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quinta-feira, 11 de abril de 2024

.: Livro "O Talentoso Ripley", de Patricia Highsmith, ganha adaptação da Netflix


Publicado pela Intrínseca, o best-seller "O Talentoso Ripley", de Patricia Highsmith, uma das mais importantes autoras de thrillers psicológicos de todos os tempos, ganha uma nova adaptação audiovisual na Netflix. Baseada na obra vencedora do Grand Prix de Littérature Policière e indicada ao prêmio Edgar Allan Poe de Melhor Romance, a minissérie é escrita, dirigida e produzida pelo vencedor do Oscar Steven Zaillian ("A Lista de Schindler"). Nesta nova versão, o britânico Andrew Scott, conhecido por seus trabalhos em "Fleabag" e "Sherlock", dá vida ao personagem-título, um dos sociopatas mais carismáticos da literatura mundial. A obra de 1955 foi adaptada para o cinema em 1999 em um filme de mesmo nome, indicado a cinco Oscars e estrelado por Matt Damon e Jude Law. A tradução é de José Francisco Botelho.

A história acompanha Tom Ripley, um charmoso vigarista tentando se estabelecer em Manhattan após fugir de seu lar disfuncional. Bom de lábia, exímio imitador e piadista, praticante de furtos e pequenos golpes, ele recebe a oportuna missão de ir à Itália para convencer Dickie Greenleaf, o filho de um rico industrial, a voltar para casa e assumir os negócios da família. Seduzido pelo estilo de vida refinado do playboy, Tom vê a relação de amizade entre os dois se complicar com a interferência de Marge, a típica boa menina americana, rica e apaixonada por Dickie. Ao perceber a rejeição do outrora amigo, ele dá vazão a seus desejos mais sombrios e rouba não só o dinheiro dele, mas também sua vida e sua personalidade.

Em 2021, ano do centenário de Patricia Highsmith, a Intrínseca lançou edições com projeto gráfico especial e novas traduções do livro e de sua continuação, "Ripley Subterrâneo". Admirada por expoentes da literatura brasileira como Rubem Fonseca e Caio Fernando Abreu, Highsmith tem influenciado gerações de escritores com o seu talento ao construir “heróis psicopatas”, expressão usada para tratar carinhosamente seus protagonistas. Compre o livro "O Talentoso Ripley", de Patricia Highsmith, neste link.


Sobre a autora
Nascida em Fort Worth, Texas, em 1921, Patricia Highsmith passou grande parte da vida adulta na Suíça e na França. Seu primeiro romance, Pacto sinistro, publicado em 1950, obteve grande sucesso comercial e virou filme, dirigido por Alfred Hitchcock. Autora de mais de vinte livros, é a criadora do personagem Tom Ripley, o sofisticado sociopata que estreou em "O Talentoso Ripley", de 1955, que, além de aparecer em outros quatro romances, figura em adaptações para o cinema e a televisão. Ao longo de sua carreira, Highsmith ganhou os prêmios Edgar Allan Poe, O. Henry Memorial, Le Grand Prix de Littérature Policière e o Award of the Crime Writer’s Association da Grã-Bretanha. Foto: Patricia Highsmith / Arquivo Diogenes Verlag. Garanta o seu exemplar de "O Talentoso Ripley", escrito por Patricia Highsmith, neste link.

domingo, 31 de março de 2024

.: Entrevista com a poeta piauiense Laís Romero, que explora o território "Mátria"


No livro de estreia "Mátria", lançamento da editora Paraquedas, a poeta piauiense Laís Romero mergulha em temas como corpo, ancestralidade e maternidade, explorando o feminino como um território de expressão. Dividido em três partes - "Desejo", "Mátria" e "Pathos" -, o livro é uma busca pelo lugar da mulher, especialmente da mulher nordestina, singular e marcada pela ancestralidade. 

Por meio de 50 poemas com métrica livre e estilo prosaico, Laís convida os leitores a atravessar a superfície e mergulhar no universo da "mére-mar-mãe-mátria", onde se reconectar com sua origem e encontrar a pausa da exaustão. O livro apresenta uma poesia que oferece um espelho para outras mulheres, proporcionando uma visão direta e pontual sobre suas experiências.

Laís Romero, nascida em Teresina, no Piauí, é mãe, mestra em letras pela UESPI e especialista em escrita e criação pela Unifor. Além de escritora, trabalha como revisora e editora. Sua escrita, marcada por uma urgência em resgatar a própria história, reflete conflitos internos e frustrações com a maternidade, além do apagamento histórico de sua família. Após um processo de criação que se estendeu por 15 anos, "Mátria" finalmente veio à luz em 2023, representando para Laís não apenas um livro, mas uma presença na linha do tempo da escrita sem fim. Sua trajetória acadêmica e literária, aliada ao seu constante desdobramento como mulher, mãe e escritora, evidencia uma voz singular no cenário literário contemporâneo. Confira uma entrevista com Laís, onde ela fala dos temas e das origens de seu fazer literário. Compre o livro "Mátria", de Laís Romero, neste link.


Como você começou a escrever? 
Laís Romero - 
Aos 11 anos escrevi um poema que venceu um concurso na escola. O poema virou uma atração na família, um marco. Lembro de datilografá-lo para que um tio, então professor de literatura, o levasse para uma aula de poesia.


Por que escolher o formato da poesia?
Laís Romero - 
Desde esse momento em que percebi o prazer de ser lida, e acreditei na relevância do que eu escrevia, continuei na empreitada da poesia. Também escrevo prosa, gosto bastante de contos, e submeto a palavra nesses caminhos também. Repito com frequência que a poesia é meu primeiro lar, quase de onde nasci, e me fascina a competência da imagem nos versos, o comprimido de linguagem.

Você tem algum ritual para escrever?
Laís Romero - Sou mãe, trabalho fora da escrita e estudo. Infelizmente não há salário para que possamos escrever literatura, daí uma verdadeira ausência de rituais: escrevo quando e como dá. As metas incluem não deixar de escrever e cumprir os prazos de entrega de materiais solicitados.

Como foi o processo de escrita?
Laís Romero - Esse livro é uma estreia solo que me assombrava há tempos. Assumir o espaço como escritora é algo que considero como sério, e essa ideia me força a continuar. Os poemas foram escritos ao longo de pelo menos 15 anos, e o livro como versão inicial ficou pronto em 2014. Em 2017 o artista Lysmark Lial fez a arte da capa após a leitura da obra, mas só em 2023 consegui materializar o Mátria, que inicialmente se chamava Temporário. Um título imbuído de quase nenhuma coragem. A edição da Paraquedas, através do olhar preciso da Tainã Bispo, solidificou as palavras.


Quais são as suas principais influências artísticas e literárias? 
Laís Romero - Muitas influências me amparam, entre prosa e poesia. Posso dizer que em Mátria respondo muitas mulheres que admiro na arte. Ana Cristina Cesar, Matilde Campilho, Maya Angelou, Renata Flávia, Cecília Meireles e Sophia de Mello são algumas que pontuam meus textos.

Se você pudesse resumir os temas centrais do livro, quais seriam? 
Laís Romero - Ancestralidade. Sexualidade. Maternidade. Feminismo. Brasil. Corpo. São temas que me escolheram. Nasci mulher, piauiense, não tive muita escolha aqui. Antes de desfiar outras questões menos urgentes precisei me abraçar ao que fundamentou minha caminhada. Aos 18 anos engravidei e segui com essa demanda, aos 32 tive meu segundo filho, o   que não pareceu mais fácil. A escolha desses temas veio de forma espontânea, de uma maneira mais direta, foi uma escolha através da urgência. Não sei muito mais que duas gerações antes do presente, não reconheço mais que a etnia em minha face entre a indígena e a negra, os sobrenomes se perderam nos apadrinhamentos. As mulheres foram sobrevivendo, sempre levando a família adiante. Em face dessa realidade onipresente no Brasil, declarei o território Mátria.

Você acha que o livro tem alguma mensagem a transmitir?
Laís Romero - Não penso em mensagens, mas em imagens. Uma visão de como a mulher conjuga os verbos enquanto sujeito é o que pretendo comunicar de maneira direta e pontual. O que sobra ali, enquanto palavra a ser compreendida, é a margem desse pensamento central. Passo caminhada no sexo e desejo, na maternidade e na paixão afetada, de maneira firme e puxando as imagens desimportantes do que vivo diariamente. Se for falar em mensagem, talvez ela esteja aí nesse parágrafo, mas não nos poemas, neles estão imagens.

O livro te transformou de alguma forma? 
Laís Romero - Esse livro representa um peso que me livrei. Tento falar de forma honesta, por isso as palavras de desapego ao que escrevi. Em outros momentos esse livro representa meu cansaço descomunal enquanto mulher, num desassossego (essa maravilhosa palavra cheia de esses). Por dentro consegui me sentir escritora, poeta, pois passei a existir no mundo. Essa obra é uma presença, não meço a dimensão, mas sinto como presença na linha do tempo da escritura sem fim.

O que vem por aí? 
Laís Romero - Estou trabalhando em um romance e tenho um livro de contos pronto, mas ainda nas leituras iniciais para que se firme o livro. O livro de contos une personagens vivendo e morrendo pelo amor desastroso, figuras que fui colecionando e percebi o fio condutor do amor e da morte como nota em comum. Tenho uma reunião de poesias  no prelo, intitulada "Exames aleatórios de imagem", escritos que se ancoram no agora, angústias e notícias transformadas em poesia. Uma maneira de aguentar a realidade.

Garanta o seu exemplar de "Mátria", escrito por Laís Romero, neste link.

domingo, 10 de março de 2024

.: Grupo Folias estreia "Coisas Estranhas que o Mar Traz", inspirado em romance


O Grupo Folias busca no Teatro de animação toda expressividade para contar "Coisas Estranhas que o Mar Traz", livremente inspirado do romance "O Filho de Mil Homens", de Valter Hugo Mãe. Com direção e dramaturgia de Cleber Laguna e Marcia Fernandes, espetáculo estreia na sede do grupo no dia 22 de março. Foto: Mariana Chama


O espetáculo "Coisas Estranhas que o Mar Traz", novo trabalho do Grupo Folias, é livremente inspirado no romance “O Filho de Mil Homens”, do autor português Valter Hugo Mãe. Estreia no dia 22 de março na sede do grupo, onde segue em cartaz até 13 de maio, com apresentações às sextas e aos sábados, às 20h00, e aos domingos e às segundas, às 19h00. A peça tem direção e dramaturgia de Cleber Laguna e Marcia Fernandes e traz no elenco Alex Rocha, Clarissa Moser, Lui Seixas, Marcella Vicentini e Marcellus Beghelle.

A trama se passa em um vilarejo à beira-mar, onde essas figuras solitárias têm suas histórias e sonhos cruzados. Como barcos à deriva, eles se aproximam, se reconhecem e reinventam um caminho em comum. Pequenas vidas marcadas por singelas tristezas e uma silenciosa esperança iluminam esta fábula sobre as diferenças e a mágica existência cotidiana. Trata-se de uma poesia visual e sonora sobre os vazios das pessoas e as possibilidades de felicidade ao simplesmente ser quem se é.

O grupo busca na expressividade do Teatro de Animação uma maneira de contar essa história, fazendo uso de máscaras, bonecos e Teatro de Sombras. A escolha por essa linguagem decorre do encantamento que ela evoca, traduzindo inquietações artísticas, existenciais e conceituais de seus fazedores, que a consideram mais do que simplesmente uma forma de criar o espetáculo, mas sim uma maneira de interpretar a realidade, transgredindo o mero funcionalismo dos objetos.

“A presença cênica de objetos, bonecos e máscaras é capaz de provocar um efeito impactante, como um choque, uma estranheza ou ao menos uma sacudidela, despertando algo ‘profundamente adormecido’ na psique do espectador, proporcionando uma experiência simbólica e ritualística muitas vezes esquecida nos dias de hoje”, revela o coautor e codiretor Cleber Laguna.

O livro "O Filho de Mil Homens" aposta no cuidado minucioso das relações, apresentando uma pluralidade de figuras humanas e universos, com personagens solitárias que acabam se encontrando e buscando formas de construir pequenas coletividades, reconhecendo-se nas diferenças e encontrando maneiras de se relacionar e conviver com elas.

“Assim como quem acompanha de perto uma semente brotando no asfalto, observamos com uma lupa essa pequena comunidade, essa vila de pescadores. Ao olhar a organização desse microcosmo comunitário, composto por pessoas tão diversas entre si, percebemos que ele é, ao mesmo tempo, algoz e salvação”, acrescenta a coautora e codiretora Marcia Fernandes. "Coisas Estranhas que o Mar Traz" foi contemplado pela 40ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo. Compre o livro "O Filho de Mil Homens", de Valter Hugo Mãe, neste link.


Ficha técnica
Espetáculo "Coisas Estranhas que o Mar Traz".
Dramaturgia e Direção: Cleber Laguna e Marcia Fernandes
Atuação e Animação: Alex Rocha, Clarissa Moser, Lui Seixas, Marcella Vicentini e Marcellus Beghelle
Assistência de Animação: Juliana Notari e Matias Ivan Arce
Bonecos: Juliana Notari
Máscaras: Juliana Notari e Cleber Laguna
Figuras para Sombras: Matias Ivan Arce
Iluminação Cênica e Atuação: Diego França
Sonoplastia e Atuação: Jô Coutinho   
Cenografia e Figurinos: Maria Zuquim
Assistência de cenografia e figurino: Murilo Yasmin Soares
Serralheria: Joseane Natali Domingos e Fábio Luiz Souza Gomes
Costureira figurinos: Rita de Cássia Martins
Costureira cenário: Mônica Cristina Rocha
Arte Gráfica: Renan Marcondes
Fotos: Mariana Chama
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Diarista: Fabiana Rodrigues
Direção de Produção: Tetembua Dandara
Assistente de Produção: Tati Mayumi
Realização: Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo e Grupo Folias
Apoio: Cooperativa Paulista de Teatro

Serviço
Espetáculo "Coisas Estranhas que o Mar Traz"
Temporada: 22 de março a 13 de maio
Às sextas-feiras e aos sábados, às 20h00; e aos domingos e segundas-feiras, às 19h00
Galpão do Folias – Rua Ana Cintra, 213, Santa Cecília
Ingressos: R$ 40,00 (inteira), R$ 20,00 (meia-entrada) e R$ 10,00 (sócio morador)
Capacidade: 40 lugares
Duração: 60 minutos

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

.: "Grafias de Vida", de Silviano Santiago, defende escrita selvagem e libertária


Referência incontornável no campo dos estudos literários, Silviano Santiago possui produção extensa, entre romances, contos e ensaios. O premiado autor e influente crítico foi pioneiro ao propor uma abordagem histórica de nossa literatura que mobilizasse ideias das teorias pós-coloniais. "Grafias de Vida - A Morte" dá nova prova da criatividade e perspicácia discursiva de Santiago, em um estilo que lhe é próprio. 

Nos ensaios reunidos no livro, encontramos, entre outros temas, a crítica ao cânone único e ocidentalizante, a defesa de uma escrita selvagem e libertária, a problematização da domesticação, conceito caro ao autor, além de reflexões sobre o espaço e tempo do fazer artístico. Nas palavras do escritor, "são grafias desequilibradas de vida, que propõem a busca de equilíbrio entre o sentimento de mundo e o sentimento da vida, entre a mesa posta e a cadeira onde se toma assento, entre o corpo na casa e o pé no mundo, entre o alimento e a fome, entre o tronco de buriti do sertão e a ridícula cadeirinha ouro-pretana". Compre o livro "Grafias de Vida - A Morte", de Silviano Santiago, neste link.


Sobre o autor
Silviano Santiago nasceu em Formiga (MG), em 1936. Sua vasta obra inclui romances, contos, ensaios literários e culturais. Doutor em letras pela Sorbonne, Silviano começou a carreira lecionando nas melhores universidades norte-americanas. Transferiu-se posteriormente para a PUC-Rio e é, hoje, professor emérito da UFF. Foi cinco vezes premiado com o Jabuti. Pelo conjunto da produção literária, ganhou o prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras e o José Donoso, do Chile. Recebeu do governo francês a distinção de Officier dans l'Ordre des Arts et Lettres e Chevalier dans l'Ordre des Palmes Académiques. Ganhou o prêmio Camões de 2022. Seus livros estão traduzidos em várias línguas. Silviano vive hoje no Rio de Janeiro. Garanta o seu exemplar de "Grafias de Vida - A Morte", escrito por Silviano Santiago, neste link.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

.: Romance "Angústia" começa a Coleção Graciliano Ramos lançada pela Todavia


A editora Todavia começa o mês de janeiro dando partida à publicação da Coleção Graciliano Ramos, um dos autores incontornáveis da nossa literatura. Originalmente publicado em 1936, "Angústia" é o primeiro título. Com organização, notas e apresentação de Thiago Mio Salla (USP), um dos principais especialistas contemporâneos na obra do autor alagoano, a coleção contará ainda com os famosos rodapés de jornal, nunca publicados em livro, que Antonio Candido escreveu sobre os romances.

Algumas das principais obras do grande escritor alagoano Graciliano Ramos, cuja produção acaba de entrar em domínio público. A coleção trará ainda uma seção que mostra as diferenças existentes entre as edições publicadas em vida pelo autor. Dessa forma, o leitor poderá acompanhar de perto o processo criativo de Graciliano Ramos, um dos escritores brasileiros que melhor condensa a noção de esmero textual.

Para o começo de 2025, estão previstos mais dois títulos, que serão divulgados em breve e que seguirão os mesmos critérios. Assim como as coleções Antonio Candido e "Todos os Livros de Machado de Assis", a Coleção Graciliano Ramos conta com um trabalho editorial de envergadura, revisitando a tradição de cada uma das obras em busca de restabelecer a última vontade do autor. Compre o livro "Angústia", de Graciliano Ramos, neste link.


Sinopse de "Angústia"
Estirado numa espreguiçadeira, saltando páginas de um romance que não presta, Luís da Silva percebe um vulto no quintal da casa ao lado. Em vez da senhora idosa que costuma regar as plantas toda manhã, quem surge é uma moça vermelhaça, de olhos azuis e cabelos amarelos: Marina. Essa aparição fortuita irá assaltar a vida do já não tão jovem funcionário público, e o desejo de seduzir a nova vizinha faz com que sua rotina monótona, marcada pela solidão e por um alheamento das coisas do mundo, aos poucos dê lugar a planos de futuro: o matrimônio, um lar a dois.

Em um primeiro momento, Marina cede de bom grado às investidas do pretendente e aceita a união, interessada na promessa de relativo conforto material. Quando conhece o burguês Julião Tavares, no entanto, desiste do noivado, o que encaminha Luís da Silva para um vertiginoso processo de degradação. Garanta o seu exemplar de "Angústia", escrito por Graciliano Ramos, neste link.

Diferenciais da coleção organizada por Thiago Mio Salla
Ao reunir obras pouco conhecidas, de um lado, e, de outro, fixar textos dos livros clássicos, restabelecendo a versão mais aproximada da última intenção autoral, a coleção destaca a riqueza - e novos ângulos - da trajetória do escritor alagoano. Confira alguns diferenciais presentes em "Angústia".

1. Introdução crítica e apresentação dos critérios adotados na nova edição.
2. Restituição inédita do texto, restabelecendo a forma mais aproximada da última vontade do autor;
3. Posfácio de Antonio Candido com o texto "Notas de crítica literária: III", de 1945, em versão nunca antes publicada em livro.
4. Notas contendo: explicação de termos e contextualização de dados históricos e espaciais; as relações entre Angústia e a obra do autor; variantes que revelam os estágios de composição do romance.
5. Seção “Intertexto” com os personagens de Angústia que depois ganhariam espaço em outros livros de Graciliano Ramos.

Sobre o autor
Graciliano Ramos de Oliveira
nasceu em 1892, no município de Quebrangulo, Alagoas. Considerado um dos maiores escritores da literatura nacional, é autor de clássicos como este "Angústia" (1936), "Vidas Secas" (1938) e "Memórias do Cárcere" (1953). Antes de se dedicar prioritariamente à literatura, atuou como jornalista, comerciante, educador e político. Suas primeiras publicações se resumiam a poemas e crônicas em jornais e revistas, para os quais escrevia com pseudônimos.


Sobre o organizador
Thiago Mio Salla
é doutor em Ciências da Comunicação e em Letras pela Universidade de São Paulo (USP). Docente e pesquisador da Escola de Comunicações e Artes da USP e do Programa de Pós-Graduação em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa da FFLCH/USP. Atualmente coordena e desenvolve projetos no Fundo Graciliano Ramos (IEB/USP).

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

.: Bethânia Pires Amaro: "A literatura feita por mulheres sempre foi fecunda"


Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com.

Bethânia Pires Amaro é uma mulher cosmopolita. Pernambucana de nascimento, baiana de criação, ela mora atualmente em São Paulo. Apaixonada por literatura, tem diversos contos premiados em concursos nacionais.mas a grande chance veio ao vencer o Prêmio Sesc de Literatura na categoria Conto. Com o livro "O Ninho", lançado pela editora Record, ela mergulha em um mosaico de imperfeições e doenças familiares para jogar realidade nas idealizações que pairam sobre as relações familiares, sobretudo quando se trata de maternidade. 

O livro oferece 15 contos que acompanham personagens femininas enfrentando diversas adversidades e, através de suas histórias, o leitor é lembrado de que a casa, esse estranho ninho, não é tão sacra assim, nem tão segura. Vícios, suicídios, maternidades disfuncionais, abusos e violências devastadoramente reais podem ser encontrados na obra e, no entanto, a sensibilidade narrativa de Bethânia Pires Amaro ampara o leitor com belezas imperfeitas, que decorrem da tragédia cotidiana, e com a compaixão.

Graduada e pós-graduada em Direito pela Universidade Federal da Bahia e mestre em Direito do Estado pela Universidade de São Paulo ela  Assinado por ela, o conto “O Adeus da Eletricidade”, premiado no Concurso de Contos Maximiano Campos, foi traduzido para o alemão pela editora Arara Verlag. Confira a entrevista exclusiva abaixo. Compre o livro "O Ninho", de Bethânia Pires Amaro, neste link.


Resenhando.com - Seus contos especificam a casa como lugar de segurança afetiva. Explique essa ideia.
Bethânia Pires Amaro -
Já durante a pandemia, tivemos muitos artigos e reportagens que trouxeram reflexões sobre o aumento da violência de gênero durante o isolamento social, levantando o debate sobre o quanto as mulheres podem realmente se sentir seguras dentro de casa. Para muitas mulheres, o lar não é somente um espaço de amor e aprendizado, mas também o berço de comportamentos tóxicos que elas mesmas reproduzem, geração a geração, é a fonte a partir da qual elas desenvolvem distúrbios alimentares ou de imagem, inseguranças e dores diversas. Todas nós somos moldadas, ao menos em parte, pelo ambiente familiar e existe uma idealização da família enquanto instituição. Estes ideais de perfeição, se observados de perto, rapidamente se desfazem. “O Ninho” quis realçar estas tantas sombras e sutilezas dentro das dinâmicas familiares, especialmente entre mulheres.


Resenhando.com - Como é ser a vencedora do Prêmio Sesc de Literatura 2023 na categoria Conto?
Bethânia Pires Amaro - 
Ter vencido o Prêmio Sesc representou para mim um grande reconhecimento do meu trabalho, pelo qual sou muito grata. É um prêmio muito especial para o autor estreante, porque nos oferece, junto à publicação do livro, um circuito de divulgação que é extremamente importante para que possamos alcançar mais leitores Brasil afora. Na minha formação enquanto leitora, o Prêmio Sesc sempre exerceu um papel relevante, na medida em que pude conhecer diversas obras e autores através da divulgação de edições passadas, e eu sinto que tenho uma dívida imensa com esta literatura brasileira contemporânea, que me inspirou e me acompanhou por diversos momentos de vida. 


Resenhando.com - Sérgio Rodrigues afirmou que você é uma das melhores contistas da literatura brasileira. Como você recebe esse elogio?
Bethânia Pires Amaro - 
Tenho uma admiração imensa pelo Sérgio Rodrigues, tanto como autor como quanto ser humano, e a obra dele me inspirou de diversas formas. “O Drible”, em especial, é um livro de cabeceira ao qual retorno muitas vezes, tanto para estudo como por lazer, de modo que foi para mim uma grande honra tê-lo como jurado e sou extremamente grata por toda a generosidade e incentivo que recebi do Sérgio nestes últimos meses. A melhor parte do Prêmio Sesc, na verdade, tem sido a oportunidade de aproximação com outros escritores que sempre tive como referência, pois o meu livro não se fez sozinho, ele fecundou através da obra de muitos autores, ele passou por caminhos que muitas mulheres abriram antes de mim, e pelas mãos de grandes professores, profissionais e colegas até enfim ter chegado ao papel impresso. O livro jamais teria chegado à publicação sem que tantas pessoas tivessem acreditado nele ao longo de toda essa trajetória.


Resenhando.com - O papel da mulher na sociedade é algo recorrente nos textos de "O Ninho". Como você vê o papel da mulher na literatura?
Bethânia Pires Amaro - 
Penso que a literatura feita por mulheres sempre foi fecunda e felizmente tem crescido o número de publicações femininas no Brasil, embora ainda estejamos longe de um equilíbrio nesse sentido. É muito importante que as mulheres ocupem esses espaços nas livrarias e nas estantes brasileiras, para que possamos compartilhar nossas vivências e experiências da forma mais plural possível, apesar das tantas desvantagens que historicamente afastaram as mulheres do mercado literário profissional. Mais ainda, precisamos repensar o papel da mulher na literatura para afastá-la de modelos tradicionais em que sempre somos representadas como “o sexo frágil”, que tratam de questões femininas de forma estereotipada ou que reforcem qualquer tipo de misoginia. Vejo com grande alegria que cada vez mais coletivos, clubes de leitura e teses vêm focando na redescoberta de vozes femininas marginalizadas e no incentivo a novas autoras. Um belo movimento nesse sentido é o “Um Grande Dia para as Escritoras”, idealizado pela Giovana Madalosso, que conseguiu reunir mais de duas mil mulheres pelo país inteiro, em prol da literatura e da expressão artística feminina.

Resenhando.com - O que há de autobiográfico nos contos de "O Ninho"? 
Bethânia Pires Amaro - 
“O Ninho” é um livro de ficção, mas algumas histórias foram baseadas em experiências minhas, de mulheres da minha família ou ainda de mulheres com as quais convivi das mais diversas formas. A maioria, porém, consiste numa representação de temas que me comovem e me inspiram enquanto mulher. A ideia foi tornar cada uma destas histórias uma espécie de fotografia, para compartilhar meus olhares sobre aspectos das vivências femininas dentro de suas famílias que muitas vezes permanecem na sombra, sobre as quais se fala em regra muito pouco. Os contos são, assim, uma janela para a intimidade das dinâmicas familiares, especialmente entre mulheres, que convidam o leitor a se aproximar e formar suas próprias opiniões sobre as realidades retratadas ali; não há respostas prontas, mas apenas relações humanas, com todas as falhas, pontos cegos e malícias que permeiam cada um de nós. É um livro que foi pensado para exigir muito do leitor, que busca a todo o momento fazê-lo reagir e interpretar suas próprias reações.


Resenhando.com - Qual é o seu conto favorito?
Bethânia Pires Amaro - 
Seria impossível eleger um conto favorito, seja dentre os meus ou de outros autores, porque cada um conversa com tipos diferentes de sensibilidade. Mas um conto ao qual venho retornando muito nos últimos tempos é o “Depois do Jeans”, do Raymond Carver. Gosto muito da obra dele pelo tratamento da linguagem e do prosaico, de modo que o conto parece quase banal até que todos os elementos se juntam e geram um impacto muito poderoso no leitor. Neste conto, um casal de idosos sai para uma noite de bingo, mas tudo dá errado na noite deles: a esposa descobre um sangramento vaginal, a vaga e a mesa que eles sempre ocupam são tomadas por um casal mais jovem, eles não ganham nada no bingo. O desenrolar desse conto, e sua conclusão, são uma reflexão magnífica sobre o envelhecimento, sobre as pequenas torturas que a passagem do tempo impõe ao corpo de alguém, mas ao mesmo tempo o conto é muito sensível e belíssimo. Há ali um equilíbrio difícil de conseguir, entre a descrição da realidade de uma forma direta e concreta, quase crua, e a ternura que desperta no leitor sem uso de qualquer poética evidente na linguagem. É um trabalho excepcional de técnica narrativa aliado a um olhar muito humano sobre a vida, que me comove e me inspira.


Resenhando.com - O que representa a literatura em sua vida?
Bethânia Pires Amaro - 
A literatura é para mim uma forma essencial de expressão e de compartilhamento da experiência humana com outras pessoas. Sempre li muito justamente por necessitar dessa conexão, por querer estar em contato com os olhares de outros seres humanos sobre o que é estar vivo, o que é se relacionar de tantas formas com o mundo e com os outros.

Resenhando.com - Na sua própria literatura, em que você se expõe mais, e por outro lado, em que você mais se preserva, em seus textos?
Bethânia Pires Amaro - 
Todos os textos expõem muito do autor e com “O Ninho” não é diferente: cada conto traduz um recorte na forma pela qual eu enxergo determinada situação ou conflito. A narrativa realça alguns pontos e deixa outros na sombra, à espera de que o leitor os descubra e construa suas próprias reações. Por isso, embora o livro busque destacar a experiência feminina em contextos familiares, as questões postas ali são universais, conversam com qualquer ser humano que se veja exposto àquelas realidades, que se mostre aberto a ingressar na vivência dessas mulheres e conhecer conflitos sobre os quais nem sempre falamos às claras.   

Resenhando.com - Que conselhos você dá para as pessoas que pretendem enveredar pelos caminhos da escrita?
Bethânia Pires Amaro - 
Penso que cada escritor precisará descobrir seu próprio caminho, no sentido de decidir o que funciona melhor para si, porque na escrita não há fórmulas ou estradas universais. Na minha experiência, ajuda muito ter uma ampla bagagem de leitura, dos clássicos e contemporâneos, e especialmente da literatura nacional, porque assim o escritor pode ter uma boa noção do que se vem fazendo tecnicamente em termos literários e se abre a temáticas com as quais pode não ter tanta familiaridade, expandindo seu repertório. Inserir-se também numa comunidade de escritores, para trocar ideias e textos, e principalmente para receber uma análise crítica do que escrevemos, para mim foi também fundamental. Quando escrevemos, nem sempre temos o distanciamento necessário do texto para garantir que estamos passando ao leitor aquilo que queremos, de modo que um retorno honesto de leitores do manuscrito é muito valioso.


Resenhando.com - Quais livros foram fundamentais para a sua formação enquanto escritora e leitora?
Bethânia Pires Amaro - 
Seria impossível listar todos os livros e autores que considero importantes para minha formação ou eleger um favorito, mas na escrita de “O Ninho” tive como principais referências grandes mulheres e contistas como Lucia Berlin, Alice Munro, Maria Fernanda Ampuero, Giovana Madalosso, Jarid Arraes e Cíntia Moscovich.


Resenhando.com - Como e quando começou a escrever?
Bethânia Pires Amaro - 
Escrevo desde muito pequena e, durante a universidade, incentivada por uma amiga, comecei a participar de concursos de contos, tendo integrado diversas antologias nesse período, quando comecei a conhecer melhor a produção de contistas brasileiros contemporâneos. Após a pandemia, decidi me dedicar mais aos aspectos técnicos de minha escrita literária e frequentei o Curso Livre de Preparação de Escritores - Clipe da Casa das Rosas de São Paulo e a Oficina de Criação Literária da PUC/RS, com o Prof. Dr. Luiz Antonio de Assis Brasil, além de outras oficinas e cursos.


Resenhando.com - É possível viver de literatura no Brasil?
Bethânia Pires Amaro - 
Uma vez que estou ingressando agora no mercado literário, precisaria de mais algum tempo para poder opinar com maiores fundamentos sobre esta pergunta. Parece-me, por uma impressão inicial, que viver de literatura no Brasil apresenta seus desafios e que é essencial um apoio mais sólido das políticas públicas para que o mercado leitor brasileiro consiga atingir seu pleno potencial.  


Resenhando.com - O quanto para você escrever é disciplina?
Bethânia Pires Amaro - 
Penso que disciplina contribui no exercício de qualquer atividade, inclusive para a escrita, embora cada autor deva respeitar seu próprio tempo interno e suas próprias inclinações. Eu, por exemplo, não escrevo todos os dias, nem estabeleço uma carga horária predeterminada ou número mínimo de caracteres, mas tento diariamente estar em contato com livros e outras formas de expressão artística que conversem com o meu texto, de modo a me colocar sempre num estado próximo ao da inspiração. Alimentar a inspiração por um esforço consciente, ao meu ver, é parte da transpiração necessária para escrever um livro, já que este tipo de projeto normalmente leva anos para ser concluído. Além disso, uma vez escrita a primeira versão de um texto, é necessário reescrevê-lo ainda algumas vezes, revisá-lo, passá-lo por alguns leitores, além de tantas outras etapas para que se chegue à versão final. “O Ninho” foi escrito e reescrito ao longo de dois anos e foi fruto de muitos estudos sobre a narrativa, de modo a construir um texto o mais intencional possível, então a ideia de um livro escrito num rompante de inspiração é realmente muito distante da minha experiência pessoal.


Resenhando.com - Você tem um ritual para escrever?
Bethânia Pires Amaro - 
Normalmente não tenho nenhum tipo de ritual, mas, quando estou no meio de um projeto, costumo desenhar a estrutura do livro e ter algumas metas compatíveis com minha rotina e carga de trabalho, em regra medidas em semanas ou meses ao invés de dias. Sou uma escritora que prefere escrever sem muitas amarras e definitivamente sem pressa, maturando as ideias que quero expressar no texto. Ao mesmo tempo, tento sempre me envolver em atividades que se relacionem ao projeto, seja ouvindo determinadas músicas, lendo determinadas obras, frequentando determinados espaços, de modo a me manter conectada com a história.


Resenhando.com - Em um processo de criação, o silêncio e isolamento são primordiais para produzir conteúdo ou o barulho não o atrapalha?
Bethânia Pires Amaro - 
Para mim, o silêncio e isolamento são essenciais. Costumo escrever à noite, em casa, num horário em que já encerrei as outras demandas do dia, para que nada me distraia do texto.


Resenhando.com - Como começar a ler Bethânia Pires Amaro?
Bethânia Pires Amaro - 
“O Ninho” foi planejado com um sequenciamento que tornasse a leitura do livro mais prazerosa e frutífera para o leitor, gerando uma determinada experiência sensorial. Ainda assim, os contos podem ser lidos separadamente, se for da preferência de quem lê.


Resenhando.com - Por qual de seus livros - ou personagem - você sente mais carinho?
Bethânia Pires Amaro - 
Tenho especial carinho pela narradora do conto “Espiral”, um conto que tenta mostrar o quanto distúrbios alimentares muitas vezes passam despercebidos pela família, sendo comumente passados de mãe para filha numa cadeia silenciosa de comportamentos nocivos à saúde da mulher. Os distúrbios alimentares, associados a distúrbios de imagem, são frequentes inclusive entre mulheres que não se imagina que teriam questões deste tipo, apresentam por vezes difícil diagnóstico e são sorrateiros, crescendo em crianças e adolescentes com poucos sinais externos, sem que ninguém ao redor desconfie.


Resenhando.com - Hoje, quem é Bethânia Pires Amaro por ela mesma?
Bethânia Pires Amaro - 
Sou uma autora brasileira que se vê inserida num coletivo de mulheres que vêm tentando abrir espaço na literatura nacional contemporânea para compartilhar nossas vivências e experiências, na esteira de muitas autoras que vieram antes de nós. Penso que caminhamos juntas e nos fortalecemos sempre que incentivamos e divulgamos os trabalhos umas das outras. Leiam mulheres!

Garanta o seu exemplar de "O Ninho", escrito por Bethânia Pires Amaro, neste link.

domingo, 31 de dezembro de 2023

.: "Nebulosas", de Narcisa Amália, livro cobrado pela Fuvest em 2026


"Nebulosas", de Narcisa Amália, é um dos livros cobrados pela Fuvest em 2026. Corajosa, erudita, sensível a questões humanitárias e ligadas ao universo feminino, a autora escreveu um único livro. À época de sua publicação, em 1872, pela mítica editora Garnier, essa obra fez com que seu talento fosse celebrado por ninguém menos que Machado de Assis e também pelo imperador Dom Pedro II

A obra foi escrita pela autora quando ela tinha 20 anos. No livro, a “jovem e bela poetisa”, como definiu Machado de Assis, declama poemas de exaltação à natureza, à pátria e de lembranças da sua infância. O livro foi publicado pela mais famosa editora brasileira à época, a Garnier, que patrocinou todos os gastos da impressão. 

A editora deu relevância ao livro, segundo Maria de Lourdes Eleutério, pelo fato incomum à época de uma mulher publicar um livro. Conforme relata Maria de Lourdes Eleutério “para as mulheres da República o sonho de publicar um livro era um projeto distante, a expressão feminina nesse período permanece circunscrita ao espaço privado”.

Em 1873, Narcisa recebeu o Prêmio Lira de Ouro por conta dessa obra. Em setembro de 1874, Narcisa recebeu o prêmio da Mocidade Acadêmica do Rio de Janeiro, uma pena de ouro entregue pelas mãos do conselheiro Saldanha Marinho. No livro, estão reunidos os 44 poemas originais. Alguns poemas líricos, com temas intimistas, femininos, e relacionados à natureza, outros de cunho social, em prol da abolição da escravatura. Compre o livro "Nebulosas", de Narcisa Amália, neste link. 


Sobre a autora
Narcisa Amália de Campos foi tradutora, poeta, escritora, crítica literária, jornalista brasileira e professora. Foi a primeira mulher a trabalhar como jornalista profissional no Brasil, além de abolicionista, republicana e feminista. Movida por forte sensibilidade social, combateu a opressão da mulher e o regime escravista. Segundo Sílvia Paixão, “um dos raros nomes femininos que falam de identidade nacional" e busca sua própria identidade “numa poética uterina que imprime o retorno ao lugar de origem”. Colaborou na revista A Leitura (1894-1896) e, bem a frente de seu tempo, escreveu muitos artigos de cunho feminista e republicano.

Filha do poeta Jácome de Campos e da professora primária Narcisa Inácia de Campos, Narcisa Amália nasceu em São João da Barra, no Rio de Janeiro, em 3 de abril de 1852. Ainda em São João da Barra, estudou latim e francês com o padre Joaquim Francisco da Cruz Paula, e recebeu aulas de retórica de seu pai. 

Aos 11 anos, mudou com a família para o município fluminense de Resende, onde, aos 14, se casa com João Batista da Silveira, artista ambulante de vida irregular, de quem se separou alguns anos mais tarde. Aos 28 anos, em 1880, se casou novamente com Francisco Cleto da Rocha, mas a união não durou e o casal se separou pouco tempo depois, obrigando-a a deixar Resende, em especial por conta dos boatos espalhados por seu marido na cidade. Por ter sido casada e divorciada em duas ocasiões, isso gerava forte estigma social na época.

O sucesso de Narcisa passou a incomodar o marido que, depois de separado, passou a difamar a escritora declarando que seus versos não eram de sua autoria, mas escritos por poetas com quem teria tido casos de amor. O escritor Múcio Teixeira fez coro à campanha contra Narcisa declarando que o livro “Nebulosas” tinha sido escrito por um homem com pseudônimo de mulher.

Narcisa iniciou sua carreira como tradutora de contos e ensaios de autores franceses, como a escritora George Sand (pseudônimo masculino da autora Amandine Aurore Lucile Dupin) e o paleobotânico Gaston de Saporta. Único livro da autora, "Nebulosas" foi publicado em 1872, em nova edição em 2017 pela Gradiva Editorial e a Fundação Biblioteca Nacional. A obra foi muito bem recebida na época de seu lançamento, tendo sido inclusive bastante comentado por Machado de Assis e Dom Pedro II. Em 1874, 1888 e 1917, ela contribui com o "Novo Almanaque de Lembranças", que era uma coletânea de textos diversos que tinha grande circulação em Portugal e no Brasil.

Com problema cardíaco e cansada das difamações em Resende, em 1888, com apenas 33 anos, foi para o Rio de Janeiro, no bairro de São Cristóvão. Ainda na vida carioca continuou a escrever, mas cada vez menos e foi lecionar em uma escola pública. Narcisa Amália faleceu aos 72 anos, em 24 de julho de 1924, no Rio de Janeiro, vitimada por um diabetes. Ela já estava cega, pobre e com problemas de mobilidade. Além disso, sua obra foi praticamente esquecida depois de sua morte.

Antes de sua morte, deixou um apelo: “Eu diria à mulher inteligente [...] molha a pena no sangue do teu coração e insufla nas tuas criações a alma enamorada que te anima. Assim deixarás como vestígio ressonância em todos os sentidos”. Garanta o seu exemplar de "Nebulosas", escrito por Narcisa Amália, neste link.

Fuvest 2026

"Opúsculo Humanitário" (1853) - Nísia Floresta Brasileira Augusta

"Nebulosas" (1872) - Narcisa Amália

"Memórias de Martha" (1899) – Julia Lopes de Almeida

"Caminho de Pedras" (1937) – Rachel de Queiroz

"O Cristo Cigano" (1961) – Sophia de Mello Breyner Andresen

"As Meninas" (1973) – Lygia Fagundes Telles

"Balada de Amor ao Vento" (1990) – Paulina Chiziane

"Canção para Ninar Menino Grande" (2018) – Conceição Evaristo

"A Visão das Plantas" (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

sábado, 30 de dezembro de 2023

.: Claudia Piñeiro, autora argentina da Netflix, assina com a Primavera Editorial



Autora de "As Viúvas das Quintas-feiras", romance adaptado pela Netflix, Claudia Piñeiro passa a integrar o portfólio de escritores da Primavera Editorial. Em 2024, a editora publicará o romance policial "Catedrais".


A Primavera Editorial anuncia a assinatura de um contrato com Claudia Piñeiro para a publicação do livro "Catedrais", em 2024. A autora, dramaturga e roteirista argentina já tem um livro publicado no Brasil: "As Viúvas das Quintas-feiras", adaptado pela Netflix. Nascida em Buenos Aires em 1960, Claudia conquistou diversos prêmios internacionais, concedidos por sua obra literária, teatral e jornalística.

Segundo Larissa Caldin, CEO da Primavera Editorial, Catedrais traz todos os elementos característicos da literatura construída por Claudia Piñeiro: a investigação dos laços familiares, os preconceitos sociais e as ideologias. “É um romance com uma trama intensa e que, apesar da busca pela verdade cadenciar a narrativa em tom policial, escancara as violências silenciadas em nome da tradição ou da fé. Estamos animadas em trazer um nome da literatura latino-americana com toda essa potência para o nosso catálogo”, afirma Larissa.

Publicado na Argentina pela Alfaguara, "Catedrais" é um romance policial que foge de uma estrutura convencional do gênero para construir uma narrativa polifônica, usando a memória dos sete personagens envolvidos na trama por um fato cruel: a morte de uma adolescente e o aparecimento do seu cadáver queimado e esquartejado. Uma obra que aborda o quanto a violência atinge tanto as vítimas quanto os seus perpetradores

.: Tudo sobre "Opúsculo Humanitário", de Nísia Floresta, livro cobrado pela Fuvest


Um dos livros cobrados pela Fuvest em 2026, "Opúsculo Humanitário" reúne textos da educadora, escritora e poetisa potiguar Nísia Floresta Brasileira Augusta, pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto, pioneira na educação feminista no Brasil, com protagonismo nas letras, no jornalismo e nos movimentos sociais.

Em "Opúsculo Humanitário", publicado no Rio de Janeiro em 1853, encontra-se a síntese do pensamento de Nísia Floresta sobre a educação feminina. Trata-se de uma coletânea de 62 artigos publicados na imprensa carioca após a sua primeira viagem à Europa. Os textos iniciais traçam um histórico da condição feminina em diversas civilizações, desde a antiguidade clássica ao século XIX.

Para ela, o desenvolvimento material e intelectual de um país, está relacionado ao lugar ocupado pelas mulheres na sociedade. Sobre o Brasil, a educadora afirma que a instrução das meninas significaria o acesso da nação brasileira no rol das civilizações modernas. O antiescravismo de Nísia Floresta evidencia-se também em suas referências às relações no âmbito doméstico e o seu reflexo na educação de meninas. 

Segundo ela, o tratamento rude dado aos escravos e até às amas de leite por seus senhores era um péssimo exemplo de “revoltante ingratidão”. Ainda que brevemente, Nísia Floresta menciona no "Opúsculo Humanitário" o movimento de incentivo ao aleitamento materno. Na última parte do livro, a autora critica as escolas e o ensino no Brasil, valendo-se de dados oficiais, posicionando-se contrariamente ao governo sobre a falta de direcionamento educacional, sobretudo na educação de meninas.

Nesta coleção de artigos sobre emancipação feminina, que foi merecedor de uma apreciação favorável de Auguste Comte, pai do positivismo, a obra sintetiza o pensamento da autora sobre a educação feminina, além de abordar a pedagogia de forma geral e apontar críticas a instituições de ensino da época. A ideia de rompimento com a esfera privada, atribuída a Nísia, está diretamente relacionada com sua escrita. Compre o livro "Opúsculo Humanitário", de Nísia Floresta, neste link. 


Sobre a autora
Nísia Floresta Brasileira Augusta, pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto, (Papari, 12 de outubro de 1810 - Rouen, França, 24 de abril de 1885) foi uma educadora, escritora e poetisa brasileira. Primeira na educação feminista no Brasil, com protagonismo nas letras, no jornalismo e nos movimentos sociais. Defensora de ideais abolicionistas, republicanos e principalmente feministas, posicionamentos inovadores na época, influenciou a prática educacional brasileira, rompendo limites do lugar social destinado à mulher. Capaz de estabelecer um diálogo entre ideias europeias e o contexto brasileiro no qual viveu, dedicou obras e ensinos sobre a condição feminina e foi considerada pioneira do feminismo no Brasil, além de denunciar injustiças contra escravos e indígenas brasileiros.

No cenário de mulheres reclusas ao casamento e maternidade, diante de uma cultura de submissão, foi a primeira figura feminina a publicar textos em jornais, na época em que a imprensa nacional ainda engatinhava. Dionísia Pinto ainda dirigiu um colégio para meninas na cidade do Rio de Janeiro e escreveu diversas obras em defesa dos direitos das mulheres, índios e escravos, envolvendo-se plenamente com as questões culturais de seu tempo, através de sua militância sob diversas vertentes. Garanta o seu exemplar de  "Opúsculo Humanitário", escrito por Nísia Floresta, neste link.


Fuvest 2026

"Opúsculo Humanitário" (1853) - Nísia Floresta Brasileira Augusta

"Nebulosas" (1872) – Narcisa Amália

"Memórias de Martha" (1899) – Julia Lopes de Almeida

"Caminho de Pedras" (1937) – Rachel de Queiroz

"O Cristo Cigano" (1961) – Sophia de Mello Breyner Andresen

"As Meninas" (1973) – Lygia Fagundes Telles

"Balada de Amor ao Vento" (1990) – Paulina Chiziane

"Canção para Ninar Menino Grande" (2018) – Conceição Evaristo

"A Visão das Plantas" (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida


terça-feira, 21 de novembro de 2023

.: Cinema: "A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes", o livro que inspirou o filme


Escrito por Suzanne Collins, o livro "Jogos Vorazes - A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes", que inspirou o filme em cartaz na rede Cineflix Cinemas, é uma história da série "Jogos Vorazes". O romance começa com a manhã do dia da colheita que iniciará a décima edição dos Jogos Vorazes.

Na capital, o jovem de 18 anos Coriolanus Snow se prepara para sua oportunidade de glória como um mentor dos Jogos. A outrora importante casa Snow passa por tempos difíceis e o destino dela depende da pequena chance de Coriolanus ser capaz de encantar, enganar e manipular seus colegas estudantes para conseguir mentorar o tributo vencedor.

A sorte não está a favor dele. A ele foi dada a tarefa humilhante de mentorar a garota tributo do Distrito 12, o pior dos piores. Os destinos dos dois estão agora interligados – toda escolha que Coriolanus fizer pode significar sucesso ou fracasso, triunfo ou ruína. Na arena, a batalha será mortal. Fora da arena, Coriolanus começa a se apegar a já condenada garota tributo... e deverá pesar a necessidade de seguir as regras e o desejo de sobreviver custe o que custar. Garanta o seu exemplar de "Jogos Vorazes - A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes", escrito por Suzanne Collins, neste link.


Um dos filmes mais aguardados do ano, "Jogos Vorazes - A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes" está em cartaz no Cineflix Cinemas. A prequel da franquia de sucesso conta a história Coriolanus Snow, de 18 anos, anos antes de se tornar o presidente tirânico de Panem. Ele vê uma chance de mudar sua sorte quando se torna o mentor de Lucy Gray Baird, o tributo feminino do Distrito 12.

O longa-metragem,  dirigido por Francis Lawrence e baseado em mais um livro de Suzanne Collins, tem, no elenco, Rachel Zegler, Hunter Schafer, Tom Blyth, Peter Dinklage, Viola Davis, Kjell Brutscheidt, Jason Schwartzman e Irene Böhm. Compre o livro "Jogos Vorazes - A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes", de Suzanne Collins, neste link.

Assista no Cineflix
"Jogos Vorazes - A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes"  está em cartaz no Cineflix Cinemas. O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN.

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

.: Conceição Evaristo participa da série "Encontros com Autores"


Evento acontecerá no dia 23 de novembro no Theatro Municipal de São Paulo; último encontro será com o autor vencedor do Livro do Ano do Jabuti 2023. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil


A escritora Conceição Evaristo, uma das vozes mais expressivas da literatura afro-brasileira contemporânea, participará do próximo “Encontros com Autores” do Prêmio Jabuti, uma série de diálogos promovida pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pelo Theatro Municipal de São Paulo. Este penúltimo encontro será realizado no dia 23 de novembro, no Salão Nobre do Theatro Municipal de São Paulo, às 19h, e terá a mediação de Catita.

Conceição Evaristo, nascida em Belo Horizonte e radicada no Rio de Janeiro desde a década de 1970, traz em sua trajetória um profundo compromisso com a valorização das raízes afro-brasileiras, tanto em sua atuação como educadora como em sua produção literária. Com uma sólida formação acadêmica, que inclui mestrado em Literatura Brasileira pela PUC-Rio e doutorado em Literatura Comparada pela UFF, Evaristo utiliza sua escrita como uma ferramenta de luta e expressão, contribuindo significativamente para o debate sobre raça, gênero e classe social no Brasil.

Seus textos, que transitam entre a poesia, a ficção e o ensaio, têm ganhado cada vez mais destaque no cenário nacional e internacional, com participações em publicações na Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. Além disso, seus contos são objeto de estudos em universidades brasileiras e estrangeiras, reafirmando a importância e a urgência de suas narrativas. Catita fará a mediação deste encontro. Ela é “escrivinhadora”, professora e pesquisadora e atuante no cenário literário brasileiro, cofundadora do Coletivo de Escritoras Negras Flores de Baobá e sócia na Editora Feminas.

Este evento se insere na programação da série "Encontros com Autores", iniciada em setembro de 2023, que já reuniu grandes nomes da literatura brasileira, como Pedro Bandeira, Aline Bei, Itamar Vieira Jr.Jeferson Tenório e Luiza Romão. E para encerrar o ciclo de encontros, a próxima conversa será feita com o autor vencedor do Livro do Ano de 2023, que será anunciado na 65ª edição do Prêmio Jabuti no dia 5 de dezembro. A conversa será mediada pelo curador do prêmio, Hubert Alquéres, e pela presidente da CBL, Sevani Matos.

 

Confira abaixo a programação completa
Programação da série de “Encontros com Autores 2023”, no Theatro Municipal de São Paulo:

23 de novembro, quinta-feira, 19h. Encontro com Conceição Evaristo - Mediação de Catita, “escrivinhadora” e professora
Maria da Conceição Evaristo de Brito nasceu em Belo Horizonte, em 1946, e migrou para o Rio de Janeiro, na década de 1970. Graduada em Letras pela UFRJ, trabalhou como professora da rede pública de ensino na capital fluminense. É Mestre em Literatura Brasileira pela PUC do Rio de Janeiro, com a dissertação “Literatura Negra: uma poética de nossa afro-brasilidade” (1996). Doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense, com a tese “Poemas malungos, cânticos irmãos” (2011), na qual estuda as obras poéticas dos afro-brasileiros Nei Lopes e Edimilson de Almeida Pereira, em confronto com a do angolano Agostinho Neto. Participante ativa dos movimentos de valorização da cultura negra em nosso país, estreou na literatura em 1990, quando passou a publicar seus contos e poemas na série Cadernos Negros. Escritora versátil, cultiva a poesia, a ficção e o ensaio. Desde então, seus textos vêm angariando cada vez mais leitores. A escritora participa de publicações na Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. Seus contos vêm sendo estudados em universidades brasileiras e do exterior, tendo, inclusive, sido objeto da tese de doutorado de Maria Aparecida Andrade Salgueiro, publicada em livro em 2004, que faz um estudo comparativo da autora com a americana Alice Walker. Em 2003, publicou o romance “Ponciá Vicêncio”, pela Editora Mazza, de Belo Horizonte. Catita, a “escrivinhadora” e professora, fará a mediação desse encontro. Ela também é pesquisadora, editora, e co-fundadora do Coletivo de Escritoras Negras Flores de Baobá, além de sócia na Editora Feminas (desde 2022). Compõe suas obras, os livros Morada (Ed Feminas, 2019 - poemas), Notícias da Incerteza (Ed. Desconcertos, 2021 - crônicas) e Das Raízes à Colheita, em co-autoria com o coletivo Flores de Baobá (Ed Feminas, 2022). Compre os livros de Conceição Evaristo neste link.


7 de dezembro, quinta-feira, 19h. Encontro especial com o autor(a) vencedor (a) do Livro do Ano de 2023. Mediação - Hubert Alquéres e Sevani Matos
O último encontro terá realização especial. Contará com a presença do autor contemplado com a premiação de Livro do Ano de 2023. A conversa será mediada pelo Hubert Alquéres, que foi presidente da Imprensa Oficial de São Paulo, de 2003 a 2011. Atuante nas áreas de cultura e educação há mais de 40 anos, tem uma história antiga com o mais importante prêmio do livro brasileiro: durante seis anos, coordenou a Comissão do Prêmio Jabuti na Câmara Brasileira do Livro (CBL). Iniciou sua carreira na área acadêmica como professor na Escola Politécnica da USP e no Colégio Bandeirantes. Foi secretário estadual e secretário executivo na Secretaria de Educação, além de ter presidido por quatro vezes o Conselho Estadual de Educação de São Paulo, do qual é membro desde 1998.​ Atua como vice-presidente da Câmara Brasileira do Livro há 12 anos. Preside a Academia Paulista de Educação e o Conselho de Administração do Museu AfroBrasil, e é membro da Associação Amigos da Biblioteca Mário de Andrade. A presidente da CBL, Sevani Matos, também participa deste bate papo que compõem a série de Encontros com Autores. Com mais de 20 anos de carreira nas áreas administrativa e comercial, com passagens por empresas nacionais e multinacionais, ela também atuou no setor gráfico de livros. Formada em Comunicação Social, Sevani possui MBA em Administração e Gestão de Negócios, além de especialização em Marketing Digital. Já trabalhou na Artmed Editora e, há mais de 16 anos, atua como diretora-geral na VR Editora. Foi eleita em 28 de fevereiro de 2023 para a presidência da CBL integrando a chapa “O livro nos une”, para o biênio 2023-2025. Sevani já ocupava o cargo de diretora na CBL.

domingo, 19 de novembro de 2023

.: “A Palavra que Resta”, livro de Stênio Gardel, vence o National Book Award


"A Palavra que Resta"
, romance de estreia de Stênio Gardel lançado pela Companhia das Letras em 2021, venceu o National Book Award na categoria Literatura Traduzida. O prêmio foi entregue na última quarta-feira, dia 15 de novembro, em Nova Iorque para o autor e para a tradutora, Bruna Dantas Lobato, que traduziu o texto para inglês na edição da New Vessel Press, intitulada The Words That Remain.

É a primeira vez que um livro brasileiro vence o National Book Award, um dos mais importantes prêmios literários dos Estados Unidos, concedido anualmente aos melhores livros escritos ou traduzidos para o português. Na categoria vencida por "A Palavra que Resta", entre as indicações havia livros de Pilar Quintana, David Diop e Bora Chung.

Cearense de Limoeiro do Norte, Stênio Gardel trabalha no Tribunal Regional Eleitoral de seu estado natal, e é especialista em Escrita Literária. A palavra que resta é seu primeiro romance e foi escrito durante os Ateliês de Narrativa ministrados pela escritora Socorro Acioli em Fortaleza. O livro narra a trajetória de Raimundo, homem analfabeto que na juventude teve seu amor secreto brutalmente interrompido e que por cinquenta anos guarda consigo uma carta que nunca pôde ler.

Com uma narrativa sensível e magnética, o autor nos leva pelo passado de Raimundo, permeado de conflitos familiares e da dor do ocultamento de sua sexualidade, mas também das novas relações que estabeleceu depois de fugir de casa e cair na estrada, ressignificando seu destino mais de uma vez. "Alcançar tamanha realização, com meu primeiro romance, com essa história tão pedaço de mim, me deixa não apenas impressionado, mas com um imenso sentimento de realização”, diz Stênio Gardel. Em seu discurso de agradecimento após receber o prêmio, ele relembrou a infância no Ceará enquanto um homem gay no sertão do Nordeste. O discurso completo está no Blog da Companhia das Letras. Compre o livro "A Palavra que Resta", de Stênio Gardel, neste link.

domingo, 12 de novembro de 2023

.: Rafael Gallo: "Minhas histórias sempre são uma forma de lidar com questões"


Por 
Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

Rafael Gallo acaba de publicar uma nova versão de "Rebentar", romance vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura em 2016. "O que motivou a nova versão foi uma vontade, já de alguns anos, de mudar certos aspectos do texto, que me pareciam inadequados e de colocar um pouco mais de sal nas personagens", ele explica. O livro, que narra o momento de reconstrução de uma mãe que decide parar de buscar seu filho desaparecido, tem texto de orelha do escritor João Anzanello Carrascoza.

Paulistano nascido em 1981, ele também é autor dos romances "Dor Fantasma"vencedor do Prêmio José Saramago 2022, w do livro de contos "Réveillon e Outros Dias", vencedor do Prêmio Sesc de Literatura 2012. Tem ainda diversos textos em antologias e coletâneas, incluindo publicações em países como França, Estados Unidos, Cuba, Equador e Moçambique. Nesta entrevista exclusiva, o premiado autor fala sobre o processo de reescrita do livro, criação artística e autobiografia. Garanta o seu exemplar de "Rebentar", escrito por Rafael Gallo, neste link.

Resenhando.com - Como foi reencontrar "Rebentar" e o que motivou a nova versão do livro?
Rafael Gallo - O que motivou a nova versão foi uma vontade, já de alguns anos, de mudar certos aspectos do texto, que me pareciam inadequados e, confesso, me davam um pouco daquela vergonha de ter escrito, e de colocar um pouco mais de sal nas personagens, digamos. E foi uma experiência ótima revisitar a história, que é tão importante para mim. Eu logo me senti em casa, ali.

Resenhando.com - O que representa a literatura em sua vida?
Rafael Gallo - Muitas coisas, desde uma possível distração em um tempo ocioso, até uma parte muito grande, e fundamental, da minha formação intelectual e emocional.

Resenhando.com - Na sua própria literatura, em que você se expõe mais, e por outro lado, em que você mais se preserva, em seus textos?
Rafael Gallo - É difícil dizer com precisão. Creio que minhas personagens, e minhas histórias, sempre são uma forma de lidar com questões que são muito importantes para mim, muito íntimas e que me tiram o sono. Se coloco essas questões para serem tratadas com personagens aparentemente distantes de mim, em seus tipos e características, não é para me preservar ou me esconder, mas porque acho que essas formas de construção podem representar melhor o que quero dizer.

Resenhando.com - Que conselhos você dá para as pessoas que pretendem enveredar pelos caminhos da escrita?
Rafael Gallo - O primeiro é o de sempre: ler muito. Não há outra maneira de aprendizado melhor do que estar imerso no que quer fazer. O segundo conselho tem a ver com essa parte de querer: pense no que você ama mesmo. Se for a história e a escrita, então importe-se com isso. E o terceiro e último: tenha paciência e saiba que terá de lidar com muito do imponderável.

Resenhando.com - Quais livros foram fundamentais para a sua formação enquanto escritor e leitor?
Rafael Gallo - Muitos. Para citar alguns: “Laços de Família”, da Clarice Lispector; “Várias Histórias”, Machado de Assis; “Final de Jogo”, Julio Cortázar; “Sinfonia em Branco”, Adriana Lisboa; “Cemitério de Pianos”, José Luís Peixoto; “Ensaio sobre a Cegueira”, José Saramago; “Primeiras Estórias”, João Guimarães Rosa, e muitos outros.


Resenhando.com - Como e quando começou a escrever?
Rafael Gallo - De certa forma, desde muito pequeno eu lido muito com a imaginação e com a criação de histórias. Desenhava histórias em quadrinhos, inventava histórias na minha cabeça e tudo mais. Depois, ao longo da vida, flertei com aqueles poemas de adolescente, escrita de letras de canções autorais, tentativas de prosa etc. Mas, escrever mais a sério, com um “projeto literário”, digamos, foi mais perto dos 30 anos de idade. A época de meu primeiro livro mesmo, “Réveillon e Outros Dias”.

Resenhando.com - Quais escritores mais influenciaram a sua trajetória artística e pessoal?
Rafael Gallo - Muitos, incluindo todos que citei na pergunta sobre livros da minha formação. Vou acrescentar mais nomes aqui, para aproveitar a chance: João Anzanello Carrascoza, Maurício de Almeida, Dulce Maria Cardoso, Milan Kundera, Inês Pedrosa, Mário de Andrade. E poderia citar alguns cancionistas, como Chico Buarque, Noel Rosa, Aldir Blanc, Tom Jobim, Caetano Veloso. Todas essas pessoas me ensinaram voos que a palavra pode erguer, para além do uso comum.

Resenhando.com - É possível viver de literatura no Brasil?
Rafael Gallo - Possível, é; só não é fácil e tampouco comum. Dá para contar nos dedos quem consegue isso, de verdade. Porque a gente não pode colocar nessa conta quem não tem outros trabalhos, porém, o dinheiro que paga as contas precisa ser garantido por outra fonte ou pessoa. O difícil é conseguir que, em um país onde a literatura está longe do centro da atenção, haja remuneração suficiente e duradoura.

Resenhando.com - O quanto para você escrever é disciplina? É mais inspiração ou transpiração? Por quê?
Rafael Gallo - Para mim, tem tudo a ver com disciplina. Porém, com uma ideia de disciplina que não é rígida; é uma questão de lembrar-se a si mesmo o que é que você quer, como ouvi, certa vez, de Gil Fronsdal. E, para mim, é bastante trabalhoso. Há a parte de ter ideias, que, no meu caso, costuma acontecer mais fora do ambiente de escrita diretamente. A parte de escrever é mais trabalhosa, no meu caso.

Resenhando.com - Quanto tempo por dia você reserva para escrever?
Rafael Gallo - Não há tempo definido. Em geral, tento ter o máximo que posso.

Resenhando.com - Você tem um ritual para escrever?
Rafael Gallo - Colocar música nos fones de ouvido, comer chocolate e ler algo bom antes.

Resenhando.com - Em um processo de criação, o silêncio e isolamento são primordiais para produzir conteúdo ou o barulho não o atrapalha?
Rafael Gallo - Eu gosto de ouvir música, porque é uma espécie de “som controlado” para mim. Silêncio mesmo não existe, então se eu não ouço música, me distraio com cada ruído que aparece (e eles sempre aparecem). Além do mais, a música me dá uma espécie de injeção de ânimo.

Resenhando.com - O que há de autobiográfico nos textos que escreve?
Rafael Gallo - Tudo, embora pareça que não haja nada.

Resenhando.com - Como começar a ler Rafael Gallo?
Rafael Gallo - Eu sugiro pelos romances, que acredito serem meus trabalhos mais bem acabados. Se for ler o “Rebentar”, garanta que é a nova versão, a de 2023, está escrito na capa, no canto inferior esquerdo.

Resenhando.com - Por qual de seus livros - ou personagem - você sente mais carinho?
Rafael Gallo - Isso é impossível responder. Tenho muito carinho por cada um deles. Talvez seja meu traço mais importante, na hora de escrever.

Resenhando.com - Que livro você gostaria de ter escrito?
Rafael Gallo - “Ensaio Sobre a Cegueira”, do José Saramago. Porque, na minha opinião, é uma história que mostra, da melhor maneira possível, os grandes nós da humanidade. É quase como se fosse a explicação definitiva do funcionamento dos seres humanos; em especial, nas relações coletivas. E, além disso, acho a condução narrativa desse livro perfeita.

Resenhando.com - Hoje, quem é Rafael Gallo por ele mesmo?
Rafael Gallo
O mesmo garoto que sonhava em criar histórias, só um pouco aprimorado.  

Compre o livro "Rebentar", de  Rafael Gallo, neste link.

terça-feira, 24 de outubro de 2023

.: Itamar Vieira Junior fala sobre sucesso de suas obras em encontro literário


Itamar Vieira Junior fala sobre sucesso de suas obras no “Encontros com Autores” do Prêmio Jabuti 2023. Conversa com o autor acontecerá no dia 27 de outubro na Praça das Artes em SP; Jeferson Tenório e Conceição Evaristo serão os próximos convidados da série, que acontece até o início de dezembro. Foto: divulgação


O "Encontros com Autores 2023" continua surpreendendo os amantes da literatura com uma nova edição marcada para o dia 27 de outubro, na Sala do Conservatório da Praça das Artes, em São Paulo. Desta vez, o evento trará Itamar Vieira Junior, autor do aclamado romance"Torto Arado", que conquistou os prêmios Jabuti de 2020, LeYa de 2018, e Oceanos de 2020.

Itamar Vieira Junior, nascido em Salvador, Bahia, em 1979, é geógrafo e doutor em Estudos Étnicos e Africanos pela UFBA. Seu romance "Torto Arado" é considerado um dos maiores sucessos da literatura brasileira das últimas décadas, cativando tanto o público quanto a crítica literária. A obra já foi traduzida para mais de vinte países e está prestes a ser adaptada para o audiovisual. Além de "Torto Arado", Itamar publicou outros trabalhos notáveis, como "Doramar ou a Odisseia: Histórias" e "Salvar o Fogo", pela editora Todavia.

O evento será mediado por Guilherme Sobota, editor-chefe do PublishNews. Com uma sólida formação em jornalismo pela UFPR e experiência no mercado editorial, Sobota mediará a conversa sobre o trabalho de Itamar Vieira Junior e sua contribuição para a literatura brasileira. O projeto "Encontros com Autores 2023" tem como objetivo proporcionar oportunidade aos leitores e fãs de se aproximarem de escritores talentosos, explorarem suas obras e discutirem temas literários. A série de eventos é uma iniciativa da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Theatro Municipal de São Paulo. Mais informações sobre ingressos e detalhes do evento podem ser obtidas no site oficial do Theatro Municipal, pela busca de “Encontros com Autores 2023” na programação. Compre os livros de Itamar Vieira Junior neste link.


Próximos convidados
A série de eventos “Encontros com Autores 2023” continua até dezembro, e contará com participações de autores de peso da literatura brasileira, como Jeferson Tenório e Conceição Evaristo. Os encontros explorarão diversos temas literários, processos criativos e a jornada dos escritores nos distintos gêneros literários, culminando em um encontro especial em dezembro com o autor premiado com o Livro do Ano de 2023.


Confira abaixo a programação completa

Programação da série de “Encontros com Autores 2023”, no Theatro Municipal de São Paulo:

27 de outubro, sexta-feira, 19h. Encontro com Itamar Vieira Junior - Mediação de Guilherme Sobota
Itamar Vieira Jr.
é aclamado por seu notável romance "Torto Arado", que conquistou o Prêmio LeYa de 2018, o Prêmio Jabuti de 2020 e o Prêmio Oceanos de 2020. Nascido em Salvador, Bahia, em 1979, Itamar é geógrafo e doutor em Estudos Étnicos e Africanos pela UFBA. Seu romance "Torto Arado" é considerado um dos maiores sucessos da literatura brasileira das últimas décadas, cativando público e crítica. A obra foi traduzida em mais de vinte países e está prestes a ser adaptada para o audiovisual. Além disso, pela Editora Todavia, Itamar publicou também "Doramar ou a Odisseia: Histórias" e "Salvar o Fogo". A mediação ficará por conta de Guilherme Sobota, editor-chefe do PublishNews. Jornalista formado pela UFPR, Sobota atuou como repórter do Estadão por sete anos, cobrindo mercado editorial e literatura, bem como música, cinema, TV e artes visuais. Também foi coordenador de comunicação da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e, depois, jornalista freelancer de jornais, revistas e clubes de leitura. Ele também já trabalhou como produtor cultural e em assessoria de imprensa política.


16 de novembro, quinta-feira, 19h. Encontro com Jeferson Tenório -- Mediação de Raquel Cozer
Jeferson Tenório
, autor nascido no Rio de Janeiro, em 1977, e atualmente radicado em Porto Alegre, é doutor em Teoria Literária pela PUC-RS e teve uma carreira literária rica e diversificada. Jeferson Tenório foi colunista dos jornais Zero Hora e Uol/Folha de S. Paulo, até abril de 2023. Além disso, ele foi professor visitante de Literatura na renomada Brown University, nos Estados Unidos. Sua obra literária inclui textos adaptados para o teatro e histórias traduzidas para inglês e espanhol. Ele é autor de obras como "Estela sem Deus" (2018) e "O Avesso da Pele" (2020), que não apenas ganhou o Prêmio Jabuti em Romance Literário de 2021, mas também teve seus direitos vendidos para países como Portugal, Itália, Inglaterra, Canadá, França, México, Eslováquia, Suécia, China, Bélgica e EUA. A mediação será feita pela jornalista e editora Raquel Cozer. Compre os livros de Jeferson Tenório neste link.


23 de novembro, quinta-feira, 19h. Encontro com Conceição Evaristo - Mediação de Catita, “escrivinhadora” e professora
Maria da Conceição Evaristo de Brito
nasceu em Belo Horizonte, em 1946, e migrou para o Rio de Janeiro, na década de 1970. Graduada em Letras pela UFRJ, trabalhou como professora da rede pública de ensino na capital fluminense. É Mestre em Literatura Brasileira pela PUC do Rio de Janeiro, com a dissertação “Literatura Negra: uma poética de nossa afro-brasilidade” (1996). Doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense, com a tese “Poemas malungos, cânticos irmãos” (2011), na qual estuda as obras poéticas dos afro-brasileiros Nei Lopes e Edimilson de Almeida Pereira, em confronto com a do angolano Agostinho Neto. Participante ativa dos movimentos de valorização da cultura negra em nosso país, estreou na literatura em 1990, quando passou a publicar seus contos e poemas na série Cadernos Negros. Escritora versátil, cultiva a poesia, a ficção e o ensaio. Desde então, seus textos vêm angariando cada vez mais leitores. A escritora participa de publicações na Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. Seus contos vêm sendo estudados em universidades brasileiras e do exterior, tendo, inclusive, sido objeto da tese de doutorado de Maria Aparecida Andrade Salgueiro, publicada em livro em 2004, que faz um estudo comparativo da autora com a americana Alice Walker. Em 2003, publicou o romance “Ponciá Vicêncio”, pela Editora Mazza, de Belo Horizonte. Catita, a “escrivinhadora” e professora, fará a mediação desse encontro. Ela também é pesquisadora, editora, e co-fundadora do Coletivo de Escritoras Negras Flores de Baobá, além de sócia na Editora Feminas (desde 2022). Compõe suas obras, os livros Morada (Ed Feminas, 2019 - poemas), Notícias da Incerteza (Ed. Desconcertos, 2021 - crônicas) e Das Raízes à Colheita, em co-autoria com o coletivo Flores de Baobá (Ed Feminas, 2022). Compre os livros de Conceição Evaristo neste link.


7 de dezembro, quinta-feira, 19h. Encontro especial com o autor(a) vencedor (a) do Livro do Ano de 2023. Mediação - Hubert Alquéres e Sevani Matos
O último encontro terá realização especial. Contará com a presença do autor contemplado com a premiação de Livro do Ano de 2023. A conversa será mediada pelo Hubert Alquéres, que foi presidente da Imprensa Oficial de São Paulo, de 2003 a 2011. Atuante nas áreas de cultura e educação há mais de 40 anos, tem uma história antiga com o mais importante prêmio do livro brasileiro: durante seis anos, coordenou a Comissão do Prêmio Jabuti na Câmara Brasileira do Livro (CBL). Iniciou sua carreira na área acadêmica como professor na Escola Politécnica da USP e no Colégio Bandeirantes. Foi secretário estadual e secretário executivo na Secretaria de Educação, além de ter presidido por quatro vezes o Conselho Estadual de Educação de São Paulo, do qual é membro desde 1998.​ Atua como vice-presidente da Câmara Brasileira do Livro há 12 anos. Preside a Academia Paulista de Educação e o Conselho de Administração do Museu AfroBrasil, e é membro da Associação Amigos da Biblioteca Mário de Andrade. A presidente da CBL, Sevani Matos, também participa deste bate papo que compõem a série de Encontros com Autores. Com mais de 20 anos de carreira nas áreas administrativa e comercial, com passagens por empresas nacionais e multinacionais, ela também atuou no setor gráfico de livros. Formada em Comunicação Social, Sevani possui MBA em Administração e Gestão de Negócios, além de especialização em Marketing Digital. Já trabalhou na Artmed Editora e, há mais de 16 anos, atua como diretora-geral na VR Editora. Foi eleita em 28 de fevereiro de 2023 para a presidência da CBL integrando a chapa “O livro nos une”, para o biênio 2023-2025. Sevani já ocupava o cargo de diretora na CBL.

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

.: Entrevista: André Souto fala sobre a construção da real condição do homem


André Souto
 é servidor do TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios) e conhece bem as estruturas de segurança pública. “Sob a Luz Negra”, publicado pela editora Penalux, romance de estreia do autor, ambientado em Brasília, onde o escritor mineiro reside, apresenta um panorama do cárcere e violência urbana no país, provocando discussões sociais, políticas e existenciais. A obra está concorrendo ao Prêmio Literário da Fundação Biblioteca Nacional na categoria Romance - Prêmio Machado de Assis.

O assunto complexo é conduzido através da escrita descritiva de André em um livro que cerca um mundo negligenciado pela população – mas diretamente relacionado ao bem-estar comum. A leitura apresenta as "regras do jogo" entre policiais e bandidos, investigando a maldade humana, sem deixar a desejar no suspense e estabelecendo uma trama envolvente. Uma adaptação para o teatro está sendo preparada pela companhia “Fábrica Grupo de Teatro”, sob produção e direção de Wellington Dias, e será anunciada em breve. Confira a entrevista completa com o autor. Compre o livro "Sob a Luz Negra", de André Souto, neste link.


Se você pudesse resumir, quais são os principais temas da obra?
André Souto - Um casal vivendo em uma casa repleta de dispositivos de proteção e regras de comportamento angustiantes, mergulhados em relacionamento conturbado, no qual, apesar da obsessão para resguardá-los, ambos acabam obrigados a enfrentarem seus temores enquanto encaixam as peças de uma realidade assombrosa em uma mente perturbada. Em paralelo, seguindo o tema da condição humana que limita os indivíduos pelo medo das punições, a obra retrata o cotidiano dos agentes penitenciários (na época que se passa o livro; hoje são chamados de policiais penais) e dos mais temidos presos do Brasil, chefes de facções e outros, alocados nas unidades federais de segurança máxima brasileiras.


Por que escolher esses temas?
André Souto - Uma forma de retratar a partir do cotidiano de pessoas comuns os medos e anseios dos indivíduos dentro da organização do Estado e da sociedade conduzidos por punições que condicionam o comportamento em busca da pacificação e convivência necessária como uma forma de afastar os seres humanos de seus instintos selvagens que culminariam em conflitos constantes, chamado de estado de natureza pelo filósofo Thomas Hobbes, desencadeando a “guerra de todos contra todos”.

O que motivou a escrita de “Sob a Luz Negra”?
André Souto - Já tinha uma ideia sobre uma história na qual a selvageria humana e a sociedade fossem trabalhadas de forma ficcional aos moldes do pensamento de Thomas Hobbes a partir da citação: “O homem é o lobo do próprio homem” e todo o contexto de enfrentamentos disposto em "Leviatã". Desta motivação, tracei um drama psicológico (Thriller) em um enredo que permeia a tensão interna e externa de um casal, tentando se adaptar a um insólito protocolo de segurança, partilhando seus dias com os outros personagens que vivem sob as sombras claustrofóbicas da recém-inaugurada Penitenciária de Segurança Máxima de Brasília, enquanto encaixam as peças de uma realidade angustiante. A história, narrada por Oscar, um policial penal federal paranoico, que enxerga o mundo de uma maneira obscurecida que se estende para todos os lugares, é centrada no conturbado relacionamento entre o protagonista e Nina, uma jovem que luta contra um transtorno de saúde relacionado ao controle dos impulsos (tricotilomania que evolui para tricofagia). “Sob a Luz Negra” é, portanto, uma metáfora sobre verdades e evidências fora do espectro visível, onde nada é o que parece, descortinando até que ponto um ser humano é capaz de ir quando se torna uma ameaça à própria espécie, denunciando a atual tragédia da segurança pública brasileira e a saúde mental das pessoas.


Como foi o processo de escrita?
André Souto - O processo de escrita se deu acompanhado da preparação do original feita por Alba Milena e Mari dal Chico, ambas da Agência Increasy (onde o autor foi agenciado até 2020), as quais, após oferecerem um contrato de agenciamento literário ao autor em 2017, o auxiliaram a adequar o texto ao nível desejado pelas casas editoriais.


Que livros influenciaram diretamente a obra?
André Souto - "Leviatã", de Thomas Hobbes; "O Estrangeiro", de Albert Camus; "O Senhor das Moscas", de William Golding e "Ilha do Medo", de Dennis Lehane

Como você definiria seu estilo de escrita?
André Souto - Uma escrita realista em um ritmo envolvente, numa tentativa de alcançar uma eficiência narrativa cirúrgica, a qual surge somente após muita pesquisa sobre a temática e os cenários.


Como é o seu processo de escrita?
André Souto - Eu não tenho uma fórmula, mantenho uma rotina de escrita e pesquisa.


Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
André Souto - Como ritual é manter um lema: se estou escrevendo sobre uma temática, as leituras são sempre correlacionadas ao texto em produção. Por outro lado, não tenho metas diárias, mas procuro escrever sempre.


Quais são as suas principais influências literárias num geral?
André Souto - Machado de Assis; Augusto dos Anjos; Alvares de Azevedo; Milton Hatoum; Patrícia Melo e Ana Paula Maia.


Você escreve desde quando? 
André Souto - Desde a adolescência.


Como começou a escrever?
André Souto - Seriamente, a partir de 2017.


Quais são os seus projetos atuais de escrita? O que vem por aí?
André Souto - Lançar o e-book "Anjos do Haiti" para concorrer ao Prêmio Kindle de Literatura de 2023. Além disso, estou produzindo um outro romance também se passa em Brasília e um livro de contos que retrata os conflitos do interior do Centro-Oeste. Quanto ao livro “Sob a Luz Negra”, temos programado um evento de lançamento em Goiânia, em outubro, junto do anúncio da adaptação da obra para o teatro por uma companhia daquela cidade. Garanta o seu exemplar de "Sob a Luz Negra", escrito por André Souto, neste link.

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