sexta-feira, 25 de setembro de 2015

.: Cia de Teatro Acidental estreia Peça Esporte e traz Juca Kfouri

Com texto inédito da dramaturga austríaca Elfriede Jelinek, Nobel de Literatura em 2004, o novo trabalho da Cia de Teatro Acidental estreia no TUSP em outubro e a ocupação traz ainda palestra com o jornalista esportivo Juca Kfouri. Clayton Mariano assina a direção.

O TUSP apresenta a partir de 02 outubro, às 20h, o espetáculo Peça Esporte, da Cia de Teatro Acidental. O texto inédito é da novelista austríaca Elfriede Jelinek, uma das mais importantes dramaturgas do mundo e ganhadora do Nobel de Literatura em 2004. Apesar da importância cultural, suas obras nunca tinham sido encenadas ou traduzidas no Brasil. O espetáculo tem direção de Clayton Mariano, do Tablado de Arruar, e ficará em temporada até 15 de novembro, de sexta a domingo, sempre às 20h.

"Neste ano entre Copa do Mundo e Olimpíadas no Brasil, a Acidental escolheu montar um texto que reflete sobre esse processo misterioso pelo qual os homens abdicam de sua individualidade para participar de uma aparente histeria coletiva chamada esporte", diz Artur Kon, ator e produtor da Cia de Teatro Acidental . "Times de futebol ou torcidas rivais, esquadrões militares ou massas violentas se enfrentam; guerra e jogo se confundem, corpos belos e atléticos são destaques nas mídias enquanto outros corpos ficam pra trás, marcados pela derrota, pela perda e pela morte".

O diretor Clayton Mariano explica: "A peça procura pôr em cena os discursos escritos por Jelinek de forma crua, por vezes violenta, ressaltando a riqueza de imagens e pensamento encontrada na dramaturgia, mas sem abdicar do humor - frequentemente corrosivo - da austríaca".

A encenação ocorre dentro de um octógono de alambrado, ao mesmo tempo arena esportiva e jaula contendo a agressividade potencial dos competidores; a imagem do corpo como carne frequentemente dá o tom das cenas. Destacam-se os corpos femininos, excluídos ou subjugados pelos ideais de virilidade atlética: a mãe do esportista que destruiu seu corpo na busca de torná-lo perfeito, a jovem atleta vista como enfeite para os jogos e não como verdadeira competidora.

Para Mariano, "Elfriede Jelinek não cria uma ação dramática, mas uma sinfonia de figuras que expressam suas posições com uma linguagem elaborada e provocadora".

"A autora é conhecida por compor 'superfícies linguísticas contrapostas' no lugar de diálogos, frutos de uma escrita de alta densidade sonora e imagética, em que a materialidade da palavra parece ecoar por toda a página e constituir tramas anteriores ao sentido representativo", completa.

Considerada uma das mais radicais dramaturgas contemporâneas do mundo, ganhou, além do Nobel, outras premiações importantes, como os prêmios Georg Büchner e Franz Kafka, e (já por quatro vezes) o Prêmio Mülheim de Dramaturgia. No Brasil, ela é mais conhecida pelo seu romance "A pianista", que deu origem ao filme "A professora de piano", de Michael Haneke.

Apesar disso, está longe de ser um sucesso consensual: sua radicalidade formal e sua postura crítica, sem concessões, tornou-a alvo de inúmeras polêmicas e ofensas na Áustria. "A ausência de seus textos no Brasil é uma falta grave que nós temos agora a tarefa e o privilégio de corrigir", ressalta Kon, lembrando que, para tanto, o grupo conta com o apoio do Instituto Goethe, que financiou a tradução da obra.

"Por nunca ter havido encenações no país, todas as referências que temos de montagens de seus textos são europeias. Não acredito que as duas realidades sejam tão compatíveis. Montar uma peça sobre esporte no Brasil não é a mesma coisa que montá-lá na Alemanha. Aqui, um texto como este da Jelinek ganha ainda mais complexidade. O que fizemos foi tentar confrontar essas realidades que - ainda que distantes - possuem valores em comum. Estamos tentando chegar perto de seu texto. O que buscamos é um jogo possível entre uma Nobel austríaca e atores brasileiros", analisa o diretor.

No dia 16 de outubro, às 17h, haverá uma palestra com o jornalista Juca Kfouri. Ele versará sobre alguns temas presentes na peça, como o papel aparentemente intrínseco da violência no fenômeno esportivo e a complicada relação entre o jogo e o espetáculo midiático, à luz de sua experiência como jornalista esportivo e colunista crítico das relações perversas entre poder e esporte.

Sinopse: A peça, primeira montagem no Brasil do texto da ganhadora do Nobel de literatura Elfriede Jelinek, tenta desvendar o misterioso processo pelo qual os homens abdicam de sua individualidade para participar de uma aparente histeria coletiva chamada esporte. Times de futebol ou torcidas rivais, esquadrões militares ou massas violentas se enfrentam; guerra e jogo se confundem, belos corpos atléticos são destaque nas mídias enquanto outros corpos ficam pra trás, marcados pela derrota, pela perda e pela morte.

Ficha Técnica
Direção Clayton Mariano Elenco Artur Kon, Cauê Gouveia, Danielly Oliveira, Eduardo Bordinhon, Mariana Dias, Mariana Otero, Mariana Zink, Tati Mayumi Texto Elfriede Jelinek Tradução Camilo Schaden Pensamento corporal Andreia Yonashiro Cenografia e Figurino Clayton Mariano Cenotecnia José Valdir Albuquerque Iluminação Cauê Gouveia Consultoria de iluminação Daniel Gonzalez Design gráfico Renan Marcondes Produção Artur Kon e Mariana Dias Apoio cultural Instituto Goethe Realização Secretaria de Cultura, Governo do Estado de São Paulo, Programa de Ação Cultural (ProAC) Fotos Tetembua Dandara

Sobre Juca Kfouri: É um dos mais importantes jornalistas esportivos do Brasil. Formado em Ciências Sociais pela USP, seu trabalho sempre priorizou o viés investigativo e crítico no esporte, coisa até então rara na história da imprensa esportiva brasileira. Foi diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994), comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na Rede TV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999. Atualmente está na ESPN - Brasil. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, desde 2000, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha. É autor de vários livros, sendo o mais recente Por que não desisto - Futebol, Poder e Política (2009).

Serviço
Peça Esporte
De 02 de outubro a 15 de novembro de 2015
De Sexta a Domingo, 20h.
Duração estimada | 100 min. | Indicação de faixa etária | Não recomendado para menores de 16 anos.
Onde | Teatro da USP | Rua Maria Antônia, 294, Consolação - São Paulo, SP - 01222-010
Tel. 11 3123-5233 | Site www.usp.br/tusp | Facebook www.facebook.com/teatrodauspoficial
Twitter www.twitter.com/tusp_online
Metrô Santa Cecília
Capacidade | 98 lugares
Preços – R$ 20,00 (Inteira) e R$ 10,00 (Meia)*

Palestra com o jornalista Juca Kfouri
16 de outubro – Sexta-feira, 17h.
Duração estimada | 90 min.
Entrada Gratuita. Ingressos distribuídos com uma hora de antecedência.

A aquisição dos ingressos para espetáculos em cartaz no TUSP pode ser feita duas horas antes do início do espetáculo. As formas de pagamento aceitas são dinheiro e cheque.
    
*Meia-entrada: Para estudantes mediante apresentação de carteirinha ou comprovante de matrícula válido para o ano vigente; para maiores de 60 anos; professores e funcionários da USP mediante apresentação de carteirinha ou hollerith; professores da rede pública estadual e municipal mediante apresentação de hollerith ou carteira funcional emitida pelas respectivas Secretarias de Educação; e classe artística.

Estacionamento
O estacionamento Mariauto, no número 176, tem acordo com o teatro e o público tem desconto mediante apresentação de carimbo (do TUSP) no comprovante de entrada.
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