sexta-feira, 28 de agosto de 2015

.: Fernando do Masterchef comprova que edição precisa de vilões

Em agosto de 2015

(Atenção, contém spoillers não confirmados, nem desmentidos, que todo mundo, no fundo, sabe que é verdade. Então, se não quiser saber, não leia, mas até que seja provado o que a imprensa já divulgou, é boataria)

Um dos participantes mais polêmicos e controversos da segunda edição de "MasterChef", Fernando Kawasaki é, pelo que mostrou nos episódios do programa, um rapaz refinado, com uma família e estrutura sólida, e alguns rompantes que fizeram com que os telespectadores ou o odiassem ou o amassem com a mesma proporção de intensidade. Ele é um paradoxo: amado pelos participantes (com exceção de Cristiano, que odeia todo mundo) e odiado fora do programa pela maioria dos telespectadores.

Mas o perfil de Fernando é algo extremamente necessário em qualquer reality show, sobretudo o do "MasterChef" e foi eliminado em um momento em que o programa não precisa mais do perfil de vilão, já que a ordem do dia é mostrar a superação de cada um dos quatro que restaram: Cristiano, Izabel, Jiang e Raul. O interesse, agora, é mostrar a "Odisseia do Herói", ou seja, o que cada um fez para desenhar a própria trajetória até o tão cobiçado título de "Segundo MasterChef Brasileiro" e o que vem no pacote disso tudo, como a promessa de uma vida melhor diante das oportunidades que irão se abrir.

Acredito que nessa etapa da competição todos terão oportunidades, alguns mais, outros menos que os outros. Cristiano na Bahia irá virar rei e pode montar o seu próprio restaurante. Jiang, a queridinha das redes sociais, tem tudo para seguir o mesmo caminho ou ser contratada por um grande restaurante. Os finalistas Raul e Izabel provavelmente terão um pouco mais de sorte. 

Ou não... alguém sabe que fim teve a primeira vencedora do MasterChef Brasil? Isso não é uma crítica à Elisa Fernandes, lindinha, apenas uma curiosidade - montou o próprio negócio, foi contratada por um grande restaurante? Dela, só seu que voltou recentemente do curso na Le Cordon Bleu francesa e, do jeito que está a crise, os próximos vencedores do MasterChef podem fazer esse curso, um dos prêmios, na filial carioca que acabou de abrir. Para mim, se ganhasse, não seria nada mal, pois não entendo francês, nem inglês, e na Le Cordon Bleu brazuca devem se adaptar aos novos tempos e falar português. 

É triste pensar que os próximos "MasterChefs" brasileiros podem não ir à França, numa suposição apocalíptica, por conta da crise, porque até a "Sabrina" de Audrey Hepburn - a filha do chofer que vai para a a França e volta refinadíssima no clássico filme em preto e branco de 1954 - utiliza as aulas da famosa escola parisiense de gastronomia para se repaginar e dar a volta por cima.

O programa que eliminou Fernando, por incrível que pareça, foi o que não torci para ele sair do programa. Ele não merecia e isso aponta uma característica extremamente injusta no programa. Cristiano foi péssimo na prova da Paella e, sinceramente, não acredito que a reprodução do prato de Henrique Fogaça tenha sido tão perfeita a ponto de livrar a cara dele. O "Bake-Off Brasil" tem o critério mais justo de avaliar os participantes em duas provas. Fernando deveria ter saído na prova da linguiça, mas já que ficou... Ao mesmo tempo Lucas, que deveria ter saído na prova das caixas com ingredientes escolhidos pelos chefs deveria ter ido embora, e não ter eliminado Sabrina... Seguindo essa lógica, próximo programa sai Cristiano.

Mas, mesmo injusta, a eliminação de Fernando quebrou a internet e é difícil um participante despertar tanto amor e ódio ao mesmo tempo. É difícil escrever algo sobre algo ou alguém que não nos diz nada, mas a julgar pela reação na internet das pessoas que comemoraram a saída do participante, Fernando - que recebeu muitas perguntas desrespeitosas e xingamentos pelo hashtag #MasterChefResponde (clica, é engraçadíssimo) - ele diz muito sobre nós mesmos. Porque execramos o que reconhecemos em nós mesmos nos outros. 

Logo, embora eu não admire pessoas que se descontrolam e descontam o descontentamento nos outros, nem que trate os que estão em situação igual com desprezo e aparente certa humildade diante de pessoas que consideram em posição superior, isso não faz do participante um vilão. Mas as imagens que o mostram brigando, perdendo a paciência, é só uma parte do que ele é e todos são quando estão "de saco cheio", não é ele como um todo.

Apesar de acreditar, de acordo com as imagens, dentro do contexto do programa, que seria extremamente difícil a convivência por ele. Um chef convidado disse que ele não duraria muito em um restaurante pelo temperamento. Mas o que as pessoas repudiam é o que enxergam, e eu penso que se uma pessoa apresenta uma postura condenável, sem perceber que é condenável, diante das câmeras, o que dirá fora delas.

Mas mimado por mimado, Cristiano foi, e cozinhou com ódio. Dizem que o nosso estado de espírito reflete na comida, então duvido muito que o prato dele realmente estava o melhor, ou mais uma vez, os chefs priorizaram o roteiro do programa. Comprova o olhar de ódio que ele desferiu para Izabel, que já não está mais me parecendo tão santa nem tão espirituosa quanto querem mostrar, mas sim uma chorona que se menospreza porque escolheu um "script" da "coitada que se superou". 

Eu senti o clima pesado do outro lado da TV, imagine lá. O ódio desferido indiscriminadamente contra todos os oponentes só mostrou que Cristiano não aprendeu nada com a saída de Iranete, a sua primeira rival, só foi mera encenação. 

Mas o que me chamou a atenção foi justamente o depoimento da própria Izabel, retirando todo o "mimimi" de que "Fernando era muito melhor que ela", algo que já está se repetindo no discurso dela - Izabel é cansativa - e sua cara de choro. Ela disse que "Fernando era um querido", que era superdedicado e que a ensinou muito (Raul disse a mesma coisa) e, no Twitter, que "ele não merecia que a internet 'quebrasse' por conta de sua eliminação". Nem de longe, pela imagem que foi mostrada pela edição,ele, por esses depoimentos, foi um cara extremamente generoso e amigo dos amigos. Por isso, não acredite nas edições de um reality show. Ela pode estar mentindo, afinal, precisam de vilões à altura de um programa líder de audiência nas noites de terça.   

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