segunda-feira, 16 de junho de 2025

.: Teatro: "A Última Entrevista de Marília Gabriela" no Teatro Porto é reencontro


Espetáculo assistido por mais de 32 mil pessoas ao longo de seis cidades pelo Brasil, retorna à São Paulo para curta temporada. A venda de ingressos abre no dia 24 de abril. Foto: Bob Wolffenson

O Teatro Porto recebe o espetáculo "A Última Entrevista de Marília Gabriela", com Marília Gabriela e Theodoro Cochrane. Escrita por Michelle Ferreira e dirigida por Bruno Guida, a comédia dramática volta a São Paulo após passar por cidades como Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília e Belo Horizonte, somando mais de 32 mil espectadores. A curta temporada vai de 20 de junho a 27 de julho, com sessões às sextas e sábados, às 20h00, e domingos, às 17h00. Os ingressos estão à venda no site www.sympla.com.br/teatroporto e na bilheteria oficial do teatro.

Marília Gabriela sobe ao palco para uma última entrevista - desta vez, como entrevistada. E quem comanda a conversa é alguém bastante familiar: seu filho caçula, Theodoro Cochrane. A peça se passa durante um programa de entrevistas ao vivo, no teatro, onde ficção e realidade se confundem, e o que parecia apenas uma conversa vira um jogo de tensão e revelações, explorando os arquétipos da relação entre mãe e filho. Feminismo, conflitos geracionais, etarismo e a fronteira entre o público e o privado atravessam o texto, que diverte e provoca. Sem a quarta parede, o público participa ativamente da montagem - e até responde ao clássico bate-bola, marca registrada de Marília Gabriela. 


Ficha técnica
Espetáculo "A Última Entrevista de Marília Gabriela"
Elenco: Marília Gabriela e Theodoro Cochrane. Dramaturgia: Michelle Ferreira. Direção: Bruno Guida. Diretora Assistente: Mayara Constantino. Cenografia: Gabriel Dietrich. Figurinos: Theodoro Cochrane. Iluminação: Cesar Pivetti. Trilha e Preparação Vocal: Daniel Maia. Realização: Rega Início Produções Artísticas.


Serviço
Espetáculo "A Última Entrevista de Marília Gabriela"
De 20 de junho a 27 de julho de 2025.
Sextas e sábados, às 20h; Domingos, às 17h.
Duração: 80 minutos.
Classificação etária: 14 anos. Menores de idade de 6 a 14 anos, apenas acompanhados dos pais ou responsáveis legais. Proibida a entrada de menores de 6 anos.


Ingressos
Plateia R$ 200 e R$ 100
Balcão e frisa R$ 150 e R$ 75.

Teatro Porto
Al. Barão de Piracicaba, 740 – Campos Elíseos – São Paulo.
Telefone (11) 3366.8700

Bilheteria:
Aberta somente nos dias de espetáculo, duas horas antes da atração.
Clientes Porto Bank mais acompanhante têm 50% de desconto.
Clientes Porto mais acompanhante têm 30% de desconto.
Vendas: www.sympla.com.br/teatroporto 

Capacidade: 508 lugares.
Formas de pagamento: cartão de crédito e débito (Visa, Mastercard, Elo e Diners).
Acessibilidade: dez lugares para cadeirantes e 5 cadeiras para obesos.
Estacionamento no local: gratuito para clientes do Teatro Porto.

O Teatro Porto oferece a seus clientes uma van gratuita partindo da Estação da Luz em direção ao prédio do teatro. O local de partida é na saída da estação, na Rua José Paulino/Praça da Luz. No trajeto de volta, a circulação é de até 30 minutos após o término da apresentação. E possui estacionamento gratuito para clientes do teatro.

.: Leonardo Simões: identidade, crise e poesia no Brasil do ornitorrinco


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: Fabio Audi

“Pretinho é camaleão, sabe?” Com essa frase que ecoa como verso e diagnóstico, Leonardo Simões sintetiza o espírito de seu livro de estreia, "Folha de Rosto", publicado pela Mondru Editora. Mineiro de nascença, paulista por adoção e poeta por combustão interna, o autor mergulha nas contradições do Brasil recente para transformar identidade, afeto e política em matéria literária. É um autor consciente de que escrever hoje é, também, um ato de sobrevivência.

Escrito entre 2018 e 2022, período em que “o Brasil virou um meme de si mesmo”, o livro assume a forma de um romance em poemas, um dossiê lírico sobre um país onde apelidos machucam, onde relações desmoronam por ideologia e onde “a identidade, que antes era criada a partir da autenticidade, virou um tipo de produto”. Para Leonardo, escrever "Folha de Rosto" foi mais do que publicar versos: foi enfrentar seus próprios estilhaços e decidir “quais tradições, costumes e relacionamentos você vai dar o sangue pra não perder nunca”.

Nesta entrevista exclusiva ao portal Resenhando.com, o autor fala sobre racismo, arte como resistência, a tensão entre forma e conteúdo e o perigo de se perder no personagem. Com franqueza e delicadeza, ele convida o leitor a olhar o país pelo reflexo torto de um espelho onde, talvez, o que apareça seja um ornitorrinco.

Resenhando.com - “Folha de Rosto” é um romance em poemas, mas também soa como um dossiê emocional da vida no Brasil recente. Escrever poesia em tempos de polarização é um ato de ingenuidade, resistência ou desespero?
Leonardo Simões - 
Acho que é um pouco dos três. Recentemente, assisti uma peça - chamada “Poema” - que parte dessa mesma pergunta. O certo é que a arte é um ponto cardeal quando o caos se instala. Não por acaso, a arte é a primeira coisa a ser limada e atacada por qualquer regime totalitarista. A polarização não pode resistir à poesia, ao teatro, ao cinema e aos demais processos criativos.


Resenhando.com - Em um país onde "pretinho" ainda vem carregado de camadas - do afeto disfarçado ao racismo não admitido - como foi para você transformar essa palavra em literatura sem diluir sua dor?
Leonardo Simões - O distanciamento é necessário para se criar uma imagem que absorva mais de uma dor. A poesia, de certa forma, é uma imagem. Para trabalhar o afeto e o racismo nesta tão tensa como a palavra “pretinho” sugere, para mim, foi importante não somente traduzir experiências pessoais, mas encontrar o ponto que está fora desse raio de visão, algo que atraia outros afetos, sejam eles bons ou ruins.


Resenhando.com - Seu livro começa com um apelido. Num país que adora apelidar tudo - do presidente ao entregador -, você diria que o Brasil tem vocação para batizar ou para reduzir alguém?
Leonardo Simões - 
Acho que sim. Faz parte do nosso jeitinho ser “cordial”. Mas a redução - ou os apelidos, como você citou - não demonstram carinho. Ao contrário, podem ser mecanismos para reduzir, para tirar a identidade do indivíduo. Veja “neguinho", por exemplo, o modo como essa palavra, dependendo do contexto, atinge níveis distintos de compreensão.


Resenhando.com - A fragmentação da identidade do protagonista ecoa a de muitos brasileiros. Mas... e você, Leonardo: ainda se sente às vezes um “camaleão de classe média preta em crise permanente”?
Leonardo Simões - 
Não um “camaleão de classe média”, mas sim “em crise permanente". Com as redes sociais, pulverizar sua própria identidade ficou fácil demais. Você apaga defeitos, edita falas, assume lados sem se aprofundar e pode ignorar tudo isso apenas descendo o feed por horas e rindo de memes. A identidade, que antes era criada a partir da autenticidade, virou um tipo de produto. Então, fica cada vez mais difícil entender o que se é, já que há mais influências e referências do que tempo para absorver a experiência. Para o camaleão, a camuflagem é seu mecanismo de defesa. Para gente, não usar todas essas camuflagens é que te livra do perigo de se perder no personagem. Manter a forma original, de certa forma, é estar em crise permanente. Consigo e com o mundo.


Resenhando.com - Entre Ferreira Gullar e o caos das redes sociais, onde você encontra mais material para escrever: nos clássicos da literatura ou nos comentários do YouTube?
Leonardo Simões - 
É impossível não ser cercado pelas redes sociais. E há diversos canais que colaboram para que os clássicos sejam conhecidos e lidos. Eu tento não me fechar em uma única, mas ficar sempre atento para aparecer e de certo modo me abastecer. Para mim, nesse momento, a fonte de pesquisa está conectada ao objetivo do trabalho. Para fazer “Folha de Rosto", reli a obra inteira do Ferreira Gullar algumas vezes durante o processo. O TikTok tem sido meu reduto. Finalizei uma dissertação de mestrado sobre o app, que se tornou um livro de ensaio, e também para a criação de outro livro. O que estou fazendo agora pede isso. Mas o valor dos clássicos está acima de tudo. É importantíssimo estar por dentro do que já foi escrito.


Resenhando.com - Seu livro pergunta se os casais terminam por amor ou por política. Quantos relacionamentos você perdeu entre 2018 e 2022?
Leonardo Simões - 
Acho que uns cinco, mais ou menos. O número parece pequeno, mas eram pessoas que estavam no convívio. Quando você se vê em lados tão opostos, ou o rompimento é definitivo ou dá pra ser moderado, encontrar um caminho mais próximo do meio… o importante, acredito, não é bem quantos relacionamentos foram perdidos, mas quais foram mantidos. Perder relacionamentos, seja pela política ou não, faz parte da vida. Vai acontecer. As coisas sempre vão mudar. A batalha mesmo é escolher o que vai ser mantido, quais tradições, costumes e relacionamentos você vai dar o sangue pra não perder nunca.


Resenhando.com - "Folha de Rosto" poderia ser lido como um diário íntimo ou um relatório sociológico - mas você o chama de romance. Isso foi uma decisão estética, afetiva ou política?
Leonardo Simões - 
Fico feliz pelo “relatório sociológico", mas essa nunca foi a intenção. A decisão por chamá-lo assim se dá por sua forma esguia, já que é um livro cujo conteúdo foca em alguém na busca por compreender sua identidade. Para isso, prosa e poesia parecem disputar o espaço dessa “voz”. Então, a forma tenta se conectar ao conteúdo. Ou o conteúdo busca delimitar a forma. A dúvida também faz parte dessa “decisão”.


Resenhando.com - O Brasil de 2018 a 2022 foi um laboratório de distorções. Ao escrever nesse intervalo, você teve mais medo de parecer panfletário ou de ser lido como neutro?
Leonardo Simões - 
Ótima pergunta. Mas não tive medo de ser lido como panfletário. O livro foge disso. No poema “ex-filho", por exemplo, a "voz” está muito mais próxima de alguém egoísta, abominável e narcisista. Criar essa tensão parecia importante para mostrar que mesmo as pessoas engajadas politicamente tem suas contradições. “Sobre Isto", livro do poeta Maiakovski, é uma briga feia dele com sua esposa, relatada em versos ferinos. O poema, Inclusive, serve de referência para “banho”, um texto do livro que também fala de uma desavença entre o casal. Sobre ser neutro, também não tive esse medo porque “Folha de Rosto” não defende uma ideia política, mas poética. A partir daí, cada um escolhe o “estilhaço” que vai usar para se defender (ou atacar).


Resenhando.com - Você transita entre a criação publicitária e a literatura. O que dá mais trabalho: vender um carro ou convencer um leitor a sentir?
Leonardo Simões - 
Vender um carro dá mais trabalho porque trabalha em uma única chave: convencer alguém a comprar alguma coisa. Na literatura, você pode frustrar, contrariar, irritar e uma infinidade de outras possibilidades sem que “agradar" seja prioridade. Aliás, não é. Se a literatura só quer agradar o cliente, aí vira publicidade…


Resenhando.com - Você escreveu “Pretinho é camaleão, sabe?”. E se hoje o Brasil se olhasse no espelho, que bicho ele veria?
Leonardo Simões - Um ornitorrinco: um mamífero que põe ovos, semiaquático, que não é ave, mas tem bico de pato e rabo de esquilo. Hoje, a política, a cultura e os relacionamentos no Brasil nunca foram tão confusos quanto olhar para um ornitorrinco.


domingo, 15 de junho de 2025

.: Entrevista: Jacyr Pasternak usa a ficção como denúncia clínica


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com.. Foto: divulgação

Autor de romances que flertam com o policial e com o sarcasmo, o médico infectologista Jacyr Pasternak chega ao terceiro livro de ficção com "Receita Fatal", publicado pela editora Labrador, um thriller mordaz que transforma tragédia em provocação. Com 35 anos de atuação no Hospital Albert Einstein e uma bagagem que inclui pandemias reais como HIV e Covid-19, Pasternak mira agora outra ameaça silenciosa: a ignorância travestida de tratamento. “Foi uma terapia mental, sim, devido ao que provocou as mortes — mais uma vez uma denúncia”, confessa o autor sobre a família exterminada nas páginas do novo livro.

Na entrevista exclusiva ao Resenhando.com, ele não poupa ironia ao falar da medicina alternativa, que, na obra, é praticamente uma personagem vilã. E propõe um remédio direto: “A melhor terapia para as ditas medicinas alternativas, na verdade, são duas: a educação e as noções de ciência”. Com personagens de nomes quase teatrais e diálogos que provocam riso e incômodo, Pasternak constrói um enredo que expõe "o charlatanismo desabrido de profissionais inescrupulosos”, como define Heidi Strecker na quarta capa da obra.

E se o sarcasmo fosse mesmo uma vacina contra a desinformação? “Sarcasmo e ironia são as coisas que mais incomodam os praticantes de charlatanismo em todos os campos”, afirma o autor, que vê na literatura uma forma de resistência: “Estamos em plena septicemia cultural crônica, com piora importante desde que as redes sociais formaram experts em tudo o que nada sabem com um mínimo de profundidade”. Nesta entrevista, Jacyr Pasternak prova que ficção bem escrita pode ser, sim, um antídoto poderoso. Apoie o portal Resenhando.com e compre o livro "Receita Fatal" neste link.

Resenhando.com - Em um país onde reality shows fazem mais sucesso do que livros, o senhor acredita que o público está preparado para digerir um thriller que mistura pseudociência, sarcasmo e cadáveres da elite paulistana?
Jacyr Pasternak - Imagino que o povo que se diverte com os reality shows não é exatamente o povo que consome literatura policial. Acredito que temos um número suficiente de leitores de literatura policial para procurar um livro que mistura o whodunit, quem fez a maldade, com sarcasmo, um pouco de humor e uma espécie de denúncia de pseudociência.


Resenhando.com - O senhor já viu muita coisa bizarra na medicina real. Mas... sinceramente: qual foi a pseudoterapia mais absurda que ouviu alguém defender com convicção?
Jacyr Pasternak - Já vi tantas...mas, sinceramente, a defesa do uso de cloroquina e ivermectina para tratar Covid 19 é forte candidata a mais fatal de todas, e defendida por convicção por expoentes da direita, incluindo direita médica - que não é pequena.


Resenhando.com - O senhor já matou uma família inteira - pelo menos no papel. Foi mais prazeroso como escritor ou mais terapêutico como médico?
Jacyr Pasternak - Olha…prazeroso não é bem o termo para matar uma família, (risos)... Mas foi uma terapia mental, sim, devido ao que provocou as mortes - mais uma vez uma denúncia.


Resenhando.com - Em "Receita Fatal", a medicina alternativa é praticamente uma personagem vilã. Se pudesse, o senhor receitaria qual antídoto à sociedade para esse culto às curas mágicas?
Jacyr Pasternak - A melhor terapia para as ditas medicinas alternativas, na verdade, são duas: a educação e as noções de ciência. Se a pessoa tiver essas noções, certamente não cairá como um pato nas medicinas ditas alternativas ou em "curas mágicas", ou nas mãos de um "João de Deus". O que não consigo entender é como pessoas muito bem formadas e ilustradas e ilustres caem nessas "curas mágicas".


Resenhando.com - Os nomes dos personagens têm um quê teatral: Emerenciana, Marisa, Chico que odeia ser chamado de Chico... Existe aí um certo deboche com os arquétipos da nossa sociedade?
Jacyr Pasternak - Não foi inteiramente consciente, mas o deboche, agora que você assinalou, de fato, existe. Achar nomes para personagens não é nada simples. Raymond Chandler, se não estou enganado, usava lista telefônica, isso no tempo em que as listas eram impressas (risos).


Resenhando.com - A ironia é sua seringa narrativa preferida. Em tempos tão sensíveis, o senhor acha que ainda é possível "vacinar" o leitor com sarcasmo?
Jacyr Pasternak - Sarcasmo e ironia são as coisas que mais incomodam os praticantes de charlatanismo em todos os campos. Humor também funciona para mostrar os pés de barro de autoritários, e a medicina alternativa tem este aspecto autoritário de “acredite em mim porque Deus me deu este poder”, ou “porque sou professor doutor, porque a mafia de branco esconde esta sensacional cura, porque me perseguem...”.


Resenhando.com - Considerando que muitos dos seus leitores podem ser pacientes ou colegas, já pensou em oferecer um curso de "literatura profilática"? Quem seria o público-alvo ideal?
Jacyr Pasternak - Existem literaturas profiláticas e corretivas, existe a revista Questão de Ciência, brasileira, que se dedica a isto, existe a revista americana Septic. Tentam, não digo que com grande sucesso. O público-alvo é mais quem está se educando; quem já acha que sabe tudo, provavelmente, é caso perdido...


Resenhando.com - Se o senhor tivesse que diagnosticar a literatura policial brasileira contemporânea, qual seria o parecer clínico?
Jacyr Pasternak - A literatura policial brasileira não é muito ampla, mas tem excelentes escritores, como Rubem Fonseca, Luiz Garcia Roza, Marcos Rey. Há uma dificuldade na literatura policial no Brasil: literatura policial é mais imaginada e praticada em países onde tem polícia que investiga e justiça que funciona, ambas as condições que não são exatamente o que acontece no Brasil, concorda?


Resenhando.com - Se a pseudociência fosse uma bactéria hospitalar, o senhor acha que a literatura ainda poderia ser o antibiótico certo - ou já estamos todos em septicemia cultural?
Jacyr Pasternak - Estamos em plena septicemia cultural crônica, com piora importante desde que as redes sociais formaram experts em tudo o que nada sabem com um mínimo de profundidade.


Resenhando.com - Como médico, o senhor já enfrentou pandemias reais - HIV, Covid-19, gripes letais - mas agora se aventura na ficção para narrar outra praga: a ignorância travestida de tratamento. O que dá mais trabalho, combater um vírus ou desmascarar um charlatão com diploma falso e Instagram "bombado"?
Jacyr Pasternak - Combater um vírus nas fases iniciais de uma pandemia quando ele não é conhecido ou é um mutante, é muito dificil. Mas a ciência acaba por encontrar a solução. Desmascarar um charlatão ou um influencer com zilhões de seguidores é muito mais dificil. O dr. Drauzio Varella “tem tentado”. Veja o que aconteceu, usaram IA para clonar o Drauzio e fazê-lo de menino propaganda de suplementos alimentares que ele denuncia sempre que pode. A criatividade de sacripantas e charlatões é infinita. Só com mais educação de qualidade a sociedade vai conseguir relegar os charlatões com diploma falso e também os charlatões com diploma de verdade a sua ação deletéria. Sumir não vão sumir nunca...

.: Filme brasileiro "Lua de Cristal" faz 35 anos e ganha documentário inédito


Em clima de nostalgia e crítica cultural, o clássico “Lua de Cristal”, protagonizado por Xuxa Meneghel e Sergio Mallandro (disponível no Globoplay), celebra seus 35 anos com o lançamento de um documentário inédito: “Lua de Cristal às Avessas”. A produção que parou em 2020 devido a crise pandêmica, agora volta de forma independente e sem fins lucrativos tem estreia marcada para 20 de junho, às 20h00, com transmissão gratuita e ao vivo no canal Descontrole Remoto, no YouTube. Dirigido por Rodrigo Nicodemo, o filme mergulha nos bastidores e no impacto cultural de um dos maiores sucessos do cinema nacional - que levou mais de 5 milhões de pessoas aos cinemas e marcou a infância de toda uma geração.

Ao lado de Gabriel Silva (RJ) Nicodemo idealizou o projeto e transformou a admiração de infância em um verdadeiro trabalho de arqueologia pop, que reconstrói memórias, bastidores e legados da obra lançada em 1990, tanto que é um dos pesquisadores da equipe do documentário “Xuxa” (Globoplay). "Lua de Cristal às avessas" (documentário) só foi possível graças ao fomento da Lei Paulo Gustavo, por meio de edital da cidade de Poá (SP), onde vive o diretor.

“Lua de Cristal às Avessas” traz depoimentos inéditos de nomes fundamentais para o longa original e de personalidades impactadas por ele: Tizuka Yamasaki(diretora), Diler Trindade(produtor), Yoya Wursch(roteirista), Michael Sullivan(compositor), Oswaldo Eduardo Lioi(cenógrafo), Abdullah (músico), Marcello Faustini e Alexandre Canhoni (ex-Paquitos), Julia Lemmertze e Adressa Koetz (atrizes), Avellar Love(João Penca e Seus Miquinhos Amestrados), Paulo Vieira(humorista e fã declarado de Xuxa) e uma das últimas participações audiovisuais da atriz Marilu Bueno, falecida em 2022.

Mais do que um tributo, o documentário assume um tom crítico e informativo, resgatando um período de transformações no cinema nacional — com os deafios durante o governo Collor — e refletindo sobre os caminhos do audiovisual voltado ao público infantojuvenil. Sem making of oficial na época, “Lua de Cristal às Avessas” surge como um registro essencial da memória afetiva e cultural do país. Infelizmente sem participação da apresentadora por questões contratuais.

📌 Serviço
Estreia: "Lua de Cristal às Avessas"
Data: 20 de junho de 2025
Horário: 20h (horário de Brasília)
Onde assistir: Canal Descontrole Remoto no YouTube
🎥 Link direto para a estreia
Classificação: livre
Distribuição: gratuita

sábado, 14 de junho de 2025

.: Resenha crítica: "Síndrome da Apatia" é alerta cinematográfico que emociona

Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em junho de 2025


Inspirado em fatos reais, o filme "Síndrome da Apatia", retrata a história de uma família composta por pai, mãe e duas filhas. Vindos da Rússia, os quatro que viviam bem na Suécia, após o pai, Sergei (Grigoriy Dobrygin) optar por sustentar sua ideologia, passa a lutar por asilo que lhes é negado -em sequência. Enquanto são pressionados a seguirem as regras da migração sueca -que exige sorrisos falsos e visitas-, o pior acontece com a filha mais nova, Katja (Miroslava Pashutina) que num dia comum na escola, vai ao chão, acometida pela "Síndrome da Resignação".

Sem saber o que se passa, de fato, com a garotinha, o pai, um professor que não pode mais trabalhar registrado, assume uma vaga na área de limpeza e a mãe Natalia (Chulpan Khamatova), antes também professora, fica em casa cuidando do lar. Diante da doença de Katja e a total necessidade de conseguirem asilo, em casa, os três veem a vida de refugiados que vinham levando ficar ainda mais de cabeça para baixo e sem uma possível solução. Afinal, a testemunha a ser usada para a permanência era a garotinha que aparentemente está em coma.

Precisando de ter uma efetiva testemunha para o caso vivido por Sergei, ele e a esposa tentam usar a outra filha, Alina (Naomi Lamp), interpretando o papel vivido por Katja. Emocionante, a produção dirigida por Alexandros Avranas ("Miss Violence", "Crimes Obscuros") também alerta a respeito de uma condição que induz um estado de consciência reduzida, condição psicológica que afeta, predominantemente crianças e adolescentes. Filme imperdível!


O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN



"Síndrome da Apatia" (Quiet Life). Ingressos on-line neste linkGênero: dramaClassificação: 10 anos. Duração: 1h56. Direção: Alexandros AvranasRoteiro: Alexandros Avranas, Stavros PamballisElenco: Chulpan Khamatova, Grigoriy Dobrygin, Naomi Lamp. Sinopse: Em Síndrome da Apatia, um drama inspirado em eventos reais, a vida de Sergei (Grigoriy Dobrygin) e Natalia (Chulpan Khamatova), um casal de refugiados, desmorona quando sua filha mais nova, Katja (Miroslava Pashutina), desmaia e entra em um coma misterioso. Forçados a fugir de seu país natal após um ataque violento, Sergei e Natalia se estabeleceram na Suécia com suas duas filhas, buscando uma nova vida em segurança. Apesar de seus esforços para se integrar à sociedade sueca, trabalhando duro, aprendendo o idioma e seguindo as regras de imigração, seu pedido de asilo é rejeitado. Com a rejeição do pedido, Katja começa a se deteriorar rapidamente, a família é confrontada com um dilema moral e emocional profundo. A síndrome misteriosa que afeta crianças refugiadas começa a gerar preocupações entre médicos e políticos, e Sergei e Natalia devem lutar contra todas as adversidades para encontrar uma maneira de salvar sua filha e preservar a esperança em meio ao caos. Confira os horários: neste link

Trailer "Síndrome da Apatia"


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.: Live action de "Como Treinar o Seu Dragão" respeita o original e encanta

Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em junho de 2025


O live action de "Como Treinar o Seu Dragão", mantém fidelidade ao original e garante encantamento visual. A produção com direção e roteiro de Dean DeBlois ("Lilo & Stitch", 2002) não cria ou corta situações para fazer a história render e se adaptar aos novos tempos -como foi feito com "Lilo  Stitch", também em cartaz nos cinemas e, originalmente, foi dirigido por DeBlois. Neste, a versão humana da animação de 2010 acontece magicamente na telona, repetindo o que fez há 15 anos, fisgando o público do início ao fim, agradando, inclusive, quem não curte a temática viking. 

Agora em live action, sem se apoiar no visual falso dos efeitos especiais, ainda que emplaque a fantasiosa história de amizade de um garoto com um dragão, "Como Treinar o Seu Dragão" entrega história boa e envolve tão bem, a ponto de passar a impressão de que toda aquela ficção está acontecendo diante de seus olhos. De fato, por vezes, tal relação remeta ao clássico "História Sem Fim", quando Arteiro e Bastian estabeleçam um forte elo com Falkor, um dragão da Terra da Fantasia.

A nova produção, adapta a animação com primor e respeito aos fãs que, fatalmente, esperam rever as cenas marcantes. Tudo está lá para o puro deleite dos que amam a história do jovem viking amigo do dragão Banguela. No elenco, como o protagonista Soluço (Mason Thames, de "Telefone Preto") convence o merecimento do papel de garoto que não se enquadra no seu povoado e também não quer matar um dragão, ainda mais depois de capturar com um verdadeiro Fúria da Noite e estabelecer um elo de amizade com uma espécie tão mal vista pelos vikings.

Com Gerard Butler, o eterno "Fantasma da Ópera" (2004), na pele do pai brutamontes de Soluço, a dobradinha em cena conquista com tamanha facilidade, tornando tão claras as diferenças na forma de pai e filho verem as formas de realizarem as coisas. A parceria de Soluço com a autêntica guerreira da ilha de Berk, Astrid (Nico Parker, de "Dumbo" e "Bridget Jones: Louca pelo Garoto") também flui na trama. 

Até os rivais de Soluço entregam veracidade na trama de ação e fantasia como Fishlegs interpretado por Julian Dennison (o jovem mutante de "Deadpool 2") ou a Cabeça Quente (Bronwyn James, de "Wicked") e seu irmão gêmeo Cabeça Dura (Harry Trevaldwyn, de "Agência"). Em tempo, "Como Treinar o Seu Dragão" é nitidamente uma produção para ser assistida na telona com muita pipoca e a certeza de sair satisfeito com o produto final, pois o longa está simplesmente impecável.


O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN


"Como Treinar o Seu Dragão" (How To Train Your Dragon). Ingressos on-line neste linkGênero: fantasia, açãoClassificação: 10 anos. Duração: 1h56. Direção: Dean DeBloisRoteiro: Dean DeBloisElenco: Mason Thames, Gerard Butler, Nico Parker, Julian Dennison, Gabriel Howell, Hary Trevaldwyn, Bronwyn James, Nick Frost. Sinopse: Na ilha de Berk, um garoto viking chamado Soluço desafia a tradição ao fazer amizade com o dragão Banguela. No entanto, quando uma ameaça surge, a amizade de Soluço com Banguela se torna a chave para forjar um novo futuro.. Confira os horários: neste link

Trailer "Como Treinar o Seu Dragão"



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sexta-feira, 13 de junho de 2025

.: Crítica musical: Brian Wilson, dos Beach Boys, é harmonia infinita


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação.

Certa vez em uma entrevista, o filho de John Lennon, Sean Lennon, disse que as músicas dos Beach Boys transportavam o ouvinte para um mundo de felicidade, com harmonias vocais infinitas inspiradas pelo clima da California. E uma parcela significativa dessa genialidade se foi esta semana, com o falecimento de Brian Wilson, o principal líder musical do grupo e idealizador do clássico álbum "Pet Sounds", aquele disco que “virou do avesso” a mente de Paul McCartney e John Lennon nos anos 60, criando uma saudável rivalidade musical com os colegas americanos.

Brian Wilson tinha 82 anos e teve uma trajetória de vida marcada por problemas sérios de saúde. Na infância, teve problemas com a postura repressiva do pai, Murray Wilson. No auge dos Beach Boys, ele preferia ficar no estúdio compondo canções e arranjos vocais. A banda tinha em sua formação os dois irmãos de Brian (Carl e Dennis Wilson) e mais Al Jardine e Mike Love.

Tinha apena 24 anos quando cuidou da produção e dos arranjos do mítico álbum "Pet Sounds". A principal fonte de inspiração para Brian foi o álbum "Rubber Soul", dos Beatles. A ideia consistia em produzir algo tão bom quanto o que os ingleses fizeram. Ironicamente, o disco "Pet Sounds" também motivaria John Lennon e Paul McCartney a produzirem mais dois álbuns sensacionais ("Revolver" e "Sgt. Pepper´s Lonely Heart Club Band").

Nos anos seguintes Brian ficou mais afastado da música e acabou retomando com mais força nos anos 80 e 90, quando lançou ótimos álbuns solo. Recentemente havia sido diagnosticado com um distúrbio neurocognitivo similar a demência. De certa forma, a definição de Sean Lennon contrasta com os problemas físicos e emocionais de Brian. No entanto, sua música permanece relevante e atual nos dias de hoje.

"God Only Knows"

.: Entrevista com Keco Brandão, um convite musical irrecusável


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação.

O arranjador, compositor, produtor musical Keco Brandão tem mais de 30 anos de carreira e um currículo respeitável, ao lado de artistas como Jane Duboc, Toquinho, Roberta Miranda, Fábio Júnior, Zizi Possi, Pedro Camargo Mariano, Gal Costa, Leila Pinheiro, Virgínia Rodrigues, Célia, entre outros.

Agora o músico trabalha no terceiro álbum do projeto "Keco Brandão Com Vida". Os dois primeiros singles estão sendo disponibilizados nas plataformas de música sendo uma das canções, uma parceria inédita com o compositor e instrumentista Toninho Horta.

Em entrevista para o Resenhando, Keco Brandão conta como foi sua trajetória, que inclui ainda a criação da identidade musical do canal Record News (entre 2007 e 2014) e trilhas de programas do SBT, além de abrir portas para os novos talentos. “O nosso País tem muita gente talentosa que merece ter um espaço na mídia”.


Resenhando.com - Nesses mais de 30 anos, quais os artistas que você considera fundamentais para consolidar a sua trajetória?
Keco Brandão - Eu sempre serei muito agradecido a todos com quem pude trabalhar. Mas três tem um lugar especial na minha mente: Jane Duboc, Gal Costa e Zizi Possi. Eu cantei com a Gal em um de seus shows.  Com a Zizi trabalho até hoje, como integrante da banda. Essas três cantoras foram muito marcantes para mim.


Resenhando.com - Como está a produção do terceiro volume do Keco Brandão Com Vida?
Keco Brandão - Estou divulgando os dois primeiros singles. O primeiro é uma composição de Rafael Altério e Rita Altério. Nessa versão, o convidado para interpretar foi o instrumentista, compositor e cantor mineiro Felipe Bedetti. O segundo é a canção que se chama “Meu doce irmão”, uma homenagem aberta ao compositor mineiro Tunai, uma parceria poética em música de Toninho Horta. A convidada para interpretar a canção foi a cantora e compositora Diana HP, que atualmente vive na França e é sobrinha de Toninho e filha dos músicos instrumentistas Yuri Popoff e Lena Horta.


Resenhando.com - Há planos para novos singles?
Keco Brandão - Sim. Já tenho algumas participações que devem ser concretizadas mais adiante. Nesse terceiro volume estou priorizando os novos talentos que estão buscando seu espaço. Tem a Graziela Medori, filha da cantora Claudya e do músico Chico Medori, que vai cantar um samba que compus com Moacir Luz. Eu gosto muito de abrir espaço para os novos talentos. Nosso país tem muita gente talentosa que merece esse espaço.

Resenhando.com - Você tem um trabalho forte também na música instrumental. Pretende retomar esse trabalho no futuro?
Keco Brandão - Com certeza. Trabalhei como produtor musical na Rede Record de televisão, onde criei a identidade musical do canal Record News de 2007 à 2014. Ainda no ramo das televisões, sonorizei trilhas de programas e novelas do canal SBT, inclusive a recente produção "A Caverna Encantada". No futuro irei retomar meu trabalho conceitual na linha instrumental.

Keco Brandão - "Até Quando Deus Quiser"

quinta-feira, 12 de junho de 2025

.: "June e John": Luc Besson estreia uma comédia sobre amor improvável


A partir desta quinta-feira, 12 de junho, estreia na Rede Cineflix Cinemas o novo filme de Luc Besson, “June e John” ("June and John"), uma comédia romântica com toques de drama que marca um retorno surpreendente do diretor francês a um gênero mais leve. Na trama, John (Luke Stanton Eddy) é um homem comum preso em uma rotina sem brilho.

Os dias dele se arrastam em uma existência monótona, na qual ele evita ao máximo qualquer tipo de mudança ou risco. Tudo muda quando ele conhece June (Matilda Price), uma mulher vibrante, misteriosa e cheia de vida, durante um encontro inesperado no metrô. O contraste entre os dois é imediato - e irresistível.

Carismática, June desperta em John sentimentos e impulsos que ele jamais havia experimentado. O que começa como um flerte curioso logo se transforma em um romance intenso, repleto de reviravoltas, descobertas e riscos emocionais. Pela primeira vez, John sente que encontrou um propósito: viver intensamente ao lado de June, custe o que custar.

Escrito e dirigido por Besson, o longa propõe uma reflexão leve, porém tocante, sobre o impacto que o amor pode ter na vida das pessoas, especialmente quando ele surge de forma inesperada. “June e John” aposta na força dos diálogos e na química entre o casal protagonista, trazendo um olhar sensível sobre o medo de mudar e o poder transformador de uma conexão verdadeira.

🎬 Ficha técnica
“June e John” ("June and John")
Duração: 1h32min
Gêneros: comédia romântica
Direção e roteiro: Luc Besson
Elenco: Luke Stanton Eddy, Matilda Price, Ryan Shoos
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 14 anos
Ano de produção: 2025
Idioma: Inglês
Diretor: Luc Besson
Duração: 1h35m
Elenco: Matilda Price, Luke Stanton Eddy, Ryan Shoos


📅 Sessões no Cineflix Santos | Sala: 2
“June e John” ("June and John") (legendado)
12/6/2025 – Quinta-feira: 16h00 e 18h20
13/6/2025 – Sexta-feira: 16h00 e 18h20
14/6/2025 – Sábado: 16h00 e 18h20
15/6/2025 – Domingo: 16h00 e 18h20
16/6/2025 – Segunda-feira: 16h00 e 18h20
17/6/2025 – Terça-feira: 16h00 e 18h20
18/6/2025 – Quarta-feira: 16h00 e 18h20

🎟 Os ingressos já estão disponíveis no site e aplicativo da Cineflix Cinemas. Uma história sobre viver o inesperado - e se transformar no processo.

.: “Nasce Uma Estrela” volta ao Cineflix em única exibição com Gaga aclamada

Nesta quinta-feira, dia 12 de junho, a Rede Cineflix Cinemas exibe uma sessão especial do drama musical “Nasce Uma Estrela” ("A Star Is Born", 2018), dirigido e protagonizado por Bradley Cooper, com atuação poderosa de Lady Gaga em sua estreia como protagonista no cinema. Em pleno Dia dos Namorados, casais e solteiros podem garantir o ingresso e viver (ou reviver) essa linda história de amor regada a canções emocionantes em tela grande. Lançado em 2018, o longa-metragem é a quarta versão cinematográfica de uma história atemporal sobre fama, amor e decadência. Gaga interpreta Ally, uma jovem cantora talentosa que tem sua vida transformada após conhecer Jackson Maine, astro em decadência vivido por Cooper. O envolvimento pessoal e profissional entre os dois se desenvolve enquanto suas carreiras tomam rumos opostos.

“Nasce Uma Estrela” é uma narrativa clássica de Hollywood que já foi adaptada várias vezes ao longo das décadas, sempre revelando grandes atrizes e performances inesquecíveis: Janet Gaynor foi a primeira a interpretar o papel em 1937, na versão original dirigida por William A. Wellman, que estabeleceu as bases da trama. Judy Garland protagonizou a segunda versão, em 1954, com direção de George Cukor. Sua atuação intensa rendeu uma indicação ao Oscar e é considerada uma das mais emblemáticas de sua carreira. Barbra Streisand estrelou o remake de 1976 ao lado de Kris Kristofferson, trazendo o enredo para o universo do rock. A canção "Evergreen", interpretada por Streisand, venceu o Oscar de Melhor Canção Original.

Em 2018, Lady Gaga assumiu o papel e conquistou o público e a crítica. A performance vocal e dramática da atriz foi amplamente elogiada, e a música “Shallow”, composta por ela em parceria com Mark Ronson, Andrew Wyatt e Anthony Rossomando, venceu o Oscar de Melhor Canção Original, além de receber um Grammy e um Globo de Ouro. O filme também foi indicado a outras sete categorias no Oscar, incluindo Melhor Filme, Melhor Ator (Bradley Cooper) e Melhor Atriz (Lady Gaga).


Ficha técnica
"Nasce Uma Estrela" ("A Sstar Is Born"). Classificação: 16 anos. Ano de produção: 2018. Idioma: Inglês. Diretor: Bradley Cooper. Duração: 2h16m. Elenco: Lady Gaga, Bradley Cooper, Andrew Dice Clay.

📅 Sessão especial no Cineflix Santos | Sala 3
12/6/2025 - Quinta-feira: 20h00

.: “Síndrome da Apatia” mostra drama comovente e baseado em fatos reais


Chega à rede Cineflix e aos cinemas nesta quinta-feira, 12 de junho, o impactante “Síndrome da Apatia” ("Quiet Life"), novo drama do diretor grego Alexandros Avranas, com distribuição da Imovision. O longa-metragem estreia na Rede Cineflix Cinemas, oferecendo ao público uma narrativa sensível e perturbadora inspirada em um fenômeno real que afeta crianças refugiadas na Suécia.

Na trama, Sergei e Natalia são refugiados políticos que, em busca de uma nova vida, mudam-se com as filhas, Katja e Alina, para a Suécia. Quando o pedido de asilo da família é negado, Katja sofre um trauma profundo e entra em um estado semelhante ao coma, desenvolvendo a chamada Síndrome da Apatia - uma condição psicológica que tem assustado especialistas e que atinge, majoritariamente, crianças refugiadas entre 8 e 15 anos.

Apesar de aparentarem boa saúde física, essas crianças deixam de falar, de se mover e até de comer, como um mecanismo de autoproteção diante do medo extremo da deportação. Mais de 700 casos foram registrados no país escandinavo nos últimos anos, levantando questionamentos sobre os impactos da imigração forçada e a necessidade urgente de acolhimento humanitário. Com atuações marcantes de Chulpan Khamatova, Grigoriy Dobrygin e Lisa Loven Kongsli, o filme é uma poderosa denúncia social que revela o drama silencioso enfrentado por milhares de famílias ao redor do mundo.


Ficha técnica
"Síndrome da Apatia".
Título original: "Quiet Life". Classificação: 12 anos. Ano de produção: 2024. Idioma: grego. Diretor: Alexandros Avranas. Duração: 1h49m. Elenco: Chulpan Khamatova, Grigoriy Dobrygin, Lisa Loven Kongsli


📅 Programação Cineflix | Sala: 2
12/6/2025 – Quinta-feira: 20h20
13/6/2025 – Sexta-feira: 20h20
14/6/2025 – Sábado: 20h20
15/6/2025 – Domingo: 20h20
16/6/2025 – Segunda-feira: 20h20
17/6/2025 – Terça-feira: 20h20
18/6/2025 – Quarta-feira: 20h20

quarta-feira, 11 de junho de 2025

.: Entrevista com Paulo Scott: o poeta entre o desconforto e a estética


Por 
Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com.. Foto: Morgana Kretzmann

Não é poesia para agradar: é para fisgar. Com essa energia crua e combativa, o escritor Paulo Scott lança pela editora Alfaguara o livro de poemas "Sanduíche de Anzóis". Ao revisitar 25 anos de produção poética, o autor do romance "Marrom e Amarelo" não só costura versos antigos - ele os rasga, remonta, corta fora o que já não sangra. O resultado? Um corpo novo, feito de amores esfolados, revoltas sem anestesia e loucura como linguagem-mãe.

Neste livro-reinvenção, Scott transforma o tempo em lâmina e a memória em anzol. Esqueça o lirismo gourmet de redes sociais: a poesia dele é músculo em espasmo, verbo que lateja, um soco lírico na caretice dos algoritmos. Entre versos indomáveis e um manifesto contra o novo fascismo, Scott reafirma que escrever no Brasil é - ainda - uma forma de risco, de raiva, de ternura. Nesta entrevista exclusiva ao portal Resenhando.com, o autor fala sobre o prazer de cuspir versos que não servem mais, a recusa às anestesias do mercado e por que prefere o desconforto à doçura. Prepare-se: esta conversa não é para os que esperam vinho chileno - aqui, a poesia vem quente e crua para fisgar. Apoie o Resenhando.com e compre a coletânea "Sanduíche de Anzóis", de Paulo Scott, neste link.


Resenhando.com - Você revisitou, reescreveu e reinventou poemas seus com mais de 25 anos. O que Paulo Scott cortou de si ao cortar os próprios versos? O que ficou indigesto nesse "Sanduíche de Anzóis" que você precisou cuspir fora?
Paulo Scott - 
Todo processo de releitura implica reinvenção. Essa reinvenção demanda riscos. Penso que admitir a possibilidade desse risco, considerando que talvez eu tenha me tornado um leitor melhor, mais acurado, mais sereno, é estabelecer uma tentativa de nova busca pelo simples, pela simplicidade, que é tão determinante na literatura e na arte em geral. Há uma acomodação de ritmo, um adensamento, um assentamento, que só a distância do tempo (o passar do tempo) poderia trazer. A supressão dos títulos, inclusive dos poemas inéditos, fez parte desse processo de corte – acredito na afetividade e na eficácia do cortar em relação ao texto, o tal lapidar, é diferente em relação à minha pessoa (e à minha persona de poeta também), com relação a ela há soma, sobretudo em relação à consciência do tempo que passou.


Resenhando.com - Em tempos de algoritmos suaves e poesia pasteurizada no Instagram, sua linguagem parece um soco de verbos crus. É possível fisgar leitores de hoje sem sedá-los primeiro com doçura?
Paulo Scott - A doçura traz a vertigem de curta duração, depois ela calcifica (é como um enigma que se resolve com facilidade). O que desacomoda está sempre em movimento; mesmo que diminua em grau de desconforto, está sempre acenando para a possibilidade de desafio. Penso que no “Luz dos Monstros” (Editora Aboio, 2023) cheguei a um lugar, a uma radicalidade, da qual não posso recuar. Mesmo que se reconheça no primeiro livro deste “Sanduíche de Anzóis”, o do amor, alguma acessibilidade maior, agrado, eu imagino que a estranheza, o martelar e o ruído estão sempre lá. Se eu abrir mão dessa dicção para me tornar mais palatável, mais, digamos, “vinho chileno” (aquele que nunca decepciona), estarei abrindo mão da própria poesia (da forma como leio e aprendo com a poesia buscando sempre sua incerteza). A liberdade que a poesia traz é imensa porque ela não demanda compreensão, ela demanda invenção, demanda leitura criativa (muito mais do que escrita criativa), penso que aí está a magia, aí está a potência, aí está o segredo. Faço como faço porque é o modo que possibilita o meu fazer, é como sei fazer; contornar a doçura fugir das referências, inclusive de mim, do verso que antecedeu o verso que está sendo escrito dentro próprio poema, é minha maneira de respirar, minha singularidade, minha voz única. Com o tempo a gente percebe que essa voz única é só o que podemos ambicionar, ela é um lugar, ele significa, mas, além de ser mais um grão de areia na imensa linha da tradição literária, não há nada de especial nele.


Resenhando.com - Você fala de amor, loucura e revolta como se fossem irmãs siamesas. Qual dessas três, se tivesse que amputar, deixaria você artisticamente amputado?
Paulo Scott - A loucura. Ela é o útero da minha linguagem, ela é a fonte, o duvidar que faz com que tudo se mova.


Resenhando.com - Em “Marrom e Amarelo”, você expõe feridas raciais do Brasil sem anestesia. Na sua poesia, que anestesia você deliberadamente se recusa a usar - mesmo sabendo que poderia facilitar a publicação ou aceitação?
Paulo Scott - Desprezar a inteligência e a criatividade de quem está lendo é formular anestesias que podem produzir resultados diferentes afetando, inclusive, a aceitabilidade comercial do livro (embora, como sabemos, não haja fórmula garantida). Tento não pegar (não ambicionar) esse atalho - meus romances não abrem mão do oculto, da entrelinha, da inquietude porque é minha forma de conseguir narrar. O que posso dizer é: minha prosa é assim porque minha poesia (minha respiração na poesia) é assim. Minha coragem de prosador vem da minha persona poeta, da sua loucura (do seu caos) que, embora menos prolifica, só aumenta em intensidade, vem da minha respiração de poeta, da segurança que, por sorte, consigo encontrar nela. Respondendo à pergunta de maneira mais objetiva: minha poesia é uma fuga, uma construção de exílio, de estrangeiridade e, nesse processo, há um atrito essencial e uma aspereza essencial que ditam o próprio fazer; manter esse movimento talvez seja meu modo de não ceder à tentação das anestesias.


Resenhando.com - Reescrever poemas antigos é como rever fotos ou reabrir cartas antigas? Você teve medo de reencontrar um Paulo Scott que já não é mais você?
Paulo Scott - Não tive medo. Sinto-me o mesmo adolescente tímido e gago buscando mais consistência nesta vida que se faz pela linguagem (e pela leitura dessa linguagem). Fotos e cartas são diferentes, poesia para mim é sempre aflição da busca, ela não cessa, encadeia e me faz, sem hiatos, perceber aqueles que já fui, dependo deles para ser o que sou hoje.


Resenhando.com - Se sua poesia é uma luta corpo a corpo com a linguagem, quem geralmente vence: o Paulo que escreve ou o verso que escapa?
Paulo Scott - Ótima pergunta. O verso que escapa sempre vence. Nele está a luz que instiga o meu perseguir.


Resenhando.com - Você já recebeu conselhos para “suavizar a escrita” ou “alinhar o tom ao mercado”? E, se sim, o que você respondeu - mentalmente ou em voz alta?
Paulo Scott - Sim, muitas vezes. Respondo em voz alta: é só assim que eu sei fazer.


Resenhando.com - Há um manifesto contra o novo fascismo dentro do livro. Como poeta, qual o risco maior: ser panfletário demais ou cúmplice por omissão?
Paulo Scott - Tentar ou arriscar, mesmo que haja falha, é o que importa. O engajamento está na leitura (ela determinará a importância de um texto literário). Não acredito em quem produz escoltado pela jura do engajamento, já justificando e explicando a própria relevância. Dizer que é um manifesto não me extrai da insignificância, não é mais do que uma simples nomeação. Registro que é manifesto porque um determinado tempo e um determinado Paulo Scott nos solicitou. Achei que valia a pena constar como um esforço nascido em um tempo de desespero (tendo por cenário a pandemia e sua incontornável ambiência apocalíptica) parte do grande desespero geral que é, em si, a existência.


Resenhando.com - Você se considera um poeta militante, um militante poeta ou um cara que escreve poesia tentando sobreviver ao país - e a si mesmo?
Paulo Scott - Sou poeta para abraçar da melhor maneira possível a solidão. Não penso em sobrevivência, penso em me aperceber da vida, penso, como já disse, em leitura, em ler mais e melhor o que nos determina e por vezes, nos permite alguma felicidade.


Resenhando.com - Se “Sanduíche de Anzóis” fisga, qual tipo de leitor você mais deseja capturar: o distraído, o indignado ou o que nunca se deixou morder por verso algum?
Paulo Scott - Não penso em quem me encontrará, penso em inscrever, do meu jeito, o que encontrei e repassar. E, nesse sentido, somar-me a uma ética que ainda não conseguimos definir, precisar.


Resenhando.com - O Paulo Scott dos versos é o mesmo que o da prosa e o do dia a dia? O que os aproxima e o que os diferencia?
Paulo Scott - Bom isso de focar nos versos. Mais do que os poemas, penso que existo nos versos, cada um deles é uma companhia irreplicada, um assentamento, um espelho que me dirá, sobretudo, para mim mesmo. Neles sou o tempo, o meu tempo, que não submete ao tempo cristão, ao tempo mercantil, ao tempo das expectativas, dos julgamentos (e, nos julgamentos, das condenações que na nossa maneira de viver o supremo deus capitalismo e suas eternas enfermidades, a atualidade de sua luz dos monstros, nos impõe).

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