quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

.: Grupo LaMínima apresenta "Pagliacci" no Sesc Santos

Caixa de texto: Foto: Paulo Barbuto
Espetáculo criado especialmente para a comemoração dos 20 anos ininterruptos de trabalhos da La Mínima.


A Cia. La Mínima chega a Santos com duas apresentações do espetáculo Pagliacci, dias 17 e 18 de fevereiro, sábado, às 20h, e domingo, às 18h. O espetáculo é uma adaptação do entrecho básico da ópera "I Pagliacci", de Ruggero Leoncavallo, e foi criada especialmente para comemorar os 20 anos do Grupo LaMínima. Mistura números com fartas doses de comicidade e elementos líricos e melodramáticos, bem ao gosto da tradição do circo brasileiro. 

No espetáculo, um velho bufão começa narrando ao público como Canio, o chefe de uma tradicional trupe de palhaços, ambicionava tornar-se reconhecido e respeitado como artista de “bom gosto” e produtor de espetáculos “de nível”. Para isso, resolve abandonar os tradicionais números circenses de palhaçaria e concebe um espetáculo cujos números cômicos refinados não seriam mais do que a preparação para um requintado melodrama, uma peça que “expusesse no palco as grandes emoções humanas”. E, além disso, trouxesse o sucesso popular e o reconhecimento da crítica. 

Para isso, lança mão dos préstimos do velho bufão da companhia que começa escrever o dramalhão, não sem a interferência autoritária de Canio que quer ditar os rumos do texto encomendado. O bufão, então, resolve escrever uma peça à imagem e semelhança da companhia, expondo sua história, seus dramas, ciúmes, traição conjugal e vilanias. Durante a estreia do espetáculo fica evidente o fracasso da encenação do melodrama junto ao público, bem como a percepção de Canio de que ele está representando no palco a sua própria história. O chefe dos palhaços e da companhia se revela o palhaço de seu próprio melodrama.



Sobre a peça
"Pagliacci" foi desenvolvida especialmente para a comemoração dos 20 anos ininterruptos de trabalhos do LaMínima. O projeto foi aprovado em 2015 pelo edital Prêmio Zé Renato de Teatro para a cidade de São Paulo para apresentações nos CEUs da capital, em 2017. Em 2016, o Sesi São Paulo abraçou o projeto "LaMínima 20 Anos", promovendo uma temporada do espetáculo, mostra de repertório da Companhia e uma exposição sobre a história do grupo. Um projeto desenvolvido por dois anos para realização durante o primeiro semestre de 2017.

Tudo combinado e o inesperado aconteceu. A perda de Domingos Montagner, capitão dessa embarcação. Por ele, pelo público, pelo circo, pelo teatro, pela história do "LaMínima". Fernando Sampaio e Luciana Lima valentemente assumiram com sua equipe: “levantar âncora, içar velas, seguirem rumo ao 'Pagliacci'”. Arregaçaram as mangas, recompuseram a tripulação, corrigiram a velocidade e a rota certos de que nas noites da travessia iriam contar com a luz do querido amigo que virara estrela.

A adaptação do "Pagliacci" sob a batuta do velho parceiro Luis Alberto de Abreu inicia-se a partir do material cênico apresentado pelos atores no início de novembro de 2016. Assim, garantiram o DNA da companhia no que viria ser a moldura dramatúrgica que os direcionou na criação compartilhada do espetáculo. Uma trupe de palhaços em busca da renovação artística e sobrevivência financeira.

Palhaços que são, buscam o status de artistas respeitados encenando um grande drama. A corrida pelo sucesso, pelos prêmios e pela aprovação dos críticos levam a se distanciarem da alma ingênua e da natureza do palhaço para se aproximarem do ser humano e suas imperfeições e crueldades.

A partir desse conceito se desenvolve a montagem, livremente, inspirada na ópera, essa grande arte erudita, e o circo, essa grande e requintada arte popular. O desafio foi achar medidas corretas entre o circo e o teatro, a comédia e a tragédia, o passado e o presente, entre as diferentes formas de representações.

Como conciliar um melodrama sem o mínimo respiro cômico com um grupo teatral formado na tradição da palhaçaria circense como o LaMínima? Como olhar a moral do século XIX em pleno século XXI, sem cair no discurso? A resposta veio do material que fomos levantando com o grupo, o diretor, e outros criadores: números de circo, propostas da dramaturgia, discussão com os criadores, pessoal técnico e amigos que acompanharam o processo. E os elementos da dramaturgia foram buscados na própria linguagem teatral e circense: a narrativa, a farsa, o melodrama, o metateatro, a eliminação da linearidade, tão característica da linguagem circense e do teatro de variedades.

O espetáculo inédito Pagliacci celebra não só os 20 anos da Cia, como também o encontro de grandes artistas reconhecidos nacionalmente, como Luis Alberto de Abreu e Chico Pelúcio, que aceitaram o desafio de encenar esta ópera, além de grandes representantes da arte da palhaçaria, como Carla Candiotto (Le Plat DuJour) e Alexandre Roit. Alguns já trabalham com o LaMínima e outros chegaram para este projeto para promover uma obra potente e um presente para a cidade de São Paulo pelos 20 anos de acolhimento de história do grupo.

Grupo La Mínima
O destino quis assim... é o mínimo que se pode dizer dessa trajetória da Cia LaMínima. Repleta de tradição, a parceria de Domingos Montagner e Fernando Sampaio construiu, além do que uma série de espetáculos, uma maneira própria e, ao mesmo tempo universal, de contar histórias recheadas de poesia.

As artes da cena têm no La Mínima um aliado generoso e atento às singularidades do circo, do teatro e da dança. O grupo pisou esses territórios com integridade nos vinte anos que os trouxeram até aqui. São muitas as superações e também as alegrias colhidas na opção por criar, produzir e viver da arte e da cultura. A vocação gregária da trupe multiplica nos trabalhos linguagens como música, HQ, rádio, cinema e artes visuais, entre outras, bem como as parcerias com grupos-irmãos e criadores convidados de todos os quadrantes. 

Não é demais lembrar que os fundamentos e a solidez do pensamento e da prática que guiam o LaMínima derivam da força e da resistência ancestrais do picadeiro. Convicção transmitida pelos mestres Roger Avanzini (o “Picolino” do Circo Nerino); José Araújo de Oliveira, o “Maranhão”; e José Wilson Leite (ambos da formação no Picadeiro Circo Escola em São Paulo).

Ingressos custam de R$ 20 (inteira) a R$ 6 (credencial plena) e estão à venda nas bilheterias do Sesc SP e online no portal sescsp.org.br.

Serviço
Circo-Espetáculo "Pagliacci", da Cia, LaMínima
Teatro. Livre.
R$ 20. R$ 10 (meia). R$ 6 (credencial plena).
17 de fevereiro. Sábado, às 20h.
18 de fevereiro. Domingo, às 18h.

Ficha Técnica
Concepção: Domingos Montagner e Fernando Sampaio
Texto e adaptação: Luis Alberto de Abreu
Direção: Chico Pelúcio
Assistência de Direção: Fabio Caniatto
Direção musical e música original: Marcelo Pellegrini
Elenco: Alexandre Roit, Carla Candiotto, Fernando Paz, Fernando Sampaio, Filipe Bregantim e Keila Bueno
Iluminação: Wagner Freire
Cenografia: Marcio Medina e Maristela Tetzlaf
Figurino: Inês Sacay
Adereços: Cecília Meyer
Visagismo: Simone Batata
Direção de produção: Luciana Lima
Produção executiva: Priscila Cha
Coprodução: Nia Teatro
Assistência de produção e de administração: Chai Rodrigues
Supervisão geral: Fernando Sampaio e Luciana Lima
Produtor Original: Sesi/SP
Gênero do Espetáculo: circo / comédia
Classificação Etária: não recomendado para menores de 14 anos
Tema: amor, traição e humanidade
Conteúdo: ciúme e intriga
Duração: 90 minutos

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