terça-feira, 13 de dezembro de 2016

.: Al Stewart e o ano que não acabou, por Luiz Gomes Otero


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

Corria o ano de 1976. O músico escocês Al Stewart havia realizado álbuns desde o início dos anos 70, mas sem emplacar hits na mídia. Tudo mudaria enfim com o álbum "Year Of The Cat", apontado como o auge de sua carreira e considerado um dos melhores lançamentos daquela década.

Parece incrível que, depois de 40 anos, o "Year Of The Cat" continue soando tão atual. E um dos segredos talvez seja a parceria com o produtor e músico Alan Parsons, que havia trabalhado com o Pink Floyd no clássico "The Dark Side Of The Moon". E já havia trabalhado com Stewart no disco anterior, o "Modern Times Year Of The Cat" é um apanhado de canções que se tornariam clássicas. Ou pelo menos uma delas – a faixa título. As demais compõem uma divina sinfonia musical, regada a muita inspiração e citações interessantes, como a que lembra os filmes noir estrelados pelo ator Humprey Bogart nos anos 40.

A etérea "Lord Grenville" abre o disco. É uma balada que parece não ter fim, sucedida pela não menos interessante "On The Border", com arranjo climático e enigmático. "Midas Shadow" tem um arranjo quase bossa nova, bem delicado, com os teclados em primeiro plano.

Poderia citar ainda "Flying Sorcery" (uma canção de cunho folk) e "Broadway Hotel" (outra balada muito bonita). Mas todas ficam em segundo plano diante da faixa título, uma verdadeira obra prima do pop rock. E o interessante é que a letra é extensa, ou seja, fora dos padrões do pop, que estabeleciam músicas de até três minutos de duração. "Year Of The Cat" tem linhas quase jazzísticas, o que pode ser comprovado nos solos de guitarra e saxofone.

"Year Of The Cat" trouxe um novo horizonte para a carreira de Stewart. Ele emplacaria mais tarde hits como "Time Passages" e "Song Of The Radio" e se consagraria como um hitmaker, ainda que não tivesse a mesma projeção de outras estrelas.

E recentemente ele fez um concerto na Inglaterra reproduzindo as faixas do seu clássico álbum de 1976, um ano que parece não ter fim. E que dure por muitos anos assim.


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