sexta-feira, 17 de novembro de 2017

.: "Alice, retrato de mulher que cozinha ao fundo" na Mário de Andrade

Em sua quinta temporada paulistana, monólogo terá duas últimas apresentações no Auditório da Mário


Sucesso de crítica e público, o monólogo Alice, retrato de mulher que cozinha ao fundo, com direção de Malú Bazán e atuação de Nicole Cordery, ganha espaço de destaque na Biblioteca Mário de Andrade. Em função do sucesso de audiência, as apresentações dos dias 20 e 27 de novembro, acontecerão no Auditório da Biblioteca, com capacidade para 100 pessoas. As sessões ocorrem às 19h, com entrada gratuita.

A peça retrata a relação de amor entre a poetisa Gertrude Stein (1874-1946) e a cozinheira e escritora Alice B. Toklas (1877-1967), que dedicou os últimos 21 anos de sua vida à divulgação da obra de sua companheira em uma época que nem se falava em homoafetividade. Na efervescente Paris dos anos de 1920 e 1930, Gertrude recebia aos sábados em sua casa na 27 Rue de Fleurus os escritores Ernest Hemingway, Guillaume Apollinaire e James Joyce, os pintores Pablo Picasso, Georges Braque e Henri Matisse, além de outros artistas e críticos de arte que representavam a nata intelectual europeia da época. Os quadros de todos esses artistas adornavam as paredes da residência.

Com uma dramaturgia fragmentada tal como a poesia de Gertrude, o monólogo passeia por diferentes tempos e espaços na vida das duas, narrados por Alice a partir de trechos de cartas, poesias e receitas culinárias. Todos esses elementos são montados e misturados pela dramaturgia de Marina Corazza como em um mosaico.

As principais referências da montagem são os livros The Alice B. Toklas Cookbook, em que Alice conta quais receitas eram servidas na casa da Rue de Fleurus e histórias fascinantes sobre a época; e A autobiografia de Alice B. Toklas, em que Stein assume a voz de sua companheira para falar do relacionamento entre elas e a época em que elas viveram juntas. "A autobiografia é uma brincadeira surrealista de Gertrude, pois ela fala da vida de sua esposa querendo falar da própria vida. Não é possível saber quem escreveu o quê, ou quem disse o quê. Então, escrevemos uma obra justamente sobre o 'Não tem como saber'", comenta a atriz.


Serviço
Teatro na Mário: Alice, retrato de mulher que cozinha ao fundo
Data: 20 e 27 de Novembro, às 19h
Auditório da Biblioteca Mário de Andrade
Lotação 100 pessoas
Rua da Consolação, 94
Telefone: (11) 3775-0002
Entrada gratuita

.: "Manos e Minas" celebra a Consciência Negra com muito ritmo e poesia

O programa recebe a rapper e professora Preta-Rara e a cantora e compositora Naruna Costa. Vai ao ar na TV Cultura, às 19h30, com transmissão simultânea pelo YouTube


Está chegando o dia da Consciência Negra, marcado pela morte, em 1695, de um importante símbolo da resistência contra a violência à população negra no Brasil – o Zumbi dos Palmares. Para relembrar as lutas representadas pela data, o Manos e Minas deste sábado, dia 18 de novembro, traz uma edição repleta da poesia consciente da cantora e compositora paulistana Naruna Costa, além de um bate-papo cabeça com a rapper, professora de história, poetisa e modelo plus size Joyce Fernandes, mais conhecida como Preta-Rara, que leva muito ritmo à atração. Vai ao ar às 19h30, na TV Cultura, com transmissão simultânea pelo YouTube.

Como educadora, Preta-Rara entende a importância do debate dentro da sala de aula. No programa, ela fala sobre a importância da Lei 10.639, que tornou obrigatória a discussão sobre a história e a cultura afro-brasileira nos ensinos fundamental e médio, em 2003. Ela também avalia as dificuldades de implementação dessa medida, que incluem a escassez de referências de autores e autoras negras no cenário acadêmico.

A cantora ainda apresenta sua página no Facebook, #EuEmpregadaDosméstica, um espaço dedicado ao diálogo sobre as condições das empregadas domésticas no Brasil. Ela mostra como a profissão sofre com diversos resquícios do sistema escravocrata ao compartilhar suas experiências, já que também trabalhou como doméstica.

Durante a atração deste sábado, também é exibida reportagem de Rodnei Suguita, que entrevistou a fotógrafa Marcela Bonfim para entender seu projeto (Re)conhecendo a Amazônia Negra, exposição de fotos que retrata a população negra do maior bioma terrestre do Brasil. No trabalho, estão registradas populações quilombolas, afro-indígenas, barbadianas e imigrantes haitianos.

Serviço 
Exibição: sábado
Horário: 19h30
Duração: 1 hora

.: Museu da Imaginação inaugura espaço no JK Iguatemi

Uma cápsula do Museu será instalada em novo endereço da capital paulista


O Museu da Imaginação, localizado no bairro da Lapa em São Paulo, expandirá seu encanto na cidade. Com 10 novas estações em 340m², crianças e adultos poderão se divertir, realizar eventos corporativos ou ainda fazer a festa de aniversário dos pequenos no novo espaço instalado no Shopping JK Iguatemi.

O fundo do mar foi o tema escolhido! As crianças mergulham nesse universo logo na entrada ao passarem por tentáculos de um polvo, obstáculo que já existe no Museu da Imaginação da Lapa e foi para as profundezas no Shopping JK Iguatemi.

Bicicletas que inflam os tubarões, entre elas uma adaptada para cadeirantes, incentivam a interação entre os pequenos. Eles podem ainda escalar uma rede para buscar os peixes que estão nela e jogar no cesto como pescaria.

Nas outras estações lúdicas, um jogo da memória artístico; paredes grafitadas; slackline para estimular o equilíbrio; amarelinha iluminada, com piso tátil no percurso; além de uma lupa divertida e mágica para que as crianças vejam mais de perto alguns elementos do mar.

A cenografia ficou por conta de Anna Miranda, com grande participação em todo o processo de criação do projeto, assinado pelo arquiteto Pedro Meireles, responsável por toda a estrutura e estética. Além do piso diferenciado, muito som e iluminação auxiliam as brincadeiras das crianças especiais.

Durante os meses de novembro de 2017 a março de 2018 todos os visitantes poderão aproveitar as atividades de terça a domingo, em circuitos que duram 40 minutos, com grupos de até 50 crianças, no valor de R$ 40,00 o ingresso infantil. Pais e acompanhantes não pagam. De terça a sexta, o funcionamento é das 11h às 19h; aos sábados, das 10h às 20h; aos domingos e feriados, das 12h às 19h. As pessoas que visitarem a cápsula do Museu no Shopping JK Iguatemi terão 10% na compra do ingresso para o Museu na Lapa.

Toda terça-feira, o espaço recebe também instituições em visitas sociais gratuitas, que devem ser agendadas mediante apresentação do ofício. A bilheteria abre normalmente para o público.

Todas as estações do Museu trabalham valores por meio do brincar tendo a arte como fio condutor. Nele, todas as obras de arte podem ser tocadas! Sim, a ideia é que as crianças explorem, descubram, criem a partir de sensações ou experimentações de forma inédita e inovadora. Esse conceito, exclusivo no Brasil, é inspirado em museus e espaços voltados para crianças ao redor do mundo, como o Brooklyn Children's Museum em Nova Iorque e o Children's Museum, em Londres.

Sobre o Shopping JK Iguatemi: Projetado sob um conceito inovador em todos os sentidos, a Iguatemi Empresa de Shopping Centers inaugurou o JK Iguatemi em 2012. Com um mix completo, o empreendimento reúne moda, gastronomia, arte, cultura, entretenimento, lazer, tecnologia, design e excelentes serviços em um único lugar. Mais do que isso, o JK Iguatemi antecipa tendências, sendo uma das principais referências do setor. Faz parte do seu DNA os pilares de inovação e experiência, fazendo com que cada visita seja única, repleta de oportunidades diferentes e inéditas para toda a família. Para mais informações visite www.jkiguatemi.com.br.

Serviço
Data: de 17 de novembro de 2017 a 4 de março de 2018
Horário: de terça a sexta, o funcionamento é das 11h às 19h; aos sábados, das 10h às 20h; aos domingos e feriados, das 12h às 19h
Local: Piso 3 | Shopping JK Iguatemi - Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041 - Itaim Bibi
Capacidade: grupos de até 50 crianças
Preço: R$ 40,00 o ingresso infantil. Pais e acompanhantes não pagam.

.: "Música de Resistência - As Canções de Protesto do Séc. XX" no Sesc Santos

"Música de Resistência - As Canções de Protesto do Século XX" é um show musical multimídia com o cantor e compositor Julinho Bittencourt e banda.  Serão apresentadas canções do período da resistência ao nazismo, a luta contra a ditadura de Salazar em Portugal, a Guerra Civil Espanhola, canções anarquistas italianas, canções da América Latina (Violeta Parra, Victor Jara) e canções do período da Ditadura no Brasil (Chico Buarque, Geraldo Vandré entre outros).  

Além da banda, um ator narra o espetáculo e num telão é projetado, simultaneamente, imagens referentes aos períodos históricos e as legendas das canções.   

"Música de Resistência - As Canções de Protesto do Século XX", com Julinho Bittencourt e banda
Teatro | Livre R$ 17 (inteira) R$ 8,50 (meia) R$ 5 (credencial plena) 
Nessa sexta-feira, 17 de novembro, às 21h. Venda limitada a seis ingressos por pessoa lotação sujeita à capacidade do local. O Sesc Santos fica na rua Conselheiro Ribas, 136 – Aparecida. Tel.: (13) 3278-9800. 

.: Quando Kid Vinil se encontrou com os Heróis do Brasil, por Luiz Gomes Otero


Por Luiz Gomes Otero*, em novembro de 2017.

No final da primeira metade dos anos 80, Kid Vinil havia deixado a banda Magazine e uma série de hits nas rádios, como "Sou Boy" e "Tic Tic Nervoso". Com vontade de desbravar novos horizontes musicais, uniu forças com o guitarrista André Christovam e um time afiado de músicos, montando a banda Heróis do Brasil, com a qual gravou um álbum antológico ("Kid Vinil e os Heróis do Brasil"), que até hoje é reverenciado com um de seus melhores momentos na música.

Além de Kid e Christovam, a banda contava com Kuky Stolarsky (bateria), Nilton Leonarde (baixo) e Ary Holland (teclados). A produção ficou a cargo de Roberto de Carvalho, o marido e fiel escudeiro musical de Rita Lee, que também se fez presente cantando backing vocals bem no seu estilo genial. A presença de Roberto, que também tocou guitarra e teclados, serviu para lapidar a sonoridade da banda, que era baseada no blues rock com toques pop.

Claro que Kid Vinil tinha o carisma e o pique de band leader. Mas a força criativa desse disco estava concentrada em André Christovam, que compôs quase todas as faixas, excetuando "Conta da Light", versão em português de Jeep Willis para "Everybody´s Moving", um clássico do rockabilly. Há outra canção de Jeep Willis, a ótima INP Blues, uma crítica bem humorada sobre as mazelas da nossa combalida Previdência Social.


As canções de Christovam caíram como uma luva no vocal irreverente e bem-humorado de Kid Vinil. As canções tinham temáticas provavelmente inspiradas no dia a dia de Christovam. A ótima "Sem Whisky" e "Sem My Baby", com solo de slide guitar no melhor estilo blues rock, abre o disco da forma correta, com alto astral e com muito humor (“...não nem vem que não tem/sem whisky e sem my baby/me atiro embaixo de um trem...”).

A receita se repete em "Trilha da Perdição" (versão em português para "Lost Highway"), "Se Liga Meu Chapa" (esta com solo de harmônica do experiente Tony Osanah) e "Independência ou Morte".

Se você conhece Christovam como um cantor e compositor mais ligado ao blues tradicional, vai se surpreender ao notar como ele conseguia escrever canções pop e fácil apelo comercial. Um exemplo é "Futil Rock´n Roll", com uma introdução maravilhosa de teclados feita por Roberto de Carvalho. E uma letra que sintetiza a tendência do som que eles produziam naquela época ("...minha conversa se perdeu/O meu bom senso se mudou/Original fora de moda/O tom em voga é fútil rock´n roll...").

A banda duraria pouco tempo. Christovam logo se aventuraria em uma carreira solo mais calcada no blues tradicional, enquanto que Kid Vinil se manteria como o personagem que ele mesmo criou, sempre antenado com o que de melhor havia na cena underground do pop rock. E cantando as canções que o consagraram ao longo dos anos. Mas a parceria de ambos na música ficaria eternizada neste excelente álbum, que bem que mereceria uma reedição em CD. Ou mesmo em vinil, que seria mais apropriada para homenagear o Kid por sinal.

"Fútil Rock´n Roll"

"Trilha da Perdição"

"Conta da Light"

*Luiz Gomes Otero é jornalista formado em 1987 pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Trabalhou no jornal A Tribuna de 1996 a 2011 e atualmente é assessor de imprensa e colaborador dos sites Juicy Santos, Lérias e Lixos e Resenhando.com. Criou a página "Musicalidades", que agrega os textos escritos por ele.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

.: "Foi assim": Wanderléa lança autobiografia

Entre dramas pessoais e sucesso na carreira artística, Wanderléa revela detalhes de sua vida em autobiografia. “Foi assim” chega às livrarias em novembro e mostra versatilidade da artista que gravou boleros, choros, músicas de carnaval e os ‘malditos’ da MPB, além de ter sido estrela de um dos movimentos culturais mais importantes do Brasil, a Jovem Guarda, ao lado de Roberto e Erasmo Carlos. Original e pioneira, Wandeca, a eterna Ternurinha, também influenciou a moda e o comportamento da época 



Foi em Lavras, no interior de Minas, que a menina Leinha começou a fazer seus primeiros shows caseiros, para a família, aos 3 anos de idade. Ela cantava na varanda de casa e chegou a sair pelas ruas vendendo as frutas plantadas no quintal para comprar papel crepom e compor o cenário para o seu “palco”. Não demorou muito para que a vizinhança descobrisse os dotes da menina e ela foi chamada para cantar num show de caridade da cidade. Logo depois, foi também convidada a se apresentar num programa infantil da Rádio Difusora de Lavras. A canção escolhida foi “Caminhemos”, de Herivelto Martins. Aprendeu essa e outras músicas ouvindo rádio em casa, com a mãe, que também tinha dotes artísticos, o pai e os seis irmãos. A versatilidade, o talento vocal e o domínio total do palco seriam as principais marcas da menina de Lavras que nunca deixou trocarem seu nome de batismo e seguiu como Wanderléa, numa das carreiras mais bem-sucedidas da MPB. A história toda ela conta agora em sua autobiografia, “Foi assim”, que chega às livrarias de todo o Brasil em novembro, pela editora Record.

O livro, cujos rascunhos ela escreveu durante anos e teve edição e pesquisa do jornalista Renato Vieira, foi uma espécie de terapia para Wanderléa. Ao mesmo tempo em que conquistou sucesso, independência econômica e liberdade na carreira, a cantora enfrentou uma série de dramas pessoais. A perda de uma de suas irmãs, no Rio de Janeiro, por uma bala perdida; o acidente do então namorado José Renato, filho do apresentador Chacrinha, que o deixou tetraplégico; a perda do irmão, que era seu estilista e uma espécie de assessor especial, para a AIDS, nos anos em que também viu vários de seus amigos serem derrotados pela doença; a morte da mãe, na véspera da morte de Maria Rita, mulher de Roberto Carlos, seu melhor amigo. Por fim, uma das maiores dores, a perda de seu filho Leonardo, afogado na piscina de casa, recém-comprada com o marido Lalo. “Adversidades grandes demais para enfrentar me fizeram viver um dia de cada vez. Existir, e por tantas vezes resistir, era mais importante do que guardar coisas na cabeça naturalmente desligada. Acho que agora os cantos escuros da minha vida, as lembranças perdidas, estão iluminadas de uma forma que não sei se é a melhor, mas penso ser a mais humana e verdadeira”, escreveu Wanderléa no prólogo do livro. 

As páginas da autobiografia revelam também histórias saborosas vividas pela cantora, como a amizade com Roberto Carlos, de quem recebeu o primeiro beijo na boca, e Erasmo Carlos, que tentou diversas vezes namorá-la, durante o auge da Jovem Guarda, movimento que se desdobrou em programa de TV, discos, shows e filmes. Mostram ainda as dificuldades que enfrentou nas gravadoras, sempre avessas a investir em projetos originais e autorais. Tanto que nos cinco primeiros discos, na CBS, ela gravou basicamente canções de Roberto e Erasmo e, em sua maioria, versões de músicas estrangeiras, muitas vezes contra a sua vontade. Foi só em 1972, quando foi para a Polydor e fez o LP “Maravilhosa”, que tinha Nelson Motta como assistente de direção, que ela conseguiu gravar nomes como Gilberto Gil, Assis Valente, Jorge Mautner, Hyldon, Paulinho Tapajós e Roberto Menescal, entre outros. No segundo disco pela empresa, “Feito gente” (1975), ela gravou Gonzaguinha, João Donato, Joyce Moreno, Sueli Costa, Luiz Melodia e Hermínio Bello de Carvalho.

Em meio à rotina frenética de shows e gravações, Wanderléa enfrentava o drama do acidente de José Renato, seu namorado, então com 22 anos. Numa viagem a uma fazenda em Petrópolis, o filho de Chacrinha resolveu mergulhar na piscina e se machucou seriamente, ficando tetraplégico. Wanderléa ficou noiva e casou com ele, com quem manteve uma relação que durou sete anos, alguns dos quais vivendo nos Estados Unidos, para onde se mudaram em busca de tratamento. No quesito grandes amores, depois de um namorado que chegou a brigar com Roberto Carlos, por ciúme do amigo e companheiro de shows de Wanderléa, ela encontrou Egberto Gismonti, com quem namorou e mantém até hoje laços de amizade. Com o músico, que escreveu a orelha deste livro, Wanderléa migrou para a EMI-Odeon e gravou “Vamos que eu já vou” (1977), disco com arranjos e produção executiva de Gismonti. Na companhia, ela fez ainda “Mais que a paixão” (1978), com produção de Renato Corrêa e composições de Djavan, Altay Veloso, Capinan, Moraes Moreira e o próprio Gismonti. Nessa fase da carreira, Wanderléa disse não ter tido muito apoio da gravadora na divulgação, mas mostrou que era mais que uma musa da jovem Guarda. Era uma grande cantora, versátil, inteligente e com total domínio de sua arte.

“Cantei boleros, choros, músicas de carnaval, gravei os tais ‘malditos’ da MPB (benditos sejam!), experimentei sonoridades eletrônicas, rasguei o verbo na hora da raiva e, em uma nova estação, me reencontrei com minhas origens. Ao longo de todos esses anos, transgredi, segui as regras da sociedade, me recolhi e logo em seguida fui em frente”, relembra, em outro trecho do prólogo. As primeiras transgressões da Ternurinha começaram em casa. Seu pai, descendente de árabe e com uma educação rígida, a acompanhava no rádio e na gravadora, mas, em determinado momento, achou que a “brincadeira” estava indo longe demais. Ele não queria que ela seguisse a carreira artística, mas Wanderléa logo conseguiu independência financeira e, com ela, a independência da família. Quando comprou um carro, o pai também não gostou. Dirigir, na década de 60, não era coisa de mulher. Suas roupas eram um capítulo à parte. Com o irmão estilista, ela inventava os próprios figurinos, ousadíssimos para a época. A moda da minissaia ganhou força com ela, para horror da sociedade da época e delírio das fãs mulheres. Na época do programa Jovem Guarda, foi criada a grife Ternurinha, com pagamento de royalties e tudo, no que ela considera o “marco zero do mercado consumidor jovem no Brasil”. “Enquanto a minissaia criada por Mary Quant ficava a um palmo do joelho, a minha era quatro dedos abaixo da pélvis”, relembra ela, num dos capítulos do livro.

Wanderléa, assim como Roberto e Erasmo, não gostava de falar de política. Mas, em termos de comportamento, a sua geração foi uma das mais transgressoras. Além das roupas e da atitude no palco, na vida pessoal ela namorava sem culpa, viajava sozinha e chegou a fazer dois abortos, dos quais fala abertamente. “Apesar das minhas convicções, passar por dois abortos, aos 20 e poucos anos, foi difícil. Não fiquei imune aos conflitos pessoais e psicológicos, que, admito, se tornaram mais presentes na maturidade. (...) Não cabe a ninguém discriminar essa atitude. Devemos apoiar e respeitar essa escolha, pois a própria mulher é a que mais sofre. A legislação deve ampará-las sem que elas sejam julgadas por esse ato”, escreve.

 A maternidade traria alegrias e tristezas para a vida de Wanderléa. O primeiro filho, com o marido Lalo, nasceu em 1981. Ela vivia um momento incerto na carreira. Os álbuns mais autorais não tiveram boas vendas. “Alguns homens de gravadora têm responsabilidade nisso. Eles ainda queriam a Ternurinha, argumentando que em time que está ganhando não se mexe, e não bancaram o mínimo necessário de divulgação pelo simples propósito de boicotar meus novos voos.” Sem o público da Jovem Guarda e sem o reconhecimento da crítica, ela também teve seu estúdio roubado, com todos os equipamentos comprados nos Estados Unidos sendo levados por ladrões. Foi nessa época difícil que conheceu Lalo, músico chileno que faria um show com ela numa boate em São Paulo. Os dois logo passaram a viver juntos e veio a gravidez. Ela tinha 35 anos quando Leonardo nasceu.          
               
Quando o menino estava prestes a completar 2 anos, ela e Lalo decidiram comprar uma casa na Zona Oeste de São Paulo, para dar a Leo uma infância mais próxima à natureza. No dia 1º de fevereiro de 1984, Wanderléa tinha uma gravação no programa de Flávio Cavalcanti, no SBT, para divulgar seu mais recente compacto. Antes de sair, tirou algumas fotos com o menino. As últimas imagens que guardaria do filho, que, sem ninguém ver, saiu da casa e caiu na piscina. Não houve tempo para o socorro. Ao contrário do marido, que se recolheu, a cantora decidiu nunca deixar de falar no menino. “Percebi que as alegrias que tive com meu filho durante seus 2 anos e 3 meses de vida foram um presente que Deus me enviou. (...) Passei a agradecer a dádiva do nosso convívio, em vez de viver para sempre lamentando sua partida.”

Wanderléa engravidaria outras duas vezes de Lalo. Na primeira, aos 40 anos, quando esperava a filha Yasmim, ela inovou: aceitou posar nua, com o barrigão à mostra, para a revista masculina Status. Na edição histórica, Erasmo escreveu pequenos versos para acompanhar as imagens. No livro, ela lembra que a atriz americana Demi Moore escandalizou o mundo, seis anos depois, com a mesma atitude, posando para a Vanity Fair. “Alguns jornalistas saudaram sua atitude, dizendo que ela havia sido inovadora nesse sentido. Modéstia à parte, a pioneira a fazer isso foi uma cantora brasileira nascida em Governador Valadares, a filha do severo seu Salim.” Yasmim nasceu em 1985 e Jadde, dois anos depois.

Ela e o marido continuam juntos, mas vivendo em casas separadas. Em seu apartamento, Lalo montou um estúdio, onde ele e Wanderléa passam horas cantando e tocando bossa nova, samba-canção e rock contemporâneo. Com ele, ela gravou CDs marcantes, como o “Nova estação” (2008), com composições de Chico Buarque, Arnaldo Antunes, Johnny Alf, Roberto e Erasmo, entre outros, que ganhou o prêmio de melhor disco daquele ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). O disco a levou em excursão com a família: a banda era montada por Lalo, o cenário de Yasmim e percussão de Jadde. Em novembro de 2016, Wandeca inovou mais uma vez: convidada pelo produtor cultural Frederico Reder, ela estreou como protagonista no espetáculo musical “60! Década de arromba”, grande sucesso de público e crítica em suas temporadas carioca e paulista. O espetáculo volta em novembro para o Rio, no mês em que o livro também será lançado.

Aos 71, Wanderléa está no auge e planeja lançar um disco de inéditas e outros mais autorais com o marido Lalo. A filha Yasmim está grávida de uma menina e ela se tornará avó ainda em 2017. Como escreveu no prólogo, Wanderléa acha que continua a ser a “mistura de eterna teenager com cigana centenária”, como a definiu uma vez o seu mestre de cabala.

Cantora vai lançar a obra nos dias 21 de novembro, a partir das 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional; e no dia 27 de novembro na Travessa do Leblon, no Rio, a partir das 19h

Leia no blog o prólogo da obra: http://bit.ly/2A5EBzZ  

               
ORELHA:

Escrever sobre Wanderléa é quase um exercício de sustos intercalados com ousadias. Ela é boa demais, amiga, mulher, mãe, filha, solidária, com um grau de benevolência a todos que dá gosto de conviver! Parece dominar uma energia desconhecida por nós, mortais ou súditos da sua história surpreendente, rica em solidariedade, beleza e independência. Léa tem alma do interior, gosto de mato molhado pela chuva e de terra rica que dá frutos cheirosos de cores brilhantes e vivas. É um tipo singular de pessoa, que faz com que os adjetivos percam a função de indicar-lhe um atributo…

Em 1977, fiz com meu amigo e parceiro Geraldo Carneiro uma música que representasse nossa admiração por ela, “Educação sentimental” (“Se você diz: eu te amo/ Meu coração se mira no espelho/ E faz piruetas de circo”). Ela deu vida à composição, cantou com o humor necessário, e nós ganhamos uma canção bem-humorada, bem cantada e com a cara dela. Nós nos aproximamos ainda mais: a alegria da sua companhia sempre foi bem-vinda e desejada. No mesmo ano, fizemos juntos o seu LP Vamos que eu já vou, e eu pude conhecer melhor sua musicalidade, seus amigos, suas ideias, sua liderança e sua capacidade de se reinventar todos os dias.

Para minha alegria, o destino nos permitiu uma aproximação capaz de misturar os melhores sentimentos, renovando dia a dia a esperança de que poderíamos viver mais felizes juntos. E nunca mais nos separamos. Selamos uma admiração e um respeito tão grandes quanto sua competência de viver privilegiando a beleza com esperança e fé.

Léa hoje se confunde com as filhas Yasmim e Jadde, lindas, donas do legado composto por curiosidade, paciência e experimentação. Elas são a representação da mãe, e uma prova de que sua sabedoria se refletiu, além da arte, também na vida cotidiana.
                
Esta autobiografia é linda, escrita com delicadeza, verdade e entrega a cada passo do processo — como fez nos anos 1970 com o disco que produzimos e com todos os outros. Bom saber que sua história poderá ser acompanhada e compreendida também pelos jovens, que seguem aplaudindo Léa, suas canções e sua trajetória, certos de que ela segue nos ensinando os bons caminhos para uma vida feliz.

                Com amor, amizade e saudade, Egberto Gismonti


Livro: Foi assim
Autora: Wanderléa
Pesquisa e edição de Renato Vieira
Páginas: 392
Editora: Record / Grupo Editorial Record

.: A Fazenda: Dinei e Nahim se reencontram no Legendários de sexta

Ex-participantes de A Fazenda - Nova Chance, Dinei e Nahim se reencontram no Legendários desta sexta-feira. João Neto & Frederico se diverte com as trapalhadas dos concorrentes do Intelijegue e no quadro Loucura Labial, ao lado dos atores Raphael Sander e Thaís Pacholek


Desde que foram eliminados de A Fazenda – Nova Chance, Dinei e Nahim deixaram o público do reality show com saudade da amizade que os dois fizeram no confinamento e que sempre rendiam muitas risadas na atração. Mas os telespectadores poderão rever o ex-jogador e o cantor juntos novamente no Legendários desta sexta-feira, 17/11.

É que os ex-peões são convidados por Marcos Mion para integrar o camarote do Intelijegue ao lado de João Neto & Frederico. Na brincadeira, o apresentador comanda um inusitado jogo de perguntas e respostas que funciona da seguinte forma: montados em um burrinho mecânico, os participantes têm dois minutos para provar que estão atualizados em assuntos de conhecimentos gerais se quiserem ganhar uma grana. Caso contrário, são derrubados no chão pelo “bicho”, que odeia afirmações incorretas e aumenta a velocidade de seus rodopios toda vez que ouve um erro. Para deixar a disputa ainda mais emocionante, a produção coloca lama no cercadinho do jegue. A sujeira rola solta no cenário!


Os famosos também se divertem no quadro Loucura Labial. Juntam-se a eles os atores Raphael Sander e Thaís Pacholek neste game que é pura adrenalina: enquanto um veste uma camisa de força, o outro usa um fone de ouvido que toca uma música bem alta. Quem está com os braços presos fala uma palavra, e, apenas pela leitura dos lábios, o companheiro precisa descobrir qual é.

No Recorde Legendários, o alvo da vez é o Gugu Liberato, personagem de Robson Bailarino, que será bombardeado com 100 bexigas d’água arremessadas simultaneamente pelos canjicas. Será que ele passará por esse desafio?

E em mais um Vale a Pena Ver Direito – A Fazenda - Nova Chance, Marcos Mion e Mionzinho analisam os acontecimentos mais divertidos que aconteceram no reality show durante a semana.

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

.: Crítica: "O Outro Lado do Paraíso" é veneno mexicano na tela da TV Globo

Por André Araújo, em novembro de 2017

Em vez de pingar algumas gotas, o autor Walcyr Carrasco decidiu apimentar de verdade sua novela "O Outro Lado do Paraíso" que tem chocado (e afastado!) alguns telespectadores desde a cena em que Gael (Sérgio Guizé) estuprou sua esposa Clara (Bianca Bin) na noite de núpcias. Como se não bastasse isso, volta e meia, o anti- herói revela sua esquizofrenia e desce a porrada na pobre mocinha, que não reage. 

Mas se sofrimento pouco é bobagem na vida da sofredora "Maria do Bairro" da TV Globo, nossa heroína ainda passará dez anos internada como louca num sanatório, de onde fugirá disposta a se vingar de todos aqueles que judiaram dela. E como vingança é um tema universal que sempre chama a atenção, com certeza o autor da história vai usar e abusar dos clichês que histórias assim permitem. 

Apesar dos excessos e de muita maldade ao mesmo tempo, Carrasco está sabendo dosar cada subtrama e não resta dúvida de que a substituta de "A Força do Querer" vai recuperar esse público que está esgotado de tantas vilanias. É esperar para ver e eu estou mais do que feliz pelas histórias da novela, mesmo que o velho Walcyr sempre nos dê mais daquilo que ele sempre soube criar: dramalhão com pitadas de humor e muito clichê! 

Sempre se dando bem em qualquer horário que a Rede Globo lhe ofereça, o autor de sucessos como "Xica da Silva" (1996), "O Cravo e a Rosa"(2000), "Amor À Vida" (2013), "Verdades Secretas" (2015) e "Eta Mundo Bom" (2016) está em sua melhor forma e ainda tem muito para nos mostrar! Ansioso pelos próximos capítulos!

***

André Araújo é um apaixonado por novelas. Tanto que ele escreve algumas por aí e publica pela internet, arrebatando fãs e distribuindo inspiração. Da cabeça dele já saíram grandes personagens. Entre as novelas virtuais, é autor de "Uma Vez Na Vida! e "Flor de Cera".

.: António Zambujo em única apresentação no Sesc Santos


Um dos maiores nomes da música portuguesa na atualidade, António Zambujo estará em Santos para apresentação única no Sesc Santos. O show acontecerá na quinta-feira, 23 de novembro, às 21h, no teatro do local.

Cantor português, António Zambujo tornou-se um dos maiores artistas de seu país, capaz de agradar aos mais distintos públicos: dos mais sofisticados aos mais simples, o cantor é popular sem ser popularesco, ou "popularucho", como se diz em Portugal, e segue lotando teatros tradicionais como os Coliseus do Porto e Lisboa, ganhando prêmios e emplacando canções nas listas de mais vendidos nas lojas digitais. 

António Zambujo faz uma declaração de amor à música brasileira e à obra de Chico Buarque no novíssimo álbum, que está sendo lançado no Brasil pela dobradinha MP,B Discos/Som Livre. "Até Pensei que Fosse Minha" é o oitavo em sua discografia e conta com as participações de Roberta Sá, Marcello Gonçalves, Zé Paulo Becker e Ronaldo do Bandolim (Trio Madeira Brasil), além da sanfona de Marcelo  Caldi. "Até Pensei que Fosse Minha" é o seu primeiro álbum inteiramente luso-brasileiro, gravado lá e cá, com músicos brasileiros e portugueses.

Show de Antônio Zambujo - "Até Pensei que Fosse Minha" no Sesc Santos
Teatro - Livre - R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia) e R$ 6 (credencial plena)
Quinta-feira, 23 de novembro, às 21h
Venda limitada a seis ingressos por pessoa. Lotação sujeita à capacidade do local.

.: "De Férias Com o Ex - Brasil" terá maior "barraco" de todos os tempos


O próximo episódio inédito de "De Férias com o Ex - Brasil", que vai ao ar nesSa quinta-feira, 16 de novembro, às 22h, na MTV, começa com a chegada de um novo ex que, em seu primeiro passeio, é convocado a mostrar seu talento através de uma boa massagem. Será que foi aprovado logo de cara?

As pessoas costumam dizer que o pôr do sol provoca sensações únicas. Pra descobrir se isso, de fato, é verdade, Carol e Paulo vão apreciar esse momento especial, juntos, graças ao tablet (nem sempre) do terror. Por falar em praia, no último episódio Maju curtiu um standup com Ortega e o combinado era esconder o que ali acontecesse. Mas o tablet, que não perde tempo, determina que ela escolha com quem irá passar a noite na suíte máster. Maju escolhe alguém (será o Ortega?), mas acaba se arrependendo de sua decisão.

Fagner, ainda investindo em sua nova conquista, ganha um empurrãozinho do tablet que ajuda o galã a ter uma noite especial com direito a jantar romântico preparado a quatro mãos. Será que ela se rende aos encantos de Fagner?

"Você quer briga, @?" 
O casal volta pra casa e uma das participantes provoca o primeiro maior "barraco" de todos: com direito a gritaria, dedo na cara e um xingamento atrás do outro.

Alguns participantes são selecionados para curtir uma balada exclusiva fora da casa, no centro agitado de Natal, e, claro, que quem não foi escolhido não ficou de mãos abanando. Os que ficam se organizam e preparam a própria festa, a festa do "brega".

Nessa temporada, depois de todos os episódios inéditos exibidos na TV, às 23h, a equipe da MTV arma um Facebook Live direto dos estúdios do canal com algum participante, tendo Mareu ou Michi Provensi à frente da apresentação. Nesta semana, Raíssa será a convidada para responder as perguntas da audiência. 

No MTV Play, às sextas-feiras, Mareu está de volta com "Amor e Ódio", o programa feito com exclusividade para o aplicativo, onde ela comenta os maiores bafos de cada episódio. Nesse mesmo dia, o episódio da semana de "De Férias Com o Ex" Brasil também fica disponível para todos. Lembrando que o MTV Play é gratuito para ambos os sistemas operacionais, Android e iOS.

"De Férias com o Ex - Brasil" é uma coprodução da MTV e Floresta. Episódios inéditos todas as quintas-feiras, às 22h, na MTV.

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial
Tecnologia do Blogger.