quarta-feira, 4 de abril de 2018

.: Entrevista com Tábata Amaral, da periferia para Harvard


“Temos que nos candidatar aos cargos políticos. Enquanto acreditarmos que quem está no poder é corrupto, de fato deixamos espaço para pessoas mal-intencionadas”, Tábata Amaral.

Pense em uma pessoa humilde. Que mesmo tendo sido aprovada nas mais prestigiadas universidades dos Estados Unidos, como Harvard, Caltech, Columbia, Princeton e Yale, credita todas as suas conquistas aos professores e instituições que a ajudaram (emocionalmente e financeiramente!) durante a vida escolar.

Que saiu da periferia de São Paulo, em 2012, lugar onde a família ainda mora, e escolheu Harvard para estudar ciências políticas com bolsa integral. Que, dois anos depois, ainda nos EUA, criou, com um grupo de amigos, o Mapa Educação, movimento de mobilização de jovens brasileiros na luta por uma educação de qualidade.

Que, em setembro passado, foi convidada para uma mesa redonda com Barack Obama, justamente para falar do Mapa e do Movimento Acredito, cujo objetivo é reestruturar a política no Brasil, e ouviu dele o famoso: “Yes, girl, we can!”. Essa é Tabata Amaral de Pontes, de 24 anos, que trabalha para transformar jovens brasileiros em personagens ativos na educação, instigando-os a fiscalizar as políticas públicas. Essa é Tabata, garota tímida que pensa, sim, em ser presidente do país. Tábata Amaral divide com MC Soffia uma das três capas da revista Glamour de abril, que liberou esse trecho da entrevista e ainda traz Carol Duarte e Tatá Werneck nas outras duas opções de capa.


Medo de sonhar é algo que você, definitivamente, não tem, né? 
Já tive muito. Quando meu pai faleceu, em 2012, vítima da bipolaridade e do vício em álcool, cogitei não ir para os EUA, por exemplo. Achava que não era merecedora. Hoje, depois de tudo, eu me permito sonhar! Mas é importante dizer que a possibilidade de almejar, no Brasil, tem gênero, raça e CEP. A educação pública é tão precária, que é difícil para um jovem pensar em estudar em universidades públicas ou ter uma educação de ponta. Por isso, sonho com um país de oportunidades iguais, em que o único limite para as realizações seja a imaginação.


Qual foi o melhor conselho que você já recebeu de outra mulher? 
Não sei se foi exatamente um conselho... Mas, certa vez, minha professora e orientadora de Harvard, Frances Hagopian, me disse que se arrumava para as aulas e se preparava pelas meninas. Pois, mesmo elas sendo minoria na sala, eram as suas alunas. Depois disso, percebi que por ser, muitas e muitas vezes, a única mulher nos ambientes onde estou palestrando sobre educação, tenho que oferecer a melhor versão de mim mesma. Isso serve para que elas, as meninas que me assistem, sintam-se inspiradas e acreditem que podem – e devem! – ocupar esse espaço também.


Uau!
Pois é. Além da minha mãe, Reni, que me teve muita nova, aos 22 anos, e abriu mão de tudo para que eu pudesse estudar – acreditando que, só assim, eu teria um futuro diferente do da minha família –, foi a professora Frances quem compartilhou comigo as suas dificuldades. E ela o fez só para me mostrar que eu não estava sozinha. Seu apoio me fez seguir com muito mais força.


Então, seria a professora Frances a mulher para quem você daria o prêmio "Gente Que Faz", como o seu?
Uma delas! Confesso que adoraria premiar a Anitta, viu? Além de talentosa, ela é uma mulher forte e empreendedora, que cuida não apenas da própria carreira, mas ainda faz apostas em novos artistas (a cantora Clau e o cantor Micael são empresariados por ela). Sem falar que Anitta conhece a realidade brasileira e se expressa com verdade, como de fato ela é. Aproveitando: Glamour, se quiserem nos colocar em contato, serei a pessoa mais feliz do mundo!


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