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sábado, 17 de maio de 2025

.: Entrevista com Gabriel Aragão, da banda Selvagens à Procura de Lei


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Igor de Melo

Com mais de 15 anos na estrada do rock, a banda Selvagens à Procura de Lei está divulgando seu terceiro disco, intitulado “Y”. Um trabalho que marca a nova fase do grupo e seus novos integrantes. Matheus Brasil, baterista, é ex-membro da banda Projeto Rivera, que tocou no Rock In Rio representando Fortaleza em 2018. Plínio Câmara, guitarrista, é ex-membro da banda Casa de Velho, fundada por ele. E Jonas Rio, baixista, é ex-membro da banda Left Inside, além de Gabriel Aragão, membro fundador da Selvagens a Procura da Lei. É ele quem define o conceito da produção musical. 

Segundo ele a nova formação dos Selvagens à Procura de Lei carrega em si a representatividade de uma Fortaleza periférica, preta e jovem. Em entrevista para o Resenhando.com, Aragão conta como foi que surgiu o cenário para o rock em Fortaleza e as dificuldades que há para furar a bolha do eixo Rio-São Paulo para mostrar o trabalho da banda. “O Nordeste também tem espaço para produzir rock com qualidade e originalidade”.


Resenhando.com - Quais foram as referências musicais para o Selvagens à Procura de Lei?
Gabriel Aragão - 
As bandas de rock dos anos 80 foram nossas principais influências. O nome do grupo veio do título do terceiro disco dos Paralamas do Sucesso (Selvagem). Mas não vou negar que tem inspiração naquele trecho da canção da Legião Urbana, Tempo Perdido (E tão sério/E selvagem/Selvagem/Selvagem...). No plano internacional as influências são muitas. Fui criado em um ambiente familiar altamente Beatlemaníaco. E atualmente ouço muito rock alternativo.


Resenhando.com - Passados 15 anos e agora com o terceiro disco, a banda conseguiu encontrar seu espaço no rock nacional?
Gabriel Aragão - 
Não tenho do que reclamar. Tocamos em vários festivais, como o Lollapalooza, o Rock In Rio, o Planeta Terra...mas é fato que ainda tem público no Sudeste que se surpreende quando toma conhecimento do nosso trabalho e de onde nós viemos. Ainda há aquela imagem do Nordeste com o forró e a música de festa, que realmente é uma tradição que merece ser preservada. Mas no Nordeste também tem espaço para o rock e suas várias vertentes. Fortaleza tem um cenário muito forte nesse segmento. Nós fazemos hoje o que chamam de indie rock, ou rock alternativo, como você preferir.


Resenhando.com - Fale sobre o novo disco.
Gabriel Aragão - 
Este foi um disco bem pessoal. Talvez o mais pessoal da banda e muito, muito rock. Gravado em Fortaleza em poucos meses, durante o hiato da banda, falamos sobre rupturas e sobre seguir em frente, assim é a vida. O nome do disco se chama “Y” por conta do desenho da letra, que se assemelha um caminho que se bifurca, ao mesmo tempo simbolizando uma separação e um seguir em frente. Escrever esse disco foi ao mesmo tempo natural e necessário, tendo sempre em mente o amor imenso à história da banda e a todos os fãs, sem exceção. Agora, com nova formação, seguiremos em frente nos palcos e em futuras canções.


Resenhando.com - O título tem a ver com a figura da capa?
Gabriel Aragão - 
A capa ficou por conta de João Lauro Fonte, que já tinha trabalhado com a banda no single “Por Todo O Universo”. Para essa arte, tivemos a ideia de usar a folha da ginkgo biloba, que é uma planta que virou símbolo de resistência depois de sobreviver à bomba atômica de Hiroshima, renascendo do solo devastado. Assim como essa árvore, todos nós carregamos essa força dentro da gente. A figura lembra também a letra Y.


Resenhando.com - Como estão se estruturando para divulgar esse trabalho?
Gabriel Aragão -
Estamos iniciando uma turnê pelo País. Começaremos pelo Nordeste e depois seguimos para Minas Gerais. Mas vamos levar o show e as novas músicas para o Norte e para o Sudeste. Queremos levar a nossa música para todo o lugar que pudermos tocar. Isso inclui também o Litoral Paulista, que tem um público sempre muito caloroso.


Selvagens à Procura de Lei - Daqui pra Frente



sexta-feira, 16 de maio de 2025

.: Marina Baggio estreia na música com CD autoral, por Luiz Gomes Otero

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 


Marina Baggio é um ser inquieto - pensadora, artista plástica, filmaker, fotógrafa, designer, cantora e compositora. Suas produções artísticas evocam itinerários e movimentos sensíveis em uma investigação estética que batizou de “Bahia oriental”. E agora ela está estreando em disco com o álbum autoral intitulado Kissila.

Nascida em 1996, Marina passou a infância em Salvador, próxima ao mar, ouriços, coqueiros e bananeiras, que tanto marcam seu trabalho na pintura e fotografia, e se tornou cidadã do mundo muito cedo ao se mudar para China para trabalhar como modelo aos 16 anos.

Depois, atuando nas artes plásticas e imagens, rodou meio mundo com exposições, rabiscando paredes, instalações e telas até fazer sua primeira exposição individual em Lisboa, Portugal, em 2023. Na volta ao Brasil abriu seu próprio ateliê onde há uma geladeira azul dos anos 50, sem o motor, que é recheada de tudo que é tipo de papel, tintas e materiais que gosta de usar. E agora abraçou de vez também a música.

 “Kissila”, foi produzido por Dadi Carvalho (A Cor do Som). Com nove faixas, sendo oito autorais e um dueto com Roberto Mendes, o disco celebra a riqueza da música brasileira em uma sonoridade única e sofisticada. Para dar vida a esse trabalho, um verdadeiro time de músicos se reuniu: Cézar Mendes, Chico Brown, Marcelo Costa e Tomás Improta.

Marina Baggio por Nani Basso

O álbum funciona como uma colagem de linguagens e sonoridades que celebra a liberdade criativa e o poder dos encontros em suas diversas manifestações. É a materialização das inquietudes de Marina Baggio e tudo que inspira movimento.

“Kissila” traz  “Agora Só Penso em Você” (Marina Baggio, Cézar Mendes e Chico Brown), a bossa nova “Delícia Demais” (Marina Baggio e Cézar Mendes) que conta com o assobio de Cézar, o samba cadenciado “Chave de Cadeia” recheado de violões, baixo, bandolins, teclados e guitarras de Dadi e mais o blues “Sujeita à Cobrança” com arranjo e piano de Tomás Improta, “Não Aperte Minha Mente”, com as percussões de Marcelo Costa, e “Jailbreak”, versão em inglês de “Chave de Cadeia”.

A canção “Kissila”, que dá título ao álbum, nasceu em Salvador há anos atrás, conta Marina. “Eu devia estar com a adrenalina muito alta ainda de um assalto na noite anterior para ter a ousadia e o impulso de convidar Caetano Veloso a escutar uma composição minha. Cantei pra ele, que foi super generoso em me ouvir, comentar e perguntou se eu tocava violão”.

O álbum vem acompanhado de um filme que faz junção dos clipes feitos para cada uma das músicas. Conforme explica Marina, o universo da música é uma novidade, mas também é a integração dos mundos, o poder de experimentar as múltiplas facetas de expressão.


Não Aperte Minha Mente


Gestos


Delícia Demais



quinta-feira, 15 de maio de 2025

.: Turnê "Tempo Rei" SP: Gilberto Gil abre vendas de ingressos para quinta data

Gilberto Gil inicia vendas de ingressos para a quinta data da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo. Realizado pela 30e em parceria com a Gege Produções Artísticas e com apresentação do Banco do Brasil, o show extra na capital paulista acontece no dia 18 de outubro


Duzentas mil pessoas vibraram na capital paulista com "Tempo Rei", última turnê de Gilberto Gil. Com quatro datas esgotadas no Allianz Parque, o cantor e compositor baiano anuncia  uma nova data da turnê em São Paulo, marcada para o dia 18 de outubro. Os ingressos já estão à venda no site da Eventim (acesse aqui).

"Tempo Rei" é uma realização da 30e, maior companhia brasileira de entretenimento ao vivo, em parceria com a Gege Produções Artísticas. A tour vai passar por 10 capitais brasileiras e é apresentada pelo Banco do Brasil, tem Correios como patrocinador master, Rolex o Relógio Oficial, Estrella Galicia cerveja oficial, conta com apoio do WhatsApp, Smiles e GAC, e tem os cartões Banco do Brasil Ourocard Visa como meio de pagamento oficial.

Quando Gilberto Gil compôs "Tempo Rei", em 1984, ele propunha uma resposta à canção "Oração ao Tempo", de Caetano Veloso. Enquanto a música do seu conterrâneo (e contemporâneo) surge com uma ideia de que o tempo e aquele que o inventou desaparecerão, a letra de Gil traz um vago desejo de permanência e transformação. Não à toa, Gilberto Gil escolheu "Tempo Rei" para dar nome à sua última turnê. 

Gilberto Gil vem amadurecendo a ideia de não realizar mais turnês há algum tempo (!). É uma reflexão que ele enxerga como natural e a decisão visa diminuir a intensidade de sua agenda. Há também uma mudança de perspectiva: agora menos centrada no plano material e mais próxima à espiritualidade. A turnê "Tempo Rei" será a experiência de celebrar a ampla obra musical do cantor e compositor baiano, trilha sonora que está enraizada na cultura do país, além de estar presente no DNA de todo brasileiro.

O princípio de Gilberto Gil na música foi com o acordeão (inspirado por Luiz Gonzaga), nos anos 1950. E sua sonoridade foi se moldando no passo em que outras referências chegaram ao seu alcance. De João Gilberto e da bossa nova a  Dorival Caymmi; até que ele se conectasse com o violão – instrumento que abriga as harmonias particulares de sua obra até hoje. Com o passar das décadas, ficou evidente uma unidade muito preciosa no catálogo fonográfico de Gil, com canções que sempre retrataram o país, e uma musicalidade moldada por formas rítmicas e melódicas muito pessoais.

O desafio da última turnê "Tempo Rei" será, justamente, o de condensar esse tesouro nacional e levá-lo para o palco, enaltecendo o cancioneiro e os vários Gilbertos que conhecemos: o cantor e compositor; o tropicalista que foi preso pela ditadura militar e se exilou em Londres; o Ministro da Cultura; o imortal da Academia Brasileira de Letras; o Doutor Honoris Causa pela Berklee College of Music, em Boston (EUA);  o que detém o título de "doutor honoris causa" da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj); e o patriarca de uma família musical.

"Foram vários os elementos que ponderei para chegar na decisão da realização de uma última turnê. Houve reflexão sobre este mercado e também sobre a exigência física necessária para esses grandes shows. Quero continuar fazendo música em outro ritmo, mas, antes, teremos essa celebração bonita junto do público e da família. Transformai as velhas formas do viver", afirma Gilberto Gil. 

"É natural que a gente fale de ‘tempo’ de várias perspectivas e fico pensando em todas as viagens e turnês que fizemos. São 43 anos de estrada, nas quais viajamos o país e o mundo com a música de Gil. Nos últimos anos, traduzimos a carreira dele em audiovisual, em plataformas multidisciplinares e, agora, levamos essa história completa para o palco para uma última turnê de grandes proporções", adiciona Flora Gil, diretora da Gege Produções Artísticas.

"É uma honra poder estar ao lado de Gilberto Gil, da Gege Produções Artísticas e de um time de profissionais que está empenhado em entregar uma turnê à altura do que este momento pede. A obra de Gilberto Gil é fundamental para a cultura do nosso país e para a identidade do brasileiro e a turnê "Tempo Rei" será uma grande reverência à trajetória dele", afirma Pepeu Correa, CEO da 30e.

"Apresentar a turnê de um dos maiores nomes da música brasileira é uma verdadeira honra. Gil é potência e símbolo cultural que se conecta com o BB para falar da força do tempo. Há mais de 30 anos, apoiamos e incentivamos a cultura e a diversidade brasileiras, que transformam vidas. Seguimos juntando e misturando a música com as oportunidades negociais, valorizando a riqueza artística do nosso país e os benefícios exclusivos para clientes", comenta Paula Sayão, diretora de marketing e comunicação do Banco do Brasil.

“Pelo conjunto da obra e por seu trabalho como ministro da Cultura, Gilberto Gil foi o primeiro nome escolhido pelos Correios para ilustrar a série de selos “Personalidades”. Como agentes do governo federal engajados no incentivo à cultura, temos orgulho de patrocinar essa turnê histórica”, afirmou o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos.

Com direção artística de Rafael Dragaud, direção musical de Bem Gil e José Gil e acompanhado por uma mega banda composta por Bem Gil (guitarra/baixo), José Gil (bateria), João Gil (guitarra/baixo), Nara Gil (voz), Mariá Pinkusfeld (voz), Diogo Gomes (sopro), Thiago Oliveira (sopro), Marlon Sete (sopro), Danilo Andrade (teclado), Leonardo Reis (percussão), Gustavo Di Dalva (percussão), Mestrinho (sanfona) e ainda um quarteto de cordas, Gilberto Gil fará uma apresentação que celebrará de forma imersiva e sensorial a entidade mais intrigante da experiência humana: o TEMPO. Lembrando que, para Gil, o tempo é simplesmente o AGORA. E esse é o convite e a proposta do artista: embaralhar as cartas de sua própria história e viver junto com seu público um espetáculo que o Brasil e o mundo irão guardar para sempre na memória.



Datas e locais

15 de março de 2025 - Salvador - Casa de Apostas Arena Fonte Nova (ESGOTADO)

29 de março de 2025 - Rio de Janeiro - Farmasi Arena (ESGOTADO)

30 de março de 2025 - Rio de Janeiro - Farmasi Arena (ESGOTADO)

05 de abril de 2025 -  Rio de Janeiro - Farmasi Arena (ESGOTADO)

06 de abril de 2025 -  Rio de Janeiro - Farmasi Arena (ESGOTADO)

11 de abril de 2025 - São Paulo - Allianz Parque (ESGOTADO)

12 de abril de 2025 - São Paulo - Allianz Parque (ESGOTADO)

25 de abril de 2025 - São Paulo - Allianz Parque (ESGOTADO)

26 de abril de 2025 - São Paulo - Allianz Parque (ESGOTADO)

31 de maio de 2025 - Rio de Janeiro - Marina da Glória (ESGOTADO)

01 de junho de 2025 - Rio de Janeiro - Marina da Glória (ESGOTADO)

07 de junho de 2025 - Brasília - Arena BRB Mané Garrincha

14 de junho de 2025 - Belo Horizonte - Arena MRV

05 de julho de 2025 - Curitiba - Ligga Arena

09 de agosto de 2025 - Belém - Estádio Mangueirão

06 de setembro de 2025 - Porto Alegre - Beira Rio

18 de outubro de 2025 - São Paulo - Allianz Parque (DATA EXTRA)

25 de outubro de 2025 -  Rio de Janeiro - Farmasi Arena (DATA EXTRA)

15 de novembro de 2025 - Fortaleza - Centro de Formação Olímpica (CFO)

22 de novembro de 2025 - Recife - Classic Hall (ESGOTADO)

23 de novembro de 2025 - Recife - Classic Hall (DATA EXTRA)


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sexta-feira, 9 de maio de 2025

.: Entrevista: Sonya Ferreira canta a saudade da boa música


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico.

Uma das vozes do mítico grupo vocal Quarteto em Cy por mais de 50 anos, Sonya Ferreira sempre se destacou pela sua voz afinada e suave. E agora ela se mostra por inteiro como solista em um álbum intitulado Da Saudade Boa, que já foi disponibilizado nas plataformas de streaming. Um repertório que mescla canções inéditas com releituras de canções que fizeram parte de sua formação musical em várias épocas. Em entrevista para o portal Resenhando.com, ela conta como se deu o processo de produção, que contou com arranjos do experiente Luiz Claudio Ramos e sua relação com a obra de George Gershwin, um dos maiores nomes da música internacional. “Passei um ano estudando a vida de Gershwin nos Estados Unidos”.


Resenhando.com - "Da Saudade Boa" é um álbum que passeia pelas suas memórias afetivas. Como foi o processo de escolher quais músicas fariam parte desse retrato tão pessoal da sua história?
Sonya Ferreira - Dá Saudade Boa é um álbum que fala da minha memória afetiva com relação a todos os amigos, a todas as pessoas, sendo músicos, cantores que participaram desde o meu começo como cantora profissional. A ideia surgiu quando começou a pandemia. O maestro Luiz Cláudio Ramos, que foi sempre nosso arranjador no Quarteto em Cy, falou assim, “Soninha, você não pode parar não, você topa fazer um disco?”. Na hora topei, porque eu tinha um tempo, eu aceitei na hora, fiquei muito feliz com o convite dele. Então fui pedindo músicas a vários compositores, amigos e parceiros, uma das primeiras canções que chegou em minha mão, foi uma composição inédita do Miltinho, do MPB4, com o Magro. Aí eu pedi ao Sá, o “Samba da Aurora”, e foram surgindo as músicas.


Resenhando.com - João Donato deixou sua marca em “Gaiolas Abertas”, pouco antes de partir. Como foi trabalhar com ele e o que essa gravação representa na sua trajetória?
Sonya Ferreira -
João Donato eu já apreciava demais. Desde 1965, quando convivíamos em Los Angeles. Ele estava sempre com a gente e com todos os músicos. Foi maravilhoso gravar com o Donato, “Gaiolas Abertas”, porque os arranjos desse meu álbum, quem fez foi o Luiz Cláudio.  Mas aconteceu algo mágico nessa faixa. O João Donato chegou no estúdio, se sentou no teclado e já começou a tocar.  Então, dentro do estúdio, eu já comecei a cantar com ele, acompanhados pelos músicos. Mas, Donato, na hora, criou um arranjo com a marca dele e gostamos do arranjo feito por João Donato para “Gaiolas Abertas”, parceria dele com o Martinho da Vila.


Resenhando.com - Entre tantas regravações e homenagens, há também músicas inéditas. Como você equilibrou o novo com o nostálgico para manter a alma do disco?
Sonya Ferreira - 
Foi uma coincidência. Por exemplo, “Ao Amigo Tom”, que é uma música dos irmãos Vale (Marcos e Paulo Sérgio), eu sempre amei desde a minha adolescência, quando eu a ouvia com a Claudette Soares, que é uma cantora que eu amo e sempre fui fã. Eu amava o arranjo da gravação da Claudete. Quando fui gravar, optei por um arranjo baseado no da Claudette, que é do Osmar Milito. Então, ficou bem assim, no estilo daquele arranjo que a Claudete gravou nos anos 60.´ É todo baseado no arranjo mais antigo, com o toque moderno do vocal. E tem o contraste com as músicas inéditas, como a do Ivan Lins com o Gilson Peranzzetta e Nelson Wellington na faixa  “Doce Rotina”, que é muito bonita.


Resenhando.com - O título do álbum vem de uma canção de Miltinho e Magro Waghabi. Como essa amizade com eles influenciou não só esse disco, mas a sua carreira como um todo?
Sonya Ferreira - 
Quando eu pedi a música ao Miltinho, eu vi essa música com o título “Dá Saudade Boa”, que completou tudo, fechou toda a ideia. Foi o que influenciou a minha escolha, nos compositores, nas pessoas, nos cantores que iam cantar comigo e das participações nas composições de cada um deles.


Resenhando.com - Você homenageia ídolos internacionais como Michel Legrand e Gershwin. Como essas influências estrangeiras dialogam com a sua formação musical?
Sonya Ferreira - 
Esses dois compositores sempre me influenciaram. Michel Legrand, eu estive com ele na primeira vez quando ele veio ao Brasil. Eu já era fã, tinha discos, tinha vários álbuns. E era muito amiga do Pedro Paulo Castro Neves, o Pepe, irmão do Oscar Castro Neves, que foi nosso arranjador durante anos. Fomos assistir ao show do Legrand no Canecão. Era a primeira vez, e aí o convidamos. Pepe já conhecia Michel Legrand e aí eu os convidei para um almoço em casa na época em que morava no Leblon. Eles foram na minha casa almoçar. Eu tinha meus álbuns com as partituras de Michel Legrand. Ele assinou todos com dedicatória. E George Gershwin, sempre foi a minha paixão como pianista e compositor. Eu estive, inclusive, no centenário de George Gershwin, em 98, quando fui aos Estados Unidos. Passei um ano estudando sobre George Gershwin, sobre a vida dele. Estive em Nova York e fui à biblioteca do Congresso, em Washington, onde eu estive com o diretor do setor de música. Fiz uma grande pesquisa, trouxe vários álbuns de partituras, CDs, livros...  Gershwin está aqui na minha casa, nas paredes, nos quadros, no piano. Tenho uma grande paixão, por esses dois, Michel Legrand e George Gershwin. Gravei a valsa de Michel Legrand com a versão do Ronaldo Bastos. E gravei do George Gershwin com Ira Gershwin, a faixa  “Someone To Watch Over Me”.


Resenhando.com - Estar cercada por nomes como Luiz Claudio Ramos, Cristóvão Bastos, Jorge Helder... Como foi reunir esse time de músicos no estúdio e como isso contribuiu para a sonoridade do álbum?
Sonya Ferreira - 
Graças à Deus sempre estou cercada por esses músicos fantásticos, sendo violonista, pianista, baixista... músicos de uma categoria fantástica que sempre fizeram parte das nossas apresentações, seja tocando ao vivo ou gravando com o Quarteto em Cy. Cristóvão Bastos, um pianista, que já tinha tocado várias vezes com o Quarteto em Cy, Jorge Helder, um baixista de uma categoria fantástica, Luiz Cláudio um grande produtor. Fiquei muito feliz em tê-los nesse meu álbum.

"Você Vai Ver"

"Da Saudade Boa"

"Someone To Watch Over Me"

.: Warner Music Brasil investe em IA para reviver voz de Cleber Augusto


Projeto inédito no país revoluciona o mercado da música trazendo de volta uma lenda do samba, num álbum repleto de colaborações especiais

Em um projeto inovador que redefine os limites da tecnologia e da arte, a Warner Music Brasil faz uso do potencial da inteligência artificial (IA) para escrever um novo capítulo na história da música brasileira. A gravadora embarcou em uma jornada fascinante para dar vida à voz de uma ilustre lenda do samba, num case que experimenta como o uso adequado da IA pode ser relevante para a cultura. A tecnologia, muitas vezes vista com desconfiança, revela seu lado humano ao permitir a recriação da voz de um artista, possibilitando que ele celebre seu legado e compartilhe sua arte com as novas gerações.

 E assim surge o projeto “Minhas Andanças”, de Cleber Augusto, um dos nomes mais respeitados do samba, conhecido por sua composição, habilidades no violão e por ser ex-integrante do grupo Fundo de Quintal. Com 74 anos, e vivendo há 21 com afonia total após sofrer com um câncer na garganta que levou embora seu instrumento de trabalho, ele se prepara agora para lançar um novo álbum com a ajuda da tecnologia.

"A tecnologia, quando usada com respeito e propósito, pode ser uma grande aliada da arte. Esse projeto não substitui a genialidade de Cleber, mas permite que sua voz e sua história continuem vivas. É uma forma de celebrar seu legado e mostrar ao mundo a importância de sua obra”, afirma Tony Vieira, A&R Manager da Warner Music Brasil.

O processo de recriação dos vocais de Cleber contou com o trabalho de muitos artistas, com destaque especial para o Alexandre Marmita, cantor, compositor e cavaquinista, integrante do famoso Samba do Trabalhador, roda de samba que acontece toda segunda-feira no clube Renascença, no Rio de Janeiro. Por ter o mesmo timbre que Cleber Augusto, e ser grande fã de seu trabalho, o artista foi selecionado para interpretar as canções que alimentaram o software de IA, servindo como ferramenta essencial para guiar a tecnologia no processo de criação das canções.

 "Foi uma honra imensa participar desse projeto e dar minha voz para ajudar a tecnologia a trazer de volta o canto de um mestre como o Cleber. Ele é uma referência para mim e para muitos sambistas. Saber que meu timbre serviu como base para essa recriação é algo que me emociona profundamente”, conta Marmita.

A produção do projeto ficou a cargo de Alessandro Cardozo e Tony Vieira, que, sem se limitar apenas aos hits, selecionaram um repertório que atravessa a carreira de Cleber, reunindo artistas de várias gerações para imprimir frescor e autenticidade às composições. O resultado deste lindo trabalho poderá ser comprovado no álbum “Minhas Andanças”, previsto para ser lançado no dia 30 de abril deste ano, repleto de feats de peso com grandes nomes do mundo do samba, como Zeca Pagodinho, Péricles, Seu Jorge, Ferrugem, Diogo Nogueira, Xande de Pilares, Mumuzinho, Tiê, Roberta Sá, Pretinho da Serrinha, Sorriso Maroto, Marvvila, Menos é Mais, e Yan. Além disso, uma edição deluxe do álbum chega às plataformas digitais no dia 21 de maio, com mais quatro faixas inéditas.

Todos os artistas convidados não só se emocionaram com o projeto, como fizeram questão de declarar a admiração que nutrem por Cleber Augusto, que acompanhou de perto todas as fases do trabalho desenvolvido pela Warner. O projeto conta com 14 faixas, sendo 13 regravações de clássicos do sambista, e uma canção inédita - “Imã” - , que vem a ser a grande surpresa do álbum. Composta há mais de 20 anos, a canção foi resgatada de um tape antigo do artista e será lançada com a participação de Péricles.

 “A voz é a alma da música, e a IA me permitiu manter a essência da minha interpretação, mesmo com a tecnologia. O resultado final é surpreendente. A emoção e a mensagem das músicas continuam intactas, e isso é o que realmente importa. Agradeço a Warner e a todos os envolvidos que tornaram este projeto possível”, declara Cleber Augusto.


Tracklist completa - Projeto “Minhas Andanças”:

"Ímã" - Feat. com Péricles

"Falso Herói" - Feat. com Ferrugem

"Deixa Estar" - Feat. com Mumuzinho

"Fera no Cio" - Feat. com Sorriso Maroto

"Timidez" - Feat. com Diogo Nogueira

"Minhas Andanças" - Feat. com Seu Jorge

"Romance dos Astros" - Feat. com Roberta Sá

"Quantas Canções" - Feat. com Pretinho da Serrinha

"Livre pra Sonhar" - Feat. com Marvvila

"Lucidez" - Feat.com Menos é Mais

"A Amizade" - Feat. com Yan

"Nem Lá Nem Cá" - Feat. com Zeca Pagodinho

"Amor Não É por Aí" - Xande Pilares

"Antigas Paixões que Pena" - Feat. com Tiee

sábado, 3 de maio de 2025

.: Entrevista com Paulinho Guitarra: seis décadas em seis cordas


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

Na atividade como músico desde 1967, Paulinho Guitarra mantém um currículo invejável. Fundador (e padrinho) da célebre Banda Vitória Régia, que acompanhou Tim Maia, ele também fez trabalhos memoráveis com vários outros nomes, como Marina Lima, Ed Motta, Marcos Valle, Cassiano, Sandra de Sá, Cazuza e Paula Lima, só para citar alguns exemplos

E o veterano músico nem cogita uma aposentadoria. Seu elogiado trabalho instrumental segue em plena atividade. O seu último disco, o Baile na Suméria, mescla uma sonoridade soul com o jazz de forma singular. E ele desenvolve atualmente um projeto de show ao vivo com foco na sonoridade soul dos anos 70, além de participar do projeto em tributo ao músico Raul de Souza. Em entrevista para o portal Resenhando.com, Paulinho conta alguns detalhes dessa sua trajetória na música, incluindo seus projetos atuais.

 

Resenhando.com - Quais foram suas principais influências musicais?
Paulinho Guitarra - Minhas influências vieram dos anos 60, com nomes como Eric Clapton (da fase das bandas Cream e Blind Faith), Jimi Hendrix, Leslie West (da banda Mountain), além de George Harrison dos Beatles. Posso citar ainda B.B. King e Freddie King, na área do blues. Já na área do jazz citaria nomes como John McLaughlin, Pat Metheny, Miles Davis e John Coltrane. Acrescentaria ainda as bandas de soul, como a Mar-Keys, que acompanhava os astros da gravadora Stax. É um universo bem amplo.


Resenhando.com
 - Como foi tocar na banda Vitoria Regia, que acompanhava o Tim Maia?
Paulinho Guitarra - Foi um aprendizado e tanto. Eu participei das gravações dos discos da fase inicial do Tim, de 1971 até 1977. E um fato curioso é que eu acabei sendo o padrinho da banda. Naquela época, a banda ainda não tinha nome. Nós ensaiávamos em uma casa que ficava na rua Vitória Régia, no Rio de Janeiro. Um dia sugeri pro Tim nomear o grupo como a Banda da Rua Vitória Régia. Ele adorou a ideia. Mais tarde, para encurtar o nome, ele tirou a rua e passou a se chamar somente Banda Vitoria Régia. E ficou assim desde então. Foi uma escola para um músico como eu, tocar ao vivo e gravar em estúdio. Aprendi muita coisa.


Resenhando.com
 - Mais tarde você tocou com o Cassiano. Por que essa parceria não foi para frente?
Paulinho Guitarra - Foi depois que saí da banda do Tim Maia. O Cassiano me chamou para participar de um disco dele. Fizemos vários ensaios mas o disco nunca chegou a ser lançado. Depois fui tocar com o Sidney Magal, que fêz um sucesso grande naquele período, além de tocar com Carlos Dafé, entre outros.


Resenhando.com
 - Nos anos 80 você integrou a banda da Marina Lima com um time de feras da música (Renato Rocketh, Jorjão Barreto, etc). Fale sobre essa experiência.
Paulinho Guitarra - Depois de tocar com vários nomes, veio o convite para participar do grupo que acompanharia a Marina Lima. Acabei ficando oito anos com ela. Era época dos discos "Fullgas", "Todas" e "Virgem". Foi um período muito produtivo. A banda dela teve várias formações até chegar na época do disco 'Todas" , que tinha o Rocketh no baixo, o Sérgio Della Monica na bateria, Jorjão Barreto nos teclados e Miguel Ramos no sax. Foi uma experiência bem marcante. Fizemos muitas coisas legais.


Resenhando.com
 - Conte como aconteceu o solo de guitarra da gravação de "Nada por Mim", com a Marina.
Paulinho Guitarra - Eu tinha também uma banda com o Claudio Zoli nesse período. E quando surgiu a gravação para fazer, eu estava ainda esperando chegar uma guitarra nova, que eu havia comprado. Por isso, pedi emprestado a guitarra Fender Stratocaster do Zoli para gravar. O solo aconteceu praticamente ao vivo no estúdio. Sem parar de fazer a base, eu fiz o solo que saiu em um estilo meio blues e acabou ajudando a canção a fazer o sucesso que foi na época. Também marcou muito o solo da canção "Uma Noite e Meia", do Renato Rocketh, que virou um hit da Marina nos shows da época do álbum Virgem.


Resenhando.com
 - Na sequência você tocou na banda do Ed Motta. Como foi tocar com ele?
Paulinho Guitarra - Um pouco antes toquei com o Claudio Zoli. E realmente depois toquei com o Ed Motta. Foram quase 22 anos tocando com ele, que é um cantor incrível. Um dos melhores, sem dúvida. E toquei ainda com Marcos Valle, que foi uma outra experiência incrível.


Resenhando.com
 - Fale sobre seu projeto autoral instrumental.
Paulinho Guitarra - Tenho um selo musical, o Very Cool Music, pelo qual lancei quatro discos: Very Very Cool Band, Trans Space, Romantic Lovers e Baile na Suméria. E tenho mais um, o primeiro que foi pela Niteroi Discos, que leva o meu nome no título. Dos projetos atuais, tem o Superfly, um show com foco na sonoridade soul dos anos 70. E também faço parte do projeto Tributo ao Raul de Souza,        que foi um dos maiores músicos do País. Continuo compondo e produzindo coisas novas nessa linha instrumental.


"120 Shars Beat"

"Shem Shem"

"Ianna Fun"

sexta-feira, 25 de abril de 2025

.: "Presente & Cotidiano": Cristina Guimarães presta tributo a Luiz Melodia

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.


Depois de um EP e quatros singles lançados, a cantora paulistana Cristina Guimarães decidiu cantar a obra de Luiz Melodia (1951-2017) no seu novo álbum "Presente & Cotidiano", que vai além de uma homenagem ao cantor e compositor carioca. Cristina procurou traduzir as emoções que a música de Melodia sempre despertou, e ainda desperta, contando com os  arranjos assinados por André Bedurê, que também foi o produtor musical da obra. 

Já disponível nas plataformas de música, "Presente & Cotidiano" tem participação especial de Cida Moreira e Zeca Baleiro. Não se trata de um trabalho óbvio, não é uma compilação dos clássicos da carreira de Luiz Melodia, conhecidos pelo grande público. À exceção de “Magrelinha” e “Estácio, Eu e Você”, o repertório traz preciosidades como “Retrato do Artista Quando Coisa”, “Começar pelo Recomeço”, “Giros de Sonho”, “Dias de Esperança” e “Feras que Virão”, além das não tão populares “Um Toque”, “O Sangue Não Nega” e a faixa que dá nome ao álbum “Presente Cotidiano”. 

Os músicos que tocam em "Presente & Cotidiano" também formam o trio que acompanham a artista nos shows - André Bedurê (baixo, violão de nylon e vocal), Rovilson Pascoal (guitarra, cavaquinho e violão de aço e nylon) e Gustavo Souza (bateria e percussão), além do violoncelista convidado Jonas Moncaio.

Cida Moreira é convidada especial de "Presente & Cotidiano". Sua participação acontece na faixa “Feras que Virão”. O cantor e compositor Zeca Baleiro é convidado de Cristina na faixa “Giros de Sonho”. Os dois duetos funcionaram de forma perfeita no álbum, que mostra uma intérprete segura e com uma proposta de trabalho muito interessante. Se você curte a obra de Luiz Melodia, vale a pena conferir esse trabalho.  

Magrelinha


Presente Cotidiano


O Sangue não Nega



domingo, 20 de abril de 2025

.: “Piano”, o novo álbum de Zeca Baleiro, acompanhado por Adriano Magoo


Acompanhado do pianista Adriano Magoo, artista coloca em destaque sua faceta de intérprete, em repertório que reúne inéditas parcerias entre releituras de músicas próprias e de nomes como Cake, Charlie Brown Jr., Geraldo Azevedo, Letrux, Mercedes Sosa e Sérgio Sampaio


Músico e escritor, Zeca Baleiro libera nos aplicativos de música o álbum “Piano", que lança acompanhado por Adriano Magoo. “Há pouco mais de dez anos fiz uma pequena turnê com o Magoo. Uma temporada de 12 shows em que passamos por 9 cidades. Era um show que juntava músicas autorais e de outros artistas que fazem parte do meu repertório afetivo. Ano passado ouvi uma gravação do show e, quando encontrei Magoo para alguns trabalhos, falei ‘vamos reeditar aquele show e fazer um disco?’. Ficamos animados com a ideia, o parceiro Sergio Fouad quis produzir e então começamos a gravar no Estúdio Midas. Gravamos em 4 dias de novembro, praticamente ao vivo”, relembra Baleiro.

Com produção de Fouad, o álbum é uma parceria do selo de Baleiro, Saravá Discos, com o Midas Music, que é o selo de Rick Bonadio. “Rick adorou o projeto, que é basicamente um disco de piano e voz, gravado ao vivo, com poucas intervenções e apenas uns vocais e synths discretos de overdubs. Toco violão em uma música só, a tônica é piano e voz mesmo”, conta Baleiro, que já retomou o show “Piano” e está em turnê nacional.

O repertório do show embrionário foi renovado mas algumas canções foram mantidas, caso de “Não Adianta” (Sérgio Sampaio), “Espinha de Bacalhau” (Severino Araújo e Fausto Nilo), “Me Deixa em Paz” (Monsueto e Airton Amorim), “Dia Branco” (Geraldo Azevedo e Renato Rocha) e “Canção no Rádio”, composta com Fagner e lançada inicialmente em dueto dos dois em 2009, que faz parte do duplo single que anunciou o álbum em fevereiro.

O álbum também inclui a releitura de “Zás”, parceria com Wado, e duas inéditas autorais: “Tem Algo Lá”, com o pernambucano Juliano Holanda, e “Tarde de Chuva”, com Eliakin Rufino, poeta e músico de Roraima. 

Artista plural, Zeca Baleiro sempre colaborou com artistas de diversas tribos e gerações. E “Piano” destaca essa vocação, assim como sua faceta de intérprete. Entre as releituras de seu repertório afetivo estão um clássico de Mercedes Sosa (“Alfonsina y el mar”), um hit da banda Cake dos anos noventa (“Frank Sinatra”), “Ninguém perguntou por você”, sucesso da cantora Letrux e “Céu azul", canção da banda Charlie Brown Jr. já apresentada no duplo single. “Céu azul" também ganhou um single em versão afro house, uma dobradinha de Baleiro com Rick Bonadio. Ouça o álbum neste link.


​"Piano" | Zeca Baleiro

1. "Céu Azul" - Charlie Brown Jr.

2. "Não Adianta" - Sérgio Sampaio

3. "Espinha de Bacalhau" - Severino Araújo / Fausto Nilo

4. "Zás" - ZB / Wado

5. "Tem Algo Lá" - ZB / Juliano Holanda

6. "Me Deixa em Paz" - Monsueto / Airton Amorim

7. "Alfonsina y El Mar" - Ariel Ramírez / Félix César Luna

8. "Ninguém Perguntou por Você" - Letrux

9. "Canção no Rádio" - Fagner / ZB

10. "Frank Sinatra" - John McCrea - releitura da banda Cake

11. "Dia Branco" - Geraldo Azevedo / Renato Rocha

12. "Tarde de Chuva" - ZB / Eliakin Rufino


Ficha técnica de "Piano"
Zeca Baleiro – voz, violão e kazoo
Adriano Magoo – piano, synths e acordeon
Arranjos: Adriano Magoo, Sérgio Fouad e Zeca Baleiro
Gravado em Midas Estúdio, por Sérgio Fouad
Assistentes de gravação: Gabriel Galindo/Bernardo Tavares/Rafael Bissacot
Mixado por Sérgio Fouad
Masterizado por Rick Bonadio
Produzido por Sérgio Fouad
Projeto gráfico: Andrea Pedro
Lançamento Saravá Discos / Midas Music


.: Músicas icônicas de Rita Lee são revisitadas no álbum “Revisita Rita”


Sob o comando de Moogie Canazio, clássicos da rainha roqueira foram regravados por IZA, Criolo, Duda Beat, Carol Biazin e Roberto Frejat em “Revisita Rita”, que chega aos players

Eterna, Rita Lee tem um legado musical gigante e enorme impacto na música. E foi pensando nisso que o produtor musical Moogie Canazio - amigo de Rita e Roberto de Carvalho e que fez parte da produção de alguns álbuns da discografia do casal - decidiu fazer sua releitura de canções de Rita. “Essa ideia já existe há muito tempo, a Rita ainda estava com a gente quando eu criei esse projeto”, conta Moogie sobre “Revisita Rita”. “Conheci os dois em 1985 e tenho um carinho e uma admiração enormes por eles”.

A partir da ideia, ele começou a difícil tarefa de selecionar as músicas. Como são muitas, Moogie partiu para uma primeira lista: escolheu 20 entre dezenas de clássicos. Então, começou a pensar nos intérpretes. “Eu imaginava quem seriam essas pessoas que poderiam interpretar aquelas canções de forma que a Rita ficasse satisfeita de ouvir. Desde o início, minha vontade foi fazer algo que a Rita e o Roberto curtissem”. Da lista de 20 canções, Moogie escolheu algumas, dentre elas: “Ovelha Negra” (Rita Lee), que ficou com IZA; “Flagra” (Rita Lee e Roberto de Carvalho), com Criolo; “Chega Mais” (Rita Lee e Roberto de Carvalho), com Duda Beat e Carol Biazin, e “Mamãe Natureza” (Rita Lee), com Roberto Frejat.

“Eu recebo essa influência dela energicamente. E Roberto foi um queridaço: me deu total liberdade para escolher as músicas e, sobretudo, para escolher os artistas”, diz Moogie. “Por mais que o Roberto não esteja envolvido diretamente no projeto, ele me deu muita força. Primeiro por minha admiração por ele como pessoa, meu grande amigo. Segundo, como artista, produtor e compositor que é. É muito difícil você pegar algo que foi feito pelo Roberto e refazer”. Pensando nisso, Moogie partiu para um plano. “O meu ‘refazer’ é no sentido de trazer de volta, pois é necessário levar em conta como Rita e Roberto pensaram e produziram aquelas canções originalmente. A músicas deles assume uma forma tão contundente: o arranjo, as ideias, os rifes...  Então, por mais que estejamos revisitando esses clássicos, as pessoas vão reconhecê-los”.

Moogie destaca o apoio da Universal Music no processo. “O catálogo da Rita está praticamente todo na companhia, portanto, é o melhor lugar para esse projeto”. “Revisita Rita” chega aos players no dia 18 de abril. “Eu me sinto privilegiado por fazer essa homenagem para uma pessoa tão especial”, finaliza.

“Rita Lee é uma força da música brasileira que transcende gerações. Reunir esses artistas tão talentosos para revisitar algumas das músicas do seu vasto repertório é a nossa forma de celebrar sua genialidade e manter vivo seu imenso legado. Com novas vozes e novas leituras, mas com o mesmo espírito livre e irreverente que sempre marcou a obra da cantora, este EP é uma homenagem e também um convite: redescobrir Rita Lee sob novas luzes”, diz Paulo Lima, presidente da Universal Music Brasil.

sexta-feira, 18 de abril de 2025

.: Entrevista: Marya Bravo diante de um novo despertar musical


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Fotos: Dip Ferrera

Filha do compositor Zé Rodrix e da cantora Lizzie Bravo, a atriz e cantora Marya Bravo decidiu dar um novo rumo para a carreira. De malas quase prontas para o Rio de Janeiro, ela encontrou parceiros musicais que ajudaram a moldar um trabalho musical autoral, diferente de seus trabalhos anteriores. Ela investiu fundo na forma de compor e produzir, apostando na mescla do som orgânico com elementos eletrônicos.

Para quem não sabe, Marya é filha da única brasileira a gravar com os Beatles em estúdio. Lizzie era apenas uma adolescente que ficava na frente do estúdio Abbey Road esperando uma chance para apenas ver seus ídolos de perto. Acabou sendo chamada para gravar vocais de "Across The Universe", juntamente com Paul McCartney e John Lennon em fevereiro de 1968. Ela faleceu em 2021.

Zé Rodrix teve uma trajetória musical de sucesso como artista solo e como integrante do trio Sá, Rodrix e Guarabira nos anos 70, além de integrar bandas icônicas como o Som Imaginário. Ele faleceu em 2009. Com pais tão ligados à música, o caminho natural de Marya acabou sendo esse mesmo. “As lembranças da infância já traziam a música. Minha mãe falava que eu cantava já deitada no berço”, explica Marya, que soma em sua carreira mais de 20 musicais estrelados no Brasil e no exterior, como "Beatles num Céu de Diamantes" e "Clube da Esquina – Sonhos Não Envelhecem", que lhe renderam duas indicações à Melhor Atriz nos prêmios Cesgranrio e APTR (Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro).

O primeiro single dessa sua nova fase, “Eterno Talvez”, contou com produção musical de Nobru (bandas  Cabeça, Planet Hemp) e Dony Von (Matanza, Os Vulcânicos) e distribuição do selo Ditto Music. O trio é fortemente conectado a gêneros como rock, jazz, trip hop, hip hop, música brasileira e eletrônica. Em entrevista para o Resenhando. Marya conta como se deu essa nova produção musical e suas expectativas quanto ao futuro. “Meu maior desejo é que essas músicas mexam com as pessoas, que as leve para ambientes diversos de reflexões sobre sentimentos profundos”.


Resenhando - Como foi o seu início na música?
Marya Bravo – Eu acho que vem desde quando era criança. Porque me lembro bem quando acompanhava a minha mãe quando ela gravava jingles ou participava de alguma gravação. Eu gostava de ir junto com ela. A música estava sempre por perto.


Resenhando - Sua formação como atriz ajudou na carreira musical?
Marya Bravo - Para mim foi importante demais. Ajudou a dar uma espécie de conceito ao trabalho desenvolvido na música.


Resenhando - Seus primeiros trabalhos foram como intérprete. E agora você investe o autoral. O que mudou em relação ao início?
Marya Bravo - Esse trabalho atual é fruto de um amadurecimento em termos de composição. Gosto muito de Portishead, Massive Attack, Bjork… e, juntos, meus parceiros e eu também temos uma veia muito forte no hardcore e no punk-rock. Somos amigos de longa data e nos reencontramos na hora certa. Nossa experiência no estúdio criando este disco fluiu muito naturalmente.


Resenhando - Fale sobre o primeiro single, a canção Eterno Talvez.
Marya Bravo - "Eterno Talvez" foi a última música que gravamos. O Dony havia feito para sua banda com o Nobru, e não tinha letra. Sempre que ouvia essa melodia, ela me tocava profundamente. Um dia, em um hotel em São Paulo, a letra veio de primeira pra mim. Gravamos e acabou virando a favorita dos três. Ela fala de desejos inalcançados e a eterna busca por um coração preenchido. O disco deve contar com 11 faixas e ser disponibilizado nas plataformas em maio. Temos outras sete canções prontas para um futuro trabalho.


Resenhando - Você ainda mantém vontade de gravar como intérprete?
Marya Bravo - Sim. Inclusive tem uma surpresa muito legal: nós gravamos uma canção inédita do meu pai, Zé Rodrix. Era uma canção que estava ainda na nossa memória afetiva familiar, pois ele não chegou a gravá-la. Foi muito emocionante. O resultado ficou tão bom, que parecia até que ele tinha acabado de compor a canção para o disco


Resenhando - Vocês pretendem mostrar esse trabalho ao vivo?
Marya Bravo - Sim. Queremos mostrar esse trabalho em São Paulo e no Rio de Janeiro, e depois em todo o País, onde houver possibilidade. 

"Eterno Talvez"


sábado, 12 de abril de 2025

.: Crítica: "Sambabook Beth Carvalho", uma receita irresistível de samba


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

Uma seleção de sambas consagrados, interpretados por nomes conhecidos desse estilo. Com essa receita, certamente o resultado será acima da média. O "Sambabook" em tributo a Beth Carvalho, inclui, além de um álbum com versões primorosas de sambas, um caderno de partituras, com transcrição dos arranjos originais dos sambas; ambiente na web, com portal e redes sociais, além do livro "Uma Vida pelo Samba", escrito pelo jornalista e pesquisador Rodrigo Faour, que cataloga os álbuns de carreira e as participações de Beth em discos de outros artistas, compactos e projetos especiais, desde sua estreia, no final de 1965. 

O "Sambabook Beth Carvalho" reúne artistas de diferentes gerações e estilos, a começar por Zeca Pagodinho e Jorge Aragão, homenageados em edições anteriores. Compositores ligados à trajetória da cantora, como Sombrinha e Fundo de Quintal, se uniram a artistas consagrados e novos expoentes do samba e do pagode neste tributo, marcado pela saudade e pela emoção. O samba foi representado por Leci Brandão, Xande de Pilares, Teresa Cristina, Diogo Nogueira, Péricles, Arlindinho, Ferrugem, Mumuzinho, Marina Iris, Prettos, Mosquito e Lu Carvalho.

Como a diversidade já é tradição no Sambabook, artistas que transitam por outros estilos brilharam na seleção musical, como Fagner, Maria Rita, Seu Jorge, Paula Lima, Luciana Mello, Zelia Duncan, Luedji Luna e a jovem cantora baiana Agnes Nunes. Luana Carvalho, acompanhada pelos Golden Boys, reeditou “Andança”, clássico que sua mãe lançou com o trio, no ano de 1968. Já os músicos Gabriel Grossi, Hamilton de Holanda, Nicolas Krassik, Marcelinho Moreira e Rildo Hora criaram versões instrumentais especialmente para o projeto.

Ouvir as faixas desse álbum é um puro deleite. Nos faz lembrar com saudade da voz e presença marcante de Beth Carvalho, que como intérprete não só influenciou toda uma geração de músicos, mas também deixou um legado importante ao abrir as porás para outros talentos que se consolidaram com o passar dos anos.

"Andança" - Luana Carvalho e GoldenBoys

"1800 Colinas" - Xande de Pialres

"A Chuva Cai" - Zeca Pagodinho

quarta-feira, 9 de abril de 2025

.: Companhia das Letras vai publicar novo livro de memórias de Patti Smith

A Companhia das Letras vai lançar o novo e aguardado livro de memórias de Patti Smith no primeiro semestre de 2026. Foto: Steven Sebring

No primeiro semestre de 2026, a Companhia das Letras vai lançar “Bread of Angels” (ainda sem título em português), o tão aguardado livro de memórias de Patti Smith. A publicação mundial da obra é anunciada 15 anos após a publicação de "Só Garotos", clássico vencedor do National Book Award, e encerrando a turnê do 50º aniversário de "Horses", o primeiro álbum da artista. “Levei uma década para escrever este livro, lidando com a beleza e a tristeza de uma vida. Espero que as pessoas encontrem algo de que precisam”, diz Smith.

Em seu trabalho mais íntimo e visionário, Smith descreve sua infância pós-Segunda Guerra Mundial na periferia da Filadélfia e sul de Nova Jersey, sua adolescência quando os primeiros vislumbres de arte e romance se consolidam, sua ascensão como ícone do punk rock, até seu afastamento da vida pública, quando conhece seu único amor verdadeiro e começa uma família às margens do Lago Saint Clair, em Michigan. Quando Smith sofre perdas profundas, também retorna à escrita, a única constante em um caminho de vida impulsionado pela liberdade artística e pelo poder da imaginação. A Companhia das Letras vai lançar o livro nos formatos impresso e digital.


Sobre a autora
Patti Smith
nasceu em 1946 em Chicago, nos Estados Unidos. Patti ganhou reconhecimento nos anos 1970 por sua fusão revolucionária de poesia com rock, e seu disco "Horses", tido como precursor do punk, é considerado um dos álbuns mais influentes de todos os tempos. Além da carreira musical, publicou volumes de poesia como "Babel" (1978) e "Auguries of Innocence" (2005). Dela, a Companhia das Letras publicou "Só Garotos", "Linha M", "Devoção" e "O Ano do Macaco"

sábado, 5 de abril de 2025

.: Marcus Lima e Thais Motta prestam tributo a Chico Buarque


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

Com produção artística de João Carino e Marcos Gomes, e realização do Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB), chegou nas plataformas digitais o álbum "Tributo a Chico Buarque", registro ao vivo do show que reúne clássicos do compositor nas interpretações de Marcus Lima e Thais Motta (do selo Biscoito Fino). Um registro de rara beleza que merece ser apreciado por quem curte a nossa MPB. 

O espetáculo "Tributo a Chico Buarque", foi gravado durante a turnê do projeto em Portugal, onde circulou por 23 cidades em duas temporadas.  Com arranjos originais de Cristóvão Bastos e João Lyra, o show apresenta 22 clássicos de Chico Buarque

Marcus Lima é conhecido por suas participações em festivais de música, dos quais venceu alguns com seu trabalho autoral. O cantor, compositor e violonista tornou-se respeitado pela qualidade inovadora de seu repertório e por sua interpretação vocal. Ao longo de 25 anos de carreira, Marcus se apresentou em seis turnês pela Europa, lançou cinco CDs e compôs músicas que fizeram parte de trilhas sonoras para o cinema.

A cantora e compositora carioca Thaís Motta foi apelidada de Miss Ritmo pelo baterista Marcio Bahia, por conta de seu carisma e divisão rítmica criativa. Thaís transita por estilos diferentes: gravou com o grupo de rock progressivo holandês Focus, se apresentou no Biennale de la Danse de Lyon, no Festival Montreux meets Brienz, na Suíça, e no Java Jazz Festival, em Jakarta, na Indonésia, do qual participaram Ivan Lins e Jammie Cullum. 

Apontada como uma grande intérprete da obra de Chico Buarque, a artista promoveu uma turnê em Portugal com o espetáculo ‘Quem te viu, quem te vê’, sobre o compositor. Lançou o álbum “Minha Estação”, em 2008, e participou de várias gravações, incluindo com o saxofonista francês Baptiste Herbin. Nesse tributo, foram incluídas canções clássicas do repertório de Chico Buarque, como "Noite dos Mascarados", "Tanto Mar", "Partido Alto", "Anos Dourados", "O Que Será", "Apesar de Você" e "A Banda", passando por várias fases da carreira do compositor.

O Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB) é uma organização social sem fins lucrativos voltada para preservação e propagação da cultura musical do Brasil. Desde sua fundação, em 2006, preserva o passado e o presente da nossa música e tem como finalidade principal a promoção da assistência social.

"Tanto Mar"

"Noite dos Mascarados"

"Apesar de Você"

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