domingo, 22 de janeiro de 2023

 .: Lições de um macaco emburrado sobre emoções conflitantes


Nem sempre se está feliz... E tudo bem! Essa importante lição é ensinada por Chico, um chimpanzé que está em um dia ruim. Os amigos até tentam animá-lo, mas o mau humor do macaco persiste. 


Escrito pela produtora de animações infantis Suzanne Lang e desenhado pelo marido dela, Max Lang, indicado duas vezes ao Oscar, "O Macaco Mal-Humorado" auxilia os pequenos leitores a lidarem com as oscilações de humor e com os sentimentos conflitantes - que em muitas vezes não tem um significado racional. Você pode comprar o livro "O Macaco Mal-Humorado" neste link.


O direito ao mau-humor

Best-seller do The New York Times, livro infantil "O Macaco Mal-Humorado" é lançado no Brasil pelo selo Caminho Suave. Os amigos do ilustre chimpanzé Chico Zé acreditam que é absolutamente impossível estar de mau humor em um dia tão bonito. 


Entretanto, o personagem central de "O Macaco Mal-Humorado" - obra escrita por Suzanne Lang e publicada no Brasil pelo selo Caminho Suave, do Grupo Editorial Edipro – está prestes a descobrir que existem dias mais difíceis (quando o Sol está forte demais e as bananas estão muito doces).


Com uma postura tensa, as sobrancelhas franzidas e emburrado, o personagem está em conflito com as próprias emoções. Sem vontade de rolar na terra ou passear, ele recebe conselhos de seus amigos, mas se dá conta de que nem sempre é possível amenizar o mau humor. E está tudo bem.


"O Macaco Mal-Humorado" traz uma história divertida sobre como Chico Zé lida com um dia ruim e a insistência de seus amigos animais para que ele se anime. Este livro, elaborado pela escritora e produtora de programas infantis para a TV estadunidense, Suzanne Lang, é uma ferramenta ideal para incentivar as crianças a lidarem com sentimentos conflitantes. Compre "O Macaco Mal-Humorado" neste link.


Trecho do livro 

Chico ficou chateado por ter gritado com todo mundo, mas principalmente por estar se sentindo tão mal.

— Acho que estou mal-humorado — suspirou Chico.

E bem quando ele estava começando a ficar muito triste... ('O Macaco Mal-Humorado", p. 28)


Texto e imagem 

A obra conta ainda com ilustrações de Max Lang - criador de storyboards e diretor de animações premiado, incluindo um Emmy International, um Britsh Academy Films Award e duas indicações para o Oscar – e pode ser utilizada dentro de casa, nas escolas e nos consultórios. Garanta um exemplar de "O Macaco Mal-Humorado" neste link.



 

.: Biografia ilustrada de Ailton Krenak é lançada para crianças


Lançado pela Mostarda Editora, o livro ilustrado "Krenak", de Francisco Lima Neto, conta a história de Ailton Krenak, nascido em território do povo Krenak, na região do vale do Rio Doce, que se tornou um dos maiores líderes políticos e intelectuais surgidos durante o grande despertar dos povos indígenas ocorrido no Brasil a partir do final dos anos 1970.

Não tem como contar a trajetória do mais ilustre membro do povo Krenak sem trazer o contexto histórico dos povos indígenas no Brasil, ressaltando a cultura e as perseguições feitas pelos colonizadores portugueses. Ailton Krenak nasceu em Minas Gerais em 1953, na cidade de Itabirinha, muito próxima do Rio Doce, elemento da natureza ao qual os indígenas atribuem uma forte relação de ancestralidade, como a de um avô.

Filho do Rio Doce, que fora palco de tantas perseguições, Ailton passou a infância fugindo dos invasores do território em que vivia com a família. Aos 17 anos, mudou-se para o Paraná e foi alfabetizado. Atuou como jornalista e, no auge da ditadura militar, iniciou a luta pelos direitos dos povos indígenas. Visitou, assim, aldeias do país inteiro e formou a União das Nações Indígenas, em 1980, primeira organização do movimento indígena no Brasil.

Em 1986, participou da Assembleia Nacional Constituinte, de onde foram elaboradas as leis da Constituição de 1988. Um episódio marcante do líder indígena na política foi quando inesperadamente, durante sua fala na tribuna, Ailton, que fora obrigado a usar terno e gravata, sacou um potinho com tinta de jenipapo e pintou todo o rosto.

Além da imagem, o discurso em defesa dos povos indígenas de Ailton em Brasília repercutiu mundialmente. De lá para cá, Krenak levou ainda mais representatividade dos povos indígenas à política, sendo reconhecido internacionalmmente como ambientalista, escritor, filósofo e palestrante.

A coleção Kariri apresenta biografias de personalidades indígenas que fizeram de sua trajetória um exemplo de resistência. Os textos simples e as belas ilustrações levam os leitores a uma viagem repleta de fatos históricos e com personagens que se transformaram em símbolo de luta por um mundo mais justo e digno.


sábado, 21 de janeiro de 2023

 .: "Quando os Pássaros Voltarem", de Fernando Aramburu, autor de "Pátria"


Com personagem espirituoso, "Quando os Pássaros Voltarem", novo romance de Fernando Aramburu, autor de "Pátria", inspira reflexões sobre a vida, a morte, as pessoas e como nos relacionamos. O lançamento é da e ditora Intrínseca e tem tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht.  


“Quando era jovem, comecei a gostar menos da vida, mas ainda gostava. Agora já não gosto e não pretendo delegar à Natureza o poder de decidir o momento de eu lhe devolver os átomos que peguei emprestados.” Com esse discurso, Toni é um professor de história da filosofia que, aos 54 anos, cansou-se do mundo e acredita que não há mais nada capaz de prendê-lo aqui. 


A mãe dele está internada em um asilo e nem sequer o reconhece. Já a relação com o irmão azedou faz tempo e não há mais como salvá-la. Com a ex-mulher, de quem não consegue se desvencilhar apesar dos incontáveis atritos, teve um filho problemático, que na adolescência chegou a tatuar uma suástica nas costas para imitar os colegas. 


Diante de todo esse cenário de relações conturbadas, Toni resolve pôr fim à própria vida. Meticuloso e sereno, ele escolhe a data da morte voluntária: 31 de julho do ano seguinte, o que lhe dá tempo suficiente para acertar pendências e tentar descobrir as verdadeiras razões por trás de sua polêmica decisão. 


Mas há um prazo autoimposto para bater o martelo sobre seguir com o plano: o fim da migração dos andorinhões. Quando o primeiro deles despontar no céu em seu regresso, na primavera espanhola, Toni terá definido o que fazer.


Em sua contagem regressiva até o dia derradeiro, o narrador vai gradualmente se desfazendo de seus pertences e, todas as noites, no apartamento que divide com Pepa, sua cachorra, dedica-se a escrever memórias e anotações pessoais, duras e desesperançadas, mas não menos ternas e espirituosas. 


A partir dessa espécie de diário, revela toda a sua intimidade - inclusive os recônditos mais controversos -, revisita o passado e discorre sobre os assuntos cotidianos de uma Espanha politicamente turbulenta. Com seu bisturi implacável, disseca a relação com os pais, o irmão, a ex-mulher, o filho, o melhor amigo e uma inesperada ex-namorada da juventude. 


Na sucessão de episódios amorosos e familiares de uma constelação humana viciante, esse homem desnorteado, porém determinado a contar as próprias derrotas, nos oferece, paradoxalmente, inesquecíveis lições de vida.


Autor do best-seller "Pátria", monumental saga familiar que atravessa três décadas de conflito no País Basco e que virou série produzida pela HBO, Aramburu mergulha mais uma vez na complexidade das relações humanas em "Quando os Pássaros Voltarem". 


Neste novo romance, volta a brindar o leitor com todo o poder de sua magnífica capacidade narrativa. O retrato do protagonista é pintado com um olhar sincero e sensível, que alterna carinho e desgosto, e com muitas pitadas de humor ácido, além de deixar uma grande questão: ao fim dessa jornada de autodescoberta, Toni regressará como os pássaros? Garanta o seu exemplar neste link.

 

O que disseram sobre o livro 

“Um romance admirável que voará alto e longe.” - El País

 

Sobre o autor

Nascido em San Sebastián, em 1959, Fernando Aramburu tem licenciatura em língua e literatura espanholas pela Universidad de Zaragoza. É autor de diversos livros, entre eles 11 romances, que lhe garantiram os prestigiosos prêmios Mario Vargas Llosa e o da Academia Real Espanhola, entre outros. "Pátria", seu primeiro livro publicado no Brasil, também pela Intrínseca, é um grande sucesso e venceu importantes prêmios europeus, como o Nacional de Narrativa, o da Crítica, o Euskadi e o Strega Europeo, além de ter inspirado uma série homônima da HBO. Aramburu mora na Alemanha desde 1985. Compre o livro "Quando os Pássaros Voltarem", de Fernando Aramburu, neste link.


.: "Órfãos de Amsterdã": uma história real de luta e resistência


No mês do Dia Internacional da Lembrança do Holocausto, a wditora Melhoramentos lança emocionante obra sobre jovens mulheres que salvaram centenas de crianças do nazismo. Baseado em fatos reais, "Órfãos de Amsterdã", de Elle van Rijn, conta a história de uma jovem comum que arriscou tudo para salvar do nazismo inúmeras crianças que tinham como destino Auschwitz. A tradução é de Renata Tufano.

A editora Melhoramentos lança o livro neste mês de janeiro, marcando o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto (27 de janeiro), uma significante recordação em homenagem às vítimas do genocídio.

A creche na qual a jovem Betty Goudsmit-Oudkerk trabalhava foi transformada pelos alemães em um espaço para onde as crianças judias seriam encaminhadas - e lá aguardavam o transporte em direção aos campos de concentração. Mas ela e suas amigas, todas funcionárias da creche, se recusaram a aceitar o destino que os nazistas queriam dar a esses meninos e meninas.

Elas escolhem pôr em risco as próprias vidas para salvar centenas de inocentes, enquanto nas ruas da cidade o dia a dia se torna cada vez mais assustador para os judeus. A persistência dessas mulheres que lutaram dia e noite para salvar centenas de crianças da morte anunciada, faz o leitor se emocionar e refletir sobre o doloroso período da Segunda Guerra Mundial. 

A escritora Elle van Rijn desenvolve a narrativa a partir do relato de Betty, que antes de falecer teve uma longa conversa com a autora, para apresentar uma obra fiel aos sentimentos vividos na época e capaz de tocar leitores de todas as gerações.

O livro traz notas históricas e da autora que contextualizam os acontecimentos retratados. Com um olhar sensível que promove uma leitura emocionante, a obra foi sucesso de vendas na Europa com mais de 30 mil exemplares vendidos apenas na Holanda. Compre o livro "Órfãos de Amsterdã", de Elle van Rijn, neste link.


Sobre a autora:

Elle van Rijn tem dez romances publicados, além de atuar como atriz e roteirista. A paixão da autora pela escrita é conduzida por histórias reais e ficcionais, sendo "Órfãos de Amsterdã" uma união extraordinária da ficção com acontecimentos marcantes baseados em fatos reais que fascinam cada leitor. Garanta o seu exemplar neste link.

.: "A Última Livraria da Minha Rua", o novo romance de Cléo Busatto


A literatura é como um mosaico: os livros, as bibliotecas, os leitores e as livrarias. Apesar desta última estar cada dia mais rara, o saudosismo levou a escritora Cléo Busatto a resgatar a essência de percorrer os corredores e prateleiras e transportasse os jovens para "A Última Livraria da Minha Rua", pulicada pela CLB Produções.

Em uma viagem nostálgica, Cléo apresenta Benjamim, um jovem de 23 anos. Ele relembra a época em que tinha dez e acompanhava a mãe no trabalho. Foi na Ghiane, última livraria da Avenida Araújo, em numa manhã de sábado, durante uma contação de história que Benjamin encontra a aflita Tati. Apavorada, ela entrega um bilhete ao garoto contendo um pedido de ajuda.

Eles se embrenham por passagens desconhecidas, portas secretas, labirintos e escadas que dão em nada. Enquanto buscam a saída, desvendam o próprio passado, sentimentos e provocações da vida em meio às experiências literárias exploradas nas prateleiras desse lugar misterioso. Tudo isso os une em um laço de amizade e auxilia os personagens – o que transfere aos jovens leitores – a transição entre infância e a adolescência marcada pelas transformações socioemocionais.

Ao mesmo tempo que explora recursos estilísticos, a autora finalista do Prêmio Jabuti de 2016 com "A Fofa do Terceiro Andar" (Galera Record, 2015) promove uma declaração de amor à literatura e à contação de histórias. Há mais de 20 anos atuando como artista da palavra, Cléo mostra este universo ao trazer para a narrativa várias contadoras que se apresentam na livraria e são inspiradas na própria vivência.

De todas elas, uma é especial. Órfã de mãe, Tati encontra acolhimento para a saudade materna nas histórias ditas pela avó Geni. Compre "A Última Livraria da Minha Rua", de Cléo Busatto, neste link.


Trecho do livro 

"Vovó, hoje estou com vontade de ouvir a senhora contar histórias. O rosto da mamãe está se apagando da minha cabeça. Só consigo lembrar da voz dela, cantando e contando para eu dormir. Lê para mim, vovó? Lê para que eu possa me lembrar da minha mãe. (...) Tati descobriu que a avó não sabia ler. A mulher fazia de conta que lia, enquanto despertava na memória as histórias que trazia no coração e que ela mesma tinha ouvido quando era menina." ("A Última Livraria da Minha Rua", p. 58)


Sobre a autora

Cléo Busatto, finalista do Prêmio Jabuti em 2016 com o livro "A Fofa do Terceiro Andar", é uma artista da palavra, com mais de 40 obras lançadas que venderam em torno de 415 mil exemplares. Mediadora de leitura, a escritora contou histórias para mais de 150 mil pessoas em 263 municípios do Brasil e exterior, formando em torno de 80 mil pessoas em oficinas e palestras de narração oral, leitura e literatura. Com obras indicadas e premiadas, Cléo também tem reconhecimento internacional por meio de programas educativo-culturais que ensinam o português como língua de herança (POLH). Garanta o seu exemplar neste link.

.: “Eu, Ela e Ele” aborda bissexualidade e busca pela saúde mental


Mais do que uma história de amor, o livro “Eu, Ela e Ele”, drama do escritor catarinense Diego Nascimento, publicado pela editora Novo Século, fala sobre descobrimento e saúde mental dentro da comunidade LGBTQIAP+. A trama gira entorno do casal Vítor e Emma, que precisa aprender a lidar consigo mesmo após uma terceira pessoa, Adam, que se torna parte do relacionamento. 

"Eu chegaria a dizer que não é uma história de amor, ou de um triangulo amoroso, mas sim uma história de descobertas. O descobrimento e aceitação da bissexualidade de Vítor, ou ainda a aceitação de Adam em ser gay e ter que se esconder por meio das consequências da sociedade – principalmente do ambiente em que trabalha, o mundo corporativo – são fases que muitas pessoas passam e irão se identificar. O mundo precisa de muito mais amor, e mais do que simpatizantes da diversidade, precisamos de pessoas com empatia",  afirma o autor.

 

Sobre o livro 

Em “Eu, Ela e Ele”, Vítor e Emma possuem uma relação duradoura de anos, e estão noivos no momento – nos preparativos para o casamento, e o casal é considerado perfeito por todos ao seu redor. Mas, a perfeição começa a ser questionado quando surge Adam, e os três embarcam em uma “montanha-russa” de sentimentos, dúvidas e questionamentos, como: até onde o amor sobrevive ao poliamor? Entre os diversos elementos presentes na obra, o escritor conta que um dos seus favoritos é a bissexualidade do protagonista, que acontece de forma natural e curiosa.


"É algo que eu gostei muito de explorar, porque foi muito divertido e ao mesmo intenso ver como o personagem estava se descobrimento, e os motivos por isso acontecer tão tarde em sua vida. A bissexualidade não é tão bem abordada ao meu ver, e muitas vezes sofre preconceito até mesmo dentro da comunidade, mas acredito que isso esteja mudando com os anos. Temos até memes como ‘O 'B' da sigla não é de biscoito’", explica.


Mestre em Ciências da Saúde, farmacêutico e tecnólogo em Gestão Pública, Diego escolheu dar uma atenção especial ao tema saúde mental, trazendo para sua ficção situações e instituição da realidade brasileira, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que são abordados na história. "Diversos livros e pesquisas científicas evidenciam o sofrimento que pessoas LGBTQIAP+ sofreram, sofrem e irão sofrer apenas por ser quem elas são. É revoltante pensar que no atual século os transtornos mentais como ansiedade e depressão possuem uma incidência alta dentro dessa comunidade. Por quê? Quais as razões? Onde estamos errando na educação? É muito triste o preconceito, a violência e a não aceitação da diversidade. Pessoas são pessoas, independente de opção sexual", acrescenta.


Outra questão presente na trama é a dependência química, que é colocada de forma sutil, em paralelo com as situações vividas pelos personagens Vítor e Adam. "Por não conseguir se assumir, Adam vive bebendo muito, mas não chega a ser alcóolatra, mas faz ele se sentir vazio, e pensar que vive uma vida solitária de muitas festas, sem saber quem ele realmente é. Já Vítor está em uma 'montanha-russa' de emoções, e acaba oscilando em picos de euforia e depressão, que geram noites de insônia. Ele faz uso indiscriminado de medicamentos para dormir, uma dependência química muito frequente em todo o mundo", detalha.


Uma das peculiaridades do livro é que cada capítulo faz referência a uma música diferente – como “Head Above Water”, de Avril Lavigne, “Don’t Blame”, de Taylor Swift, “Hot N’ Cold”, de Katy Perry e “Show Yourself”, cantada pela rainha Elsa em Frozen, clássico da Disney.


"Eu sou apaixonado por música! E na verdade crio meus próprios clipes (em minha imaginação) ao ouvir determinada música em diferentes momentos: de tristeza, alegria, drama. Parece meio bobo, mas foi assim que cheguei na ideia de utilizar as músicas em cada título de capítulo. O leitor consegue entender perfeitamente o sentimento de cada personagens pelas letras das canções escolhidas em cada um. É muito divertido encontrar músicas que possam fazer os leitores rir, chorar, e se emocionar ao se deparar com alguma música que em algum momento fez parte da sua vida", menciona.


Apesar de criar uma história centrada na comunidade LGBTQIAP+, Nascimento possui um relacionamento de 11 anos com Gabriela, sua esposa. Para ele, não é preciso fazer parte da sigla para querer uma diversidade construída na paz. "A mensagem que eu quero passar é que você não precisa se cobrar tanto, se rotular. O importante é viver, se conhecer, é amar e estar cercado de quem te ama. Quando tudo parecer perdido, não desista, dê um tempo. Quando estiver pressionado, procure ajuda, assim como o Vítor. E principalmente, mantenha a fé em si. Para sair do sufocamento, é necessário limpar a garganta e cantar alto com todas as forças. Esse é o sentido da vida. Viva intensamente. O futuro começa agora", finaliza. “Eu, Ela e Ele” pode ser adquirido na Amazon ou no site da editora Novo Século, através neste link.

.: "Eu Sempre Soube...", com Rosane Gofman, reestreia no Teatro Eva Herz


O espetáculo "Eu Sempre Soube..." protagonizado pela atriz Rosane Gofman, tem texto e direção de Marcio Azevedo que reestreia dia 25 de janeiro no Teatro Eva Herz. A peça aborda o universo das mães de LGBTQIAP+. Foto: Roberto Cardoso. 


Reestreia no dia 25 de janeiro no Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura, o espetáculo "Eu Sempre Soube..." protagonizado pela atriz Rosane Gofman, com texto e direção de Márcio Azevedo. A peça já fez sete temporadas no Rio de Janeiro, uma na capital paulista e também passou por diversas outras cidades. Conquistou vários prêmios como Funarte de Dramaturgia 2018, melhor atriz prêmio Profest de Teatro 2020, Cenyn de melhor monólogo 2019 entre outros. 

A peça conta a história da jornalista Majô Gonçalo que está lançando o livro "Eu Sempre Soube..." e palestrando. Em sua primeira aparição pública, nossa protagonista apresenta uma história de amor, do amor mais puro e incondicional que alguém pode sentir. O amor de mãe. Mães capazes de qualquer tipo de sacrifício por amor aos seus filhos. Mães que mediante a realidade dos filhos se reinventam, se reconstroem para manter a dignidade de sua cria. Mães leoas que pulam em cima com garras afiadas daqueles que tentam por preconceito ou ignorância prejudicar seus filhos. Mães pela diversidade, mães dispostas a reorganizar seus lares, suas famílias em respeito e dedicação as escolhas dos filhos. 

Para escrever essa peça documentário, o autor entrevistou 98 mães, e agrupou essas mulheres e suas vivências em três momentos: Como as mães lidam no momento em que ouvem de seus filhos a frase: “sou gay”. A violência nas ruas que põe em risco a vida de seus filhos. O preconceito na escola, bairro, rua, prédio e principalmente dentro de casa. 

Durante o espetáculo diversas dúvidas são relatadas pela protagonista como os casos de homofobia, como as mães recebem o fato que seus filhos estão transicionando? Como contar isso aos outros familiares? Os riscos das cirurgias? A readaptação do novo(a) filho(a) na sociedade? A luta dessas mães quando seus filhos comunicam em casa que estão com HIV? Como abraçar a causa desses filhos? Em todos os momentos e falas da personagem Majô Gonçalo ouvimos palavras de amor e esperança, de afeto e dor. 

De janeiro a junho de 2022, o Brasil registrou 135 mortes de pessoas LGBTI, segundo a pesquisa do GGB (Grupo Gay da Bahia). Ainda de acordo com o levantamento, no 1º semestre de 2022, 63 gays e 58 mulheres trans ou travestis foram mortos.  No dia 24 de janeiro, o autor Marcio Azevedo e a atriz Rosane Gofman lançarão na Livraria Cultura o livro com o texto da peça Eu Sempre Soube ... e as entrevistas feitas com as 98 mães. 


Equipe
Márcio Azevedo -
Autor, diretor e produtor, extremamente atuante na cena teatral carioca. Escreveu e dirigiu o musical Versos de Hollanda, que ficou dez anos em cartaz, sob o aval do compositor Chico Buarque. Também escreveu e dirigiu os espetáculos Sarjeta – Meu mundo caiu, com o ator Gustavo Mendes, Super Moça, Baronesa de Osasco, Monólogos da faxina, A noiva de cristal, Corta! com a humorista Dadá Coelho, dentre outros. Foi também produtor de elenco da TV Globo, tendo feitos várias novelas e séries. Selecionado no Edital Seleção Brasil Em Cena 8ª Edição 2018 -CCBB, com o texto “Final Feliz em Nova York. 

Rosane Gofman - Atuou papéis marcantes na televisão, como Cinira (Tieta – Rede Globo) e a amarga Rosário (Começar de novo – Rede Globo), acumula mais de 20 trabalhos em televisão (desde 1984), incluindo papeis cômicos e dramáticos, e realizou grandes parcerias, inclusive com Chico Anysio na Escolinha do Professor Raimundo. Também atuou em filmes e teatro. Na peça Parabéns à Você, em 1981, em que, o seu papel era mãe do cantor Cazuza sua interpretação lhe rendeu o prêmio Troféu Mambembe como melhor atriz. 

Ficha técnica
Texto e direção:
 Márcio Azevedo. Elenco: Rosane Gofman. Direção de produção: Fabio Camara.
Músico: Pedro Mendonça. Direção musical e trilha sonora: Tauã de Lorena. Luz: Aurélio de Simoni.
Figurino: Anderson Ferreira. Cenógrafo: José Carlos Vieira. Visagista: Thiogo Andrade. Assistente de produção: Carolina Stofella. Operador de luz: Jackson Oliveira. Programação visual: Gabriela Cima.  
Fotos cartaz: Nanah Garcia. Fotos cena: Roberto Cardoso. Mídias sociais: D2One Social Midia.   Assessoria de imprensa: Fabio Camara. Realização: Lugibi Produções Artísticas e Bravíssimo Produções. 


Serviço
Local: 
Teatro Eva Herz, Avenida Paulista, 2073 - (Conjunto Nacional - 2º Piso) - Bela Vista. 168 lugares.
De 25 de janeiro até 16 de fevereiro (quarta e quinta-feira, às 20h). No dia 25 de janeiro, a apresentação será 18h. Ingressos: R$ 70. Informações: 11 3070 4059. Vendas pela internet: https://bileto.sympla.com.br/event/76668/d/172298/s/1158504. Duração: 80 minutos. Classificação: 14 anos.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

.: "I Am The Moon": Tedeschi Trucks Band lança um álbum conceitual


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.


A Tedeschi Trucks Band lançou "I Am The Moon", o novo álbum que funciona como uma jornada musical expansiva, inspirada e ambiciosa, impulsionando o conjunto para um novo e emocionante território criativo.

Durante a pandemia, a banda buscava uma maneira de se conectar uns aos outros em seu ofício. Eles saíram de uma apresentação triunfante do clássico "Layla and Other Assorted Love Songs" de Derek and the Dominoes com Trey Anastasio, que posteriormente levou ao lançamento do álbum ao vivo da banda, "Layla: Revisited".

Procurando por uma ideia, o vocalista Mike Mattison recorreu ao rico material de origem de Layla para se inspirar: Layla e Majnun, o lendário poema narrativo de noventa páginas de amantes desafortunados do poeta do século XII, Nizami.

Como exercício de escrita, Mattison desafiou o grupo a mergulhar nos temas mais profundos do poema. Como ele apontou, “Layla” de Clapton usou apenas um elemento do poema – a loucura de amor de Majnun – enquanto o poema em si contém vários outros temas como drama familiar, classismo, isolamento, julgamento e o custo severo da mania obstinada, mesmo em causa do amor. (De fato, acredita-se que Layla e Majnun sejam a inspiração por trás de Romeu e Julieta de Shakespeare e muitos outros clássicos literários orientais e ocidentais)

O desafio foi aceito. A banda escreveu e gravou um dos melhores materiais de sua carreira: uma conceituação que abrange a riqueza da música americana como só eles conseguem fazer. As sessões de gravação foram tão bem sucedidas que resultaram em pouco mais de duas horas de música. O álbum foi subdividido em quatro partes: "Crescent", "Ascension", "The Fall" e "Farewell". Apesar de sua natureza extensa, as faixas de I Am The Moon também funcionam de forma independente porque são concisas e viscerais, sintetizando e aprimorando a natureza da narrativa.

Destaco as faixas Hear My Dear, Rainy Day, I Am The Moon, Take Me As I Am e Last Night In The Rain, todas com aquele apelo de rock setentista. O vocal de Susan Tedeschi é outro ponto forte. É como se ela e o guitarrista Derek Trucks continuassem o que Delaney e Bonnie fizeram no final dos anos 60 e no início da década seguinte. "I Am The Moon" é de longe um dos melhores trabalhos da seara do rock atual. Pode até não estar no nível de um álbum clássico. Mas está bem acima de outros lançamentos recentes do estilo, com certeza.

 "I Am The Moon"

"Hear My Dear"


.: Com seis vencedoras de "Drag Race", espetáculo "All Winners" chega a SP

Produzido pelos labels de entretenimento Realness e Priscilla, evento vai reunir participantes da última temporada de "RuPaul's Drag Race: All Stars" e de dois derivados do programa nos dias 28 e 29 de janeiro.


Seis campeãs de "RuPaul’s Drag Race" e de dois derivados do programa vão desembarcar juntas no Brasil para delírio dos fãs da franquia. Nos dias 28 e 29 de janeiro de 2023, a turnê "All Winners" realiza duas únicas apresentações em São Paulo, no Cine Joia, com um elenco estelar. As campeãs Shea Couleé, Jaida Essence Hall, Trinity The Tuck, Yvie Oddly, Priyanka e a brasileira Grag Queen sobem ao palco em um espetáculo exclusivo, realizado pelos maiores selos de entretenimento drag do país, Realness e Priscilla.

O evento saiu do papel depois do sucesso da última temporada da atração americana, o spin-off “Rupaul’s Drag Race: All Stars”, que trouxe de volta à competição apenas campeãs de temporadas anteriores e dos derivados internacionais do programa, que tem transformado a carreira de drags por todos os cantos do mundo.

"Decidimos nos unir para entregar espetáculos cada vez maiores aos fãs brasileiros, que são considerados os melhores do mundo pelas próprias drag queens gringas", afirma Leonardo Polo, fundador da Priscilla. "A ideia é continuar com mais projetos grandiosos com essa parceria", diz Paulo Matos, que está à frente da Realness. "Tanto é que uma segunda edição já está nos nossos planos, além de outros eventos especiais".


Experiência intimista para os fãs
A escolha do Cine Joia como casa para receber esse evento foi estratégica. "Além de ser a casa que recebeu a primeira drag queen de 'RuPaul's Drag Race', Jujubee, em 2014, há uma atmosfera intimista que é muito importante para shows de drag", afirma Polo. "Ao fazer duas datas, conseguimos também expandir a experiência do Meet & Greet — no qual as queens tiram foto com o público — para mais pessoas, atendendo a demanda que nem sempre conseguimos cumprir em eventos disputados como esse".

 
Shows inéditos no país
A popularidade do reality show de drags comandado por Rupaul já fez com que 55 ex-competidoras da atração passassem pelo Brasil. Das cinco estrelas internacionais escaladas para o espetáculo, três pisarão pela primeira vez em solo brasileiro: Shea Couleé, participante da 9ª temporada do programa regular e vencedora do "All Stars 5"; Jaida Essence Hall, vencedora da 12ª temporada da franquia principal; e Pryianka, vencedora da primeira edição do "Canada´s Drag Race".

Retornam ao Brasil, Trinity The Tuck, participante da 9ª temporada de "RuPaul’s Drag Race" e vencedora do "All Stars 4" (já convidada pela festa "Priscilla"), e Yvie Oddly, vencedora da 11ª temporada de "RuPaul's Drag Race", que já esteve nos palcos da "Realness". Além delas, um presente especial foi preparado para os fãs brasileiros: um show exclusivo da brasileira Grag Queen. Nascida em Canela, cidade do Rio Grande do Sul com pouco mais de 44.000 habitantes, a drag conquistou o mundo ao participar e vencer a primeira edição do "Queen of the Universe".

O derivado, produzido pela própria "Rupaul", selecionou 14 drags de vários lugares do mundo para se enfrentarem em uma competição mundial de canto que foi definida por muitos como uma mistura de “The Voice” com o próprio “Drag Race”.


Sobre os projetos
Fundada em 2014, por Leonardo Polo e Sérgio Oliveira, a "Priscilla" já trouxe mais de 40 atrações internacionais em edições realizadas em diversas capitais. Já a "Realness", criada por Paulo Matos e Vinícius Gomes em 2017, apesar de mais recente, já alcançou o feito de realizar, em agosto de 2022, o maior festival drag queen da América Latina - o "Realness Festival" - que teve a presença de sete drag queens internacionais em seu line up.


Sobre "RuPaul’s Drag Race"
A franquia, que estreou em 2009, tem 26 prêmios Emmy em sua bagagem, e deu origem ao spin off "RuPaul's Drag Race: All Stars", que conta com participantes que ficaram marcadas em suas passagens pelas temporadas do programa principal.

No ano de 2022, pela primeira vez, em um movimento muito aguardado pelos fãs, o "All Stars" contou apenas com participantes que já haviam sido coroadas. Além disso, não houve eliminação, mas sim um sistema de pontuação por desempenho. Isso fez com que a temporada fosse uma das mais competitivas desde sua estreia, se tornando um sucesso de público e aumentando ainda mais a base de fãs de seu elenco de oito drag queens.

 

Serviço:
"All Winners Brasil"
Data:
28 e 29 de Janeiro
Local: Cine Joia, São Paulo
Abertura da casa: 20h
Horário do show: 21h
Classificação: +16 anos desacompanhados, menores de 16 acompanhados dos pais ou responsável legal
Site de ingressos: www.allwinners.com.br

Informações de Ingressos:
Preços:
R$175 - R$450
Meet&Greet: R$750


.: "Rainha do Escândalo" inicia nova série hot de Sarah MacLean


Fãs de romance de época vão delirar com a notícia de que a divertida Sarah MacLean está de volta à editora Gutenberg com uma nova série incrivelmente sexy, inteligente e certamente muito romântica. "Belas Fatais" é um presente para os fãs que aguardavam rever alguns personagens amados de livros anteriores e, é possível garantir, não menos atraente para quem ainda não leu nada da autora. O primeiro volume, "Rainha do Escândalo", estreia a tetralogia em grande estilo, apresentando Lady Sesily Talbot, uma heroína ousada e impetuosa, capaz de se livrar de um canalha ou seduzi-lo em uma única noite.

Depois de anos vivendo como uma das mulheres mais escandalosas de Londres, Sesily abraçou sua reputação para usufruir da liberdade de atrair cavalheiros para jardins escuros, sem que ninguém percebesse do que se tratavam esses encontros. Impossível não querer saber o desenrolar dessa história, que é só o começo de uma coleção absolutamente imperdível. Algumas razões para vocês se renderem à leitura:

"Rainha do Escândalo", é o primeiro volume de "Belas Fatais" - uma série sedutora e feminista, escrita deliciosamente pela diva dos romances históricos: Sarah MacLean. O que faz uma mulher quando a sociedade lhe impõe a alcunha de “escandalosa”? Abraça a graciosa reputação e desfruta de toda a liberdade proporcionada pelo título, é claro! E se há alguém que personifica a realeza dos escândalos londrinos é Lady Sesily Talbot.

Os mais puritanos devem ficar chocados ao vê-la se esquivando pelos jardins dos bailes em Mayfair, sempre acompanhada de um cavalheiro. Mas como nem tudo é o que parece, se engana quem acha que a vida de Sesily é feita apenas de ócio e prazeres... A indecorosa lady também é uma peça importante das Belas Fatais, um grupo de mulheres criado pela Duquesa de Trevescan com a finalidade de identificar e punir homens perigosos e vis. E Londres está repleta deles!

Atrair esses homens é uma missão simples para Sesily, porém há um rapaz que parece resistir à sua sedutora teia: Caleb Calhoun, sócio de sua irmã. Mas o jovem também está envolvido num submundo perigoso, e um terrível segredo de seu passado pode colocar tudo a perder. Será que Caleb é capaz de se manter firme e resistir à tentação de se entregar perdidamente para sua escandalosa lady? Rainha do escândalo é um romance histórico sexy e empoderador. Garanta o seu exemplar neste link.


O que disseram sobre o livro
“Inteligente, sexy e sempre muito romântico.” Julia Quinn

“Se você busca um romance de época inteligente, espirituoso e apaixonado, recomendo qualquer livro de Sarah MacLean.” -  Lisa Kleypas

.: "Iroko": Omar Sosa e Tiganá Santana apresentam álbum em parceria


Com lançamento pelo Selo Sesc previsto para 20 de janeiro nas plataformas de áudio e Sesc Digital, disco reúne o pianista cubano e o cantor e compositor baiano numa celebração ao orixá Iroko.


“(Tiganá) Santana e (Omar) Sosa são dois espíritos inovadores da cena musical contemporânea que têm muito em comum. Eles estruturam complexas composições por meio de ouvidos sintonizados em suas respectivas cosmovisões advindas da África Subsaariana (Candomblé, no Brasil; e Santeria, em Cuba). Assim, textual e emocionalmente, eles falam às mesmas divindades ancestrais iorubanas, e são capazes de criar um diálogo da África consigo mesma, a partir de vários pontos de partida, portos de entrada e através dos mares. Um diálogo de conceito futurista e cósmico, embora contemporâneo em seu apelo, apoiado por um conjunto de instrumentos subsaarianos que adicionam urgência melódica ao discurso.”
(Carlos Moore)

É desta maneira que o escritor, pesquisador e cientista social dedicado ao registro da história e da cultura negra Carlos Moore define a experiência ao escutar "Iroko". O novo álbum do compositor cubano Omar Sosa e do compositor e violonista baiano Tiganá Santana, é uma reverência em forma de música ao Orixá que presentifica aqueles que vieram antes e o que está por vir; uma saudação ao tempo que pontua histórias passadas e presentes para desenvolver um diálogo afrocentrado em um futuro comum.  

Gravado no Brasil, no estúdio Gargolândia, em Alambari, São Paulo, o álbum, em formato exclusivamente digital, será lançado pelo Selo Sesc, a partir do dia 20 de janeiro nas principais plataformas de áudio e gratuitamente no Sesc Digital. Antes disso, o público já teve contato com a faixa "Bloco Novo", acompanhada de videoclipe gravado no interior de São Paulo e lançada em novembro de 2022, mês da consciência negra. Antecipando a sonoridade compartilhada pela união da dupla, a música convoca a todos para “refazer o afoxé do povo / quando a dor dominar / são as marcas de um bloco novo / que passará”. E vislumbra um futuro que diz respeito ao comum, partilhado em artes musicais – prática espiritual por excelência – ao ecoar “Afoxé vai traçar um destino altivo / pra minha gente morar / todo o medo já foi vencido / por ijexá”.

"Iroko" (do iorubá Íròkò) é guardião da ancestralidade e dos antepassados, é a força das variações meteorológicas e, ao mesmo tempo, floresta centenária. Ou o próprio coletivo de árvores grandiosas; seio da natureza que é morada de todos os Orixás; primeira árvore que se fez plantar na Terra. Em África, Iroko vive na árvore que leva seu nome. No Brasil, onde essa árvore não é nativa, foi-lhe atribuída a grandiosa gameleira branca. Em Cuba, é a “ceiba” - a sumaúma. Trata-se, na diáspora afro-brasileira, do Orixá que equivale, entre os que descendem dos bantos, ao Inquice Kitembu: o vento transformador, a vida, a morte, a árvore como o corpo do tempo. 

O projeto do disco teve início com o encontro entre Omar e Tiganá, dois artistas negros afro-latinos ligados a tradições espirituais afrodiaspóricas, egressos de dois dos principais polos culturais negros fora da África subsaariana: Brasil e Cuba. Os artistas encontraram-se algumas vezes no Brasil e na Europa, sempre trocando informações quanto à possibilidade de gravar um álbum que explicitasse, por meio do diálogo entre suas obras, os pontos de encontro entre rítmicas, inflexões e criações afro-cubanas e afro-brasileiras com base em princípios artístico-musicais bantos (entre os Congos e Angola) e iorubanos (entre a Nigéria e o Benin). Tais culturas exerceram influência histórica muito relevante no Brasil e em Cuba e se fazem presentes nas suas manifestações culturais contemporâneas.

Composto por 11 faixas, o repertório engloba três canções em parceria ("Inner Crossing (Travessia)", "Black Frequencies" e "Time In Nature"), três de Tiganá ("Bolero de Flotación", "A Seiva da Gameleira Branca" e "Bloco Novo") e duas de Omar ("Moradía de Babalú" e "Y Loves"). Completam a lista três canções que são fruto da tradição oral africanas ("Iroko", "Muilo" e "Kitembu"). Como um todo, o álbum materializa-se com a amálgama do dedilhar de Sosa e Santana, ao piano e violão respectivamente, onde arroubos melódicos curtos e contidos abraçam um “experimentalismo” que lhes permite espaço para continuamente instigar o movimento. A voz de Tiganá, num cantarolar hipnótico, soma-se a percussão de Omar e, juntos, desafiam fronteiras e obliteram o tempo, pintando novos sonhos com as cores do possível e esculpindo as formas do amor e do desejo redescobertos.

A respeito do desenvolvimento das composições, Sosa define um processo orientado, sobretudo, pela espontaneidade e pela confluência de concepções: “Nós optamos por um caminho que foi, basicamente, o do encontro: Tiganá gravava o que sentia sem que eu escutasse, e eu gravava o que sentia sem que ele soubesse. Porém, ao nos encontrarmos para a gravação final, ficou bastante claro que nós compartilhávamos uma mesma ideia, que era a de uma reverência, uma homenagem, uma saudação a Iroko”. E Santana complementa: “Fazer um disco, para mim, faz sentido quando o ato não se resume a uma certa ideia pré-concebida a respeito do que seja música; quando é algo que parte de uma ação vital”.

Ao ter seu primeiro contato com a obra, a cantora e pesquisadora Fabiana Cozza clama para que palavras não interfiram nessa que é uma experiência de escuta, de música e, por isso, diz mais à pele do que aos tímpanos. “Aqui, a escuta possível é a dança da madeira, do aço, dos ossos, membranas de animais, palmas que mergulham em nós”, completa.

Em formato digital, "Iroko" tem lançamento previsto para o dia 20 de janeiro nas plataformas de streaming e no Sesc Digital e é acompanhado de um EPK sobre o processo de criação do álbum no Estúdio Gargolândia, em Alambari, no mês de fevereiro de 2022.


Tracklist:
1. "Iroko" (Domínio Público – arr. Omar Sosa) – piano e voz: Omar Sosa / percussão no bojo do violão e voz
2. "Bolero de Flotación" (Tiganá Santana) – violão-tambor e voz: Tiganá Santana /piano: Omar Sosa
3. "Muilu" (Domínio Público) – percussão corporal e voz // percussão corporal, cordas de piano e vozes: Omar Sosa / Participação especial dos pássaros, insetos e outros seres vivos, antecedendo a aurora, isto é, o nascimento de Muilu
4. "Inner Crossing (Travessia)" (Poema de Tiganá Santana e música de Omar Sosa) – piano, percussão e efeitos: Omar Sosa / voz: Tiganá Santana
5. "Moradía de Babalú" (Omar Sosa) – piano, percussão, efeitos e vozes: Omar Sosa / percussão e vozes: Tiganá Santana
6. "A Seiva da Gameleira Branca" (Tiganá Santana) – violão-tambor e voz: Tiganá Santana / piano, percussão e efeitos: Omar Sosa
7. "Black Frequencies" (Omar Sosa & Tiganá Santana) – piano, kalimba e efeitos: Omar Sosa / percussão e voz: Tiganá Santana
8. "Bloco Novo" (Tiganá Santana) – violão-tambor, percussão corporal e voz: Tiganá Santana / piano e percussão: Omar Sosa
9. "Kitembu" (Domínio Público) – percussão, percussão vocal e vozes: Tiganá Santana / percussão vocal e vozes: Omar Sosa / vozes em conversa: Manu, Pedro Altério e André
10. "Y Loves" (Omar Sosa) – piano e percussão: Omar Sosa / violão-tambor e voz: Tiganá Santana
11. "Time in Nature (Omar Sosa & Tiganá Santana) – vozes: Sol, Aves, Bois, Tiganá Santana, André Magalhães, Pedro Altério e Manu / piano: Omar Sosa


Produzido por Omar Sosa e Tiganá Santana.
Gravado em fevereiro de 2022 no Estúdio Gargolândia - Alambari (SP) por André Magalhães.
Mixado por Steve Argüelles at Plushspace, Paris.
Masterizado por Klaus Scheuermann.
Produção executiva:
Mônica Cosas.
Arte da Capa: Criola
Design gráfico: Nilton Bergamini
Akassá Produções
Disponível a partir de 20 de janeiro nas plataformas de áudio e Sesc Digital.


Omar Sosa
Compositor e pianista cubano, Omar Sosa é um dos artistas de jazz mais versáteis da cena atual. Seu trabalho funde uma ampla gama de jazz, world music e elementos eletrônicos com suas raízes nativas afro-cubanas para criar um som urbano original. A trajetória musical de Omar Sosa o levou de Camagüey e Havana a turnês em Angola, Congo, Etiópia e Nicarágua nos anos 1980; a uma permanência nas comunidades afrodescendentes do Equador no início dos anos 1990; a uma presença estendida na cena de jazz latino da área da baía de São Francisco; ao seu envolvimento atual com artistas da França, Cuba, Brasil e várias nações do Norte, Oeste e Leste da África.


Tiganá Santana
Compositor, cantor, instrumentista, poeta, produtor musical, curador, pesquisador, professor e tradutor, Tiganá Santana iniciou seus estudos musicais de violão aos 14 anos em sua terra natal, Salvador (BA). Aos 16 anos já compunha em diferentes línguas africanas e europeias. Criou o seu próprio violão, que chamou de violão-tambor, com afinação, textura e disposição cordofônica próprias. Graduou-se em Filosofia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) - onde é professor do Bacharelado Interdisciplinar em Artes - e doutorou-se em Letras pela Universidade de São Paulo (USP). Foi o primeiro compositor a gravar como compositor e intérprete um álbum com canções em línguas africanas no Brasil, e foi eleito pela revista inglesa "Songlines" um dos dez principais músicos brasileiros da atualidade.

.: Fome, acúmulo de lixo e luta pelo poder embalam ficção política literária


Com provocações aos dramas político-sociais do Brasil, história escrita por Andre L Braga é finalista no 7º Prêmio Kindle de Literatura

A dura realidade de pessoas que catam restos de alimentos das caçambas de caminhões de lixo ou pagam por ossos e carcaças de frangos em açougues demonstram o retorno do Brasil ao mapa da fome. Notícias sobre esses acontecimentos motivaram o autor Andre L Braga a escrever a ficção política "Onde Pousam Os Urubus", obra finalista do 7º Prêmio Kindle de Literatura.  

Inspirado por trechos do curta-metragem "Ilha das Flores", de Jorge Furtado, e por "1984", de George Orwell, o escritor Andre L Braga propõe em sua narrativa inserir situações e problemas reais da sociedade contemporânea - luta pelo poder, manipulação de informações, fome, exclusão social, intolerância religiosa e outras questões políticas, ambientais e econômicas - em um universo fictício.  

"Onde Pousam Os Urubus" inicia com a morte do presidente de Novamazônia, uma jovem nação, situada no coração da floresta amazônica, que, pela primeira vez em 30 anos, escolherá um novo presidente por eleições diretas. Nessa disputa, dois candidatos concorrem ao cargo: Júnior Pedrosa, conservador, e Ophelia Marabaixo, progressista.  

Mas, o caminho até o poder não é fácil e um desses candidatos precisa conquistar votos dos eleitores de Pouso Alegre, ilha fluvial onde o lixo da capital Londonésia é despejado. Para atingirem seus objetivos, eles se envolvem com figuras populares da Ilha: um líder religioso e o líder dos miseráveis que vivem dos dejetos.  

No meio dessa competição política, "Onde Pousam Os Urubus" dialoga com o drama ao dividir com o leitor a história de Carla, uma garotinha cheia de mistérios que possui necessidades educacionais especiais e rouba o protagonismo com um carisma comovente.  

O livro também esmiuça segredos que envolvem corrupção, tragédias, mortes e outras tantas sujeiras ainda mais podres que os depósitos de lixos. A escrita de André cutuca feridas e males que estão enraizados em países como o Brasil e permite ao leitor mergulhar no misticismo da região norte ao mesmo tempo em que reflete sobre assuntos como descaso e abandono.  

Nessa perspectiva, "Onde Pousam Os Urubus" é dividido em três pilares: a luta pelo poder como um fim em si mesmo; a exploração do povo e a perpetuação da miséria para fins políticos; e os riscos da distorção da realidade através do discurso político. A partir dessas bases, a obra equilibra a frieza do jogo político e a dramatização vivenciada pela menina Carla, seus familiares e o povo de Novamazônia. Garanta o seu exemplar neste link.


Trecho do livro
"Não se voluntariam a trabalho de tamanha insalubridade por consciência, por senso de cidadania, ou por algum tipo de nobreza de espírito. Tampouco se voluntariam, no senso estrito da palavra. Não o fazem por vontade própria. Não o fazem por opção. Oferecem suas mãos, pés, olhos..., oferecem seus corpos à desumana labuta porque têm fome, porque suas famílias têm fome, porque seus descendentes precisam ter o que comer. Por isso a prioridade é a busca por restos de alimentos, antes que roedores e urubus tomem aquilo que, aos homens, mulheres e crianças de Pouso Alegre, pertence. É uma luta diária por comida, uma luta que começa em Londonésia, onde a sobra não se dá nem ao cão, nem ao gato. A sobra se atira ao lixo e, do lixo, alimenta invisíveis habitantes das cercanias de Não-Te-Vejo."  ("Onde Pousam Os Urubus", p. 11 e 12) 


Sobre o autor:
Andre L Braga
lançou-se na literatura de ficção em 2018, com “Ana Que Vivia no Espelho”, uma trama psicológica. No ano seguinte, publicou “Mulheres Que Temiam Seus Pais” e, em seguida, veio “Nudes, Mentiras & Ameaças”. Em comum, nesses três títulos, a terapeuta Verena Pacelli. O autor aborda a política e questões de cunho social em sua trilogia “Brasil de Leviatã”; no livro de contos “Sobre Seres Urbanos”; no romance contemporâneo “Quadrilátero”.

Em parceria com sua filha mais velha, sob o pseudônimo de Lara Märchen, assina contos de horror, publicados em diversas antologias. Nascido em Americana, interior de São Paulo, o autor reside na Holanda, ao lado da esposa, duas filhas e um adorável cão. Compre o livro "Onde Pousam os Urubus" neste link.

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial
Tecnologia do Blogger.