quarta-feira, 21 de março de 2018

.: "Orgulho e Paixão" promete ser novelão açucarado, mas no ponto

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em março de 2018


Que as narrativas de Jane Austen são apaixonantes e envolventes, isso são. Muito românticas? Sim, mas também revolucionárias para a época -devida a ironia nos perfis das personagens das obras clássicas. Assim, com a nítida intenção de fisgar o público -de modo garantido-, a Rede Globo estreou a novela "Orgulho e Paixão", inspirada nas produções da escritora inglesa -em 20 de março.

Sem tentar impressionar a todo custo, os personagens mostraram maior força, destacando o campo como pano de fundo, assim como em "Sinhá Moça". Em tempo, ficou a impressão de que uma casa grande usada como cenário é a mesma da novela de 2006. Outro ponto suave da trama foi a apresentação dos personagens centrais feita de modo natural. Tudo muito longe das "chuvas de imagens" gravadas e editadas em outros países. 

Uma delicadeza que muito condiz com a belíssima abertura em animação, embalada pela doce voz de Lucy Alves -revelação do The Voice 2013-, é o uso de ilustrações intercalando a troca de ambientes. Um cuidado orgulhosamente apaixonante, de fato!

"Orgulho e Paixão", de cara situa o telespectador de que tudo se passa no "Vale do Café", interior de São Paulo. No campo, Elizabeta (Nathália Dill), inteligente e despreocupada em encontrar o homem perfeito para se casar, fala em alto e bom som que seu anseio é o de conhecer o mundo. Detalhe: a mocinha fala com o cavalo que atende pelo nome de Tornado. Essa atitude não lembra a princesa Bela, da Disney? Bastante!

Gritos da mãe Ofélia (Vera Holtz) e salta a típica narrativa da família cheia de mulheres com uma mãe desesperada para se livrar delas -com marido rico, claro. Os temas casamento e conhecimento serão recorrentes, fatalmente. A própria amiga da protagonista, Emma (Agatha Moreira), um pouco espevitada também se rotula casamenteira. Assim, as características das cinco irmãs da protagonista são apresentadas por meio da descrição da mãe.

Elisabeta é irmã de Jane (Pamela Tomé), a mais bonita das filhas, Cecilia (Ana Julia Dorigon), a doentinha que vive lendo e desconfia que na casa do vizinho ocorreu um crime, o qual ela tem a função de investigar, tal qual Sherlock Holmes -conflito muito interessante para a trama-, Lidia (Bruna Griphão), é toda provocante com os homens e Mariana (Chandelly Braz), que sonha com uma vida mais emocionante.

Além das filhas da mãe com fala caipira que vive numa casinha bem aconchegante, muito similar a do sítio da família de Maria Francisca de "Chocolate com Pimeta", há o rico Darcy (Thiago Lacerda). Homem sisudo, mas de caráter que já se desentendeu com Elisabeta após "brigarem" por uma calça velha numa alfaiataria. Cena muito boa!

Dentre os personagens apresentados, a viúva rainha do café, Julieta (Gabriela Duarte) mostrou uma beleza de encher a tela. Ela, uma mulher forte, em companhia da amiga vilã Suzana (Alessandra Negrini), vivem exclusivamente para os negócios. Entretanto, o amor promete bagunçar o rumo da história de muitas mulheres de "Orgulho e Paixão". Parece que a novela vai ser muito boa. Vamos acompanhar!


*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: @maryellenfsm

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