segunda-feira, 27 de julho de 2015

.: Violeiro Chico Lobo lança CD e livro com causos sobre a viola caipira

Álbum com faixas inéditas traz participação especial de Rolando Boldrin e Tavinho Moura


O mineiro Chico Lobo, expressão nacional no universo da viola caipira, faz pocket show na Livraria da Vila (em Pinheiros), no dia 6 de agosto (quinta, às 19h30), para lançar CD e livro que entram no mercado pela gravadora e editora Kuarup.

A apresentação tem participação do escritor e pesquisador Fábio Sombra, seu parceiro na realização do livro Conversa de Violeiro - Viola Caipira: Tradição, Mistérios e Crenças de um Instrumento com a Alma do Brasil, e do jornalista e especialista em cultura popular, Assis Ângelo, autor do prefácio.

O lançamento do livro é simultâneo ao do CD Cantigas de Violeiro, que revisita 30 anos de carreira de Chico Lobo e traz sua releitura para Calix Bento, clássico da música popular brasileira, além de canções inéditas criadas especialmente para o projeto.

Chico Lobo – cujo primeiro CD foi indicado ao Prêmio Sharp de Revelação, em 1996, e que recentemente, teve uma canção sua escolhida por Maria Bethânia para integrar o show e DVD comemorativo dos seus 50 anos de carreira - conta que o livro reflete anos de vivência no mundo da viola e dos violeiros. “Conversa de Violeiro nada tem a ver com aprendizado do instrumento. É um sonho antigo, desde a época em que eu era colunista da revista Viola Caipira, aonde cheguei a registrar algumas curiosidades que vivenciei de perto. Não é ficção, é vivência popular”, explica.

A obra mostra em detalhes o folclore que envolve as origens da viola, instrumento que melhor reflete a alma do Brasil raiz, explorando essa matéria-prima mística por meio de causos, crendices e demais tradições populares. Segundo Fábio Sombra: "Esse trabalho traz uma visão ampla do universo mágico da viola caipira. O livro está repleto dessas curiosidades que recolhemos pessoalmente nos rincões mais remotos do Brasil. É o trabalho de quem foi pesquisar nas fontes e não se limitou a reproduzir o que outros pesquisadores escreveram. Deu um trabalhão, mas acho que temos em mãos um livro que nos enche de orgulho e satisfação." Os autores buscaram preservar na obra o mesmo tom das conversas interioranas, o mesmo clima tranqüilo e descontraído de onde vieram as histórias. O leitor vai descobrir, por exemplo, que o nome Diabo tem mais de 200 variações no vocabulário popular ou porque alguns violeiros usam o guizo da cobra cascavel dentro da viola ou, ainda, como é feito o pacto com o “coisa ruim” para adquirir destreza no instrumento. “Esses conhecimentos são bens imateriais e precisam ser preservados no século XXI”, comenta Chico Lobo.

O álbum Cantigas de Violeiro ‘conversa’ com o livro e mostra a rica sonoridade da cultura popular com as folias, modas, batuques, catiras, folguedos, bois e toques de viola, sons inspiradores que fazem o músico mergulhar, assim como no livro, na cultura regional, resultado de suas andanças por Minas Gerais e pelo Brasil. O trabalho reúne 14 canções do violeiro, mais duas músicas inéditas autorais, além de convidados especiais: Rolando Boldrin (recitando em Simpatia da Cobra Coral ), Tavinho Moura (Breu) e participações do músico Xangai (Boi Carreador), do violeiro Pena Branca (Tropa) e de Aldo Lobo (Criação), pai de Chico.

Serviço / pocket show
Lançamento: CD Cantigas de Violeiro e livro Conversa de Violeiro
Músicos: Chico Lobo (voz, viola e causos) e Fábio Sombra (voz e causos)
Participação especial: Assis Ângelo
Dia 6 de agosto. Quinta-feira, às 19h30
Livraria da Vila – Rua Fradique Coutinho, 915. Pinheiros/SP. Tel: (11) 3814-1063
Entrada franca. Classificação: Livre.
www.livrariadavila.com.br / www.kuarup.com.br/

Faixa a faixa – Cantigas de Violeiro

O trabalho abre com a faixa Brasil Violeiro (parceria com Tadeu Martins, do CD Viva a Viola - Viva a Cantoria), uma ode ao Brasil que revela os caminhos traçados por Chico Lobo e as cordas de sua viola caipira. Ele canta o Brasil com sua geografia, cultura, folguedos, tradições e a força da miscigenação do seu povo. Quatro canções: Beira de Mato, Morena, Couro de Boi e Criação - fazem parte de seu disco de estreia, No Braço Dessa Viola (1995). Beira de Mato mostra a beleza das manifestações interioranas como catira, guaiano, fandango, danças de palmeado e sapateado. Morena é um batuque de beira de rio e expressa o cotidiano do ribeirinho que, para encontrar seu amor, enfrenta o rio com sua canoa. Couro de Boi fala das festas de boi espalhadas pelo Brasil. Com participação especial de seu pai, o seresteiro Aldo Lobo, Criação mergulha no místico universo que cerca a viola, no qual, a partir do amor do violeiro com a lua, nascem os bichos, as matas, os seres. Essa moda de viola foi revisitada por Maria Bethânia e integra o repertório do espetáculo Festejar e Agradecer que celebra os 50 anos de carreira da cantora.

De autoria de Fábio Sombra, parceiro de Chico no livro Conversa de Violeiro, Ciranda de Roda (do CD Manheceu - Fábio Sombra nas Violas de Chico Lobo) é uma divertida cantiga que convida o ouvinte a brincar de roda. Cálix Bento (de domínio público, recolhida por Tavinho Moura, do CD Paixão e Fé na Canção Brasileira) é uma bela versão para o principal canto da tradição das folias de reis. Também na esteira da folia vem Louvação (gravada no CD homônimo do poeta Paulinho de Andrade) que retrata a fé do homem interiorano brasileiro diante das dificuldades do cotidiano. Destaque para o acordeom de Célio Balona. Palmeira Seca e Alma Caipira (parcerias com o escritor Jorge Fernando dos Santos, de CD Chico Lobo e Convidados) fizeram parte da trilha da minissérie Palmeira Seca, inspirada no premiado romance do autor, nas quais observamos clara influência do universo de Guimarães Rosa.

Da relação de Chico Lobo com Portugal, em shows e pesquisas, nasceram as cantigas Juriti Madrugadeira e Moda Caipira (do CD Encontro de Violas, gravado em terras lusitanas). Executadas somente na viola caipira, que tem origem na viola de arame portuguesa, elas buscam a familiaridade com esses instrumentos ancestrais. A faixa Boi Carreador (gravada ao vivo em Viola Popular Brasileira ) traz participação de Xangai - cantador do sertão baiano que tem forte ligação com a música dos sertões mineiros. A música Tropa (CD Reinado, 2000), uma homenagem de Chico ao ícone da música de raiz Pena Branca (1939-2010), deu origem a uma parceria de 10 anos entre os artistas com o show Encontro de Raízes, que fizeram por todo o Brasil.

O álbum Cantigas de Violeiro traz ainda duas faixas inéditas que mergulham nas crenças e nos “causos” que envolvem o universo da viola, abordados no livro Conversa de Violeiro, de Chico Lobo e Fábio Sombra. A primeira, Breu, com participação especial de Tavinho Moura, fala da dramática história do pactário, aquele que, para conseguir o dom de tocar a viola, faz um o pacto com o capeta. A segunda, Simpatia da Cobra Coral, tem Rolando Boldrin como convidado recitando uma “simpatia” muito usada no interior para o violeiro adquirir destreza, agilidade no toque da viola (fato já presenciado por Chico Lobo em suas andanças nas Minas Gerais).


Gravadora/Editora: Kuarup http://www.kuarup.com.br/
CD: Chico Lobo – Cantigas de Violeiro (2015)
Faixas - 1. Brasil Violeiro / 2. Beira de Mato / 3. Morena / 4. Ciranda de Roda / 5. Calix Bento / 6. Louvação / 7. Criação / 8. Palmeira Seca / 9. Alma Caipira / 10. Juriti Madrugadeira / 11. Moda Caipira / 12. Couro de Boi / 13. Tropa / 14. Boi Carreador / 15. Breu / 16. Simpatia da Cobra Coral.


Livro: Chico Lobo e Fábio Sombra – Conversa de Violeiro (2015)
Especificações - Idioma: português. Encadernação brochura. 1ª Edição. 144 páginas. Peso: 260g. Largura: 14 cm . Altura: 21 cm . Editora: Kuarup. Autores: Chico Lobo e Fábio Sombra. Ano de lançamento: 2015.

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