Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.
Na atividade como músico desde 1967, Paulinho Guitarra mantém um currículo invejável. Fundador (e padrinho) da célebre Banda Vitória Régia, que acompanhou Tim Maia, ele também fez trabalhos memoráveis com vários outros nomes, como Marina Lima, Ed Motta, Marcos Valle, Cassiano, Sandra de Sá, Cazuza e Paula Lima, só para citar alguns exemplos
E o veterano músico nem cogita uma aposentadoria. Seu elogiado trabalho instrumental segue em plena atividade. O seu último disco, o Baile na Suméria, mescla uma sonoridade soul com o jazz de forma singular. E ele desenvolve atualmente um projeto de show ao vivo com foco na sonoridade soul dos anos 70, além de participar do projeto em tributo ao músico Raul de Souza. Em entrevista para o portal Resenhando.com, Paulinho conta alguns detalhes dessa sua trajetória na música, incluindo seus projetos atuais.
Resenhando.com - Quais foram suas principais influências musicais?
Paulinho Guitarra - Minhas influências vieram dos anos 60, com nomes como Eric Clapton (da fase das bandas Cream e Blind Faith), Jimi Hendrix, Leslie West (da banda Mountain), além de George Harrison dos Beatles. Posso citar ainda B.B. King e Freddie King, na área do blues. Já na área do jazz citaria nomes como John McLaughlin, Pat Metheny, Miles Davis e John Coltrane. Acrescentaria ainda as bandas de soul, como a Mar-Keys, que acompanhava os astros da gravadora Stax. É um universo bem amplo.
Resenhando.com - Como foi tocar na banda Vitoria Regia, que acompanhava o Tim Maia?
Paulinho Guitarra - Foi um aprendizado e tanto. Eu participei das gravações dos discos da fase inicial do Tim, de 1971 até 1977. E um fato curioso é que eu acabei sendo o padrinho da banda. Naquela época, a banda ainda não tinha nome. Nós ensaiávamos em uma casa que ficava na rua Vitória Régia, no Rio de Janeiro. Um dia sugeri pro Tim nomear o grupo como a Banda da Rua Vitória Régia. Ele adorou a ideia. Mais tarde, para encurtar o nome, ele tirou a rua e passou a se chamar somente Banda Vitoria Régia. E ficou assim desde então. Foi uma escola para um músico como eu, tocar ao vivo e gravar em estúdio. Aprendi muita coisa.
Resenhando.com - Mais tarde você tocou com o Cassiano. Por que essa parceria não foi para frente?
Paulinho Guitarra - Foi depois que saí da banda do Tim Maia. O Cassiano me chamou para participar de um disco dele. Fizemos vários ensaios mas o disco nunca chegou a ser lançado. Depois fui tocar com o Sidney Magal, que fêz um sucesso grande naquele período, além de tocar com Carlos Dafé, entre outros.
Resenhando.com - Nos anos 80 você integrou a banda da Marina Lima com um time de feras da música (Renato Rocketh, Jorjão Barreto, etc). Fale sobre essa experiência.
Paulinho Guitarra - Depois de tocar com vários nomes, veio o convite para participar do grupo que acompanharia a Marina Lima. Acabei ficando oito anos com ela. Era época dos discos "Fullgas", "Todas" e "Virgem". Foi um período muito produtivo. A banda dela teve várias formações até chegar na época do disco 'Todas" , que tinha o Rocketh no baixo, o Sérgio Della Monica na bateria, Jorjão Barreto nos teclados e Miguel Ramos no sax. Foi uma experiência bem marcante. Fizemos muitas coisas legais.
Resenhando.com - Conte como aconteceu o solo de guitarra da gravação de "Nada por Mim", com a Marina.
Paulinho Guitarra - Eu tinha também uma banda com o Claudio Zoli nesse período. E quando surgiu a gravação para fazer, eu estava ainda esperando chegar uma guitarra nova, que eu havia comprado. Por isso, pedi emprestado a guitarra Fender Stratocaster do Zoli para gravar. O solo aconteceu praticamente ao vivo no estúdio. Sem parar de fazer a base, eu fiz o solo que saiu em um estilo meio blues e acabou ajudando a canção a fazer o sucesso que foi na época. Também marcou muito o solo da canção "Uma Noite e Meia", do Renato Rocketh, que virou um hit da Marina nos shows da época do álbum Virgem.
Resenhando.com - Na sequência você tocou na banda do Ed Motta. Como foi tocar com ele?
Paulinho Guitarra - Um pouco antes toquei com o Claudio Zoli. E realmente depois toquei com o Ed Motta. Foram quase 22 anos tocando com ele, que é um cantor incrível. Um dos melhores, sem dúvida. E toquei ainda com Marcos Valle, que foi uma outra experiência incrível.
Resenhando.com - Fale sobre seu projeto autoral instrumental.
Paulinho Guitarra - Tenho um selo musical, o Very Cool Music, pelo qual lancei quatro discos: Very Very Cool Band, Trans Space, Romantic Lovers e Baile na Suméria. E tenho mais um, o primeiro que foi pela Niteroi Discos, que leva o meu nome no título. Dos projetos atuais, tem o Superfly, um show com foco na sonoridade soul dos anos 70. E também faço parte do projeto Tributo ao Raul de Souza, que foi um dos maiores músicos do País. Continuo compondo e produzindo coisas novas nessa linha instrumental.
"120 Shars Beat"
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