terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

.: CCBB SP recebe a mostra de cinema inédita “Spielberg”


Serão exibidos 31 filmes de um dos diretores mais populares da história do cinema, além de curso, debate e sessão inclusiva. Na imagem, Harrison Ford como Indiana Jones


Pela primeira vez o Brasil recebe a mostra de cinema "Spielberg", retrospectiva dedicada a um dos diretores mais populares da história do cinema: Steven Spielberg. Com curadoria de José de  Aguiar e Marina Pessanha e produção da Firula Filmes, a mostra tem patrocínio do Banco  Votorantim e realização do Banco do Brasil. "Spielberg" chega ao CCBB SP em 1° de março e fica até dia 27 do mesmo mês. A mostra tem correalização do Cinesesc. 

A mostra apresenta uma seleção de 31 longas-metragens do diretor, como os clássicos "Tubarão" ("Jaws", 1974), "E.T. O Extraterrestre" ("E.T. the Extra-Terrestrial", 1982) e "A Lista de Schindler" ("Schindler's List", 1993). Além da exibição dos filmes, a mostra "Spielberg" conta com atividades paralelas gratuitas: debate com os críticos de cinema Neusa Barbosa, Paulo Santos Lima e mediação da curadora Marina Pessanha, no dia 8 de março (quarta), 18h, com tradução em Libras; sessão Inclusiva do filme "E.T. O Extraterrestre", com audiodescrição, legendagem descritiva e tradução em Libras, dia 16 de março, às 13h30; e curso sobre a vida e obra do diretor Steven Spielberg, com o crítico de cinema Paulo Santos Lima, nos dias 22, 23 e 24 de março, às 11h (as aulas terão duração de duas horas e os alunos que participarem das três aulas ganharão diploma).

Steven Spielberg nasceu em 1946 em Cincinnati, Ohio, Estados Unidos. Sua família era judia ortodoxa e ele relata que em sua infância sofreu bullying de seus colegas na escola, por ser judeu. Também na infância, o diretor enfrentou a separação de seus pais, algo que foi bastante marcante em sua trajetória. Depois que se formou na escola, Spielberg mudou-se para Los Angeles com o pai e foi admitido na California State University. 

Ainda como estudante, começou a estagiar na Universal Studios, onde nos primeiros anos roteirizou e dirigiu o curta "Amblin". O filme chamou atenção do vice-presidente do estúdio, que ofereceu a Spielberg um contrato para a produção de quatro filmes para TV. A primeira produção foi "Encurralado" ("Duel", 1971). No longa já é possível conferir a qualidade técnica pelo qual o diretor até hoje é reconhecido. Com uma movimentação de câmera e uma montagem extremamente eficientes, Encurralado provou como o diretor consegue transformar uma simples história num filme envolvente e sufocante, que serviu como laboratório para seu filme de suspense seguinte: "Tubarão".

Lançado em 1974, "Tubarão" conta a história de um tubarão assassino que amedronta uma pequena cidade. Através de uma decupagem eficiente, com direito a imagens subaquáticas do ponto de vista do tubarão e trilha sonora minimalista de John Williams, o filme assustou plateias do mundo inteiro e é considerado o protótipo do blockbuster, com um lançamento amplo em todo mundo e investimento alto em marketing. O filme foi um recorde de bilheteria e iniciou a grande relação de Spielberg com o público. 

Nas décadas de 80 e 90, Spielberg se firma como um dos maiores diretores americanos. Em 1981, se junta ao produtor George Lucas e realiza "Indiana Jones - Os Caçadores da Arca Perdida", um filme de aventura com Harrison Ford como estrela. O filme ainda teria três sequências e foi responsável pelo resgate dos filmes de aventura, além de, junto com "Star Wars", influenciar o sistema de franquias que vigora em Hollywood até hoje. 

Em 1982, realizou a emocionante ficção científica "E.T. O Extraterrestre", a história de amizade entre um garoto e um alienígena, que tenta voltar para casa. O filme demonstra a grande sensibilidade do diretor em conseguir expressar o ponto de vista de uma criança e fala sobre a tristeza do menino em lidar com a separação dos pais, tema recorrente na obra de Spielberg,  inspirado em sua infância. 

Apesar dos grandes sucessos de bilheteria, Spielberg foi sempre encarado pela crítica como um diretor sentimentalista, com dificuldades em amadurecer. A partir dos anos 80, o diretor começa a investir na realização de dramas históricos, com foco no público adulto, como "A Cor Púrpura" (1985) e "Império do Sol" (1987). Este movimento culmina em "A Lista de Schindler" (1993), baseado na história real de Oskar Schindler, um homem que arriscou sua vida para salvar 1.100 judeus do Holocausto. O filme é um mergulho do diretor em sua herança judaica e finalmente rendeu ao diretor a aprovação da crítica, além de seus primeiros Oscar de Melhor Diretor e de Melhor Filme. 

Em 1994, Spielberg criou seu estúdio DreamWorks, com os parceiros Jeffrey Katzenberg e David Geffen, quando concretizou os anos de atuação como produtor de diversos títulos, dirigidos ou não por ele. De 94 até o presente, quase todos seus filmes como diretor são distribuídos pela Dreamworks. O diretor segue sua carreira com a alternância de filmes de entretenimento, como "Minority Report" (2002) e "Guerra dos Mundos" (2005), com filmes históricos, para o público adulto, como "O Resgate do Soldado Ryan" (1998), "Lincoln" (2011) e "The Post" (2017). Com crianças ou adultos, o diretor segue a contar histórias de pessoas comuns que vivenciam um universo extraordinário e espetacular, como só a marca Spielberg consegue criar. 

Com mais de 50 anos de carreira, Spielberg se configura como um dos diretores mais bem sucedidos da história do cinema, se pensarmos em sua relação com o público e a crítica. Fazer uma mostra sobre sua obra é uma oportunidade ímpar de reunir os melhores filmes deste grande mestre nas telas do CCBB São Paulo e no CineSesc. O público, com certeza, irá agradecer. Vale ressaltar que o mais recente filme do diretor é uma grande aposta para a maior premiação do cinema mundial. "The Fabelmans" (2022) foi indicado a sete categorias no Oscar 2023: Melhor Filme, Direção, Roteiro Original, Atriz, Ator Coadjuvante, Direção de Arte e Trilha Sonora Original. Ao receber a mostra "Spielberg" o Centro Cultural Banco do Brasil reafirma seu objetivo com a democratização do acesso à arte, oferecendo ao público a oportunidade de aproximar-se de um dos grandes nomes da indústria cinematográfica, ampliando a conexão dos brasileiros com a cultura.

Confira a programação completa no CCBB SP:

1° de março - Quarta-feira
14h30 - "Além da Eternidade" ("Always", 122 min, 1989)
17h - "Amistad" (155 min, 1997)


2 de março - Quinta-feira 
14h - "1941, Uma Guerra Muito Louca" ( "1941", 118 min, 1979)
16h30 - "O Resgate do Soldado Ryan" ("Saving Private Ryan", 169 min, 1998)


3 de março - Sexta-feira
14h30 - "Cavalo de Guerra" ("War Horse", 146 min, 2011)
17h30 - "Guerra dos Mundos" ("War of the Worlds", 116 min, 2005)


4 de março - Sábado
11h - "Hook - A Volta do Capitão Gancho" ("Hook", 142 min, 1991) dublado
15h - "E.T. O Extra-Terrestre" ( "E.T. the Extra-Terrestrial", 115 min, 1982 )


5 de março - Domingo 
13h - "Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida" ("Indiana Jones and the Raiders of the Lost Ark" 1981)
15h30 - "The Post : A Guerra Secreta" (116 min, 2017)


6 de março - Segunda-feira
14h30 - "O Terminal" ("The Terminal", 128 min, 2004)
17h30 - "O Jogador N.° 1" ("Ready Player One", 140 min, 2018)


8 de março - Quarta-feira
15h - "Contatos Imediatos de Terceiro Grau" ("Close Encounters of the Third Kind", 138 min, 1977)
18h - Debate "Spielberg"com os críticos Neusa Barbosa, Paulo Santos Lima e mediação da curadora Marina Pessanha. O debate contará com tradução em libras. Entrada gratuita. 


9 de março - Quinta-feira
14h30 - "Indiana Jones e o Templo da Perdição" ("Indiana Jones and the Temple of Doom", 118 min, 1984)
17h - "Minority Report: a Nova Lei" ('Minority Report" ,145 min, 2002)


10 de março- Sexta-Feira
14h - "A Cor Púrpura" ("The Color Purple", 155 min, 1985)
17h - "A Lista de Schindler" ("Schindler’s List", 195 min, 1993)


11 de março - Sábado
11h - "As Aventuras de Tintim" ("The Adventures of Tintin", 107 min, 2011) dublado
14h30 - "Contatos Imediatos de Terceiro Grau" ("Close Encounters of the Third Kind", 138 min, 1977)


12 de março - Domingo
12h30 - "Guerra dos Mundos" ('War of the Worlds", 116 min, 2005)
15h - "A.I. Inteligência Artificial' ("A.I. Artificial Intelligence", 146 min, 2001) 


13
 de março - Segunda- feira
14h30 - "Império do Sol" ("Empire of the Sun", 153 min, 1987)
17h30 - "Ponte dos Espiões" ("Bridge of Spies", 142 min, 2015 )

15 de março - Quarta-feira
14h - "Minority Report: a Nova Lei" ("Minority Report" ,145 min, 2002)
17h30 - "Indiana Jones e a Última Cruzada" ("Indiana Jones and the Last Crusade", 127 min, 1989)

16 de março - Quinta-feira
13:30h - "E.T - O Extraterrestre" - sessão inclusiva: libras, audiodescrição e closed caption (filme dublado). Entrada gratuita.
16h - "As Aventuras de Tintim" ("The Adventures of Tintin", 107 min, 2011) legendado
18:15h - "Tubarão" ("Jaws", 124 min, 1974)

17 de março - Sexta-feira
14h - "O Resgate do Soldado Ryan" ("Saving Private Ryan", 169 min, 1998)
17h30 - "Prenda-me se For Capaz" ("Catch Me If You Can", 141 min, 2002) 


18
 de março - Sábado
14h - "Louca Escapada" ("The Sugarland Express", 110 min, 1974 )
17h - "Jurassic Park" (127 min, 1993) 


19 de março - Domingo
13h30 - "Encurralado" ("Duel", 90min, 1971)
15h30 - "Tubarão" ("Jaws", 124 min, 1974)

20 de março - Segunda-feira
14h30 - "Indiana Jones e a Caveira de Cristal" ("Indiana Jones and the Last Crusade", 127 min, 1989)
17h15h - "The Post" (116 min, 2017)


22
 de março - Quarta-feira
11h - Curso Paulo Santos Lima. Mediante inscrição prévia pelo e-mail cursospielberg@gmail.com. Gratuito.
14h - "Lincoln" ( 150 min, 2012)
17h - A" Lista de Schindler" ("Schindler’s List", 195 min, 1993)

23 de março - Quinta-feira
11h - Curso Paulo Santos Lima. Mediante inscrição prévia pelo e-mail cursospielberg@gmail.com. Gratuito.
14h - "Munique" ("Munich", 164 min, 2005)
17h30 - "A.I. Inteligência Artificial ( A.I. Artificial Intelligence, 146 min, 2001) 

24 de março - Sexta-feira
11h - Curso Paulo Santos Lima. Mediante inscrição prévia pelo e-mail cursospielberg@gmail.com. Gratuito.
14h30 - "Jurassic Park" ( 127 min, 1993)
17h30 - "Jurassic Park: O Mundo Perdido" ("The Lost World:Jurassic Park", 129 min, 1997) 


25 de março - Sábado
13h - "Indiana Jones - Os Caçadores da Arca Perdida" ("Indiana Jones and the Raiders of the Lost Ark", 115 min, 1981)
15h30 - "Indiana Jones e o Templo da Perdição" ("Indiana Jones and the Temple of Doom", 118 min. 1984)


26
 de março - Domingo
12h30 - "Indiana Jones e a Última Cruzada" ("Indiana Jones and the Last Crusade", 127 min, 1989)
15h - "Indiana Jones e a Caveira de Cristal" ("Indiana Jones and the Last Crusade", 127 min, 1989)


27 de março - Segunda-feira
14h30 - "Hook - A Volta do Capitão Gancho" ("Hook", 142 min, 1991) dublado
17h30 - "Lincoln" ( 150 min, 2012)


Serviço
Mostra de Cinema "Spielberg"
Local:
Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Período: 1° a 27 de março
Ingressos: em bb.com.br/cultura e bilheteria do CCBB
Filmes - R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)
Atividades paralelas (curso, debate e sessão inclusiva) - Gratuitos
Endereço: Rua Álvares Penteado, 112 – Centro Histórico, São Paulo
Funcionamento: aberto todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças
Entrada acessível: pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e outras pessoas que necessitem da rampa de acesso podem utilizar a porta lateral localizada à esquerda da entrada principal.
Informações: (11) 4297-0600
Estacionamento: o CCBB possui estacionamento conveniado na Rua da Consolação, 228 (R$ 14  pelo período de 6 horas - necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB). O traslado pela van do CCBB é gratuito para o trajeto de ida e volta ao estacionamento e funciona das 12h às 21h.
Transporte público: o Centro Cultural Banco do Brasil fica a 5 minutos da estação São Bento do Metrô. Pesquise linhas de ônibus com embarque e desembarque nas Ruas Líbero Badaró e Boa Vista.
Táxi ou aplicativo: desembarque na Praça do Patriarca e siga a pé pela Rua da Quitanda até o CCBB (200 m).
Van: Ida e volta gratuita, saindo da Rua da Consolação, 228. No trajeto de volta, há também uma parada no metrô República. Das 12h às 21h.

.: Entrevista: Gustavo Benedetti, o agroboy do "Big Brother Brasil 23"


"Eu aprendi que às vezes a gente tem que ser menos omisso, tem que se impor mais em determinadas situações", afirmou o fazendeiro. Globo/João Cotta

A chegada da semana Turbo no "Big Brother Brasil 23" provocou reviravoltas no jogo dos brothers e sisters. A inesperada formação de um paredão culminou na eliminação do fazendeiro Gustavo Benedetti no último sábado, dia 25. Decidida pelo público antes do início do reality, a escolha de sua dupla foi determinante do início ao fim de sua trajetória. A conexão com Key Alves foi além da primeira semana se tornou não só um relacionamento amoroso, como um jogo a dois que perdurou por 40 dias. 

No programa, o fazendeiro e empresário afirma ter seguido a mesma linha que mantém fora do confinamento ao optar por uma conduta sem conflitos diretos. As provas foram pontos altos: ganhou duas lideranças consecutivas e, assim, tirou proveito dos privilégios da central do líder. “Do zero ao cem”, foi, em um único dia, da liderança ao paredão e de volta à liderança.

Na montanha-russa do "BBB", o mato-grossense se viu na berlinda ao lado de Fred Nicácio e Domitila Barros e, para a surpresa da maioria dos participantes, foi eliminado com 71,78% dos votos. O ex-brother avalia ter se perdido no game em função de perspectivas internas, mas ainda assim, considera ter feito um bom jogo: “Eu fui bem competitivo nas provas, como eu já havia dito que seria; fui para jogar mesmo. O Brasil foi vendo tudo o que foi acontecendo, mas eu acho que no geral foi uma boa participação”. Na entrevista a seguir, Gustavo analisa os aprendizados que leva do programa, comenta o futuro de seu relacionamento com Key Alves e destaca quem seriam os integrantes de seu grupo ideal no "BBB".


Você passou 40 dias no "BBB 23". Como avalia sua participação no programa?
Gustavo Benedetti - 
Eu acho que a minha participação no "BBB" foi boa. A gente acabou se perdendo um pouco no jogo por causa de informações e perspectivas de dentro da casa, mas eu fui bem competitivo nas provas, como eu já havia dito que seria; fui para jogar mesmo. A parte das provas foi o ponto alto.

 
Que aprendizados tira dessa experiência?
Gustavo Benedetti - 
Eu aprendi que às vezes a gente tem que ser menos omisso, tem que se impor mais em determinadas situações. Temos que tomar cuidado também para não interpretar as coisas de forma errada. Todo mundo erra, mas é bom reconhecermos o nosso erro e nos desculparmos por isso. Eu não entrei ali para magoar nem ferir alguém. O programa foi bom para amadurecer as ideias e ver que o jogo que as pessoas assistem não é fácil, é bem difícil dentro da casa. Então, eu aprendi muita coisa positiva com o "BBB".


Apesar de fazer parte de um grupo, você e a Key Alves tiveram uma forte sintonia e acabaram jogando em dupla. Acredita ter seguido a melhor estratégia?
Gustavo Benedetti - Nós acabamos entrando juntos e houve aquela conexão que todo mundo viu. Algumas duplas deram certo e outras, não. Como nós tivemos uma sintonia, quisemos compartilhar o jogo um com o outro. Em relação ao game, até certo ponto foi legal, embora a gente acabe não percebendo algumas coisas. Foi bom a gente confiar um no outro. A gente acaba se apegando para não ficar sozinho. Ainda assim, a gente não vivia 24 horas juntos. Às vezes, ela conversava com alguém e eu, com outras pessoas. 


No programa, você e a Key chegaram a cogitar até casamento. Os fãs de “Guskey” podem esperar um relacionamento após o "BBB"? 
Gustavo Benedetti - Eu acho que tem que dar tempo ao tempo, esperar ela sair da casa. Quando for o momento de ela sair, a gente vai conversar. Vamos trocar uma ideia aqui fora e ver o que vai acontecer daqui para frente.

 
Em determinado momento, vocês dois começaram a se afastar dos demais integrantes do quarto Fundo do Mar, porque diziam que já não se identificavam mais com todos. Se pudesse montar seu grupo ideal, qual seria?
Gustavo Benedetti - 
Hoje, vendo tudo o que eu vi, se eu pudesse montar um terceiro grupo na casa, seria: eu, Cristian, Key, Amandinha e Sapato. 

 
Você acabou indo ao paredão com duas pessoas do seu quarto: Fred Nicácio e Domitila. Por que acha que foi eliminado nessa berlinda? 
Gustavo Benedetti - Eu acho que algum momento a gente acabou se perdendo no jogo, foi o que pegou mais. Mas eu ainda estou entendendo por que eu saí do "BBB" agora.

 
Quando o Cristian traçou a estratégia de se aproximar da Bruna e da Paula para conseguir informações para o grupo, você estava presente. Mas quando todos descobriram, se posicionou contra ele. Qual a sua visão em relação à estratégia do Cristian? 
Gustavo Benedetti - Até certo ponto, estava legal para o grupo, para todo mundo que estava recebendo as informações. Quando o pessoal tocou na parte de envolver sentimento, eu falei que era chato fazer isso com as pessoas, mas continuou... Hoje, vendo aqui de fora, foi ruim ter tido aquele confronto com o Cris de primeiro momento. A gente deveria ter sentado, conversado e se explicado direito. Naquele momento em que a gente se reuniu no quarto, antes da votação, se tivesse deixado claro que não queria mais jogar em grupo, a gente teria mudado totalmente a visão do jogo. 

Você e a Key disseram não confiar no Fred Nicácio, mas jogaram junto com ele por um bom tempo. Por que não falou diretamente para ele sobre suas desconfianças e discordâncias no jogo?
Gustavo Benedetti - 
A gente gostava mais de falar entre a gente e foi uma estratégia de jogo querer fazer dessa forma. O grupo foi ficando até o final e depois a ideia era que gente fosse se votando entre as nossas prioridades.

 
Recentemente a Larissa ficou surpresa ao saber que a Key sentia ciúmes de você com ela. Em algum momento sentiu interesse da Larissa por você ou acredita que era apenas uma percepção? 
Gustavo Benedetti - 
Eu acho que foi só uma percepção errada que aconteceu. Ali na casa a gente acaba criando umas coisas na cabeça. 

Seu estilo de jogo não tinha tantos conflitos e você não chegou a ter um embate direto com ninguém, apenas uma discussão breve com a Tina. Também segue essa linha de comportamento na sua vida fora do "BBB"?
Gustavo Benedetti - 
Antes de começar o programa, eu já tinha falado que sou um cara bem tranquilo, não sou muito de discussão, porque isso gera muita coisa ruim. 
 

Você foi líder por duas vezes seguidas no programa. Como isso influenciou sua trajetória na casa? 
Gustavo Benedetti - 
Não vejo de forma negativa, como algumas pessoas falaram em relação à questão de ter poder. Eu não vi isso porque não mudei nada depois que fui para o líder, sempre fui a mesma pessoa. Porém, a gente consegue ter algumas informações privilegiadas da casa e ver algumas conversas pela central do líder. Eu acho que foi positivo ter ganhado a liderança duas vezes.

 
Qual foi a sensação de ir da liderança ao paredão e do paredão à liderança em apenas um dia?
Gustavo Benedetti - 
É como o Tadeu sempre fala para a gente: ‘Tudo pode acontecer dentro dessa casa’. Eu achei muito legal passar por essa experiência em um dia só, fui de zero a cem bem rápido. 
 

Como foi comemorar o seu aniversário no "Big Brother Brasil"?
Gustavo Benedetti - 
Foi um momento único e muito especial. Participar com todo aquele pessoal foi muito importante. Aqui fora eu nunca conseguiria fazer isso. O pessoal sempre arrasa nas festas, eles capricham em cada detalhe e fica muito bonito. 
 

Quem acredita ser o jogador mais forte na situação atual do game?
Gustavo Benedetti - 
Pensando em tudo o que eu já vi, eu acho que a Key ainda vai dar a volta por cima e continuar na casa.
 

E para quem fica sua torcida agora?
Gustavo Benedetti - 
Para a Key.  

.: "Rádio no Brasil" e "Padre Landell": MIS prepara exposições para março


“Rádio no Brasil” e “Padre Landell: o homem que inventou o futuro” reúnem fotos, equipamentos, instalação interativa, aplicativo para conteúdos extras e documentos. A visitação é gratuita - de terça a sexta-feira, das 11h às 20h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h. Na imagem, o Rádio Phillips (1959) _Acervo MIS

 
O Museu da Imagem e do Som (MIS), instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, inaugura duas exposições no início de março: “Rádio no Brasil” e “Padre Landell: o Homem que Inventou o Futuro”. As mostras reúnem fotos, documentos, instalações interativas, equipamentos e aplicativo sobre a história do rádio. A visitação é gratuita - de terça a sexta-feira, das 11h às 20h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h.

“Rádio no Brasil” apresenta uma linha do tempo interativa. No percurso, os visitantes conferem equipamentos, fotografias e um aplicativo que permite acesso para conteúdos extras – como trechos de 14 depoimentos colhidos exclusivamente para a exposição, que posteriormente integrarão o Acervo MIS (entre eles, os testemunhos do empresário Paulo Machado de Carvalho Neto e dos jornalistas Heródoto Barbeiro e Salomão Ésper).

Um dos destaques fica por conta dos aparelhos de rádio de diferentes décadas, itens pertencentes ao próprio Acervo do Museu. Os programas de notícias e humor, as transmissões das partidas de futebol e as radionovelas, também são abordados na exposição. A mostra tem consultoria de conteúdo de Milton Parron, pesquisa e redação do jornalista Maurício Nunes e parceria institucional com AESP, Grupo Bandeirantes de Comunicação e Museu Brasileiro de Rádio e Televisão.

Integrada à “Rádio no Brasil”, a exposição “Padre Landell: o Homem que Inventou o Futuro” apresenta o brasileiro responsável pela invenção precursora ao rádio. Entre os destaques está o transmissor de ondas (wave transmitter), peça produzida em tamanho real, pelo colecionador Marco Aurélio Cardoso de Moura, com base nos escritos de Landell.

Em parceria com o Instituto de Física da USP, a exposição também apresenta uma instalação interativa, com experimentos simples, para ilustrar as descobertas de físicos e inventores, contemporâneos de Landell, que contribuíram para a evolução tecnológica do rádio. Documentos originais do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, a patente registrada por Landell nos EUA, esquemas e estudos preliminares de seus experimentos e diários originais são outros atrativos da exposição. A curadoria é da pesquisadora Helena Tassara e do biógrafo Hamilton de Almeida.

As exposições “Padre Landell: o Homem que Inventou o Futuro” e “Rádio no Brasil” são uma realização do Ministério da Cultura, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo, e Museu da Imagem e do Som, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, ProAC e Programa de Municipal de Apoio a Projetos Culturais – Pro-Mac.

Lenovo e Vedacit são as patrocinadoras da exposição com parceria das empresas AESP, Band, Arte 1 e Museu da Rádio e da TV. A B3 é mantenedora do MIS que conta com Apoio Institucional das empresas Kapitalo Investimentos, Vivo, Grupo Travelex Confidence, John Deere, TozziniFreire Advogados e Siemens. O MIS tem apoio de mídia da TV Cultura, JCDecaux, Folha de S.Paulo, Nova Brasil FM e Alpha FM e apoio operacional do Pestana Hotel Group e Telium.


Serviço
Exposições “Rádio no Brasil” e “Padre Landell: o Homem que Inventou o Futuro”
De 3 de março a 16 de abril de 2023
Horário: terça a sexta, de 11h às 20h; finais de semana e feriados de 10h às 19h
Local: Espaço Expositivo 1º andar – MIS - Avenida Europa, 158, Jardim Europa
Classificação: livre
Entrada gratuita

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

.: Espetáculo “12 Anos ou A Memória da Queda” estreia no CCBB SP


Inspirada no livro "12 Anos de Escravidão", de Solomon Northup, a peça conta a história de um homem negro que, após aceitar um trabalho, é sequestrado e escravizado por 12 anos. A montagem apresenta uma releitura através da ótica feminina negra, presente na direção de Onisajé e Tatiana Tiburcio. Fotos: Ale Catan


O espetáculo “12 Anos ou A Memória da Queda”, criado pela dramaturga Maria Shu estreia no dia 2 de março, quinta-feira, às 19h, no Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo. As alegorias utilizadas pelas diretoras Tatiana Tiburcio e Onisajé, que também assina a versão final do texto, entram na cena por meio dos personagens de David Júnior, Bruce de Araujo e Cintia Rosa o trio de protagonistas que traduz em imagem, movimento e discurso, dentro de certo realismo fantástico, os arquétipos da história original, "12 Anos de Escravidão", escrita por Solomon Northup.

Idealizada por Felipe Heráclito Lima, a montagem aborda uma temática ainda pulsante atualmente: a escravização dos corpos negros. A peça conta a história real de um homem negro no século XIX que, após aceitar um trabalho que o leva para outra cidade, é sequestrado e escravizado por 12 anos. A temporada segue até 9 de abril com sessões às quintas e sextas, às 19h; e aos sábados e domingos, às 17h.

“Reconstruímos essa história a partir da compreensão atual de quem é esse sujeito negro e o que significa essa liberdade para ele hoje a partir dessa trajetória. Porque não é interessante trazer algo datado, mas enxergar dentro dessa narrativa o que a gente conseguiu de vitórias e avanços e o que ainda precisamos romper enquanto imaginário sobre este sujeito, enquanto discurso deste mesmo sujeito, enquanto existência e perspectiva de futuro. O quanto ainda precisamos avançar a partir desta base constituída e apresentada lá trás”, observa Tatiana Tiburcio.

A soteropolitana Onisajé fala sobre o posicionamento cênico da dupla de direção que forma com Tatiana. “No que tange à temática, está em cena a nossa análise e posicionamento crítico, ético, político, filosófico e poético-estético acerca da escravização. Ele se traduz na compreensão de que a escravização se sofistica, se disfarça e ainda se mantém muito viva entre nós. Os aportes das diversas opressões encontram na escravização um lugar de deságue”, ressalta.

Onisajé acredita que mesmo os espectadores que não leram o livro e nem viram o filme, dirigido por Steve McQueen em 2013, encontrarão uma argumentação cênica que aponta o quanto ainda são criados discursos de inferiorização para justificar a neo-escravização. “A questão racial é a pauta mais urgente a ser enfrentada no Brasil. Um país que concebe e ainda alimenta argumentações e posicionamentos racistas não poderá avançar como nação”, defende.

Guiando a estética e a alma da montagem estão as referências da ancestralidade, da filosofia e mitologia negra. “A partir dessa compreensão revisitamos a história de Solomon entendendo os pontos críticos da narrativa em relação aos avanços no discurso racial na prática no nosso dia a dia. Ainda vivemos processos de escravização de diversas formas. Processos diretos - nos interiores deste nosso país - e de formas sutis, mas muito bem compreendidas por quem os sofre nos grandes centros urbanos. É preciso revisitar essa história e reconstruí-la a partir de um olhar feminino, negro, matriarcal, poético, lírico, onírico”, aposta Tatiana.

A ideia de levar aos palcos a história clássica que, em adaptação para o cinema, foi vencedora de três premiações no Oscar, partiu de Felipe Heráclito Lima. Ao se deparar com uma pesquisa sobre a quantidade inacreditável de trabalhadores em regime análogo à escravidão em fazendas de búfalo da Ilha de Marajó, no Pará, o artista questionador percebeu o quanto o assunto, até então por ele ignorado, precisava ser debatido.

“Senti a necessidade de falar sobre questões urgentíssimas como essa, porque é enorme a quantidade de pessoas iludidas por uma boa oportunidade de trabalho que, por fim, são submetidas a um regime desumano dentro de algumas distorções realizadas dentro do capitalismo - que não pode se impor sobre os valores humanos. Isso mexe muito comigo e pensei nesse projeto como uma plataforma de falar de todos estes assuntos que precisam ser vistos e debatidos a partir do nosso passado colonial nesta sociedade escravocrata”, resume.

O atual momento foi determinante para a montagem contar com David Júnior no elenco. “Estamos tocando numa ferida social, econômica, estrutural do nosso país que precisa ser falada. Me sinto muito realizado como artista pelo tema e pela equipe técnica incrível que conseguimos reunir neste trabalho. Enquanto tivermos pessoas sendo descartadas da sociedade apenas por representar o seu lugar de negro, com todo este discurso de ódio, invisibilidade e descaso com os corpos negros precisaremos colocar estes assuntos em voga. É importante estar em cena no momento em que estamos vivendo, falando dessas mazelas antigas e, ao mesmo tempo, tão atuais na nossa sociedade”, pontua David.

Bruce de Araujo ressalta a maneira como o tema é retratado em cena. “A peça foge dos clichês como são apresentados normalmente quando a gente trata de escravidão contemporânea, ou do racismo em suas mais diversas formas. O texto é direto, é atual, mas ele vem de uma maneira muito poética, muito bonito. E esse olhar poético faz com que as pessoas saiam do espetáculo potencializadas para promover uma mudança”.

A atriz Cintia Rosa comemora seu retorno ao teatro depois de 11 anos sem subir ao tablado. “Fazer meu retorno falando dessa história e poder ressignificá-la para que ganhe contornos mais leves e de vitória no final é uma grande alegria. Estar com esse elenco e com essas diretoras foi uma cura coletiva para mim, que me deixa extremamente feliz. Essa peça fala de uma história universal, mas que precisa ser falada o tempo inteiro, pois vemos histórias de racismo todos os dias. É um espetáculo para refletir sobre as várias formas de escravização moderna”.

O espetáculo “12 Anos ou A Memória da Queda” é apresentado em São Paulo pela Apsen, através do ProAc ICMS, e conta com patrocínio das empresas Atacadão, Boa Vista e Volkswagen através da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O espetáculo estreou no CCBB Rio em novembro de 2022. Ao receber esse projeto, o Centro Cultural Banco do Brasil oferece ao público oportunidade de reflexão sobre temas relevantes para a sociedade e reafirma o apoio ao teatro nacional e seu compromisso com a promoção da arte e ampliação da conexão dos brasileiros com a cultura.  Compre o livro "12 Anos de Escravidão" neste link.

Sinopse:
“12 Anos ou A Memória da Queda” é inspirado no livro "12 Anos de Escravidão", escrito por Solomon Northup. Com dramaturgia original de Maria Shu e texto final de Onisajé, que também assina a direção com Tatiana Tiburcio, o espetáculo teatral traz à tona uma temática pulsante na atualidade: a escravização de corpos negros. O projeto tem como inspiração a história real de Solomon - um homem negro que após aceitar um trabalho que o leva a outra cidade, é sequestrado e escravizado por 12 anos. No elenco, David Júnior, Bruce de Araujo e Cintia Rosa.  Você pode comprar o livro "12 Anos de Escravidão" neste link.

Ficha técnica:
“12 Anos ou A Memória da Queda”
Elenco:
David Júnior, Cintia Rosa e Bruce de Araujo.
Dramaturgia original:
Maria Shu.
Texto final: Onisajé.
Direção artística: Tatiana Tiburcio e Onisajé.
Idealização: Felipe Heráclito Lima.
Coordenação geral e artística: Anna Sophia Folch e Felipe Heráclito Lima.
Direção de produção: Leila Maria Moreno e Felipe Valle.
Assistente de direção: Cridemar Aquino.
Direção musical e música original: Jarbas Bittencourt.
Cenografia: Wanderley Gomes, Cachalote Mattos e Tatiana Tiburcio.
Figurino: Wanderley Gomes, Guto Carvalhoneto e Tatiana Tiburcio.
Desenho de luz:
Jon Thomaz.
Direção de movimento: Jefferson Bilisco e Tatiana Tiburcio.
Preparação corporal: Jefferson Bilisco.
Visagismo: Diego Nardes.
Visagista cabeleireiro: Lucas Tetteo.
Produção executiva: Raissa Imani e Aliny Ulbricht (Kawaida Cultural).
Designer gráfico: Cadão. Fotógrafo: Ale Catan. 
Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes.
Gestão de redes sociais: LB Digital e Conteúdo.
Gestão de projeto e leis de incentivo: Felipe Valle e Mariana Sobreira (Fomenta Consultoria).
Produtoras associadas: Brisa Filmes, Sevenx Produções Artísticas e Curumim Produções.
Garanta o seu exemplar do livro "12 Anos de Escravidão" neste link.


Serviço:
Espetáculo “12 Anos ou A Memória da Queda”
Local:
Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Temporada: de 2 de março a 9 de abril de 2023.
Horário: quintas e sextas, 19h | Sábados e domingos, 17h.
Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia) em bb.com.br/cultura e bilheteria do CCBB
Duração: 80 minutos.
Classificação indicativa: 12 anos.
Capacidade: 120 lugares.
Endereço: Rua Álvares Penteado, 112 - Centro Histórico, São Paulo.
Funcionamento: Aberto todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças.
Entrada acessível: Pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e outras pessoas que necessitem da rampa de acesso podem utilizar a porta lateral localizada à esquerda da entrada principal.
Informações: (11) 4297-0600.
Estacionamento: O CCBB possui estacionamento conveniado na Rua da Consolação, 228 (R$ 14 pelo período de 6 horas - necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB). O traslado é gratuito para o trajeto de ida e volta ao estacionamento e funciona das 12h às 21h.
Transporte público: O Centro Cultural Banco do Brasil fica a cinco minutos da estação São Bento do Metrô. Pesquise linhas de ônibus com embarque e desembarque nas Ruas Líbero Badaró e Boa Vista.
Táxi ou Aplicativo: desembarque na Praça do Patriarca e siga a pé pela Rua da Quitanda até o CCBB (200 m).
Van: Ida e volta gratuita, saindo da Rua da Consolação, 228. No trajeto de volta, há também uma parada no metrô República. Das 12h às 21h.


.: "Um Fascista no Divã": atriz Giovana Echeverria contracena com o público


Com texto de Marcia Tiburi e Rubens Casara, a peça mostra uma psicanalista lidando com os conflitos ao atender em seu consultório um político da extrema direita. Em cena, a atriz interpreta uma analista em diferentes sessões com um fascista. Foto: Flora Negri

“Eu sou um homem de ação. Posso não saber, mas faço. Ignoro, mas faço. Se as pessoas parassem de pensar tanto e trabalhassem, a economia cresceria. Para que pensar?”. Essa é a pergunta lançada pelo político ao chegar ao consultório de uma psicanalista, indicada por seu marqueteiro. Em cena, ela propõe um diálogo que exige autorreflexão e subjetividade; mas isso se mostra impossível, pois rapidamente entendemos a personalidade autoritária do paciente, com posicionamento de extrema direita.

 A peça "Um Fascista no Divã" se dá nesse cenário hostil. Foi escrita por Marcia Tiburi e Rubens Casara entre 2016 e 2017, antevendo os desafios que o Brasil enfrentaria nos anos seguintes, e lançada em 2021. A escritora e também filósofa foi alvo de ataques e ameaças de morte diversas vezes, e após ser perseguida politicamente, deixou o Brasil depois das eleições de 2018.

A atriz Giovana Echeverria, que interpreta a psicanalista, idealizou trazer para a cena o texto que coloca lado a lado o duelo dessas linhas de pensamento e se uniu a André Capuano, que criou o jogo cênico e dirige o espetáculo. A estreia acontece dia 2 de março de 2023 e segue em cartaz até dia 25, de quinta a sábado, na SP Escola de Teatro, na Praça Roosevelt, com ingressos gratuitos.

O texto reflete e questiona a ascensão do fascismo no Brasil e o público exerce um papel fundamental, já que o personagem do fascista será representado por um coro de não atores, formado por diferentes pessoas a cada sessão do espetáculo.

“Nós buscamos uma forma de mostrar a complexidade que nos atravessou quando passamos a imaginar a relação entre uma psicanalista, que não é fascista, e um paciente fascista. Tentamos lidar cenicamente com as questões suscitadas em nós pelo texto da Márcia Tiburi. Um fascista só não faz terror e sempre haverá uma máquina fascista operando, enquanto o capitalismo correr solto. Por isso criamos na peça um coro guiado remotamente para assumir o personagem do fascista. A Giovana, que faz a psicanalista, vai precisar lidar com o modo de esse coro agir, com a circunstância de cada dia”, revela o diretor.

O cenário da peça inicialmente é um consultório, mas ele vai se modificando ao longo das cenas: se transforma em uma sala de jantar, em um programa de televisão ou em um acampamento. Quem faz essa mudança de cenário também é o coro do dia. “Por causa do modo como será guiado, haverá um desajuste teatral na movimentação do coro, uma falta de acabamento do gesto. Essa falta de acabamento também é proposital, porque não entendemos de fato o corpo fascista contemporâneo. Ao mesmo tempo que seus movimentos são extremamente eficazes, apoiados por uma máquina, a aparência é de falta de habilidade, como as marchas que vimos na frente dos quartéis e as inúmeras cenas bizarras que eles despejaram na nossa cara nos últimos anos”, diz Capuano.

Para Giovana, essa forma de encenação reforça a proporção que o delírio em massa tomou, facilita a experiência que o jogo de linguagem propõe de desnaturalizar os clichês absurdos ditos pelo fascista com frases misóginas, racistas, homofóbicas, sem qualquer constrangimento. “É muito importante entender e visualizar que por mais inacabado e ridículo que possa parecer, o comportamento autoritário jamais pode ser descredibilizado e a indiferença nutre o crescente do absurdo", diz a atriz.

A ação se passa durante algumas sessões entre a psicanalista e o fascista e os diálogos levantam questões sobre autoritarismo, direitos humanos, religião, entre outras. A analista procura entender o mecanismo desse pensamento, sem conseguir criar um laço possível. Durante a peça existe uma contextualização histórica apresentada em vídeo, com imagens documentais e estudos sobre fascismo e antifascismo. A linguagem audiovisual vira uma ferramenta aliada e mostra o fascismo como um movimento antigo, estrategicamente elaborado a serviço de outros setores. Uma das frases da peça é do filósofo Max Horkheimer que diz: “Quem não quer falar de capitalismo deveria também se calar sobre o fascismo”.

André Capuano é diretor, ator e filósofo. Mestrando em Artes Cênicas no Instituto de Artes da UNESP. Desde 2002 pesquisa a relação entre o teatro e o cotidiano urbano, coordenando a pesquisa USO – Teatro Urbano. Nessa pesquisa criou por exemplo o espetáculo Corpo-Cidade Rotinas (Ficção), concebido e atuado por atores, atrizes e dezenas de trabalhadores e trabalhadoras da República, no centro da cidade de São Paulo. Além dessa pesquisa cênica, criou e atuou em diversos espetáculos teatrais, com vários coletivos e artistas da cidade, dentre os quais: "As Mamas de Tirésias", de Guillaume Apollinaire; "Verdade, Pornoteobrasil" e "Trilogia Abnegação", com o grupo Tablado de Arruar; "Barafonda e o Santo Guerreiro" e "O Herói Desajustado", com a Cia São Jorge de Variedades; "Branco – o Cheiro do Lírio e do Formol", "Refúgio e Floresta", com Alexandre Dal Farra; entre outros.

Giovana Echeverria é atriz, analista de roteiro e comunicadora. Recentemente esteve em cartaz no Theatro Municipal de São Paulo com a Ópera das Três Laranjas, texto de Prokofiev, com direção de Luiz Carlos Vasconcellos; e no Sesc Paulista na performance "Cartas ao Mundo", concebido e dirigido por Bia Lessa. Estudou artes dramáticas na UFRGS, no Teatro Nilton Filho, em Porto Alegre, e Screen Acting na Academy of Art School of Acting, em São Francisco, também teve passagens nos grupos Tá na Rua e Teatro Oficina. Em 2009, começou sua carreira no audiovisual na Rede Globo, participou das séries "Verdades Secretas 2", "Justiça (indicada ao Emmy) e "Lei de Murphy", e das novelas "Orgulho e Paixão", "Sete Vidas" e "Malhação Id". 

Atuou também na Rede Record em duas grandes produções de novelas, "Gênesis" e "Vidas em Jogo". No Canal Brasil, participou da série "Meus Dias de Rock"; e foi antagonista da série "Perrengue" para a  MTV/MIAMI. No cinema protagonizou dois longas "#Garotas", distribuído pela Paris Filmes, e "Superfície da Sombra", exibido pela Paramount e Amazon Prime, também atuou no filme "Meu Mundo Não Cabe nos Teus Olhos", produção Globo Filmes, indicado a prêmio no Los Angeles Brazil Film Festival.


Ficha técnica
"Um Fascista no Divã"
Texto:
Marcia Tiburi e Rubens Casara
Idealização: Giovana Echeverria
Direção: André Capuano
Elenco: Giovana Echeverria
Direção de arte: Renato Bolelli
Iluminação & vídeo: Daniel Gonzales
Sonoplastia:
Miguel Caldas
Operador de luz: Daniel Gonzales
Corifeu: Benedito Canafístula
Cenotécnico: Bibi de Bibi
Assistente de iluminação: Felipe Mendes
Assistente de direção de arte: Wesley Souza da Silva
Design: Veni Barbosa
Foto divulgação: Flora Negri
Foto/filmagem: Cabaça Produções
Assessoria de imprensa: Canal Aberto
Produção: Corpo Rastreado | Gabs Ambròzia


Serviço
"Um Fascista no Divã"
Temporada de 2 a 25 de março de 2023
Quintas, sextas e sábados, às 20h30
SP Escola de Teatro - Sede Praça Roosevelt - Praça Roosevelt, 210
Ingressos gratuito - Retirada via Sympla
Lotação:
60 lugares
Classificação indicativa: 16 anos

.: "Águas do Mundo" adapta romance de Clarice Lispector para o teatro


Com atuação, direção e dramaturgismo de Vanessa Bruno, peça criada a partir de obra de Clarice Lispector retrata a jornada de uma mulher que aprende o prazer de existir. Foto: Bob Sousa


Algumas situações míticas envolvendo figuras femininas em pleno Rio de Janeiro? Clarice Lispector trouxe esse universo ao escrever o controverso “Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres”, publicado em 1969. Uma atualização cênica desse romance ganhará os palcos entre os dias 3 de março e 5 de abril em vários teatros da cidade de São Paulo. É o espetáculo Águas do Mundo - a partir da obra de Clarice Lispector, do VULCÃO [criação e pesquisa cênica] com direção de Vanessa Bruno. Haverá sessões em libras.

As apresentações são gratuitas, basta retirar o ingresso com uma hora de antecedência. A ideia do trabalho é ampliar o debate sobre os estereótipos de gênero e promover reflexões a respeito dos projetos de representatividade, reconhecimento, validação e espaço social da mulher.         

No romance, Clarice Lispector transporta narrativas clássicas para o ambiente doméstico, como o mito de Eros e Psiqué (que trata da superação de obstáculos ao amor) e a história da "Odisséia", de Homero. A questão central é que os papéis estão invertidos. Por exemplo, no livro, não é Ulisses, um homem,  quem parte em busca de autoconhecimento e sim, uma mulher, Lori, que faz sua travessia, enquanto ele a espera.

O capítulo central do romance clariceano foi publicado no Jornal do Brasil com o título "Águas do Mundo". que dá nome à peça. A montagem mantém a poética narração em terceira pessoa,  e também, os fluxos de pensamento dessa protagonista, que ora conversa com um interlocutor ao telefone, ora se dirige diretamente ao público. 


A atualização cênica
No espetáculo, durante uma ocorrência trivial (banhar-se no mar) uma mulher se vê revelada em uma realidade mais profunda: é quando ela descobre o prazer de viver e de amar. O trabalho também reverte o mito bíblico do pecado original. Ao comer a maçã, a mulher garante a sua entrada no paraíso. Por isso, a Lori de Vanessa Bruno vê no mar seu encontro com a liberdade. Sua grande luta é desaprender a vergonha e a proibição do prazer. 

“Esse texto fala sobre aprender a existir sem a necessidade de um outro. Ninguém nos ensina a estar sozinhos. Se você é mulher, parece que deve estar sempre em busca de alguém que te complete, normalmente um homem”, comenta Vanessa Bruno. O cenário e os figurinos de Anne Cerrutti apostam na mistura de elementos clássicos e modernos, para marcar essa atualização do romance. Portanto, há palavras em vídeo, imagens renascentistas da Gênesis e objetos como maçãs, colar de pérolas, sapatos tipicamente femininos, microfone, guitarra e smartphone.

Levando grandes escritoras para o palco
O VULCÃO [criação e pesquisa cênica] tem a proposta de encenar grande autoras e aproximá-las do público. Águas do Mundo encerra a trilogia de solos, pensada para discutir as construções sociais das mulheres do nosso tempo.

A propositora, atriz e diretora do projeto, Vanessa Bruno, entende o deslocamento da literatura para o palco como uma espécie de tradução intersemiótica e, sua pesquisa tem como motor central e determinante o trabalho do intérprete. Sua investigação alia os procedimentos aprendidos na sua experiência pregressa de 16 anos junto ao CPT com o diretor Antunes Filho, a obras de grandes autoras em um trabalho que tem como princípio ser processual, no qual interpretação e dramaturgismo estão intrinsecamente relacionados e são elaborados na sala de ensaio.

A atuação é entendida como catalizadora do discurso que tem como responsabilidade criativa uma resposta íntima e social. Desse modo, a narrativa do espetáculo se compõe pelo menos por duas camadas: uma que busca dar corporalidade para o enredo dos trechos escolhidos de Lispector e, outra que opera como depoimento da artista-cidadã contemporânea alinhada a questões urgentes de seu tempo. Assim, cria-se um tempo-espaço de ficção como emanação de um testemunho da atriz-cidadã de hoje através de fragmentos textuais de Clarice. 

A peça constrói um espaço de encontro entre uma poética literária e uma poética teatral, ambas com a intenção de possibilitar uma verticalização feminista. Para ampliar esse diálogo, ao final de todas as apresentações está prevista uma conversa com pensadoras e professores capazes de aprofundar os temas tratados pelo texto.  

O projeto foi contemplado pela 15ª edição do Prêmio Zé Renato que inclui a circulação também da  temporada gratuita da peça infanto-juvenil Brincar de Pensar – contos de Clarice Lispector no palco para pessoas grandes ou pequenas, nos teatros municipais de SP entre os dias 04 de março e 05 de abril.   


Sinopse
"Águas do Mundo" - a partir da obra de Clarice Lispector - conta a trajetória de uma mulher que descobre o prazer de viver e de amar. A protagonista busca desaprender a vergonha e a proibição do prazer. Durante uma ocorrência trivial (banhar-se no mar) ela se vê revelada em uma realidade mais profunda.


Atuação, direção e dramaturgismo
Propositora do VULCÃO [criação e pesquisa cênica], atriz e diretora teatral, Vanessa Bruno é bacharel em Cinema pela FAAP e Mestre em Artes Cênicas pela Universidade São Paulo (ECA-USP). Recentemente dirigiu Gesto no Centro de Pesquisa Teatral (CPT), espaço que era coordenado por Antunes Filho e, que desde 2004, estava envolvida. Sob direção de Antunes, atuou em (2008) "Prét-à-Porter 9" (Projeto ganhador do Prêmio Shell - categoria especial) e (2006) "A Pedra do Reino" (melhor espetáculo nos prêmios Bravo!Prime, APCA e Contigo!), participou ativamente das reuniões teóricas e filosóficas e ministrou, desde 2010, aulas de retórica, teoria para atores no curso Introdução ao Método do Ator (CPTzinho). 

Como atriz podemos destacar: (2004) "Memórias do Mar Aberto – Medéia Conta sua História", de Consuelo de Castro, com Leona Cavalli, direção Regina Galdino; (2003) "Orgia de Pier Paolo Pasolini" com Cássio Scapin e Inês Aranha, direção Roberto Lage. E em teatro infantil: "Enjoy!" com o Teatro da Gioconda - Prêmio Cultural Inglesa – melhor espetáculo 2009. 

Dirigiu em teatro adulto (2010) "O Ovo e A Galinha" de Clarice Lispector e o infanto-juvenil (2014) "Brincar de Pensar - Contos de Clarice Lispector" no palco para pessoas grandes ou pequenas. A partir dos espetáculos com literatura de Lispector desenvolveu na ECA/USP pesquisa prática e acadêmica descrevendo procedimentos para o intérprete trabalhar com literatura no palco. Com esta investigação, realizou vários workshops, entre eles, “Experimento Literatura na Cena” na Universidade da Costa Ricca. 

Com o VULCÃO [criação e pesquisa cênica] também fez a direção dos solos (2016) "Pulso", a partir da vida e da obra de Sylvia Plath, (2016) "A Dor", a partir de La Douleur de Marguerite Duras e, "Rosa Choque" (2021), poema cênico musical virtual da dramaturga Dione Carlos. 

Realizou "As Cartas de Agnès" cine-ensaio a partir da obra da cineasta Agnès Varda, apresentado no Festival CASA em Londres (2019). e, no último mês estava em cartaz com o espetáculo "Humilhação", com direção Lucas Mayor e Marcos Gomes. 


Sobre o VULCÃO [criação e pesquisa cênica]
Com o objetivo de colocar para fora o que lhes ferve por dentro, o VULCÃO [criação e pesquisa cênica] deseja aproximar diferentes linguagens, unindo dança ao teatro, literatura e vídeo e vê como motor catalisador – principal e determinante – o trabalho da/o intérprete. O VULCÃO tem desenvolvido projetos de investigação teatral a partir do deslocamento da literatura para a cena e da dramaturgia contemporânea de mulheres. Debruçando sobre o tema do espaço social da mulher, realizou obras a partir da obra de grandes autoras do século XX, como Clarice Lispector, Sylvia Plath, Marguerite Duras e Virginia Woolf.

Esteve como residente artístico do Programa Obras em Construção da Casa das Caldeiras, promoveu treinamento para artistas e desenvolveu ações reflexivas como o jantar-pensamento R U M I N A R. Os espetáculos criados fizeram diversas temporadas na cidade de São Paulo e em São Caetano do Sul, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro. Festivais presenciais e on-line permitiram extrapolar fronteiras mais distantes. Desde 2018, o VULCÃO [criação e pesquisa cênica] tem parceria com a produtora Corpo Rastreado. 


Ficha técnica
"Águas do Mundo"
Proposição, dramaturgismo, interpretação e direção:
Vanessa Bruno
Assistente de direção: Luiz Felipe Bianchini
Preparação vocal: Paula Mihran
Preparação musical: Zeca Loureiro
Cenário, adereços e figurinos: Anne Cerrutti
Cenotécnica: Diego Dac
Trilha sonora: Edson Secco
Iluminação: Fernanda Guedella
Vídeos: Gabriela Rocha
Voz gravada: Fabrício Licursi
Produção: Corpo Rastreado | Lud Picosque  e Anderson Vieira
Apoio: Casa das Caldeiras e Jarro
Realização: VULCÃO [criação e pesquisa cênica]
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto Comunicação | Márcia Marques


Serviço
"Águas do Mundo" - a partir da obra de Clarice Lispector
Duração:
50 minutos
Classificação etária indicativa: 12 anos

Teatro Alfredo Mesquita
Dia 3 a 5 de março, sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 19h
* Dia 4 de março haverá tradução em libras
Endereço: Av. Santos Dumont, 1770 - Santana
Ingresso: gratuito - retirar na bilheteria uma hora antes do espetáculo
*Logo após as apresentações, estão programados debates com a mediadora e professora Gisa Picosque (3 de março), e dramaturgue e performe Cy Andrade (4 de março) e a escritora Aline Bei (5 de março)


Teatro Paulo Eiró
Dia 10 a 12 de março, sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 19h
* Dia 12 de março haverá tradução em libras
Endereço: Av. Adolfo Pinheiro, 765, Santo Amaro
Ingresso: gratuito - retirar na bilheteria uma hora antes do espetáculo
*Logo após as apresentações, estão programados debates com a professora e encenadora Verônica Veloso (10 de março), a atriz, diretora, roteirista e dramaturga Michelle Ferreira (11 de março) e a atriz e encenadora Mariana Nunes (12 de março)


Centro Cultural da Diversidade
Dias 17 a 19 de março, sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h
* Dia 18 de março haverá tradução em libras
Endereço: R. Lopes Neto, 206, Itaim Bibi
Ingresso: gratuito - retirar na bilheteria uma hora antes do espetáculo
*Logo após as apresentações, estão programados debates com a jornalista e dramaturga Silvia Gomez (17 de março), a jornalista e escritora especializada na cobertura de violência contra a mulher Cris Fibe (18 de março) e a mestre e doutora em Letras Eliane Fittipaldi (19 de março) 


Centro Cultural São Paulo - Espaço Cênico Ademar Guerra
Dias 24 a 26 de março, sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h
* Dia 25 de março haverá tradução em libras
Endereço: Rua Vergueiro, 1000, Paraíso
Ingresso: gratuito - retirar na bilheteria uma hora antes do espetáculo
*Logo após as apresentações, estão programados debates com o bibliotecário e dramaurgo Uelitom Santos (24 de março) e a artista e desenhista Vitória Lopes (25 de março)


Teatro Flávio Império
Dias 29 de março e 5 de abril, quartas, às 19h
* Dia 29 de março haverá tradução em libras
Endereço: R. Prof. Alves Pedroso, 600, Cangaíba
Ingresso: gratuito - retirar na bilheteria uma hora antes do espetáculo
*Logo após as apresentações, estão programados debates com a atriz e influencer Tarcila Tanhãs (29 de março) e com um convidado a confirmar no dia 5 de abril

.: Grátis: "Brincar de Pensar" explora oito contos de Clarice Lispector no teatro


Com direção e concepção de Vanessa Bruno, espetáculo infanto-juvenil celebra 10 anos e retrata o fim da infância e o começo da adolescência com delicadeza e poesia. Foto: Bob Sousa

 

As singelas descobertas da infância, bem naquele momento de virada para a adolescência, são o mote do espetáculo "Brincar de Pensar", baseado em contos da escritora Clarice Lispector no palco para pessoas grandes ou pequenas, que faz novas temporadas, todas gratuitas, em cinco teatros municipais de São Paulo entre os dias 4 de março e 5 de abril. Haverá sessões com tradução em libras.

Dirigido e concebido por Vanessa Bruno, idealizadora do VULCÃO [criação e pesquisa cênica] e pesquisadora da transposição da literatura para cena, o espetáculo completa dez anos de circulação nos palcos brasileiros e, em 2014, sucesso de público, esteve nas listas dos melhores espetáculos para a infância e a juventude feita pela crítica especializada.

A peça é um convite à imaginação. A partir de oito contos e crônicas publicados por Clarice Lispector no Jornal do Brasil entre 1967 e 1973, o público é estimulado a inventar, filosofar e sentir, revisitando suas memórias de maneira doce e singela. “Essas histórias não foram escritas para crianças. Clarice se inspirou nas suas lembranças de infância e na observação dos seus filhos para desenvolvê-las. É por isso que essas narrativas ecoam tão bem nos corações de pessoas de várias idades”, conta Vanessa Bruno. Para Isabel Wilker, uma das atrizes do espetáculo, o processo de criação foi como voltar no tempo e relembrar seus sonhos de infância de um jeito bastante intenso. Para ajudar a transpor esses contos para o palco, o VULCÃO contou com o apoio dramatúrgico de Michelle Ferreira.

Sonhos, imaginação, memória e filosofia
Na trama, Marília (Isabel Wilker) recebe um presente inesperado e anônimo que desperta sua imaginação e permite que Outrem (Luiz Felipe Bianchini) e sua parceira (Carol Marques da Costa) saiam do empoeirado sótão para brincar de pensar, imaginar, lembrar e criar através das palavras. É tudo muito mágico!

A cada conto, um “pedaço de memória” é resgatado pela protagonista. Em “Felicidade Clandestina”, uma menina de oito anos apaixonada por literatura implora para a filha do dono de uma livraria emprestar os livros que ela não lia. Em “Restos do Carnaval”, uma garota deseja ir pela primeira vez a um baile de carnaval. “Come, Meu Filho” revela um diálogo irreverente entre uma mãe e seu filho. Já “Sou Uma Pergunta?” reúne dezenas de questionamentos sobre cores, crenças, situações e comportamentos.

Em “Uma Esperança”, mãe e filho dão de cara com um inseto verde chamado esperança e com uma enorme aranha. “Das Vantagens de ser Bobo” narra observações entre o esperto e o bobo. “Se Eu Fosse Eu” imagina como tudo seria diferente se cada um fosse si mesmo. Por fim, em “Brincar de Pensar” o público é apresentado aos prazeres e divertimentos do ato de pensar.


Sobre a encenação
Os espectadores assistem à obra como se estivessem virando as páginas de um livro. Isso porque a narração foi construída de maneira fragmentada e sobreposta, em episódios, e, ao mesmo tempo em que os intérpretes contam e vivem as suas aventuras, eles adicionam elementos ao cenário, como uma máquina de escrever ou um telefone de disco.

"Brincar de Pensar" utiliza a linguagem multimídia para potencializar o trabalho. Lucas Pretti e Rafael Frazão criaram diversas intervenções em vídeo hiper coloridas, inspiradas nas pinturas surrealistas de Chagall. Os figurinos e adereços assinados por Ronaldo Dimer, bem como a iluminação de Fernanda Guedelha, mantém essa atmosfera divertida e com uma profusão de cores.

A trilha sonora, especialmente composta para o espetáculo por Edson Secco, garante um clima misterioso e delicado para a trama. E, ao lado de Tatiana Parra e Fábio Barros, o compositor musicou o conto “Sou uma Pergunta?”. O projeto foi contemplado pela 15 edição do Prêmio Zé Renato que inclui a circulação também da temporada gratuita da peça adulta Águas do Mundo, baseada em trechos do romance "Uma Aprendizagem ou Livro dos Prazeres”, de Clarice Lispector, nos teatros municipais de São Paulo entre os dias 04 de março e 05 de abril. Ao final de todas as apresentações a equipe recebe uma convidada para desdobrar sentidos da obra com o público.


Sinopse
Em “Brincar de Pensar”, a personagem Marília (Isabel Wilker) recebe um presente inesperado e anônimo que desperta sua imaginação e permite que Outrem (Luiz Felipe Bianchini) e sua parceira (Carol Marques da Costa) saiam do empoeirado sótão para brincar de pensar, imaginar, lembrar e criar através das palavras.


Direção e concepção
Propositora do VULCÃO [criação e pesquisa cênica], atriz e diretora teatral, Vanessa Bruno é bacharel em Cinema pela FAAP e Mestre em Artes Cênicas pela Universidade São Paulo (ECA-USP). Recentemente dirigiu "Gesto" no Centro de Pesquisa Teatral (CPT), espaço que era coordenado por Antunes Filho e, que desde 2004, estava envolvida. Sob direção de Antunes, atuou em (2008) “Prét-à-Porter 9” (Projeto ganhador do Prêmio Shell - categoria especial) e (2006) “Pedra do Reino” (melhor espetáculo nos prêmios Bravo!Prime, APCA e Contigo!), participou ativamente das reuniões teóricas e filosóficas e ministrou, desde 2010, aulas de retórica, teoria para atores no curso Introdução ao Método do Ator (CPTzinho).

A partir da direção de espetáculos com literatura de Clarice Lispector desenvolveu no Centro de Pesquisa em Experimentação Cênica do Ator (CEPECA, ECA/USP) pesquisa prática acadêmica descrevendo procedimentos para o ator trabalhar com literatura de Lispector no palco. Com esta investigação, realizou vários workshops, entre eles, “Experimento Literatura na Cena” na Universidade da Costa Ricca.

Sobre o VULCÃO [criação e pesquisa cênica]
Com o objetivo de colocar para fora o que lhes ferve por dentro, o VULCÃO [criação e pesquisa cênica] deseja aproximar diferentes linguagens, unindo dança ao teatro, literatura e vídeo e vê como motor catalisador – principal e determinante – o trabalho da/o intérprete. O VULCÃO tem desenvolvido projetos de investigação teatral a partir do deslocamento da literatura para a cena e da dramaturgia contemporânea de mulheres. Debruçando sobre o tema do espaço social da mulher, realizou obras a partir da obra de grandes autoras do século XX, como Clarice Lispector, Sylvia Plath, Marguerite Duras e Virginia Woolf.

Esteve como residente artístico do Programa Obras em Construção da Casa das Caldeiras, promoveu treinamento para artistas e desenvolveu ações reflexivas como o jantar-pensamento R U M I N A R. Os espetáculos criados fizeram diversas temporadas na cidade de São Paulo e em São Caetano do Sul, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro. Festivais presenciais e on-line permitiram extrapolar fronteiras mais distantes. Desde 2018, o VULCÃO [criação e pesquisa cênica] tem parceria com a produtora Corpo Rastreado.


Ficha técnica
"Brincar de Pensar"
Proposição, concepção e direção:
Vanessa Bruno
Elenco: Carol Marques da Costa, Isabel Wilker e Luiz Felipe Bianchini
Apoio dramatúrgico: Michelle Ferreira
Produção multimídia: Lucas Pretti e Rafael Frazão
Figurinos e adereços: Ronaldo Dimer
Composição e execução da canção tema: Tatiana Parra e Fábio Barros
Trilha sonora: Edson Secco
Operação de som e projeção: Lenon Mondini
Fotos: Bob Sousa
Iluminação: Fernanda Guedelha
Produção: Corpo Rastreado | Lud Picosque e Anderson Vieira
Realização: VULCÃO [criação e pesquisa cênica]
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto Comunicação | Márcia Marques


Serviço
"Brincar de Pensar"
Duração:
50 minutos
Classificação: Livre - indicado para crianças a partir de nove anos.


Teatro Alfredo Mesquita
Dias 4 e 5 de março, sábado e domingo, às 16h
* Dia 4 de março haverá tradução em libras
Endereço: Av. Santos Dumont, 1770 - Santana
Ingresso: gratuito - retirar na bilheteria uma hora antes do espetáculo
*Logo após as apresentações, estão programados debates com a diretora Cristiane Paoli-Quito (4 de março) e o encenador e contador de histórias Victor Cantagesso (5 de março)


Teatro Paulo Eiró
Dias 11 e 12 de março, sábado e domingo, às 16h
* Dia 12 de março haverá tradução em libras
Endereço: Av. Adolfo Pinheiro, 765, Santo Amaro
Ingresso: gratuito - retirar na bilheteria uma hora antes do espetáculo
*Logo após as apresentações, estão programados debates com a dramaturga e atriz Andrezza Czech (11 de março) e a consultora em acessibilidade Livia Motta (12 de março)

Centro Cultural da Diversidade
Dias 21 e 22 de março, terça e quarta, às 11h
* Dia 22 de março haverá tradução em libras
Endereço: R. Lopes Neto, 206, Itaim Bibi
Ingresso: gratuito - retirar na bilheteria uma hora antes do espetáculo
*Logo após as apresentações, estão programados debates com a dramaturga e escritora de livros infantis Fernanda Suaiden (21 de março) e com um convidado a confirmar no dia 22 de março


Centro Cultural São Paulo - Espaço Cênico Ademar Guerra
Dias 24, 25 e 26 de março, de sexta a domingo, às 16h
* Dia 25 de março haverá tradução em libras
Endereço: Rua Vergueiro, 1000, Paraíso
Ingresso: gratuito - retirar na bilheteria uma hora antes do espetáculo
*Logo após as apresentações, estão programados debates com a psicóloga e professora Cris Torres (25 de março) e o ator e influencer Odilon Esteves (26 de março)


Teatro Flávio Império
Dia 29 de março e 5 de abril, quartas, às 14h
* Dia 29 de março haverá tradução em libras
Endereço: R. Prof. Alves Pedroso, 600, Cangaíba
Ingresso: gratuito - retirar na bilheteria uma hora antes do espetáculo
*Logo após as apresentações, estão programados debates com convidados a confirmar


.: Cor e luz no acervo do MAM SP: nova exposição traz recorte da arte abstrata


Lothar Charoux, Círculos V, 1971. Guache e acrílica sobre papel colado sobre madeira. Coleção MAM São Paulo. Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo - Panorama 1971. Com curadoria de Cauê Alves e Fábio Magalhães, a exposição Diálogos com cor e luz leva à Sala Paulo Figueiredo mais de 70 obras de artistas como Abraham Palatnik, Alfredo Volpi, Lygia Clark, Tomie Ohtake e Paulo Pasta. Na ocasião da abertura, o MAM lança o catálogo da mostra


O Museu de Arte Moderna de São Paulo estreia em 2 de março, na Sala Paulo Figueiredo, a exposição Diálogos com cor e luz. Com curadoria de Cauê Alves e Fábio Magalhães, a mostra traz um recorte da arte abstrata na coleção do MAM, com foco nas relações entre cor e luz na pintura brasileira da segunda metade do século 20.

O corpo da exposição é formado por pinturas dos artistas Abraham Palatnik, Alfredo Volpi, Almir Mavignier, Amelia Toledo, Arthur Luiz Piza, Cássio Michalany, Hermelindo Fiaminghi, Lothar Charoux, Luiz Aquila,  Lygia Clark, Manabu Mabe, Marco Giannotti, Maria Leontina, Maurício Nogueira Lima, Mira Schendel, Paulo Pasta, Rubem Valentim, Sérgio Sister, Takashi Fukushima, Thomaz Ianelli, Tomie Ohtake, Wega Nery e Yolanda Mohalyi.

“A exposição trata da sensibilidade cromática, dos campos de vibração de luz e da temporalidade, assim como da construção de espaços e atmosferas a partir da cor”, explica Cauê Alves, curador-chefe do MAM. “Agrupamos no espaço várias gerações de artistas, sem privilegiar tendências nem estabelecer ordem cronológica. Misturamos tempos e linguagens, para incentivar nosso olhar à percepção de semelhanças e diferenças entre as várias poéticas visuais nos diversos tratamentos da luz e da cor”, completa Fábio Magalhães, membro do conselho do MAM São Paulo.

A expografia realizada pelo arquiteto Haron Cohen dividiu a Sala Paulo Figueiredo com painéis radiais, em referência ao disco de cores, um experimento óptico de Isaac Newton (1643-1727) publicado em 1707 em seu livro Opticks. Na publicação, o matemático e físico  inglês demonstra, por meio de um disco de sete cores (vermelho, violeta, azul índigo, azul ciano, verde, amarelo e laranja), sua teoria de que a luz branca do Sol é formada pelos matizes do arco-íris.

A curadoria busca trazer ao público a cor e a luz  como expressões autônomas, como valores em si mesmas, e não como algo que busca representar ou estabelecer relações de similitude com o mundo real – o azul do céu, por exemplo. “Na pintura abstrata, há múltiplas abordagens de cor e luz como linguagem pictórica: de harmonia, ruptura, contraste, continuidade, complementaridade, variação tonal e vibração, entre tantas outras formas de expressão. A luz estabelece as tonalidades e atua nas relações cromáticas e na construção do espaço”, explica Magalhães.

Abraham Palatnik, em seu Aparelho Cinecromático (1969/86), apresenta cores-luzes em movimentos construídos a partir de máquinas e lâmpadas, enquanto outros artistas mais próximos da tradição construtiva e da op art, como Hermelindo Fiaminghi, Lothar Charoux e Maurício Nogueira Lima, se valem de formas geométricas e cores mais estáveis para estruturar suas composições. Com certa recorrência, Charoux explora fundos escuros e sombras de onde surgem raios luminosos. Seja de modo mais gráfico, como nos cartazes de Almir Mavignier, seja na simbologia de matriz africana de Rubem Valentim, a cor estrutura a composição. 

Mira Schendel utiliza elementos gráficos em sua composição, mas, como explica Alves em seu texto curatorial, não renuncia ao ecoline nem à luz da folha de ouro para tratar de questões metafísicas. Já a tela Branco (1995), de Amélia Toledo, traz uma luz que emana do encontro da tinta com a textura da tela. Arthur Luiz Piza obtém a luz em suas gravuras por meio de incisões geométricas em placas de metal; algumas se assemelham a mosaicos e transbordam para o espaço tridimensional. Alfredo Volpi, o mestre da cor, principalmente com seus mastros e quadriculados, insinua movimentos e veladuras sobre a tela, fazendo com que quadrados ou retângulos se deformem. O verde luminoso de Composição (1953), de Lygia Clark – do momento inicial de sua trajetória, quando ela se dedicou à pintura –, contrasta com as linhas e as formas claras e escuras que flutuam na tela.

Ainda segundo o curador, Maria Leontina e Tomie Ohtake também se aproximam de modo sensorial da geometria, e a cor é um dos fundamentos de suas pinturas. Leontina se vale de planos de cor e movimentos para imprimir uma dimensão temporal a seu trabalho. Já Ohtake, em especial na grande tela de 1989, usa contornos irregulares para dar forma a um círculo iluminado que pulsa de um fundo azul profundo, indicando um movimento de expansão de um possível corpo celeste. Manabu Mabe, Takashi Fukushima, Luiz Aquila e Thomaz Ianelli se aproximam do informe, de um universo da caligrafia, numa abstração ora mais espontânea, ora mais controlada. Os movimentos e gestos evidentes em seus trabalhos guardam a cor e a luz como alicerces que sustentam o conjunto. Wega Nery e Yolanda Mohalyi se aproximam de uma abstração expressionista, lírica e gestual, mesmo que possa existir uma dimensão projetual em suas telas, com manchas mais retangulares.

Cássio Michalany, em vez de pintar formas, faz com que o chassi de sua pintura indique o formato da tela. Com poucos elementos, uma única cor homogênea assume o protagonismo de seu trabalho. Sérgio Sister chama atenção para o plano, e sua pintura explora texturas, brilhos e luminosidades que guiam o olhar do observador. Paulo Pasta trabalha as relações entre tons, cores e luzes a partir de formas recorrentes em sua obra, uma espécie de colunas. Por meio de composições equilibradas, é como se o tempo fosse momentaneamente suspenso até que a espessura das cores e das luzes seja efetivamente percebida. As pinturas de Marco Giannotti, um estudioso da cor, ficam entre a figuração e a abstração e exploram imagens de janelas, grades e estruturas das quais emanam luzes que parecem vir do interior da tela.

“Em uma  época em que os discursos e as narrativas estão entranhados no interior da produção artística, em que inclusive as cores parecem ser dominadas por sentidos objetivos que a determinam tanto política quanto simbolicamente, reafirmar sua autonomia pode parecer algo retrógrado. Entretanto, os diálogos com a cor e a luz, assim como com os vínculos da cor com o espaço, a estrutura e o tempo, podem ampliar as possibilidades de compreensão da arte além do aqui e agora e recolocar a ambiguidade e a abertura de sentidos da arte”, reflete Cauê Alves.

Magalhães relembra ainda que,  no século passado, o MAM São Paulo desempenhou um papel significativo na introdução e na difusão das tendências abstracionistas no Brasil. “Dois exemplos merecem ser citados: a mostra inaugural do museu, Do Figurativismo ao Abstracionismo, realizada em março de 1949 por Léon Degand (1907-1958) - que contrariou o próprio título ao reunir apenas obras abstratas, entre elas cinco telas de W. Kandinsky –, e a exposição Ruptura, em dezembro de 1952, que deu início ao movimento concretista na arte brasileira, com a publicação de seu manifesto”, ele conta.

Na ocasião da abertura, dia 2 de março, o MAM lança o catálogo bilíngue da exposição, com textos em português e inglês, e a reprodução integral de imagens das 73 obras. A publicação reúne textos assinados por Elizabeth Machado, presidente do MAM, Cauê Alves, curador-chefe do museu, e Fábio Magalhães, conselheiro do museu e curador da exposição. Além das imagens e textos, o catálogo também apresenta a reprodução de um desenho do arquiteto Haron Cohen, referente ao projeto expográfico que desenvolveu para a exposição. "Diálogos com Cor e Luz" integra uma programação de comemorações do MAM, com os 75 anos do museu e os 30 anos de seu Jardim de Esculturas. 


Sobre o MAM São Paulo
Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Sua coleção conta com mais de 5 mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas. 

O Museu mantém uma ampla grade de atividades que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos por meio de visitas mediadas em libras, audiodescrição das obras e videoguias em Libras. O acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo.

Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos com a marca MAM. Os espaços do Museu se integram visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx e Haruyoshi Ono para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com necessidades especiais.


Serviço
"Diálogos com Cor e Luz"
[coletiva com  Abraham Palatnik, Alfredo Volpi, Almir Mavignier, Amelia Toledo, Arthur Luiz Piza, Cássio Michalany,  Hermelindo Fiaminghi, Lothar Charoux, Luiz Aquila,  Lygia Clark, Manabu Mabe, Marco Giannotti, Maria Leontina, Maurício Nogueira Lima, Mira Schendel, Paulo Pasta, Rubem Valentim, Sérgio Sister, Takashi Fukushima, Thomaz Ianelli, Tomie Ohtake, Wega Nery e Yolanda Mohalyi]
Abertura: 2 de março, quinta-feira, às 19h
Período expositivo: 2 de março a 28 de maio de 2023
Curadoria: Cauê Alves e Fábio Magalhães
Local: Museu de Arte Moderna de São Paulo, Sala Paulo Figueiredo
Endereço: Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Portões 1 e 3)
Horários: terça a domingo, das 10h às 18h (com a última entrada às 17h30)
Ingressos: R$ 25 (inteira) e R$12,50 (meia-entrada). Aos domingos, a entrada é gratuita e o visitante pode contribuir com o valor que quiser.

*Meia-entrada para estudantes, com identificação; jovens de baixa renda e idosos (+60). Gratuidade para crianças menores de 10 anos; pessoas com deficiência e acompanhante; professores e diretores da rede pública estadual e municipal de São Paulo, com identificação; sócios e alunos do MAM; funcionários das empresas parceiras e museus; membros do ICOM, AICA e ABCA, com identificação; funcionários da SPTuris e funcionários da Secretaria Municipal de Cultura.


Telefone: (11) 5085-1300
Acesso para pessoas com deficiência
Restaurante/café
Ar-condicionado

domingo, 26 de fevereiro de 2023

.: Crítica: "A Baleia" é detestado porque críticos de cinema odeiam teatro


Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

Como restabelecer um vínculo com quem você abandonou quando se está nas últimas? Esse é um dos questionamentos de "A Baleia" ("The Whale"), em cartaz na rede Cineflix. Há diversas constatações quando se assiste ao filme. Uma delas é: as pessoas fazem coisas horríveis quando estão apaixonadas. O drama dificilmente será superado como o filme do ano - e não é possível entender as críticas que vem recebendo, já que o longa-metragem, baseado na peça teatral homônima de Samuel D. Hunter, é teatro puro em formato de filme bom.

A crítica especializada torceu o nariz, pois queria menos teatro e mais cinema - mesmo em uma história que se passa na casa do personagem. Ao que tudo indica, quem escreve sobre o assunto, embora finja o contrário para parecer culto, não suporta ir ao teatro - por isso a ojeriza ao filme e uma série de bobajadas relacionadas à acusação de gordofobia na obra. Parece que os especialistas que escrevem sobre o assunto apenas leem uns aos outros e, para parecer de fato que são "críticos" de alguma coisa, ficam buscando "pelo em ovo" e se repetindo a ponto de não terem um pingo de personalidade - gostar de algo que está sendo criticado por um veículo de grande popularidade é proibitivo para esse tipo de gente. O resultado é uma coleção de críticas pasteurizadas que parecem ter sido escritas pela mesma pessoa.

O único consenso positivo, de acordo com eles, é a atuação de Brendan Fraser como o protagonista. Eles no entanto se esquecem que o ator está rodeado de bons parceiros de cena - a filha, principalmente (Sadie Sink, a Max de "Stranger Things"), a amiga (Hong Chau), o rapaz que o visita esporadicamente (Ty Simpkins), a ex-mulher (Samantha Morton) e até o entregador de pizzas (Sathya Sridharan) em uma participação pequeniníssima, mas desoladora. Ninguém nesse filme está a passeio. 

Brendan Fraser, no entanto, alcança o sublime de seu lado artístico ao interpretar um professor de literatura que abandonou a filha de oito anos e a mulher para viver com o amante - um ex-aluno. Só essa informação faz desse personagem um monstro, mas é ao contrário: com 270 quilos, ele é um homem apaixonante, com um olhar de coitado que parecem pedaços de mar e alguém que sempre pede desculpas a todos os que o rodeiam. À primeira vista, execráveis são as abandonadas que, na verdade, também não são tão desprezíveis assim. Todos têm um contexto e uma motivação para fazerem o que fazem - mesmo quando as atitudes, motivadas por vingança, não se justificam.

"A Baleia" faz pensar o abandono de outras pessoas e de si próprio. O espectador presencia o momento crucial de quando alguém paga pelas escolhas feitas no passado e conscientemente quer se matar sem tomar uma decisão extrema. Porque, em algum momento da vida, inevitavelmente, as pessoas abandonam aqueles que amam para se arrepender depois. Por que todos continuam sendo tão burros e repetitivos? Por que resolvem voltar, e por que isso sempre acontece? 

Conscientemente, a comida é a arma letal do personagem. É agoniante ver, diante das telas, alguém com obesidade mórbida devorar tantas gostosuras calóricas, mesmo tendo a certeza de que vai fazer mal - a vontade é invadir o filme e obrigá-lo a ir ao hospital. Ele se recusa porque quer deixar uma herança a quem não merece - um exemplo do que a culpa faz com as pessoas: torna-as idiotas.

O alimento é o vilão e o alívio do protagonista em um filme tenso que se passa entre quatro paredes e outros cômodos de uma casa. Chove do lado de fora quase sempre. A chuva é o estado de espírito de todos. Quando o personagem se frustra, é na alimentação que encontra algum tipo de consolo. Ele é a personificação da baleia "Moby Dick", citada durante todo o longa-metragem. É um trocadilho péssimo com a forma física de alguém que precisa de ajuda, mas é mais do que isso.

Quanto mais ele come, mais se afoga. A filha, por sua vez, é um mar de mágoas e a metáfora de um peixe fora d'água. No final das contas, é uma aula sobre como escrever bem e de como se utiliza a técnica, mesmo quando se atravessa turbulências, para concluir trabalhos e linhas de raciocínio. "Use a verdade, na vida e no que você está expressando", ecoa o filme para depois do fim. Quando o sol aparece é pela redenção de um pai diante da filha. A morte é o renascimento para ambos. Eles representam um final feliz que não vai acontecer, mas que é o único possível.


Resenhando no Cineflix
Os críticos de cinema do portal Resenhando.com assistem as estreias dos filmes no 
Cineflix Santos, que fica Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, Gonzaga, em Santos, no litoral de São Paulo. Confira os dias, horários e sinopses dos filmes para você ficar por dentro de tudo o que acontece no mundo do cinema. Programação do Cineflix em outras localidades neste link ou no app Cineflix.


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.: O relançamento de "Moby Dick": edição de luxo com ilustrações e extras

.: Livro “Textos Cruéis Demais” ganha adaptação para o teatro em São Paulo


Após atravessarmos um período de retrocessos para a população LGBTQIAP+ no país, peça dirigida pelo diretor e roteirista Carlos Jardim joga luz sobre a importância de se contar nos palcos histórias de amor homossexual. Foto: Carlos Costa

"Textos Cruéis Demais - Quando o Amor te Vira pelo Avesso", adaptação para os palcos do livro fenômeno de vendas "Textos Cruéis Demais para Serem Lidos Rapidamente", estreia no Teatro Sérgio Cardoso, equipamento da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e gerido pela Amigos da Arte, em São Paulo, no dia 3 de março. 

Escrita e dirigida por Carlos Jardim, a peça conta a história de Pedro (Edmundo Vitor) que tenta se reerguer após o término de seu tórrido relacionamento com Fábio (Felipe Barreto). A peça, que fica em cartaz entre 3 e 26 de março, de sexta a domingo, também traz composições inéditas, criadas especialmente para o espetáculo por Carlos Jardim e Liliane Secco. 

A escrita de Igor Pires, autor do livro, está intimamente ligada ao mundo hiper conectado nas redes sociais. Seu livro de estreia,"Textos Cruéis Demais para Serem Lidos Rapidamente", vendeu meio milhão de exemplares e motivou o projeto TCD nas redes sociais, que tem quatro milhões de seguidores. Igor está lançando o quinto volume da série ao mesmo tempo em que sua primeira história chega aos palcos com "Textos Cruéis Demais - Quando o Amor te Vira pelo Avesso". 

"Li uma reportagem sobre o livro e achei muito interessante que um jovem de vinte e poucos anos tivesse escrito histórias de amor tão intensas e ainda em forma de poesia. Logo percebi a força daqueles sentimentos, e como isso poderia ficar forte no palco", relembra Carlos Jardim, que estreia na direção teatral após assinar roteiro e direção do bem-sucedido documentário "Maria - Ninguém Sabe Quem Sou Eu", sobre a cantora Maria Bethânia, cuja bilheteria acumula mais de 20 mil espectadores, tornando-se o documentário nacional mais assistido dos últimos quatro anos.

Ainda que a história contada na peça seja um retrato dos relacionamentos atuais da juventude, os sentimentos que movem Pedro (Edmundo Vitor) são absolutamente atemporais. Devastado com o término de um tórrido e turbulento relacionamento, ele relembra seus momentos com Fábio (Felipe Barreto) e compartilha uma série de confissões, dores, reflexões e lembranças com a plateia. Em alguns momentos, empunha o violão e também apresenta canções inéditas, compostas especialmente para o espetáculo.

Quando Jardim leu o livro, percebeu que o texto era muito sonoro, e logo veio a ideia de ter música na peça. As composições são uma parceria dele com Liliane Secco, conhecida musicista e também muito presente no universo teatral, que elaborou os arranjos e a direção musical da peça. Igor Pires entra como parceiro em duas músicas. Como frisa o diretor, a atual montagem não é um musical, mas uma peça com música, em que os números ajudam a contar mais sobre os personagens e suas emoções.

"Igor foi incrível, me deu total liberdade para adaptar a história", lembra Jardim. Uma das grandes diferenças será a presença do ex-namorado do personagem em cena. "O livro me pareceu um grande desabafo do Igor depois de ser deixado pelo namorado. Mas só o Igor tem voz na narrativa. Fiquei imaginando quem seria a pessoa que motivou tanta dor e tantos poemas lindos! Criei então o outro personagem, que não existe no livro", conta o diretor, que ressalta a importância de se contar uma história de amor homossexual depois de todo o período de avanço do conservadorismo no país. 

Igor Pires faz coro a Jardim: "Existe uma necessidade de que histórias de amor como esta sejam contadas, especialmente porque o público pode se relacionar em um lugar comum, e acredito que o livro e o espetáculo proporcionarão tamanha identificação".

Edmundo Vitor, que interpreta o protagonista Pedro, vai além: "Amar é um ato de coragem e entrega! Essa é uma história que mostra a vulnerabilidade de quem se entrega ao amor por completo. Ainda é, sim, importante falar de amor, principalmente nesses tempos tão obscuros e turbulentos com tanta homofobia, ódio e racismo, e essa é uma forma poética de trazer luz e reflexões sobre o turbilhão de emoções que o amor provoca". A celebração da diversidade estará presente também na sessão de estreia do espetáculo, no dia 03/03, quando o bloco Explode Coração fará uma apresentação especial no teatro. Compre o livro "Textos Cruéis Demais para Serem Lidos Rapidamente" neste link.


Ficha técnica
"Textos Cruéis Demais - Quando o Amor te Vira pelo Avesso"
Livremente inspirado no livro 
"Textos Cruéis Demais para Serem Lidos Rapidamente", de Igor Pires
Texto e direção: Carlos Jardim
Elenco: Edmundo Vitor e Felipe Barreto
Assistente de direção e direção de movimento: Flávia Rinaldi
Direção musical, trilha original e arranjos: Liliane Secco
Direção de produção: Gaby de Saboya
Cenografia e figurino: Marieta Spada
Iluminação: Paulo Denizot
Produção: Leila Alvarenga
Operador de som: Consuelo Barros
Assessoria de imprensa: Approach Comunicação 
Social Media: Clara Corrêa
Assessoria jurídica: Berenice Sofiete
Controller financeiro: Fernanda Lira
Fotógrafo: Carlos Costa


Serviço:
"Textos Cruéis Demais - Quando o Amor te Vira pelo Avesso"
Local:
Teatro Sérgio Cardoso. 
Data: de 3 a 26 de março.
Dias: 3, 4 e 5, 10, 11, 12, 17, 18, 19, 24, 25 e 26.
Horário: 19h. 
Ingressos: R$ 50 (inteira) | R$ 25 (meia-entrada). Ingressos pelo sistema Sympla.
Duração: 60 minutos.
Capacidade: 143 lugares + 6 espaços de cadeirantes.
Classificação: 16 anos.


.: Teatro: "A Mulher Descoberta": como é morrer e presenciar as reações?


“A Mulher Descoberta”, que estreia dia 4 de março, no Espaço dos Parlapatões, é um monólogo curto de uma hora de duração, que faz da plateia testemunha da experiência hipotética e inusitada vivida pela protagonista: morrer e presenciar as reações do marido, Márcio, nas primeiras horas pós-morte.

O espetáculo marca a estreia do dramaturgo Walter Macedo Filho, do Centro de Pesquisa Teatral (CPT), coordenado por Antunes Filho e da atriz Adriana Karla Rodrigues nos palcos paulistanos. Lilian Frazão, Myrian Romero, Silvia Gomez, Michele Ferreira e Antonio Januzelli (Janô) estão entre os convidados das Conversas Artístico Psicológicas que acontecem após as apresentações, com mediação de Rodrigo Mercadante, Fátima Martucelli e Marcelo Braga.

No relato visceral dessa experiência, a personagem conta sua história de um ponto de vista pós-morte, ela compartilha com o público os caminhos percorridos pelo casal até aquele derradeiro encontro, confessando as entranhas da relação de 39 anos e o percurso de altos e baixos até ali. A narrativa, descrita sob lente feminina, envolve a plateia numa atmosfera de empatia e cumplicidade, com um depoimento extremamente verdadeiro e arquetípico de situações e sentimentos comuns a qualquer casal que vive um longo relacionamento.

Uma viagem reveladora das relações conjugais entrincheiradas ou endurecidas, das idiossincrasias individuais, dos descuidos que minam a intimidade. Com desdobramento surpreendente, esse caminho deságua na explosão de desejos contidos e inconfessáveis e de tomadas de decisões que permeiam um “morrer em vida”, um descobrir-se após uma revisão do que se viveu, tangenciando com as mais diversas relações íntimas que travamos ao longo da vida.

A montagem compartilha com os espectadores a pesquisa de uma linguagem física, explorada a cada gesto, a cada silêncio, por Ana Amelia Vianna e Adriana Karla, procurando despertar uma identificação com o corpo vivo, real. Temos em cena um corpo maduro, de uma atriz de 55 anos, que se entrega na descoberta de suas possibilidades de expressão para além da palavra e de forma visceral.

O dramaturgo Walter Macedo Filho reconhece que os conceitos e pensamentos do diretor Antunes Filho em torno do fazer teatral exercem grande influência em suas criações. “Foram mais de duas décadas de convivência entre mestre e discípulo e três anos de trabalho intenso no Círculo de Dramaturgia do Centro de Pesquisa Teatral. Como resultado dessa parceria, o autor e diretor de A Mulher Descoberta cultiva esse profundo respeito pelo trabalho do ator”, conclui.

"Estar em cena com 'A Mulher Descoberta     me faz olhar para a minha trajetória de vida, ajustar rumos, buscar cada vez mais autenticidade e me compreender enquanto corpo que envelhece sim, mas que pulsa vida nesse processo, e descobre o que é ser na própria pele …”, revela Adriana Karla.

A “Cia Tarja Preta” é formada pelo trio de artistas Walter Macedo Filho; Adriana Karla Rodrigues e Ana Amélia Vianna e surgiu do desejo comum de ampliar as reflexões sobre arte e emaranhamentos com a saúde mental, como temas existencialistas, relações humanas, adoecimentos psíquicos, medicalização, relacionamentos tóxicos, morte e formas de estar no mundo.

Ao final de cada apresentação, como marca da “Cia. Tarja Preta”, há um debate mediado por especialistas em comportamento humano e por artistas de destaques na cena contemporânea. Temos um grupo de curadores que trazem a cada dia um convidado – artista, filósofo, psiquiatra, psicólogo para conversar com a plateia sobre os temas que surgirem a partir do espetáculo.


Ficha Técnica:
"A Mulher Descoberta"
Monólogo com Adriana Karla Rodrigues
Texto e direção:
Walter Macedo Filho
Direção de movimento: Ana Amélia Viana
Fotografia: Gui Maia
Luz, figurino e trilha sonora: criação coletiva Cia Tarja Preta
Produção: A Ponte Gestão e Arte


Serviço
Espaço Parlapatões - Praça Franklin Roosevelt, 158 - Consolação, São Paulo - SP
Telefone:
(11) 3258-4449
Reservas: Tel/whatsapp: (21) 98966-0222
Duração: 60 minutos
96 lugares
Acesso a pessoas com deficiência
Indicação de faixa etária: 14 anos
Ingressos: R$ 50 (inteira), R$ 25 (meia por lei), R$ 20,00 (lista amiga) - senha para liberação CIATARJAPRETA e R$ 10 (promocional) - senha para liberação AMULHERDESCOBERTA
Ingressos pela internet: https://www.sympla.com.br/produtor/espacoparlapatoes


Conversas Artístico Psicológicas
Estreia - Sábado, dia 4 de março
Mediação de Rodrigo Mercadante
Convidada: Myrian Romero

Domingo, dia 5 de março
Mediação de Marcelo Braga
Convidado: Antonio Januzelli (Janô)

Sábado, dia 11 de março
Mediação Rodrigo Mercadante
Convidada: Lilian Frazão

Domingo, dia 12 de março
Mediação de Fátima Martucelli
Convidada: Karina Okajima Fukumitsu

Sábado, dia 18 de março
Mediação de Rodrigo Mercadante
Convidada: Michele Ferreira

Domingo, dia 19 de março
Mediação de Fátima Martucelli
Convidada: Zuzu Leiva

Sábado, dia 25 de março
Mediação de Rodrigo Mercadante
Convidada: Silvia Gomez

Domingo, dia 26 de março
Mediação de Fátima Martucelli
Convidada: Selma Ciornai


.: "Cala a Boca Já Morreu", de Ana Teixeira, no Projeto Parede do MAM SP


Ana Teixeira, "Cala a Boca Já Morreu" (2019 - 2023)

O Museu de Arte Moderna de São Paulo recebe, a partir do dia 2 de março, uma obra da artista Ana Teixeira na nova edição do Projeto Parede. Ocupando a parede do corredor que liga a recepção à Sala Milú Villela, "Cala a Boca Já Morreu" (2019-2023) é fruto de uma ação de escuta a mulheres que a artista propõe no espaço público como exercício político. A obra, um trabalho processual e que já teve ativações anteriores, investiga demandas e desejos dessas mulheres. 

A ação foi realizada pela primeira vez em 2019, durante a exposição individual da artista no Centro Universitário Maria Antonia, em São Paulo e, segundo Ana, foi a primeira vez que em suas ações urbanas ela conversou com grupos e não com pessoas individualmente, experiência que a fez vivenciar o que a feminista estadunidense Carol Hanisch descreve em seu ensaio de 1969, intitulado "O Pessoal É Político". No texto, a autora propõe que a tomada de consciência é a condição primordial no processo de empoderamento das mulheres, sobretudo quando acontece a partir da troca de vivências e reflexões coletivas.

"Cala a Boca Já Morreu", título que remonta a uma expressão popular e usual na infância da artista, é uma ação que tem mais de uma etapa. Na primeira, a artista distribui panfletos para mulheres em espaços públicos, convidando-as para participar de uma conversa, que surge a partir de uma provocação feita por Ana Teixeira: “O que você não quer mais calar?”, pergunta ela. As respostas são sintetizadas e escritas por Ana em cartazes, e as participantes são fotografadas segurando essas frases para que depois possam ser desenhadas, à caneta ou em adesivo em vinil, pela artista, em paredes de espaços expositivos.

Ao todo, participaram da ação 101 mulheres, que estiveram em encontros com Ana Teixeira em lugares como a Casa das Rosas, o Centro Universitário Maria Antonia e a Ocupação 9 de Julho, em São Paulo; e na cidade de Colônia, na Alemanha, onde a artista realizou este trabalho a convite da universidade local. Para surpresa de Ana, as questões levantadas pelas mulheres alemãs foram iguais às levantadas pelas brasileiras nas ativações anteriores. “Tanto na minha experiência na Alemanha quanto no Brasil, o que dá para perceber é que a pressão da sociedade patriarcal sobre as mulheres é muito relevante. Das 101 frases que coletei, apenas cinco não falam sobre o machismo e as imposições do patriarcado sobre os corpos e as vidas das mulheres”, conta a artista. 

A versão da obra apresentada no Projeto Parede do MAM São Paulo contará com a representação em desenho de 18 mulheres, além da gravação das 101 frases feitas por mulheres cis, mulheres trans e travestis convidadas por Ana Teixeira em 2021. A montagem da obra no MAM contará, também, com as páginas da publicação homônima que Ana Teixeira realizou a partir de uma pesquisa na Biblioteca Mário de Andrade, selecionando livros adquiridos entre 2010 e 2020, escritos por autoras mulheres e com temática feminista, dos quais foram retirados trechos que abordam o silenciamento feminino, reunindo-os na publicação.

“Esta é uma compilação de denúncias sobre variados tipos de opressão a que nós mulheres fomos submetidas durante os últimos séculos, discriminações cotidianas que passam despercebidas e outras de gravidade inquestionável, as quais, se notadas, podem ser estopim para uma reflexão tardia, porém sempre necessária, sobre os possíveis caminhos para uma ruptura com as estruturas patriarcais que, ainda atualmente, se empenham na manutenção do silenciamento e do apagamento das mulheres nos mais diversos âmbitos da vida”, explica Ana Teixeira. 

A biblioteca do MAM terá todos os 26 livros da pesquisa disponíveis para consulta. As publicações foram emprestadas ao museu pela Biblioteca Mário de Andrade por todo o período da exposição. “A obra de Ana Teixeira revela que no lamentável silenciamento das mulheres há uma potência de significados que não cabe numa parede. Em vez de vazios ou ausências, os silêncios, em especial esses que estão se rompendo, são promessas de um futuro com igualdade de direitos, inclusive o direito de fala”, escreve o curador-chefe do MAM, Cauê Alves, no texto que acompanha a ativação no MAM.


Serviço:
Projeto Parede - "Cala a Boca Já Morreu", de Ana Teixeira
Abertura:
2 de março, quinta-feira, às 19h
Período expositivo: 2 de março a 28 de maio de 2023
Local: Museu de Arte Moderna de São Paulo, Projeto Parede
Endereço: Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Portões 1 e 3)
Horários: de terça a domingo, das 10h às 18h (com a última entrada às 17h30)
Ingressos: R$ 25 (inteira) e R$12,50 (meia-entrada). Aos domingos, a entrada é gratuita e o visitante pode contribuir com o valor que quiser. 

*Meia-entrada para estudantes, com identificação; jovens de baixa renda e idosos (+60). Gratuidade para crianças menores de 10 anos; pessoas com deficiência e acompanhante; professores e diretores da rede pública estadual e municipal de São Paulo, com identificação; sócios e alunos do MAM; funcionários das empresas parceiras e museus; membros do ICOM, AICA e ABCA, com identificação; funcionários da SPTuris e funcionários da Secretaria Municipal de Cultura.

Telefone: (11) 5085-1300
Acesso para pessoas com deficiência
Restaurante/café
Ar-condicionado

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