segunda-feira, 20 de outubro de 2025

.: Crítica: "Casa, Beija ou Mata", de Kate Posey, equilibra o riso e o risco


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com

Romance de estreia da canadense Kate Posey, "Casa, Beija ou Mata", lançado pela Verus Editora, diverte com o próprio absurdo. Com uma escrita que mistura o suspense dos podcasts de true crime com o charme ligeiramente debochado das comédias românticas contemporâneas, a autora constrói uma narrativa que é, ao mesmo tempo, afiada e espirituosa, como se "Killing Eve" e "Um Lugar Chamado Notting Hill" tivessem se encontrado em um happy hour literário.

A protagonista, Dolores dela Cruz, é uma mulher obcecada por crimes reais, o tipo de pessoa que sabe diferenciar um estrangulador de um esfaqueador apenas pelo padrão de comportamento da vítima. Quando o novo colega de trabalho, Jake Ripper, aparece usando luvas suspeitas e um charme que poderia matar (literalmente), Dolores decide investigar e, quem sabe, flertar com o perigo. O resultado é uma relação de gato e rato temperada com humor sombrio, tensão sexual e um timing narrativo preciso.

O que torna "Casa, Beija ou Mata" especial é o equilíbrio improvável entre o riso e o risco. Kate Posey não escreve uma sátira, tampouco um thriller convencional: ela cria um “Thromance” (mistura de thriller e romance), um gênero híbrido que brinca com o imaginário pop e desafia as fronteiras do bom comportamento literário. É uma autora que sabe rir das próprias obsessões culturais - as séries de investigação, os relacionamentos desastrosos, a ironia dos tempos digitais - sem cair na paródia fácil.

A escrita de Posey é surpreendentemente leve. O diálogo entre Dolores e Jake é o tipo de troca que faz o leitor rir, corar e desconfiar, às vezes na mesma frase. A tradução de Carolina Candido acerta o tom exato do humor, entregando uma versão em português que preserva o ritmo e o veneno da narrativa original, sem “domesticar” a voz da autora - o que é raro em um texto que depende tanto da ironia e da cadência verbal. Além do enredo engenhoso, há uma sensação de frescor, uma quebra das expectativas que se espera de um romance de estreia. Posey escreve para uma geração que consome true crime no café da manhã e acredita que o amor é uma armadilha estatística. Seu texto é pop, inteligente e perigosamente divertido.

"Casa, Beija ou Mata" é uma leitura que conquista por sua originalidade: um romance que beija o perigo, casa com o humor e mata o tédio. Kate Posey inaugura sua carreira com um livro que parece um jogo, mas é uma experiência narrativa completa - um lembrete de que, mesmo nas histórias mais sombrias, ainda há espaço para rir do que assusta. Compre o livro "Casa, Beija ou Mata", de Kate Posey, neste link.

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