pagnan)
100 páginas
Editora: Rideel
← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

Um comentário:

Deixe-nos uma mensagem.

Tecnologia do Blogger.