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domingo, 26 de outubro de 2025

.: Shakira revisita clássicos em novo episódio do "Spotify Anniversaries"


O episódio traz uma performance poderosa de “La Pared” com uma orquestra de 14 músicos, além da participação de Ed Sheeran e Beéle

Comemorando 30 anos de "Pies Descalzos" e 20 anos de "Oral Fixation" (Vol. 1 & 2), a cantora e compositora Shakira revisita os álbuns que marcaram sua carreira e inspiraram gerações em um novo episódio de Spotify Anniversaries, já disponível na plataforma. No especial, Shakira reflete sobre o processo de criação dos dois discos e apresenta novas versões de algumas de suas faixas mais queridas, como "Pies Descalzos, Sueños Blancos", "La Pared", "Antología", "Día de Enero", e"Hips Don’t Lie".

O episódio traz uma performance poderosa de “La Pared” com uma orquestra de 14 músicos, além da participação de Ed Sheeran e  Beéle em “Hips Don’t Lie”. Shakira também bate um papo com Ed Sheeran sobre como essa colaboração inesperada aconteceu. "Spotify Anniversaries" é uma série que celebra álbuns icônicos e os artistas por trás deles, com histórias, reflexões e performances exclusivas. As novas versões estão disponíveis apenas no Spotify, em EPs especiais. Juntos, os dois álbuns já ultrapassaram 6,1 bilhões de streams globais e continuam conectando diferentes gerações - com a Gen Z responsável por mais da metade dos streams de "Oral Fixation" atualmente.


Faixas mais ouvidas de cada álbum:

"Oral Fixation"
"Hips Don’t Lie" (feat. Wyclef Jean)
"La Tortura" (feat. Alejandro Sanz)
"Día de Enero"
"Las de la Intuición"
"No" (feat. Gustavo Cerati)

 
"Pies Descalzos"
"Antología"
"Estoy Aquí"
"Pies Descalzos, Sueños Blancos"
"¿Dónde Estás Corazón?"
"Un Poco de Amor"

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

.: Rush: nunca diga nunca, a volta da banda canadense


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação

Desde que comecei a usar a internet, passei a receber regularmente mensagens de autoajuda apontando para a direção onde está a esperança. Uma dessas mensagens dizia assim: "Nunca diga nunca. O impossível não existe para quem acredita que o sol vai nascer no novo dia". Claro que foi impossível não deixar de lembrar dessa mensagem quando soube da surpreendente volta da banda canadense Rush, que havia interrompido sua atividade desde o falecimento do baterista Neil Peart em 2020. 

Os dois integrantes remanescentes, Geddy Lee (baixo e vocal) e Alex Lifeson (guitarra) postaram um vídeo confirmando a realização de uma turnê em 2026, intitulada apropriadamente "Fifity Something", ou seja, "50 Anos e Algo a Mais". Para a vaga de Peart foi selecionada a excelente baterista alemã Annika Nilles, que havia tocado com o icônico guitarrista Jeff Beck. A notícia pegou todos os fãs de surpresa. Parte deles demonstrou uma certa desaprovação da volta sem Peart, como se isso (a turnê) fosse ofender a memória do grande músico que ele foi.

Como um admirador da banda desde os tempos de adolescente, meu raciocínio é diferente. Claro que há sempre a questão monetária - afinal a banda movimenta uma numerosa equipe de funcionários quando está na estrada. Mas acho que o que pesou mais foi o fato de os membros sobreviventes estarem musicalmente ativos. Geddy Lee admitiu no vídeo que sentia falta das turnês e da recepção do público.

Eu tenho certeza que serão shows respeitosos com a memória de Neil Peart. A própria família dele emitiu uma nota aprovando a iniciativa de Lee e Lifeson. Creio que nesse momento o que interessa é homenagear Peart como ele merece: com a boa música do Rush. Acho muito prematuro acreditar que Lee e Lifeson vão produzir algo novo com a Annika Nilles. Ainda é muito cedo para se tirar conclusões. Porém, não devemos esquecer daquela frase que citei no início do texto: "nunca diga nunca".

"Closer to The Heart"

"Tom Saywer"

"Big Money"

.: Miley Cyrus grava nova música para "Avatar: Fire and Ash"

"Dream as One" fará parte da trilha sonora original do filme, que estreia nos cinemas em 19 de dezembro


A artista pop vencedora do Grammy Miley Cyrus gravou uma nova música para “Avatar: Fire and Ash”, o terceiro filme da franquia de enorme sucesso “Avatar”, criada pelo cineasta vencedor do Oscar James Cameron. “Dream as One”, interpretada por Miley Cyrus, com música e letra de Cyrus, Andrew Wyatt, Mark Ronson e Simon Franglen, será apresentada nos créditos finais e fará parte da trilha sonora original do filme. “Avatar: Fire and Ash” estreia exclusivamente nos cinemas de todo o mundo em IMAX 3D, Dolby Cinema 3D, RealD 3D, Cinemark XD, 4DX, ScreenX e outras telas premium em 19 de dezembro de 2025.

A trilha sonora original de “Avatar: Fire and Ash”, com composição de Simon Franglen — vencedor do Grammy de “Gravação do Ano” em 1997 por “My Heart Will Go On”, de Titanic — será lançada em 12 de dezembro. O single “Dream as One”, pela Sony Music, será lançado em 14 de novembro.

Em “Avatar: Fire and Ash”, James Cameron leva o público de volta a Pandora em uma nova e imersiva aventura com Jake Sully (Sam Worthington), um ex-fuzileiro naval que se tornou líder Na’vi, a guerreira Na’vi Neytiri (Zoe Saldaña) e a família Sully. O filme, com roteiro de James Cameron, Rick Jaffa e Amanda Silver, e história de Cameron, Jaffa, Silver, Josh Friedman e Shane Salerno, também conta com Sigourney Weaver, Stephen Lang, Oona Chaplin, Cliff Curtis, Joel David Moore, CCH Pounder, Edie Falco, David Thewlis, Jemaine Clement, Giovanni Ribisi, Britain Dalton, Jamie Flatters, Trinity Jo-Li Bliss, Jack Champion, Brendan Cowell, Bailey Bass, Filip Geljo, Duane Evans Jr. e Kate Winslet no elenco.

Trailer de “Avatar: Fire and Ash”




sábado, 18 de outubro de 2025

.: Crítica musical: Kiko Horta estreia em disco com "Sanfona Carioca"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Celso Filho

O músico José Maurício Horta, conhecido pelo nome artístico Kiko Horta, está divulgando o seu primeiro álbum solo, intitulado "Sanfona Carioca" (Selo Mestre Sala). Um trabalho resultante de uma extensa atividade musical em vários setores da cultura carioca. Kiko Horta é um dos músicos fundadores do Cordão do Boitatá, responsável por várias atividades culturais como o Baile Multicultural, realizado há 19 anos nos domingos de Carnaval, na Praça XV, no Rio de Janeiro.

Ele acumula uma prestigiosa atuação como músico e arranjador de estúdio junto a nomes como Martinho da Vila, Edu Lobo, Dona Ivone Lara, Áurea Martins, Nelson Sargento, Xangô da Mangueira, Chico Buarque, Gilberto Gil, Francis Hime, Baco Exu do Blues, Pretinho da Serrinha, Teresa Cristina, Rita Benneditto, Mauro Senise, Wagner Tiso, Cristóvão Bastos, Mart’nália, Mauricio Carrilho e Luciana Rabello, entre outros artistas. É parceiro de nomes como Hermínio Bello de Carvalho, Vidal Assis, Lazir Sinval e Marquinhos de Oswaldo Cruz.

O disco soa como uma síntese das múltiplas atividades musicais de Kiko Horta. Traz uma mistura irresistível de samba, bossa-nova, jongo, gafieira, choro, forró, jazz, presentes na sua formação musical. Com uma base segura garantida pelas atuações de Ivan Machado (baixo), Marcus Suzano (percussão) e Filipe Lima (violão sete cordas), Kiko Horta divide os improvisos com o virtuoso bandolim de Luís Barcelos. E o resultado ficou acima da média para quem curte um som instrumental.

Além das belas autorais “Recomeço” e “Forró Transcendental”, Kiko Horta, ao lado de Luís Filipe de Lima (ambos produtores do álbum), escolheram para o repertório autores que espelham uma certa carioquice em suas temáticas. Casos de “Deixa o Breque pra Mim” (Altamiro Carrilho), “Catita” (K- Ximbinho), “Chorinho de Gafieira” (Astor Silva), “Comigo é assim” (Zé Menezes), “Chorinho pro Miudinho” (Dominguinhos), “Dino Pintando o Sete cordas” (Sivuca), “Meu Lugar” (Arlindo Cruz e Mauro Diniz), “Um Tom para Jobim” (Sivuca e Oswaldinho).

"Comigo É Assim"

"Chorinho de Gafieira"

"Um Tom Pra Jobim"






 

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

.: Crítica musical: Delirio Cabana é 100 por cento Amazonas

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Laryssa Gaynett

O Delírio Cabana fez da paixão comum pela música popular brasileira um terreno fértil para germinar novas composições com ritmos tradicionais da Amazônia, como gambá, cumbia, carimbó, boi-bumbá, carimbó e beiradão. A mescla mostrou um resultado aurpreendente

“Tempero” marca a estreia da banda formada pelos amazonenses Bruno Mattos, Gabriella Dias, Luli Braga e Nando Montenegro, nascida em 2023, durante uma viagem de Manaus à vila de Alter do Chão, em Santarém no Pará. Foram duas semanas de convivência e criação à beira do Tapajós, uma experiência que selou a vontade de construir uma história coletiva a partir da paixão pela cultura amazônica.

Composição de Nando Montenegro, “Tempero” junta a musicalidade da Região Norte às demais influências da MPB contemporânea, do pop e da música latina. O arranjo é de Bruno Mattos e a produção musical é dividida entre ele e Lucas Cajuhy, que também assina engenharia de gravação, mixagem e masterização.

A canção conta com percussões de Tércio Macambira, mauesense que criou a pulsação que sustenta a canção marcada por células rítmicas de gambá, boi-bumbá, maracatu e carimbó. Os sopros ganham corpo com Marcelo Martins (trompete), Francirbone (trombone) e Crhistofer Santos (saxofone), enquanto Bruno Mattos gravou as linhas de baixo, violão e guitarra. O resultado é um single coletivo, com vozes muito bem divididas entre Nando, Luli, Bruno e Gabriella, que se complementam em timbres e texturas.

Os figurinos e acessórios utilizados pelos integrantes vêm da marca Yanciã Amazônia, curadora de peças confeccionadas por artesãos do Amazonas, que prioriza a matéria-prima natural oriunda do bioma da região e materiais de reaproveitamento. Além disso, a marca autoral amazonense Glitch confecciona alguns dos figurinos idealizados por Hendryl Nogueira, que também assina a maquiagem do quarteto. A produção traz uma ficha técnica 100% amazonense, reforçando o potencial criativo inesgotável da cena musical do Amazonas.

"Tempero"

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

.: Crítica musical: Muñoz, a volta do psych rock


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação

Muñoz é um duo de heavy blues formado pelos irmãos Mauro e Samuel Fontoura. Naturais de Mineiros, município de Goiás, eles formaram a banda em Uberlândia, em Minas Gerais no ano de 2012. E se destacaram com o EP "Muñoz" em 2013 e o álbum "Nebula" em 2014, produzidos por Rafael Vaz no Caverna Estúdio. O seu mais recente lançamento é o CD "Twins", que reforça a sonoridade do duo no estilo psych rock.

A proposta de "Twins" foi produzir um trabalho que representasse com sinceridade a alma da banda: um duo barulhento, visceral e honesto. As letras, seguem uma linha surrealista, introspectiva e sarcástica, dentro do universo do psych rock, abordando temas como ego, solidão, tempo, sonho e loucura. No entanto, o foco do álbum não está nas palavras em si, mas na experiência sonora como um todo, onde voz, ruído e ambiência ocupam o mesmo espaço narrativo.

A capa do disco reforça o caráter íntimo e simbólico do projeto: uma fotografia dos irmãos ainda crianças, nos anos 90. A imagem remete à infância e à conexão fraterna que se traduz também na música - ora nostálgica, ora explosiva. Algumas faixas trazem uma pegada mais garageira, com espírito frenético, que remete à energia do garage rock como expressão juvenil. Se você curte ouvir bandas do segmento indie rock certamente irá se identificar com a sonoridade do Muñoz. Que está distante do som que você ouve nas rádios. E isso já serve como motivo para você conferir o trabalho desse interessante duo.


"Inner Voice"


.: Jair Oliveira e Luciana Mello revivem "Dois na Bossa"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação.

A ideia partiu de Jair Oliveira (Jairzinho): resgatar a memória e celebrar os 60 anos de “Dois na Bossa”, primeiro álbum ao vivo de Jair Rodrigues, Elis Regina e o Jongo Trio, lançado em 1965 e que ultrapassou a marca de 500 mil cópias, um feito inédito na música brasileira até então. Para marcar a data simbólica, Jair subiu ao palco ao lado da irmã, Luciana Mello, em uma noite que reafirmou a vitalidade de um legado que atravessa gerações.

O espetáculo aconteceu no dia 13, no Amaturo Theater, parte do Broward Center for the Performing Arts, em Fort Lauderdale - um dos principais espaços culturais da Flórida, nos Estados Unidos. Os ingressos foram esgotados, evidenciando não apenas a potência de Jair e Elis, mas também o carisma e a solidez artística de Jairzinho e Luciana, que conquistam reconhecimento do público internacional como continuadores e inovadores da tradição musical brasileira. 

O repertório inclui clássicos como "Disparada", "Como Nossos Pais", "Canto de Ossanha", "Arrastão", "Águas de Março" e "Upa, Neguinho", além de medleys que revisitam sambas e canções da bossa nova. O show teve ainda participações de Boca Melodia e da filha de Jair, Isabela Oliveira. “Fiquei ainda mais feliz por ter idealizado este show. ‘Dois na Bossa’ foi um marco na música brasileira e um grande momento na carreira do meu pai e de Elis Regina. Minha intenção sempre foi prestar essa homenagem e reviver toda a emoção que o álbum carrega. Estar fora do país, com ingressos esgotados em um teatro de tanta relevância, e dividir o palco com a minha irmã Luciana torna esse momento ainda mais especial”, afirma Jair Oliveira.

E completa: “De alguma forma, o Jairzão estará com a gente neste show, como se também dividisse o palco conosco - e isso nos emociona profundamente. Queremos que essa homenagem não se restrinja aos Estados Unidos: a ideia é levá-la ao Brasil em 2026, para que o público brasileiro também possa viver de perto essa celebração tão especial da nossa música”. A direção musical é de Jair Oliveira, acompanhado por Cássio Coutinho (teclados), Wesley Cosvosk (bateria) e Kai Sanchez (baixo).


"Medley Dois na Bossa"

sábado, 27 de setembro de 2025

.: Entrevista com Claudette Soares: "De Tanto Amor" na música


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Murilo Alvesso.

Claudette Soares pertence a uma categoria rara de intérprete de nossa MPB. Capaz de reviver canções consagradas com sua interpretação suave e singular. Mesmo tendo surgido em um período fértil, com outras grandes cantoras, ela sempre conquistou o seu espaço com garra e perseverança. E continua na ativa: seu mais recente lançamento foi um disco com canções de Chico Buarque. Em entrevista para o Resenhando, ela conta como foi seu início na música e revela quem foram seus ídolos. “Sou muito grata a Deus pelo dom de cantar”.


Resenhando.com - Você surgiu em um período com outras grandes cantoras. Na sua opinião, o que havia no País para revelar tantas intérpretes talentosas ao mesmo tempo?
Claudette Soares - Era um momento de glamour, de grandes talentos e de estrelas maiores. Como dizia Elis Regina, cada cantora tinha um estilo e uma voz que você identificava na primeira frase musical. Era um momento muito lindo, muito grandioso e graças a Deus eu comecei nessa fase. E com as estrelas sempre respeitando as novas cantoras que surgiam . Eram realmente amigas mesmo.


Resenhando.com - No início quem eram os seus ídolos na música?
Claudette Soares - Bom, eu sempre gostei de música americana, jazz. Apesar de não ser uma cantora desse estilo. Eu adorava Judy Garland, Frank Sinatra. Nos Brasil, eu tinha como ídolo a grande musa da Bossa Nova, Sylvinha Telles, a primeira cantora moderna do Brasil. Ela foi uma das maiores amigas da minha vida. Eu também gostava muito da Dalva de Oliveira, maravilhosa e da Nora Ney, com aquela voz rouca e sensual. Eu queria ser igual a ela, ter aquela voz.


Resenhando.com - Você participou de festivais nos anos 60. Na sua opinião, hoje em dia esses festivais seriam positivos para revelar novos talentos?
Claudette Soares -  Bom, eu acho que os festivais hoje não seriam como foram nos anos 60. A criatividade anda meio em baixa. Mas é claro que há exceções. Eu acho que a música brasileira moderna, criativa, não está tendo muito espaço. Musicalmente falando, os festivais hoje não teriam  a grandiosidade e a musicalidade que tiveram nos anos 60.

Resenhando.com - Você gravou dois discos antológicos com o Dick Farney. Já pensou em realizar algo em parceria com outros nomes da música?
Claudette Soares - Olha, não pensei não em fazer uma parceria por enquanto. Minha parceria com o Dick Farney foi perfeita e me deu muito prestígio na música. O Dick Farney sabia, porque eu falava isso pra ele. Sou muito grata ao Dick por ele ter me escolhido para esse trabalho, que realmente se tornou antológico.


Resenhando.com - O seu maior sucesso foi o disco "De Tanto Amor", com a música de Roberto Carlos. Você chegou a gravar outras músicas dele?
Claudette Soares - Na verdade, eu já tinha gravado dele a "Como É Grande o Meu Amor por Você", com arranjo maravilhoso do Cesar Camargo Mariano.Foi em 1967, em pleno auge da Bossa-nova, eu ousei cantar algo que vinha da Jovem Guarda. O Roberto gostou tanto que falou que iria fazer uma música para mim. E acabou fazendo duas: "De Tanto Amor" e "Você", ambas lindas em parceria com o Erasmo Carlos.


Resenhando.com - Seu disco mais recente foi dedicado a obra de Chico Buarque. Foi difícil escolher o repertório?
Claudette Soares -  Não foi difícil não escolher um repertório do Chico Buarque. Ele é incrível, um dos maiores desse mundo. Tenho verdadeira paixão por ele. A ideia era reviver canções dos anos 60 e 70 que não tinham sido regravadas, mescladas com outras da produção mais recente dele. E ele não só liberou as gravações como ainda participa cantando comigo em uma das faixas. Foi uma emoção enorme para mim.


Resenhando.com - Qual o segredo para manter essa sua extraordinária longevidade na música?
Claudette Soares - Sou muito grata a Deus pelo dom de cantar. Canto desde os dez anos de idade. Desde essa época eu só queria cantar. Graças a Deus eu sou muito disciplinada. Eu não grito, não tomo gelado. Conheço muitos cantores que tomam gelado e cantam acima de seu tom. Nada contra quem faz isso. Mas eu procuro me preservar.

"Cade Você"

"Carolina"

"De Tanto Amor"

.: Oportunidade na música: curso de violão erudito em São Vicente


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação

Uma boa notícia para quem deseja obter conhecimentos sobre violão erudito. O Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente estabeleceu uma parceria com o maestro João Argollo para oferecer um curso introdutório sobre o violão, sob a perspectiva da música erudita

Segundo o maestro João Argolo, o curso tem uma duração de um mês com quatro aulas, nas quais os alunos terão informações sobre a evolução do instrumento. O custo da matrícula será de R$190,00 e visa atender tanto o aluno iniciante como os que já praticam o violão erudito.

Natural de Aracaju. Argolo  iniciou seus estudos de violão com seu pai, João Pires Argolo. Teve como mestres Alvino Argolo (Brasil), Amilcar Rodrigues Inda (Uruguai) e Jodacil Damaceno (Rio de Janeiro). Estudou harmonia com Armando Quezada (México), Laura Maria Abrahão (São Paulo) e análise fraseológica com Marcelo de Camargo Fernandes (São Paulo). Graduou-se pela Faculdade Paulista de Arte (FAP-Arte), na classe do violonista e professor Pedro Cameron além de participar de cursos de aperfeiçoamento com mestres como Henrique Pìnto (SP) e Eduardo Castañera. Fez-se apresentar no III Festival Internacional de Granada Espanha, com Eliot Fisk  e foi solista na abertura da masterclasse de Manuel Barrueco no Festival Internacional de Córdoba Espanha.

Em seu primeiro CD, João Argolo e Convidados , contou com a participação do Quarteto Origens, formado por seu irmão Alvino Argolo, José Ricardo e Eduardo Castañera. Lecionou na Universidade de Três Corações (UNINCOR). Atuou como dirigente do corpo docente do Conservatório Municipal de Artes de Guarulhos e coordenador musical do Grupo Origens. As inscrições para o curso são feitas na sede do Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente, que fica na Rua Frei Gaspar, no Centro de São Vicente. O telefone é (0xx13) 3469-3520.



terça-feira, 23 de setembro de 2025

.: "Estrela da Casa": Brenno Casagrande faz da emoção uma marca registrada


Brenno Casagrande marcou o "Estrela da Casa" e já prepara novos voos na música. Foto: Globo/ Gabriel Vaguel


O baiano Brenno Casagrande conquistou o público do "Estrela da Casa" com voz doce, carisma e forte presença de palco, marcada pela herança musical que carrega do pai, também cantor. Durante sua trajetória no talent show, emocionou com interpretações cheias de verdade, criou laços fortes com os colegas de confinamento e surpreendeu ao se arriscar até na dança - momento em que recebeu, em tom carinhoso, o apelido de “novo Léo Santana”. 

Quarto eliminado da segunda temporada do programa, Brenno sai grato pela experiência e já com os olhos voltados para os próximos passos da carreira. Em entrevista, ele fala sobre as apresentações favoritas, os aprendizados que leva para a vida e os planos de lançar músicas inéditas, parcerias e até um grande audiovisual.

O que foi mais especial na sua participação no "Estrela da Casa"?
Brenno Casagrande - Foi me redescobrir como pessoa, como artista, me desbloquear para muitas coisas, como dançar. Estão me chamando de novo Léo Santana, sei que estou muito longe disso, mas estão me chamando. Eu dancei em todos os festivais. Tem pessoas na equipe que mudaram a minha vida, tanto nos ensinamentos de dança quanto de voz e carreira. Vou levar o que aprendi e seguir assistindo para aplicar essas dicas na minha trajetória, através da TV mesmo.


Qual foi sua dinâmica preferida?
Brenno Casagrande - Compor. A dinâmica do jingle é muito boa, mas a que mais me marcou foi a do "Desafio - Estrela da Casa". Na última, eu ganhei com os meninos com uma música falando sobre fé. Mas a minha música preferida do programa foi o jingle para o "Criança Esperança".


De qual apresentação sua você mais gostou?
Brenno Casagrande - A minha apresentação preferida foi a primeira, quando cantei "Vai Sacudir, Vai Abalar", música do meu pai. Eu estava muito emocionado, achei que ia chorar feito louco, mas consegui segurar a onda. Só chorei quando a apresentação acabou. Estava imune, estava leve. Foi a mais emocionante, sem dúvidas.


Quais aprendizados você está levando do "Estrela da Casa" para sua carreira?
Brenno Casagrande - Aprendi que a gente tem que manter a nossa verdade, que o carisma conta bastante, e que é importante deixar uma marca registrada nas pessoas. Acredito que deixei essa marca, porque ontem vi um vídeo de todos reunidos na sala de composição cantando a música do meu pai, me homenageando e fazendo a flecha, que é o sinal que eu criei. Fiquei muito emocionado, foi a única vez que chorei depois de sair do programa. Tive certeza de que estou na vida deles para sempre.


O que faria diferente, se tivesse a chance?
Brenno Casagrande - Talvez eu tivesse me esforçado mais para ganhar a imunidade e não ser eliminado ontem. Mas, quanto aos meus comportamentos, não me arrependo. Fui quem eu realmente sou. Já liguei para o meu irmão, para minha esposa, para minha mãe, para o meu pai... todo mundo me parabenizou pelo meu comportamento, pelas minhas falas e posturas. Então, se agradei minha família, não tenho mais o que mudar.


Na sua opinião, quem tem mais chances de sair vencedor ou vencedora? E pra quem fica sua torcida?
Brenno Casagrande - Hanii, Thainá e Juceir. São meus três favoritos. Estou torcendo igualmente para os três.

Quais são os próximos passos da sua carreira?
Brenno Casagrande - Lançar músicas. Tenho muitas em parceria com outros artistas. Quero fazer um audiovisual lindão, continuar brilhando... Meu lugar ao sol chegou, né? Então, agora é brilhar pelo Brasil afora. E para as pessoas que acompanham o programa e têm o sonho de estar aqui: não desistam. Eu fui um sonhador, sonhei muito em estar aqui, e em 2025 consegui entrar no "Estrela da Casa". Então, é sobre não desistir.

sábado, 20 de setembro de 2025

.: Entrevista com Gabriel Smaniotto, eliminado do programa "Estrela da Casa"


Cantor viralizou na internet em 2019, quando fez uma apresentação em uma feira de sua cidade natal com apenas seus pais na plateia. Foto: Globo/ Gabriel Vaguel

Sertanejo de 29 anos, Gabriel Smaniotto deixou o "Estrela da Casa", reality show que é exibido de segunda a sábado, após a novela "Vale Tudo", e domingo, após o "Fantástico", na última quinta-feira, dia 18 de setembro. O cantor de Foz do Iguaçu, Paraná, que viralizou nas redes sociais em 2019, quando fez uma apresentação em uma feira de sua cidade natal com apenas seus pais na plateia, agora sonha em levar os aprendizados adquiridos no Centro de Treinamento para alavancar sua carreira, e tirar do papel alguns projetos que já estão ganhando forma. “Tenho bastante coisa engatilhada já, inclusive algumas músicas do meu DVD que estão para lançar ainda, que eu deixei guardadinhas. Já já vão sair, e estão incríveis”, adianta.  


O que você acha que foi mais especial na sua participação no "Estrela da Casa"?   
Gabriel Smaniotto -
Eu acredito que participar da Estrela da Casa foi realmente uma provação de mim como pessoa e como artista. Foi a chance de mostrar como eu sou no dia a dia, de como eu lido com os meus problemas, com as minhas tensões em dias de apresentações e tudo mais, juntamente com o aprendizado que tive de todos os convidados e oficinas que a gente teve lá. Eu acho que foi esse conjunto completo. 


Qual foi sua dinâmica preferida?  
Gabriel Smaniotto - Eu gostava muito do Festival. Para mim, estar no palco é o momento mais especial. Por mais que também seja o momento de maior tensão, de eliminação, mas é ali, no palco, que eu gosto de estar. Então, o Festival para mim era o meu momento favorito.  


De qual apresentação sua você mais gostou? 
Gabriel Smaniotto - Quando eu cantei “Humilde Residência”, que era a música do Michel Teló, e eu tive a oportunidade de conversar com ele sobre isso. Eu estava muito mais solto, muito mais livre no palco. Eu acho que eu consegui mostrar o que eu realmente sou naquela apresentação. Foi a apresentação em que eu estava mais seguro também. 


Quais aprendizados você está levando do "Estrela da Casa" para sua carreira?  
Gabriel Smaniotto - Uma coisa que eu falei lá dentro com os outros participantes: eu aprendi com eles novas formas de ver e viver a música. Eu via que cada um tinha um conhecimento muito específico sobre a história da música, sobre algum artista. Eles despertaram em mim a vontade de me aprofundar mais em diversos temas, voltar a estudar meus instrumentos que, às vezes, pela correria do dia a dia, eu não conseguia. O programa reativou em mim alguns instintos da veia musical. Acho que esse foi o aprendizado principal. 

 
O que faria diferente, se tivesse a chance? 
Gabriel Smaniotto - Eu acho que a minha participação foi bem o que eu esperava. Poderia, talvez, ter sido um pouco mais intenso em algumas situações, tanto nas apresentações quanto nas dinâmicas no geral, mas eu acho que eu fui bem o que eu sou aqui fora. Eu acho que eu não mudaria nada. Talvez tentaria me concentrar mais, mas é fácil falar isso agora, aqui fora. Em momentos de apresentações tentar ter um foco um pouco maior, mas eu acredito que eu estava bem tranquilo e bem focado, então manteria igual. 


Na sua opinião, quem tem mais chances de sair vencedor ou vencedora? E pra quem fica sua torcida? 
Gabriel Smaniotto - Poxa, é muito difícil essa pergunta, porque eu acho que todos têm potencial e a cada semana a disputa está mudando muito. Se for para colocar num panorama geral de tudo que eu estava vendo ali dentro e com os rankings e tudo mais, eu acho que o Juceir tem uma grande chance de ser o campeão do "Estrela da Casa". A minha torcida não é só para um, não. Sudário, Juceir, a gente que a Bea... Janício, que foi um irmão que eu criei lá dentro, Hanii, muito talentoso... vamos falar de todos aqui? Não dá! Então, a minha torcida é geral, mas quem eu acho que tem mais chance é o Juceir. 


Quais são os próximos passos da sua carreira? 
Gabriel Smaniotto - Quero aproveitar as portas que se abrirem com o 'Estrela da Casa', toda a exposição que gerou para mim. Para poder organizar ainda mais a minha carreira, conhecer cidades que eu ainda não conheço para fazer o meu show, melhorar o meu show, melhorar a minha performance e colocar em prática todo esse 360 que a gente aprendeu lá dentro. Desde dança, canto, a parte de gestão de carreira... eu acho que é o momento de colocar no papel como eu estou no momento e aonde quero chegar. Tenho bastante coisa engatilhada já, inclusive algumas músicas do meu DVD que estão para lançar ainda, que eu deixei guardadinhas. Já já vão sair, e estão incríveis. As pessoas vão gostar, com certeza, e elas vão mostrar muito o que foi o Gabriel dentro do programa também.

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

.: Música brasileira em luto: Hermeto Paschoal, a humildade do bruxo


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação

Impossível dimensionar o que representa a perda de um músico como Hermeto Paschoal, cujo falecimento se deu no último final de semana. Reconhecido em seu meio como um dos maiores instrumentistas do Brasil, ele tinha não só o reconhecimento da crítica especializada como conseguia sempre atrair um numer1oso público, onde quer que se apresentasse com sua competente banda de apoio.

Mas engana-se quem pensa que toda essa idolatria mexeu com a personalidade do bruxo (como era apelidado pelos amigos músicos). Eu mesmo testemunhei um episódio que demonstrou o caráter e a incrível humildade dele. O fato aconteceu na segunda metade dos anos 90, quando eu trabalhava em Itanhaém cobrindo a região do Litoral Sul. Um dia eu entrevistei o músico Itiberê Zwarg (cuja família morava na cidade), que faz parte da banda que acompanhou Hermeto até o final. Ele tinha sido destaque em uma publicação do exterior. Durante essa conversa, perguntei sobre como era a convivência com o Hermeto dentro e fora dos palcos. A resposta foi direta e objetiva: a mais normal possível.

Perguntei se ele achava difícil conseguir uma entrevista por telefone com o Hermeto. E para minha completa surpresa, ele me deu o telefone da casa do célebre músico, que morava no Rio de Janeiro. “Pode ligar e combinar uma data com ele”. No dia seguinte, fiz o que ele me pediu. Liguei para falar com ele e ver uma data para poder fazer a entrevista. O próprio Hermeto atendeu a ligação e disse o seguinte: “Pode perguntar, meu filho, que respondo agora”.

Claro que aproveitei a ocasião e perguntei coisas sobre seu lançamento na época e relembrei sua antológica passagem pelo Festival de Montreux, na Suíça em 1979, que rendeu uma jam session histórica com a Elis Regina. O Bruxo ao piano e a eterna Pimentinha no vocal.

“Ela (Elis) estava um pouco nervosa, porque subimos ao palco sem um ensaio. Foi tudo no improviso mesmo. Mas logo depois ela se sentiu segura e mostrou a grande intérprete que sempre foi”, disse Hermeto. Quando já tinha feito as perguntas, ouvi um piano no fundo da conversa e perguntei se ele estava ouvindo algo. Na verdade, era ele mesmo que estava tocando um piano elétrico e trabalhando em uma composição. Pedi desculpas pelo incômodo involuntário. E nunca esqueci da resposta dele: “Ih rapaz, deixa disso. A conversa foi muito boa. E deixa te mostrar o que fiz agora”. Ouvi o trecho de uma bela música instrumental, ao telefone. E depois pensei: quando é que eu imaginaria que isso seria possível?

A principal imagem que o Hermeto me passou naquele dia foi a de um homem extremamente humilde e simples. Exatamente como o Itiberê tinha descrito. Certamente a música brasileira sentirá a falta dos hermetismos pascoais, em que pese que sua obra permanecerá sempre como uma referência para as demais gerações de músicos.

"Papagaio Alegre"

 "
Amor Paz e Esperança"

 "
Asa Branca"

.: Crítica musical: Graziela Medori revela as canções de Valéria Velho


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Fotos: divulgação

A cantora Graziela Medori está divulgando seu novo álbum: "Revela", dedicado inteiramente às músicas da compositora Valeria Velho, que agora ganha maior visibilidade em um projeto que traduz sua obra em linguagem acessível, contemporânea e cheia de identidade. As canções falam de amor, de encontros, dos afetos, das buscas e das escolhas, sempre com uma delicadeza que não abre mão da força e da personalidade.

Valeria Velho, nascida em Adamantina, interior de São Paulo, compõe desde os 13 anos de idade. Adquiriu seu primeiro violão com suas próprias economias e ainda muito jovem participou de festivais, ganhando alguns deles. Foi exercer sua profissão na área jurídica, dando uma pausa em seus sonhos. Há 12 anos, após se aposentar retornou as atividades junto a música e tem canções registradas por intérpretes como Renato Teixeira, Blubell, Marcio Lugó, e Hugo Rafael entre outros.

Na voz de Graziela Medori, esse repertório ganha vida com leveza, precisão e emoção. “Cantar Valeria é um privilégio. Suas músicas me tocam profundamente e acredito que vão tocar quem ouvir. São canções falam de nós, do nosso tempo, das nossas dores e alegrias, de forma sensível e sofisticada”, declarou a cantora.

Depois de seis álbuns lançados, Graziela ressurge dando espaço dentro da sua discografia, com uma linguagem mais pop e inédita. O álbum passeia por baladas, canções interessantes e faixas que flertam com o pop, sempre mantendo o DNA da MPB como fio condutor.

A produção musical é assinada por João Oliveira, multi-instrumentista, compositor, produtor e arranjador, que entrega uma sonoridade radiofônica e contemporânea, aproximando a obra tanto de ouvintes habituais da MPB quanto de quem busca novas vozes na música brasileira atual.

A faixa título - "Revela" - tem qualidade suficiente para entrar em qualquer trilha de novela da Rede Globo. E o arranjo da faixa "Dádivas" parece ter sido inspirado na clássica "Ilegal Imoral ou Engorda" de Roberto Carlos. Mas sem soar como cópia. Já escrevo há algum tempo sobre a Graziela, que por sinal é filha da cantora Claudya e do músico Chico Medori. É sempre um prazer enorme ouvi-la cada vez mais madura e ciente do que quer como artista na música.

O disco "Revela" chega às plataformas digitais pela produtora e gravadora Kuarup e marca não apenas um novo capítulo na trajetória de Graziela Medori, como também amplia o alcance da obra de Valeria Velho, apresentando-a a novos públicos, reforçando a importância de se dar vez e voz a talentos femininos, mostrando que nunca é tarde para viver os próprios sonhos.

"Hilário"

"Dádivas"

"Revela"

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

.: Rick Davies, da banda Supertramp: o sonho acabou


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação

Com o falecimento do músico britânico Rick Davies aos 81 anos, depois de uma luta contra uma doença grave (Mieloma Múltiplo) nos últimos anos, encerram-se as chances de uma eventual reunião da formação clássica da banda Supertramp. O Supertramp preferiu não seguir a regra das demais bandas antigas, que buscam reagrupar seus antigos membros e reviver hits que marcaram uma época. Após a saída de Roger Hodgson, em 1983, a banda se manteve ativa com Davies na liderança do vocal e das composições. Entretanto, sem conseguir alcançar o brilho e a popularidade dos anos 70 e 80.

Rick Davies sempre foi uma das forças criativas do Supertramp. Em que pese o sucesso que as canções de Hodgson alcançavam, as de Davies sempre serviam como um contraponto. Ou melhor, um complemento perfeito para o som desenvolvido naquela época pelo grupo.

Como alguns exemplos poderia citar canções como Bloody Well Right, From Now On (esta uma de minhas preferidas dele), Goodbye Stranger, Crime Of the Century, entre tantas outras. Ele também tinha um talento nato para compor hits radiofônicos como a balada retrô My Kind Of Lady, que estourou junto com It´s Raining Again, de Roger Hodgson.

Uma pena que ambas as partes não entraram em um acordo amigável para aparar as arestas do passado e voltar a tocar juntos no palco. Porque tanto Hodgson como Davies estavam em plena atividade musical e seria muito interessante acender aquela velha chama musical.

Davies havia anunciado em 2015que iria se retirar para tratar da doença, interrompendo as atividades da banda desde então.

Como consolo para os fãs, fica a obra da banda que permanece como uma referência em termos de um rock que transitava entre o pop e o estilo mais progressivo. Todas essas canções certamente não soam datadas e se mantém atuais nos dias de hoje.

"From Now On"

"My Kind Of Lady"

"Bloody Well Right"

.: Ricardo Vilas & Banda Maravilha chega nas plataformas digitais


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação

Ricardo Vilas está divulgando seu novo projeto, o disco “Ricardo Vilas & Banda Maravilha”, que está disponível em todas as plataformas digitais, com distribuição da Conexão África Produções. Um trabalho que reforça a ligação do músico com a cultura de origem africana, que sempre se mostrou presente em sua obra autoral. O projeto da parceria nasceu a partir de um vínculo criado em 2012, quando Ricardo conheceu os músicos da Banda Maravilha durante sua pesquisa de doutorado sobre a circulação da música popular entre Brasil e Angola.

“Angola, para nós brasileiros, é a África mais próxima. Essa conexão sempre me interessou e me atraiu, a ponto de dedicar minha pesquisa acadêmica ao estudo da Música Popular Angolana e de seus pontos de encontro com a música brasileira”, explica  Ricardo. O álbum reúne 12 faixas, entre composições inéditas e autorais; e conta com participações especiais de Dionísio Rocha, Filipe Zau, Nilze Carvalho e Hudson Santos, que contribuíram para um resultado positivo, um verdadeiro diálogo musical entre Angola e Brasil.

O projeto busca ampliar o conhecimento das culturas africanas no Brasil, especialmente no campo da Música Popular Brasileira, além de fortalecer os laços com o continente africano, de onde vem boa parte da nossa população. Ao mesmo tempo, pretende mostrar à população africana o quanto a sua presença cultural é valorizada e bem-vinda. “Agora que o projeto está ganhando as ruas, fico muito feliz de ver que conseguimos realizar um verdadeiro encontro musical entre Angola e Brasil. Mostramos tudo o que compartilhamos, em termos musicais, e também as particularidades que nos diferenciam, mas que dialogam de forma harmoniosa”, concluiu Ricardo Vilas

"Atlântica Mulata"


"Voando pra Luanda"


"Nosso Canto"

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

.: Entrevista: ZéVitor desmonta a própria torre para erguer "Imago Mundi”


Por Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Fotos: Lucca Mezzacappa


Um álbum que surge de uma carta de Tarô desmoronando, de violões que carregam fantasmas de outras décadas, de aboios que ecoam como fósseis sonoros e de espaços silenciosos e familiares que só encontram voz na poesia. "Imago Mundi", o trabalho mais recente de ZéVitor, é mais que um conjunto de faixas. O álbum costura tradição viva e memória íntima em busca de um Brasil pessoal, seja ele medieval ou sertanejo, galego ou nordestino, melancólico ou solar, ou tudo isso misturado.

Na live session filmada em plano sequência, o disco se revela sem cortes, como quem encara o risco de ser visto sem máscara. Nesse cenário, ZéVitor reconstrói, arqueólogo e inventor,  as peças de um quebra-cabeça cultural que atravessa séculos e territórios. Entre colaborações que vão da voz do pai, o ator e músico Jackson Antunes, à artista galega Antía Muíño, o músico afirma um lugar raro: o de quem não se contenta com a repetição do que já foi ouvido. Nesta entrevista exclusiva ao portal Resenhando.com, ele fala sobre ritos de passagem, tradições que respiram, rebeldias estéticas e tormentas criativas que ainda pedem para virar música.

Resenhando.com - "Imago Mundi" parece ser mais do que um disco – soa como um rito de passagem. O que você precisou enterrar ou perder dentro de si para que esse álbum pudesse nascer?
ZéVitor - Muito legal você puxar esse termo “rito de passagem”, quando pensamos nas culturas através do mundo nos deparamos frequentemente com rituais que representam mortes simbólicas… talvez o art1ista morra em si mesmo várias vezes ao longo da sua trajetória… Eu sinto como se fosse uma nova vida, já que esse disco nasce com todo um novo processo pessoal de feitura artística completamente diferente de tudo que eu já havia experimentado… encontrei essas canções no fundo do fundo, quando por completo me desconheci e o fazer havia perdido o sentido… Nesse ponto houve um rompimento quase que completo com o que me fazia de alicerce, é como aquela carta do Tarô, A Torre… tudo vem ao chão e recomeça-se… "Imago Mundi" é o primeiro passo desse recomeço artístico, a porta que dá passagem a esse tempo novo… que está completamente ligado a "re-memória" daquilo de mais íntimo que sou, a volta para as minhas origens para a partir daí pensar na originalidade do meu fazer.


Resenhando.com - A live session foi gravada em plano sequência, um recurso estético que não permite cortes nem esconderijos. Que parte sua ficou exposta nesse processo - e você deixaria que alguém revisse esse plano sequência emocional da sua vida?
ZéVitor - Sem dúvidas o processo do ao vivo coloca a prova todos os envolvidos para que a capacidade de estarmos em sintonia possa transformar o momento em música… Momento que tem menos artifícios para esconder imperfeições… Mas sendo a música que busco fundamentada na busca pela verdade, a "não-perfeição" é acolhida pela expressão… Captura-se o momento, seja o melhor dia ou não, como as coisas tem de ser ali e agora. Sobre deixar alguém reviver o meu plano sequência emocional, acho que as canções acabam sendo mais interessantes do que isso, devo à invenção a razão desse parecer, já que criar, tem muito mais possibilidades… Todos temos nosso baú de dores incompartilháveis… Compartilho minha música, onde acho que posso servir um pouco mais de poesia do que a realidade crua e nua.  


Resenhando.com - Ao escolher instrumentos históricos e resgatar sons esquecidos, você parece dizer que o Brasil ainda guarda músicas que não ouvimos. Qual é a canção que o país insiste em calar?
ZéVitor - Acho que a ordem industrial de para onde a música precisa seguir para vender mais acaba por sufocar muitas experimentações… A música que vem de fora viraliza as nossas formas de fazer… Somos um povo extremamente complexo musicalmente, cheios de requintes rítmicos… então tenho me voltado culturalmente para o nosso país para criar a partir dele e de suas histórias… Sobre os instrumentos, essa espécie de arqueologia do som é uma parte de um processo em leque… É visual, sonoro, histórico. O timbre desses instrumentos antigos parecem nos contar sobre um futuro que não continuou… um tempo que se imaginou mas nunca houve pois tudo se deu diferente… nNsso vejo a  possibilidade de dar continuidade às buscas por música brasileira.


Resenhando.com - Você colocou seu pai, Jackson Antunes, para declamar versos em “Lira”, uma faixa sobre perdas. Quais silêncios ou segredos familiares ecoam nessa parceria artística?
ZéVitor - Meu pai sempre foi um guardião de histórias. Muitas dores que atravessaram nossa família nunca foram ditas em voz alta, mas a arte acaba funcionando como um espaço possível para que elas existam. Quando meu pai declama em “Lira”, sinto como se aquilo que não expomos ao mundo no cotidiano encontrasse lugar na música. É uma forma de quebrar o silêncio deixando que a poesia carregue o peso do indizível.


Resenhando.com - Em “πNeo” você incorpora aboios e sons ancestrais, como se atualizasse uma memória coletiva em loop. Como diferenciar tradição viva de folclore embalsamado?
ZéVitor - Acho que tradição viva é tudo aquilo que respira do passado ao presente… a tradição que serve a comunidade e segue em contextos reais… A tradição viva no meu entendimento pode ser ainda de duas formas: ela mantida como é, para dar longa vida a sua origem e preservação a sua originalidade… e ela transformada na ótica de seu tempo, para que tenha possibilidades de pesquisa em sua expressão. Em diferença, o folclore embalsamado que no meu entendimento desse termo refere-se a uma forma de se tentar preservar algo morto para propósito de exibição… me parece essa coisa fria, numa mera representação de algo um tanto sem vida do que deveria ser aquilo… Troca-se o sangue por formol para evitar o que é desagradável e caber dentro de um ambiente de exposição sem muito interesse real em estabelecer uma ligação profunda…
 

Resenhando.com - “Kintsugi” encerra o disco com uma colaboração com Antía Muíño e uma metáfora japonesa sobre reconstrução. O que em você está colado com ouro?
ZéVitor - Tudo aquilo que um dia se partiu. Porque tudo que quebra a gente recolhe pra levar ou jogar fora. Algumas coisas acabam saindo de forma diferente do que gostaríamos, perdemos tantas coisas pelo caminho… nessa metáfora de aprendermos a lidar com as cicatrizes, todos nós vamos tendo que fazer algo com elas. Sobre a música, talvez ela possa explicar melhor a sua existência do que eu… Acho que ela tem o poder de reconfortar com uma beleza melancólica que no fim tem uma mensagem positiva sobre reconstrução e esperança. Eu escrevi essa música quando estávamos já no processo de feitura do álbum, e todo dia mostrava para o Aureo Gandur, produtor do disco, e tentava mostrar o quão me parecia especial… ela acabou por entrar como a última faixa do disco… lembro que ficamos por duas noites retrabalhado o arranjo dos violões e nessa altura era impossível pensar o trabalho sem a sua presença. É motivo de alegria compartilhar essa canção com Antía Muíño, que trouxe através de sua voz toda a ancestralidade e futuro da cultura galega… essa música nos fez cruzar o oceano e sua estreia foi no Festiletras, um festival na Aldea do Couto à convite de Antía. Conhecer a Galícia, foi ter contato com o próprio conceito do disco, em uma travessia transformadora e profunda. Kintsugi foi escolhida para estar na playlist "O Melhor da Aquarela Brasileira 2024" (Spotify) e fiquei feliz pois é uma oportunidade de mostrar que nossas raízes também podem estar além de nossas fronteiras.


Resenhando.com - Se o álbum fosse uma carta para o futuro, que faixa você gostaria que sobrevivesse a esse tempo líquido que esquece tudo rápido?
ZéVitor - Eu gostaria que “Deixe-me Ir” sobrevivesse, mas se ela se for, acho que é a música que pode ser redescoberta numa cápsula, e daqui a tantos e tantos anos poderá ainda narrar os dramas da humanidade de maneira contemporânea ou ser um retrato do nosso tempo… As bombas, as balas, a guerra e a corrida do dinheiro… Tenho dificuldade de acreditar numa melhora substancial do comportamento humano ainda mais com a forma como os donos do mundo decidem tocar o barco.


Resenhando.com - Ao dirigir a arte da live e os próprios arranjos, você se colocou em várias frentes criativas. Onde termina o ZéVitor artista e começa o ZéVitor obsessivo?
ZéVitor - Acho que a tentativa de controle a qualquer custo é sofrimento na certa, eu me cerco de pessoas que confio… O cenário foi fruto de uma direção simbólica, as coisas foram aparecendo e cada um presente colaborou com a sua sensibilidade. Quanto aos arranjos seria um exagero dizer que participei da direção, que é obra do meu grande amigo e produtor musical Aureo Gandur! Certamente me é impossível não palpitar e participar ativamente das decisões… fico muito empolgado com as escolhas de instrumentação para cada música, ainda mais nesses formatos de ao vivo, onde podemos reorganizar a forma de fazer… E sobre ser obsessivo, se fizesse uma tradução de obsessivo para excessivamente preocupado com algo… Poderia dizer que estou bastante envolvido com a minha música como objeto de pesquisa, ando restaurando instrumentos históricos com o objetivo de dar continuidade ao seu som, pensando sobre esse processo criativo e os caminhos inventivos para nossa música de hoje e de amanhã que não esteja dominada por modismos.


Resenhando.com - Você reúne em um mesmo projeto a cultura galega, sertaneja, nordestina, medieval e pop. Isso é curadoria pessoal ou rebeldia estética?
ZéVitor - É uma curadoria pessoal do que tocam as raízes desse trabalho e todo o processo que estamos envolvidos, acho que pode ser considerado uma rebeldia em relação as pedidas do mundo… Afinal são músicas para serem ouvidas em estado de envolvimento e atenção para todas essas coisas que as formam. Na Galícia, se deu surgimento da nossa língua portuguesa, os primeiros textos estavam lá escritos em galego-português na terra dos trovadores… A saudosa professora Jerusa Pires disse uma vez em uma aula, que nunca sentiu tanto Elomar do que quando desembarcou na estação de trem de Santiago de Compostela… O nosso sertão é medieval, a Espanha conta "Don Quixote" e nós lemos "Grande Sertão: Veredas"… as nossas violas caipira, nordestina… e todas as suas afinações descendem das violas Braguesas, Amarantinas, Da Madeira… todas violas portuguesas que acabaram afinadas pelas terras que as acolheram aqui no Brasil… não se trata então de saltos em todas as direções para encontrar uma estética extravagante, mas sim de acreditar estar numa linha de reconexão com um grande rio que se estende do mais remoto até o presente para formar a nossa cultura… Eu me sinto ligando alguns pontos desse grande mapa para encontrar um tesouro que é a própria música. Os instrumentos surgem como elos para trabalhar com essa tradição viva, acreditando que isso seja uma das bases mais fortes para se pensar o futuro… tradição em estado de movimento. O retrato do que estamos tentando fazer me parece uma raiz que tenta se projetar ao futuro…


Resenhando.com - Depois de “Imago Mundi”, o que ainda não foi dito por ZéVitor, mas já o atormenta querendo virar música?
ZéVitor - Acho que muitas coisas ainda não foram ditas, eu componho mais músicas do que sou capaz de dar conta… Existem vários projetos prontos esperando sua vez e seu lugar… Mas todas as músicas se encontram unidas no mesmo propósito de exploração e experimentação com base nesse processo que pude compartilhar um pouco nessa entrevista… O segundo passo desse caminho já começa a se insinuar em Gandaia, que é um disco mais solar, tropical e selvagem que estou trabalhando… Onde a variação de música para música já começa a desenhar sonora e poeticamente novas linhas desse mapa… Fiz uma expedição com o Aureo Gandur (produtor musical) e o Iuri Nascimento (engenheiro de som e músico) que estão comigo nessa pesquisa sonora, dirigimos por 21 horas para encontrar um lote de instrumentos que estavam sendo tratados como sucata… no meio de coisas mais que especiais descobrimos um instrumento chamado Oficleide, um sopro que parou de ser fabricado em 1900, de timbre doce e profundo… um som em extinção… esse instrumento só está presente no disco novo da forma que está por causa dessa inquietação, dessa coisa que atormenta, dessa voz que pede coragem… de confiar nas partes que não controlamos e de nos agarrarmos a um propósito maior que as coisas passageiras… de reverenciarmos e seguirmos nossos próprios caminhos dando continuidade para a imaginação.

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

.: Entrevista com Beta Rivellino: a filha do craque encontra a própria música



Por Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Fotos: divulgação

Filha do lendário craque Roberto Rivellino, a cantora Beta Rivellino poderia ter se contentado em ser apenas uma herdeira de um sobrenome pesado. Mas não: aos 50 anos, trocou a vida corporativa pela música e decidiu estrear em grande estilo, longe do Brasil, em Kuala Lumpur, na Malásia, onde hoje é presença mensal nos palcos. O mais recente single dela, “Soltei Minha Voz”, produzido por Tuco Marcondes, é mais do que um título: soa como uma declaração de independência tardia e, justamente por isso, mais forte.

 Beta mistura samba e jazz com uma vibração de bossa nova, oferecendo ao público não apenas música, mas alegria e reinvenção. Ne entrevista a seguir, Beta fala, com exclusividade ao portal Resenhando.com, sobre dribles existenciais, sobre como é ser brasileira no oriente e sobre o momento em que decidiu que não dava mais para viver sem cantar. Uma conversa sobre música, coragem e, sobretudo, sobre finalmente soltar a própria voz.

Resenhando.com - Você solta a voz aos 50 anos e em um palco na Malásia. Foi preciso sair do Brasil - e da zona de conforto - para finalmente se ouvir?
Beta Rivellino - Venho em um processo de buscar a minha voz a muitos anos que se intensificou quando cheguei aos 40 após um burnout. Mas ao longo da minha vida, cada saída do Brasil, e foram várias, já que a Malásia é o décimo país que eu moro, sempre me permitiram ser de uma forma ou de outra um pouco mais livre e assim me conectar mais comigo. A mudança para a Malásia em 2021 e a ida do meu filho para os Estados Unidos fez com que eu precisasse de flexibilidade para poder ir e vir. Isso somado a chegada da menopausa e um desejo de desacelerar minha vida como executiva, foram as justificativas perfeitas para eu decidir me “aposentar “ do mundo corporativo. Mas precisava fazer algo com toda a minha energia, sempre fui muito inquieta, e foi no reencontro com a música, saindo de novo da zona de conforto, que tudo mudou.  Gosto de estar fora da zona de conforto, e nessa hora que encontro combustível para fazer, aprender coisas novas, me desafiar, me reinventar, só que desta vez tudo aconteceu muito rápido e as mudanças posso dizer que foram “radicais”.

Resenhando.com - Seu sobrenome carrega um peso futebolístico quase mítico. Em algum momento da vida, esse sobrenome calou sua voz?
Beta Rivellino - Eu tenho o maior orgulho do sobrenome que eu carrego, do meu pai, de tudo o que ele construiu e representa. Eu já estive em inúmeras situações no Brasil e fora do Brasil, onde pessoas, ao reconhecerem meu sobrenome, me pararam para conversar para saber mais sobre ele, ou  relembrar momentos de sua carreira. Mas admito que nem sempre foi fácil ser filha de alguém tão famoso. Ser a filha de Roberto Rivellino vem, desde cedo, com um sentido de muita responsabilidade. Para o meu pai seu nome, e o legado que ele construiu, sempre foram levados muito a sério dentro de casa. Eu, filha mais velha e a única mulher fui ao longo da vida entendendo o que era esperado de mim e procurando sempre atender a todas as expectativas, que muitas vezes eram mais fortes da sociedade do que de dentro de casa. Mas apesar disso não sinto que meu sobrenome tenha me calado, mas com certeza me deu contornos, e me deu também habilidades que fazem parte de quem eu sou hoje e com certeza vão me ajudar nessa nova etapa da minha vida.

Resenhando.com - A vida corporativa foi seu “cartão vermelho” ou apenas um aquecimento para o show que viria depois?
Beta Rivellino - Nao! A vida corporativa nunca foi um cartão vermelho, muito pelo contrário, em Soltei Minha Voz falo disso :  Sou muitas em uma só!  A vida corporativa me trouxe habilidades que estão provando ser muito úteis. Exemplo: presença de palco. Estar no palco, e me conectar com a plateia, não foi o maior desafio quando voltei a cantar, porque desde os 23 anos tenho sido treinada para falar em público, para todos so tipos e tamanhos de plateias. Também me trouxe um entendimento de comunicação, marketing, e gestão de projeto que não tem preço. Aqui na Malásia, por exemplo , eu sou a cantora, a produtora, a diretora musical, a que negocia com o com a casa de show. Então, a gestão de projeto é fundamental para eu conseguir dar conta de fazer tudo isso. Posso dizer que minha vida corporativa, todos as minhas experiências somados aos valores que aprendi com os meus pais, são alicerce de quem eu sou e me ajudam muito a navegar nesse no o momento da minha vida.

Resenhando.com - A bossa nova, esse som solar e sofisticado, faz muito sucesso na Malásia. Mas, sinceramente, o que os asiáticos entenderam da nossa música que os próprios brasileiros ainda não captaram?
Beta Rivellino - Não sinto que os asiáticos entendem mais do que os brasileiros sobre a nossa música, não se trata disso. A bossa nova e um gênero de música que está no mundo inteiro. Eu viajo bastante pelo mundo, já morei em muitos países, e não tem um lugar onde eu fale que sou brasileira e as pessoas não comecem a falar sobre a nossa música, e o futebol! Para o resto do mundo a nossa música faz parte da nossa identidade. Nos meus shows a  bossa nova e a porta de entrada para o publico local se conectar comigo, mas eu sempre trago interpretações de diferentes compositores e outros gêneros. Já cantei músicas de Ivan Lins, Toquinho, Milton Nascimento, Maria Rita, Roberta Sá, Peninha, Rita Lee, até a famosa romaria de Renato Teixeira acompanhada de uma viola caipira! Então a percepção que se tem de fora do Brasil é que somos assim, esse país solar, alegre, onde as pessoas vibram na música.


Resenhando.com - Aos 50 anos, sua estreia nos palcos te fez perder mais o medo ou a vergonha? Ou são coisas diferentes?
Beta Rivellino - Nunca tive muita vergonha, ao contrário desde pequena podia falar com qualquer pessoa sem me sentir intimidada, já o medo esse me acompanha na forma da autocrítica e ansiedade, as vezes me tirando o sono e até o foco. Mas o sentimento que apareceu muito forte quando voltei a cantar e que precisei  trabalhar muito dentro de mim, foi o de inadequação. Nesse processo de me escutar descobri a crença limitante : menina boa não canta? Frase que provavelmente escutei em algum momento e que muitas mulheres de gerações passadas da minha família também escutaram. Hoje não me sinto mais assim, graças a muita terapia e um trabalho intenso de autoconhecimento e cada vez mais trago para o palco essa autenticidade, admito com muito humor quando erro, me solto cada vez mais nas minhas interpretações e sou eu, de verdade!


Resenhando.com - Você diria que cantar samba e jazz em Kuala Lumpur é, de certo modo, uma forma poética de vingança contra o tédio do mundo?
Beta Rivellino - Cantar aqui na Malásia, onde moro, é um jeito de me aproximar do Brasil, de matar a saudade do que está lá longe, para mim e para a comunidade de brasileiros que vivem por aqui. Também e a oportunidade de mostrar mais a diversidade da nossa cultura, a final somos muito mais do que os carnaval e futebol. Também quero criar pontes, e poder fazer o inverso, levar para o Brasil a música da Malásia que me impacta por aqui, e juntar os dois mundos, imagina poder cantar uma música em bahasa malayo, com a harmonia de músicos brasileiros e aqui da Malásia? Um bom projeto para 2026. Quanto ao tédio do mundo, pode parecer piegas mas precisamos de mais cor, amor, menos intolerância, mais empatia e eu canto para trazer luz,  alegria e compartilhar minha energia, cantar me faz feliz.


Resenhando.com - Seu novo single se chama “Soltei Minha Voz”, mas se você pudesse batizar a sua fase anterior com um título de música, qual seria?
Beta Rivellino - Seria "Encontros e Despedidas". já moreiem dez países, viajei muito, estou sempre indo embora e voltando, Sou essa alma inquieta. Minha vida sempre foi de encontros e despedidas,de pessoas, situações, de coisas, carreiras, de jeitos de ser. Essa música de Milton Nascimento, que faz parte do meu repertório, Representa bem a minha vida, em constante transformação e movimento.


Resenhando.com - Em tempos em que tudo precisa viralizar para existir, como é para você fazer arte que não grita, mas sussurra com sofisticação?

Beta Rivellino - Por que já não preciso mais provar nada a ninguém e principalmente pra mim mesma! Tive uma carreira executiva que considero de sucesso, por onde passei dei o meu melhor, trabalhei em parceria com muita gente incrível e pude fazer a diferença. Agora, nessa altura da minha vida, recomeçando de novo, e só confiar e abraçar o que está por vir deixar fluir, como a música que abraça e vai preenchendo, com leveza, todos os espaços sem precisar gritar.

Resenhando.com - Filha de um ídolo brasileiro, morando na Malásia e cantando MPB. Qual foi o maior drible que você deu em si mesma até chegar aqui?
Beta Rivellino - Acho que o maior drible que eu dei em mim mesma foi nunca ter tido medo de ousar. Um exemplo recente disso que mudou tudo, partiu da coragem de fazer uma pergunta. Conto essa história no capítulo do livro Protagonista que fui convidada a participar com outras 64 mulheres lançando esse mês. Em novembro de 2023, ao final de um show que fui assistir de Bossa Nova de Ter Cher Siang, músico, compositor, produtor e um dos maiores pianistas de jazz da Malásia junto com Xiong Lee cantor e compositor Que morou no Brasil e desde a decada de 90 promove a Bossa Nova por aqui, me aproximei de Cher Siang, me apresentei e disse: Sou uma cantante, fã dos seus arranjos e interpretações, e amaria poder  fazer um show piano e voz com você, topa? Ele me olhou e sem titubear me respondeu: “Sure!” E a partir dai tudo mudou, intensifiquei meus estudos de musica, comecei a me apresentar com diferentes músicos para ganhar mais desenvoltura de palco e me preparei para o nosso primeiro show juntos, que aconteceu quase um ano depois, com direito a casa lotada e muita música boa. Desde então, juntos, já fizemos três shows, gravações em estúdio e tem muita coisa vindo por ai. Então, voltando a pergunta: o meu melhor “elástico” (famoso drible do meu pai) e ter coragem e acreditar que nunca é tarde pra recomeçar.


sexta-feira, 5 de setembro de 2025

.: Entrevista com Wilson Simoninha: ele respira música, por Luiz Gomes Otero


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação

A frase do título está correta, pois Wilson Simoninha, filho de um dos maiores cantores que o país produziu (Wilson Simonal), parece mesmo respirar música. Ele não só atua cantando e tocando suas composições, como ainda trabalha na produção musical de programas da TV, como o "Domingão com Huck" e "Viver Sertanejo" com o cantor Daniel, só pra citar dois exemplos.

Mas como a música não pode parar, Simoninha já está preparando um novo álbum de canções inéditas, que deve marcar um ponto de virada na sua carreira. E continua desenvolvendo vários projetos em paralelo com outros nomes conhecidos, como Xande de Pilares. Em entrevista para o portal Resenhando.com, ele conta como desenvolveu sua carreira em paralelo com a atividade de produtor. “Esse trânsito entre palco, estúdio e audiovisual mantém meu trabalho em movimento e me inspira a explorar diferentes formas de levar música ao público”.


Resenhando.com - Como foi seu início na música? Com quem você tocou antes da carreira solo?Wilson Simoninha - Meu início na música foi bastante natural. Autoditdata, ouvindo as coisas que aconteciam na minha casa. Mais tarde estudei na fanfarra da minha escola e depois estudei piano com vários maestros. Ainda adolescente formei várias bandas com o sobrinho do Jorge Benjor e com o João Marcelo Boscoli

Resenhando.com - Seu pai certamente foi uma fonte de inspiração sua como intérprete. Além dele, quais foram suas referências?
Wilson Simoninha - Sim, meu pai é considerado um dos maiores cantores da história da música brasileira, então não tem como ser diferente. Mas obviamente outros artistas me inspiraram também, como Jorge Benjor, Tim Maia, João Gilberto. Entre os brasileiros a lista é gigante. E entre os internacionais posso citar Stevie Wonder,  Michael Jackson e principalmente Marvin Gaye. A soul music foi uma forte influência na minha caminhada na música.


Resenhando.com - Sua discografia tem ótimos momentos nas músicas autorais. Você gosta de compor sozinho ou também faz parcerias?
Wilson Simoninha - Eu não tenho preferência entre compor sozinho ou em parceria. Tenho ótimos parceiros, como Bernardo Vilhena, Carlos Rennó, Marcelo de Luca entre outros. Tem uma parceria nova com o Xande de Pilares. Mas também gosto de compor sozinho. O importante a colocar a sua inspiração para fora.


Resenhando.com - Você atua também como produtor. Você continua nessa atividade em paralelo com a música?
Wilson Simoninha - Sigo atuando como produtor e diretor musical em paralelo à minha carreira como músico. Essa é uma dimensão fundamental do meu trabalho. Desde 2001, estou à frente da S de Samba, produtora que fundei com Jair Oliveira, onde criamos trilhas publicitárias premiadas e desenvolvemos projetos musicais para marcas, cinema e televisão. Na TV Globo, assino a direção musical do Domingão desde 2016, passando pelas fases com Faustão e agora com Luciano Huck. E também, com a mesma intensidade e carinho, faço a direção musical do programa Viver Sertanejo, apresentado pelo cantor Daniel. Além disso, produzi as duas edições do especial Falas Negras e, mais recentemente, a inédita atração Pagode 90. Fui ainda responsável pela produção artística do documentário Chic Show (Globoplay). Esse trânsito entre palco, estúdio e audiovisual mantém meu trabalho em movimento e me inspira a explorar diferentes formas de levar música ao público


Resenhando.com - Fale sobre seus planos atuais na música. Você pretende gravar um novo álbum?
Wilson Simoninha - Sim, estou preparando um novo álbum de inéditas, que deve marcar mais um capítulo importante da minha trajetória. Depois de tantos projetos como diretor musical, produtor e intérprete, senti que era o momento de voltar ao estúdio para trazer novas canções e ideias. Tenho buscado arranjos que dialoguem com a minha história, mas também apontem para o futuro sempre guiado pela reinvenção, pelo talento das parcerias e pela alegria que a música me proporciona. É um trabalho que está sendo construído com muito carinho e que espero compartilhar em breve com o público.


"Sa Marina"

"Flor do Futuro"

"Mais Um Lamento"

.: Entrevista: Delphis Fonseca transforma Sinatra em experiência viva no palco


Por Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Fotos: divulgação

Há quem diga que certas canções sobrevivem ao tempo porque carregam em si um sopro de eternidade. Mas o que acontece quando um artista decide não apenas cantar esses clássicos, e sim dialogar com eles, emprestando corpo, voz e alma a melodias que atravessaram gerações? É esse o risco - e também a ousadia - de Delphis Fonseca, que leva ao palco do Teatro Jardim Sul, em São Paulo, o espetáculo “Sinatra & Cia – Os Maiores Sucessos da Era de Ouro”.

Mais do que um tributo, trata-se de um mergulho afetivo em memórias que pertencem a todos nós, embaladas por Sinatra, Elvis, Nat King Cole, Charles Aznavour e tantos outros. Delphis, que também é jornalista, locutor e apresentador, sabe como poucos transformar um show em experiência: não basta interpretar, é preciso contar histórias, criar cumplicidade, surpreender. Nesta entrevista exclusiva ao Resenhando.com, o artista fala de bastidores, improvisos, riscos e segredos de quem vive entre a reverência ao passado e a urgência do presente. Afinal, como ele mesmo afirma, “as grandes canções não têm prazo de validade”.


Resenhando.com - Se Frank Sinatra pudesse assistir ao seu show “Sinatra & Cia” escondido na plateia, qual você acredita que seria a primeira reação dele: aplaudir, corrigir ou dar uma piscadela cúmplice?
Delphis Fonseca - (Risos) Puxa, pergunta interessante! Já fico imaginando a cena! (Risos) Eu não sou um cover de Frank Sinatra, nem me atreveria. Sou um apaixonado pela boa música, e grande parte dela vem desse artista incrível. Gosto de músicas do mundo inteiro: canto em português, inglês, francês, Italiano, espanhol e japonês. E também tenho meu repertório próprio nesses idiomas com canções com alguns parceiros musicais. Gosto de toda música que me toca o coração. Mas, voltando a sua pergunta, acredito que se o Sinatra estivesse na plateia do meu show, seria melhor eu não saber… (Risos) Essa situação me lembrou uma passagem que aconteceu com o Sinatra no início de carreira, quando ele ainda não era o dono da fama. Ele estava cantando em um jazz bar quando entrou o Cole Porter. Quando ele viu o famoso compositor entrando, falou logo pra banda: “Vou cantar 'Night and Day'". Esse era um dos grandes sucessos escritos por Porter na época. Sinatra não sabia a letra direito e acabou se enrolando na apresentação e improvisando como pode. Cole Porter achou aquilo muito engraçado, pois percebeu que Sinatra estava tentando impressioná-lo. E aí começou uma grande parceria, que anos depois, iria conquistar o mundo. Agora, na verdade, Sinatra tinha um temperamento forte, e muitas vezes, imprevisível. Gosto de imaginar que ele sentiria meu respeito pelo seu legado, e que me apoiaria, mas não sem me chamar de canto e dar uma boas duras! (Risos).


Resenhando.com - Você se define mais como um “tradutor de emoções” ou como um “ator que canta”? Afinal, interpretar clássicos imortais exige muito mais do que afinação.
Delphis Fonseca - Você tem toda a razão! É muito mais que só afinação, perfeito. Eu me defino como intérprete. Amo interpretar, como ator, cantor, palestrante, apresentador, comunicador, essa é a minha veia. Música é vida, e a vida de cada um de nós, por si só, é sempre um grande e exclusivo clássico. Se você entende isso, tudo se encaixa na sua interpretação. Sobretudo, interpretar histórias que agreguem emoções profundas, sejam elas de amor, alegria e, também de tristeza; uma vez que a Vida é uma somatória de todas essas emoções se revezando de forma randômica. As canções tristes fazem parte dessa mesma estrada, onde logo alí adiante, virá uma outra trazendo a alegria, a esperança e o amor de volta à cena.


Resenhando.com - Na era do streaming e do consumo descartável, o que significa insistir na ideia de que “as grandes canções são eternas”? É um ato de resistência cultural?
Delphis Fonseca - De forma nenhuma. Eu não resisto às mudanças. Eu procuro entendê-las e transformá-las em algo adequado às minhas capacidades e objetivos. Resistir às mudanças é desistir de viver nesse mundo que muda a cada instante. Eu canto músicas contemporâneas também: gosto de Ed Sheeran, Adele, Bruno Mars, Sam Smith, Robbie Williams e outros. Mas, mudar não necessariamente significa jogar fora tudo o que foi vivido, e sim aprender outras coisas e fundí-las em um nova criação, potencializar tudo aquilo em novo cenário cultural ainda mais rico. O chamado “descartável" sempre existiu, não é novidade. Entendo que ele traga um registro de momentos superficiais da cultura naquele momento, e nada além. Por isso, é imediatamente reconhecido pelo público. Mas, quando esse momento passa, não deixa sua marca mais profundo no emocional das pessoas, se torna obsoleto. A verdade é que não há receita de sucesso, seja ele instantâneo e passageiro, e, muito menos, duradouro a ponto de se tornar um clássico.


Resenhando.com - Há espaço para improviso num show de tributo, ou seguir a partitura com precisão é uma forma de respeito? Você já quebrou protocolos no palco e surpreendeu o público?
Delphis Fonseca - Sem dúvida, isso no que eu acredito e é a forma que interpreto. Talvez, não haja esse espaço em um show cover, de personificação, onde o público espera ouvir o artista original. No meu caso, sou intérprete, e como tal, me dou a liberdade de deixar a minha emoção trabalhar comigo de forma autêntica. Quando eu canto, eu me emociono de fato, não simulo isso. Emoção só é, de fato, emoção se for real, e a platéia sente isso de imediato. Acho que isso seja respeitar a obra do autor, é permitir à ela cumprir o seu papel junto ao público: emocionar. Não penso, necessariamente, em quebrar protocolos só pra ser diferente. Mas, é da minha natureza não me prender a regras que me vão contra a minha identidade. Eu converso muito com o público durante o show, conto histórias da minha vida, das músicas, divido pensamentos, peço opiniões do público. E brinco: “Não se preocupem, eu também vou cantar hoje!" (risos). Eu respeito e sou muito grato ao público que me acompanha, que vai aos meus shows, adoro interagir com ele. Não digo que essa seja a forma certa de se fazer, mas é assim que eu faço, essa é a minha verdade.


Resenhando.com - Elvis, Nat King Cole, Charles Aznavour… cada um deles tinha também suas sombras pessoais. Quando você canta esses ícones, pensa mais no mito ou no ser humano?
Delphis Fonseca - Todos temos nossas sombras. Todos, sem exceção. Cabe a cada um de nós conseguir iluminá-las, mas cada qual a sua própria. Nossas sombras dizem respeito somente à nós mesmos, desde que, obviamente, não afete as vidas de outras pessoas. O que chamamos de "mito" é uma pessoa, como todas as outras, mas que diferente da maioria, traz consigo a necessidade de expressar sua arte em forma de música, e sofre inúmeras pressões que o próprio meio impõe, tudo isso somado aos seus próprios desafios particulares de vida. Cada um tem uma forma de se comportar diante disso tudo. Toda essa vivência, dá a ele a bagagem emocional para ser quem ele é artisticamente. Portanto, isso é muito particular. Não posso mistura isso com a minha vida, ou então estaria procurando interpretar as canções como ele, e isso só teria validade se eu fosse um “impersonator”. Não tenho nada contra a esse tipo de trabalho, aliás, gosto muito quando ele é bem feito. Por exemplo, o trabalho feito pelo Dean Zee, vivendo Elvis Presley, é maravilhoso. Faz com respeito e com primor. Cada um na sua.

Resenhando.com - O espetáculo acontece em São Paulo, mas a lista de artistas que você interpreta atravessa fronteiras. Qual foi a canção internacional que mais mexeu com plateias brasileiras? E com você?
Delphis Fonseca - Não tenho uma única música, mas muitas! rs Tous Les Visages De L’Amour (She), de Charles Aznavour é uma canção de amor sensacional e que eu amo e o público também. Tem mais impacto em francês. Ela tem tudo a ver comigo, sou romântico por natureza. "Bridge Over Troubled Water", de Paul Simon e Art Garfunkel, é outra canção que faz muito sucesso com o público. Ela é realmente muito impactante e com uma letra linda, que muitos conhecem. "That's Life" é uma música de vida. É divertida, mas muito profunda. Foi resgatada dos anos 70 para ser tema do primeiro filme do Coringa. É uma música incrível! Vou cantar todas elas nesse show.


Resenhando.com - Você também é jornalista, locutor e apresentador. O que o Delphis comunicador emprestou ao Delphis cantor - e vice-versa?
Delphis Fonseca - Eu acredito que somos o que somos devido a tudo aquilo que vivenciamos em nossa existência, desde antes mesmo de nos reconhecermos por gente. Tudo aquilo que fazemos na vida, seja em âmbito pessoal ou profissional, real ou virtual, tudo aquilo que aprendemos, forma quem nós somos. Tudo se mistura. Essas atividades que você citou: jornalista, apresentador, cantor. Todas elas são funções de comunicação, cada qual da sua forma, dentro de seu próprio cenário, mas são atividades onde uma pessoa se comunica com várias outras. Então, eu diria que eu unifiquei tudo isso em uma única atividade onde eu apresento minhas interpretações musicais, contando histórias e entretendo o público com boa música.


Resenhando.com - O palco exige presença. Mas fora dele, no silêncio, qual é a música que você canta só para si, quase como uma prece íntima?
Delphis Fonseca - Uma música que eu sempre gostei foi "Canção da América" de Milton Nascimento, esse gênio da música. A letra fala de relacionamento humano, de amor e de amizade de verdade, exatamente como eu acredito que deva ser e como procuro vivenciar.


Resenhando.com - Se tivesse de incluir no repertório um hit da música pop atual - digamos, de Lady Gaga, Adele, Bruno Mars ou qualquer outro artista, nacional ou internacional - qual você ousaria transformar em “canção eterna”?
Delphis Fonseca - "Photograph", do Ed Sheeran. Acho que ele é um artista incrível!


Resenhando.com - Você já cantou com orquestra, quinteto, piano solo… mas qual seria a formação mais “maluca” com a qual toparia revisitar os clássicos? Talvez um DJ, um trio de jazz ou até uma escola de samba?
Delphis Fonseca - Recentemente regravei "Tous Les Visages de L’Amour" em um ritmo mais para cima, uma versão pop. Está no meu Spotify. Também, demos novas roupagens para "Blue Velvet", "Garota de Ipanema", em português e em inglês; e outras que ainda serão lançadas. Músicas próprias e inéditas também estão em estúdio e logo serão lançadas. Agora eu fiquei impressionado com a sua pergunta! Tá me espionando?? (Risos). É que, entre outras coisas, estou fazendo um trabalho com um DJ muito conhecido em São Paulo, que ainda não posso revelar. Tem fusão musical vindo por aí! E acho que você vai gostar!

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