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segunda-feira, 9 de junho de 2025

.: "Wicked 2" ganha trailer poderoso e surpreende fãs em sessão especial


A Universal Pictures liberou o primeiro trailer de “Wicked: Parte II – For Good”, e a internet já está em polvorosa. O longa-metragem, que encerra com chave de ouro a saga das bruxas mais icônicas de Oz, estreia dia 20 de novembro na Rede Cineflix e nos cinemas brasileiros - e promete emocionar tanto quanto a primeira parte. Mas a estreia do trailer não foi nada convencional: rolou uma prévia exclusiva no palco do Teatro Renault, em São Paulo, logo após uma sessão do espetáculo “Wicked – A História Não Contada das Bruxas de Oz”. 

Plateia cheia, luzes apagadas e, de repente... boom! Telão, trailer e emoção à flor da pele. Myra Ruiz (Elphaba) e Fabi Bang (Glinda), que dublam as protagonistas na versão brasileira do filme, estavam lá e assistiram junto com o público a versão final da dublagem. Spoiler: teve grito, teve choro, teve aplauso! Um encontro mágico entre palco e tela que arrancou suspiros dos fãs.


O que vem por aí em “Wicked: Parte II”?
Se o primeiro filme já mexeu com os corações dos fãs de musicais, o segundo promete ser ainda mais intenso. A história retoma o drama de Elphaba (Cynthia Erivo), agora exilada como a famigerada Bruxa Má do Oeste, e Glinda (Ariana Grande), rainha da fama e símbolo oficial da Bondade em Oz. Só que nem tudo são flores - muito menos num reino governado por um Mágico cheio de segredos.

A amizade abalada entre as duas protagonistas será colocada à prova quando uma menina do Kansas - sim, ELA! - cair de paraquedas em Oz e bagunçar ainda mais esse caldeirão. Além das estrelas principais, o filme traz um elenco de peso: Michelle Yeoh, Jonathan Bailey, Jeff Goldblum, Bowen Yang, entre outros. A direção é de Jon M. Chu (o mesmo de “Em um Bairro de Nova York”) e a produção continua nas mãos do super premiado Marc Platt. Ah, e se você já se encantou com os figurinos e cenários do primeiro filme (que levou o Oscar nessas categorias!), prepare-se para mais uma enxurrada de visuais arrebatadores.


Sucesso nas telonas e nos palcos
A montagem brasileira do musical não fica atrás. Só nas duas primeiras temporadas (2016 e 2023), mais de meio milhão de pessoas assistiram à produção - e a temporada atual já tem 230 mil ingressos vendidos! A versão 2024 chega com novos sistemas de voo, ilusionismo e efeitos visuais de cair o queixo. Quer ver ao vivo? “Wicked - A História Não Contada das Bruxas de Oz” está em cartaz no Teatro Renault, com sessões de quarta a domingo. Os ingressos podem ser comprados neste link.


Serviço
"Wicked – A História Não Contada das Bruxas de Oz"  
Teatro Renault (Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411 - República, São Paulo)  
De quarta a sexta-feira, às 20h00, sábados e domingos, às 15h00 e 19h30  

Ingressos
Bilheteria Oficial no Teatro Renault (sem taxa de conveniência): de terça-feira a domingo, das 12h00 às 20h00, exceto feriados  
Site e app da Ticket for Fun: ticketsforfun.com.br 

Estreia de "Wicked: Parte II" nos cinemas: 20 de novembro
Versões legendada e dublada disponíveis

Assista à reação completa aqui ao trailer de "Wicked"em pleno espetáculo brasileiro

Trailer de "Wicked - Parte II"

domingo, 8 de junho de 2025

.: Ópera “Navalha na Carne” marca os 90 anos de Plínio Marcos nesta segunda


Espetáculo da Cia. Ópera São Paulo acontece nesta segunda-feira. dia 9 de junho, às 20h00, com entrada gratuita. Cintia Cunha, soprano (Neusa Sueli) | Fernando Portari, tenor (Vado)    Fulvio Souza, barítono (Veludo) | Karin Uzun, pianista. Foto: divulgação

O Teatro Sérgio Cardoso, espaço da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerido pela Associação Paulista dos Amigos da Arte (APAA), recebe nesta segunda-feira, dia 9 de junho, às 20h00, o espetáculo "Navalha na Carne", da Cia Ópera São Paulo. A montagem marca a homenagem póstuma aos 90 anos do escritor, ator, diretor e jornalista Plínio Marcos. A ópera em um ato tem música e texto assinados por Leonardo Martinelli, e é inspirada na peça homônima escrita pelo autor.

Com 70 minutos de duração, a obra estreou em 2022, no Theatro Municipal de São Paulo. A direção musical é de Karin Uzun, ao piano, e a direção cênica, iluminação e concepção são de Leo Lama. No elenco, Cintia Cunha (soprano) interpreta Neusa Sueli, Fulvio Souza (barítono) vive Veludo, e Fernando Portari (tenor) participa como Vado. O ator Rogério Bandeira completa o elenco.

A apresentação tem classificação etária de 16 anos. A entrada é gratuita, com retirada de ingressos na bilheteria do teatro a partir de uma hora antes do início do espetáculo.


Serviço
Ópera "Navalha na Carne"
Nesta segunda-feira, dia 9 de junho, às 20h00
Teatro Sérgio Cardoso – Sala Paschoal Carlos Magno
Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista – São Paulo/SP
Duração: 70 minutos
Classificação: 16 anos
Ingressos: gratuitos, com retirada na bilheteria uma hora antes
Capacidade da sala: 143 lugares + 6 espaços para cadeirantes

.: "Ana Marginal - Um Navio Ancorado no Espaço" terá última apresentação


A dramaturgia de Michelle Ferreira traz para a cena três personas para representar a escritora: Ana - a poeta, Cristina - a performática, e Cesar - a acadêmica, representadas pelas atrizes Nataly Cavalcanti, Carol Gierwiatowski e Bruna Brignol, respectivamente. Foto: Jennifer Glass


O espetáculo "Ana Marginal - Um Navio Ancorado no Espaço", com texto de Michelle Ferreira e direção de Nelson Baskerville, apresenta-se no Teatro Cacilda Becker, entre os dias 30 de maio a 8 de junho, de sexta a domingo. A montagem foi eleita pelo jornal Folha de S.Paulo como uma das melhores do ano, em 2023. O espetáculo é um metateatro que transita pela obra e vida da poeta Ana Cristina Cesar, ícone da poesia marginal da década de 70 a partir do conflito de três atrizes envoltas pela complexidade e identificação das angústias de suas personagens, que representam diferentes facetas da poeta: a Ana, a Cristina e a César.

Considerada um dos grandes nomes da literatura marginal da década de 1970, a poeta carioca defendia que vida e literatura eram inseparáveis. Por esse motivo, “Ana Marginal - Um Navio Ancorado no Espaço” se inspira nesses dois elementos. A dramaturgia de Michelle Ferreira traz para a cena três personas para representar a escritora: Ana - a poeta, Cristina - a performática, e Cesar - a acadêmica, representadas pelas atrizes Nataly Cavalcanti, Carol Gierwiatowski e Bruna Brignol, respectivamente.

Para dar conta da atmosfera caótica presente na obra da poeta, a equipe optou por usar muitas projeções, um andaime e uma escultura de luz feita pelo próprio diretor. Para o encenador, entender a essência da autora é um desafio. “A cada dia chegam novos materiais que são incorporados ao espetáculo. Ela não está em apenas um poema ou um livro. Para desvendá-la, é preciso se debruçar sobre suas fotografias, cartas, cartões postais, entrevistas. Talvez hoje sua angústia fosse muito mais dispersa, porque os tempos mudaram muito, mas gostaríamos de devolver para ela essa sexualidade que lhe foi negada”, defende Baskerville.

A característica forte de seus textos, a um só tempo viscerais e coloquiais, cria uma aproximação confidencial com seus leitores. “Como Ana Cristina Cesar pregava a quebra dos padrões eruditos e escrevia de uma maneira mais espontânea e contestadora, entendemos que o teatro performativo era a melhor maneira de homenagear essa mulher tão potente", comenta Nataly.

Com a proposta de democratizar o acesso à informações sobre a vida e a obra da Ana Cristina Cesar (1952-1983), o projeto idealizado por Nataly Cavalcanti ainda envolve outras ações importantes: um podcast com discussões relacionadas a essa poeta marginal, a publicação de um zine formado por cartas trocadas entre as poetas Anna Zêpa e Josiane Cavalcanti e uma oficina de produção de zines. “Criamos atividades que estão muito relacionadas à personalidade da Ana Cristina. Ela costumava escrever cartas e tenho certeza que teria um podcast se essa linguagem existisse na sua época”, conta Nataly. Chamado de "Ana Marginal - Como Desancorar Um Navio no Espaço", este projeto foi contemplado na 19ª Edição do Prêmio Zé Renato - ID 13 080.


Ficha técnica
Espetáculo "Ana Marginal - Um Navio Ancorado no Espaço". 
Idealização e produção artística: Nataly Cavalcanti Dramaturga: Michelle Ferreira Direção: Nelson Baskerville Diretora assistente: Anna Zêpa Atrizes: Bruna Brignol, Carol Gierwiatowski e Nataly Cavalcanti Concepção Cenográfica: Bruna Brignol e Nelson Baskerville Figurino: Marichilene Artisevskis Iluminação: Lui Seixas Trilha Sonora: Nelson Baskerville Criação e montagem dos vídeos: João Paulo Melo Consultoria em Vídeo: André Grynwask Vídeo Heloísa Teixeira: Anna Zêpa Direção de Movimento: Débora Veneziani Preparação Vocal: Alessandra Lyra (Cor & Voz) Cenotecnia: Casa Malagueta Operação de Som: Gabriel Müller Operação de Luz: Paula Selva Operação de Vídeo: Tarcila Rigo Operação de Letreiro: Iza Marie Miceli Contrarregra: Victoria Aben-Athar Arte gráfica: Bruna Brignol Fotos de divulgação: Bruna Castanheira e Jennifer Glass Registro em fotos e vídeos: João Paulo Melo e Marcos Floriano Assessoria de Imprensa: Canal Aberto - Márcia Marques, Daniele Valério e Flávia Fontes Assistente de Produção: Gabriel Müller Diretora de Produção: Iza Marie Miceli


Serviço
Espetáculo "Ana Marginal - Um Navio Ancorado no Espaço"
75 minutos | Classificação indicativa: 12 anos | Gratuito

Teatro Cacilda Becker
Domingo, dia 8 de Junho, às 19h00
Rua Tito, 295 - Lapa / São Paulo

.: Teatro Sérgio Cardoso recebe “Se Não É Agudo, É Grave” com Inácio de Nonno


Apresentação gratuita reúne veteranos e jovens cantores líricos em concerto com obras de “O Barbeiro de Sevilha”. Arte: divulgação


Neste domingo, dia 8 de junho, às 11h00, a Sala Paschoal Carlos Magno do Teatro Sérgio Cardoso, espaço da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerido pela Associação Paulista dos Amigos da Arte (APAA), apresenta o espetáculo “Se Não É Agudo, É Grave - Encontro de Gerações”. Com direção do barítono Inácio de Nonno e realização da Cia. Ópera São Paulo, a apresentação integra a segunda edição do projeto que promove o intercâmbio entre gerações da música lírica por meio de atividades formativas e concerto inspirado na ópera “O Barbeiro de Sevilha”.


Sobre o Teatro Sérgio Cardoso
Localizado no boêmio bairro paulistano do Bixiga, o Teatro Sérgio Cardoso mantém a tradição e a relevância conquistada em mais de 40 anos de atuação na capital paulista. Palco de espetáculos musicais, dança e peças de teatro, o equipamento é um dos últimos grandes teatros de rua da capital, e foi fundamental  nos dois anos de pandemia, quando abriu as portas, a partir de rígidos protocolos de saúde. 

Composto por duas salas de espetáculo, quatro dedicadas a ensaios, além de uma sala de captação e transmissão, o Teatro tem capacidade para abrigar 827 pessoas na sala Nydia Licia, 149 na sala Paschoal Carlos Magno, além de apresentações e aulas de dança no hall do teatro.


Serviço
"Se Não É Agudo, É Grave - Encontro de Gerações" | Realização: Cia Ópera São Paulo
Data: domingo, 8 de junho, às 11h00
Local: Teatro Sérgio Cardoso – Sala Paschoal Carlos Magno
Duração: 60 minutos
Classificação etária: 8 anos
Ingressos: entrada gratuita
Capacidade: 143 lugares + 6 espaços para cadeirantes

sábado, 7 de junho de 2025

.: Últimas apresentações de "Bombordo ou Uma Ilha para o Esquecimento"


Espetáculo propõe reflexões sobre memória, luto e a arte de seguir em frente a partir de história de uma mulher e sua mãe com Alzheimer que estão à deriva em alto mar. Foto: Antônio Filho 


A jornada de uma mãe e uma filha na fronteira entre o esquecimento, a dor e a redescoberta da própria essência é tema de "Bombordo ou Uma Ilha para o Esquecimento", segundo monólogo autoral da atriz e professora Ana Paula Dias. O espetáculo tem sua temporada de estreia no espaço ºAndar, até este domingo, dia 8 de junho, com apresentações neste sábado, às 20h00, e domingo, às 19h00. Navegando entre o íntimo e o universal, o espetáculo convida o público a uma jornada sensorial e emocional, onde o mar se transforma em metáfora para as paisagens internas da protagonista - e da própria atriz em cena.

O que era para ser uma fuga transforma-se em um espelho. Uma mulher parte em uma viagem solitária de veleiro, determinada a deixar para trás um cotidiano sufocante e as cicatrizes de um amor perdido. Mas, no último momento, ela se vê obrigada a levar consigo sua mãe, que sofre de Alzheimer - uma presença que embaralha ainda mais os limites entre passado e presente, entre cuidadora e dependente.

Enquanto navega por mares gelados, a protagonista luta contra os esquecimentos da mãe: perguntas repetidas, histórias truncadas, a incapacidade de reconhecer até mesmo o barco que as abriga. Aos poucos, porém, percebe que não está apenas lembrando por duas - ela também é confrontada com suas próprias fugas da memória. A morte do pai, enterrada sob camadas de negação. As dores de um rompimento amoroso que ela tenta apagar com distâncias geográficas. O medo de viver, disfarçado de aventura.

O mar, antes símbolo de liberdade, torna-se uma armadilha. As coordenadas se perdem, os dias se repetem, e a viagem revela seu verdadeiro propósito: uma travessia para dentro de si mesma. Mãe e filha reencenam gestos esquecidos - amarrar sapatos, fazer nós, contar histórias -, enquanto a protagonista enfrenta a pergunta que a assombra: o que mais eu escolhi não lembrar? Com uma narrativa não linear e atmosferas que oscilam entre o poético e o claustrofóbico, "Bombordo" questiona: o que escolhemos lembrar? O que não podemos evitar esquecer? A direção e dramaturgia exploram a técnica Meisner, privilegiando a escuta, a verdade do momento e a presença física como eixos da narrativa.


Ficha Técnica
Espetáculo "Bombordo ou Uma Ilha para o Esquecimento"
Criação e atuação: Ana Paula Dias
Colaboradores/propositores: Anayan Moretto, Telma Fernandes, Victoria Moliterno, Julio Dojcsar
Dramaturgia: Ana Paula Dias
Cenário: Julio Dojcsar
Figurino e designer gráfico: Victoria Moliterno
Iluminação: Telma Fernandes
Trilha sonora: Ale Martins
Produção executiva e assistência de figurino: Marcelo Leão
Produção: Anayan Moretto
Realização: Be True e ºANDAR


Serviço
Espetáculo "Bombordo ou Uma Ilha para o Esquecimento"
Temporada: até dia 8 de junho de 2025
Aos sábados, às 20h00, e aos domingos, às 19h00
ºANDAR - Rua Dr. Gabriel dos Santos, 30, 2ºandar, Santa Cecília, São Paulo
Ingressos: R$35,00 / R$50,00/ R$75,00
Vendas no Sympla e na bilheteria (sujeito a lotação)
https://www.sympla.com.br/produtor/bombordo
Classificação indicativa: 12 anos
Lotação: 50 lugares
Duração: 50 minutos

.: Inspirada em filósofo queer, espetáculo "Interruptor" tem novas apresentações


A ideia do conceito de "Interruptor" é uma metáfora para possíveis ações que possam produzir uma espécie de curto-circuito no que já está estabelecido pela comunidade LGBTQ. Foto: Rafa Tayslan

Propondo uma provocação ao espectador, "Interruptor: dispositivos para Desligar a Corrente", com dramaturgia e direção de Ronaldo Serruya (indicado ao Prêmio Shell 2023 de melhor dramaturgia por "A Doença do Outro"), foi inspirada no livro "Ética Bixa", do filósofo queer espanhol Paco Vidarte. De caráter performativo, o espetáculo será apresentado até este domingo, dia 8 de junho, na Sede de A Próxima Companhia, nos Campos Elíseos, em São Paulo. O espetáculo integra um projeto de circulação do Grupo XIX de Teatro, marcado pela investigação cênica e pelo diálogo com espaços não convencionais, contemplado pelo Prêmio Zé Renato. Neste sábado, dia 7 de junho, após a sessão, haverá um bate-papo com o professor e crítico teatral Ferdinando Martins. A sessão de domingo, dia 8 de junho, terá tradução em libras.

O grupo ainda irá apresentar outras duas peças decorrente dos Núcleos de Pesquisa do grupo em 2024: "Vitaminas" (de Rodolfo Amorim) e "Quando Um Dia" (de Juliana Sanches), com sessões previstas para o mês de junho, na Sala Muiti-uso do Teatro Arthur Azevedo. "Interruptor: dispositivos para Desligar a Corrente", mescla trechos do livro do filósofo Paco Vidarte com relatos autobiográficos dos sete intérpretes das mais variadas identidades, como uma provocação e um desafio para estabelecer não apenas os entraves, mas os pontos de conexão entre a comunidade LGBTQIAPN+. No palco, artistas bixas, lésbicas, trans/travestis e não-binários tentam “contar” o livro ao mesmo tempo que “se contam”, em cenas estabelecidas como tomadas.

A ideia do conceito de "Interruptor" presente no livro, e que dá nome ao trabalho, é uma metáfora para possíveis ações que possam produzir uma espécie de curto-circuito no que já está estabelecido pela comunidade LGBTQ. “Desde que eu li o 'Ética Bixa” pela primeira vez, ele se tornou uma obsessão pra mim, porque apesar do livro ser uma obra teórica, existe ali uma espécie de palavra corporificada, pronta para ser dita, cheia de indignação e revolta, cheia de contradição, mas também de deboche”, diz o dramaturgo e autor Ronaldo Serruya. 

O deboche, aliás, é uma das apostas do trabalho, aliado a um diálogo proposital com o conceito de “baixa cultura”. Na peça, assim como no livro, os intérpretes vão apresentando outras estratégias possíveis para as lutas LGBTQ que são pensadas pelo filósofo numa crítica ao excessivo flerte que o movimento faz hoje com o neoliberalismo meritocrático. Ao longo das cenas, que se apresentam como mosaico, conceitos como “política cadela”, “política do buraco negro”, “gravidade” e “os frangos sem cabeça” vão sendo tirados do livro e apresentados num jogo interativo e presentificado entre os artistas e a plateia, e que flerta, entre outros, com o clima cafona dos programas de auditório, com seus quizzs e quadros.

“O deboche, para mim, tem sido uma forma de sobrevivência possível. Poder rir de si mesmo, das nossas contradições, é a única forma de escapar da armadilha de uma militância narcísica que está sempre pronta para apontar o dedo para o outro, mas nunca para si mesma. O desafio nesse processo foi possibilitar que os artistas trouxessem suas vivências para a cena exatamente nessa perspectiva da contradição. Colocar também as suas sombras, aquilo que nessas identidades, mesmo que dissidentes, reproduzem e compactuam com uma ética normativa”, diz Ronaldo. A iniciativa integra o projeto Zé Renato, que visa apoiar a produção e desenvolvimento da atividade teatral para a cidade de São Paulo, vinculado à Secretaria Municipal de Cultura.

Ficha técnica
Espetáculo "Interruptor: dispositivos para Desligar a Corrente".
Concepção e Direção: Ronaldo Serruya. Dramaturgia: Ronaldo Serruya, em colaboração com os intérpretes. Intérpretes: Andrezza Czech, Alv Lara, Diego Lima, Igor Mo, Pedro Ribeiro, Rudá e Rodolpho Côrrea. Assistente de direção: Matilde Menezes. Balaclavas e adereços: Felipe Cruz. Figurinos: Ailton Barros. Audiovisual: Givva. Desenho de Luz: Hart Bergman e Felipe Tchaça. Técnico de palco: Roberto Oliveira. Trilha sonora original: Camila Couto. Fotos: Jonatas Marques. Produção: Andréa Marques e grupo XIX de teatro. Este projeto foi contemplado pela 19ª Edição do Prêmio Zé Renato. Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa


Serviço
Espetáculo "Interruptor: dispositivos para Desligar a Corrente". 
Até dia 8 de junho de 2025 - Sábado, às 20h00, e domingo, às 19h00.
Neste sábado, dia 7 de junho, após a sessão, haverá um bate-papo com o professor e crítico teatral Ferdinando Martins. A sessão de domingo, dia 8 de junho, terá tradução em libras.
Teatro A Próxima Companhia - R. Barão de Campinas, 529 - Campos Elíseos / São Paulo.
Duração: 80 minutos. Indicação: Maiores de 16 anos. Capacidade: 40 espectadores por sessão.
Ingressos: grátis - Retirada pelo Sympla
https://www.sympla.com.br/eventos?s=interruptor

terça-feira, 3 de junho de 2025

.: Nathalia Timberg será "A Mulher da Van" no Teatro Bravos a partir de julho


Com direção de Ricardo Grasson, espetáculo atraz no elenco Nathalia Timberg, Caco Ciocler, Nilton Bicudo, Duda Mamberti, Roberto Arduin, Lilian Blanc, Noemi Marinho Cléo De Páris e Lara Córdulla. Foto: Priscila Prade


As complexas relações humanas, a tolerância e o etarismo são grandes temas de "A Mulher da Van", do autor inglês Alan Bennett. O texto já foi adaptado ao cinema e agora ganha uma montagem brasileira dirigida por Ricardo Grasson e estrelada pela multifacetada Nathalia Timberg, que completa 96 anos neste ano. A montagem volta em cartaz no dia 4 de julho no Teatro Bravos, onde segue até o dia 3 de agosto. A tradução da peça é assinada por Clara Carvalho. E o elenco se completa com Caco Ciocler, Nilton Bicudo, Duda Mamberti, Roberto Arduin, Lilian Blanc, Noemi Marinho, Cléo De Páris e Lara Córdulla.

A peça conta a história real de Mary Shepherd, uma senhora inglesa acumuladora que, na década de 1970, morava dentro de uma van no subúrbio de Londres. Com um passado misterioso e problemático de tempos em tempos, ela estaciona na frente das residências. Inicialmente relutante em interagir com "a Mulher da Van", Alan gradualmente desenvolve uma relação de amizade e compreensão com ela. Ao longo da história, Alan tenta conciliar sua própria vida pessoal e profissional com a presença de Shepherd na rua, ele se torna cada vez mais envolvido em sua vida, oferecendo-lhe assistência prática e apoio emocional. A relação entre os dois personagens principais é marcada por humor, compaixão e reflexões sobre solidão, humanidade, envelhecimento e os desafios da convivência.

Sobre a escolha deste grande elenco, Ricardo Grasson diz: “Todos eles são atores de transfiguração, de composição, porque eles têm muita facilidade de se transformar no próprio personagem, mudando o jeito de andar, de falar, a voz, o corpo e expressões. Esse tipo de ator é muito raro e, na montagem, eu tenho certeza de que formamos um time muito poderoso”. O diretor ainda conta que a ideia de montar o espetáculo é um sonho antigo de Nathalia Timberg. “Ela tinha esse texto há mais de 15 anos e, quando nós fazíamos a peça “33 Variações”, em 2016, me contou sobre a vontade de montá-la. Com a pandemia de Covid-19, ela ficou cinco anos longe do palco e, então, me ligou dizendo que gostaria de finalmente retomar o projeto – possivelmente seu último trabalho”, revela.

“Paralelamente a essa história, a peça conta que o escritor, apesar de ter uma relação muito boa com a própria mãe idosa, que morava em outra cidade, precisou interná-la em uma casa de repouso, pois não tinha como cuidar dela. É muito interessante, pois o texto fala um pouco sobre essas relações humanas e do cuidado que, às vezes, não conseguimos ter com uma pessoa da própria família, mas acabamos tendo por um desconhecido. Mas acho que também estamos fazendo esse bem para o mundo, sabe?”, explica Grasson.

Sobre a encenação, o diretor revela que não tentou atualizar o texto para os nossos dias, mas procurou fazer um paralelo com o realismo fantástico, seu trabalho de pesquisa. “Toda a encenação, a parte plástica do espetáculo, tem a influência dessa estética, que é muito mais comumente vista na literatura e no cinema. E o realismo fantástico nada mais é do que o realismo distorcido, que é um pouco como a nossa vida”, acrescenta.

O espetáculo ainda conta na equipe criativa com Cesar Costa, na cenografia; Cesar Pivetti, no desenho de luz; LP Daniel, na trilha sonora e desenho de som; Marichilene Artichevics, nos figurinos; e Simone Momo, no visagismo. A produção geral é de Marco Griesi da Palco 7 Produções.


Ficha técnica
Espetáculo "A Mulher da Van"
Texto: Alan Bennett
Tradução: Clara Carvalho
Idealização: Nosso Cultural
Direção geral: Ricardo Grasson
Assistente de direção: Heitor Garcia
Elenco: Nathalia Timberg, Caco Ciocler, Nilton Bicudo, Noemi Marinho, Duda Mamberti, Lilian Blanc, Roberto Arduin, Cléo De Páris e Lara Córdulla.
Cenário: Cesar Costa
Desenho de luz: Cesar Pivetti
Trilha sonora e desenho de som: LP Daniel
Figurino: Marichilene Artisevskis
Visagismo: Simone Momo
Assistente de cena: Ligia Fonseca
Camareira: Beth Chagas
Diretor de palco: Victor Ribeiro
Contrarregra: JP Franco
Coordenação de comunicação: André Massa
Comunicação visual e animação: Kelson Spalato
Redes sociais: Gatu Filmes / Gabriel Metzner e Arthur Bronzatto
Estratégia digital: Motisuki PR / Régis Motisuki e Matheus Resende
Fotografia: Priscila Prade
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Direção de produção: Marco Griesi
Coordenação de produção: Bia Izar
Produção executiva: Diogo Pasquim e Tame Louise
Produção geral: Palco7 Produções


Serviço
Espetáculo "A Mulher da Van"
De 4 de julho a 3 de agosto de 2025
Sextas, às 21h00. Sábados, das 17h00 e 21h00. Domingos, às 18h00.
Teatro Bravos - Rua Coropé, 88 - Pinheiros / São Paulo
Ingressos: Plateia Premium - R$ 200,00 (inteira) I R$ 100,00 (meia). Plateia Inferior - R$ 160,00 (inteira) I R$ 80,00 (meia). Mezanino - R$ 120,00 (inteira) i R$ 60,00 (meia). Vendas: https://bileto.sympla.com.br/event/106647.
Classificação: 12 anos.
Duração: 100 minutos.
Capacidade: 611 lugares.
Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.

.: Eliane Giardini e Marcos Caruso voltam a São Paulo com "Intimidade Indecente"


A peça conta a história de um casal que se separa aos 60 anos, mas segue se reencontrando vida afora, e ainda reconhecendo um no outro o seu maior cúmplice. Foto: Eduardo Chamon


Em cartaz há três anos com grande sucesso desde a estreia em Portugal, o espetáculo "Intimidade Indecente" volta ao Teatro Renaissance no dia 11 de julho para a última temporada, que segue até dia 28 de setembro. Com Eliane Giardini e Marcos Caruso, direção de Guilherme Leme Garcia e texto de Leilah Assumpção, a peça  conta a história de um casal que se separa aos 60 anos, mas segue se reencontrando vida afora, e ainda reconhecendo um no outro o seu maior cúmplice.

Eliane Giardini acaba de viver Berta na novela “Mania de Você” e Marcos Caruso regressa de recente temporada em Portugal, onde esteve em cartaz numa produção portuguesa, a comédia "Cheque-Mate". A química vitoriosa da dupla já é festejada desde 2012, quando deram vida ao impagável casal Leleco e Muricy da novela "Avenida Brasil", de João Emanuel Carneiro, que até hoje é lembrada pelo público. Na contramão das comédias românticas mais tradicionais, o espetáculo começa com o episódio da separação de um casal por volta dos 60 anos de idade. 

“A peça fala sobre quatro momentos muito emblemáticos da vida desse casal. Nosso primeiro movimento é apresentar esse casal na faixa dos 60 anos terminando um grande casamento, uma grande relação. E aí eles se reencontram durante as próximas décadas. É um casamento que não termina, uma separação que não dá certo. É sobre esse casal que tem uma afinidade tão grande que continua junto pro resto da vida, independente do estado civil ou da condição geográfica”, conta Eliane Giardini.


Separados, mas juntos
No espetáculo, Roberta (Eliane Giardini) e Mariano (Marcos Caruso) formam um casal sessentão desgastado pela mesmice da rotina. O desejo esfriou, o sexo falta e a implicância mútua sobra. Ávidos por novas experiências, entendem que não há mais porque ficar juntos. Acontece que, como num efeito bumerangue, a vida insiste em devolver um ao outro. E é nessas idas e vindas que, aos poucos, os dois descobrem-se os maiores cúmplices. O sentimento, ainda vivo e sólido, faz com que se entendam mais do que com qualquer outra pessoa de fora. Assim, conforme os anos vão passando, resistem cada vez menos à presença do outro em sua vida novamente.

Em cena, apenas um grande sofá ocupa o palco. Não há trocas de roupa ou cenário. Dispensando artifícios, os dois atores constroem o envelhecimento de seus personagens se valendo basicamente do seu trabalho de interpretação. “O envelhecimento dos 60 aos 90 anos sem utilizarmos maquiagem, troca de figurino e sem saírmos de cena, essa passagem do tempo à vista do público, com mudança física e vocal, é o que mais fascina o espectador”, conta Marcos Caruso.


Ficha técnica
Espetáculo "Intimidade Indecente"
Texto: Leilah Assumpção
Direção: Guilherme Leme Garcia
Elenco: Eliane Giardini e Marcos Caruso
Direção de movimento: Toni Rodrigues
Cenografia: Aurora dos Campos
Luz: Tomás Ribas
Direção Musical: Aline Meyer
Fotos: Eduardo Chamon e Ricardo Brajterman
Vídeos: Eduardo Chamon
Mídias sociais: Agencia Toloá
Produção: Plano 6 e Bem Legal Produções
Assessoria de imprensa: JSPontes Comunicação - João Pontes e Stella Stephany


Serviço
Espetáculo "Intimidade Indecente"
Reestreia: sexta-feira, 11 de julho, às 21h00
Teatro Renaissance – Al. Santos, 2233, Jardim Paulista / São Paulo - Telefone: (11) 3069-2286 Horários: sextas-feiras, às 21h00. Sábados, às 19h00. Domingos, às 17h00. Ingressos: R$ 160,00 e R$ 80,00 (meia-entrada).
Ingressos: https://www.sampaingressos.com.br/intimidade+indecente+teatro+renaissance?search=intimidade+indecente ou na bilheteria do teatro. Gênero: comédia romântica. Duração: 90 minutos. Capacidade: 448 espectadores. Classificação indicativa: 14 anos. Temporada: até 28 de setembro.

.: "Ânima", com Beth Zalcman, é o novo texto da filósofa Lúcia Helena Galvão


Após o sucesso de "Helena Blavatsky, A Voz do Silêncio", o espetáculo "Ânima", com o novo texto da filósofa Lúcia Helena Galvão, é prorrogado até 21 junho no Teatro B32. Foto: Flavia Canavarra


“Desde sempre e para sempre toda mulher tem parentesco com a primeira estrela brilhante que levou luz ao azul profundo do céu”. Esta citação da filósofa Delia Steinberg Guzmán inspirou a autora Lúcia Helena Galvão, em sua terceira obra para teatro: "Ânima". A peça foi especialmente criada para a atriz Beth Zalcman, retomando a parceria de sucesso iniciada com "Helena Blavatsky, A Voz do Silêncio", visto por cerca de 70 mil pessoas e que rendeu a Beth Zalcman o Prêmio Cenym de Melhor Atriz em 2023. Luiz Antônio Rocha, que assina a encenação de "Helena Blavatsky", repete a parceria com a autora e a atriz.

O texto traz o desafio de reunir seis mulheres místicas, pensadoras, idealistas e heroínas como Joana Darc, Simone Weil, Helena Blavatsky, Harriet Tubman, Marguerrit Porret e Hipatia de Alexandria. Para unir as personagens uma tecelã ocupa o palco tecendo histórias que deixaram uma marca indelével no curso da humanidade. A ancestralidade da fala se contrapõe ao presente e ao futuro representado pelo uso da tecnologia, inovando com a relação entre a atriz e drone em cena.

A sinergia entre texto, encenação e atuação converge de maneira magistral, proporcionando ao público uma experiência que transcende o ordinário e o transporta para um instante verdadeiramente inesquecível.“Quando Lúcia me entregou o texto 'Ânima', ela me disse: 'nele estão seis mulheres que marcaram a minha vida'. Fiquei curiosa, emocionada, ansiosa, e na primeira leitura compreendi que eu viveria uma experiência profunda e bela. Mulheres distintas vindas de tempos e espaços distantes, mas conectadas pelo desejo de fazer a vida valer a pena para todos.  Para descobri-las tive que mais uma vez mergulhar no meu silêncio, como aprendi com Blavatsky”, diz a atriz Beth Zalcman.

"A coragem e a resistência à adversidade são características inerentes a muitas mulheres, especialmente quando o amor e a compaixão estão em jogo”, afirma a autora Lucia Helena Galvão. “Este é um belo 'arsenal' de habilidades femininas. Embora não pretendamos esgotar todo o potencial feminino com essa breve reflexão, queremos destacar o poder transformador que as mulheres trazem consigo. Elas preenchem muitos dos 'vazios' que tanto afligem a humanidade, e é fundamental reconhecer e valorizar suas contribuições”, completa.

A primeira personagem é a corajosa e autêntica filósofa francesa Simone Weil, séc. XIX, dotada de uma capacidade ímpar de ver simbolicamente a vida e aprofundar-se em seus segredos mais íntimos. Segue com a inesquecível heroína e Joana D’Arc, séc. XIV, condenada à fogueira pela igreja católica e canonizada pela mesma igreja. “Em comum entre nós somente essas estreitas cordas tão visíveis em mim, lacerando-me a pele, e as que trazeis dentro de vós sutis ocultas, mas que vos laceram a alma com muito maior intensidade”.

A peça segue com a escritora Helena Blavatsky, séc XIX, que influenciou grandes pensadores do século XX, admirada e criticada por sua irreverência e determinação. Ela traz ao mundo a sabedoria antiga e atemporal; também entra em cena a brilhante Harriet Tubman, sec XVIII, mulher escravizada foragida que libertou muitos outros companheiros da escravidão, se tornou símbolo da luta contra o trabalho escravo nos EUA. Ficamos de frente com Marguerite Poret, a grande pensadora e mística do séc. XIII, que nos legou a reconhecida obra “Espelho das Almas Simples...”, que lhe rendeu uma condenação à morte na fogueira: “... compreenda aquele que me ouve que eu já não sou a mística que honra o bem, eu sou o próprio bem...e levo para a fogueira as minhas convicções...pois compreendo profundamente que amar é servir...”.

Ao final dessa jornada, encontramos, no séc. IV, Hipátia de Alexandria, uma incansável investigadora, que foi vítima do fanatismo de seu tempo, conhecida como a primeira matemática documentada na história. "Ânima" é uma peça que fala da alma feminina. Beth é uma atriz extraordinária que mergulha e responde às propostas com muita rapidez. O texto da Lúcia vem imbuído de provocações e possibilidades. Me sinto um diretor de alma feminina, trabalhando com duas supermulheres, festejando minha terceira parceria com Beth e Lúcia”, completa o diretor.

Após três temporadas de sucesso no Rio de Janeiro, apresentação em Goiás e uma temporada em Belo Horizonte, todas em 2024, ÂNIMA estreia a temporada 2025 em São Paulo, no dia 12 de abril, sábado, no Teatro B32. ÂNIMA é uma criação que ilumina o palco com reflexões profundas e ressonâncias emocionais. 

Ficha técnica
Espetáculo "Ânima"
Argumento e texto original: Lúcia Helena Galvão
Interpretação: Beth Zalcman
Encenação: Luiz Antônio Rocha
Projeto de luz: Ricardo Fujii
Figurino: Thanara Shornadie
Cenário: Luiz Antônio Rocha e Toninho Lobo
Trilha sonora: Beth Zalcman e Luiz Antônio Rocha
Sonoplastia: Anderson de Almeida / TAKE
Preparação corporal: Miriam Weitzman
Visagismo: Neandro
Assessoria de Imprensa: Flavia Fusco Comunicação
Gestão redes sociais: CulturaLab, do grupo Top Na Mídia
Gestão e elaboração leis de incentivo: Lilian maia
Direção de produção: Luiz Antônio Rocha
Realização: Espaço Cênico, Mímica em Trânsito e Teatro em Conserva

Serviço 
Espetáculo "Ânima"
Argumento e texto original: Lúcia Helena Galvão
Interpretação: Beth Zalcman
Encenação: Luiz Antônio Rocha
Duração: 75 minutos.
Classificação: 12 anos
Temporada: de 12 de abril a 21 de junho, sexta e sábados, às 20h, e domingos, às 18h.
Ingressos: entre R$ 50,00 e R$ 170,00
Vendas antecipadas: https://teatrob32.byinti.com/
Bilheteria:  segunda a sexta, das 14h às 18h, e 1 hora antes de cada evento
Teatro B32 | 490 lugares
Endereço: Av. Brig. Faria Lima, 3732. Itaim Bibi, São Paulo
Acessibilidade: sim

.:Sucesso, "Aluga-se Um Namorado" faz temporada no teatro paulistano


O espetáculo é uma nova montagem da peça que estreou em 1992, com o próprio Eri Johnson no elenco. Entre 2004 e 2008, a comédia percorreu o Brasil com temporadas de sucesso. Foto: divulgação


Sucesso de público nas décadas de 1990 e 2000, com sessões lotadas em diversas cidades brasileiras, a comédia "Aluga-se Um Namorado", escrita originalmente pelo inglês James Scherman e adaptada por Gustavo Klein, chega ao Teatro Multiplan MorumbiShopping para temporada a partir de 13 de junho, sexta-feira, às 20h00. A direção é de Eri Johnson, que também integra o elenco ao lado de Ju Knust, Myrian Rios, Raymundo de Souza, João Lima Junior e Marcondes Oliveira.

"Aluga-se Um Namorado" é uma comédia que explora com humor e leveza as relações familiares, estabelecendo uma forte conexão entre o público e o personagem interpretado por Eri Johnson. Para o ator, a peça é uma de suas preferidas. O espetáculo aborda os vínculos familiares de forma divertida e respeitosa, destacando a importância da convivência e da valorização da família.

Há 33 anos em circulação pelos palcos brasileiros, "Aluga-se Um Namorado" já foi assistida por mais de 3,5 milhões de espectadores. A estreia aconteceu em 1992, no Teatro Princesa Isabel, no Rio de Janeiro. Desde então, Eri Johnson permanece no elenco, dando vida ao mesmo personagem em uma das montagens mais longevas do teatro nacional com o mesmo ator protagonista.

O espetáculo conta a história de Alex Schneider (Eri Johnson), um ator bem-humorado contratado por Sara (Ju Knust) para interpretar o papel de seu namorado, judeu e médico, diante de sua família, que segue rigorosamente as tradições judaicas. A farsa é armada porque, na verdade, o verdadeiro namorado de Sara não é judeu. A partir daí, desenrola-se uma comédia marcada por mal-entendidos e situações inesperadas. Será que os pais de Sara (Myrian Rios e Raymundo de Souza) e seu irmão Joel (João Lima Junior), um psicanalista atento, vão descobrir a verdade? E o verdadeiro namorado (Marcondes Oliveira), será revelado? Sara acabará se apaixonando pelo ator? O enredo gira em torno dessas perguntas, com doses de humor e reviravoltas.

Segundo Eri Johnson, "Aluga-se Um Namorado" é sua comédia predileta entre todas as que já atuou. “Além de provocar muitas risadas, a peça leva o público a refletir sobre um valor fundamental do ser humano: a família”, afirma o ator. “É uma comédia muito querida pelo público. É comum encontrarmos na plateia pessoas que já assistiram mais de uma vez.”


Ficha técnica
Espetáculo "Aluga-se Um Namorado"
Texto: James Scherman
Adaptação: Gustavo Klein
Direção: Eri Johnson
Assistente de direção: Thati Manzan
Elenco: Eri Johnson, Ju Knust, Myrian Rios, Raymundo de Souza, João Lima Junior e Marcondes Oliveira
Produção executiva: Thati Manzan
Realização: Chaim Produções e Eri Johnson Associados
Assessoria de imprensa: Angelina Colicchio e Diogo Locci - Pevi 56 


Serviço
Espetáculo "Aluga-se Um Namorado"
De 13 de junho a 9 de novembro de 2025 | Sextas, às 20h; sábados, às 18h e 20h; e domingos, às 17h30 e 19h30.
Local: Teatro Multiplan MorumbiShopping
Endereço: Avenida Roque Petroni Júnior, 1089 Piso G2 do MorumbiShopping - Jardim das Acacias, São Paulo - SP, 04707-900
Ingressos:  R$ 160,00 / R$ 80,00 (setor 1) | R$ 120,00 / R$ 60,00 (setor 2)
Vendas: Sympla
Duração: 90 minutos
Classificação indicativa: 12 anos

domingo, 1 de junho de 2025

.: Mulheres brasileiras inspiram a peça infantil “Conta a Minha História?”


Com estreia no dia 4 de junho na zona sul de São Paulo, espetáculo aborda ancestralidade por meio de fábulas inspiradas na trajetória de grandes artistas do país


Inspirar novas possibilidades de existência, recriar imaginários, plantar sementes para o futuro. Baseado na trajetória de oito notáveis mulheres brasileiras nas artes, o espetáculo para crianças “Conta a Minha História?” estreia na quarta-feira, dia 4 de junho, no Centro Cultural Grajaú, na zona sul de São Paulo, e fará apresentações em escolas públicas e centros culturais até o final de julho deste ano.

As histórias de Elza Soares, Ruth de Souza, Fernanda Montenegro, Ingrid Silva, Carolina Maria de Jesus, Tarsila do Amaral, Cora Coralina e Rita Lee permeiam fábulas encenadas e cantadas ao vivo pelas multiartistas Jhonnã Báo, Lê Nor e Mel Duarte. “A ideia do espetáculo é trazer o tema da ancestralidade enquanto uma voz que não se cala, justamente porque é ouvida", explica a diretora e poeta Luz Ribeiro, vencedora de diversas competições de slams.

Encenado para crianças e jovens, “Conta a Minha História?” pretende fomentar nesse público um olhar mais atento a temas como igualdade de gênero, inclusão, empatia, e, principalmente, encorajar a autonomia e a autoconfiança para que essas meninas e meninos acreditem em seus sonhos. “Nós lembramos que essas mulheres que cantam, dançam, pintam, atuam são nomes que ajudam a construir a estrutura do país, independentemente da cor, de suas idades, do território em que nasceram. Elas são vozes-sementes que frutificam gerações", fala Luz Ribeiro. “É importante trazer para o imaginário da menina preta periférica que é possível ser uma bailarina como a Ingrid Silva, hoje um grande nome da dança mundial", completa a diretora.

Oito canções compostas por ela e pelo diretor musical Felipe Parra norteiam o espetáculo e tornam a experiência da plateia envolvente e divertida. “A gente consegue dizer com a música coisas que nem sempre conseguimos com palavras. Mesmo que nem todas essas mulheres sejam cantoras, a própria história delas inspira essa musicalidade", afirma Parra. Após a estreia no Centro Cultural Grajaú , “Conta a Minha História?” ainda irá passar pelos centros culturais Tiradentes (5 de julho) e Olido (12 de julho) e pelo Museu Catavento (27 de julho), sempre com apresentações gratuitas.


Ficha técnica
Espetáculo “Conta a Minha História?”
Direção e dramaturgia: Luz Ribeiro
Direção musical: Felipe Parra
Elenco: Jhonña Báo, Lê Nor, Mel Duarte
Produção executiva: Camila De Castro
Coordenação de produção: Arlete Cardoso e Ive Caceres
Patrocínio: Grupo GPS
Realização: Nós, Arte Cultura (@nosartecultura)
Assessoria de imprensa: Katia Calsavara
Apoio: Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa de São Paulo, por meio do Programa Municipal de Apoio a Projetos Culturais (PROMAC).

Serviço (apresentações gratuitas):
Espetáculo “Conta a Minha História?”

4 de junho
14h00 - Centro Cultural Grajaú - sessão com audiodescrição e LIBRAS
R. Prof. Oscar Barreto Filho, 252

5 de julho
14h00 - Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes - sessão com audiodescrição e LIBRAS
R. Inácio Monteiro, 6900 

12 de julho
15h00- Centro Cultural Olido - sessão com audiodescrição e LIBRAS
Av. São João, 473 

27 de julho
14h00- Museu Catavento -  sessão com audiodescrição e LIBRAS
15h00- Museu Catavento
Avenida Mercúrio, Parque Dom Pedro II, s/n.°

sexta-feira, 30 de maio de 2025

.: “Essa injustiça tem que ser reparada!”: Anna Toledo e a revolução do palco


Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. Foto: Ale Catan.

Anna Toledo é muito mais do que a dramaturga por trás do espetáculo “Cenas da Menopausa” - ela é uma artista multifacetada, cujo talento transborda dos palcos para as letras e das canções para as emoções humanas. Com uma carreira que atravessa três décadas, ela construiu uma trajetória rara, que une a força do teatro, a delicadeza da música e o olhar sensível sobre temas muitas vezes negligenciados, como a maturidade feminina. Com únicas apresentações em Curitiba, nos dias 6, 7 e 8 de junho no Teatro Guaíra, “Cenas da Menopausa” segue para São Paulo, onde fica em cartaz de 12 de junho a 17 de agosto no Teatro Claro.

Nascida em Curitiba, Anna já brilhou como atriz, cantora lírica, compositora e como autora que tem o dom de transformar experiências pessoais e sociais em narrativas que comovem. O trabalho dela é marcado por um compromisso honesto e humor inteligente, capaz de confrontar tabus sem perder a leveza.

“A menopausa - essa fase tão pouco falada - não é um fim, mas um renascimento”, costuma dizer Anna, cuja parceria com Claudia Raia, com quem já trabalhou no musical sobre Tarsila do Amaral, já rendeu peças que desafiam estigmas e celebram a vida. Em “Cenas da Menopausa”, ela não apenas escreve. Também convida o público a rir, refletir e, acima de tudo, a se reconhecer. Anna Toledo é uma voz essencial do teatro contemporâneo brasileiro, que utiliza sua arte para abrir diálogos necessários e provocar transformações reais, dentro e fora dos palcos.


Resenhando.com - Anna, se a menopausa fosse uma personagem de teatro, que arquétipo ela representaria?
Anna Toledo -
Até hoje, a menopausa foi representada no nosso imaginário pela figura das bruxas e madrastas, mulheres amarguradas pela perda da juventude, que descontam sua frustração em jovens princesas ou pobres filhotinhos de dálmatas (risos) - ou então por aquela figura da mulher surtada se abanando freneticamente. Só que na vida real, quando a menopausa acontece, a gente se sente o próprio cachorrinho perdido e indefeso, sem saber o que está acontecendo! Essa injustiça tem que ser reparada! (Risos)


Resenhando.com - Como você, enquanto autora de "Cenas da Menopausa", percebeu que o humor poderia ser uma arma poderosa contra o estigma social?
Anna Toledo - 
A menopausa pode ser um momento muito solitário. Por sentir vergonha e confusão sobre os sintomas, muitas mulheres afastam as pessoas próximas de si. Mas quando essas dores são compartilhadas, elas se tornam mais leves e podem, inclusive, virar algo para rir junto. É aquilo que o Suassuna já dizia: “o que é ruim de viver é bom de contar”.


Resenhando.com - Você já pensou em transformar as fases do luto, que estruturam a peça, em uma trilha sonora original? Como cada fase poderia soar, se pensássemos nessas fases como estações do ano?
Anna Toledo - Gente, que viagem (risos). Taí uma boa ideia para um spin-off da peça!


Resenhando.com - Seu trabalho transita entre a dramaturgia e a música. Como a sua formação em canto lírico e jazz influencia a forma como você constrói os diálogos e o ritmo das suas peças?
Anna Toledo - 
É uma pergunta interessante. A minha trajetória deu muitas voltas, né? Acredito que a maior influência dessa formação musical na minha dramaturgia se aplica à escrita para musicais, porque eu penso a música sempre como parte da narrativa. Mas o jazz treina a escuta, o que talvez seja bom para a vida, de modo geral.


Resenhando.com - Em uma sociedade que ainda silencia temas como a menopausa, qual você acredita ser o impacto de expor esse tema no palco em termos de transformação social e pessoal?
Anna Toledo - 
Na temporada da peça em Portugal, eu pude ver que as mulheres iam assistir com as amigas e depois voltavam com os maridos. Um destes maridos falou comigo, depois da peça: “agora eu entendi que não era nada pessoal!” A peça tem essa ambição de abrir uma gaveta de assuntos guardados e arejar a comunicação, além de compartilhar informações sobre sintomas que muitas vezes são confundidos com outras doenças, como depressão e ansiedade.


Resenhando.com - Se "Cenas da Menopausa" fosse adaptada para uma linguagem não-verbal, como dança ou pantomima, quais elementos essenciais da experiência feminina você tentaria preservar? Por quê?
Anna Toledo - 
No ano passado tive a oportunidade de roteirizar um espetáculo de teatro-dança (ou dança-teatro) sobre a idade na dança, chamado "A Última das Bailarinas". Eram três bailarinas de diferentes idades dançando a mesma música. Era muito bonito, porque a gente falava de qualidade de movimento como uma metáfora para a qualidade da experiência de vida, em todas as idades. E esta busca pela qualidade da experiência também é o que emerge no "Cenas da Menopausa".


Resenhando.com - Você se vê, como autora, mais como uma cronista do tempo e das transformações sociais, ou como uma provocadora que desafia tabus com sua arte?
Anna Toledo - 
Eu bem que queria ser uma provocadora que desafia tabus, mas minha maior habilidade é enxergar as histórias que surgem na minha frente e imaginar um jeito legal de contá-las.

Resenhando.com - Qual personagem de "Cenas da Menopausa" mais a surpreendeu durante a criação? 
Anna Toledo - 
A Laurinha foi a primeira personagem que escrevi. Ela é uma mulher que está em negação absoluta em relação à menopausa e tudo que envolve o seu próprio envelhecimento e isso pode ser muito engraçado quando você vê de fora. No processo de criação, a personagem foi se revelando e me dando munição para escrever uma cena hilária, que virou uma das minhas favoritas na peça.


Resenhando.com - Na sua trajetória, qual foi o papel mais desafiador que você já interpretou - no palco ou como dramaturga - e como ele dialoga com a maturidade que a menopausa simboliza?
Anna Toledo - 
Tive alguns papéis muito especiais, que guardo com carinho imenso e saudade. A Fraulein Schneider, de "Cabaret", ou a Luzita, de "Vingança", a Mãe de "Lembro Todo Dia de Você", a cantora Alice Rae em "Chet Baker, Apenas Um Sopro"… Mas não sei dizer qual foi o mais desafiador, porque cada um trouxe um desafio diferente. Todas são mulheres maduras, complexas, interessantes, com um lado sombrio tão grande quanto a sua luz. Fui muito feliz vivendo estas personagens.


Se você pudesse escrever um espetáculo sobre um tema inesperado que ainda não explorou, mas sente que tem uma urgência pessoal, qual seria?
Anna Toledo - 
Tenho muita vontade de falar sobre o tempo e as múltiplas percepções a seu respeito. Se o Tempo me permitir, o farei.

quarta-feira, 28 de maio de 2025

.: "Closer" mostra os impasses do amor moderno no Teatro Vivo


Dirigido por Kiko Rieser, espetáculo estreia em 15 de junho com José Loreto, Larissa Ferrara, Marjorie Gerardi e Rafael Lozano. Foto: Heloísa Bortz

Longe dos clichês das comédias românticas, o espetáculo "Closer" mergulha na complexidade dos relacionamentos contemporâneos com um olhar nu e direto. A peça, escrita por Patrick Marber, oferece um retrato honesto e intenso sobre amor, traição, desejo, ciúmes e a fragilidade dos laços humanos. A montagem brasileira, com direção de Kiko Rieser, estreia no Teatro Vivo no dia 15 de junho, e segue em temporada até 27 de julho, com sessões às quintas, sextas e sábados, às 20h00, e domingos, às 18h00. A estreia para convidados no dia 14 de junho. O elenco reúne José Loreto, Larissa Ferrara, Marjorie Gerardi e Rafael Lozano em uma coreografia emocional entre quatro personagens cujas relações são marcadas por encontros e desencontros, jogos de poder, manipulação e busca por afeto. 

Na trama, Dan, um escritor iniciante, conhece Alice, uma jovem misteriosa, após um atr. A conexão entre os dois é imediata. Ao longo dos anos, seus caminhos se cruzam com os de Anna, uma fotógrafa de sucesso, e Larry, um dermatologista. O quarteto se envolve em uma rede de desejos, traições, mentiras e jogos emocionais. Em uma narrativa cheia de reviravoltas, Closer revela as contradições do amor e os limites da intimidade.

A peça deu origem ao premiado filme homônimo lançado em 2004, dirigido por Mike Nichols e estrelado por Julia Roberts, Natalie Portman, Jude Law e Clive Owen. A adaptação cinematográfica ampliou o alcance da obra e rendeu indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro, consolidando Closer como um dos retratos mais contundentes sobre amor, desejo e desilusão no início do século 21. 

Para o diretor Kiko Rieser, a peça soa ainda mais atual agora do que quando foi escrita, mais de duas décadas atrás. “Hoje vivemos o imediatismo dos meios de comunicação. Tudo é para ontem, e isso se reflete diretamente nas relações amorosas. As pessoas não querem mais pensar a longo prazo, e o resultado é que as relações duram menos e raramente são trabalhadas com profundidade. Closer mostra o momento em que a paixão dá lugar ao companheirismo e à carência — e como isso acaba revelando jogos de dominação, projeções e vaidades.”

A encenação aposta em uma estética contemporânea e simbólica. O cenário, assinado por Bruno Anselmo, é um ambiente abstrato, de inspiração brutalista, com volumes e estruturas que se transformam ao longo do espetáculo. São espaços que se revelam à medida que as personagens se encontram, formando quase um labirinto que, visualmente, traduz a complexidade das relações ali estabelecidas. “São 12 ambientes diferentes representados em cena, e usamos câmeras ao vivo mescladas com projeções pré-gravadas. Isso cria uma camada entre o real e o ficcional, entre o que os personagens mostram e o que escondem — um jogo de voyeurismo e exibicionismo que conversa com os próprios temas da peça”, comenta Kiko.

A direção também exigiu intensa entrega do elenco, já que Closer coloca seus personagens em situações extremas. “É um vespeiro mexer com esse texto, ainda mais para quem está em uma relação estável. É quase um processo terapêutico. A gente entende os personagens a partir da gente — e se entende também a partir deles”, completa o diretor. 

“O que eu faria no lugar deles?” — é essa a inquietação que Kiko gostaria que o público levasse para casa. “A peça começa como um jogo de amor e se transforma num grande ringue de boxe. Os personagens vão abrindo mão da ética para tentar vencer. E é aí que está o incômodo, a identificação, a reflexão.” A solidão, a liquidez das relações e os vínculos frágeis da era contemporânea compõem o pano de fundo dessa obra que provoca o espectador a questionar até que ponto conseguimos ser honestos — com os outros e com nós mesmos.

Ficha técnica
Espetáculo: "Closer". Texto: Patrick Marber.  Tradução: Rachel Ripani.  Direção: Kiko Rieser.  Elenco: José Loreto, Larissa Ferrara, Marjorie Gerardi, Rafael Lozano.  Cenário: Bruno Anselmo.  Videomapping: André Grynwask e Pri Argoud (Um Cafofo). Música original: Mau Machado.  Desenho de luz: Gabriele Souza. Visagismo: Eliseu Cabral.  Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Direção de produção: Edinho Rodrigues.


Serviço
Espetáculo "Closer"
Estreia dia 13 de junho, quinta, às 20h, no Teatro Vivo.
Temporada: De 15 de junho a 27 de julho.
Quintas, sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 18h.
Duração: 100 minutos. Classificação: 16 anos.
Ingressos: Quintas e sextas: R$100 e R$50 Sábados e domingos: R$120 e R$60.
Promocional: R$45 - Preço Popular conforme determinação da Lei Rouanet, havendo um limite de ingressos por sessão.
Teatro Vivo - Avenida Doutor Chucri Zaidan, 2460 – Morumbi. Telefone: 11 3430-1524.
Bilheteria: funcionamento somente nos dias de peça, 2h antes da apresentação.
Ponto de Venda Sem Taxa de Conveniência: Av. Dr. Chucri Zaidan, 2460 (antigo 860) – Morumbi
Estacionamento no local: Valor R$30 - Funcionamento: 2h antes da sessão até 30 minutos após o término da apresentação.

domingo, 25 de maio de 2025

.: Sucesso de "Raul Seixas - O Musical" prorroga temporada em São Paulo


Sucesso de público e crítica no Rio de Janeiro, musical estreou em 10 de abril e vem encantando o público. Foto: Dalton Valério


Raul Seixas completaria 80 anos em 28 de junho próximo, e homenageando o cantor, o original musical com dramaturgia e direção de Leonardo da Selva e Bruce Gomlevsky como protagonista prorroga temporada até dia 29 de junho. Raul Seixas, o pai do rock nacional, foi um artista que transcendeu sua época, desafiou normas sociais e culturais e cravou sua marca na história com composições inesquecíveis. Trinta e cinco anos após sua morte, sua obra segue atual e inspiradora, provando que sua filosofia e suas músicas resistem ao tempo e continuam a ecoar em diferentes gerações. A metamorfose ambulante que marcou para sempre a música brasileira está de volta ao palco do Teatro-D-Jaraguá com o espetáaculo "Raul Seixas - O Musical"

O musical arrebatou mais de 15 mil espectadores em temporadas no Rio de Janeiro, e desde que estreou em 10 de abril no Teatro-D-Jaraguá vem lotando as sessões. Com absoluta fidelidade ao artista, a peça é estrelada por Bruce Gomlevsky. Como destacou Claudia Chaves, do jornal Correio da Manhã, o musical é "de absoluta fidelidade à alma do músico".

Com um roteiro baseado em manuscritos originais do cantor, cedidos pela família, a dramaturgia assinada por Leonardo da Selva traz um olhar único e pessoal sobre a vida e a obra do gênio do rock brasileiro. Como definiu Pedro Bial, "um espetáculo que nos deixa inspirados para encarar o Brasil."


Sinopse de "Raul Seixas - O Musical"
"Raul Seixas - O Musical" mergulha na essência de um dos artistas mais autênticos da nossa música, e se desenrola durante uma noite insone, onde Raul revisita sua história, compõe, reflete sobre sua arte e questiona os rumos do Brasil. Num tom confessional e emocionalmente intenso, o espectador é conduzido pelos bastidores da mente inquieta de Raul, sobre a liberdade, a arte e a sociedade por meio de 21 canções, como os clássicos "Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás", "Maluco Beleza", "Tente Outra Vez" e "Gita".

Em um contexto social ainda marcado por polarizações, o espetáculo resgata a essência da "Sociedade Alternativa" de Raul Seixas, onde liberdade e autenticidade são valores fundamentais. Para os mais jovens, é uma oportunidade de conhecer um ícone que continua extremamente atual. Para aqueles que viveram a época de Raul, é um reencontro emocionante com um legado que segue pulsante. Mais do que uma homenagem, o musical é um convite à reflexão e um manifesto sobre a força transformadora da arte. Afinal, como Raul nos ensinou, a verdadeira revolução começa dentro de cada um de nós.


Ficha técnica
"Raul Seixas - O Musical" | 
Com Bruce Gomlevsky | Direção, Dramaturgia e Produção Leonardo da Selva | Direção Musical Gabriel Gabriel | Assistência de direção Tassia Leite | Cenário Nello Marrese | Figurino Maria Calou | Iluminação Gabriel Prieto | Realização Teatro-D-Jaraguá


Serviço
"Raul Seixas - O Musical"
De 30 de maio a 29 de junho de 2025 | Sextas e Sábados, às 20h00, e domingos, às 19h00
Duração: 90 minutos | Gênero: musical | Classificação Indicativa: 12anos
Local: Teatro-D-Jaraguá Rua Martins Fontes, 71, Centro Histórico (metrô Anhangabaú)
Fone: 11-2802-7075 @teatrodjaragua | Capacidade: 260 lugares | Bilheteria: quinta a domingo a partir das 17h ou diretamente no link Sympla: https://bileto.sympla.com.br/event/103689 | Ingressos: sextas e domingos R$ 100,00 (inteira) e R$ 50,00 (meia), sábados R$ 150,00 (inteira) e R$ 75,00 (meia) | Estacionamento: ESTAPAR na entrada principal do hotel com valor reduzido ao teatro de R$ 20,00 (vinte   reais) por até 4h (quatro horas), valorizando a experiência do Bar do Clóvis+teatro+restaurante do hotel nacional inn jaraguá

sábado, 24 de maio de 2025

.: “O Amor que Sinto”, com direção de Elias Andreato, volta em sessão única


Peça inspirada em cartas de amor reais dos anos 1990 traz o ator Mário Goes de volta ao papel. Foto>: divulgação


Após temporada de estreia em 2023, o monólogo “O Amor que Sinto” retorna para uma apresentação única no dia 29 de maio de 2025, às 20h, no Teatro D-Jaraguá, em São Paulo. Protagonizado pelo premiado ator Mário Goes e dirigido por Elias Andreato, o espetáculo oferece uma delicada e intensa viagem pelo tempo e pelas emoções do amor.

Baseado em cartas de amor reais, escritas ao longo de cinco anos nos anos 1990 e jamais entregues ao destinatário, o texto do autor Egbert Mesquita foi adaptado para monólogo a partir de uma versão inicial para três atores. Em cena, o homem confronta seu passado e presente, dialogando com a pessoa amada que ora se manifesta, ora se ausenta - um verdadeiro “respiro” para o amor sentido.

“Tudo é eterno enquanto dura, e nós permanecemos sempre sonhando. A vida gira em torno do amor e isto basta”, afirma o diretor Elias Andreato, ressaltando a profundidade e a urgência do tema. A ideia de montar a peça nasceu durante a pandemia, quando Mário Goes se apresentava em sua varanda para os vizinhos no projeto “Arte na Varanda”. A experiência inspirou a adaptação do texto para um monólogo, revelando uma obra sensível e universal. “Eu gosto de falar de amor! Além de universal, é urgente e base para qualquer outra luta”, comenta Mário Goes.


Ficha técnica
Espetáculo "O Amor que Sinto"
Texto: Egbert Mesquita
Elenco: Mário Góes
Direção: Elias Andreato
Desenho de luz: Kleber Montanheiro
Figurinos: Rosângela Ribeiro
Trilha sonora: Rafael Thomazini
Direção: Palco Agnes Bordin
Produção: Cia Paradóxos E Neila Camargo
Realização: Teatro-D-Jaraguá


Serviço
Espetáculo "O Amor que Sinto"
Dia 29 de maio de 2025, quinta-feira, às 20h
Duração: 60 minutos | Classificação Indicativa: 12anos
Local: Teatro D-Jaraguá – Rua Martins Fontes, 71, Centro Histórico, São Paulo (Metrô Anhangabaú)
Capacidade: 260 lugares
Fone: 11-2802-7075 @teatrodjaragua
Bilheteria: quinta a domingo a partir das 15h ou diretamente no link SYMPLA: https://bileto.sympla.com.br/event/106341
Ingressos: R$ 100 (inteira) / R$ 50 (meia)
Estacionamento: Estapar na entrada principal do hotel, com preço especial para o teatro — R$ 20 por até 4 horas, valorizando a experiência teatro + restaurantes do hotel.

.: Os impasses das migrações expostos na peça "eXílio", do Coletivo Comum


Trabalho documental, com direção de Fernando Kinas, faz temporadas no Teatro de Paulo Eiró e no Galpão do Folias. O espetáculo tem canções em vários idiomas, incluindo purepecha e tamazight, línguas do atual México e do norte da África, respectivamente, além de músicas brasileiras. Foto: Fernando Reis

Para o Coletivo Comum, os deslocamentos forçados de pessoas por conta de guerras, violações de direitos humanos, condições climáticas e perseguições de qualquer tipo são um dos principais temas da atualidade, envolvendo questões individuais e coletivas, políticas e subjetivas. O grupo decidiu, então, fazer desses deslocamentos o seu material de pesquisa para construir o espetáculo "eXílio", que fica em temporada no Teatro Paulo Eiró entre 30 de maio a 15 de junho de 2025, com sessões de quinta a sábado, às 20h30, e, aos domingos, às 18h.

Na sequência, a peça segue para o Galpão do Folias, entre 19 e 30 de junho, com apresentações de quinta a sábado, às 20h30, domingos, às 18h e, segunda-feira, dia 30 de junho, às 20h30. Mantendo a tradição de fazer teatro documental, o Coletivo Comum estruturou 30 cenas para dar conta da multiplicidade de abordagens referentes ao tema do exílio. São quadros independentes, nos quais o elenco formado por Fernanda Azevedo, Maria Carolina Dressler, Ícaro Rodrigues, Renata Soul e Roberto Moura narra diferentes dimensões que envolvem migração, refúgio e exílio. 

"Optamos por deixar o 'X' em caixa alta no nome do espetáculo para reforçar o tema da encruzilhada, do conflito e das oposições", afirma o diretor Fernando Kinas, acrescentando a relevância dos debates diante dos conflitos na Palestina e na Ucrânia, e da posse de Trump nos Estados Unidos. Assim, a obra "eXílio" é mais um capítulo na ampla investigação do grupo sobre os desafios civilizacionais contemporâneos.

Ao se debruçar sobre a temática das migrações, a companhia decidiu ampliar a discussão, incluindo exílios dentro do próprio país, descrito pelo crítico literário Antonio Candido como o sentimento que algumas pessoas têm de não se sentirem representadas pelo seu país ou regime político, como no caso das ditaduras militares.  Outro tema abordado é o exílio interno, já destacado por Ovídio no primeiro século da era cristã.

"Estamos discutindo também o sentimento de não pertencimento a uma comunidade, mesmo dentro da sua própria cidade ou país. Há pessoas que se sentem exiladas de seu próprio corpo. Neste sentido procuramos fazer uma discussão ampla, incluindo questões que envolvem, por exemplo, a população LGBTQIAP+, que sofre todo o tipo de preconceito e violências", completa Kinas. 


Sobre a encenação
Para a construção da dramaturgia, foram utilizados muitos materiais, como o livro "Conversas de Refugiados", escrito por Bertolt Brecht durante seu exílio na Finlândia e nos Estados Unidos nos anos 1940 por conta do nazismo. O livro foi traduzido e comentado por Tercio Redondo, professor da USP que participa como consultor do projeto. Também são utilizadas notícias veiculadas na imprensa, cartas de migrantes, documentos de órgãos oficiais, entre outros materiais. 

De acordo com o ACNUR (Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), atualmente, mais de 110 milhões de pessoas estão vivendo, de forma não voluntária, fora dos seus locais de origem. Nesse contexto, elas estão sujeitas a violências anti-imigração, como estupro, discriminação e humilhação. 

E, em meio a tantas informações, o grupo se inspirou em algumas personagens reais para criar as cenas, como o imigrante congolês Moïse Kabagambe, espancado e morto do Rio de Janeiro após cobrar duas diárias de trabalho atrasadas; a militante brasileira Dorinha, exilada durante a ditadura militar no Brasil que acabou tirando sua própria vida no exílio; e o crítico literário palestino Edward Said, que aborda o conceito de orientalismo como criação do ocidente. 

O trabalho busca o compartilhamento entre atores, atrizes e público. Por isso, o coletivo apostou em um dispositivo cênico circular, apoiado pelo uso de barreiras, evocando campos de refugiados e de deportação. "Estamos chamando nosso espaço cênico de campo, já que essa expressão está intimamente ligada ao refúgio. Campo de averiguação, de concentração, de triagem... No nosso caso, é também um campo de batalha, em que a memória e a resistência também estão presentes. E, de certa forma, quando o elenco está mais perto do público, ele está exilado da cena", conta Beatriz Calló, que assina a assistência de direção e colaborou no roteiro ao lado de Fernando e do grupo. 

A trilha sonora ganhou muita importância na encenação. Tanto que duas pessoas da área musical fazem parte do elenco, Renata Soul e Roberto Moura, este último também assina a direção vocal. Além das canções executadas pelo elenco, uma cuidadosa trilha sonora evoca os temas da migração. 


Sinopse de "eXílio"
Atualmente, mais de 110 milhões de pessoas no mundo, segundo dados oficiais, foram obrigadas a se deslocar por causa de guerras, violações de direitos humanos, condições climáticas e perseguições de todo tipo (políticas, religiosas, étnicas, por orientação sexual). Elas estão sujeitas a violências anti-imigração, como estupro, discriminação, humilhação. Muitas perderam suas vidas. A experiência do exílio também pode ser vivida dentro do próprio país, como no caso das ditaduras e nos processos de desumanização. eXílio é um trabalho teatral, proposto pelo Coletivo Comum, que parte desta atualidade brutal, mas também da perspectiva de que as fronteiras são criações históricas e que, portanto, podem ser alteradas e suprimidas.


Ficha técnica
Espetáculo "eXílio"
Roteiro: Fernando Kinas, com a colaboração de Beatriz Calló e elenco
Direção: Fernando Kinas
Elenco: Fernanda Azevedo, Maria Carolina Dressler, Renata Soul, Ícaro Rodrigues e Roberto Moura
Assistência direção: Beatriz Calló
Cenografia: Julio Dojcsar
Iluminação e operação de luz: Dedê Ferreira
Figurino: Beatriz Calló, com a participação do Coletivo Comum e pessoas em condição de migração e refúgio
Treinamento e direção vocais: Roberto Moura
Pesquisa musical e trilha: Fernando Kinas, com a colaboração de Eduardo Contrera
Assessoria dramatúrgica: Tercio Redondo (Bertolt Brecht e o exílio)
Interlocução crítica: Clóvis Inocêncio (Berna), Beatriz Whitaker, Leneide Duarte-Plon, Dominique Durand e Cimade (Paris), Organon Art Cie (Marseille), Jean-Michel Dolivo (Lausanne), Rabii Houmazen (Marrocos e São Paulo), Museu da Imigração do Estado de São Paulo, Arro (Afeganistão e São Paulo), Padre Assis (Cabo Verde e São Paulo)
Desenho e operação de som: Lienio Medeiros
Programação visual: Casa 36|Camila Lisboa
Fotografia: Fernando Reis
Serralheiro: Fernando Lemos (Zito)
Assessoria de imprensa: Canal Aberto|Márcia Marques, Daniele Valério e Carol Zeferino
Produção: Patricia Borin
Realização: Coletivo Comum


Serviço
Espetáculo "eXílio"
Duração: aproximadamente 140 minutos
Classificação indicativa: 14 anos 


Teatro Paulo Eiró
Temporada: 30 de maio a 15 de junho de 2025, de quinta a sábado, às 20h30, e, aos domingos, às 18h00.
Endereço: Av. Adolfo Pinheiro, 765 - Santo Amaro, São Paulo - SP
Ingresso: gratuito
Sessão com intérprete de libras: 13 de junho


Galpão do Folias
Temporada: 19 a 30 de junho de 2025, de quinta a sábado, às 20h30, domingos, às 18h00, e, segunda-feira, dia 30 de junho, às 20h30
Endereço: R. Ana Cintra, 213 - Campos Elíseos, São Paulo - SP
Ingresso: gratuito
Sessão com intérprete de libras: 27 de junho
Reservas: circulacaoexilio@gmail.com / IG: @coletivocomum 

quinta-feira, 15 de maio de 2025

.: "Esboço": da obra de Hilda Hilst, retrato da loucura como extrema lucidez

Idealizado pelo ator e psicanalista Rafael Costa e dirigido por Donizeti Mazonas, o trabalho estreia no Sesc Ipiranga, no dia 16 de maio, mês da Luta Antimanicomial. Esboço. Fotos: Keiny Andrade


O ator e psicanalista Rafael Costa, idealizador da 3C - Plataforma de Pesquisa, Criação e Produção Cultural Antimanicomial, tem uma longa pesquisa na interface Arte, Loucura e Psicanálise. Em seu novo espetáculo, "Esboço", a investigação tem como premissa o não enclausuramento cênico da Loucura e a desconstrução de estereótipos. A obra é construída a partir de dois textos da escritora brasileira Hilda Hilst e faz sua estreia no projeto Teatro Mínimo, do Sesc Ipiranga, no dia 16 de maio, às 21h30. A temporada segue até 8 de junho, com sessões às sextas, às 21h30, e, aos sábados e domingos, às 18h30. A apresentação do dia 24 de maio fará parte da VIRADA CULTURAL de São Paulo.

A partir dos textos ‘Esboço’ e ‘Com os meus olhos de cão’, a trama apresenta ao público um professor de matemática pura que conclui que tudo à sua volta e todo o seu entendimento sobre a vida é apenas um esboço. Por isso, “esboço” passa a ser a única palavra que media a sua comunicação com o mundo.

O solo tem direção e dramaturgismo de Donizeti Mazonas, que investiga a obra dessa autora há quase duas décadas. “Por ser uma prosa poética, torna-se um desafio levar seus textos para a cena. O fluxo de consciência é um recurso bastante presente na escrita da autora,  numa polifonia de vozes que torna, às vezes, difícil saber exatamente quem está falando”, comenta o diretor.

"Esboço" estreia no Mês da Luta Antimanicomial no Brasil, comemorado especialmente no dia 18 de maio, que marca o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. A data celebra a Reforma Psiquiátrica e a criação de uma sociedade sem manicômios, isto é, a luta por um sistema de cuidado em saúde mental que priorize a liberdade e o tratamento em comunidade.


SOBRE A ENCENAÇÃO

Infância, família, trabalho e a sua relação com Deus estão em chamas, é dentro deste fogo que Riolo, protagonista desta jornada, recebe a constante exigência externa para esboçar o que ele quer dizer com a palavra “esboço”. Para construir cenicamente a experiência de um fluxo de pensamento, a encenação parte da proposta radical de uma ação ininterrupta, paradoxalmente, uma caminhada sem fim e sem sair do lugar.

A equipe de criação formada por Renan Marcondes, Vic von Poser, Dimitri Luppi e Pedro Canales criam um ambiente sinestésico para adentrar no pensamento e nos afetos desse “acrobata sobre os fios do tempo”. O palco é atravessado por sons, cores, texturas e textos que pluralizam as vias de recepção do espetáculo.

“Eu gostaria que as pessoas saíssem do espetáculo com a infamiliar sensação de estranhamento. Isso porque, quando se fala em saúde mental, penso que as concepções de harmonia e equilíbrio acabam por nos aprisionar em um ideal que humanamente não nos contempla. Precisamos lidar com as nossas experiências de transbordamento, são nesses momentos, por vezes difíceis, que somos mais gente”, defende o ator e idealizador do trabalho. 

"Esboço" é um convite para o público vivenciar os caminhos do enlouquecimento para além da replicação de estereótipos e de tipos de cuidados já amplamente conhecidos. Rafael acredita que, tanto no campo artístico quanto na vida, o encontro com a Loucura proporciona o abalo das certezas e  revela os modos que se instauram como padrão. A peça é também um dispositivo para celebrar e reforçar a importância do 18 de maio, Dia Nacional da Luta Antimanicomial.   

“A obra de Hilda Hilst serve perfeitamente a esse propósito já que nela a suposta loucura das personagens é nada mais que um excesso de lucidez”, diz Donizeti. “Todos os personagens dela deram um passo além da realidade, mas, por outro lado, atingem um outro nível de compreensão da existência. Na verdade, é como se essas pessoas conseguissem extrapolar o senso comum enxergando além. E isso não é algo negativo”, completa.   

Por meio da 3C - Plataforma de Pesquisa, Criação e Produção Cultural Antimanicomial, Rafael Costa pesquisa a partir dos pressupostos éticos da luta antimanicomial brasileira, a analogia entre o fazer clínico psicanalítico e o fazer artístico. A plataforma tem se destacado dentro e fora do país  como um polo de criação no campo das artes, no qual a loucura não fica restrita à condição temática, mas também se afirma como instauradora de novos regimes estéticos.


TEATRO MÍNIMO

Importante espaço de experimentação da cidade de São Paulo e criado em 2011 pela equipe de programação do Sesc Ipiranga, o Projeto ‘Teatro Mínimo’ foi concebido com o objetivo de apresentar temporadas de espetáculos teatrais que discutem a experimentação das linguagens cênicas, por meio de encenações focadas no trabalho de atuação, em proximidade e na relação direta com a plateia.

SINOPSE

A loucura desenhada como extrema lucidez é a chave poética de ESBOÇO, espetáculo com foco na atuação e no caráter transformador das criações antimanicomiais. Fruto das investigações sobre a potência dramatúrgica presente nas obras ‘Esboço’ e ‘Com os meus olhos de cão’, de Hilda Hilst, o solo apresenta Riolo, um professor de matemática pura que, após expelir a constatação de que tudo em sua vida é apenas um esboço, passa a conviver diariamente com esta condição. Diante de tudo e todos, a única palavra possível é “esboço”.


FICHA TÉCNICA

Idealização: Rafael Costa e 3C - Plataforma de Pesquisa, Criação e Produção Cultural Antimanicomial

Textos: Hilda Hilst

Direção e dramaturgismo: Donizeti Mazonas

Atuação: Rafael Costa

Produção: Plataforma Estúdio de Produção Cultural

Desenho de Som e operação: Pedro Canales

Videografia: Vic von Poser

Operação de Vídeo: Vic von Poser e Júlia Favero

Design e Operação de Luz: Dimitri Luppi

Assistente de Iluminação: Léo Sousa

Cenário e Figurino: Renan Marcondes

Direção de produção: Fernando Gimenes

Produção executiva: Bruno Ribeiro

Fotos: Keiny Andrade

Redes Sociais: Jorge Ferreira

Assessoria de imprensa: Canal Aberto - Márcia Marques, Flávia Fontes e Dani Valério

Apoio e Sala de ensaio: Cia do Pássaro - Voo e Teatro


SERVIÇO

"Esboço"

Data: 16 de maio a 08 de junho, às sextas, às 21h30, e, aos sábados e domingos, às 18h30*

* A apresentação do dia 24 de maio fará parte da programação da VIRADA CULTURAL. A sessão será gratuita e estará disponível para retirada online de ingressos a partir das 12h00 do mesmo dia.

Local: Projeto Teatro Mínimo - Auditório - Sesc Ipiranga - Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga, São Paulo, SP

Ingressos: R$50 (inteira), R$25 (meia-entrada) e R$15 (credencial plena)

Ingressos disponíveis a partir de 6 de maio no aplicativo Credencial Sesc SP, site centralrelacionamento.sescsp.org.br e a partir de 7 de maio presencialmente nas bilheterias das unidades do Sesc SP.

Classificação: 14 anos Duração: 50 minutos


domingo, 11 de maio de 2025

.: Crítica: "Rita Lee: Uma Autobiografia Musical" é um acontecimento histórico


Por 
Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. Foto: João Caldas F.º

Há espetáculos bons. Há espetáculos necessários. E há aqueles que, como um disco voador, tornam-se acontecimentos culturais inesquecíveis. "Rita Lee - Uma Autobiografia Musical", em cartaz até 15 de junho no Teatro Porto, é tudo isso e mais um pouco: é o melhor musical brasileiro em cartaz atualmente. Com direção precisa de Marcio Macena e Débora Dubois, roteiro de Guilherme Samora e direção musical de Marco França e Marcio Guimarães, o espetáculo transcende a homenagem biográfica e se transforma em um verdadeiro ritual de celebração da liberdade, da arte e da resistência. A vida de Rita Lee, tão rica em camadas, escândalos, poemas e ousadias, é contada com a mesma honestidade escancarada que fez do livro autobiográfico da cantora um marco editorial.

No centro disso tudo está Mel Lisboa, em um desempenho arrebatador que já lhe valeu o Prêmio Shell de Melhor Atriz - reconhecimento merecido e insuficiente diante da imensidão do que ela entrega no palco. Por vezes, o que se vê é tão potente que esquecemos que Mel Lisboa é Mel Lisboa. Ela se dilui completamente na persona de Rita Lee, tornando-se um big bang cênico: mística, explosiva, hecatômbica, avassaladora. A atriz, que já foi uma fã obsessiva em "Misery", esotérica em Helena Blavatsky e trágica em "Dogville", mais uma vez se reinventa - talvez como nunca - ao dar corpo, alma e voz a Rita Lee. Mais do que desfiar hits, ela encarna o espírito de uma época, passando o Brasil a limpo, especialmente em um momento em que o conservadorismo e os fantasmas da repressão parecem rondar novamente.

A montagem não poupa o espectador de emoção nem de crítica - Rita Lee não é retratada como santa, algo que nem ela gostaria. O texto resgata momentos cruciais da trajetória da artista que vão desde a infância ao Mutantes, do romance com Roberto de Carvalho à prisão durante a ditadura, do ativismo pelos animais à consagração como a maior vendedora de discos do país. Tudo é contado com irreverência e afeto, em um ritmo que costura música, memória e política com rara inteligência - e que não deixa o espectador perceber que o tempo está passando.

Outro destaque nesse mar de cultura é Fabiano Augusto, que surpreende o público ao se despir completamente da imagem de garoto-propaganda para entregar um Ney Matogrosso visceral, sensível e perfeitamente crível. É um momento de redenção artística que precisa ser aplaudido de pé - como tantas vezes acontece durante o espetáculo.

O elenco de apoio brilha em conjunto, trazendo à cena nomes marcantes da cultura nacional como Elis Regina, Gal Costa, Raul Seixas e Hebe Camargo com dignidade e presença cênica. Mas tudo orbita em torno da força gravitacional de Rita Lee - e de Mel Lisboa, que se consagra de vez como o nome artístico de sua geração. Como a própria Rita disse, e é repetido no espetáculo em alto e bom som, "seu maior feito foi fazer as pessoas felizes". E é isso que "Rita Lee - Uma Autobiografia Musical" faz: coloca o público para sorrir, cantar, chorar e dançar, como em um show de rock'n roll, mas também para pensar e se lembrar que liberdade, arte e coragem ainda são atos revolucionários.

"Rita Lee - Uma Autobiografia Musical" não é apenas um espetáculo. É um espelho do Brasil que fomos, somos e ainda podemos ser. Vá enquanto há tempo - e leve sua "ovelha negra" interior com você para que ela, para não ficar por baixo, "coloque as asas para fora".

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