Por Marcio Costa*, em julho de 2018.
Este é o primeiro texto de uma série sobre Mitologia Grega, pretendo explanar vários pontos e contos, mas para iniciar vamos à ordem cronológica dos fatos, ou dos mitos, como conta Hesíodo em seu livro “Teogonia” ou para quem preferir, “Genealogia dos Deuses”.
De todos os deuses primordiais, o primeiro a surgir é o Caos, o vazio primordial, escuro e sem fim. Logo em seguida nasce Gaia (Terra), com toda sua fartura, bela e de seios fartos. Em seguida vem o Tártaro (Mundo Inferior), onde estão todas as cavernas e grutas mais profundas que possa haver em qualquer canto. Por fim surge Eros (Erotismo), o mais belo e irresistível dos deuses primordiais.
O Caos gerou Érebos (Trevas), onde não existe vida, o vácuo do Universo. Também gerou Nix (Noite) onde predomina a escuridão. Érebos desposou Nix que juntos geraram outros dois deuses primordiais, Éter (Luz Divina), que resplandece no céu e traz vida e Hêmera (Dia), a luz do dia, a beleza da manhã.
Gaia de si mesma dá a luz a Urano (Céu), desejando que ele a cobrisse por inteiro e a mantivesse intocável pelos outros deuses. Gerou também Óreas (Montanhas), que são os belos abrigos das ninfas. Por fim, ainda só, gerou Póntos (Mar), o mar aberto, profundo e sem ondas.
Junto com Póntos, Gaia gerou Nereu, o filho mais velho, o ancião do mar, o másculo Fórcis, Ceto o belo, Taumas as maravilhas da Terra e Euríbia de grande violência e com as entranhas de aço.
Mas o seu maior amor ou melhor amante foi Urano, com ele Gaia gerou os doze Titãs. Oceano, o primogênito e provedor de toda a água doce, Céos o inteligente, Crio das constelações, Hipérion pai do Sol e da Lua, Jápeto tempo de vida e dono da mortalidade humana, Téia dona da visão do futuro, Réia a grande mãe, Thêmis a guardiã das leis, Mnemosine a personificação das memórias, Febe a mais bela titã, Tétis a amada e, amorosa e o último titã, Cronos, o terrível detentor do tempo odiava o pai com todas as forças.
Gaia e Urano ainda geraram os três Cíclopes (Arges, Brontes e Estéropes), gigantes de um único olho, imortais, detentores dos raios, relâmpagos e trovões, eram conhecidos pela violência, vigor e engenhosidade, Arges o mais violento de todos. Por fim geraram os três Hecatônquiros (Briareu, Cotos e Giges), os mais assombrosos e pavorosos dos filhos, eram gigantes de cinquenta cabeças e cem braços.
Urano que se tornara o rei dos deuses primordiais, ficou horrorizado com o nascimento dos Hecatônquiros e os escondeu no Tártaro. Com medo de ser destronado por algum de seus filhos e por odiá-los, Urano os escondeu dentro do útero de Gaia, privando-os da luz, mas Urano se alegrava com essa maligna atitude.
Após algum tempo, Gaia não aguentava mais de dor, por carregar sua prole dentro de si, então Gaia forjou uma foice do mais puro aço e fez um desafio aos seus filhos:
“Filhos meus e do pai estólido, se quiserdes ter-me fé, puniremos o maligno ultraje de vosso pai, pois ele tramou antes obras indignas”. (HESÍODO, 1995. p.93)
Cronos, que era o mais revoltoso de todos os filhos e o que mais odiava o pai não tardou em responder à sua mãe:
“Mãe, isto eu prometo e cumprirei a obra, porque nefando não me importa o nosso pai, pois ele tramou antes obras indignas”. (HESÍODO, 1995. p.93)
Sigam-me que em breve publicarei a continuação dessa história…
1 Hesíodo foi um dos maiores poetas gregos da Idade Arcaica. Viveu aproximadamente no ano 800 AEC. na Beócia, no centro da Grécia. Passou parte de sua vida na sua cidade natal, a aldeia de Ascra. Sua obra se encontra ao lado da de Homero, e os dois se destacam por serem os pilares da cultura grega antiga.
Referências Bibliográficas
HESÍODO. Teogonia, A origem dos deuses. Tradução Jaa Torrano. Editora Iluminuras – SP, 3ª edição. 1995
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