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quinta-feira, 28 de março de 2024

.: Edições Sesc lançam versão impressa de "Refazenda", de Chris Fuscaldo


Obra investiga vida e trajetória musical de Gilberto Gil com foco no álbum que inaugurou trilogia, gravado em 1975.


As Edições Sesc lançam a versão impressa do livro "Refazenda: o Interior Floresce na Abertura da Fase 'Re' de Gilberto Gil", obra que faz parte da coleção Discos da Música Brasileira. Escrito pela jornalista e pesquisadora musical Chris Fuscaldo, o livro investiga a vida e a obra de Gilberto Gil com foco no álbum que inauguraria sua inspirada trilogia: "Refazenda", de 1975. Além de entrevistas com Gil, outros músicos e produtores, o livro reúne uma pesquisa de fôlego por todo material já publicado sobre compositor para recontar histórias, memórias e experiências vividas na criação do álbum. O lançamento acontece no dia 3 de abril, quarta-feira, a partir de 19h00, no Sesc 14 Bis, com bate-papo entre a autora Chris Fuscaldo e o músico e apresentador Luiz Thunderbird, seguido de sessão de autógrafos.

Nome de proa entre os maiores artistas brasileiros, Gilberto Gil criou álbuns que se tornaram clássicos. Entre eles, se destacam os que formam aquela que ficou conhecida como a trilogia “Re”: "Refazenda", "Refavela" e "Realce", com um quarto capítulo no meio deles: "Refestança", parceria com Rita Lee. “O antes e o depois do exílio e o feito do 'Refazenda' – de ter sido o primeiro trabalho a de fato lhe dar autonomia – transformaram a vida de Gil”, detalha Chris. 

Sobre essa sua fase, Gil conta: [A trilogia ‘Re’] foi uma ideia que veio depois. Quando eu fiz o Refazenda, me dedicando aos aspectos da renovação, da reconstituição de um universo etc, aquilo tudo me inspirou nesse sentido de revisita a certos recantos do meu território. Quando eu tive que pensar num movimento seguinte ao Refazenda, aí então esse sentido de revolvimento do terreno me veio à mente. Daí a ideia de revisitar o mundo negro [em 'Refavela']. A viagem à Nigéria foi extraordinariamente inspiradora, convidativa nesse sentido... E, lá, mais adiante, também teve o Realce, com o Refestança no meio, meu disco com a Rita... Todo esse mundo ‘Re’ foi forjado ali no 'Refazenda'”

O jornalista e crítico musical Lauro Lisboa Garcia, organizador da coleção Discos da Música Brasileira, e que assina o prefácio, destaca a pesquisa feita pela experiente autora: “Chris Fuscaldo, que já mergulhou nas searas discobiográficas dos Mutantes e da Legião Urbana, amarrou agora seu arado aos torrões estelares do sítio de Gil, com reverência e relevância. Seu relato traz entrevistas com ele e ‘falas de outros tempos’ para recontar a história de um dos discos mais representativos da música brasileira dos anos 1970, com canções que vão se refazendo sem perder o viço, na memória e nas vozes de outros intérpretes, mesmo sem tocar no rádio”.


Sobre a coleção Discos da Música Brasileira
A coleção Discos da Música Brasileira é uma série de livros lançados inicialmente em e-book e que vem sendo gradativamente disponibilizada em formato físico. Apresenta, em cada volume, a história de um importante álbum que marcou a música, seja pela estética, por questões sociais e políticas, pela influência sobre o comportamento do público, como representantes de novidades no cenário artístico ou, também, por seu impacto no mercado fonográfico. A coleção tem organização de Lauro Lisboa Garcia.

Atualmente com cinco volumes lançados em e-book e quatro com versões físicas, a coleção se iniciou com a publicação digital "Da Lama ao Caos: que Som é Esse que Vem de Pernambuco?" do jornalista e crítico musical José Teles, que destrincha o álbum de Chico Science & Nação Zumbi, um dos mais representativos da cena manguebeat. O segundo volume da coleção é o livro "Acabou Chorare: o Rock’n’Roll Encontra a Batida de João Gilberto", do jornalista e escritor Marcio Gaspar, que analisa o icônico álbum dos Novos Baianos. Já a terceira obra é o "África Brasil: um Dia Jorge Ben Voou para Toda a Gente Ver", da jornalista e pesquisadora musical Kamille Viola. O quarto livro é "O Canto da Cidade: da Matriz Afro-baiana à Axé Music de Daniela Mercury", do jornalista e produtor cultural Luciano Matos, além do já citado "Refazenda". Garanta o seu exemplar de "Refazenda: o Interior Floresce na Abertura da Fase 'Re' de Gilberto Gil", escrito por Chris Fuscaldo, neste link.

Sobre a autora
Chris Fuscaldo é jornalista, pesquisadora musical, mestra e doutora em Literatura, Cultura e Contemporaneidade, também é autora dos livros "Discobiografia Legionária" (LeYa, 2016), "Discobiografia Mutante: álbuns que Revolucionaram a Música Brasileira" (Garota FM Books, 2018), "Viver é Melhor que Sonhar: os Últimos Caminhos de Belchior" (Sonora, 2021 – com Marcelo Bortoloti) e "De Tudo se Faz Canção: 50 Anos do Clube da Esquina" (Garota FM Books, 2022 – com Márcio Borges). Membro da Academia Niteroiense de Letras, acompanhou Gilberto Gil de 2019 a 2022 e assinou a curadoria do museu O Ritmo de Gil, lançado no Google Arts & Culture. Compre o livro "Refazenda: o Interior Floresce na Abertura da Fase 'Re' de Gilberto Gil", de  Chris Fuscaldo, neste link.


Serviço
Evento de lançamento do livro "Refazenda: o Interior Floresce na Abertura da Fase 'Re' de Gilberto Gil". Dia 3 de abril, quarta-feira, a partir de 19h00. Bate-papo entre Chris Fuscaldo e Luiz Thunderbird, seguido de sessão de autógrafos. Biblioteca – Térreo . Todas as idades. Grátis. Sesc 14 Bis. R. Dr. Plínio Barreto, 285 - Bela Vista/São Paulo.

terça-feira, 26 de março de 2024

.: Literatura: “Os Meus Monstros e os Seus”, de Ricardo Benevides e Orlandeli


Há monstros entre nós e dentro de nós. Esta é a reflexão feita em “Os Meus Monstros e os Seus”, livro intrigante e engenhoso escrito por Ricardo Benevides, publicado pela Elo Editora. A obra ficou entre os dez finalistas do Jabuti, na categoria juvenil e que tem ilustrações de Orlandeli. É composta por quatro contos que se entrelaçam e cada um deles conta a história de um adolescente. 

Para mostrar o lado sombrio da personalidade de cada um, assim como as angústias e as dificuldades enfrentadas por eles no dia a dia, o autor se inspirou em monstros conhecidos, como Conde Drácula e Frankenstein, e traçou um paralelo entre a monstruosidade real e imaginária. Conectados com clássicos do terror, o livro aborda, por meio de metáforas,  as dores e particularidades da alma humana em histórias interligadas de adolescentes. 

Em cada conto, há um paralelo de identidades com criaturas fantásticas, clássicas do terror, em características narradas por jovens que enfrentam os aterrorizantes dilemas da alma humana. Os monstros conhecidos, como Drácula, Frankenstein e Henry Jekyll,  em histórias ambientadas em uma escola no Rio de Janeiro, é protagoniads adolescentes comuns vivem angústias e dores, em situações estranhas reais ou imaginadas. As histórias se conectam e deixam suspense no final.

“Os Meus Monstros e os Seus” tem ilustrações de Orlandeli, que deu um olhar próprio e pessoal ao texto, com ilustrações que dão um ar sombrio e belo, fortalecendo a mistura de mistério e comportamento humano. O livro ganhou o selo Altamente Recomendável da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil) e ficou entre os finalistas do Jabuti, em 2023. Compre o livro “Os Meus Monstros e os Seus”, de Ricardo Benevides , neste link.


Sobre o autor
Ricardo Benevides - Nasceu em 1975, é escritor, músico e professor universitário, apaixonado pelos clássicos da literatura de terror. Em 2023, concorreu na categoria juvenil ao Prêmio Jabuti, com o “Os Meus Monstros e os Seus”, da Elo Editora. 


Sobre o ilustrador
Orlandeli - Cartunista, quadrinista, chargista e ilustrador, Walmir Américo Orlandeli nasceu em 1974 na cidade de Bebedouro, interior de São Paulo. Em 1994, iniciou sua carreira nas páginas do jornal Diário da Região com a tira “Violência Gratuita”. É ganhador de vários prêmios nacionais e internacionais. Como ilustrador publicou em vários veículos, como: jornal Folha de São Paulo, revistas Mundo Estranho, Saúde, Época, Superinteressante, entre outras. Garanta o seu exemplar de “Os Meus Monstros e os Seus”, escrito por Ricardo Benevides , neste link.

segunda-feira, 25 de março de 2024

.: "Os canibais da Rua do Arvoredo": José Ramos, o primeiro serial killer brasileiro

Crimes insólitos de José Ramos e Catarina são revividos um século e meio depois no lançamento "Os canibais da Rua do Arvoredo"


Ambiciosos, José Ramos e Catarina Palse escolhiam juntos a presa: homens, afortunados e, geralmente, imigrantes alemães. Enquanto a missão dela era seduzir e atraí-los para a casa onde moravam, a dele era transformar o corpo humano em cadáver. Com a ajuda de Claudio Claussner, eles transformavam a carne em linguiças, comercializadas em um açougue. A prática insólita que aconteceu em Porto Alegre, em 1863 e 1864, repercutiu no mundo todo e ganhou espaço até mesmo no caderno de anotações do naturalista Charles Darwin.

Um século e meio depois, é possível que a história se repita? Em Os canibais da Rua do Arvoredo, o escritor e roteirista Tailor Diniz apresenta uma narrativa instigante e provocadora em torno de um novo boato sobre o consumo de carne humana na capital do Rio Grande do Sul.  Influenciados pelos espíritos dos antigos moradores do local, um aluno de gastronomia e uma estudante de medicina viverão momentos de luxúria e terror num porão de pedras antigas em meio a facas, cutelos, machados, um moedor de carne e um esqueleto humano.


José, então, enfia a mão pelo buraco que se abriu no tórax do outro

e o revira, no fundo. Depois de algum esforço, puxa algo para fora, ainda pulsante.

É o coração de Alex que ele ergue diante dos olhos e no qual dá uma grande mordida,

tirando-lhe um naco ensanguentado.Seu rosto cobre-se de sangue.

Do sangue de Alex e do seu próprio, expressado sob a transparência da pele

enquanto corre nas suas veias a uma estúpida velocidade de cruzeiro.

Catarina olha-o amedrontada. Mas ali, naquele instante, para José só existe Alex.

Alex e seu coração pulsante, que ele agride com sucessivas mordidas e tapas.

(Os canibais da Rua do Arvoredo, pg. 92)


Você pode comprar Os canibais da Rua do Arvoredo", de Tailor Diniz aqui: amzn.to/3vtj96d


Na sátira, a trama é narrada por um observador onipresente, que se apresenta como membro de uma organização internacional, cujo objetivo é dominar o mundo e transformar a população em comunistas/globalistas. Através de uma tela de computador, ele segue freneticamente os passos do casal de estudantes que leva os mesmos nomes dos antigos assassinos, José e Catarina. É possível confiar neste relator? Por que os dois jovens foram escolhidos? De quem e por qual motivos os espíritos desejavam se vingar?

É o que o leitor vai descobrir nas páginas d’Os canibais da Rua do Arvoredo, publicada pelo selo Lucens, da Citadel Grupo Editorial. Nessa antiga lenda urbana porto alegrense, que será adaptada para o cinema, Tailor Diniz tempera o enredo com elementos adicionais: o fastio à carnificina, o ardente desejo sexual, o medo e a conexão entre passado e presente.

Sobre o autor: Tailor Diniz é escritor e roteirista de cinema e TV. Os canibais da Rua do Arvoredo é seu 22º livro e, entre eles, estão Em linha reta, semifinalista do Prêmio Oceanos de Literatura 2015; Crime na Feira do Livro, traduzido na Alemanha e lançado na Feira de Frankfurt, em 2013; Transversais do tempo, Prêmio Açorianos de Literatura – Melhor Livro de Contos de 2007; e A superfície da sombra, traduzido na Bulgária e adaptado para o cinema pelo diretor Paulo Nascimento, em 2017. Com seus roteiros, conquistou prêmios nos festivais de cinema de Gramado e Brasília. O romance Só os diamantes são eternos (2019) está sendo adaptado para as telonas, e seu último livro, Novela interior, ganhou o Prêmio Jacarandá, Livro do Ano/2013, promovido pelo jornal Correio do Povo, durante a Feira do Livro de Porto Alegre. Instagram: @tailordiniz


Livro: Os canibais da Rua do Arvoredo

Autor: Tailor Diniz

Editora: Citadel Grupo Editorial

Selo: Lucens

208 páginas

Compre Os canibais da Rua do Arvoredo", de Tailor Diniz aqui: amzn.to/3vtj96d


domingo, 24 de março de 2024

.: Bruna Ramos da Fonte lança "Apenas Uma Mulher Latino-americana"


A escritora Bruna Ramos da Fonte conseguiu com o livro "Apenas Uma Mulher Latino-americana: em Busca da Voz Revolucionária" produzir uma espécie incomum de romance de formação, pois focaliza a um só tempo tanto a sua própria trajetória quanto a da canção engajada na América Latina. Essa manifestação cultural não foi apenas importante para a consolidação da identidade cultural do subcontinente, mas também fundamental para a superação do autoritarismo que se disseminou a partir das décadas de 1960 e 1970, cujo ideário funesto ainda insiste em nos assombrar.

O golpe de Estado ocorrido no Brasil em 1964 implantou um período ditatorial de vinte e um anos e antecedeu uma série de outros governos autoritários na América Latina, que foram se sucedendo rapidamente em países como Bolívia, Argentina, Chile e Uruguai. Inaugurava-se assim uma época de opressão, supressão dos direitos democráticos e instabilidade política na história dessa região, uma fase nefasta que ainda não se encerrou completamente.

A síntese inicial desse período foi o brilhante ensaio de Eduardo Galeano, "As Veias Abertas da América Latina", considerado a “Bíblia da Esquerda” em virtude de seu lúcido viés crítico. Agora, no momento em que o Novo Milênio ainda se vê contaminado por concepções políticas reacionárias, Bruna Ramos da Fonte nos oferece outra visão panorâmica deste subcontinente tão fascinante quanto conturbado. "Apenas Uma Mulher Latino-americana: em Busca da Voz Revolucionária" é uma obra escrita de peito aberto, que pode ser considerada uma “Bíblia da canção engajada latino-americana”, ultrapassando os limites do que se convencionou chamar de “música de protesto” para englobar manifestações musicais muito mais amplas e ambiciosas.

Nascida no coração do ABC Paulista, em São Bernardo do Campo, Bruna teve contato desde cedo tanto com os movimentos sociais quanto com o mundo da música, estudando piano clássico e violino desde os oito anos. Essa união a levou a pesquisar a música dos países latino-americanos com a paixão de uma militante e a sabedoria de uma erudita. Em uma jornada temperada por reminiscências apaixonantes de sua vivência pessoal junto a grandes nomes da música e da literatura, como Tita Parra (que assina o prefácio), Antonio Skármeta, Silvio Rodríguez, Raúl Aliaga e Thiago de Mello, Bruna visitou as casas de Che Guevara (onde conheceu a filha do revolucionário, Aleida), de Hemingway, em Cuba, e de Neruda e Violeta Parra, no Chile (a Casa de Palos, construída em madeira pela própria cantora e compositora). Desta forma, ela conseguiu recuperar a um só tempo as influências de estrelas da música latino-americana e o genius loci , o espírito dos lugares que as influenciaram.

Em uma cativante autobiografia musical de uma mulher latino-americana, Bruna Ramos da Fonte realiza de forma magistral seu objetivo de compor um “manifesto de alguém que acredita na arte e na cultura como as grandes ferramentas da revolução”. Compre o livro "Apenas Uma Mulher Latino-americana: em Busca da Voz Revolucionária", de Bruna Ramos da Fonte, neste link.


Sobre a autora
Bruna Ramos da Fonte é biógrafa, escritora, historiadora e jornalista. Desenvolve projetos também nas áreas da composição, curadoria, dramaturgia, fotografia e produção audiovisual. Tendo iniciado os seus estudos musicais ainda na infância – e recebido ampla formação em três instrumentos, técnica vocal, teoria musical, história da música e regência orquestral –, foi a partir dessa vivência que, no ano de 2006, iniciou a sua trajetória no campo da literatura musical. 

É autora do projeto "Nosotros: retratos de Latinoamérica", um trabalho de pesquisa e documentação literária e fotográfica que tem a produção musical latino-americana como ponto de partida para o estudo dos aspectos históricos, políticos e sociais do continente americano. No campo da fotografia, o seu trabalho integra alguns dos acervos mais relevantes da América Latina, incluindo a prestigiada Colección Arte de Nuestra América Haydee Santamaría da Casa de las Américas de Havana (Cuba).

É autora de diversos títulos – incluindo as biografias de Sidney Magal e Roberto Menescal – e, desde 2012, está à frente do Instituto Biografando, ministrando cursos e formações para biógrafos, escritores e pesquisadores. Garanta o seu exemplar de "Apenas Uma Mulher Latino-americana: em Busca da Voz Revolucionária", escrito por , de Bruna Ramos da Fonte, neste link.

.: Livro "Pancadaria" conta os bastidores da briga entre a Marvel e a DC


A batalha mais acirrada do universo dos super-heróis nunca foi entre os personagens superpoderosos com seus trajes coloridos. O livro "Pancadaria: por Dentro do Épico Conflito Marvel Vs DC", escrito por Reed Tucker, lançado pela editora Fábrica 231, conta os bastidores. Marvel e DC, as duas grandes titãs da indústria de quadrinhos travam uma batalha épica pela supremacia de seus heróis de collant por mais de 50 anos. E o que está em jogo nessa disputa não são apenas as vendas, mas a relevância cultural e os corações de milhões de fãs. A tradução é de Guilherme Kroll.

Para muitos, a Marvel talvez esteja na liderança hoje, mas nem sempre foi assim. Durante grande parte do século XX, a líder indiscutível sempre foi a DC, que praticamente inaugurou o gênero de super-heróis. Os títulos da DC vendiam milhões de exemplares e seus personagens eram reconhecidos no mundo todo. "Superman", "Flash", "Batman", "Mulher Maravilha" - a DC era a casa de todos os grandes.

Até que, em 1961, uma modesta editora mostrou suas armas para enfrentar essa poderosa hegemonia. O editor e roteirista Stan Lee, com as lendárias ilustrações de Jack Kirby e o talentoso time de novatos da Marvel, foram os arquitetos de uma verdadeira revolução no gênero, através de criações espetaculares como o Homem-Aranha, Os Vingadores, Hulk e X-Men. A ascensão da Marvel sempre dividiu os fãs de quadrinhos em duas tribos opostas. De repente, a pergunta mais direta e reveladora que você poderia fazer a um leitor de gibis de super-herói era “Marvel ou DC?”.

"Pancadaria" conta a história da maior rivalidade corporativa pela primeira vez em um único livro. Repleto de entrevistas com os principais nomes da indústria, Reed Tucker revela o arsenal de esquemas que as duas empresas empregaram em suas tentativas de superar a concorrência, incluindo espionagem, guerras de preço, o roubo de ideias e de talentos. Hoje, com as duas editoras atuando como celeiro para franquias bilionárias do cinema, a rivalidade contagia até os fãs mais casuais, dividindo o mundo em duas tribos opostas. E as apostas são maiores do que nunca. Compre o livro "Pancadaria: por Dentro do Épico Conflito Marvel Vs DC", de Reed Tucker, neste link.

Sobre o autor
Reed Tucker é escritor e jornalista freelance, mora no Brooklyn e é graduado pela Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill. Ele escreve principalmente sobre cultura pop e entretenimento, e seu trabalho é publicado no New York Post, na Esquire, Fortune e USA Today, entre outros. Garanta o seu exemplar  de "Pancadaria: por Dentro do Épico Conflito Marvel Vs DC", escrito por Reed Tucker, neste link.

sábado, 23 de março de 2024

.: Livro conta a história da vedete Zaquia Jorge, por quem toda a cidade chorou


Em sua estreia como biógrafo, Marcelo Moutinho recupera a história de Zaquia Jorge e reconstitui a transformação cultural do Rio de Janeiro sob a ótica da vedete ícone da cultura suburbana que, em 2024, faria 100 anos.


Seu nome é Zaquia Jorge. É bem possível que a alcunha, tão exótica quanto seus olhos amendoados e rosto marcante, traga, em um primeiro e descuidado relance, pouca familiaridade aos leitores contemporâneos. Mas ao (re)descobrí-la, não restam dúvidas: Zaquia Jorge foi uma artista de primeira grandeza, figura emblemática da vida cultural do Rio de Janeiro dos anos 1940 e 1950. Trabalhou na célebre companhia de Walter Pinto, ascendeu no competitivo mundo das vedetes, contracenou com Dercy Gonçalves e Oscarito e fundou seu próprio teatro. Eis a estrela de Madureira que, em 2024, completaria 100 anos.

A artista sui generis, não por acaso, é a personagem escolhida por Marcelo Moutinho, vencedor dos prêmios Jabuti 2022 e Clarice Lispector (Fundação Biblioteca Nacional) 2017, para a sua estreia no gênero das biografias. “Estrela de Madureira: a Trajetória da Vedete Zaquia Jorge, por Quem Toda a Cidade Chorou”, lançamento da editora Record, recupera a vida da atriz e empresária do teatro, que morreu aos 33 anos, em 1957, afogada na então inóspita praia da Barra da Tijuca, causando comoção popular e especulação midiática.

Sua morte trágica inspirou o samba "Madureira Chorou", grande sucesso do Carnaval de 1958. Em 1975, a artista inspiraria o enredo "Zaquia Jorge, a Vedete do Subúrbio, Estrela de Madureira", levado à Avenida pelo Império Serrano. Curiosamente, uma composição derrotada no concurso interno da escola foi gravada por Roberto Ribeiro e acabaria alcançando imensa repercussão popular. Lançada no disco do cantor com o título "Estrela de Madureira", é hoje lembrada nas rodas ao longo do país e se tornou mais conhecida do que o samba com o qual o Império desfilou.

Mais do que isso, Moutinho reconstitui a vida de uma mulher à frente de seu tempo – que desafiou o estigma de mulher desquitada, abriu mão da guarda do filho e retomou, após a separação, o nome de solteira –, uma atriz incomum e fora dos padrões, que alcançou o estrelato no teatro de revista, atuou no cinema brasileiro emergente e, posteriormente, decidiu ousar como empresária das artes, rompendo as fronteiras da eterna cidade partida.

"Nasci e morei por boa parte da infância em Madureira. Desde pequeno, me intrigava o fato de que, apesar de Zaquia ser uma figura mítica entre os moradores do subúrbio, ter suscitado duas músicas de imenso sucesso e um enredo de escola de samba, sua história é pouquíssimo conhecida. Uma artista cuja morte mereceu destaque nas primeiras páginas dos jornais, cujo funeral contou com a presença de milhares de pessoas, que trabalhou no teatro da revista e nos populares filmes da época da chanchada, e cuja atuação como empresária foi absolutamente pioneira. Além de resgatar uma trajetória tão singular, o livro pretende tirá-la desse lugar de invisibilidade", contextualiza Marcelo Moutinho.

Após se encantar com o esplendor do Cassino da Urca, ascender profissionalmente durante a efervescência cultural da Praça Tiradentes e participar da emergente cena cultural na Zona Sul carioca, Zaquia optou por fundar o Teatro Madureira. Assim, colocou, pela primeira vez, os holofotes na vida cultural da Zona Norte do Rio de Janeiro. Em seu texto de quarta capa, Ruy Castro felicita a publicação de uma biografia que remete à Zona Norte, um território, ele destaca, quase esquecido no mapeamento da vida artística e cultural carioca. “E ninguém mais equipado do que Marcelo para fazê-lo”, acrescenta.

Há biógrafos que escolhem personagens ilustres da história para a partir de uma trajetória marcante compor o panorama de uma determinada época. Outros buscam resgatar personalidades apagadas da história e, ao resgatar do esquecimento sua biografia, propor novas abordagens do passado. Este último é o caso de Marcelo Moutinho, como sintetiza Luiz Antonio Simas no texto de apresentação do livro:

“Ao reconstruir a trajetória de Zaquia, Moutinho acaba formando um mosaico em que aparecem Madureira, o teatro de revista brasileiro, as sociabilidades suburbanas, a música, o cinema, a cidade e o protagonismo da mulher em uma sociedade e um ambiente em que a misoginia nadava de braçada. Não bastasse isso, o livro retira — é importante frisar — do esquecimento a personagem que, apesar da vida curta, entranhou-se nas memórias do lugar, unindo o rigor histórico, o domínio crítico da bibliografia e a escrita fluente do escritor premiado". Compre o livro “Estrela de Madureira: a Trajetória da Vedete Zaquia Jorge, por Quem Toda a Cidade Chorou”, de Marcelo Moutinho, neste link.

O Rio de Janeiro se desloca para além do mito da Cidade Maravilhosa
Biógrafo renomado e profundo conhecedor da história do Rio de Janeiro, Ruy Castro recuperou em livros recentes o esplendor carioca da primeira metade do século 20. Uma cidade moderna e cosmopolita que antecipava no país as tendências da nova ordem mundial e, ao mesmo tempo, adaptava as modas ao gosto local.

Em “Estrela de Madureira”, o autor segue a opção pelo texto fluido, o rigor dos fatos, o acesso às fontes primárias ou àquelas que mais se aproximam dos acontecimentos reais, a análise cuidadosa dos arquivos de jornais e revistas, a iconografia reveladora, sem nunca perder o sabor que as histórias ocultas podem capturar. Com um acréscimo: Marcelo Moutinho desloca a geografia da narrativa e, assim, conduz os leitores pela transformação da cidade, trazendo para a superfície subtextos dos desafios atuais.

Tudo começa no Cassino da Urca, palco que consagrou Carmen Miranda e inseriu o Brasil no mapa cultural da geopolítica do momento. Em seguida, a cidade se transformou com a agenda inesgotável das produções do teatro de revista inspiradas no modelo francês, e, logo, adaptadas ao anedotário local. Um sucesso absoluto que passou a lotar o Centro do Rio de Janeiro. Sem falar nos cinemas da Cinelândia, epicentro da vida carioca moderna.

O eixo cultural mudou para Copacabana, novo reduto da ebulição artística urbana, que propôs um novo estilo de vida e desafiou a cidade a admirar o mar e a liberdade que os novos tempos propagavam. Mas, ao trilhar o périplo histórico, Moutinho acaba por se voltar para a enigmática personalidade de Zaquia Jorge e sua ousadia: abrir uma inédita companhia de teatro em Madureira. Uma memória apagada. Uma estrela que chora. E, agora, resgata seu esplendor. Garanta o seu exemplar de “Estrela de Madureira: a Trajetória da Vedete Zaquia Jorge, por Quem Toda a Cidade Chorou”, escrito por Marcelo Moutinho, neste link.


Sobre o autor
Marcelo Moutinho
é escritor e jornalista. Conquistou o Prêmio Jabuti 2022 na categoria Crônica, com “A lua na caixa d’água” (Malê), e o Prêmio Clarice Lispector 2017, da Fundação Biblioteca Nacional, com a seleta de contos “Ferrugem” (Record). Publicou também os livros “A palavra ausente” (Malê), “Rua de dentro” (Record) e “Na dobra do dia” (Rocco), além de obras voltadas para as crianças. É mestre em Bens Culturais e Projetos Sociais pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, da FGV-Rio. A edição inclui um caderno de imagens de 32 páginas. 

Evento de lançamento:
23 de março, sábado, a partir das 14h, no Al Farabi (R. do Mercado, 34 - Centro, Rio de Janeiro). O cantor Pedro Paulo Malta vai apresentar sambas e marchinhas que foram sucesso na época áurea do Teatro de Revista, com participação especial da Velha Guarda do Império Serrano.

terça-feira, 19 de março de 2024

.: "Vidas Secas" + "S. Bernardo", dois clássicos de Graciliano Ramos reunidos

Citadel lança primeira edição 2 em 1 de Graciliano Ramos. Obras "Vidas Secas" e "S. Bernardo" são unificadas em lançamento publicado sob o selo Temporalis


Considerado um dos melhores escritores de regionalismo do país, Graciliano Ramos é autor de dois livros essenciais para se compreender o Brasil, especialmente a região Nordeste: Vidas Secas e S. Bernardo. De forma inédita, os dois títulos são lançados em edição única pelo selo Temporalis, da Citadel Grupo Editorial.

Publicada pela primeira vez em 1938, Vidas Secas é considerada a obra-prima do Velho Graça, como também era conhecido no meio literário. Este é um retrato intenso e desolador de uma família de retirantes nordestinos que enfrenta a fome, a sede, a opressão dos latifundiários e as injustiças sociais do Brasil rural. O autor expõe a luta pela sobrevivência em meio à seca e a exploração no sertão de Fabiano, Sinhá Vitória, os dois filhos e a cachorrinha Baleia.


A cólera dele se voltava de novo contra as aves.

Tornou a sentar-se na ribanceira, atirou muitas vezes nos ramos do mulungu,

o chão ficou todo coberto de cadáveres.

Iam ser salgados, estendidos em cordas.

Tencionou aproveitá-los como alimento na viagem

próxima. Devia gastar o resto do dinheiro em chumbo e pólvora,

passar um dia no bebedouro, depois largar-se pelo mundo.

(Vidas Secas, pg. 79)


O sertão nordestino também é o cenário em S. Bernardo, romance que completa 90 anos em 2024 e é marcado pelo realismo e pela introspecção do protagonista, Paulo Honório, um homem rude e determinado a ascender socialmente por meio da posse de terras. No entanto, por traz dessa busca incessante por poder e sucesso material, ele esconde a solidão e a desilusão afetiva. Assim, o autor explora de forma profunda os desejos individuais, as contradições do ser humano e da própria sociedade.

A escrita concisa e direta do alagoano, que foi repórter de jornais no Rio de Janeiro e prefeito de Palmeira dos Índios (AL), intensifica a sensação de aridez, desesperança e amargura transmitidas pelos personagens. Esta edição 2 em 1 de Vidas Secas e S. Bernardo chega ao mercado literário não apenas para unificar as duas obras, mas para tornar a coleção de Graciliano Ramos mais acessível aos brasileiros.

Compre "Vidas Secas" + "S. Bernardo", dois clássicos de Graciliano Ramos num só livro: amzn.to/4ckAzCG

Sobre o autor: Graciliano Ramos nasceu em 1892, na cidade de Quebrangulo, em Alagoas. Trabalhou nos jornais Correio da Manhã, A Tarde e O Século, então no Rio de Janeiro, retomando para o Nordeste em 1915, devido a uma tragédia familiar em que perdeu quatro irmãos, vítimas de peste bubônica. Fixou-se na cidade de Palmeira dos Índios, onde se casou, e em 1927 foi eleito prefeito, cargo que exerceu por dois anos. Após publicar seus dois primeiros romances, Caetés (1933) e S. Bernardo (1934), foi preso, em 1936, sob a alegação de que seria comunista, passando por várias prisões, em Maceió e Recife. Seguiu no porão de um navio para o Rio de Janeiro, onde ficou quase um ano na cadeia. Seu drama e o dos companheiros reclusos seriam relatados em Memórias do cárcere, publicado postumamente em 1953. Em agosto de 1936, ainda na prisão, publicou seu terceiro romance, Angústia. Mas é em 1938 que o autor escreve aquela que se tornaria sua obra-prima: Vidas secas, seu quarto e último romance. Morreu na cidade do Rio de Janeiro, em 1953, aos 60 anos.

Sobre a editora: Transformar a vida das pessoas. Foi com esse conceito que o Citadel Grupo Editorial nasceu. Mudar, inovar e trazer mensagens que possam servir de inspiração para os leitores. A editora trabalha com escritores renomados como Napoleon Hill, Sharon Lechter, Clóvis de Barros Filho, entre outros. As obras propõem reflexões sobre atitudes que devem ser tomadas para quem quer ter uma vida bem-sucedida. Com essa ideia central, a Citadel busca aprimorar obras que tocam de alguma maneira o espírito do leitor.


Redes sociais da editora:

Site: Citadel | Instagram: @citadeleditora

Facebook: Citadel Grupo Editorial | YouTube: Citadel Grupo Editorial


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FICHA TÉCNICA

Livro: Vidas Secas + S. Bernardo

Autor: Graciliano Ramos

Editora: Citadel Grupo Editorial

Selo: Temporalis

240 páginas


segunda-feira, 18 de março de 2024

.: Teatro Rosinha Mastrângelo recebe a peça "Pagu - Do Outro Lado do Muro"


A vida de Patrícia Galvão, a Pagu, considerada uma das precursoras do movimento feminista no Brasil, como mãe, militante política, escritora, é tema do espetáculo "Pagu - Do Outro Lado do Muro", que será seguido de bate-papo. Foto: Arô Ribeiro


Localizado no Centro de Cultura Patrícia Galvão, em Santos, o Teatro Rosinha Mastrângelo recebe o monólogo "Pagu - Do Outro Lado do Muro", nesta quinta-feira, dia 21 de março, às 19h00.  Ao final do espetáculo, a dramaturga Tereza Freire, autora do livro "Dos Escombros de Pagu: um Recorte Biográfico de Patrícia Galvão", lançado pelas Edições Sesc SP e Editora Senac, e a atriz Thais Aguiar, participam de um bate-papo seguido de sessão de autógrafos. A classificação indicativa do espetáculo, que tem apresentação gratuita, é de 14 anos. A retirada de ingressos será no dia, a partir das 10h00, no Sesc Santos.

O monólogo com a atriz Thais Aguiar e texto da dramaturga e historiadora Tereza Freire que de forma ímpar, conta a riquíssima vida de Patrícia Galvão, mãe, militante política, escritora, que passa por sua relação com Tarsila do Amaral e os modernistas, fala de seus filhos, amores, amigos, da família, das viagens, das descobertas, da menina irreverente que foi e da mulher guerreira em que se transformou e hoje considerada uma das precursoras do movimento feminista no Brasil. Um espetáculo que nos leva a verdadeiramente conhecer o furacão que é Pagu, entendê-la e amá-la.

Estamos falando de abuso, de violência, do tarefismo imposto a mulheres, de várias coisas que Pagu passou, mas que todas nós mulheres ainda passamos. E como ampliar e tornar ainda mais arquetípica essa história, essa relação que não é só de uma mulher, é de uma geração que se perpetua pelas próximas gerações. Enquanto houver patriarcado isso vai existir.

Nesta montagem, formada por uma equipe artística composta em sua maioria por mulheres, resultado de 4 anos de pesquisa da atriz Thais Aguiar sobre a vida e a obra de Pagu. "Pagu - Do Outro Lado do Muro" traz uma dramaturgia atualizada que dialoga ainda mais com o cenário social e político brasileiro. Com idealização de Thais Aguiar, da Espontânea Cia de Teatro, direção de Érika Moura e Natália Siufi (Grupo Xingó), e dramaturgia assinada por Tereza Freire.

O espetáculo reúne forças nesse encontro de mulheres, que ditam o pulso numa caminhada vertical na contramão de um pensar, existir e se mover. Nos questiona como é que a gente faz desse teatro que é antigo e resistente, se tornar essa relação de uma experiência conjunta, presente e capaz de convocar toda uma ancestralidade de mulheres.

"Pagu - Do Outro Lado do Muro" nasceu após sua montagem embrionária em 2022, inspirada no livro "Dos Escombros de Pagu", de Tereza Freire (Edições Sesc), realizada especialmente para as comemorações do Centenário da Semana de Arte Moderna, em São Paulo, em 2022, na Oficina Cultural Oswald de Andrade em São Paulo.

Sobre o livro
As Edições Sesc São Paulo lançam "Dos Escombros de Pagu: um Recorte Biográfico de Patrícia Galvão". A segunda edição da biografia, escrita pela historiadora Tereza Freire, tem como ponto de partida a reunião dos escritos de Pagu, como cartas, bilhetes, poemas, correspondências e artigos de jornal. Poucas personagens da vida cultural e política brasileira da primeira metade do século XX tiveram uma vida tão intensa e fascinante como a escritora, poetisa, diretora teatral, tradutora, desenhista, cartunista e jornalista Patrícia Rehder Galvão, a Pagu. 

Essa mulher extraordinária, no entanto, ainda é pouco conhecida do grande público. Para ajudar a preencher essa lacuna, as Edições Sesc São Paulo, em parceria com a Editora Senac SP, publicam a segunda edição de "Dos Escombros de Pagu: um Recorte Biográfico de Patrícia Galvão", da historiadora Tereza Freire.

A autora relata a agitada vida de Pagu, nascida em 1910 em uma família abastada do interior de São Paulo, a partir de correspondências, poemas e artigos de jornal. Dividido em três partes e por temas, o livro não se limita a fazer um relato cronológico de acontecimentos, mas dá voz à biografada, tomando como ponto de partida a reunião de seus escritos. Quem assina o prefácio é o historiador Rudá K. Andrade, neto de Pagu e do também escritor Oswald de Andrade, um dos principais arquitetos do Modernismo brasileiro.

Tereza Freire é historiadora com mestrado sobre Pagu pela PUC-SP. É roteirista e diretora do documentário Caminhos do Yoga, gravado na Índia em 2003, e autora do romance "Selvagem como o Vento", de 2002. Na televisão, foi roteirista da série de documentários "Diário de Viagem", sobre turismo no Nordeste, e como apresentadora do programa "Contos da Meia-noite", da TV Cultura de São Paulo. O livro "Os Escombros de Pagu" foi inspiração para duas montagens de teatro, no Rio de Janeiro e em São Paulo.


Ficha técnica
Monólogo "Pagu - Do Outro Lado do Muro" 
Atuação: Thais Aguiar
Texto: Tereza Freire
Direção: Erika Moura e Natália Siufi
Trilha Sonora original: Paulo Gianini
Iluminação: Tomate Saraiva
Fotografias: Arô Ribeiro
Design gráfico: Theo Siqueira
Cenário e Figurino orientados por Livia Loureiro
Realização: Espontânea Cultural
Assessoria de Imprensa: Antonio Montano
Coprodução: Lorenna Mesquita


Serviço
Monólogo "Pagu - Do Outro Lado do Muro"
Espetáculo seguido de bate-papo e sessão de autógrafos
Com Espontânea Cia. de Teatro
Bate-papo e sessão de autógrafos do livro "Dos Escombros de Pagu: um Recorte Biográfico de Patrícia Galvão" - Edições Sesc SP e Editora Senac com Tereza Freire (autora) e Thais Aguiar (atriz
Quinta-feira, dia 21 de março, às 19h00

Teatro Rosinha Mastrângelo
Av. Senador Pinheiro Machado, 48 - Vila Matias)
(piso térreo do Centro Cultural Patrícia Galvão)
Classificação indicativa: 14 anos
Grátis. Retirada de ingressos no dia, a partir das 10h00, no Sesc Santos

Sesc Santos
Rua Conselheiro Ribas, 136, Aparecida  
Telefone: (13) 3278-9800  

.: "Escritos de Um Viado Vermelho" reúne movimento LGBTQIA+ e ditadura


O brasilianista James N. Green lança, na próxima terça-feira, dia 19 de março, às 19h00, o livro "Escritos de Um Viado Vermelho", lançado pela editora Unesp. O encontro, que terá bate-papo do autor com o pesquisador Renan Quinalha, será na Livraria Megafauna, em São Paulo. “O privado é político”. O slogan, de origem incerta, foi muito usado pelo movimento feminista dos anos 1960, indicando que elementos de nossa vida pessoal na maioria das vezes têm origem em questões políticas da sociedade em que vivemos. 

Essa frase poderia ser usada também para iniciar uma abordagem de "Escritos de Um Viado Vermelho", coletânea de ensaios em que o brasilianista combina relatos autobiográficos e ensaios sobre os temas que lhe são mais caros: o movimento LGBTQIAP+ e a ditadura militar brasileira. Nos ensaios que compõem este volume, Green não se afasta do tom pessoal e da prosa fluida que lhe são característicos. Trata-se de uma obra que já nasce como referência para todos que estudam ou têm curiosidade sobre o tema. Compre o livro "Escritos de Um Viado Vermelho", de James. Green, neste link.


Sobre o autor
James Naylor Green
é professor de História Moderna da América Latina e foi diretor da Iniciativa Brasil na Brown University, EUA. Especialista em estudos latino-americanos, Green é brasilianista, tendo vivido no Brasil entre 1976 e 1982, e sua trajetória esteve sempre ligada ao ativismo pelos direitos LGBTQIAP+ e na defesa da democracia no Brasil. Pela Editora Unesp, publicou "Além do Carnaval" (2000, com 3ª edição revista e ampliada em 2022). Garanta o seu exemplar de "Escritos de Um Viado Vermelho", escrito por James N. Green, neste link.


Serviço
Lançamento do livro "Escritos de Um Viado Vermelho"
Terça-feira, diaa 19 de março, às 19h00
Livraria Megafauna
Av. Ipiranga, 200 - loja 53 do Edifício Copan - República/São Paulo

domingo, 17 de março de 2024

.: Entrevista com Midria: "Minha poesia reflete meus processos de inquietação"


Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

Poeta, slammer e cientista social, Midria está entre os principais nomes da atual geração de escritores. A estreia na editora Rosa dos Tempos com "Desamada: um Corpo à Espera do Amor" vem marcada por um texto sensível e amadurecido sobre a descoberta amorosa. Em evidência após o emocionante debut na programação oficial da Flip 2022, também foi capa da revista Glamour em março de 2023 e, em abril do mesmo ano, revelou-se um destaque como referência da geração Z em reportagem da revista Vogue. 

Com texto de orelha assinado pela escritora, tradutora e psicanalista Eliane Marques, Midria vai além do que se espera de quem vive da poesia porque ultrapassa o lirismo para percorrer o universo das vivências. O livro é indicado para qualquer pessoa que já viveu o contrário do amor: a solidão física, corpórea, a falta do toque, a ausência de companhia. Nesta entrevista exclusiva, Midria revela tudo - e um pouco mais - sobre vida, inspiração e amor. Compre o livro "Desamada: um Corpo à Espera do Amor", de Midria, neste link.


Como sobreviver ao desamor?
Midria - Acredito que buscar espaços de autocuidado e de pertencimento coletivo ao mesmo tempo é importante. Para pessoas negras isso pode significar o “aquilombamento”, existir de forma mais plena e amorosa entre pares.


O que há de autobiográfico em "Desamada"?
Midria -  Quase tudo, minha poesia reflete meus processos de inquietação, dores e amores com o mundo.


O que representa a literatura em sua vida?
Midria A literatura pra mim é um fio condutor de muita importância, me reconecta com minha potência criativa e me apresenta o mundo de formas pluriverais. Desde criança, adolescente sempre amei muito ler e mais tarde encontrei nos saraus e slams uma forma de partilhar a escrita que formou muito minha identidade.


Na sua própria literatura, em que você se expõe mais, e por outro lado, em que você mais se preserva, em seus textos?
Midria Acho que busco ter um princípio geral de amor comigo e em relação ao mundo como aquilo que me motiva, isso ajuda a não cair num cinismo ou desesperança frente a questões difíceis que por vezes abordo.


Que conselhos você dá para as pessoas que pretendem enveredar pelos caminhos da escrita?
Midria Sempre busque partilhar só o que você pode dizer, a narrativa que se relaciona com o seu universo pessoal ou de interesses que cruzem uma nova possibilidade de imaginar o mundo.


Quais livros foram fundamentais para a sua formação enquanto escritore e leitore?
Midria - "O Menino do Pijama Listrado", "As Boas Mulheres da China", as obras da Octavia E. Butler no geral e mais recentemente "O Caminho do Artista".


Como e quando começou a escrever?
Midria -  Eu escrevia desde pequene, na escola quando minha professora da segunda série ensinou o que era poesia me encantei pela forma e segui escrevendo poemas aqui e ali. Mais pra frente na quinta, sexta série participei de projetos de formação de leitores na escola, o chamado “Círculos de Leitura”, o que aprofundou mais ainda o amor pela escrita. E nos saraus e slams os poemas que eu já escrevia ganharam mais corpo e espaço de partilha.


Quais escritores mais influenciaram a sua trajetória artística e pessoal?
Midria Gosto de pensar em pares como Mel Duarte, Luz Ribeiro, Danylo Paulo, Igor Chico, Jô Freitas, que são pessoas contemporâneas e para além de escreverem, vivenciam muito o que colocam no papel. Além de serem todes agitadores culturais que criam espaços de escuta e partilha de poesia dos quais pude participar.


É possível viver de literatura no Brasil?
Midria É possível, mas não sem muitos percalços. Fiz uma pesquisa sobre a trajetória de profissionalização de poetas negras do slam em São Paulo ainda na graduação e o que ela mais me mostrou foi como ainda não temos algum tipo de parâmetro que balize os valores mínimos pelos quais nossos trabalhos devem ser valorizados. É tudo muito desigual e por vezes as pessoas não compreendem que a escrita tem um custo de tempo, emocional, interpessoal. Vejo que ainda falta um olhar sério sobre pessoas que escrevem no Brasil, em especial quando falam da margem.


O quanto para você escrever é disciplina? É mais inspiração ou transpiração?
Midria -  Acho que ando no meio termo, vou construindo a inspiração, coletando escritos aqui e ali e quando vejo que o livro está realmente já no caminho sento com mais afinco para dar os toques finais.


Quanto tempo por dia você reserva para escrever?
Midria Tento escrever pelo menos 30 minutos a cada manhã em fluxo livre e o restante vem à medida da inspiração, em especial a poesia que mora bastante nos detalhes do cotidiano.


Você tem um ritual para escrever?
Midria -  Não tenho, só gosto de sentir que há tempo para isso.


Em um processo de criação, o silêncio e isolamento são primordiais para produzir conteúdo ou o barulho não atrapalha?
Midria Muita coisa eu escrevi e escrevo no ônibus, metrô. Mas lapidar as coisas demanda concentração.


Como começar a ler Midria?
Midria -  Ler meus livros desde o primeiro, "A Menina que Nasceu sem Cor" que reúne poesias dos  meus primeiros anos nos slams e seguir conhecendo os seguintes é um bom jeito de se aprofundar nos diferentes momentos que já tive na escrita.


Que livro você gostaria de ter escrito?
Midria Não vou dar spoiler dos próximos, estão no forno! (risos)


Hoje, quem é Midria por Midria?
Midria Midria é uma pessoa que escreve, mas que também se divide entre ser uma pessoa que transforma o mundo por meio de uma ONG, que estuda muito como forma de se alimentar para dar conta da vida, que dança, vai para academia, nada, que está aprendendo a tocar bateria para manter viva sua criança interior, em resumo, uma pessoa que não para quieta para se sentir viva. E que busca a espiritualidade, Orixás e guias como eixo para dar conta de tanto movimento.

.: "Diário de Um Filme": o processo criativo de "A Paixão Segundo G.H."


Escrito por Melina Dalboni e publicado pela editora Rocco, o livro "Diário de Um Filme" narra o processo criativo e a aventura de se fazer cinema independente no Brasil a partir da realização do longa-metragem , baseado no romance homônimo de Clarice Lispector, dirigido por Luiz Fernando Carvalho e protagonizado por Maria Fernanda Candido.

Em primeira pessoa, a roteirista Melina Dalboni não se limita a apresentar a criação de um filme propriamente dito, mas revela a jornada emocional de todos da equipe e do elenco. Neste diário, a autora conduz o leitor a um mergulho no percurso criativo vertical do cineasta a partir da obra de Clarice Lispector e se depara com as circunstâncias externas — pessoais ou não — que afetam uma filmagem.

Na segunda parte do livro, são reproduzidas as transcrições das Oficinas Teóricas, ponto de partida para todos os trabalhos de Carvalho, realizadas para a equipe durante a fase de pesquisa e ensaios. Pelo tablado do Galpão, espaço criativo idealizado pelo cineasta, passaram nomes como Nádia Battella Gotlib, supervisora de texto do filme, e José Miguel Wisnik, Yudith Rosenbaum, Franklin Leopoldo e Silva, Rafaela Zorzanelli e Flavia Trocoli, todos grandes estudiosos e especialistas na obra da autora de "A Paixão Segundo G.H.". Isso torna as palestras transcritas nesta publicação escritos inéditos incontornáveis para os estudiosos e admiradores da obra clariceana.

Acompanhando os textos, são reproduzidos os cadernos do cineasta, frames do filme e fotografias das fases de pré-produção e bastidores das filmagens. O resultado é um painel que atravessa as questões subjetivas e técnicas do filme, as inspirações, a vulnerabilidade de uma criação, o diálogo entre a literatura de Clarice e o cinema de Carvalho, o extraordinário tour de force da atriz Maria Fernanda Candido e a busca incansável pela própria linguagem cinematográfica. Compre o livro "Diário de Um Filme", de Melina Dalboni, neste link.


Sobre o filme
"'A Paixão Segundo G.H.' é como saborear a conquista do impossível. Há que se discutir se algum artista já conseguiu isso. Clarice chegou perto. Carvalho e Candido também." — Walter Porto, Folha de S. Paulo

"A prosa altamente filosófica de Clarice Lispector encontra uma representação cinematográfica que supera todas as expectativas. O filme combina confessional, experimental e psicológico para alcançar um horror existencial com ecos de 'Através de Um Espelho', de Bergman, e 'Repulsa ao Sexo', de Polanski." —Cristina Álvarez López, IFFR - Rotterdam

"O estranhamento e a beleza estética do filme de Luiz Fernando Carvalho surpreendem, instigam, num apelo a que o espectador se ligue ao que ali se expõe e nos escapa no dia a dia." — Nádia Battella Gotlib, biógrafa de Clarice Lispector

"Esse filme extraordinário, corajoso e requintado não se amofina diante dos desafios do original. Em vez disso, mergulha no seu tecido escamoso e delirante para daí extrair uma pérola de cinema." — Carlos Alberto de Mattos, crítico cinematográfico


Sobre a autora
Melina Dalboni é escritora, roteirista e jornalista. Foi colaboradora da série "IndependênciaS" (TV Cultura, 2022) e roteirista dos filmes "A Paixão Segundo G.H." (2023) e "Tire Cinco Cartas" (2023). É autora dos textos de "Meu Pedacinho de Chão" (Editora Casa da Palavra, 2014) e de "Sonia Braga em Fotobiografia" (Edições Sesc e Cepe, 2023), e organizadora de "Fotografias – O Processo Criativo dos Atores de 'Dois Irmãos'" (Editora Bazar do Tempo, 2017). Atualmente, escreve para os principais veículos de imprensa do Brasil. Garanta o seu exemplar de "Diário de Um Filme", escrito por Melina Dalboni, neste link.

.: "O Convidado", de Henri Lui, ensina a não confiar em estranhos conhecidos


Escrito por Henri Lui, o romance "O Convidado", lançado pela editora Frieden, é sobre uma rica família envolta em crimes, mistérios, dramas e traições após a chegada de um sobrinho órfão. Os Marah parecem a família perfeita. O patriarca Ivan é um descendente de aristocrata e ocupa um cargo de influência na Corte de Julgamento do Estado. Já Natália, a matriarca, é tão dedicada ao marido e aos três filhos que renunciou à própria individualidade para se tornar um exemplo de mãe e mulher. Mas as porcelanas da casa não permitem que os leitores de "O Convidado" acreditem no mundo de aparências, porque elas são sempre a companhia da mesa de jantar e observadoras oniscientes dos acontecimentos entre os familiares.

Este romance repleto de traições, assassinatos, dramas e mentiras destrincha hipocrisias que se escondem por trás das portas de um lar. Com um texto descritivo, parágrafos longos e diálogos curtos, o escritor Henri Lui analisa os sentimentos e as contradições de cada personagem para mostrar que não há somente um vilão nem um protagonista admirável. Mais que isso: o autor evidencia as ações - boas e ruins – que qualquer ser humano é capaz de praticar independentemente de sua formação como pessoa.

Com duas partes principais, o primeiro momento do enredo gira em torno dos Marah e das formas que os membros se relacionam entre si e com a sociedade. O segundo inicia quando Fiódor chega à casa dessa rica família e esconde sua verdadeira identidade. Ele não é o sobrinho órfão que está prestes a receber as posses dos pais, como diz. Sua verdadeira identidade é Xavier, um jovem pobre, vítima de violência doméstica, que assassina o herdeiro para ter outra vida.

Entretanto, o agora Fiódor não é o único a cometer crimes ou a desestruturar o ideal de perfeição familiar. Ivan está envolvido em um grande esquema de corrupção; Natália vive uma relação amorosa fora do casamento; e as meninas Anna e Kátia cresceram egocêntricas por acreditarem que o dinheiro pode comprar tudo. O filho mais novo, Nikolau, morre cedo devido a uma doença e marca a primeira experiência de luto dos Marah.

Inspirado nos clássicos da literatura russa e nas obras publicadas durante o século XIX, que investigam as mais dramáticas e conflituosas condições da existência humana, "O Convidado" detalha questões psicológicas, problemas íntimos e diferentes realidades de cada personagem. Com uma trama misteriosa e complexa, Henri Lui guia o leitor por reviravoltas permeadas de mentiras, investigações e erros que se estendem até a última página. Compre o livro "O Convidado", de Henri Lui, neste link.


Sobre o autor
Nascido em Araraquara, em São Paulo, Luiz Henrique Marquez assina com o pseudônimo Henri Lui e tem dois livros publicados. “J.” marcou sua estreia na literatura e conta com elementos autobiográficos. O segundo lançamento é "O Convidado", publicado pela editora Frieden. Garanta o seu exemplar de "O Convidado", de Henri Lui, neste link.

sábado, 16 de março de 2024

.: Cartas de amor entre Camus e atriz francesa são publicadas em livro


Lançado pela editora Record, o livro "Escreva Muito e Sem Medo: uma História de Amor em Cartas (1944-1959)" traz a intensa correspondência entre um dos maiores autores do século XX, o franco-argelino Albert Camus, e uma das grandes atrizes do teatro francês, Maria Casarès, que figurou em clássicos do cinema, como "O Boulevard do Crime" e "As Damas do Bois de Boulogne". O livro foi editado por Béatrice Vaillant, com notas de Alexandre Alajbegovic.

Inédito no Brasil, o livro, com prefácio da filha de Camus, Catherine, é um testemunho da busca de dois amantes pela verdadeira experiência do amor. Para os fãs do escritor, oferece um vislumbre único da vida pessoal, sem nenhum filtro, da imagem pública do vencedor do Prêmio Nobel de Literatura. Ainda no primeiro semestre de 2024, a Editora Record vai publicar "Caro Professor Germain", mais um livro inédito de Camus no Brasil. A tradução é de Clóvis Marques.

Albert CamusMaria Casarès se conheceram em 19 de março de 1944 mas o relacionamento começou efetivamente na noite do Dia D, 6 de junho. Ex-aluna do Conservatório de Arte Dramática de Paris, nascida em Corunha e filha de um político espanhol forçado ao exílio, ela tinha apenas 21 anos. Camus morava sozinho em Paris, afastado da mulher, Francine, por conta da guerra.

As cartas revelam a intensidade do relacionamento e de suas realizações pessoais. O escritor é mais conciso, e em meio a juras de amor conta à amante sobre os livros que está produzindo, como "O Avesso e o Direito", "O Exílio e o Reino", "A Queda" e "O Primeiro Homem", este o livro que estava na valise quando Camus morreu em um acidente de carro. As cartas de Maria são mais extensas e revelam o cotidiano da atriz, as gravações no rádio, os ensaios, as récitas teatrais, as filmagens, bem como a vida de atores da Comédie-Française e do Teatro Nacional Popular.

A publicação desta enorme troca de correspondências, que durou até o fim da vida do escritor, revela uma pedra angular de uma preocupação constante em seu trabalho. “Quando se ama alguém, ama-se para sempre”, confidenciou Maria Casarès muito depois da morte de Albert Camus; “quando não se esteve mais sozinho uma vez, nunca mais se estará”. Compre o livro "Escreva Muito e Sem Medo: uma História de Amor em Cartas (1944-1959)", de Albert Camus e Maria Casarès, neste link. 


Sobre os autores
Albert Camus
foi um jornalista, filósofo e escritor francês nascido na Argélia, em 1913. Seus trabalhos contribuíram com o crescimento da corrente de pensamento conhecida como absurdismo. Um dos grandes autores do século XX, Camus recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1957, três anos antes de sua morte. Entre suas maiores obras estão "A Peste", "O Estrangeiro" e "A Queda".

Maria Casarès foi uma atriz franco-espanhola nascida em Espanha, em 1922. Desde sua estreia, em 1942, até sua morte, em 1996, foi uma das grandes atrizes de tragédias do teatro francês, além de ter atuado no cinema e na televisão. Figurou em vários clássicos do cinema, como "O Boulevard do Crime" e "As Damas do Bois de Boulogne". Garanta o seu exemplar de "Escreva Muito e Sem Medo: uma História de Amor em Cartas (1944-1959)", escrito por Albert Camus e Maria Casarès, neste link. 

.: "O Último dos Copistas", de Marcílio França Castro, consagra autor


"O Último dos Copistas"
, romance híbrido que mescla ensaio e literatura, fato e ficção, com um estilo envolvente e arrojado, a história esquecida de uma figura do século XVI se revela uma janela para compreender o contemporâneo. O livro estabelece Marcílio França Castro como um dos autores de maior destaque no cenário contemporâneo. Os copistas são figuras fantasmagóricas que assombram a literatura. Aqui o ponto de partida é Ângelo Vergécio, um copista do século XVI cuja caligrafia deu origem à fonte Garamond.

Um enigma de sua vida move, no século XXI, na passagem do analógico ao digital, a história de amizade entre um revisor e uma ilustradora em uma pequena casa editorial. Trata-se de uma relação platônica que parece se concretizar através de uma obsessão compartilhada por desvendar detalhes da vida de Vergécio, conduzindo o enredo ainda por cidadezinhas da Europa que conhecemos através de cartões-postais intrigantes. Compre o livro "O Último dos Copistas", de Marcílio França Castro, neste link.


O que disseram sobre o livro
“Um livro surpreendente sobre a passagem do tempo, dos mundos que se sucedem e do que fica pelo caminho. A história de dois tipos em extinção, um copista à saída da Idade Média e um revisor literário no mundo digital, ao mesmo tempo remanescentes e transmissores do que corre o risco de se perder para sempre. Um romance incisivo e original sobre a obsolescência e o anacronismo como resistências artísticas incomuns, capazes de criar pontes inesperadas e revelar o quanto a naturalidade do presente pode apenas encobrir um processo de normalização.” — Bernardo Carvalho

“A obra parece um daqueles desenhos de Escher, de uma mão desenhando a si mesma, ou de um castelo de escadas que levam para cima e para baixo ao mesmo tempo. Com incrível domínio topológico da narrativa, os fatos vão se combinando e recombinando, equilibrados no vértice de uma jovem ilustradora que atrai todas as linhas da trama — em texto e imagens —, até o surpreendente clique que fecha a máquina perfeita do livro.” — Arthur Nestrovski


Sobre o autor
Marcílio França Castro
 nasceu em Belo Horizonte em 1967. Mestre em estudos literários pela UFMG, publicou, entre outros livros, "Histórias Naturais" e "Breve Cartografia de Lugares sem Nenhum Interesse", pelo qual recebeu o Prêmio Literário da Fundação Biblioteca Nacional. Garanta o seu exemplar de "O Último dos Copistas", escrito por Marcílio França Castro, neste link.

sexta-feira, 15 de março de 2024

.: "A Zona de Interesse": o livro que inspirou o filme vencedor do Oscar


Dirigido por Jonathan Glazer, o filme "Zona de Interesse", em cartaz na Rede Cineflix  e em cinemas de todo o país, venceu duas categorias na cerimônia do Oscar 2024: Melhor Filme Internacional e Melhor Som. O longa-metragem é uma adaptação do livro "A Zona de Interesse", de Martin Amis, lançado pela Companhia das Letras, um romance brilhante em que cada um dos vários narradores testemunha o inominável a sua maneira. A tradução é de Donaldson M. Garschagen.

Nome de proa da literatura contemporânea, Martin Amis traz olhar corrosivo neste romance sobre o Holocausto. "A Zona de Interesse", em Auschwitz, era o local onde os judeus recém-chegados passavam pela triagem, processo que determinava se seriam destinados aos trabalhos forçados ou às câmaras de gás.

Este romance se passa nesse lugar infernal, em agosto de 1942. Cada um dos vários narradores testemunha o inominável a sua maneira. O primeiro é Golo Thomsen, um oficial nazista que está de olho na mulher do comandante. Paul Doll, o segundo, é quem decide o destino de todos os judeus. E Szmul, o terceiro, chefia a equipe de prisioneiros que ajudam os nazistas na logística do genocídio. Neste romance, Martin Amis reafirma seu lugar entre os mais argutos intérpretes de nosso tempo. Compre o livro "A Zona de Interesse", de Martin Amis, neste link.


O que disseram sobre o livro
"A Zona de interesse é um prodígio verbal, além de romance brilhante, celestialmente triste e inspirado por nada menos que uma profunda curiosidade moral sobre os seres humanos. É de cair o queixo." -- Richard Ford


Sobre o autor
Martin Amis é autor de treze romances, entre eles Lionel Asbo e Casa de encontros, ambos publicados pela Companhia das Letras. Também é autor do livro de memórias "Experiência", de coletâneas de contos e de obras de não-ficção. Vive no Brooklyn, em Nova Iorque. Garanta o seu exemplar de "A Zona de Interesse", escrito por Martin Amis, neste link.


Assista na Cineflix
Filmes de sucesso como “Zona de Interesse” são exibidos na rede Cineflix CinemasPara acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SANO Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021.

.: Margaret Atwood leva "Questões Incendiárias" para a literatura


Em mais de 50 textos escritos no período entre 2004 e 2021, Margaret Atwood apresenta seu intelecto prodigioso e humor travesso para o mundo e nos relata o que encontra no livro "Questões Incendiárias: ensaios e Outros Escritos de 2004 a 2021", lançamento da editora Rocco. 

Esta brilhante seleção de ensaios – engraçados, eruditos, infinitamente curiosos, estranhamente proféticos – busca respostas para questões incendiárias como: por que as pessoas em todos os lugares, em todas as culturas, contam histórias Quanto de si você pode doar sem desaparecer? Como podemos continuar vivendo no nosso planeta? É verdade? E é justo? O que zumbis têm a ver com autoritarismo? A tradução é de Maira Parula.

O período de altos e baixos abordado nesta coleção trouxe uma conclusão para o fim da História, uma crise financeira, a ascensão de Donald Trump e uma pandemia. De dívidas à tecnologia, da crise climática à liberdade, de quando dar conselhos aos jovens (resposta: apenas quando forem solicitados) a como definir a granola, não existe melhor autora para questionar os variados mistérios da existência humana. Garanta o seu exemplar de "Questões Incendiárias: ensaios e Outros Escritos de 2004 a 2021", escrito por Margaret Atwood, neste link.


O que disseram sobre o livro
"Margaret Atwood é uma lenda viva." — New York Times Book Review

"['Questões Incendiárias'] reflete tanto a urgência das questões que são importantes para a autora – literatura, feminismo, meio ambiente, direitos humanos – quanto sua aura polêmica… O escopo do livro e a perspicácia de sua escrita evidenciam a leitura e o pensamento de uma longa vida bem aproveitada." — Washington Post

"Inspiradora… Sempre necessária por sua percepção aguçada e narrativa fascinante, Atwood apresenta textos espirituosos, fortes e esclarecedores sobre sua longa e sempre vital carreira." — Booklist

"Talvez não haja melhor escritora para explorar as ansiedades da era atual do que Margaret Atwood." — Entertainment Weekly


Sobre a autora
Margaret Atwood, escritora canadense, é romancista, poeta, contista, ensaísta e crítica literária. Foi agraciada com importantes prêmios literários, entre eles o Príncipe das Astúrias – pelo conjunto de sua obra – e o Man Booker Prize. Um de seus livros de maior sucesso é "O Conto da Aia", que já vendeu milhões de exemplares no mundo todo e inspirou a série de TV homônima. Também da autora, a Rocco publicou, entre outros, "Vulgo Grace", a trilogia "MaddAddão", "A Noiva Ladra", "Olho de Gato" e "O Assassino Cego", vencedor do Booker Prize 2000. Compre o livro "Questões Incendiárias: ensaios e Outros Escritos de 2004 a 2021", de Margaret Atwood, neste link.

quinta-feira, 14 de março de 2024

.: Os 80 anos de Bartolomeu Campos de Queirós e lançamentos de três livros

Em comemoração aos 80 anos do saudoso Bartolomeu Campos de Queirós, Global Editora insere novas obras do grande mestre de livros infantis em seu catálogo. Imagem: Spacca

Se estivesse vivo, o renomado autor Bartolomeu Campos de Queirós, uma figura icônica da nossa literatura infantil e infantojuvenil, completaria 80 anos em 25 de agosto. no centro-oeste mineiro, Bartô passou sua infância em Papagaio, antes de se instalar em Belo Horizonte. Deixou mais de 70 obras como legado e contribuição para o país. Com isso, 2024 será um ano especial para a Global Editora, que em honra a esse marco significativo, apresenta três novidades em seu catálogo:

O livro, "Sei por Ouvir Dizer", lançado originalmente em 2008, recebeu o Prêmio Jabuti na categoria Melhor Livro Infantil. A obra é uma narrativa de um menino que encontra três óculos e ouve falar que todos eles eram de uma senhora e usava um para ver de perto, outro de longe e outro para encontrar os outros dois.

"A Ararinha-azul", é uma obra publicada pela primeira vez como livro. Antes, a história havia sido publicada dentro de uma coletânea. O livro narra a história de um garoto, seu avô e o papagaio, que sente falta de uma grande amiga, a Ararinha-azul.

E chegará em abril às livrarias, a nova edição do livro "Correspondência", lançado originalmente em 1986. A obra é uma verdadeira carta de amor ao Brasil e à Democracia, onde o autor apresenta uma série de cartas trocadas entre amigos. Sendo um voto em favor de que a nossa “Carta maior”, a Constituição de 1988, viesse a ser justa e atendesse aos sonhos de nosso povo. Com esses lançamentos, a Global Editora reafirma seu compromisso em promover a literatura brasileira e homenagear grandes nomes como Bartolomeu Campos de Queirós, cujo legado continuará a inspirar leitores de todas as idades.


Biografia do autor
Bartolomeu Campos de Queirós nasceu em 1944 no centro-oeste mineiro e passou sua infância em Papagaio, “cidade com gosto de laranja-serra-d’água”, antes de se instalar em Belo Horizonte, onde dedicou seu tempo a ler e escrever prosa, poesia e ensaios sobre literatura, educação e filosofia. Considerava-se um andarilho, conhecendo e apreciando cores, cheiros, sabores e sentidos por onde passava. Bartolomeu só fazia o que gostava, não cumpria compromissos sociais nem tarefas que não lhe pareciam substanciais. “Um dia faço-me cigano, no outro voo com os pássaros, no terceiro sou cavaleiro das sete luas para num quarto desejar-me marinheiro.”

Traduzido em diversas línguas, Bartolomeu recebeu significativos prêmios, nacionais e internacionais, tendo feito parte do Movimento por um Brasil Literário. Faleceu em 2012, deixando sua obra com mais de 60 títulos publicados como maior legado. Sua obra completa passou a ser publicada pela Global Editora, que assim fortalece a contribuição deste importante autor para a literatura brasileira.

terça-feira, 12 de março de 2024

.: Livro "Palestina", de Rashid Khalidi: um estudo sóbrio sobre a guerra centenária


Escrito pelo principal historiador americano sobre o Oriente Médio, Rashid Khalidi, o livro de não-ficção "Palestina: um Século de Guerra e Resistência (1917-2017)" é um relato sóbrio e ao mesmo tempo pessoal desse conflito sistemático que se arrasta por mais de cem anos. Sem encobrir os erros dos líderes palestinos ou negar a emergência de movimentos nacionalistas de ambos os lados, este livro, lançado pela editora Todavia, reavalia as forças envolvidas e oferece uma visão esclarecedora de um conflito que parece não ter fim.

Em março de 1899, Yusuf Diya al-Khalidi, que já fora deputado e prefeito de Jerusalém, enviou uma carta alarmada a Theodor Herzl, considerado o pai do sionismo moderno. Nela, argumentava que, quaisquer que fossem os méritos do movimento sionista, as “forças brutais das circunstâncias tinham que ser consideradas”, pois o povo palestino nunca aceitaria de bom grado ser suplantado. Ao alertar para os perigos futuros, ele concluía sua nota com um apelo sincero: “em nome de Deus, deixe a Palestina em paz”.

Assim Rashid Khalidi, o principal historiador americano sobre o Oriente Médio, herdeiro intelectual de Edward Said e igualmente reconhecido pelo seu enfoque humanista da disputa, inicia o seu relato sobre a guerra secular na Palestina. Com uma narrativa clara e equilibrada, Khalidi, descendente do autor da carta a Herzl, subverte as interpretações aceitas do conflito, que tendem, na melhor das hipóteses, a descrevê-lo como um confronto trágico entre dois povos que reivindicam o mesmo território. Para tanto, retraça os mais de cem anos da guerra, encampada primeiro pelo movimento sionista e depois por Israel, mas com o substancial (ainda que intermitente) aporte de Grã-Bretanha e Estados Unidos, as grandes potências do período.

Guiando os leitores pelos episódios-chave da campanha colonial, como a Declaração Balfour de 1917 (que comprometia a Inglaterra com o estabelecimento de uma nação judaica sem ao menos mencionar os palestinos) e os confrontos de 1948 e 1967, Khalidi se vale de pesquisas de arquivo, material de familiares — deputados, juízes, acadêmicos, diplomatas e jornalistas — e das próprias experiências para revelar o pano de fundo histórico que enquadra os acontecimentos atuais, explicando dinâmicas subjacentes decisivas para uma compreensão adequada do presente. Compre o livro "Palestina: um Século de Guerra e Resistência (1917-2017)", de Rashid Khalidi, neste link.  


O que disseram sobre o livro
“Uma obra fascinante e original, a primeira a explorar a guerra contra os palestinos com base numa profunda imersão na sua luta.” — Noam Chomsky

“Rashid Khalidi, o herdeiro intelectual de Edward Said, escreveu um dos grandes livros sobre a questão palestina.” — Financial Times

“Informado e fervoroso, este livro é uma elegia aos palestinos, à sua expropriação, ao seu fracasso em resistir à conquista.” — The Guardian

Sobre o autor
Rashid Khalidi
nasceu em 1948, em Nova Iorque. Publicou vários livros sobre o Oriente Médio e ocupa a cadeira Edward Said em estudos árabes modernos da Universidade Columbia. É autor de inúmeros ensaios sobre história e política do Oriente Médio, incluindo textos em The New York Times, The Boston Globe, LA Times, Chicago Tribune e em diversas revistas.

Trecho do livro
Dada essa cegueira, o conflito é retratado, na melhor das hipóteses, como um confronto nacional direto, ainda que trágico, entre dois povos com direitos sobre a mesma terra. Na pior, é descrito como o resultado do ódio fanático e arraigado de árabes e muçulmanos contra o povo judeu enquanto ele estabelece seu direito inalienável à sua terra natal eterna, dada por Deus. Na verdade, não há razão para que aquilo que vem acontecendo na Palestina faz mais de um século não possa ser entendido tanto como um conflito colonialista quanto como uma disputa entre nações. Mas nossa preocupação aqui é sua natureza colonialista, uma vez que esse aspecto central tem sido subestimado, embora essas qualidades típicas de outras campanhas colonialistas estejam evidentes na história moderna da Palestina.

De maneira característica, colonizadores europeus que procuravam suplantar ou dominar povos nativos, nas Américas, na África, na Ásia ou na Australásia (ou na Irlanda), sempre os descreveram em termos pejorativos. Eles também sempre alegam que vão melhorar as condições de vida da população nativa como resultado de seu domínio; a natureza “civilizadora” e “avançada” de seus projetos colonialistas serve para justificar qualquer maldade perpetrada contra os povos nativos para atingir seus objetivos. Basta mencionar a retórica de administradores franceses no Norte da África ou de vice-reis britânicos na Índia.

Sobre o Raj britânico, Lord Curzon disse: Sentir que em algum lugar entre esses milhões de pessoas se deixou um pouco de justiça ou felicidade ou prosperidade, um senso de hombridade ou dignidade moral, uma fonte de patriotismo, um alvorecer de iluminação intelectual ou uma noção de dever, onde antes isso não existia — é o que basta, essa é a justificativa do inglês na Índia.

As palavras “onde antes isso não existia” merecem ser repetidas. Para Curzon e outros de sua classe colonial, os nativos não sabiam o que era melhor para eles e não podiam alcançar essas coisas sozinhos: “Vocês não podem ficar sem nós”, afirmou Curzon em outro discurso. Há mais de um século, os palestinos têm sido descritos precisamente na mesma linguagem por seus colonizadores, como aconteceu com outros povos nativos. A retórica condescendente de Theodor Herzl e outros líderes sionistas não era diferente da usada por seus pares europeus.

O Estado judeu, escreveu Herzl, iria “formar uma parte de um muro de defesa para a Europa na Ásia, um posto avançado da civilização contra a barbárie”. Isso lembrava a linguagem usada na conquista da fronteira norte-americana, que acabou no século XIX com a erradicação ou submissão de toda a população nativa do continente. Como na América do Norte, a colonização da Palestina — como a da África do Sul, da Austrália, da Argélia e de partes da África Ocidental — tinha o objetivo de implantar uma colônia branca europeia. O mesmo tom em relação aos palestinos que caracteriza tanto a retórica de Curzon quanto a da carta de Herzl está replicado na maior parte do discurso sobre a Palestina nos Estados Unidos, na Europa e em Israel até hoje.

Alinhado com essa racionalização colonialista, há um amplo material literário dedicado a provar que, antes do advento da colonização sionista europeia, a Palestina era estéril, vazia e atrasada. A Palestina histórica já foi tema de inúmeras lendas depreciativas na cultura popular ocidental, bem como de escritos academicamente sem valor que se pretendem científicos e eruditos, mas que são cheios de erros históricos, retratos equivocados e, às vezes, total intolerância. No máximo, afirma essa literatura, o país era habitado por uma pequena população de beduínos sem raízes e nômades que não tinham identidade fixa e nenhum vínculo com a terra por onde passavam, de maneira essencialmente transitória.

O corolário dessa afirmação é que foram apenas o trabalho e o dinamismo dos novos imigrantes judeus que transformaram o país no jardim florido que supostamente é hoje, e que somente eles tinham uma identificação e um amor pela terra, bem como um direito a ela (concedido por Deus). Essa atitude é resumida no slogan “Uma terra sem povo para um povo sem terra”, usado por apoiadores cristãos de uma Palestina judaica, bem como pelos primeiros sionistas, como Israel Zangwill. A Palestina era terra nullius para aqueles que vieram se estabelecer nela, e aqueles que lá viviam não tinham nome e eram amorfos. Assim, a carta de Herzl a Yusuf Diya se referia a árabes palestinos, que então eram cerca de 95% dos habitantes do país, como sua “população não judaica”.

Em essência, o argumento era que os palestinos não existiam, ou não deveriam ser levados em conta, ou não mereciam habitar o país que tão tristemente negligenciaram. Se não existem, então mesmo as bem fundamentadas objeções palestinas aos planos do movimento sionista poderiam ser simplesmente ignoradas. Assim como Herzl ignorou a carta de Yusuf Diya al-Khalidi, a maioria dos esquemas para a disposição da Palestina era igualmente arrogante. A Declaração Balfour, que foi emitida em 1917 por um gabinete britânico e comprometia a Inglaterra com a criação de uma nação judaica, nem sequer mencionava os palestinos, a grande maioria da população do país na época, embora estivesse determinando o futuro da Palestina pelo século subsequente. Garanta o seu exemplar de "Palestina: um Século de Guerra e Resistência (1917-2017)", escrito por  Rashid Khalidi, neste link.

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