sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

.: Crítica: "Até os Ossos" é história de amor brindada com carnificina


Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em dezembro de 2022


"Até os Ossos", indicado para maiores de 18 anos, entrega carnificina enquanto constrói uma história de amor juvenil conturbada. Em cartaz no Cineflix Cinemas, o longa dirigido por Luca Guadagnino, de "Me Chame Pelo Seu Nome", é romântico e dramático, mas muito ágil a ponto de mexer com os estômagos mais sensíveis e conseguir abalar, um pouco, inclusive os mais fortes e fãs da série antológica "American Horror Story" ou de filmes slashers, por exemplo.

No longa de 2h10m, a jovem Maren Yearly (Taylor Russell) está numa festa do pijama com as amigas até que uma se fere e sua fome infreável de carne fala mais alto. Sim! Em segundos, um dedo da garota é devorado. Para tanto, a moça que não sabe lidar com tal desejo, começa uma peregrinação, uma vez que Frank (André Holland), o pai a abandona com um toca fitas K-7, um fone de ouvido e uma fita gravada. Nas palavras de Frank, um resumo da história do canibalismo da protagonista. Uma ferramenta inteligente que faz a trama se desenvolver com rapidez enquanto envolve o público.


Em fuga, e com bom gosto para a leitura -lê J. R. R. Tolkien e "O Fantasma da Ópera", de Gaston Lerou-, a jovem esbarra com o devorador Sully (Mark Rylance). Homem em idade avançada e com outra compulsão -revelada perto do fim do longa-, além da de também comer carne humana. Ele que sentiu o cheiro de Maren há grande distância, oferece abrigo numa casa invadida em que a dona está moribunda, ou seja, prestes a virar aperitivo para a dupla de canibais. 


A estadia da moça é breve. Afinal, Maren está numa odisséia -garantindo uma belíssima fotografia no filme. Tal qual uma nômade, segue em fuga quando esbarra em Lee (Timothée Chalamet, de "Duna""Me Chame Pelo Seu Nome"), outro devorador sem rumo, com quem estabelece um elo de simpatia, diferentemente de Sully. Enquanto o sentimento de afeição cresce entre os dois. Para entender a essência que carrega em si, Maren busca a mãe que a abandonou quando bebê e quem nem mesmo conheceu. Com a ajuda de Lee, Maren encontra a progenitora, Janelle Yearly (Chloë Sevigny, de "American Horror Story: Hotel" e "The Act") e pistas sobre quem ela é, uma vez que foi adotada.

Ainda que seja visivelmente perturbador, inclusive em cenas que deixam situações pesadas subentendidas, "Até os Ossos", mesmo retratrando canibais, permite uma leitura diferente e que foge ao pé da letra do que se vê na telona. No fundo, a produção com roteiro de David Kajganich é uma história de amor entre dois jovens sem uma base familiar firme que buscam entender seus anseios mais profundos e que encontram, um no outro, a base que tanto buscavam. Vale muito a pena conferir "Até os Ossos"!

Em parceria com o Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - um sonho para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link.


* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm


"Até os Ossos" (Bones and All) 
Diretor: Luca Guadagnino
Roteiro: David Kajganich
Gênero: Romance/Drama
Classificação: 18 anos
Duração: 2h10
Data de lançamento: 1 de dezembro de 2022 (Brasil) 


Trailer





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