segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

.: Meu simples adeus ao fantástico Carlos Heitor Cony

Na Bienal do Livro de 2014

Por Mary Ellen Farias dos Santos*
Em janeiro de 2018



Tenho pensado muito no quanto a vida é cheia de perdas, sendo que por sorte, também há ganhos. Tal qual uma gangorra, ganhamos e perdemos de tudo. Certas coisas que deixamos de ter até conseguimos superar, refiro-me ao quesito material, mas quando há morte, tudo muda de rumo. 

Decidimos já em São Paulo, que iríamos passar o final de semana por lá, mesmo sem ter levado carregador. Assim, poupar a bateria dos celulares era o mínimo que deveríamos fazer. Andando de um teatro para o outro, só nos demos o luxo de diminuir a porcentagem da bateria pouco antes de dormir e descansar para iniciar nova maratona cultural no domingo. Foi então que a notícia partiu de meu marido: Carlos Heitor Cony faleceu. Sem reação imediata, permaneci em silêncio até perguntar o motivo, para ajudar a fazer a ficha cair. 

Ah! Quanto eu amei as crônicas dele! Sim! Para mim, o escritor representava a figura do jornalista inspirador. Nunca tive o prazer de entrevistá-lo. Contudo, um grande desejo foi realizado na Bienal do Livro de 2014, após um painel com a presença de Carlos Heitor Cony, Ruy Castro e Heloisa Seixas: tirei uma foto com ele. Após realizar esse meu desejo, de um jeitinho acanhado, o fantástico escritor me chamou de moça bonita. Pois é... Quase explodi de felicidade. Que fofo!

Em 7 de janeiro, perdi meu único guarda-chuva de alumínio de qualidade, deixei no cabide de parede do banheiro do Shopping Cidade São Paulo. Nos meus 35 anos de vida, nunca havia perdido uma sombrinha que fosse. Confesso que a sensação foi horrível. 

Voltei ao banheiro, perguntei para um, para outro. Até enviei um e-mail para o SAC do Shopping que nem mesmo ousou dar uma resposta. Nas situações extremas, entendemos bem o conceito de perdas e ganhos. O bem material é substituível, superado. Basta escolher outro no comércio, diferentemente da vida. 

Sem essa mente brilhante, resta aos admiradores uma grande tristeza pela partida do mestre da escrita. Por sorte, essa melancolia permite ser amenizada diante da alegria de termos sido presenteados por ricas produções do memorável Carlos Heitor Cony.

Vá com Deus, moço bonito!


*Editora do site cultural www.resenhando.com. É jornalista, professora e roteirista. Twitter: @maryellenfsm
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