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domingo, 21 de abril de 2024

.: Entrevista: Eduardo Moscovis fala sobre a novela "Alma Gêmea"


Na imagem, Serena (Priscila Fantin) e Rafael (Eduardo Moscovis). Foto: Globo/João Cotta

Nos próximos dias, o público vai voltar a viajar pelos anos 20 e 40, com o casal Serena (Priscila Fantin) e Rafael (Eduardo Moscovis), em "Alma Gêmea" no "Vale a Pena Ver de Novo". A  partir do dia 29 de abril, a trama, criada e escrita por Walcyr Carrasco, com a direção artística de Jorge Fernando, volta ao ar dividida em duas fases, com início na década de 1920, e ambientada, na sequência, nos anos 1940. Na história, Rafael tem a chance de recomeçar, após ter sua vida marcada por uma tragédia. O botânico, que cria rosas, se apaixona por Luna (Liliana Castro), uma jovem bailarina doce e delicada. É amor à primeira vista. Logo, eles têm um filho, mas um assalto armado pela governanta da casa, a amargurada Cristina (Flávia Alessandra), provoca a morte da jovem. 

Vinte anos depois, o botânico é surpreendido pela chegada da empregada Serena (Priscila Fantin), que desperta sua atenção. Um sinal de nascença no mesmo lugar onde Luna levou um tiro, e outras semelhanças com a amada que se foi, o fazem acreditar novamente no amor. Para o autor da obra, Walcyr Carrasco, ver a novela ser exibida pela segunda vez no "Vale a Pena Ver De Novo" é uma alegria imensa. “Não tenho palavras pra expressar o que significa ver ‘Alma Gêmea’ de novo. Poder rever Serena e todos aqueles personagens e poder sentir a mesma emoção de quando eu escrevi a trama”, relata o autor. 

A novela conta ainda com Alexandre Barillari, Ana Lucia Torre, Ângelo Antônio, Drica Moraes, Elizabeth Savala, Emiliano Queiroz, Emilio Orciollo Netto, Erik Marmo, Ernesto Piccolo, Fernanda Machado, Fernanda Souza, Fúlvio Stefanini, Kayky Brito, Luigi Baricelli, Malvino Salvador, Marcelo Faria, Mariah da Penha, Rita Guedes, entre outros, no elenco. Criada e escrita por Walcyr Carrasco, com a colaboração de Thelma Guedes, direção deFred Mayrink e Pedro Vasconcelos, direção-geral e direção artística deJorge Fernando, a trama estreou em 2005, foi reexibida em 2009 na TV Globo, também no "Vale a Pena Ver de Novo", e no Viva, em 2022. Confira a entrevista abaixo com o ator Eduardo Moscovis.

Como construiu o Rafael de "Alma Gêmea", que fez tanto sucesso na sua carreira?
Eduardo Moscovis - Rafael é um herói clássico, um mocinho romântico clássico, potencializado por ser uma novela de época, o que ajuda bastante nesse romantismo. Ele é um cara muito ético, íntegro e perde o seu amor muito jovem. Passa uma grande fase da vida enlutado, com a casa fechada, deixa a barba crescer, não se relaciona com ninguém. É amargurado, triste, um personagem clássico e lindo que ainda cria rosas. Ele cria uma rosa branca, que simboliza o amor dele, esse amor eterno pela Luna.
 

Qual foi a cena mais difícil de gravar durante "Alma Gêmea"? E a mais divertida?
Eduardo Moscovis - A cena mais difícil foi a sequência final, próxima à morte do Rafael, do incêndio. É uma sequência mais delicada porque também tinha muita emoção. As cenas na pensão eram sempre muito gostosas de fazer, as com Ana Lucia Torre e Flávia Alessandra também, porque era uma mãe e uma filha, e elas eram as vilãs. Nos divertíamos quando a gente ensaiava com as maldades e as estratégias delas.

Quais foram os momentos mais difíceis de Rafael na trama?
Eduardo Moscovis - O Rafael passa muito tempo na novela nessa dúvida em relação a Serena. Tinham sequências longas e difíceis, em que ele ficava com muita dúvida, ficava angustiado. 


A novela fez muito sucesso. Como era a repercussão da personagem? Quais as principais lembranças que guarda desse trabalho e da rotina de gravação?
Eduardo Moscovis - Lembro muito do Jorginho, do Jorge Fernando, querido. Jorginho tinha um ritmo e um astral muito peculiar, muito dele. Ele imprimia um humor nas gravações, mas acho que o que mais me marcou foi a forma como fui convidado pelo Walcyr Carrasco. Eu estava gravando "Senhora do Destino", uma novela das nove, e estava viajando em turnê com um espetáculo que eu produzia, que era o "Tartufo". Eu gravava a novela no meio de semana até sexta-feira, e viajava os finais de semana em turnês pelo Brasil. O ritmo de trabalho estava muito puxado. Um dia saímos do estúdio encontrei o Walcyr sentado numa das cadeiras da sala de maquiagem. E Walcyr falou: “quero falar com você”. Aí me deu um nervoso. Eu pensei naquele volume de trabalho que eu estava e pedi cinco minutos. Ele já tinha o anel pronto e me contou rapidamente a sinopse. Tive menos de um mês entre o final da "Senhora do Destino" e o começo da gravação de "Alma Gêmea".
 

Como foi a parceria com o elenco?
Eduardo Moscovis - Foi ótima. Ela sempre muito querida, atenta, envolvida no trabalho, é parceira de jogo de cena. Foi muito bom trabalhar com a Priscila, como foi bom também trabalhar com a Flávia. Tínhamos um elenco muito potente, bom de contracenar. Com Liliana Castro também foi muito legal de trabalhar, ainda fiz um espetáculo com ela também. Ela fez um personagem muito difícil, muito delicado. Foi muito bom fazer.

Gosta de rever trabalhos antigos? De que forma mexem com você
Eduardo Moscovis - Eu não fico revisitando os trabalhos antigos. Eventualmente acontece, principalmente novela, que reprisa agora no "Vale a Pena Ver de Novo". "Alma Gêmea" certamente vou assistir bastante coisa, até porque gravo "No Rancho Fundo", e a novela vai passar enquanto espero para gravar ou estudo. Não mexe muito porque é um contexto, um momento, uma fase. Faz parte da vida. Às vezes remete para aquele momento pessoal que eu passei. 
 

Você estará no ar em "No Rancho Fundo" e em "Alma Gêmea". Já teve essa experiência? Qual a expectativa para as duas estreias?
Eduardo Moscovis - Esse tipo de situação não lembro de ter passado. "Alma Gêmea" tem quase 20 anos e é uma novela completamente diferente de "No Rancho Fundo". É uma novela de época, personagens diferentes um do outro. Não sei exatamente o que esperar, mas vai ser uma experiência que eu vou ter que passar, mas vai ser bom ver meus trabalhos, muito legais, cada um no seu lugar, na sua existência.

sábado, 20 de abril de 2024

.: Entrevista: Rodrigo Simas, fora de "Renascer", volta a ser Hamlet no teatro


Sucesso com o  Venâncio de "Renascer", Rodrigo Simas comenta encerramento do ciclo na novela e volta para o teatro paulistano em nova temporada de "Prazer, Hamlet". Foto: Ronaldo Gutierrez

A morte de José Venâncio acontece nos próximos capítulos e Rodrigo Simas já se prepara para voltar ao teatro. Em maio, em São Paulo, ele reestreia o monólogo "Prazer, Hamlet". Dirigido por Ciro Barcelos, o ator se desnuda em seu primeiro monólogo que teve ingressos esgotados na primeira temporada no Rio de Janeiro e em São Paulo. Se no teatro ele entrega tanto, na novela "Renascer", em que ele se despede, a rivalidade entre os Inocêncio e a família Coutinho atravessa gerações e desta vez fará mais uma vítima em "Renascer".

No capítulo previsto para ir ao ar na segunda, 22, Egídio (Vladmir Brichta) arma uma tocaia na estrada para se vingar de José Inocêncio (Marcos Palmeira) mesmo que o alvo seja um dos filhos do fazendeiro. A caminho da fazenda, João Pedro (Juan Paiva) dirige a caminhonete com o irmão, José Venâncio (Rodrigo Simas), no banco do carona. Depois que Buba (Gabriela Medeiros) dá um ultimato e põe o namorado para fora de casa, Venâncio repensa toda a situação e viaja para Ilhéus disposto a contar toda a verdade para "painho".

Mas um tiro certeiro de Egídio acaba com os planos. Aguardando à espreita, o coronel acerta não somente o carro, que faz João Pedro perder o controle e quase cair na ribanceira, como José Venâncio. José Inocêncio parece pressentir a tragédia e sai a galope em direção à estrada, mas só encontra o carro abandonado e conclui que algo grave aconteceu.

Ferido e perdendo muito sangue, Venâncio é acudido por João Pedro, que carrega o irmão, e consegue chegar à casa de Morena (Ana Cecília Costa) gritando por socorro. Delirando, Venâncio ainda chama por Maria Santa (Duda Santos), mas não resiste ao ferimento e morre antes da chegada de José Augusto (Renan Monteiro) ao local. Todos ficam chocados e incrédulos. Especialmente João Pedro, que se sente culpado pela morte do irmão e jura vingança.

"Renascer" é uma novela escrita por Bruno Luperi baseada na obra de Benedito Ruy Barbosa. A direção artística é de Gustavo Fernández, direção geral de Pedro Peregrino e direção de Walter Carvalho, Alexandre Macedo, Ricardo França e Mariana Betti. A produção é de Betina Paulon e Bruna Ferreira e a direção de gênero de José Luiz Villamarim. A seguir, Rodrigo Simas fala sobre o trabalho em "Renascer".


Você se despede de "Renascer" nos próximos capítulos. Que análise você faz sobre a trajetória do José Venâncio na história?
Rodrigo Simas - José Venâncio estava vivendo crises. Sempre tentando acertar e curar alguns traumas, mas dificilmente conseguia. Ele teve uma trajetória de encontros e desencontros terminando a vida numa tocaia sem nem saber de onde surgiu, mas sendo a consequência por ser um Inocêncio.
 

O que mais te chamou a atenção no Venâncio?
Rodrigo Simas - O que mais me chamou a atenção no personagem foi observar como ele deixou de viver suas verdades e repetir padrões para agradar o próprio pai. Uma prisão dentro da própria cabeça.

De que forma as relações sociais com o pai, Buba, Teca e Eliana influenciaram a pessoa que ele se tornou?
Rodrigo Simas - Cada relação influencia de uma maneira diferente da outra. Mas todas são relações de convivências. Talvez o fato dele querer a aprovação dessas pessoas o fazia ter dificuldade de acertar nas escolhas.                 

Como foi gravar a sequência da morte de José Venâncio ao lado de Juan Paiva?
Rodrigo Simas - O Juan é uma pessoa admirável e um dos melhores atores da geração. Foi uma sequência difícil e trabalhosa. Não fizemos as cenas em ordem cronológica, viajamos para gravar na serra do Rio de Janeiro, mas conseguimos nos divertir.

E sobre a experiência de gravar dentro de um caixão durante o velório. Como foi?
Rodrigo Simas - Já havia morrido em cena uma vez, mas nunca tinha gravado dentro de um caixão. Sempre me perguntam se fiquei com aflição ou tive algum desconforto, mas não. Fiquei zero agoniado e tenso, pelo contrário. Estava confortável e ainda fecharam o caixão por alguns segundos. Em alguns momentos tinha vontade de rir durante os ensaios.
 

Você destacaria alguma cena mais marcante ao longo desses últimos meses?
Rodrigo Simas - Começando por essa cena inédita com Mainha (Duda Santos), que será a última cena de José Venâncio na história e que foi bem especial fazer. Mas destaco ainda as cenas do início da trama com a Buba (Gabriela Medeiros) e outras com a Eliana (Sophie Charlotte) também.


Quais são seus projetos após a novela?
Com o término da novela vou fazer Teatro. Dia 3 de maio já reestreia o meu monólogo: “Prazer, Hamlet” em São Paulo.

.: Entrevista: Priscila Fantin fala sobre a novela "Alma Gêmea", que estreia dia 29

 

Na imagem, a protagonista da novela com Elizabeth Savalla, em outro grande momento da carreira. Foto: Globo/João Miguel Júnior

Nos próximos dias, o público vai voltar a viajar pelos anos 20 e 40, com o casal Serena (Priscila Fantin) e Rafael (Eduardo Moscovis), em "Alma Gêmea" no "Vale a Pena Ver de Novo". A  partir do dia 29 de abril, a trama, criada e escrita por Walcyr Carrasco, com a direção artística de Jorge Fernando, volta ao ar dividida em duas fases, com início na década de 1920, e ambientada, na sequência, nos anos 1940. Na história, Rafael tem a chance de recomeçar, após ter sua vida marcada por uma tragédia. O botânico, que cria rosas, se apaixona por Luna (Liliana Castro), uma jovem bailarina doce e delicada. É amor à primeira vista. Logo, eles têm um filho, mas um assalto armado pela governanta da casa, a amargurada Cristina (Flávia Alessandra), provoca a morte da jovem. 

Vinte anos depois, o botânico é surpreendido pela chegada da empregada Serena (Priscila Fantin), que desperta sua atenção. Um sinal de nascença no mesmo lugar onde Luna levou um tiro, e outras semelhanças com a amada que se foi, o fazem acreditar novamente no amor. Para o autor da obra, Walcyr Carrasco, ver a novela ser exibida pela segunda vez no "Vale a Pena Ver De Novo" é uma alegria imensa. “Não tenho palavras pra expressar o que significa ver ‘Alma Gêmea’ de novo. Poder rever Serena e todos aqueles personagens e poder sentir a mesma emoção de quando eu escrevi a trama”, relata o autor. 

A novela conta ainda com Alexandre Barillari, Ana Lucia Torre, Ângelo Antônio, Drica Moraes, Elizabeth Savala, Emiliano Queiroz, Emilio Orciollo Netto, Erik Marmo, Ernesto Piccolo, Fernanda Machado, Fernanda Souza, Fúlvio Stefanini, Kayky Brito, Luigi Baricelli, Malvino Salvador, Marcelo Faria, Mariah da Penha, Rita Guedes, entre outros, no elenco. Criada e escrita por Walcyr Carrasco, com a colaboração de Thelma Guedes, direção deFred Mayrink e Pedro Vasconcelos, direção-geral e direção artística deJorge Fernando, a trama estreou em 2005, foi reexibida em 2009 na TV Globo, também no "Vale a Pena Ver de Novo", e no Viva, em 2022. Confira a entrevista abaixo com a atriz Priscila Fantin.

A novela fez muito sucesso. Como era a repercussão da personagem?
Priscila Fantin - 
A repercussão da personagem foi gigantesca, assim como a da novela. Passava no horário das seis e alcançou bons índices na audiência. Até hoje muita gente me chama de Serena. Foi uma personagem muito querida e que as pessoas têm muito carinho.
 

Qual foi a cena mais difícil de gravar durante "Alma Gêmea"? E a mais divertida?
Priscila Fantin - 
A mais difícil foi dentro da gruta azul, porque o acesso é muito restrito. É um lugar de conservação, não era um set fácil de transitar, não dava para colocar tripé nas rochas, luzes, câmeras, era uma equipe muito reduzida, a gente ficava lá muitas horas, até para ir ao banheiro era uma operação diferenciada, é um lugar muito preservado, conservado e com muitas regras para que ele continue sendo o que ele é, um santuário. É muito lindo. Um lugar de estudos e pesquisas.
 

Quais foram os momentos mais difíceis de Serena na trama?
Priscila Fantin - 
Eu acho que o momento difícil da Serena foi quando ela ficou presa, mais para o fim da novela, quando a Cristina (Flávia Alessandra) a sequestra. Ali foi difícil.
 

Como construiu a Serena de "Alma Gêmea", que fez tanto sucesso na sua carreira?
Priscila Fantin - 
Estudei toda a história da cultura e etnia que são os Kadiwéu e tive a oportunidade de visitar uma tribo Kadiwéu, onde Giovani foi batizado. Tive essa proximidade e vivência, e ainda o apoio de um antropólogo estudioso de cultura indígena, Giovani José da Silva.
 

Quais as principais lembranças que guarda desse trabalho e da rotina de gravação?
Priscila Fantin - Eu tinha muito prazer em gravar cenas de ação. Teve uma perseguição em uma fazenda que eu subia no telhado, cenas de nado que não podia mexer muito para não subir a areia e turvar a imagem, as cenas com os animais, arara, cobra, jacaré. Fomos em uma fazenda de jacarés. Eu gosto muito das cenas de ação, encontrava muito prazer em fazê-las.

quinta-feira, 18 de abril de 2024

.: Entrevista: Davi, campeão do BBB 24, escolhido pelo público, do início ao fim

Davi. Foto: Globo/ João Cotta  

Escolhido pelo público, do início ao fim. Da primeira à última decisão popular, muita coisa aconteceu com o baiano Davi em 100 dias na casa mais vigiada do país. Alvo desde a primeira semana, esteve no centro dos grandes momentos da temporada. Seu comprometimento com o jogo era sua maior defesa e não parou nas palavras: se materializou em posicionamentos firmes e em embates arriscados, mas também em atitudes de colaboração, em uma amizade fiel e, por fim, no título de campeão. Julgado pelos seus defeitos, Davi foi também amado pelas suas qualidades e terminou vencedor da 24ª edição do ‘Big Brother Brasil’ nesta terça-feira, dia 16, com 60,52% dos votos. Ele não só conquistou o prêmio de R$ 2.920.000, como chegou ao último dia no pódio que escolheu, tendo ao lado Isabelle e Matteus.

Ao analisar sua trajetória no reality, Davi constata o que lhe impulsionou durante a competição: “A minha maior força para chegar ao primeiro lugar veio desse sonho de criança de ser médico e de dar orgulho a minha mãe, de dar o direito a uma vida com mais conforto para toda a minha família. Eu acho que isso falou bem mais alto e me fez brigar pelo prêmio, me posicionar sempre e ser uma pessoa comprometida com o jogo, do início até o final. Fui para jogar mesmo, para me entregar, para viver o ‘Big Brother’ de cabo a rabo. Piquei a mula para frente e botei para andar. Mesmo com todas as dificuldades que eu passei no programa, Deus olhou para mim e fez a minha estrela brilhar”.

Na entrevista a seguir, Davi avalia em detalhes a sua trajetória no ‘BBB 24’, fala sobre as amizades e as movimentações de jogo. O baiano de Salvador revela, ainda, como pretende retribuir o carinho que vem recebendo do público nesta nova fase de sua vida e o que espera da carreira na Medicina.


Você foi o grande campeão do ‘BBB 24’. A que atribui essa vitória?

Eu acho que o que me levou ao primeiro lugar foi não desistir nunca do objetivo pelo qual eu fui lá dentro lutar: ser um médico, um doutor. É um sonho que eu tenho desde pequeno. A gente quer vencer, ultrapassar barreiras, testar nossos limites e ir para cima dos sonhos. Se a oportunidade chegou, a gente vai abraçar, independentemente dos espinhos que estiverem na frente. A minha maior força para chegar ao primeiro lugar veio desse sonho de criança de ser médico e de dar orgulho a minha mãe, de dar o direito a uma vida com mais conforto para toda a minha família. Eu acho que isso falou bem mais alto e me fez brigar pelo prêmio, me posicionar sempre e ser uma pessoa comprometida com o jogo, do início até o final. Fui para jogar mesmo, para me entregar, para viver o ‘Big Brother’ de cabo a rabo. Piquei a mula para frente e botei para andar. Mesmo com todas as dificuldades que eu passei no programa, Deus olhou para mim e fez a minha estrela brilhar. Com toda a humildade, eu consegui chegar aqui no primeiro lugar.


Foram 100 dias intensos na casa mais vigiada do Brasil. Quais foram os altos e baixos dessa experiência para você?

Os baixos foram todas as brigas, os momentos em que as pessoas me desprezaram dentro da casa. Os Sincerões foram muito pesados, mexeram muito com a dinâmica do jogo. Eu sempre fui o alvo principal do Sincerão, toda segunda-feira, e isso refletia a semana toda na casa. Eram vários assuntos que as pessoas inventavam sobre mim lá dentro, me acusavam de coisas que eu não era, então aquilo me fez sofrer bastante. Foram momentos em que eu me senti muito para baixo dentro do jogo. Quando a Leidy jogou as minhas roupas na piscina, eu me senti muito humilhado. Eu queria mesmo fazer alguma coisa, mas apesar da vontade, eu sabia que não era aquela pessoa. Eu sou alegre, divertido, brincalhão e não a pessoa que eles queriam que eu me tornasse. Eu tinha sonhos e fui ali para lutar por um objetivo. Eles queriam me transformar numa pessoa que eu não era, então esses momentos foram muito difíceis. Eu sempre quis o bem das pessoas e elas sempre querendo me colocar para fora da casa.

Os melhores momentos foram as grandes amizades que eu construí no decorrer do jogo, como a Isabelle, o Matteus e outras pessoas que eu vou levar para o resto da minha vida. Além disso, as provas que eu consegui ganhar e as conquistas que eu obtive lá dentro. É um programa de ganhos, aonde a gente vai para conquistar bens materiais. Eu consegui conquistar os dois carros, o dinheiro, a liderança... As mesas de café da manhã e de almoço que eu montava para a galera foram bons momentos dentro da casa. As alegrias, as dancinhas, a questão do ‘Calma, calabreso’, que teve uma repercussão positiva aqui fora. Lá dentro eu falei isso de forma natural, soltei naquela hora ali e deu certo. Eu agradeço a Deus, porque Ele sabe o que faz. E agora na final, esse grande momento que eu estava esperando e pelo qual eu lutei o tempo todo, que foi sair vitorioso, o campeão do ‘Big Brother Brasil’.


Do início ao fim da temporada, você optou por um jogo de comprometimento, como falou lá dentro. Antes de entrar no BBB, você planejou a estratégia que desejava seguir? Como se preparou para o game? 

Não tem cartilha para jogar o ‘Big Brother’. Antes do início do programa, quando eu já estava no confinamento, eu comecei a pensar o que iria fazer dentro da casa. Mas quando eu cheguei lá, me deparei com muitas situações, com pessoas de personalidades diferentes. A gente tem que se comprometer, ser sincero, falar na cara a verdade, não fugir dos embates, das brigas. Eu sempre ia pro embate, sempre colocava a minha opinião sobre qualquer assunto dentro da casa. Eu sempre deixei isso bem claro.


Chamou atenção do público e dos brothers o fato de você ter assistido apenas à última temporada do programa, o BBB 23. De fato, não costumava acompanhar o BBB? O que te motivou a se inscrever no reality?

De fato, eu não costumava acompanhar o programa. Eu assisti só ao do ano passado, o ‘BBB 23’, que a Amanda ganhou. Ela se inscreveu para o programa com o objetivo de quitar a faculdade de Medicina, porque ela tinha financiado 100% do curso. E como eu tenho o sonho de ser médico, eu falei: ‘A esperança é a última que morre, então eu vou me inscrever no programa’. E graças a Deus, consegui sair de lá com o meu objetivo. Foi isso que me inspirou a entrar no programa, esse foi o incentivo.


Outro ponto comentado dentro e fora do confinamento foi o fato de não conhecer artistas e celebridades consideradas populares, até mesmo integrantes do Camarote desta edição e famosos que visitaram a casa durante a temporada. Como era sua relação com a internet e as redes sociais antes de entrar no BBB?

Minha relação com a internet era bem pouca, porque na minha infância e na adolescência, até o ano passado, eu não era de ficar mexendo. Eu sempre tive que trabalhar e ir à luta, nunca tive tempo de ficar me comunicando, brincando ou jogando. Então, eu era meio perdido nesse lado de internet, por isso que eu não conhecia muitos artistas. Até quando eu cheguei na casa, alguns camarotes eu não conhecia mesmo. Acho que foi por não ter tido muito tempo, já que desde a infância até agora, antes de entrar no ‘Big Brother’, foi muito trabalho. Mas vou passar a me inteirar mais desses assuntos.


Logo na primeira semana, você foi ao paredão. Depois, enfrentou sucessivas berlindas. Por que acha que se tornou alvo da casa tão rapidamente?

Logo na primeira semana, teve aquela conversa e o mal entendido do Binn comigo sobre a questão do Camarote; também teve aquela briga minha com o Nizam. Quando o Binn trouxe o argumento dizendo que eu falei que Camarote não merecia ganhar o prêmio, eu não me recordava de falar isso e mantive a minha opinião firme e forte. A partir daquele momento, a galera da casa começou a me olhar de uma maneira diferente por algo que eu nunca falei, e eu comecei a me tornar alvo das pessoas. Eles tiveram uma percepção diferente de mim, não procuraram investigar ou saber a história direito. Nem eles mesmos, que estavam na conversa, lembravam. Ele [Binn] trouxe uma frase meio distorcida, com um mal-entendido dele próprio, e foi ali que começou toda a confusão comigo.


Você parecia tranquilo nas noites de eliminação. Como foi enfrentar vários paredões? Você realmente ficava tranquilo? O que se passava na sua cabeça nessas ocasiões?

Eu sempre mantinha a fé em Deus. Eu sofri muito na minha infância, quando pequeno, e agora, já adulto, eu tive que transformar toda a minha sofrência em alegria. Nunca pensei em ficar para baixo, então o que tivesse que acontecer aconteceria. Foi muito difícil enfrentar vários paredões no ‘Big Brother’, porque ali dentro você se depara com a rua, com a possibilidade de ser eliminado e, ao mesmo tempo, com o seu sonho de continuar no programa. O fato de saber que todas as atitudes que eu tomava dentro da casa, referentes a minha pessoa, não eram atitudes erradas – era eu mesmo tomando as minhas decisões, naturalmente – me deixava mais tranquilo. Ter consciência sobre a minha conduta e sobre os meus passos dentro da casa me fazia ficar tranquilo. Eu sabia quem eu era e o que eu estava fazendo. Eu não tinha o que temer no paredão se eu não fiz nada grave nem para prejudicar alguém. Simplesmente agi conforme a dinâmica do jogo pediu, fui para jogar.


Você teve diversos embates calorosos com Rodriguinho, Nizam, Lucas, MC Binn, Yasmin Brunet, Leidy Elin, entre outros. Quem considera ter sido seu maior adversário na competição e por quê?

O meu maior adversário no programa foi, com certeza, o MC Binn. Desde o início do jogo, a gente teve embates, começando por aquele mal-entendido e se arrastando pelo jogo inteiro.


Você costumava organizar as refeições no BBB, afirmava que gostava de fazer o mesmo aqui fora. Isso fez parte de uma estratégia de jogo, em algum momento, como adversários seus chegaram a dizer?

Não fez parte de nenhuma estratégia de jogo. Antes de entrar no ‘Big Brother’, eu passei pelo Exército e lá eu aprendi a cozinhar, a lidar com a cozinha. Quando eu era pequeno, não sabia fritar um ovo, não sabia fazer nem um arroz. Quando entrei no Exército, eu aprendi muita coisa. E isso vem da minha determinação, da minha vontade de querer fazer e dar o meu melhor – tanto de limpar a casa, até cozinhar. Eu não fiz curso, não fiz nada. Aquilo ali é a minha vontade de agradar as pessoas e querer o bem delas. Eu gostava de fazer e se tornou um hobby meu. Eu gostava de ver as pessoas felizes. Muitas vezes eu estava na Xepa, onde não tem muitos itens, e eu fazia para dar uma melhorada na alimentação, porque é algo que mexe com o nosso psicológico, então eu queria ajudar as pessoas dentro da casa.


Você e a Isabelle foram os dois participantes que entraram na casa por escolha do público e tiveram uma grande amizade no confinamento. Qual foi a importância dela para o seu jogo? E como foi conciliar a relação amizade x jogo, já que ela sempre deixou claro que não queria competir em dupla?

A fase mais importante foi logo no início, quando as pessoas me desprezaram muito, me deixaram de escanteio dentro da casa, e eu não tinha mais ninguém para conversar a não ser a Isabelle. Nesse momento, especialmente, ela teve uma grande importância para mim, porque a gente conversava, a gente brincava. É uma pessoa que não me desprezou em momento nenhum, que sempre esteve comigo. Ela me apoiou, me abraçou. Algum tempo depois, eu fui começando a conversar com outras pessoas, a me entrosar mais, e ela me incentivava. Ela me ajudou bastante.

Em relação ao jogo, foi muito tranquilo equilibrar, porque quando se trata de uma amizade, e não de jogar, a gente sabe respeitar o espaço e o limite de cada um. Como eu gosto muito dela e ela, de mim, a gente se aproximou por amizade. Então, foi uma coisa que aconteceu de forma natural, desde o início.


No começo do programa, você tentou uma aliança com integrantes do quarto Fadas e fez uma sugestão à Alane para troca de imunidades, caso ganhassem o Anjo. Mas foi depois da saída da Deniziane que vocês realmente passaram a jogar juntos. Qual era a importância da formação da aliança com o Fadas para o seu jogo?

Eu e a Isabelle chegamos a um certo ponto em que amigos divergem de opiniões, brigam, discutem. A gente teve uma discussão e ela disse que não queria mais conversar de jogo comigo. Como eu era uma pessoa que gostava conversar de jogo, eu tive que procurar pessoas para fazer isso. Foi quando eu tive que criar essa abertura. Eu sabia que a casa toda estava me desprezando, mas tive que ir atrás das pessoas. Eu achei interessante, analisei os comportamentos e procurei me entrosar com as melhores pessoas, no meu ponto de vista. Eram pessoas verdadeiras, de corações bons. Antes da saída da Deniziane, eu tentei ir, mas enquanto ela estava na casa, não me deu essa abertura para jogar junto com eles. Mas logo após a eliminação dela, eu pude me entrosar com o Matteus, a gente começou a malhar junto... Ele também estava precisando de mais força e a nossa amizade começou ali. As meninas também me conheceram melhor, viram o ser humano que eu sou e a nossa amizade foi acontecendo de forma natural. Eu queria conversar de jogo com a Isabelle, mas ela não queria. Acabou que a gente foi jogando juntos e viemos até o final.


Você conquistou mais de 9 milhões de seguidores e muitos fãs. Que mensagem gostaria de deixar para essas pessoas? O que elas verão de Davi nas redes sociais daqui por diante?

Como eu saí do programa e agora estou tendo em vista toda essa quantidade de fãs, de pessoas que me admiram e que abraçaram a minha história, eu queria muito agradecer a quem votou em mim, que confiou, que acreditou e que me deu mais uma chance, a cada vez que eu ia para o paredão, de continuar na casa e poder chegar à final. O meu sentimento é de eterna gratidão a essas pessoas do Brasil que se identificaram com o meu caráter, com o meu jeito de ser, com a minha personalidade. Viram que eu não era uma pessoa falsa nem manipuladora. Então, eu quero agradecer de coração e dizer que eu vou continuar dando o meu melhor aqui fora, como dei no ‘Big Brother’. Vou me empenhar mais em tudo o que for preciso para poder transparecer para o público o que eles pedem e esperam de mim. Eu prometi que entraria no programa para lutar para ser um médico e eles vão ver isso acontecer. Sei que é uma faculdade muito demorada, mas eles vão poder acompanhar toda a minha trajetória lá dentro, de estudo, de dedicação. Tudo o que for acontecendo eles vão poder acompanhar. Eu quero passar ao público essa confiança, porque eu não entrei no ‘Big Brother’ para ganhar o dinheiro, simplesmente, e sumir no mapa. Eu entrei lá para lutar pelo meu sonho. Eu vou buscar esse sonho e mostrar para eles que eu entrei lá para ser campeão, mas também para ser alguém na vida, para ser um doutor e dar orgulho a minha mãe, como eu sempre falei dentro da casa.


O que pretende fazer nessa fase após o programa, agora que é conhecido nacionalmente?

Quero entrar na faculdade de Medicina, me tornar um doutor. Quero ser um médico-cirurgião e me especializar nas áreas, estudar mais, fazer um mestrado, um doutorado, um pós-doc e por aí vai. Minha meta é ser um cirurgião-geral e, com fé em Deus, não parar de estudar.


Além da faculdade, o que deseja fazer com o prêmio que conquistou no BBB?

Eu tenho o sonho de dar uma casa para minha mãe morar em paz, estabilizar a vida dela sem se preocupar de trabalhar. Quero dar uma vida melhor às minhas irmãs, um trabalho digno para uma e uma escola boa para a outra pequena poder estudar. Quero também dar uma condição boa para o meu pai se manter na vida. Acho que dar uma vida melhor para a família é um grande sonho no Brasil e no mundo, e esse é um dos que eu tenho.

 

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.: Isabelle, a amazonense: entrevista com a terceira colocada do BBB 24

Isabelle - Foto: Globo/João Cotta


"Meu maior objetivo era, de fato, ser campeã. E eu consegui alcançar. Essa vitória vem independentemente do pódio, em um sentimento de merecimento com o carinho do povo, os trabalhos que já estão chegando. Eu entrei com o interesse de ser campeã, e saio campeã". É com esta afirmação que Isabelle celebra, com muito entusiasmo, a terceira colocação do "Big Brother Brasil 24" (com 14,98% dos votos). A amazonense entrou no jogo decidida a honrar sua cultura e seguir seu coração, e não desviou desta rota em nenhum momento. Também por isso, se arriscou em um jogo solo que a levou até a final, não sem antes gerar críticas e desconfiança nos adversários. Foi a fiel-escudeira de Davi, manteve amizades com outros participantes com os quais também não jogou junto, engatou um romance no finalzinho da competição com Matteus – que começou a temporada como um de seus principais oponentes – e concluiu a participação no BBB com o sentimento de dever cumprido.

Nesta entrevista, Isabelle revisita os momentos que passou no jogo e fala, também, sobre a força de sua participação fora da casa, que uniu os bois Caprichoso e Garantido, do Festival de Parintins, em prol de sua permanência.

 

Você chegou à grande final da temporada e saiu com o 3º lugar. Na sua visão, o que te levou a esse título?

Acho que o que me trouxe esse título foi ter uma personalidade única, apesar de não ter agradado a todos, e uma forma muito íntegra de jogar. Outra coisa que também pode ter me levado a essa grande final foi meu carisma, minha alegria, essa luz toda que irradia vinda dessa ancestralidade cultural que tenho muito orgulho, que é de Parintins. Unificando isso à força do povo amazônica, que fortalece todo mundo que sai do Amazonas em busca de uma oportunidade. Então, acho que a minha torcida e o meu povo me fortaleceram muito para chegar até aqui. Também acredito que nos primeiros paredões, logo no início do jogo, a minha amizade com o Davi. Nós dois jogávamos de forma unilateral, o que nos fortaleceu como jogadores e como amigos e irmãos lá dentro. Então, acho que esses pontos contribuíram para que eu chegasse na final. E muito jejum e oração, orei muito lá dentro (risos).


Como foi chegar à final com o Davi, seu grande amigo, e o Matteus, seu crush na casa?

O Davi nunca deixou de ser meu top 2, desde o começo do jogo, e eu era o dele. Do fundo do meu coração, sem pavulagem, fico muito feliz com a vitória do Davi porque eu conheço a história dele e sei o sufoco que ele passou lá dentro, acompanhei desde o começo. Obviamente eu queria sair milionária e conseguir realizar o sonho da minha família de uma vez por todas, mas me alegra a vitória dele. Fico feliz como se fosse eu. Já o Matteus foi algo improvável porque ele não era meu top, éramos adversários, mas o finalzinho teve uma grande virada. Tanto que ele me mandou para o paredão nesses últimos dias. A gente deixou o coração de lado e foi jogar. Isso é jogo também. O Matteus foi uma grande surpresa, mas foi muito legal porque a gente pôde ficar se cheirando um pouquinho mais (risos).

 

Há diferenças entre a Isabelle de antes do ‘BBB 24’ e a de hoje? Quais foram as mudanças?

Acho que agora eu consigo considerar a minha resiliência porque lá dentro a gente se renova a cada dia. A dinâmica faz você se renovar. Eu entrei cheia de alegria, empolgação, extrovertida como eu sou, porém sem certeza das minhas fraquezas. E hoje saio muito alegre, grata, empolgada e resiliente, mas certa de que eu tenho fraquezas como todo mundo, como qualquer ser humano, principalmente estando em um confinamento. Quando eu entrei, tinha certeza de que eu não ia ter fraquezas e medos. E lá dentro eu tive medos, carência, muita saudade e fraquezas. Saio com a certeza de que eu sou um ser humano comum, principalmente dentro de um confinamento.

 

Qual era o seu maior objetivo ao entrar no reality? Acredita ter conseguido alcançá-lo?

Meu maior objetivo era, de fato, ser campeã. E eu consegui alcançar. Essa vitória vem independentemente do pódio, em um sentimento de merecimento com o carinho do povo, os trabalhos que já estão chegando. O valor do prêmio eu vou trabalhar aqui fora para conseguir fazer e acredito que, em nome de Jesus, vou conseguir em breve. E todos os sonhos que eu tenho vão se realizar, como o da casa própria, de tirar minha mãe do aluguel e dar a ela uma vida melhor. Eu entrei com o interesse de ser campeã, e saio campeã.

 

E qual foi o seu maior medo lá dentro?

Meu maior medo foi sobrecarregar as pessoas dentro e fora da casa levando emoções minhas. Porque você fica muito carente, triste, nervoso, e isso acontece sem querer. Então, eu acabei me sobrecarregando, guardando muitas coisas para mim. Por um lado, isso me deixava com a consciência tranquila, mas por outro fiquei um pouco triste. Mesmo tendo companheiros e aliados, eu não conseguia desabafar alguns sentimentos. Foi um grande desafio. Outro medo era a possibilidade de votar em pessoas que eu gostava. Na reta final, por exemplo, tive que pensar em votar na Giovanna, de quem eu já tinha sido próxima um dia. Estava distante naquele momento, mas não queria ter que votar nela por ter essa gratidão de que um dia ela me ajudou. Isso pesou muito para mim.

 

Durante o programa, você deu grande visibilidade ao festival de Parintins e à cultura amazonense. Como se sente ao saber que essa representação alcançou todo o Brasil através da sua participação no reality?

Esse é um dos motivos de eu ter entrado, para ser campeã e para levar um pouco da minha cultura nortista e amazonense de Parintins, da qual eu tenho muito orgulho. Eu sou o Festival de Parintins porque vivo isso desde cunhatã. Poder falar um pouco do valor que é o Festival de Parintins, que é do Norte, do Brasil, mas que muitas pessoas ainda não conhecem, me alegra muito. É uma festa, mas também uma fonte de renda para muitas pessoas. Por exemplo, alguns pescadores na época do Festival de Parintins viram pintores das alegorias. Ganham uma renda extra e sustentam suas famílias com isso. É uma festa que movimenta muitas vidas não só em Parintins e Manaus, mas no Amazonas e no Norte. Pessoas de Belém e Santarém, no Pará, de Roraima e outros estados vão para Parintins também. É uma grande fonte de renda para o povo que vive da arte. Fora essa paixão de dividir um pouco da cultura que fala dos povos indígenas, dessa magia que a floresta tem quando a gente a preserva, sobre a mãe natureza e os animais. Me sinto engrandecida e uma porta-voz de muitas outras vozes que podem ser ouvidas, mas estão camufladas.

 

Com a repercussão do programa, os bois Garantido e o Caprichoso se uniram para torcerem por você. O que isso representa?

Eu sou uma gota nesse oceano. O nosso Festival de Parintins já existe há mais de 50 anos e os bois, há mais de 100. A gente vive uma rivalidade saudável e essa unificação acontece quando alguma voz do Amazonas sai para ganhar o mundo. Sou muito grata e muito feliz, jamais em toda a minha vida apostei que isso aconteceria. Eu falaria de Parintins mil vezes, como falei, tanto do Boi Garantido quanto do Boi Caprichoso, porque um não existe sem o outro. É por isso que saio do programa me sentindo uma campeã. Eu não me vejo num pódio inferior. De verdade, me sinto muito campeã.

 

Você chegou a vencer uma prova do líder, mas cedeu o privilégio para a Beatriz. Depois de um grande impasse, por que tomou essa decisão?

É aí que entra essa questão de eu me colocar no lugar do outro. Dentro do jogo é necessário, muitas das vezes, você se priorizar, e aquele momento foi mais um dos que eu me coloquei no lugar dela. Ela falou muito sobre a festa, sobre o quanto ela precisava da imunidade porque estaria mais no alvo do que eu. Então, aquilo tudo mexeu muito comigo. Eu poderia ter sido mais incisiva, mas acho que foi como tinha que ser. A gente podia entrar num impasse e eu fiquei com medo de o Tadeu tirar a liderança de nós duas e dar para outra pessoa, então eu cedi para resolver a situação. Óbvio que o dinheiro me adianta muito, mas não nego que naquele momento queria muito ter vivido o sabor da liderança, para administrar o jogo e para ter a minha festa. Mas Deus sabe o que faz, aquele momento foi necessário.

 

Desde a entrada na casa, você permaneceu ao lado do Davi, mesmo quando a maioria dos participantes se voltou contra ele. Como avalia essa relação e que impactos a sua decisão por estar com o Davi levou para o seu jogo?

Não foi uma coisa que eu decidi, aconteceu naturalmente. A gente tinha alguns alvos em comum no jogo. Eu conheci o Davi no puxadinho e ele já veio para mim com um sorriso e conversas incríveis. Era um menino, um curumim muito feliz, alegre e gente boa. Quando começou o jogo, com a personalidade dele de jogador, eu vi que as pessoas não queriam ter a oportunidade de conhecê-lo. Elas queriam ter opções de voto e ele foi um voto confortável por muito tempo para a casa. Eu via aquilo e pensava que a pessoa de quem elas estavam falando não era a mesma que eu conhecia, mas eles também não queriam conhecer. Eu o via muito sozinho e excluído, e aquilo me deixava triste. Não queria que ele se sentisse assim, é uma sensação que ninguém merece ter. Eu o incentivava muito a ter outros amigos para não ficar tão isolado e por uma questão de jogo, porque é uma dinâmica de convivência. Muitos conselhos meus ele ouvia e vice-versa. A gente às vezes divergia, mas se respeitava no posicionamento. Entre subidas e descidas, não me arrependo de absolutamente nada. Voltaria e faria tudo exatamente do jeito como foi.

 

Vocês dois construíram uma grande amizade no confinamento, mas o jogo não foi tão afinado assim. O que acha que faltou nessa parceria para que pudessem formar uma aliança de game também?

É que ele pensava no jogo de uma forma muito incisiva e eu já era mais coração. Por exemplo, quando ele tinha uma questão com alguém, ele ia lá e resolvia na hora, e eu não, tento dar um pouco mais de espaço. Nesse ponto não tinha essa conexão, mas eu queria o conhecer além do jogador porque ele tem uma história de vida incrível. E a gente sempre teve alvos em comum, como o Bin, Nizan, Rodriguinho, Fernanda, o que aconteceu de forma natural, não foi algo que a gente combinou.

 

Apesar da aproximação com os integrantes do Puxadinho – Michel, Giovanna e Raquele – você também optou por não jogar com eles e isso acabou gerando um certo afastamento entre vocês. Por que essas amizades também não se transformaram em uma aliança na competição?

Porque eles tinham os meus alvos como aliados e isso dificultou para mim, não tinha como voltar atrás. Não tinha como mudar o Buda [Lucas Henrique], Bin e Fernanda de alvos para aliados. Mas eu acho que nós poderíamos ter, sim, sido amigos e deixado o jogo um pouco de lado. Eu fiquei triste da forma que as coisas aconteceram, me sentia muito sozinha, sentia falta de ter amigas mulheres dentro da casa, mas a gente acabou se afastando. Vi que eu não era prioridade e aconteceu.

 

Você defendia que jogava sozinha e tomava suas próprias decisões em relação às movimentações na casa. Qual era sua estratégia para chegar à final do BBB?

Em dia de votação, eu ouvia muito as pessoas, observava os cenários e votava conforme eu acreditava, tanto para mim quanto para a harmonia da casa. A minha estratégia para chegar à final, de verdade, sempre foi entender a dinâmica do jogo e viver tudo o que estava acontecendo. Eu nunca pensei em me aliar a alguém porque x ou y iam me ajudar a chegar á final. Sempre imaginei que as coisas iam acontecer naturalmente, como aconteceram na minha entrada no grupo Fadas. Meu interesse maior ali era ganhar provas. Infelizmente não fui líder, mas acho que o jogo foi acontecendo e eu não fugi dos embates. As pessoas falam que eu era planta, mas senti que fugiam muito de um embate comigo. Tanto que eu fui indicada ao paredão por líderes, nunca foi a casa se unindo para votar em mim. Eu ficava me questionando “de onde eu vou tirar embate com essas pessoas que não querem um embate comigo?”. A pessoa que não tem embates acaba ficando de fora dessas situações que também fazem parte da dinâmica, o dedo na cara. Eu não tinha como brigar sozinha por coisas que não faziam sentido para mim.

 

Fora da casa, o fato de “jogar sozinha” foi visto por algumas pessoas como falta de movimentação. Como enxerga esse apontamento?

Não só fora, mas também dentro da casa. Isso começou a me agoniar um pouco, as pessoas falando que eu tinha que me movimentar. Está errado, não existe um padrão para ganhar o 'Big Brother Brasil'. As pessoas faziam tanta pressão que eu acabei, quando entrei no grupo Fadas, me precipitando em algumas falas. Por exemplo, montar um pódio. Eu não estava preparada, naquele momento, para formar um pódio e acabei me precipitando numa conversa no quarto. Esse desespero de ter que formar uma opinião rápido para agradar as pessoas, para mim, foi um dos meus erros. Eu não deveria ter feito isso. Se eu comecei o jogo de forma unilateral e os rumos estão seguindo por uma forma que eu não concordo, eu tenho que seguir unilateral. Não afetou meu jogo, porque eu cheguei à final, mas lá dentro fiquei um pouco agoniada. O que é movimentação de jogo, é arrumar briga com alguém? Essa é a única forma de movimentação de jogo? Não existe uma fórmula para ganhar o programa, movimentação certa ou errada, não existe verdade absoluta. Lá dentro são personalidades, culturas e criações completamente diferentes. Cada um joga do jeito que achar que tem que ser. Não existe chegar à final sendo planta, ninguém passa despercebido pelo 'Big Brother', ainda mais nessa edição que teve várias dinâmicas, paredão turbo, 26 jogadores. Como é que alguém chega a uma final sem jogar? Eu vivi o meu jogo, não foi o de outra pessoa.

 

Nos últimos dias, você se entregou ao romance com o Matteus. Depois de hesitar, por que decidiu viver essa relação na casa?

Eu hesitei muito por conta do que ele tinha vivido no começo com a Anny [Deniziane], respeito muito ela como mulher e me coloquei no lugar dela. O Matteus era um alvo meu declarado por vários motivos. Depois a gente começou a ter uma conexão dançando juntos, mas tínhamos essa rixa de adversários. Quando comecei a andar com o grupo Fadas, percebi que ele não podia mais ser uma opção de voto porque a gente andava juntos. Conversando com as meninas, eu vi que existia um carinho que não era só da minha parte. Então, a gente conversou, ele falou que queria já tinha um tempo e explicou que não sentia mais como se tivesse um compromisso porque ela tinha terminado o relacionamento. Como eu tinha falado que eu não ia ficar com ele, me senti incoerente, mas como é que mantém a coerência dançando com um homem desse? (risos) A família dele veio falar comigo já, vou lá para o Alegrete conhecer o sofá que a avó dele gravava os vídeos do anjo (mais risos). Bora ver!

 

Enxerga a possibilidade de manter o relacionamento com ele fora da casa?

Eu trabalho muito, tenho que ajudar a minha mãe, e a gente vive muito longe um do outro. Eu já tive um relacionamento à distância anos atrás e foi uma experiência gostosa, mas teve algumas marcas não tão boas. Mas eu vou lá conhecer a terra dele e ele com certeza também vai lá no Amazonas visitar.

 

Quais os planos para daqui para frente, pós-BBB? Pretende voltar para o Amazonas e continuar sendo a cunhã-poranga do Garantido?

A gente vai ter o Festival de Parintins agora em junho. Tem ensaio, correria e uma grande loucura já acontecendo e vou me preparar para o festival. Quero muito trabalhar e conquistar aqui fora o dinheiro do prêmio do programa. Gostaria muito de trabalhar com comunicação, eu gosto muito de falar. Queria ter a experiência de trabalhar na TV, mas não me vejo como atriz. Não sei se a Globo me daria uma oportunidade dessa, mas se tiver que estudar, estou preparada para isso. Vou ver o que Deus tem para mim, para trabalhar e ajudar minha mãe.

 

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quarta-feira, 17 de abril de 2024

.: Entrevista: Andréa Gaspar fala de "Inspetor Sopa e o crime do mosteiro"

Em entrevista, Andrea Gaspar fala sobre o cenário de "Inspetor Sopa e o crime do mosteiro", série de livros protagonizada por um detetive brasileiro inspirado no Comissário Maigret. Foto: divulgação


A ficção e a realidade andam lado a lado em "Inspetor Sopa e o crime do mosteiro", segundo volume da série policial escrita por Andréa Gaspar. O protagonista, um detetive “flanêur” que dá nome ao livro, caminha por ruas e bares do Rio Janeiro enquanto investiga o assassinato de um monge dentro do Mosteiro de São Bento.   

Em meio às vielas, a investigação do crime se mistura à história da capital fluminense. A narrativa apresenta fatos históricos e curiosidades sobre o local, como a criação de edifícios arquitetônicos, a cena da MPB e a formação das favelas cariocas. Para a escritora, a ambientação faz toda a diferença no desenrolar das tramas policiais, nas quais a cidade assume um papel de personagem coadjuvante. 

Detetives clássicos da literatura também fazem os leitores passearem pelo cenário, como Hercule Poirot, Sherlock Holmes e Comissário Maigret – nomes que são grandes inspirações para a criação do estilo investigativo do Inspetor Sopa. Nesta entrevista, Andrea Gaspar conta sobre a importância de colocar o Rio de Janeiro no centro do enredo, destacando lugares e culturas que passam despercebidas no dia a dia. Confira a entrevista com a autora Andréa Gaspar!


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Além de professora de português para estrangeiros, advogada criminalista, atriz, poeta e romancista, você também é detetive particular. O que fez você se interessar pelo universo do crime? E como a sua formação criminal impacta na construção das narrativas?

ANDRÉA GASPAR: Parecem coisas desconectadas, mas a verdade é que sempre fui uma pessoa com um perfil multifacetado e muito curiosa. Sei que tem gente que escolhe uma profissão desde criança e não muda nunca, mas eu nunca fui assim. Sempre tive interesses diversos e me arrisquei em tudo. Mas existe um ponto em comum entre todas essas profissões que é justamente a escrita e a literatura. Sou aficionada pela literatura policial desde criança porque entendo que, por meio da literatura policial, podemos discutir todos os aspectos centrais da existência humana.  

Fiz o curso de detetive no processo de criação do meu detetive. Eu queria entender melhor o universo do detetive particular no Brasil para então decidir se o meu detetive seria particular ou um quadro das forças policiais e acabei decidindo pela segunda opção porque, de fato, no Brasil o detetive particular é mais procurado para resolver casos de adultério, de espionagem industrial e casos de desaparecimento. Os crimes de morte propriamente ditos ficam por conta das forças policiais oficialmente constituídas.  


Um dos pontos altos de Inspetor Sopa E Crime Do Mosteiro é a ambientação histórica e cultural no Rio de Janeiro, passando por igrejas barrocas e pelo Morro da Providência, considerada a primeira favela carioca. Na sua visão, qual a importância de conectar os leitores com esse cenário?

ANDRÉA GASPAR: Eu entendo que a cidade é um personagem coadjuvante nos romances policiais. O inspetor (ou o detetive), conforme investiga os crimes, percorre os caminhos da cidade. Os detetives clássicos como Poirot, Sherlock Holmes, Comissário Maigret, Vish Puri (da literatura indiana), todos são detetives que contam sobre o cenário em que o crime aconteceu. E fazem o leitor passear pelas ruas e vielas com eles. O Sopa é esse inspetor flâneur que caminha pelas ruas do Rio. É assim que atraio o leitor para encantos do Rio, uma cidade que respira história e que tem muita história para contar, desde o surgimento da primeira favela do Brasil até os palácios que a Monarquia e República usaram como sede, passando pelas igrejas onde se encontram os restos mortais de Pedro Álvares Cabral e onde foi realizado o casamento de D. Pedro I e a Imperatriz Leopoldina. É tudo muito interessante e, infelizmente, subvalorizado. Eu tento lançar uma luz sobre esses cenários incríveis. 


O detetive Sopa vaga sem rumo pelas ruas em busca de lazer, observando e passeando. Além de referências clássicas estrangeiras que você citou, como Sherlock Holmes, quais personagens da literatura brasileira inspiraram a criação do personagem?

ANDRÉA GASPAR:As minhas referências datam mesmo do início do século: João do Rio, Machado de Assis, Lima Barreto e, mais recentemente, Nelson Rodrigues e Ruy Castro. Embora não sejam autores policiais, todos perambulavam (ou no caso do Ruy Castro, perambula) pelas ruas do Rio. Como referência policial, eu tenho o comissário Maigret que é um personagem do Georges Simenon (autor belga que ambientou o seu detetive na França). O Maigret perambula pelas ruas de Paris, parando nos bares, restaurantes e botecos parisienses e serve de inspiração para o Sopa. 


Você diz que Machado de Assis, Lima Barreto e Nelson Rodrigues são algumas das suas inspirações literárias. Hoje, quem você enxerga como referências na literatura brasileira de romance policial?

ANDRÉA GASPAR: Eu acho que existe uma lacuna a ser preenchida. Temos o grande Luiz Garcia Rosa na linha do detetive clássico e o Raphael Montes na linha dos romances policiais de aventura, que é o termo que uso para diferenciar o detetive clássico do romance policial. O detetive do Luiz Garcia Rosa, o Espinoza, concentrou sua área de atuação em Copacabana, Bairro Peixoto e adjacências, embora tenha explorado também o centro do Rio. E o Raphael Montes vai por uma linha policial mais hardcore. Mas, de fato, na linha policial de entretenimento que é o caso da série do Sopa, acho que não conheço atualmente nada no mesmo gênero. Evidentemente, hoje em dia é impossível ter essa informação com certeza porque tem muita publicação nova todos os dias e não temos tempo de acompanhar tudo. 


A saga policial terá um terceiro volume, com lançamento em breve: Inspetor Sopa e o caso do desaparecimento. O que os leitores podem esperar para o futuro da série? Você pretende continuar escrevendo mais histórias sobre o detetive?

ANDRÉA GASPAR: No próximo livro, a história vai se passar em São Paulo. É uma oportunidade que dei para o “assistente” do Sopa, o Trombeta, ganhar o protagonismo. Eu gosto muito desse personagem e achei que ele merecia um livro em que ele assumisse a investigação. Então, nesse terceiro volume vou explorar o centro histórico de São Paulo. Para o quarto volume da série, eu volto para o Rio para explorar o universo do samba e dos bailes de gafieira do Rio. 

Eu não tenho intenção de parar. Acho que é um projeto de vida. Então, enquanto houver vida, haverá Sopa. É só chegar com o seu pratinho e se servir.  


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Sobre a autora: Andréa Gaspar é escritora, roteirista, dramaturga, produtora, diretora, atriz e professora de português para estrangeiros. Bacharel em Letras e em Direito, com especialização na Formação de Escritores, publicou seis livros, entre eles “Passante poeta” (2018), “Despedaços” (2015) e “Licor de Pequi” (2014). Em 2019, lançou o primeiro romance policial “Inspetor Sopa e o último copo”, que se tornou uma saga com os livros “Inspetor Sopa e o crime do mosteiro” e “Inspetor Sopa e o caso do desaparecimento”, com publicação prevista para 2024. Com a série literária, recebeu o prêmio durante o VIII Talentos Helvéticos-Brasileiros, promovido pela editora suíça-brasileira Helvetia. 


terça-feira, 16 de abril de 2024

.: BBB 24: entrevista com Alane, eliminada pertinho da final do reality

Foto: Globo. Divulgação

Foram 98 dias no "Big Brother Brasil". Faltaram apenas dois para alcançar uma das três vagas da grande final. Alane, que deixou o reality na noite de ontem, ainda não sabe dizer o que a afastou do pódio mesmo estando tão perto, mas destaca um grande legado dessa participação longeva na competição: "O BBB me ensinou a ter orgulho de mim, a acreditar no meu potencial e a ter mais amor-próprio e autoestima. Querendo ou não, quando eu voltava de um paredão, eu pensava: 'Nossa, alguém lá fora gosta de mim'. Acho que isso me ajudou muito", reflete, depois de ter enfrentado nove berlindas e ter sido eliminada na última da 24ª edição, contra Isabelle e Matteus, com 51,11% dos votos. 

Na entrevista a seguir, a paraense comenta o emblemático embate com Fernanda no confinamento e revela se está disposta a uma amizade com a sister aqui fora. Ela ainda fala sobre sua relação com os integrantes do grupo Fadas e mostra compreensão quanto à visão dos adversários por ser a recordista do vacilômetro da temporada, embora pondere que o erro foi usado como justificativa confortável nas formações de paredão. Confira:

 

Você passou 98 dias no ‘Big Brother Brasil’ e chegou muito perto da grande final. Faltou viver alguma coisa no programa, na sua visão? 

Dá vontade de viver os 100 dias, né? Eu sei que só faltaram dois, mas eu sou muito intensa. Até falei antes da minha saída que eu sou insatisfeita, no bom sentido, porque eu tenho sempre vontade de mais. Pelo que eu me lembro, e pelo pouco que eu estou vendo, eu fico muito alegre com a minha trajetória e com muito orgulho de mim. Mas a gente sempre fica querendo um pouco mais. Vejo que, em muitos momentos, eu tive medo, e o medo às vezes trava. Eu percebo que, se eu não tivesse tido medo, poderia ter me soltado ainda mais. Mas eu tenho orgulho de tudo o que passei.

 

O que, na sua opinião, pode ter tirado você do pódio nessa reta final? 

Não sei... Eu lembro que a Bia [Beatriz] teve um embate com o Davi, e em alguns momentos eu concordei com ela; não sei como isso pode ter sido visto. Vi que foi uma votação apertada, mas realmente não sei dizer.

 

Você ficou bastante abalada ao perder a prova do finalista na última sexta-feira, já que, com a derrota, estaria direto no paredão. Como foi enfrentar aliados (Matteus e Isabelle) nesta última berlinda? 

Foi muito difícil. Eu enfrentei nove paredões, mas é muito mais fácil quando a gente enfrenta um paredão com adversários. A gente até falava: "Tomara que cheguemos juntos ao top 5". Mas e aí? É inegável: a gente via as pessoas do Gnomos saindo mais. Então, apesar do medo que eu tinha de sair, eu via que os eliminados estavam sendo do outro grupo e sentia isso como uma esperança. Quando afunilou e ficamos nós cinco [Alane, Beatriz, Isabelle, Davi e Matteus], eu não sabia mais que padrão procurar e fiquei claramente apavorada. Fiquei com muito medo não só pela chance de não ir para a final como pela dificuldade de enfrentar pessoas que eu gosto. Seria muito mais fácil ir ao paredão na reta final com vários adversários, embates diretos que eu tive, do que com amigos.

 

Você e a Beatriz chegaram a verbalizar o medo de disputar uma vaga na final ou mesmo o pódio com o casal recém-formado e revelaram arrependimento por tentar uni-los em determinado momento. Acha que o envolvimento de Matteus e Isabelle pode ter sido determinante para a sua saída neste paredão? 

Acho que não. Lá dentro a gente tem muitos medos. Eu tinha medo do passarinho que passava, não voltava, e eu encarava como sendo um sinal (risos). Tudo que ameaçasse a minha ida para a final do programa me daria medo. E isso, como várias outras coisas, me deu medo também. Mas eu não acho que foi decisivo nem nada do tipo.

 

Você tinha a característica de se preparar bastante para as dinâmicas do Sincerão, onde se posicionava com firmeza. De que maneira isso impactava o seu jogo na casa? 

Acho que impactou de uma forma muito positiva. Eu sempre esperava muito pelo Sincerão, mas não como emparedada: eu queria ir como líder. Eu sentia, principalmente no início do jogo, que tinha muita gente na casa e eu tinha medo de não me conseguir fazer ser ouvida. O Sincerão era o momento em que, por estar ao vivo e eu estar falando sozinha, eu tinha certeza de que estavam me ouvindo. Eu sentia que conseguia me expressar, amava! Era meu momento favorito do jogo.

 

Você e a Fernanda protagonizaram um dos conflitos mais emblemáticos da temporada. O que motivou sua rivalidade com ela, que se estendeu por boa parte do jogo?  

Começou nesse embate mesmo. A Fernanda era uma pessoa com quem eu não tinha nenhum tipo de afinidade, principalmente pela divisão de quartos. Quando ela falou do meu corpo, foi algo que me despertou gatilhos que eu já tinha desde a minha infância por causa do ballet e do meu trabalho como modelo. Depois da briga, eu me olhava no espelho e escutava a voz da Fernanda. E a gente já tinha tido o problema do voto antes; o Matteus era líder e descobrimos no Dedo-duro que ela tinha votado em mim, mas tinha falado que não. A partir daí foi virando uma bola de neve. Só que eu via a Fernanda como um embate direto, mas não sentia raiva ou ódio dela. Eu senti raiva no momento da discussão, mas fora isso foi passando. Era uma pessoa que, no final do jogo, eu já estava até pensando em ouvir um pouco da história, achava que era legal e que tinha coisas boas que eu não conhecia, porque só a conhecia da porta do Gnomos para fora – e ela nem ia tanto da porta para fora (risos).   

 

Aqui fora, alguns fãs tinham o desejo de ver uma amizade entre você e ela e comentavam com entusiasmo sobre os poucos momentos de aproximação entre vocês duas na casa. Acha que existe essa possibilidade agora? 

A partir do momento em que a gente sai pela porta do BBB, tudo fica mais leve. Lá dentro tudo tem um peso muito grande. Lembro de uma festa em que a Leidy Elin estava brincando de entrevistar a gente e ela perguntou a pessoa com quem eu não queria ter contato aqui fora. Eu falei a Fernanda. Agora, estando aqui, apesar de ver um pouquinho dos vídeos com o que ela falou sobre mim, é uma pessoa com quem eu tenho vontade de sentar e perguntar: "Tá, e aí? Me explica, o que é que é?". Porque eu olho para a Fernanda e não vejo uma pessoa má. Acho que ela teve momentos de descontrole como todo mundo teve lá dentro. Então, se tivesse uma oportunidade, eu conversaria sim com ela, aconteceria essa possível interação.

 

Seu jeito explosivo em determinadas discussões foi apontado por outros brothers, principalmente pela mudança no tom de voz. Essa é uma característica que já existia aqui fora ou algo que surgiu no confinamento? 

Já acontecia. É que é muito difícil eu sair do sério, mas quando eu saio, eu viro aquela pessoa mesmo (risos). Até no teatro, quando eu interpretava alguma vilã, essa era a voz que eu usava porque é a minha voz forte, de estresse mesmo. Eu entendo que há uma diferença muito grande de uma voz para a outra, mas eu só me toquei realmente disso quando começaram a falar lá dentro. Quando o Tadeu mencionou, eu não sabia se eu ficava feliz ou com vergonha (risos). Mas eu sou assim mesmo. 

 

Você esteve sempre entre as primeiras posições do vacilômetro e as frequentes punições com perdas de estalecas eram motivo de muitos votos. Acha que isso pode estar relacionado ao fato de ter encarado 9 paredões no 'BBB 24' ou outros motivos tiveram mais peso para as indicações dos seus concorrentes? 

Eu via que o meu vacilômetro, apesar de ser uma realidade, era uma justificativa confortável que as pessoas tinham. Por algum motivo as pessoas sempre votavam em mim e usavam a desculpa do vacilômetro; era assim que eu sentia. Não que eu não estivesse errando, de forma alguma, mas eu sentia que era meio "Vou votar na Alane... Vacilômetro!". Tudo era vacilômetro. E eu ficava me perguntando: "Não tem outro argumento, é só isso?". Então com certeza ele influenciou. Mas não era uma coisa que refletia o meu caráter, o meu jeito de jogar. Era uma coisa extra, que era um erro, mas acho que eu poderia ter sido poupada de alguns paredões.

 

Então outras coisas em você incomodavam as pessoas, na sua opinião?

No Bate-papo com o eliminado, ontem, me perguntaram se meus momentos dançando eram algum tipo de VT ou não. E não eram, é algo realmente meu. Mas, pelo pouco que eu vi nos vídeos, acho que isso era visto como VT. Vi a Fernanda comentando algo como se eu estivesse tentando vender uma imagem. Acho que essa sensação que ela tinha fazia com que ela e outras pessoas votassem em mim. Mas também acho que não entravam no confessionário e falavam: "Eu vou votar na Alane porque ela vende uma imagem". Então, usavam a desculpa do vacilômetro. No fundo, talvez fosse por essa percepção do VT. 

 

No início do jogo, você não tinha uma boa relação com o Davi e chegou a recusar alianças com ele. O que aproximou vocês a ponto de formarem um grupo e qual foi a importância dele para que chegassem tão longe na disputa? 

Quem tinha um pouco mais de restrição de jogar com o Davi era a Anny [Deniziane]; ela deixava muito claro que não jogaria com ele. Eu e a Bia sempre gostamos muito do Davi. Fomos criando aproximação mais ou menos na época em que ele estava esperando o Big Fone tocar, acampado. E fui me permitindo gostar dele, independentemente do jogo, porque era uma pessoa que me cativava pelo jeito de ser. Acho que ele influenciou muito nosso grupo em questão de voto em comum, mas como amigo. O Davi é uma pessoa muito focada no jogo. Ele deixava muito claro quem era o pódio dele, falava que eu não estava nele, e por mim tudo bem porque eu não queria saber disso, eu gostava dele independentemente de pódio. E isso segue sendo verdade. Então, acho que ele influenciou muito no jogo, mas, assim como me aproximei das meninas pelo gostar, do Davi também foi por isso. O jogo acontece, mas o gostar influencia. Acho que ele nos agregou muito. A gente já jogava parecido, tinha os mesmos embates, então ajudava.

 

Você fez amizades na casa, especialmente com os integrantes do quarto Fadas. Pretende levar essas relações para fora do jogo? 

Sim! Todo esse top 5 eu quero levar para a minha vida. A Bia, inegavelmente, foi a pessoa com quem mais tive aproximação. É uma grande amiga, uma irmã que o programa me deu. O Marcus Vinicius, a Leidy e a Anny [Deniziane] também. A Anny me ajudou em vários momentos; quando eu ficava nervosa, ela me trazia para a realidade. A Leidy, apesar do embate que tivemos, eu admiro e espero que a gente possa conversar aqui fora. Com o Marcus também, meu conterrâneo de Belém. A própria Fernanda, quem sabe. A Pitel também é uma pessoa que eu admiro muito. Realmente não tenho raiva de ninguém, então, quem quiser ser meu amigo, vai ser, porque eu estou aberta a isso.

 

Quais os maiores erros e acertos que observa na sua trajetória no reality? 

Meus maiores erros foram o vacilômetro e os momentos em que eu guardei coisas para mim. Eu poderia ter falado mais, exposto mais o jogo que acontecia na minha cabeça. Mas, por medo de errar, não falava. Vejo que eram coisas coerentes com o que estava acontecendo. E o meu maior acerto – e acho tão óbvio falar isso – foi ter sido eu mesma e estar aberta a aprender. Aprendi muito no programa. Quando entrei, pensei que estivesse muito pronta, que não erraria, que estava preparadíssima. Conforme foi passando, eu vi que ainda tinha muito a aprender. E tudo bem eu ainda ter muito a aprender, estar vulnerável e com medo. Fui trazendo as lições como coisas que fazem parte do jogo também. 

 

Que aprendizados foram esses?

Eu aprendi a ter muito orgulho de mim. Eu tinha dificuldade com isso, ficava me autodepreciando. E, apesar de ainda rolar um pouco isso, acho que o BBB me ensinou a ter orgulho de mim, a acreditar no meu potencial e a ter mais amor-próprio e autoestima. Querendo ou não, quando eu voltava de um paredão, eu pensava: "Nossa, alguém lá fora gosta de mim". Acho que isso me ajudou muito.

 

Novas oportunidades podem surgir nessa fase pós-BBB. O que pretende fazer agora? Quer investir na carreira de atriz e/ou bailarina? 

O balé sempre fez parte da minha vida e sempre vai fazer, mas a minha carreira de atriz é o meu maior foco agora. Eu me mudei para São Paulo no ano passado e abandonei toda a minha vida em busca dessa carreira, e agora sigo focada nela, querendo muito que dê certo. Quero plantar muito para colher muito lá na frente. O balé eu amo, ele sempre vive comigo. Mas a minha carreira de atriz é, com certeza, o meu foco. Estou ansiosa para tudo que eu vou descobrir, tudo que eu posso fazer, todos os personagens que eu posso viver e para explorar esse meu lado. 


O ‘BBB 24’ tem apresentação de Tadeu Schmidt, produção de Mariana Mónaco, direção artística de Rodrigo Dourado e direção de gênero de Boninho. O programa vai ao ar de segunda a sábado após ‘Renascer’, e domingos, após o ‘Fantástico’. 

Além da exibição diária na TV Globo, o ‘BBB 24’ pode ser visto 24 horas por dia no Globoplay, que conta com 12 sinais com transmissão simultânea, incluindo o mosaico de câmeras, as íntegras e os vídeos dos melhores momentos, edições do ‘Click BBB’ e o ‘Mesacast BBB’, que também terá distribuição de trechos no streaming, no gshow, nas redes sociais e plataformas de vídeos, incluindo a versão em áudio no gshow e nas plataformas de podcast. Todos os dias, logo após a transmissão na TV Globo, o Multishow exibe uma hora de conteúdo ao vivo, direto da casa. O canal ainda conta com flashes diários, ao longo da programação, e com o ‘BBB – A Eliminação’, exibido à 0h30 de quarta para quinta-feira. No gshow, o público pode votar e decidir quem permanece ou deixa o jogo e acompanhar a página ‘BBB Hoje’, as páginas dos participantes e conteúdos exclusivos, como o ‘Bate-Papo BBB’, enquetes e resumos do que de melhor acontece na casa.

 

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