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sexta-feira, 26 de julho de 2024

.: "A Árvore Mais Sozinha do Mundo", o novo livro de Mariana Salomão Carrara


“A escrita de Mariana Salomão Carrara é de uma visceralidade impressionante”
, afirmou a escritora Tatiana Salem Levy recentemente. A afirmação é mais do que justa e, em agosto, a editora Todavia publica o mais novo livro da premiada autora Mariana Salomão Carrara. O romance "A Árvore Mais Sozinha do Mundo" (compre o livro neste link) é arrebatador e gira em torno das nuances da convivência familiar e os desafios - sociais e climáticos - que assombram o trabalho com a terra.

Nesta obra, Carrara se reafirma como uma das escritoras mais talentosas da nova literatura brasileira, abordando temas densos como a exploração do trabalho familiar e o abuso de agrotóxicos nas lavouras. O centro da trama de "A Árvore Mais Sozinha do Mundo" é ocupado por Guerlinda e Carlos, casal que vive com os filhos em uma pequena roça no Rio Grande do Sul e se dedica ao cultivo do tabaco. Na dura época da colheita, a mãe de Guerlinda é chamada para ajudar nos trabalhos, e sua chegada transforma os já desgastados contornos da rotina familiar.

Com uma escrita engenhosa, a autora joga com as formas narrativas e constrói um enredo a partir da visão de objetos que rodeiam a casa: o espelho lusitano na sala; a roupa de proteção que acompanha os filhos na lida com os defensivos agrícolas; a velha caminhonete Rural da família; e a árvore que observa tudo do alto, no quintal em frente à propriedade. O livro chega às livrarias no dia 9 de agosto. 

Sobre a autora
Mariana Salomão Carrara nasceu em 1986, em São Paulo. Defensora pública, é autora de "Fadas e Copos no Canto da Casa" (Quintal Edições), "Se Deus me Chamar Não Vou" (editora Nós, indicado ao Jabuti 2020) e "É Sempre a Hora da Nossa Morte Amém" (editora Nós, indicado ao Jabuti 2022 e ao Prêmio São Paulo de Literatura 2022). Pela Todavia, publicou "Não Fossem as Sílabas do Sábado", vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura 2023 na categoria Melhor Romance.

.: Série "Manual de Assassinato para Boas Garotas" será lançada em agosto

A aguardada adaptação do best-seller "Manual de Assassinato para Boas Garotas" (compre o livro neste link) chega à Netflix em 1º de agosto. Escrito por Holly Jackson e publicado no Brasil pela Intrínseca em 2022, o livro conta a história de uma jovem de 17 anos que dá início a uma investigação obsessiva e perigosa para desvendar a misteriosa morte de uma adolescente de sua cidade. A série é estrelada por Emma Myers ("Wandinha") e Zain Iqbal ("All Crazy Random"). 

Pip conhece bem a história que assombra a pequena cidade de Little Kilton: o trágico assassinato de Andie Bell, a garota mais popular do colégio, por seu namorado Sal Singh, que teria se suicidado em seguida. Cinco anos depois, as matérias tendenciosas da imprensa local e o ostracismo das famílias de ambos confirmam que todos estão longe de esquecer o crime, apesar de o caso nunca ter ido a julgamento.

Para a jovem, as peças desse quebra-cabeça não se encaixam. Será que Sal realmente era um assassino? Ou será que Andie não era tão inocente quanto todos achavam? Envolta nesses questionamentos, Pip decide analisar o crime em seu projeto de conclusão de curso no colégio, e, com a ajuda de Ravi, irmão mais novo de Sal, ela começa a questionar a investigação oficial. Nem todos, porém, parecem satisfeitos com as descobertas da garota. À medida que segredos aterrorizantes são revelados, a vida da jovem detetive corre perigo, e talvez ela precise deixar de ser uma boa garota para reescrever a história de sua cidade.

Best-seller do jornal The New York Times e muito elogiado pela crítica, "Manual de Assassinato para Boas Garotas" é uma leitura indispensável para os fãs de histórias de mistério e true crime. Com uma trama viciante, personagens carismáticos e reviravoltas assustadoras, o livro mostra o impacto - às vezes irreversível - das pequenas violências do cotidiano.



Sobre a autora
Holly Jackson escreve desde jovem, tendo terminado seu primeiro (e terrível) romance aos 15 anos. Ela se tornou autora best-seller com sua série de estreia, "Manual de Assassinato para Boas Garotas", que vendeu milhões de exemplares em todo o mundo e foi adaptada em uma série de sucesso da BBC, distribuída pela Netflix. É formada na Universidade de Nottingham, onde estudou Linguística Literária e Escrita Criativa, e tem um mestrado em Língua Inglesa. Atualmente, mora em Londres. Holly gosta de jogar videogame e assistir a documentários sobre crimes reais para fingir que é uma detetive. Pela Intrínseca, também publicou "Os Cinco Sobreviventes". Foto: divulgação.

"Manual de Assassinato para Boas Garotas",  de Holly Jackson
Tradução: Diogo Magalhães e Karoline Melo.
Páginas: 448.
Editora: Intrínseca.
Compre o livro neste link.

terça-feira, 23 de julho de 2024

.: Rafael Cortez lança livro prático sobre como chegar ao sucesso


Humorista, apresentador e youtuber brasileiro, Rafael Cortez é conhecido principalmente por seu trabalho no programa "Custe o Que Custar" (CQC), transmitido entre 2008 e 2015 na TV Band. Com 16 anos no stand-up, ele possui ao todo três décadas de carreira e chama atenção para a importância de ter atitude para alcançar o sucesso. Desta forma, o humorista lança, no dia 1° de agosto, o livro “Atitude Transformadora” (compre neste link), pela editora Benvirá, que conta histórias marcantes sobre a sua trajetória e promete inspirar os leitores a seguirem seus sonhos.  

A obra é baseada em uma palestra de mesmo nome, apresentada por Cortez em empresas, congressos, entidades, associações e universidades desde 2022. Amplamente procurado pelas organizações, o autor conta que o diferencial da atitude transformadora é o fato de trazer benefícios para todos os envolvidos, impulsionando o sucesso sem prejudicar ninguém. Para comprovar essa teoria, ele compartilha, dessa vez em forma de livro, cases de sucesso e técnicas práticas para o leitor desenvolver a sua própria revolução. 

Entre reflexões sobre internet, nova geração, sucesso e fracasso, Rafael busca, através da obra lançada pela Saraiva Educação, mostrar como a iniciativa pessoal de progredir no universo profissional pode criar e melhorar oportunidades. O lançamento acontece junto à palestra, que será apresentada pela primeira vez ao público, fora das empresas, geral pela primeira vez no dia primeiro, em São Paulo. 

“É uma alegria participar de um projeto tão importante. Rafael é uma pessoa inteligente, com uma carreira extensa e que tem muitas histórias relevantes para contar. Estamos otimistas com o lançamento e esperamos que o livro possa surtir algum efeito positivo nos leitores”, comenta Fernando Penteado, Gerente Editorial da Saraiva Educação responsável pelos selos Benvirá, Mundo Benvirá, Érica e Saraiva Uni.  

Sobre o autor
Rafael Cortez é humorista, apresentador, cantor e youtuber brasileiro. É formado em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). 


Serviço
Lançamento do livro "Atitude Transformadora" de Rafael Cortez
Data: 1º de agosto de 2024, às 20h30, no Teatro Gazeta
Av. Paulista, 900 - térreo - São Paulo
Ingressos: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia)
Combo especial promocional: R$ 90 (palestra + livro) 


Sobre o livro
"Atitude Transformadora"
Autor: Rafael Cortez
Editora: Benvirá
Páginas: 176
Lançamento: 1º de agosto de 2024
Compre o livro neste link.

domingo, 21 de julho de 2024

.: Entrevista com Adriano Dolph, autor do livro "Fevereiro em Chamas"


"Durante anos uma lenda urbana foi divulgada até por veículos jornalísticos, de que teriam sido encontradas em um elevador, e que os corpos estavam carbonizados. Isso nunca ocorreu", comenta Adriano Dolph em entrevista exclusiva para o portal Resenhando.com.

Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

O livro “Fevereiro em Chamas” (compre neste link), do jornalista Adriano Dolph, é dramático e revelador, O autor percorre um longo caminho relembrando as três tragédias que abalaram o Brasil no mês de fevereiro: edifícios Joelma, Grande Avenida e Andraus. Com uma abordagem humana, sensível e jornalística, mostra a dor de familiares; ecos, cicatrizes e consequências dos incêndios. A partir daí, ele conta histórias de força e persistência. Dolph conduziu uma grande investigação sobre o tema, percorrendo arquivos de fóruns, jornais, corporações e até da ditadura militar.

Devido à abordagem documental, a obra literária ganhou uma segunda fase, agora em formato de audiovisual em um canal na internet. O documentário apresentado em série traz uma abordagem ampla e que abre espaço para novos registros, agora em audiovisual vídeos inéditos. “Fevereiro em Chamas” também está disponível no YouTube  (@fevereiroemchamas) e também no Spotify - Edifício Joelma - 50 anos em busca da verdade.

Nascido em 1975 em São Paulo, Adriano Dolph, é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, com Pós-Graduação em Comunicação. A Iniciou em 2004 uma série de pesquisas e entrevistas para o livro “Fevereiro em Chamas”, contribuindo também para um trabalho acadêmico sobre narrativas midiáticas e opinião pública na cobertura dos incêndios do Edifício Joelma e da Boate Kiss. Atualmente, atua como comentarista esportivo na plataforma Brasileirão Play, além de ser apresentador, criador de conteúdo digital e mestre de cerimônias.


Resenhando.com - O que motivou você a escrever o livro "Fevereiro em Chamas"?
Adriano Dolph - Este assunto dos grandes incêndios na cidade de São Paulo sempre me chamou a atenção. Ainda jovem, buscava referências e textos, informações específicas sobre o tema, e era muito difícil encontrar reportagens apuradas e checadas. Como exemplo, cito a questão das 13 vítimas não identificadas que foram sepultadas no cemitério São Pedro. Ou então a questão dos réus que foram julgados. Resolvi arregaçar as mangas e correr atrás das informações. Foram 15 anos de trabalho checando mais de 10 mil páginas de documentos, fotos e arquivos.

Resenhando.com - Em que as tragédias do Edifício Joelma, Grande Avenida e Andraus - e também a tragédia da Boate Kiss, podem dizer a respeito da segurança contra incêndios e nas políticas públicas do Brasil?
Adriano Dolph - 
Importante salientar que nos incêndios do Andraus e Joelma, ainda estava em vigência um Código de Obras datada da década de 1930, ou seja, muito obsolete e que não atendia as demandas do crescimento vertical de uma cidade como São Paulo. Em 1972, por exemplo, não existiam noções de brigada de incêndio e primeiro combate ao fogo nas edificações, o que era um total absurdo para um prédio como o Andraus, com mais de 25 andares. Em 1981 ocorreu o segundo incêndio no Edifício Grande Avenida, onde foram constatadas diversas irregularidades nas obras de reconstrução após o primeiro incêndio, em 1969. Dezessete pessoas perderam a vida em decorrência, justamente, da falta de uma escadas com isolamento para o fogo. Mesmo neste século presenciamos diversas tragédias do relacionadas ao fogo, como na Boate Kiss. Todas tem como coincidência alguns pontos: o desleixo das autoridades ao fiscalizar edificações, ao exigir o cumprimento das regras e da lei. E a imperícia de funcionários ou responsáveis.

Resenhando.com - Essas tragédias poderiam ser evitadas - ou você acredita no poder imutável do destino?
Adriano Dolph - 
Em termos técnicos, de fiscalização e prevenção, com toda certeza. Infelizmente o Poder Público falhou, e obviamente, os responsáveis pelos edifícios, ao designar pessoas inabilitadas para desempenhar funções que exigiam conhecimento prévio.


Resenhando.com - Qual das tragédias pesquisadas por você o impactou mais?
Adriano Dolph - Todas tiveram um impacto muito forte, pois em todos os incêndios ocorreram histórias de dor e sofrimento. Mas é inegável que o incêndio do Edifício Joelma ocorre um impacto maior, especialmente pelo número de perdas elevado, e pela dimensão das imagens, fotos e videos.

 
O que podemos aprender a respeito sobre essas tragédias nacionais e o que fazer para evitá-las?
Adriano Dolph - 
Onde há prevenção, treinamento, e fiscalização, as chances de ocorrerem um grande incêndio diminuem consideravelmente. Seja o Poder Público, seja os responsáveis pelas edificações, fica a lição de que o desleixo pelas normas e regras pôde significar em uma grande tragédia.

 
Realizar as pesquisas para três tragédias arrebatadoras demanda tempo. Quando percebeu que era a hora de parar de pesquisar para começar a escrever o livro?
Adriano Dolph - O livro foi escrito e publicado, mas ainda há outras histórias sendo apuradas e checadas para uma futura edição revisada, ou um novo livro sobre o edifício Joelma. No caso de "Fevereiro em Chamas", o timing foi o marco dos 50 anos do incêndio do edifício Andraus. Costumo falar que o jornalista nunca deve parar de pesquisar e apurar. Essa é a função da profissão.

 
Na investigação sobre o tema, você percorreu arquivos de fóruns, jornais, corporações e até da Ditadura Militar. Como a ditadura militar pôde ajudar a contar essa história?
Adriano Dolph - 
Os três incêndios ocorreram em um período de perseguição a opositores, onde foram cassados direitos políticos, e havia restrição do que poderia ser ou não publicado. E obviamente tive muita atenção desse contexto em relação aos eventos. Na produção do livro descobri documentos sigilosos de que todos os incêndios chegaram a ser investigados como atentados subversivos, sem que nada tenha sido provado. Pessoas foram conduzidas a delegacias e órgãos repressores para depoimentos. Mas ainda há muito a ser desvendado especialmente no incêndio do edifício Joelma.

 
Há alguma informação que encontrou, durante as pesquisas, que o surpreendeu?
Adriano Dolph - 
A informação mais importante foi em relação aos 13 corpos não identificados que foram enterrados em Vila Alpina. Durante anos uma lenda urbana foi divulgada até por veículos jornalísticos, de que teriam sido encontradas em um elevador, e que os corpos estavam carbonizados. Isso nunca ocorreu. Através de uma intensa apuração e pesquisa, descobrir que estas pessoas faleceram em circunstâncias, dias e locais absolutamente diferentes. Jamais foram encontradas em tal elevador. E no livro apresento todos estes dados, com dez possíveis nomes destas pessoas.

 
Você lidou com um tema muito pesado. Logo, essas pesquisas mexeram emocionalmente com você? 
Adriano Dolph - É impossível em todo o processo não se emocionar. Obviamente, trabalhando na apuração, checagem, entrevistando, escrevendo, procurei sempre me distanciar para ser o mais neutro e imparcial possível. Mas em diversos momentos me emocionei. A dor de quem passou por uma tragédia destas é gigantesca. E todo contexto de arquivos, fotos e relatos é muito doloroso.

 
O que a série documental derivada de "Fevereiro em Chamas" complementa o livro, e o que há no livro que não tem na série?
Adriano Dolph - A série contextualiza o livro. Traz imagens inéditas que foram garimpadas nas redes sociais e na internet. E está sempre em apuração e checagem de novas informações. Por isso, considero que seja a primeira websserie de cunho jornalístico, com apuração e checagem, sem o ranço do sensacionalismo e das lendas urbanas.



.: Karine Asth conta detalhes sobre a escrita de "Dentro do Nosso Silêncio"


"S
into que o romance não existe sem a complexidade do ser humano", afirma escritora Karine Ash sobre "Dentro do Nosso Silêncio". Romance publicado pela editora Bestiário mergulha nas emoções intensas de um casal em busca da maternidade e da superação do trauma. Foto: Lucas Soares

No emaranhado de desafios e expectativas que envolvem o caminho para a maternidade, o livro "Dentro do Nosso Silêncio" (compre o livro neste link), lançado pela editora Bestiário, emerge como uma obra marcante, conduzida pela sensibilidade da escritora Karine Asth. Vencedor do Prêmio Jabuti de 2023 na categoria Romance de Entretenimento, o seu primeiro livro narra, através da história de Ana e Samuel, os pormenores emocionais daqueles que se autodenominam tentantes, pessoas que estão em busca do sonho da maternidade. 

"Dentro do Nosso Silêncio" lança luz sobre a dolorosa jornada enfrentada por casais que anseiam pela chegada de um filho, explorando cada reviravolta do processo com uma sinceridade tocante. Desde o primeiro teste negativo até as técnicas mais avançadas para a concepção, os leitores são levados a uma montanha-russa de emoções, onde cada página revela uma nova camada da experiência humana. Nesta entrevista, Karine Asth nos conduz pelos bastidores de sua obra, compartilhando seu processo criativo e o impacto da escrita em sua vida. 


Se você pudesse resumir os temas centrais do livro, quais seriam?
Karine Asth - Os principais temas são o processo de tentar engravidar, o sonho da maternidade, a falta de controle sobre algumas escolhas, a frustração e os recomeços.


O que te motivou a escrever o livro?
Karine Asth - Eu havia passado recentemente pelo processo de tentante. Quando decidi escrever um livro, esse tema ainda estava muito forte na minha vida. Eu precisava falar sobre isso. O processo se deu por meio da escrita e reescrita. Sempre lapidando o texto. Em determinado momento, entendi que muitas vezes menos é mais e, por isso, exclui alguns capítulos inteiros. Por entender, que deixaria a minha narrativa mais forte. Criei uma rotina, e através dela procurei manter a disciplina e o foco, o que me ajudou muito. O processo de escrever o livro durou em torno de dois anos. Depois passei seis meses revisando meu texto. Só então o submeti à leitura crítica e revisão. 


Em sua análise, quais as principais mensagens que podem ser transmitidas pelo livro?
Karine Asth - Acho que o livro pode impactar de duas formas diferentes. Àqueles que nunca tiveram dificuldade para engravidar, gera uma reflexão sobre o quanto é errado e inconveniente a pressão da sociedade sobre os casais para que tenham filhos. Sem respeitar o tempo ou a vontade mesmo do casal. E àqueles que passaram por esse processo, gera uma identificação com a história. 


Por que escolher o gênero adotado? 
Karine Asth - Porque meu desejo era ser escritora de romances ou novelas. Escrevo contos também, mas o que mais me motiva são as histórias longas, cheias de complexidade. Não que o conto não possa ser complexo, mas sinto que o romance não existe sem a complexidade do ser humano. 


O que esse livro representa para você? Você acredita que a escrita do livro te transformou de alguma forma? 
Karine Asth - Esse livro representa a maior decisão na minha vida, que foi me dedicar à escrita e poder dizer que eu sou uma escritora. Não porque ganhei o prêmio ou porque tenho um livro publicado, mas porque foi a partir dele que tudo começou pra mim. Com certeza esse livro me transformou de alguma forma sim. Passei a me sentir mais completa e mais feliz com o que faço. 


Quais são as suas principais influências artísticas e literárias? Quais influenciaram diretamente a obra?
Karine Asth - Tenho grande admiração pela escrita da Carol Bensimon e a do Ian McEwan. Pelo tema que escolhi, não tive influência de nenhuma outra obra. Mas pela escrita em si, volta e meia eu recorria ao livro de ambos para reler algum trecho que se assemelhava com o que eu gostaria de fazer.


Como você definiria seu estilo de escrita? Que tipo de estrutura você adotou ao escrever a obra?
Karine Asth - Acho que meu estilo é de uma escrita mais simples e direta. A estrutura do livro foi através de capítulos alternados entre presente e passado com a narração essencialmente da Ana. Em dois ou três capítulos, dei voz ao Samuel. 


Você escreve desde quando? Como começou a escrever?
Karine Asth - Desde os meus 11 anos, eu costumava escrever cartas. Poucos anos depois, comecei a escrever em diários. A escrita de contos e do romance veio só há poucos anos, quando entrei pela primeira vez numa oficina de escrita com Raimundo Carrero. 


Você tem algum ritual de preparação para a escrita? 
Karine Asth - Posso dizer que meu único ritual é ouvir música enquanto escrevo. Geralmente escuto instrumental. Comecei a ouvir Ludovico Einaudi e ele passou a ser essencialmente minha playlist. Não costumo colocar metas. Posso escrever dois parágrafos ou um capítulo inteiro.


Quais são os seus projetos atuais de escrita? O que vem por aí?
Karine Asth - O projeto do meu segundo romance está pronto. Na verdade, estava definindo ainda alguns detalhes em torno de personagens e história. E agora pretendo me dedicar essencialmente a este projeto.

.: Giuliano Andreoli pela fantasia latino-americana: autor desconstrói narrativa


"Se J.R.R. Tolkien tivesse sido brasileiro, “O Senhor dos Anéis” não contaria com os elementos presentes no livro", afirma Giuliano Andreoli. Escritor de "Crônicas de Ruamu: O Destino de Eneim", Giuliano Andreoli debate sobre temas comuns à população da América do Sul, como escravidão, colonização e ditaduras. Foto: divulgação / Fabio Zambom


Talvez você esteja acostumado a livros de alta fantasia com reinos longínquos e brigas pelo trono porque, de fato, são temas importantes para a população europeia. Mas o que Giuliano Andreoli propõe em "Crônicas de Ruamu: o Destino de Eneim" (compre neste link) é a aproximação dos leitores latino-americanos de seus próprios contextos de vida. Na obra, não existem conflitos para definir quem vai ter a coroa, mas questões como escravidão, colonização, racismo, tensões políticas e ditaduras, - tudo isso em um continente multirracial -, são alguns dos assuntos abordados pelo autor entre as páginas do livro.

Para o escritor e professor universitário, o processo de colonização internalizou a ideia de que o hemisfério Sul, mais especificamente a América e a África, era lar de povos sem cultura antes da chegada dos europeus. “Eu creio que isso tem a ver com o fato de muitas vezes não olharmos para o nosso passado, a nossa mitologia e a nossa cultura como uma fonte também fértil para criarmos histórias de ficção”, explica o autor. 

Giuliano Andreoli é professor universitário, mestre em Educação e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Especialista em Pedagogias do Corpo, tem uma formação multiartística nas áreas da dança, teatro, circo e artes marciais. É também pesquisador dessas artes em intersecção com a Educação, e possui diversas publicações de artigos em periódicos científicos na área dos estudos socioculturais.

Na literatura assina o livro “Dança, Gênero e Sexualidade: narrativas e Performances” (2019), pela editora Apris. Na área de ficção, publicou os contos “Os Espíritos do Deserto”, na Antologia “Guardião das Areias” (2023), e “Wendigo”, na Antologia “Sangue e Prata” (2024), ambos pela editora Medusa. Publicou ainda “Horror Noturno”, na Antologia “Chamado das Sombras” (2024), pela editora Dark Books. Nesta entrevista, confira mais reflexões sobre a importância da descentralização de narrativas e da busca por uma identidade latino-americana na literatura.


“Crônicas de Ruamu: O Destino de Eneim” constrói uma fantasia com elementos das mitologias de culturas latino-americanas. Que mitos você abordou com mais profundidade na obra?
Giuliano Andreoli - 
A história não é diretamente sobre os povos indígenas, mas sobre um continente multirracial (como o Brasil), com alguns povos de origem estrangeira e outros nativos, alguns vivendo em grandes cidades e outros em contato com a natureza. Mas a cultura indígena, sobretudo a tupi-guarani, foi a referência para alguns desses povos, com os quais os povos que vivem nas grandes cidades têm que lidar. Assim, primeiramente, o leitor perceberá referências aos mitos das cidades perdidas da Amazônia, que foram uma invenção dos colonizadores espanhóis e portugueses, vistas como fontes de grandes tesouros, mas que, nesta obra, são nações tecnologicamente avançadas que existiram no passado. Primeiramente, os nomes de algumas nações (Eneim, Manoa, Paititi, etc) foram inspirados nos nomes dados ao Eldorado, que eram nomes que os colonizadores tomaram de certas nações indígenas reais. Em segundo, a mitologia indígena aparece na figura dos Kurupis (derivado de Curupira), dos Quinametzins e dos Tupãs, que, na obra, são raças não-humanas, de grande sabedoria e poder, já dadas como extintas, mas cujos remanescentes ainda vivem nas florestas e nas matas.


Para você, qual a importância de aproximar a literatura fantástica dos aspectos culturais da América Meridional? Por que descentralizar essas narrativas eurocêntricas?
Giuliano Andreoli - 
A alta fantasia produzida por autores anglo-saxões bebe das fontes históricas e mitológicas de seus países. E nós, latino-americanos, consumimos muito esse tipo de histórias. Assim, temos o nosso imaginário povoado por elementos mitológicos ou históricos da Europa, mas muito pouco nas nossas próprias culturas e mitos.


Por que descentralizar essas narrativas eurocêntricas?
Giuliano Andreoli - 
Apesar de já haver algumas obras que fogem a essa regra, no geral, na América Latina, a alta fantasia me parece ainda muito referenciada nos autores canônicos europeus. Porém, isso não faz sentido, se pararmos para pensar bem, pois a função básica da fantasia é dar asas à imaginação. Então, por que ficar presa a um modelo? Eu creio que se J.R.R. Tolkien tivesse sido brasileiro, “O Senhor dos Anéis” não contaria com os elementos presentes no livro. Ele desenhou o seu universo dessa forma por ser europeu. Mas continuamos muito presos ao modelo de universo construído por ele. Uma questão que eu acho que influencia nisso é que a colonização impregnou em todos nós a falsa ideia de que, aqui no hemisfério sul (América e África), nós tivemos povos sem cultura e sem história, e que a história da Europa constituía a grande história universal da humanidade. Eu creio que isso tem a ver com o fato de muitas vezes não olharmos para o nosso passado, a nossa mitologia e a nossa cultura como uma fonte também fértil para criarmos histórias de ficção. Daí os Elfos, os Dragões, os Orcs e outros mitos europeus nos parecem sempre mais atrativos. Mas, através da ficção, eu acredito que é possível termos outro tipo de relação com o rico fundo cultural e mitológico latino-americano.


O que os leitores podem entender e aprender ao se aprofundarem nessas histórias que são mais próximas dos contextos em que vivem?
Giuliano Andreoli - 
Histórias de alta fantasia visam o lazer através do escape momentâneo da realidade concreta. Mas elas também representam em suas narrativas questões profundas sobre a vida, a natureza humana, a honra, a guerra etc. E a maneira como isso é feito, na narrativa, pode refletir aspectos do mundo social onde o autor e os leitores vivem. Por exemplo, na alta fantasia anglo-saxã um tema recorrente são as disputas entre linhagens de reis pelo direito ao trono. E isso acontece porque tem a ver com a história nacional dos países europeus. No Brasil, nós não temos uma história política ligada a isso, nem sequer a monarquia tem o mesmo peso para nós. No caso da minha história, eu abordo o tema da colonização, em sua articulação com o racismo, que me parece muito mais relacionado aos conflitos e tensões que constituíram alguns problemas da nossa sociedade atual. Outros temas que abordo são os conflitos políticos e a relação entre os povos que vivem nas cidades e os povos nômades (que são como os nossos indígenas) de Ruamu. E há também a questão da violência contra a mulher, que aparece no arco de uma das personagens secundárias. Essa personagem vive em uma nação que é representada com valores culturais mais retrógrados, e esse problema acaba aparecendo em sua vida. Esses são exemplos de temas bem próximos do contexto em que vivemos. Eles geram alguns dos conflitos que movimentam a trama. E os leitores podem refletir e aprender com os ensinamentos trazidos pelo destino a cada um dos personagens quando eles confrontam esses problemas.


Você utiliza o enredo para tratar sobre temas como violência, racismo e dogmatismo religioso. Como esses assuntos tão atuais podem ser encontrados entre as páginas?
Giuliano Andreoli - 
Nessa obra, eu procuro retomar algo que já foi feito por autores como Robert Howard ("Conan”) e J.R. Tolkien (“O Senhor dos Anéis”): criar mundos fictícios com grandiosas civilizações que existiram no passado longínquo. Assim, na minha obra, a América do Sul está povoada por imensas nações, com cidades e templos grandiosos, como em qualquer uma dessas obras de alta fantasia. E só isso já é importante para desfazer um imaginário que por muito tempo se fixou em nossas mentes: a ideia de que apenas o hemisfério norte teve a capacidade de desenvolver grandes civilizações. Na tradição dos mitos das civilizações perdidas, por exemplo, sempre foi muito comum elas serem representadas apenas como povos de raça branca. Isso aparece na literatura mundial nas histórias sobre Atlântida e outras. A minha história brinca um pouco com a subversão de tudo isso. A exemplo do nome da nação opressora estrangeira, Schwertha, retirada da obra Crônicas de Akakor, que compõe parte desse imaginário colonial que divulgou a ideia de povos de raça branca construindo civilizações avançadas no passado da América do Sul. Na história desse livro, Schwertha está ligada aos invasores do continente de Ruamu que pregam uma doutrina de superioridade racial – em referência ao nazismo. E eles procuram justamente tentar desacreditar que os povos ancestrais de Ruamu produziam tecnologias muito avançadas. O dogmatismo religioso, por outro lado, está ligado a outro eixo da história, que é uma instituição religiosa chamada susejismo, um dos ramos de uma religião milenar que existe no continente de Ruamu. Há muitos pontos de vista divergentes sobre a doutrina. E há debates entre os personagens susejistas mais fanáticos e os susejistas que seguem orientações mais progressistas ou pacifistas. Esses dois eixos constituem, por assim dizer, os principais antagonismos aos personagens centrais da trama e é o que gera os posicionamentos dos heróis e vilões.


Como as trajetórias dos personagens Lagnicté e Narsciti conseguem se aproximar dos contextos de vida dos leitores? O que é possível apreender da história deles?
Giuliano Andreoli - 
Cada personagem tem um arco que traz algum drama. A personagem central, Lagnicté, é uma figura política envolta no dilema de iniciar ou não iniciar uma guerra para tentar libertar o seu país. Dael é um dos melhores guerreiros do seu tempo, mas deseja viver uma vida de paz. Ambos vivem o dilema de terem que cumprir com aquilo que é colocado para eles como um dever, sem que eles tenham pedido ou desejado por essa demanda. Narsciti, por outro lado, é um personagem cujo arco está relacionado ao desejo por vingança. A morte de seus pais, na sua infância, justamente por aqueles contra quem ele agora luta, faz com que ele tenha que lidar com os limites entre a justiça e a vingança. Há personagens que são dotados de grandes poderes e precisam aprender a controlá-los. E há aqueles que são pessoas comuns, mas estão envoltas também em demandas de luta por justiça. Há uma reflexão permanente sobre o tema do poder, sobre como ser mais poderoso não torna alguém necessariamente melhor ou superior. Também há uma reflexão permanente sobre a guerra, de um ponto de vista humanístico.


Como foi o processo de pesquisa para a construção deste universo?
Giuliano Andreoli - 
A construção do universo contou com um amplo processo de pesquisa que envolveu a pesquisa sobre o contexto da pré-história sul-americana e dos mitos da América do Sul colonial. Contou também com a leitura de algumas fontes usualmente utilizadas por obras de ficção, como a teosofia de Helena Blavatsky, o mito tibetano de Agartha, o livro “O Continente de Mu”, de James Churchward, e “Crônicas da Akakor”, de Karl Bruguer, para criar o contexto cultural dos antagonistas. A religiosidade indígena (tupi-guarani), além de nomes indígenas e nomes de deuses compôs o universo dos povos nômades e das principais nações.Já para inspirar as reflexões espirituais e os debates políticos e religiosos entre os personagens, inspirei-me em autores como Gibran Khalil Gibran, Mikhail Naimy, Frantz Fanon, Friedrich Nietzsche e Piotr Kropotkin, além de referências ao cristianismo, budismo e taoísmo. Alguns acontecimentos verídicos serviram de inspiração para alguns acontecimentos do enredo: o incêndio da biblioteca de Alexandria, a perseguição aos heréticos cristãos, os Cavaleiros Templários e a Franco-Maçonaria, as revoluções camponesas na Alemanha, o nazismo e o surgimento da extrema-direita no Brasil. Para criar uma das personagens, eu me referenciei em Malala Yousafzai. Há, na obra, também uma referência a “Macunaíma”, de Oswald de Andrad e a “Crônicas de Atlântida: O Tabuleiro dos Deuses”, de Antônio Luiz M.C. Costa.

.: Escritor Luiz Gustavo Medeiros fala sobre dilemas, complexidades e tensões


"Espero conseguir colocar o leitor diante do contraditório, esticar os limites da sua percepção.", afirma o escritor Luiz Gustavo Medeiros. Foto: divulgação


Paulo é um rapaz de trinta e poucos anos lidando com tensões relacionadas ao emprego, ao passado familiar trágico, à herança negra e, sobretudo, aos impasses amorosos. Esse é o personagem principal do romance de duração “A União das Coreias” (compre neste link), escrito por Luiz Gustavo Medeiros e publicado pela editora Reformatório.

O  livro busca traçar um retrato das complexidades da vida e seus dilemas morais, embora temas como o amor, o sexo, a infidelidade, a política, os abismos sociais, ajudem a compor o cenário existencial por onde os personagem se movem. A obra, contemplada pelo Fundo de Arte e Cultura de Goiás em 2023, conta com orelha assinada por Noemi Jaffe e comentários na quarta capa de André Sant’Anna e Maria Fernanda Elias Maglio.

Luiz Gustavo nasceu no Rio de Janeiro, capital, passou a infância praticamente toda em Curitiba, no Paraná, e se mudou para Goiânia, em Goiás, no ano de 2002, onde vive desde então. Ele é graduado em Ciências Sociais e mestre e doutorando na área de Letras. O primeiro livro “O Corpo Útil” (compre neste link) foi vencedor do Prêmio Hugo de Carvalho Ramos de 2020 e publicado em 2021 pela editora Patuá.


Quais são os temas centrais de “A União das Coreias”?
Luiz Gustavo Medeiros - O romance se passa em um só dia e gira em torno de um personagem que, às vésperas do primeiro turno das eleições de 2018, retoma o passado enquanto avalia o presente e o futuro. À grosso modo, o livro trata de temas comuns como o amor, o sexo, a política, os costumes e os abismos sociais. O título surgiu a partir da leitura de uma tese de doutorado em psicologia chamada "Cartas sobre o Envelhecer", de Luciana de Oliveira Pires Franco. A tese é toda composta de cartas e, em uma delas, é citado um documentário chamado "A Vida em Um Dia", que registra um determinado dia na vida de várias pessoas pelo mundo. Um dos relatos é o de um homem que atravessa a Ásia de bicicleta sonhando com a união das Coreias. Gostei da imagem e achei que ela batizaria bem essa tentativa de captura, que é o livro, do percurso mental de um sujeito atormentado por forças contrárias em duelo constante.


Por que você escolheu esses temas?
Luiz Gustavo Medeiros - Não penso que a escolha dos temas, das tramas e subtramas, tenha uma motivação especial. Os conflitos do romance fazem parte da trajetória de muitas pessoas e podem servir como material pra boa literatura, onde mais importa como dizer do que o que dizer


O que motivou a escrita do livro?
Luiz Gustavo Medeiros - Lembro quando um estudante foi assassinado em Goiânia pelo próprio pai por participar das manifestações contra a PEC do teto de gastos durante o governo Temer. O pai se matou em seguida. Sou servidor do CREA e, pouco depois, acabei atendendo a mãe desse jovem, que foi lá apresentar a certidão de óbito do ex-marido, que era engenheiro, pra que o registro dele fosse cancelado. Lembro também de assistir a apuração das eleições de 2018 em um bar numa região de classe média alta de Goiânia e um homem sacar uma arma, depois que o resultado se confirmou, só pra exibi-la. E o livro começou a ser escrito quando a pandemia estourou e o país parecia ensaiar uma divisão entre os que queriam aderir às recomendações dos órgãos de saúde e os que não aceitavam qualquer mudança de comportamento. Quis examinar essa situação, esse afunilamento da tolerância, tentar me aproximar do convívio entre essas pessoas que não compactuam com as mesmas ideias, num momento em que elas ainda pareciam se suportar.


Como você chegou à escolha do formato narrativo da história?
Luiz Gustavo Medeiros - Eu queria uma narrativa que tentasse simular o ritmo da consciência, cheia de idas e vindas. Ao mesmo tempo, eu queria um narrador em terceira pessoa que fosse uma espécie de voz interior do personagem, exigente e debochada, e que fosse muito próxima dele a ponto dos dois se confundirem.


Como a bagagem do seu livro anterior ajudou na construção da obra?
Luiz Gustavo Medeiros - No meu primeiro livro, de contos, eu já vinha experimentando esse narrador em terceira pessoa muito colado no personagem, além dos diálogos diluídos no texto, em itálico. No mais, são livros bem diferentes.


O que você espera alcançar com a publicação de “A União das Coreias”?
Luiz Gustavo Medeiros - Espero alcançar leitores. Espero conseguir colocar o leitor diante do contraditório, esticar os limites da sua percepção.


E o que a obra significa para você? Ela te mudou de alguma maneira?
Luiz Gustavo Medeiros - É meu primeiro romance. Foi escrito ao longo de quatro anos, quatro anos e meio. Foi um desafio cujo resultado me agradou. Não vejo um poder de transformação imediato na escrita. Mas escrever - e ler - ajuda, pouco a pouco, a ampliar nosso horizonte de percepção, a ampliar o mundo e a fazer com que a gente se encaixe melhor dentro dele.


Quais são os seus projetos atuais?
Luiz Gustavo Medeiros - Tenho uma tese pra escrever, mas venho trabalhando devagar em um livro de contos e no esboço de um futuro romance.

sábado, 20 de julho de 2024

.: "Ou-ou", de Elif Batuman: a sequência do aclamado romance "A Idiota"


No romance "Ou-ou" (compre neste link), a escritora Elif Batuman dá continuação ao relato minucioso dos dias de Selin na faculdade, iniciado em "A Idiota" - livro finalista do prêmio Pulitzer e que revelou a autora como uma das vozes mais originais e representativas da nova geração. Depois de dois semestres de pouca ação, resumidos a pensar demais em tudo e obsessivamente trocar e-mails com Ivan - um estudante húngaro por quem se apaixona -, a estudante de literatura Selin Karadağ enfim percebe que precisa começar a agir.

Guiada pelos livros e influenciada por seus amigos, ela finalmente reconhece a importância incontornável das festas, do álcool e do sexo, e resolve aproveitá-las ao máximo. Com o título inspirado no livro do filósofo Søren Kierkegaard sobre ética e estética - conceitos basilares para Selin compreender a vida e como vivê-la -, "Ou-ou" é mais um romance impressionante de Elif Batuman, que se vale de símbolos imprescindíveis da geração millennial para tratar da universalidade da juventude.

Sobre a autora
Elif Batuman nasceu em Nova York, em 1977. É doutora em literatura comparada pela Universidade de Stanford e já recebeu os prêmios Whiting Writers’ Award, Rona Jaffe Foundation Writers’ Award e o Paris Review Terry Southern Prize for Humor. "A Idiota", primeiro romance da autora, foi finalista do prêmio Pulitzer de 2018.


Ficha técnica
"Ou-ou", de Elif Batuman
Tradução: Odorico Leal
Número de páginas: 416
Lançamento: 23 de julho de 2024
Compre o livro neste link


 

.: Primeira peça inspirada em notícia insólita celebra legado de Ferreira Gullar


Inspirada em uma notícia de jornal, a peça "Um Rubi no Umbigo" (compre neste link), escrita em 1970, foi publicada somente em 1978, poucos anos após Ferreira Gullar retornar do exílio imposto pela ditadura civil-militar. A primeira montagem, encenada no ano seguinte, contou com a direção de Bibi Ferreira e importantes nomes da dramaturgia.

Essa comédia à brasileira se passa na casa de uma família de classe média, onde vivem o casal Everaldo e Doca, e o filho, Vítor, um jovem de vinte anos, que tem um rubi costurado no umbigo – o único meio que sua falecida avó encontrou para salvá-lo de uma morte prematura. Quando a família se vê afundada em dívidas, o pai, Everaldo, resolve retirar o rubi do umbigo do filho para pagar os débitos.

Sucesso de crítica, "Um Rubi no Umbigo" apresenta muitas dimensões interpretativas, entre elas, a política, a social e a psicanalítica – esta última muito bem abordada pelo poeta e teórico Hélio Pellegrino, em texto de 1979, incluído integralmente no livro. A edição traz a reprodução fac-similar das emendas feitas à mão pelo autor em um exemplar da primeira edição; a publicação do texto final da peça, reescrito por Gullar após assistir à montagem de Bibi Ferreira; o recorte de uma reportagem sobre o caso do homem que tinha um rubi no umbigo; algumas imagens do programa da montagem de 1979, com capa de Ziraldo, e fotos da mais recente, de 2011; e textos que aproximam o público do debate crítico acerca da peça. O projeto gráfico, assinado pelo artista visual Gustavo Piqueira, é inspirado na edição de 1978 projetada por Eugênio Hirsch.


Sobre o autor
Ferreira Gullar nasceu em São Luís, Maranhão, em 1930, e mudou-se em 1951 para o Rio de Janeiro, onde trabalhou em diversos jornais e revistas. Foi escritor, poeta, dramaturgo, crítico de arte e tradutor. Laureado com o Prêmio Camões, em 2010, Gullar é considerado um dos maiores autores da literatura brasileira. Foi nome proeminente do movimento neoconcreto, ao lado de Lygia Clark e Hélio Oiticica. É autor de "Poema Sujo" (1976), considerado um marco na literatura brasileira e traduzido para diversas línguas. Personalidade atuante na oposição à ditadura civil-militar, foi perseguido e preso. Exilou-se, a partir de 1971, em Paris, Moscou, Santiago, Lima e Buenos Aires. Apenas em 1977 o poeta pôde retornar ao Brasil. Em 2014, foi eleito para a cadeira de no 37 da Academia Brasileira de Letras. Morreu no Rio de Janeiro em 2016.


Ficha técnica
"Um Rubi no Umbigo"
Ferreira Gullar
160 págs. | R$ 79,90
Ed. José Olympio | Grupo Editorial Record
Compre o livro neste link

.: Best-seller de Mizuki Tsujimura é tema do Clube de Leitura Japan House SP


A história de sete adolescentes solitários de Tóquio que são levados para um castelo misterioso é o tema de "O Castelo no Espelho" (compre o livro neste link), lançamento da editora Morro Branco. A obra da escritora japonesa Mizuki Tsujimura, que se transformou em um sucesso internacional, será discutida na próxima edição do Clube de Leitura Japan House São Paulo + Quatro Cinco Um, que acontece na próxima quinta-feira, dia 25 de julho, a partir das 19h00. 

O debate terá como mediadores Natasha Barzaghi Geenen, diretora cultural da JHSP, e Paulo Werneck, editor da revista Quatro Cinco Um, e como convidada a escritora, ilustradora e roteirista Janaina Tokitaka, autora da obra "O Pedido da Fada Madrinha"(compre o livro neste link), publicado pela Companhia das Letrinhas no ano passado.

O romance chega ao Brasil traduzido por Jefferson José Teixeira, e mistura elementos do gênero fantástico japonês com temas da atualidade, como saúde mental e a importância da amizade. Com mais de um milhão de cópias vendidas, a história conta as aventuras de um grupo de jovens entediados com a rotina de estudos, que são repentinamente transportados para um castelo misterioso, onde devem seguir pistas para ter seus desejos atendidos. O palácio se transforma em um refúgio durante o horário escolar e as decisões de cada um dos personagens tem consequências graves para todos. Com uma narrativa hipnotizante, o livro rapidamente se tornou um best-seller internacional.


Sobre a autora
Mizuki Tsujimura, vive em Tóquio, no Japão, e é conhecida por seus romances de mistério. Sua obra já teve mais de um milhão de exemplares vendidos para diversos países ao redor do mundo, além de ter faturado o cobiçado Japan Bookseller’s Award e o prêmio Naoki.


Sobre o Clube de leitura Japan House São Paulo + Quatro Cinco Um
Com a mediação de Natasha Barzaghi Geenen, diretora cultural da JHSP, e Paulo Werneck, diretor de redação da revista Quatro Cinco Um, o Clube discute livros de autores nipônicos traduzidos diretamente do japonês para o português, com o objetivo de ampliar o acesso dos brasileiros a este universo literário. Todo mês, o encontro de caráter informal conta também com a presença de um leitor convidado, e já recebeu grandes profissionais da tradução japonesa no Brasil, autores brasileiros contemporâneos, editores, críticos, jornalistas e personalidades da cultura.

Serviço
Clube de Leitura JHSP + Quatro Cinco Um
“O Castelo no Espelho”
Quando: quinta-feira, 25 de julho
Horário: 19h00
Convidada: Janaina Tokitaka
Duração: cerca de 90 minutos
Custo: participação gratuita, mediante inscrição prévia (vagas limitadas)
Inscrição: https://clubedeleitura.japanhousesp.com.br/
Acesso: online, via plataforma Zoom. O link de acesso é enviado aos inscritos por e-mail.
Participantes do clube terão 30% de desconto na compra pelo site da editora Morro Branco, basta aplicar o cupom JHSP451 diretamente no site da editora. O cupom fica vigente até dia 27 de julho, válido para uso único por CPF.

terça-feira, 16 de julho de 2024

.: "Como Enfrentar o Ódio", o novo livro de Felipe Neto, já está em pré-venda


Começou a pré-venda de "Como Enfrentar o Ódio" (compre neste link), o novo livro de Felipe Neto, que será lançado no dia 7 de setembro, na Bienal do Livro de São Paulo. Este é o primeiro livro do influenciador e empresário lançado pela Companhia das Letras e mostra um Felipe como o público nunca leu. Quem adquirir o livro na pré-venda garante um mês de acesso gratuito ao Clube do Livro Felipe Neto e participa de um encontro on-line com o influenciador. Aqueles que comprarem na Amazon garantem um brinde exclusivo, com tiragem limitada, composto por bandeira decorativa com os dizeres “Questione. Pesquise. Enfrente.”  e um marcador de página.

O lançamento de "Como Enfrentar o Ódio" será na Bienal do Livro de São Paulo, no feriado da Independência, com evento e duas sessões de autógrafos. Em um relato franco e pessoal, Felipe Neto retrata seu processo de tomada de consciência política - tão semelhante ao de milhões de brasileiros - e o papel do ódio em sua vida, primeiro como força propulsora de sua carreira e depois como ferramenta de que ele próprio se tornou vítima, em especial durante o governo de Jair Bolsonaro. 

Com uma perspectiva única sobre as redes sociais e seu papel na manipulação dos usuários, Felipe apresenta as engrenagens do Gabinete do Ódio e revela como combateu os inúmeros ataques e perseguições que sofreu de grupos bolsonaristas. Como pano de fundo dessa narrativa está um Brasil dividido, que vivenciou as eleições mais turbulentas desde a redemocratização, uma pandemia e um governo que fez da internet seu principal campo de batalha.  

Felipe Neto se tornou um fenômeno da internet ainda no final dos anos 2000. Seus vídeos, marcados por um tom agressivo, mas bem-humorado, eram movidos por puro ódio e não poupavam ninguém: as bandas adolescentes, a saga Crepúsculo, a corrupção, o Partido dos Trabalhadores (PT), Lula e Dilma Rousseff — nada escapava às suas críticas. A fórmula deu certo, e ele se tornou o primeiro YouTuber brasileiro a conquistar 1 milhão de inscritos em seu canal, mudando a forma de produzir conteúdo digital no país.  

No entanto, com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, a crescente aproximação da extrema direita ao poder e o agravamento de discursos de ódio contra minorias, Felipe passou a questionar suas convicções. Onde exatamente ele se encaixaria no espectro político, já que terminologias como “esquerda” e “direita” pareciam não ser suficientes? 

A capacidade ímpar de se comunicar com um público tão amplo, o impacto de seu posicionamento político, além de sua determinação e envolvimento no combate ao autoritarismo e o populismo, demonstram o papel fundamental de Felipe no debate público. Ao entrelaçar os acontecimentos recentes que marcaram o país à sua trajetória pessoal de resistência, Felipe Neto convida os leitores a usar a boa comunicação para combater o obscurantismo, o retrocesso e o ódio que assola a sociedade. Compre o livro "Como Enfrentar o Ódio", de Felipe Neto, neste link.


Sobre o evento de lançamento 
No sábado, dia 7 de setembro, acontece o lançamento do livro na Bienal do Livro de São Paulo. Felipe Neto fará uma mesa na Arena Cultural e duas sessões de autógrafos. As senhas estarão disponíveis para retirada no site da Bienal do Livro SP, a partir do dia 9 de agosto (sexta-feira).


Sobre o autor
Felipe Neto 
nasceu em 1988, no Rio de Janeiro. Começou sua carreira na internet em 2010, produzindo vídeos para o YouTube, e passada uma década seu canal acumula quase 50 milhões de inscritos. É também empresário e fundador do Instituto Vero, entidade sem fins lucrativos que trabalha na educação digital, do Instituto Felipe Neto, que auxilia escolas no desenvolvimento da saúde mental dos jovens, e do "Cala Boca Já Morreu", que oferece apoio jurídico gratuito a pessoas investigadas criminal ou administrativamente por ter expressado uma ideia ou criticado uma autoridade pública. Em 2020, foi incluído na lista das cem pessoas mais influentes do mundo da revista Time. Garanta o seu exemplar de "Como Enfrentar o Ódio", de Felipe Neto, neste link.

.: "Beija-flor de Concreto", de Andrey Jandson, vence Prêmio Tato Literário


Obra vencedora do Tato Literário - 1º Prêmio com.tato de Literatura Independente, na categoria Conto, "Beija-flor de Concreto", de Andrey Jandson, tem 14 histórias localizadas no semiárido brasileiro, flertando com o realismo mágico, a prosa poética e o horror, através de personagens que são flagrados em momentos de extrema transformação. Todos eles são ilustrados pelo ilustrador e artista visual Matteus Lovatt.

Os contos do livro são dispostos em três partes: “Beija-flores” dá conta de narrativas com crianças lidando com a maturação da infância e questiona como o veneno da masculinidade tóxica causa uma ruptura em suas identidades e relações.

Já na “Tetralogia das Aves”, temos aves sempre questionando a existência humana e suas políticas: uma dupla de urubus que debocha da vida dos humanos de cima de uma igreja e um grupo de galinhas que se revolta contra os abusos do dono de uma fazenda.

Por fim, em “Rios Inundados”, a presença constante da água revela personagens em correntezas instáveis, buscando cura: um escritor que se transforma num lago, a epifania de um garoto que vê outro se afogando num rio, uma feiticeira que atrai homens para sua casa para engravidar deles e um reencontro de amor entre dois rapazes que haviam sido separados na infância.

"Além de ser especial por ser meu primeiro, esse livro representa o fechamento de um ciclo. Desde os 19 anos, quando saí da minha cidade e fui pra Belém, minha vida tem sido muito agitada. Nesses anos, tive experiências muito intensas e aprendi muito como artista. Essas experiências me permitiram escrever esse livro com mais propriedade. Também foi o momento em que comecei a levar essa vocação a sério, trabalhar na escrita com frequência quase diária, buscar desenvoltura técnica... Se você quer ser escritor, tem um momento que isso deve acontecer", afirma Andrey.


Sobre o autor
Andrey Jadson
é escritor e diretor piauiense. Desde criança se encantou pela escrita e seu poder de exprimir nossas percepções na narrativa. Encontrou na formação em teatro pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e no meio artístico de Belém a oportunidade de buscar a experimentação, se aventurando em diversos campos, como a dança, dramaturgia, atuação e composição musical. Atualmente é pesquisador no campo da escrita, onde investiga uma metodologia de processo de criação nomeada “Poética dos Cristais”, baseada nas fragmentações da vivência do escritor.


Sobre a com.tato
A com.tato é uma agência online que tem como objetivo fortalecer a imagem de autores, autoras e editoras independentes por meio de uma comunicação humanizada e autêntica. Criada pela jornalista Karoline Lopes, a empresa passou a focar somente no mercado literário em 2022. Conta também com os sócios e jornalistas Marcela Güther e Vincent Sesering. 

Formada por profissionais distribuídos em São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Acre, a com.tato oferece serviços de divulgação como assessoria de imprensa, consultoria para redes sociais, aproximação de influenciadores digitais, participação em eventos literários e produção de eventos. E serviços editoriais, entre eles, os de revisão, preparação de texto e leitura crítica. 

Desde 2020 já atendeu mais de 100 escritores e editoras. Entre os escritores atendidos, estão Jules de Faria, Tiago Feijó, Dia Nobre, Vilto Reis, Irka Barrios e Raquel Campos. As editoras Claraboia, Paraquedas, Penalux, Philos, Mormaço e NADA Studio Criativo também são parceiras da com.tato.

.: “A Duração entre Um Fósforo e Outro”, de Zulmira Correia, vence Prêmio Tato


 “A Duração entre Um Fósforo e Outro”, de Zulmira Correia, foi a obra vencedora do Tato Literário - 1º Prêmio com.tato de Literatura Independente, na categoria Poesia. Por meio de uma linguagem que se cruza entre a prosa poética e o verso livre, Zulmira nos leva a acompanhar os processos mentais narrativos de uma mulher que se encontra em um momento de transição: desocupar a sua casa da infância para vendê-la em dois dias, mas esse tempo acaba se dissociando na medida em que o texto se amplia. Primeiro pelos minutos, que viram horas, depois semanas. Em capítulos marcados pela passagem do tempo, a poeta cearense se funde à personagem neste processo, no qual redescobre memórias, cômodos vazios e caixas que precisa esvaziar ou encher.

“Antes de ser ‘A Duração entre Um Fósforo e Outro’, o livro se chamava ‘Sem Ponto, Sem Vírgula’, justamente pela sua escrita rápida, sem pontuação. Comecei essas escritas no bloco de notas do celular, entre viagens, entre olhares silenciosos, lembranças… Às vezes as poesias chegavam tão rápido, que o bloco de notas era/é meu instrumento de escrita mais eficaz para não perder minhas metáforas. Eu esqueço tudo muito rápido, e escrever no bloco de notas, foi a solução para não esquecer. Escrever para não esquecer”, conta Zulmira.


Sobra a autora
Zulmira Correia
é escritora, designer, artista e pesquisadora. É de Crato, Região do Cariri, Ceará. Vencedora do V Prêmio Cepe Nacional de Literatura, da Companhia Editora de Pernambuco, na categoria poesia, com o livro de estreia “As Cartas de Maria”, sendo a autora mais jovem e única nordestina a levar o prêmio na edição, em 2020. Voltou a publicar em 2023, com o segundo livro “Abissal”, pela editora Patuá. 


Sobre a com.tato
A com.tato é uma agência online que tem como objetivo fortalecer a imagem de autores, autoras e editoras independentes por meio de uma comunicação humanizada e autêntica. Criada pela jornalista Karoline Lopes, a empresa passou a focar somente no mercado literário em 2022. Conta também com os sócios e jornalistas Marcela Güther e Vincent Sesering. 

Formada por profissionais distribuídos em São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Acre, a com.tato oferece serviços de divulgação como assessoria de imprensa, consultoria para redes sociais, aproximação de influenciadores digitais, participação em eventos literários e produção de eventos. E serviços editoriais, entre eles, os de revisão, preparação de texto e leitura crítica. 

Desde 2020 já atendeu mais de 100 escritores e editoras. Entre os escritores atendidos, estão Jules de Faria, Tiago Feijó, Dia Nobre, Vilto Reis, Irka Barrios e Raquel Campos. As editoras Claraboia, Paraquedas, Penalux, Philos, Mormaço e NADA Studio Criativo também são parceiras da com.tato.

.: Livro revela tudo o que uma mulher sempre quis dizer aos homens


Desde cedo, a baiana Leila Damasceno servia um pouco como “terapeuta” para seu círculo de amizades, principalmente nas questões do coração. Perto de completar 30 anos, começou a escrever sobre experiências amorosas com o objetivo de ajudar os homens a entenderem as mulheres de maneira mais simples. No livro "Tudo o que Uma Mulher Sempre Quis Dizer aos Homens", Leila, que também é a especialista em Psicologia Positiva, Ciências do Bem-estar e Autorrealização, descomplica os relacionamentos ao apresentar um olhar feminino sobre questões do cotidiano. 

Inspirada nas histórias que ouviu ao longo da vida e pelas próprias vivências, ela oferece uma visão singular sobre feminismo, responsabilidade afetiva, violência, ciúme, pressão estética, cavalheirismo, e outras características que as mulheres valorizam nos homens. Motivada por Cait Flanders, autora de “O Ano em que Menos É Muito Mais”, Leila não tem a pretensão de falar por todas as mulheres, já que o conjunto de integrantes desse grupo é bastante heterogêneo. A autora endossa os relatos e exemplos ao utilizar textos de inteligência emocional, comentar sobre entrevistas de profissionais, citar psicólogos e pesquisadores e mencionar obras como "Amor Líquido", "As Cinco Linguagens do Amor" e "Fazendo as Pazes com o Corpo".

A partir de crônicas e nomes fictícios, a autora coloca em pauta temas atuais, como os “redpills” (movimento masculino que defende a masculinidade dominante) e compartilha opiniões de como o machismo afeta também os homens. A escritora abre um debate sobre vulnerabilidade e ressalta a importância de estar bem consigo mesma. Segundo a especialista, apenas com autoconhecimento é possível conseguir relacionamentos melhores e duradouros.

Para além de um desabafo ou um livro de conselhos, Tudo o que uma mulher sempre quis dizer aos homens funciona como uma conversa íntima para aprofundar a compreensão mútua na busca por relações mais harmoniosas. Leila convida os leitores a mergulharem em histórias reais e refletirem de maneira profunda para poderem valorizar o cuidado e se envolverem de maneira mais saudável e significativa a partir de erros e acertos.

Em 11 capítulos, a escritora passa pelas fases de um romance, desde o primeiro contato, até os encontros. Aborda também as dificuldades apresentadas nas relações, como as semelhanças e diferenças com o parceiro, e a persistência em manter a chama acesa.

Trecho do livro
"Todos nós temos defeitos e qualidades, afinal. Ou, numa linguagem que gosto mais, “luz e sombra”.  [...]
Cometi erros, se não em todos, na maioria deles, mas sempre tentando acertar.
Sempre procurei oferecer respeito e parceria para os homens que estiveram na minha vida nessa posição.
Acredito que nenhum deles tem rancor de mim.
Tenho certeza de que nenhum deles questiona minha integridade ou minhas intenções."
 ("Tudo o que Uma Mulher Sempre Quis Dizer aos Homens", p. 174)


Sobre a autora
Leila Damasceno
nasceu em Salvador, na Bahia, e mora em São Paulo há alguns anos. Desde sempre é apaixonada por histórias. Tem formação em Direito pela UFBA, especialização em Direito do Trabalho pela FGV/SP e em Psicologia Positiva, Ciências do Bem-estar e Autorrealização pela PUC/RS. Mestranda em Direitos Humanos, pela PUC/SP. Atua como Auditora-fiscal do trabalho. Aos 14 anos disse que seria escritora. Essa é a primeira materialização do seu sonho de publicar. Foto: Léo Novelli.


Ficha técnica
"Tudo o que Uma Mulher Sempre Quis Dizer aos Homens"
Autora: Leila Damasceno
Editora: Metamorfose
ISBN/ASIN: 978-65-6144-005-9
Páginas: 186
Onde encontrar: Livraria da Travessa (físico) e Amazon (e-book)

domingo, 14 de julho de 2024

.: Elisa Marques: "Às vezes deixo de me expor como escritora para me expor"


"Eu às vezes deixo de me expor como escritora para me expor como pessoa". Em entrevista, a escritora Elisa Marques associa a escrita poética com os aprendizados de vivenciar o amor romântico. Foto: Wictor Cardoso


Formada em Jornalismo nos Estados Unidos, a escritora, roteirista e diretora audiovisual, Elisa Marques, acaba de lançar a autoficção "Minha Mão na Sua Boca e Um Verso sobre o Amor", que reúne 78 poemas sobre as complexidades do sentimento romântico na sociedade contemporânea. Nesta obra visceral, a autora imerge nas próprias emoções e resgata experiências amorosas para acolher todos aqueles que se identificam com a mesma forma intensa de amar.

Com referências da cultura do rock ao clássico, como inspirações na música “Mania de Você”, de Rita Lee, e as diferentes sensações evocadas pelas composições de Beethoven, este livro é uma ode ao amor sáfico, com declarações apaixonadas e desabafos às mulheres que a autora já se apaixonou. Mais que isso, é um resgate da poesia como forma de transbordar sentimentos universais, mas que muitas vezes passam despercebidos ou são silenciados com a rotina.

Elisa Marques é goiana, nascida em 1994, e cresceu em Goiânia. Estudou Jornalismo e Psicologia nos Estados Unidos e atualmente divide seu tempo entre literatura e cinema, sendo também roteirista e diretora. Elisa desenvolveu o gosto pela leitura e pela escrita inspirada pelas obras de seu falecido avô, a primeira referência que teve de escritor. “Até Minha Terapeuta Sente Falta de Você” é o primeiro livro da autora, que traz sentimentos profundos sobre fins de relacionamentos, e foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo da Secretaria de Estado de Cultura de Goiás como “Melhor Obra Cultural”, no ano de 2023. Agora, lança a publicação poética "Minha Mão na Sua Boca e Um Verso sobre o Amor", que ganhará uma adaptação para o audiovisual no segundo semestre de 2024. Em entrevista, a Elisa Marques comenta detalhes sobre este lançamento e as referências para escrever a obra, com um breve spoiler do que se pode esperar da adaptação para o audiovisual. Compre o livro "Minha Mão na Sua Boca e Um Verso sobre o Amor", de Elisa Marques, neste link.


O livro é descrito como uma ode ao amor sáfico. Como você vê a importância da representação do amor entre mulheres na literatura atual e quais desafios você encontrou ao explorar esse tema?
Elisa Marques - A pergunta me faz lembrar da primeira escritora a tratar do tema de forma natural: Odete Rios, através de seu pseudônimo Cassandra Rios, no final da década de 1940. Censurada de todas as formas pela ousadia em plena ditadura militar, Cassandra deu voz a mulheres que existiram. O cenário hoje é diferente, mas manter essa representatividade na literatura contemporânea através de escritoras como Angélica Freitas, Natalia Borges Polesso, Elayne Baeta e muitas outras que me inspiraram, é como dizer: eu sempre vou existir. Da minha parte, não houve desafios ao escrever sobre o amor entre mulheres, pois a Elisa escritora existe através da voz daqueles com quem me relaciono. E nos últimos tempos, tem sido sim uma vida/escrita mais voltada para mulheres.


Você aborda aspectos do amor no mundo contemporâneo, como a espera por mensagens de celular e as ambiguidades dos relacionamentos hoje em dia. Na sua visão, por que essas nuances chamam atenção na poesia?
Elisa Marques - Poesia é também uma relação com quem te lê. Se escrevo a partir dos amores que vivo ou desejo viver e o amor é um sentimento universal, a poesia chama atenção porque se relaciona com os leitores.


O livro combina referências da cultura do rock e do clássico, de Rita Lee a Beethoven. Como essas diversas inspirações impactaram a criação dos seus poemas e a estrutura do livro?
Elisa Marques - Costumo dizer que escrever é prestar atenção. O que me rodeia são minhas maiores inspirações. Foi em uma aula de filosofia que conversei sobre o tema: “A música de Beethoven é ou não é triste?”. Em contrapartida, foi ouvindo “Mania de Você” deitada na rede de casa em um dia qualquer que surgiu o poema cujo primeiro verso é “hoje fiz amor por telepatia”. Escrever é observar.


 A obra também mistura ficção e autobiografia. Quais experiências pessoais mais influenciaram a sua escrita e como foi o processo de transformar vivências reais em poesia?
Elisa Marques - Os potenciais amores inspiraram muito esse segundo livro. No primeiro eu falei sobre o fim de um relacionamento romântico que existiu. Nesse eu falo sobre vários inícios que nunca vingaram de fato e que, por motivos diferentes, terminaram ainda muito vivos em mim justamente pelo que podia ter sido. A escrita a partir de si é muito difícil. Eu às vezes deixo de me expor como escritora para me expor como pessoa. O que é de verdade e o que é ficção é uma linha muito tênue, e quando eu escolho dizer que escrevi uma obra de autoficção eu abro margem para os leitores especularem. Minha escrita vai te encontrar onde você quiser que ela te encontre.


"Minha Mão na Sua Boca e Um Verso sobre o Amor" será adaptado para o audiovisual. O que os leitores podem esperar dessa adaptação e como você está se preparando para transpor a poesia para as telas?
Elisa Marques - Os leitores podem esperar um show de performance de cinco grandes atrizes goianas em ascensão. A entrega de todos os profissionais envolvidos ultrapassou toda e qualquer expectativa que eu tinha criado. A equipe de produção abraçou o projeto como se eles mesmos tivessem o escrito. Só posso dizer que tenho me preparado para ver esse filme nas telas no mesmo lugar onde faço todas minhas preparações: em terapia (risos).


Garanta o seu exemplar de "Minha Mão na Sua Boca e Um Verso sobre o Amor", escrito por Elisa Marques, neste link.

.: Entrevista com Carla Guerson: "Percebi que havia mais a ser dito"


“Todo Mundo Tem Mãe, Catarina”: uma conversa com a autora capixaba Carla Guerson sobre seu novo livro. Foto: divulgação


Catarina, a protagonista do novo romance da capixaba Carla Guerson, “Todo Mundo Tem Mãe, Catarina" (compre neste link), lançado pela editora Reformatório, é uma garota de 14 anos que começa a sua jornada pelas descobertas da adolescência após uma infância marcada pela lacuna deixada pelos pais. Criada pela avó, uma servente de condomínio de classe média no interior do Espírito Santo, a personagem precisa desvendar a história familiar complexa e cheia de segredos para crescer.

Assim como sua personagem, Carla Guerson é natural do Espírito Santo, tendo nascido e sido criada em Vitória, onde ainda vive. A autora é formada em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), porém sempre separou momentos para a escrita literária entre sua rotina cheia de minutas jurídicas e relatórios. Começou a carreira literária em 2021, quando publicou o seu primeiro livro de contos, “O Som do Tapa”, publicado pela editora Patuá, que teve uma ótima recepção entre os leitores por tratar temas complexos e personagens mulheres fora do padrão. Em “Fogo de Palha”, da editora Pedregulho, a autora seguiu abordando temas como autoaceitação, maternidade, solidão, relacionamentos familiares e morte e foi premiada pelo edital de Cultura da Secult/ES.

Carla idealizou o Coletivo Escreviventes, que hoje conta com 600 participantes espalhadas pelo Brasil, e também se dedica à leitura de autoras contemporâneas e à mediação de clubes de leitura com foco em obras produzidas por mulheres, como o Leia Mulheres Vitória e o Clube Casa das Poetas. Compre o livro “Todo Mundo Tem Mãe, Catarina”, de Carla Guerson, neste link.

Se você pudesse resumir os temas centrais do livro, quais seriam?
Carla Guerson - Sexo, religião, ancestralidade, prostituição, adolescência. O romance parte da premissa de que a personagem principal não sabe nada de sua mãe e de seu pai, e esta necessidade de saber mais sobre seu passado vai levar Catarina, a personagem principal, a fazer muitas descobertas sobre quem ela mesmo é ou quer ser. Ela transita em meio a diversas possibilidades, tentando traçar um caminho próprio e o leitor acompanha essa trajetória lembrando de sua própria caminhada e de como essa fase é importante na definição de quem somos ou seremos.

Por que você escolheu esses temas?
Carla Guerson Eu tenho um interesse grande pela infância e pela adolescência, acho que são fases definidoras, intensas. Investigar esses processos me instiga e eu tinha vontade de escrever uma personagem nesta faixa etária dos 14 para os 15 anos, que foi uma fase bem importante no meu desenvolvimento. Eu também tinha vontade de ambientar uma história no meu estado, especialmente no interior, acho que é um ambiente ainda pouco retratado na literatura. Escolhido o personagem e o local, a história foi se desenvolvendo. Os temas retratados surgiram naturalmente, a partir do exercício de pensar minha adolescência e também de observar e consumir outras referências que se relacionem a esta etapa da vida, especialmente na vida das meninas, já que minha personagem é uma menina.

Como foi o processo de escrita?
Carla Guerson A primeira faísca do livro veio em 2021, quando eu ainda estava finalizando a escrita do meu primeiro livro, “O Som do Tapa”. Em uma das oficinas que fiz com a Aline Bei, ela trouxe uma provocação com a palavra “abandono”. A provocação me levou pra infância, me fez ter contato com as primeiras sensações de abandono ou de solidão que experimentei e a partir daí surgiu essa personagem que era, antes de tudo, uma sensação. Eu sentia a falta que enlaça a vida de Catarina, mesmo sem saber nomeá-la. Escrevi uma espécie de conto com esta história, onde aparecia a questão da menina guardada na "Bíblia" da avó, essa era a primeira imagem: uma menina que não tem mãe, que foi criada pela avó e que, quando pergunta pra esta avó sobre sua mãe é apresentada a uma fotografia antiga, de uma menina “que não tinha cara de ser mãe de ninguém”. Esta personagem, que ganhou o nome de Catarina, ficou me habitando, e percebi que havia mais a ser dito, que a história não se resumiria a um conto. Assim, deixei o conto de lado e guardei o projeto para desenvolvimento futuro. Em 2022 voltei a pensar sobre ela e passei cerca de 1 ano escrevendo a versão inicial. Em 2023 eu já tinha uma primeira versão e foi o ano que passei lapidando, trocando, mudando, voltando atrás, mudando tudo novamente… E também, enquanto isso, pensando e buscando ativamente uma editora que topasse o projeto como eu tinha imaginado. 


Quais obras ou autores influenciaram diretamente a obra?
Carla Guerson A primeira influência clara pra mim é Lygia Bojunga. Quando comecei a pensar em Catarina estava no meio de um projeto pessoal de ler a obra completa da Lygia, uma escritora que conheci ainda na infância, mas que só mais tarde descobri que tinha uma extensa obra também para o público adulto. A escrita da Lygia, simples e ao mesmo tempo densa, com diálogos marcados pela oralidade, a conversa com o leitor no final da obra, são influências fortes na minha escrita e acho que estão de alguma forma presentes neste primeiro romance, mesmo que de forma indireta. Como a personagem é adolescente, também fiz uma pesquisa direcionada aos livros narrados por personagens crianças e adolescentes, para encontrar o registro de Catarina. Cito como livros que li (ou reli) durante esse período e que também me influenciaram neste sentido: “O Pássaro Secreto”, da Marilia Arnaud; “A Vida Mentirosa dos Adultos”, da Elena Ferrante; “Pança de Burro”, da Andrea Abreu; “Se Deus Me Chamar Não Vou”, da Mariana Salomão; “Os Tais Caquinhos”, da Natércia Pontes e “Corpo Desfeito”, da Jarid Arraes. Além disso, especificamente na questão da falta, da ausência, que é um sentimento forte, uma sensação que parece permear a narrativa, cito como influências: os dois romances da Marcela Dantes (“Nem Sinal de Asas” e “João Maria Matilde”), os romances da Aline Bei (“O Peso do Pássaro Morto” e a “Pequena Coreografia do Adeus”), “Ponciá Vicêncio”, da Conceição Evaristo, entre outros.

Quais são os seus projetos atuais de escrita?
Carla Guerson Costumo me definir como uma pessoa inquieta e isso resulta, obviamente, numa espécie de explosão de projetos, ideias, vontades. Com relação ao que farei em seguida, dentre meus 157 projetos paralelos, tenho dois bem adiantados. O primeiro é um novo livro de poesia, que acabou de ficar em primeiro lugar no edital de seleção de projetos literários do meu estado. Ainda estamos esperando a homologação e demais etapas, mas tudo indica que vem aí, algum dia, é um projeto já bem adiantado. O segundo projeto é um novo romance, em que eu investigo questões relacionadas ao corpo, pressão estética, transtornos alimentares e gordofobia. Este tem a primeira versão pronta, mas ainda estou num processo de entender melhor para onde vai, se é que vai. Acho que são meus dois projetos atuais, digamos assim.

Garanta o seu exemplar de “Todo Mundo Tem Mãe, Catarina”, escrito por Carla Guerson, neste link.

.: Lucas Pagani: "Suspenses instigam a própria natureza humana"


"Baile de Máscaras" é o romance de estreia de Lucas Pagani. Em entrevista, ele comenta detalhes sobre o lançamento e destaca a importância do gênero de suspense na literatura nacional. Foto: divulgação


Após um brutal assassinato repercutir nos noticiários na pacata e fictícia cidade de São Filipe, os moradores ficam em estado de alerta. Afinal, quem é o assassino? E quais as motivações? Agora, cabe à detetive Diana desvendar esse mistério e juntar as peças do quebra-cabeça. É neste contexto que surge o enredo de "Baile de Máscaras" (compre neste link), romance de Lucas Pagani

Muito além de um thriller com mentiras e mortes misteriosas, esse suspense aborda as nuances da existência humana. Por meio de uma narrativa visceral, que concilia investigação criminal, questões psicológicas intrínsecas e protagonistas da terceira idade, o autor apresenta a história de Rui Córdova, que durante 50 anos nutria um amor por Vânia. Mas, antes que a mulher pudesse lhe contar um segredo do passado, ela é brutalmente assassinada.

Lucas Pagani nasceu em Lages (Santa Catarina). Formou-se em Jornalismo pela Universidade do Planalto Catarinense e trabalhou como repórter no Correio Lageano até 2017. Atuou na redação do jornal impresso e on-line, além de rádio e redes sociais. Depois, concluiu o curso de Direito e duas pós-graduações na área. Atualmente, concilia a carreira de escritor com o cargo de servidor público no Tribunal de Justiça de Santa Catarina. "Baile de Máscaras" é o romance de estreia do escritor. Em entrevista, ele comenta detalhes sobre o lançamento e as referências para a narrativa, destacando a importância do gênero de suspense na literatura nacional. Compre o livro "Baile de Máscaras", de Lucas Pagani, neste link.


Qual foi a sua principal inspiração por trás da produção de "Baile de Máscaras"?
Lucas Pagani - Costumo dizer que meus personagens nasceram antes do enredo, pois fui construindo-os ao longo dos anos até amarrar as subtramas numa história maior. As primeiras ideias surgiram ainda entre 2010 e 2011, nas aulas de redação do ensino médio.


Por que decidiu enveredar pelo suspense e o que mais te atrai neste gênero? 
Lucas Pagani - Sempre gostei muito de mistérios e o clássico "Whodunnit". Então foi uma escolha natural que meu primeiro romance trouxesse elementos de investigação. Desde muito novo, lia autores americanos como Dan Brown e Harlan Coben e imaginava escrever um livro que fizesse o leitor virar uma página atrás da outra, com cada capítulo terminando num gancho de curiosidade.  

Nos últimos anos, temos visto um crescimento significativo do gênero de suspense na literatura nacional. Como você vê essa tendência e de que maneira "Baile de Máscaras" se insere nesse movimento?  
Lucas Pagani - Suspenses sempre despertaram interesse, pois a busca pela solução de um enigma costuma instigar a própria natureza humana. Com o avanço do audiovisual, acredito que as produções do gênero tendem a engajar o público, que consome horas a fio desse conteúdo, além, é claro, da febre dos documentários sobre crimes reais. De modo geral, esta temática e os arquétipos do detetive e do assassino prendem a atenção das pessoas.  

No livro, você aborda temas complexos como abortos clandestinos e fraudes médicas. O que o motivou a incluir esses tópicos na trama e qual foi o processo de pesquisa para tratar desses assuntos de maneira próxima da realidade brasileira?  
Lucas Pagani - Não tive a intenção de trazer essa temática como a principal, mas sim como um elemento a mais que contribuiria para a revelação preparada para o desfecho da trama, que na verdade pretende gerar reflexões sobre a natureza humana, os dramas e traumas familiares, as mentiras, o luto, as amizades, os amores não correspondidos. A solução dos segredos guardados pelos personagens passa pelo tema do aborto (que no início é abordado de forma leve e só volta à tona nas últimas páginas) não como um julgamento moral da parte do autor, mas como um fato que na vida desses personagens foi definidor e trouxe consequências. Não se ignoram os muitos lados desse assunto na realidade, mas, na mentalidade e nas peculiaridades dos meus personagens, fazia sentido que essa ferida mudasse o rumo de suas vidas. Portando, eu a usei como catalisador dos acontecimentos que eu precisava que se desenrolassem na história, mas sempre com a intenção de explorar os sentimentos humanos, as dores, perdas, arrependimentos e o peso das escolhas, sejam elas quais forem.  


Os protagonistas do livro são majoritariamente idosos, que entrelaçam as vivências do momento atual da narrativa com o passado deles. Na sua perspectiva, qual a importância dessa visibilidade para pessoas da terceira idade, principalmente, em gêneros comumente consumidos pelo público jovem?  
Lucas Pagani - Sempre tive muito apreço pelos idosos. A cena de abertura do prólogo, por exemplo, brotou pronta na minha imaginação, e gosto do ar que ela transmite: o pátio de um asilo, idosos recebendo visitantes e tudo isso deixando um ponto de interrogação na mente do leitor - quando se vai ler sobre um assassinato num baile de máscaras, a última coisa que se espera é que essa história comece num asilo. Além do inusitado, o destaque de personagens idosos enriquece a trama por permitir as idas e vindas no tempo e por explorar como mudamos ao longo da vida, como resultado de nossas escolhas e dos outros. As irmãs octogenárias Josefa e Quieta, por exemplo, são muito queridas pelos leitores e funcionam como dois lados de uma moeda: a velhinha senil institucionalizada e a senhora cheia de vitalidade que pinta os cabelos de verde e joga pôquer.  

A narrativa entrelaça eventos passados e presentes. Quais os desafios do escritor em equilibrar essas duas linhas do tempo e garantir que ambas se complementassem, para garantir clareza e a sustentação do mistério até o fim?  
Lucas Pagani - Isso exige muito zelo. Um livro de 300 páginas tem muito mais que ficam de fora da versão final, incluindo as biografias de cada personagem e a linha do tempo, que no meu caso foi bem minuciosa. Como leitor, sempre torci o nariz para contradições e quebras de coerência, então cuidei para que até os dias da semana fossem fieis à realidade. A cena mais distante no tempo na minha narrativa é de algo entre seis e sete décadas antes da atualidade, por isso, é preciso planejar muito bem de onde se parte e quer chegar para que tudo se encaixe. Orgulho-me ao afirmar que não há furos nas marcações temporais da trama. 


Você se inspirou em grandes nomes da literatura de suspense para compor a sua obra de estreia, como Agatha Christie e o brasileiro Raphael Montes. O que você diria que tem de melhor desses autores na trama de "Baile de Máscaras"? E o que você tentou trazer de particularidade sua?  
Lucas Pagani - Eu mencionaria a possibilidade de a releitura ser uma experiência sempre nova. "Baile de Máscaras" é um livro de suspense, sim, mas a busca pela identidade do assassino e pela motivação do crime são ingredientes no meio de vários outros. Quem relê o livro fica surpreso com a quantidade de pistas que estavam plantadas desde o começo e a forma como tudo se encaixa, até os acontecimentos mais aleatórios. Raphael Montes, por exemplo, tem momentos mais excêntricos como os de "Jantar Secreto", mas também retrata traumas psicológicos com muita força, como no caso da Eva de "Uma Família Feliz".  Acredito que meu livro combina esses elementos, ou seja, as soluções criativas necessárias para mover a trama e os mergulhos na cabeça e nas emoções dos personagens que fazem a história acontecer.


Garanta o seu exemplar de "Baile de Máscaras", escrito por Lucas Pagani, neste link.


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