terça-feira, 30 de dezembro de 2025

.: Livro de João Constâncio explora paixão como loucura ou caminho


Em tempos de relacionamentos líquidos e amor digital, o filósofo português João Constâncio resgata uma das questões mais fundamentais da existência humana: o que é o amor? Em "Três Discursos sobre Eros: meditação sobre o Fedro de Platão", lançamento da Tinta-da-China Brasil, o autor oferece uma investigação filosófica e literária sobre a natureza contraditória do amor que atravessa milênios e segue atual. A obra integra a coleção Ensaio Aberto, que une filosofia e literatura. 

"Três Discursos sobre Eros" parte do diálogo Fedro, de Platão, para investigar como a paixão amorosa pode ser, simultaneamente, uma forma de loucura e uma experiência do divino em busca da verdade. Para desenvolver essa investigação, Constâncio se vale da poesia, da literatura e da filosofia, desde a Antiguidade até os dias contemporâneos. Assim, o autor conecta as imagens poéticas de Platão aos versos de Safo e às Confissões de Santo Agostinho, e demonstra como pensadores e escritores vieram interpretando eros ao longo dos séculos, como Hegel, Nietzsche, Heidegger, Marcel Proust no Em busca do tempo perdido, Thomas Mann em A morte em Veneza e Anne Carson em Eros: o doce-amargo. 

O resultado é uma obra híbrida que une rigor filosófico e fluidez literária, explorando temas universais como ciúme, temporalidade do amor, ilusão e autocontrole - questões ainda centrais na experiência humana contemporânea. “O leitor tem em mãos um precioso tesouro, que pode frequentar com deleite, cuja leitura é capaz de produzir arrebatamento, isto é, aquela loucura ou mania extática, que é condição tanto da filosofia como da poesia, e que pode nos conduzir para o que verdadeiramente somos”, afirma Oswaldo Giacoia Junior, que assina a orelha do livro. 


Sobre o autor
João Constâncio
é professor catedrático do Departamento de Filosofia da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCSH), onde se doutorou, em 2005, com uma dissertação sobre imagens e concepções da vida humana em Platão, e onde exerce os cargos de diretor do Instituto de Filosofia da Nova (IFILNOVA) e coordenador do Doutoramento em Filosofia. É autor do livro "Arte e Niilismo: Nietzsche e o Enigma do Mundo" (Tinta-da-china, 2013), bem como coorganizador de cinco livros sobre Nietzsche — incluindo, com Maria João Mayer Branco e Bartholomew Ryan, "Nietzsche and the Problem of Subjectivity" (Walter de Gruyter, 2015). Tem escrito e lecionado igualmente sobre questões fundamentais da estética, da antropologia filosófica e da filosofia da história nas obras de Platão, Kant, Hegel, Schopenhauer e Heidegger. Os seus projetos mais recentes incluem a publicação de um opúsculo sobre "As tentações de Sant’Antão", de Hieronymus Bosch (Sobre o absurdo, Documenta, 2024); a tradução e comentário - com uma introdução escrita em colaboração com Luisa Buarque - da peça Lisístrata, de Aristófanes (em curso de publicação); e a coorganização, com Simon May, de um volume de ensaios intitulado Who is Heidegger’s Nietzsche? (Cambridge University Press, previsto para 2026).

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