sexta-feira, 23 de setembro de 2016

.: Entrevista exclusiva com Guto Goffi - de Bem com o seu Bando

"Com 54 anos, é gol ou é o fim"
Guto Goffi


Por Luiz Gomes Otero
Em setembro de 2016

Fundador da banda "Barão Vermelho" nos anos 80, o baterista Guto Goffi é uma figura icônica do rock nacional. Mesmo antes do Barão, ele já tocava em vários grupos do cenário underground carioca. Essa bagagem e o trabalho nas décadas seguintes moldaram sua formação musical. Agora, ele está lançando um trabalho solo, com o "Bando do Bem", em que mescla ritmos brasileiros com o velho e bom rock´n roll. Confira a entrevista especial que Goffi concedeu ao Resenhando.

Fale um pouco sobre o seu início no rock. Qual lembrança que mais te marcou no início com o "Barão"?
GUTO GOFFI - Comecei a minha carreira discográfica com o "Barão Vermelho", mas quando começamos a banda, eu e o Maurício Barros, eu já era profissional e tinha a carteira da OMB: 27.759. Eu era uma espécie de coringa em diversas bandas do underground carioca. Tocava com "Flávio Y Espírito Santo", "Sangue da Cidade", "Celso Blues Boy" e "Atlântico Blues". Depois, como a carreira do "Barão" engrenou...


No Barão você não aparecia muito nos vocais. O que o motivou a fazer isso agora com o "Bando do Bem"?
G.G. - No "Bando do Bem", como sou o compositor das músicas, tenho mais intimidade com as melodias. E a tonalidade das músicas me favorece. Então dividimos o bolo, eu, Yumi e o Bruno Mendes. A rapaziada toda da banda faz vocais de apoio também.


Como você definiria a sonoridade com o "Bando do Bem"? Que influências musicais predominaram nesse novo trabalho?
G.G. - A sonoridade do grupo é variada. Na base temos um trio de bateria, baixo e guitarra que é quem segura a casa. Depois, temos dois percussionistas e dois vocalistas. Na base e na percussão temos a experiência, músicos que tocam de rock à MPB, passando pelos ritmos populares brasileiros. Isso engrandece demais as misturas com o rock básico. Os dois vocalistas são jovens e trazem um frescor para a banda.


Como funciona o processo criativo do "Bando do Bem"?
G.G. - Essa rapaziada foi escolhida por mim e todos acreditaram nas minhas composições. Eles trouxeram suas capacidades musicais e boa energia para encorpar o trabalho.

Além do "Bando do Bem", você desenvolveu uma série de outros trabalhos ligados a música, incluindo produção de discos. Fale de alguns projetos que você participou.
G.G. - Eu tenho um estúdio de gravação e lá produzo diversas coisas fora da minha zona de conforto. Estou finalizando um projeto chamado "Bicho de Pau", um trio instrumental. Estou gravando um CD com o Robertinho Silva e Laudir de Oliveira, só de tambores brasileiros. Tenho algumas produções de clipes no YouTube, por exemplo: "Hino Nacional Batuqueiros" e "Aquarela do Brasil Congado Mineiro", são trabalhos que faço para divulgar a minha escola de música, a "Maracatu Brasil", que completa, em dezembro, 16 anos de atividade cultural.


Para você, o que mudou no rock nacional em relação ao seu início na música nos anos 80?
G.G. - A geração dos anos 80 foi criativa demais. Produziu muito e ficou difícil para as outras encostarem na qualidade. Grupos como "Barão Vermelho", "Legião Urbana", "Titãs", de onde saíram Cazuza, Renato Russo, Arnaldo Antunes, etc. 

Como você analisa a realidade do mercado fonográfico atual?  Está mais difícil produzir e lançar um disco novo?
G.G. - Eu, na carreira solo, passo dificuldades em encontrar a medida certa de investimento aplicado. Estou mais preocupado em fazer e dar vazão a minha criatividade. O resto é o resto mesmo.

Como estão os projetos para shows com o "Bando do Bem"?
G.G. - Estamos muito bem ensaiados e dispostos a viajar.Não sei o que encontraremos de oportunidades, mas quando surgirem, serão aproveitadas, pois não estou em idade de chutar pênaltis para fora. Com 54 anos, é gol ou é o fim.

Guto Goffi - "Tudo de Bem"



Sobre o entrevistador
Luiz Gomes Otero é jornalista formado em 1987 pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Trabalhou no jornal A Tribuna de 1996 a 2011 e atualmente é assessor de imprensa e colaborador dos sites Juicy SantosLérias e Lixos e Resenhando.com. Recentemente, criou a página Musicalidades, que agrega os textos escritos por ele.
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