quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

.: #RESENHANDOMAISLIDAS10: 1º Encontro Nacional de Pau de Selfie

Por Helder Miranda
Em fevereiro de 2015

O adolescente Matheus Ramos Dias tem 19 anos e mora em Santos, mas foi no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, que ele promoveu o 1º Encontro Nacional dos Portadores de Pau de Selfie – é isso mesmo que você leu. O ponto de encontro foi na Praça do Porquinho, rumo à Praça da Paz, às 16h daquele domingo de 18 de janeiro.

Matheus prometeu, para a ocasião, malabaristas de pau de selfie, locação de perna-de-pau-de-selfie a R$ 5 por 20 minutos, apresentações circenses envolvendo o aparato e, pasmem, a presença confirmada do maior pau de selfie do país!!! Mas havia uma recomendação na página do evento: “é estritamente proibido agredir as pessoas usando o pau de selfie”, que, segundo alguns noticiários, não foi cumprida. Será?

Um mês depois, ele, que agora é estudante de Publicidade e Propaganda na UniSantos - Universidade Católica de Santos, esclarece todas as dúvidas que pairavam na cabeça de quem ficou sabendo deste inusitado evento. Na verdade, isso aconteceu três semanas antes de ele entrar para a universidade, são os tempos modernos - tudo ao mesmo tempo agora e com a velocidade do dia seguinte. 

Na contramão de toda esta brincadeira, há um projeto, apresentado no dia 5 de fevereiro, em sessão legislativa,  com a finalidade de tornar obrigatória a presença de avisos proibindo selfies em banheiros e vestuários públicos em Santos, que divide opiniões em todo o Brasil. Seria um cerceamento à liberdade de expressão, ou cautela exagerada com a imagem alheia... com tantos projetos mais sérios esperando por uma aprovação imediata? Na dúvida, melhor garantir o pau de self e abrir um sorriso daqueles contra tanta bobagem!

RESENHANDO - O 1º Encontro Nacional dos Portadores de Pau de Selfie... deu certo?
MATHEUS RAMOS DIAS - Não deu certo porque era um evento de brincadeira, mas quando surgiu o “Fantástico”, tentei transformar em "verdadeiro" só pra ver se continuavam com a ideia da entrevista. Eles se tocaram e as pessoas continuaram achando que era brincadeira. Eu fui para lá pra passear e para nunca ficar com a dúvida na cabeça se alguém teria ido. E foram cinco pessoas e três jornalistas (risos).

RESENHANDO - Como surgiu essa ideia do encntro de pau de selfie?
M. R. D. - Eu tive a ideia quando pensava em possíveis brincadeiras com os assuntos do momento. O "pau de selfie" me chamou atenção pois foi uma das piores adaptações do nome "monopod", principalmente quando eu soube que era um termo já oficial. Estava na Av. Paulista perto do Natal e dezenas de pessoas interrompiam as calçadas - lotadas por causa da decoração - pra subir os celulares a metros de distância e tirar uma foto.
Como essa brincadeira foi parar na Folha de S.Paulo?

RESENHANDO - E o que você acha do uso do pau de selfie?
M. R. D. - Sinceramente, eu nem tinha um até então. Achava desnecessário. Depois de ficar fazendo piada dele, reparei que realmente pode ser muito útil, principalmente com muitos amigos reunidos. Hoje em dia, meus amigos perguntam onde está o meu sempre que vamos tirar uma foto juntos (não costumo andar com ele).

RESENHANDO - E como a Folha de S. Paulo ficou sabendo desa brincadeira?
M. R. D. - Isso foi evoluindo aos poucos: em um dia, dois jornalistas entraram em contato comigo pela primeira vez (R7 e revista Brasileiros). Depois, muitos sites foram "cozinhando" a matéria: Estadão, Extra, Código Fonte (Uol) e outros que nem sequer fiquei sabendo. Nisso, o evento passou a ganhar cerca de 500 confirmados por dia. A Folha simplesmente viu a repercussão e o possível sucesso do evento, mesmo os jornalistas rindo muito o tempo inteiro disso (e eu junto).

RESENHANDO - "Trollar" a grande imprensa dá um sabor especial?
M. R. D. - Na realidade, eu fiquei muito surpreso em parte da imprensa ter levado o evento a sério. Isso provou que acertei ao criá-lo, porque queria que ficasse um certo ar de dúvida quanto à veracidade. Tive certeza que as pessoas acostumadas com esses eventos falsos saberiam que era apenas mais um dentre vários e confirmariam presença mas, ao mesmo tempo, tive noção que uma minoria levaria a sério. A partir do momento em que surgiu um objeto chamado "pau de selfie", eu também não duvido de mais nada. O que me deixou eufórico foi a que a primeira pessoa que veio falar comigo querendo "detalhes do evento" (por exemplo, se tinha autorização da Prefeitura) foi justamente uma produtora do "Fantástico". O problema é que, no mesmo dia, o "Extra" da Globo, sem sequer falar comigo, postou que era "zoeira". Aí passou aquele fotógrafo profissional dando dicas do melhor ângulo para tirar fotos com o "pau de selfie", em vez da minha entrevista sobre o evento.

RESENHANDO - Quer dizer que foi o jornal "Extra" que acabou com 1º Encontro Nacional dos Portadores de Pau de Selfie? O que você diria a jornalista que publicou a nota desmentindo o evento? Alguma mágoa?
M. R. D. - Na época culpei o "Extra" mesmo, mas parando para pensar, pode ser que ela tenha se tocado que era brincadeira. O mais curioso foi a produtora perguntar "como você se certificou que o seu pau de selfie é o maior do Brasil?". Diria ao jornalista do "Extra" que ele podia me entrevistar, porque eu iria comprovar a veracidade do evento fazendo o maior pau de selfie do país juntando rodos e vassouras (gargalhadas). É brincadeira, mas na época era uma cogitação real por parte de alguns amigos.

RESENHANDO - Você disse que  foram cinco pessoas e três jornalistas e alguns veículos noticiaram que teve briga envolvendo quatro detidos. O que aconteceu de verdade?
M. R. D. - (Gargalhadas) Aliás, foram mais que cinco pessoas! Foram dez pessoas (risos).

RESENHANDO - Com assim? Não estou mais entendendo nada!
M. R. D. - Não, obviamente não aconteceu nenhuma briga. Eu só precisava dar o final de um típico evento paulistano contemporâneo (Marchas pelo assunto X, Marchas contra partido Y), com estimativas da Polícia sobre a quantidade de pessoas e alguns detidos. Foram 10 fãs do pau de selfie e 3 jornalistas no total, sem brigas e sem ferimentos.

RESENHANDO - Você viu que um vereador de Santos está com um projeto de lei para proibir tirar selfies em banheiros e vestiários?
M. R. D. - Fiquei sabendo sim, senti que foi uma indireta. Agora falando sério: ninguém quer expor terceiros em banheiros públicos de propósito, até porque isso fica feio para uma foto (o chamado "photobomb"). Com ou sem a lei, é capaz de surgir uma confusão se este terceiro notar que foi fotografado enquanto utilizava o banheiro ou se vestia.  É um PL tão estranho - chuto que 0,001% da população santista deve ter sido afetada por uma situação da qual a lei prevê -  que me faz ter certeza que é fruto de algum trauma.

RESENHANDO - Há algum tempo vem tentando 'emplacar' alguma coisa na Internet. É verdade? Vai ter o encontro, ou não?
M. R. D. - É verdade sim. Há anos consigo um alcance razoável com algumas postagens no Facebook, porém essa certamente foi a que chegou mais longe.  Algumas semanas atrás, só tinha como objetivos trabalhar a criatividade e ver o quanto as pessoas abraçariam a minha ideia. No momento, estou pensando na próxima criação, agora também visando algum emprego na área da publicidade. 

RESENHANDO - E a pergunta que não quer calar! Vai ter o encontro, ou não?
M. R. D. - Infelizmente o 1º Encontro Nacional já aconteceu, mas em breve penso em algo novo,talvez aqui em Santos mesmo. Na nova Concha Acústica, quem sabe? Só o tempo dirá.

RESENHANDO - Você tem fotos daquele fatídico domingo, no local?
M. R. D. - Vou procurar fotos que meus amigos tiraram (meu celular descarregou no dia)...

Esta é a única foto do 1º Encontro Nacional de Pau de Selfie - sem brigas e multidões: tudo na paz
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