Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação
"My Kind Of Lady"
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Na live session filmada em plano sequência, o disco se revela sem cortes, como quem encara o risco de ser visto sem máscara. Nesse cenário, ZéVitor reconstrói, arqueólogo e inventor, as peças de um quebra-cabeça cultural que atravessa séculos e territórios. Entre colaborações que vão da voz do pai, o ator e músico Jackson Antunes, à artista galega Antía Muíño, o músico afirma um lugar raro: o de quem não se contenta com a repetição do que já foi ouvido. Nesta entrevista exclusiva ao portal Resenhando.com, ele fala sobre ritos de passagem, tradições que respiram, rebeldias estéticas e tormentas criativas que ainda pedem para virar música.
Beta mistura samba e jazz com uma vibração de bossa nova, oferecendo ao público não apenas música, mas alegria e reinvenção. Ne entrevista a seguir, Beta fala, com exclusividade ao portal Resenhando.com, sobre dribles existenciais, sobre como é ser brasileira no oriente e sobre o momento em que decidiu que não dava mais para viver sem cantar. Uma conversa sobre música, coragem e, sobretudo, sobre finalmente soltar a própria voz.
Resenhando.com - Você solta a voz aos 50 anos e em um palco na Malásia. Foi preciso sair do Brasil - e da zona de conforto - para finalmente se ouvir?
Beta Rivellino - Venho em um processo de buscar a minha voz a muitos anos que se intensificou quando cheguei aos 40 após um burnout. Mas ao longo da minha vida, cada saída do Brasil, e foram várias, já que a Malásia é o décimo país que eu moro, sempre me permitiram ser de uma forma ou de outra um pouco mais livre e assim me conectar mais comigo. A mudança para a Malásia em 2021 e a ida do meu filho para os Estados Unidos fez com que eu precisasse de flexibilidade para poder ir e vir. Isso somado a chegada da menopausa e um desejo de desacelerar minha vida como executiva, foram as justificativas perfeitas para eu decidir me “aposentar “ do mundo corporativo. Mas precisava fazer algo com toda a minha energia, sempre fui muito inquieta, e foi no reencontro com a música, saindo de novo da zona de conforto, que tudo mudou. Gosto de estar fora da zona de conforto, e nessa hora que encontro combustível para fazer, aprender coisas novas, me desafiar, me reinventar, só que desta vez tudo aconteceu muito rápido e as mudanças posso dizer que foram “radicais”.
Resenhando.com - Seu sobrenome carrega um peso futebolístico quase mítico. Em algum momento da vida, esse sobrenome calou sua voz?
Beta Rivellino - Eu tenho o maior orgulho do sobrenome que eu carrego, do meu pai, de tudo o que ele construiu e representa. Eu já estive em inúmeras situações no Brasil e fora do Brasil, onde pessoas, ao reconhecerem meu sobrenome, me pararam para conversar para saber mais sobre ele, ou relembrar momentos de sua carreira. Mas admito que nem sempre foi fácil ser filha de alguém tão famoso. Ser a filha de Roberto Rivellino vem, desde cedo, com um sentido de muita responsabilidade. Para o meu pai seu nome, e o legado que ele construiu, sempre foram levados muito a sério dentro de casa. Eu, filha mais velha e a única mulher fui ao longo da vida entendendo o que era esperado de mim e procurando sempre atender a todas as expectativas, que muitas vezes eram mais fortes da sociedade do que de dentro de casa. Mas apesar disso não sinto que meu sobrenome tenha me calado, mas com certeza me deu contornos, e me deu também habilidades que fazem parte de quem eu sou hoje e com certeza vão me ajudar nessa nova etapa da minha vida.
Resenhando.com - A vida corporativa foi seu “cartão vermelho” ou apenas um aquecimento para o show que viria depois?
Beta Rivellino - Nao! A vida corporativa nunca foi um cartão vermelho, muito pelo contrário, em Soltei Minha Voz falo disso : Sou muitas em uma só! A vida corporativa me trouxe habilidades que estão provando ser muito úteis. Exemplo: presença de palco. Estar no palco, e me conectar com a plateia, não foi o maior desafio quando voltei a cantar, porque desde os 23 anos tenho sido treinada para falar em público, para todos so tipos e tamanhos de plateias. Também me trouxe um entendimento de comunicação, marketing, e gestão de projeto que não tem preço. Aqui na Malásia, por exemplo , eu sou a cantora, a produtora, a diretora musical, a que negocia com o com a casa de show. Então, a gestão de projeto é fundamental para eu conseguir dar conta de fazer tudo isso. Posso dizer que minha vida corporativa, todos as minhas experiências somados aos valores que aprendi com os meus pais, são alicerce de quem eu sou e me ajudam muito a navegar nesse no o momento da minha vida.
Resenhando.com - A bossa nova, esse som solar e sofisticado, faz muito sucesso na Malásia. Mas, sinceramente, o que os asiáticos entenderam da nossa música que os próprios brasileiros ainda não captaram?
Beta Rivellino - Não sinto que os asiáticos entendem mais do que os brasileiros sobre a nossa música, não se trata disso. A bossa nova e um gênero de música que está no mundo inteiro. Eu viajo bastante pelo mundo, já morei em muitos países, e não tem um lugar onde eu fale que sou brasileira e as pessoas não comecem a falar sobre a nossa música, e o futebol! Para o resto do mundo a nossa música faz parte da nossa identidade. Nos meus shows a bossa nova e a porta de entrada para o publico local se conectar comigo, mas eu sempre trago interpretações de diferentes compositores e outros gêneros. Já cantei músicas de Ivan Lins, Toquinho, Milton Nascimento, Maria Rita, Roberta Sá, Peninha, Rita Lee, até a famosa romaria de Renato Teixeira acompanhada de uma viola caipira! Então a percepção que se tem de fora do Brasil é que somos assim, esse país solar, alegre, onde as pessoas vibram na música.
Resenhando.com - Aos 50 anos, sua estreia nos palcos te fez perder mais o medo ou a vergonha? Ou são coisas diferentes?
Beta Rivellino - Nunca tive muita vergonha, ao contrário desde pequena podia falar com qualquer pessoa sem me sentir intimidada, já o medo esse me acompanha na forma da autocrítica e ansiedade, as vezes me tirando o sono e até o foco. Mas o sentimento que apareceu muito forte quando voltei a cantar e que precisei trabalhar muito dentro de mim, foi o de inadequação. Nesse processo de me escutar descobri a crença limitante : menina boa não canta? Frase que provavelmente escutei em algum momento e que muitas mulheres de gerações passadas da minha família também escutaram. Hoje não me sinto mais assim, graças a muita terapia e um trabalho intenso de autoconhecimento e cada vez mais trago para o palco essa autenticidade, admito com muito humor quando erro, me solto cada vez mais nas minhas interpretações e sou eu, de verdade!
Resenhando.com - Você diria que cantar samba e jazz em Kuala Lumpur é, de certo modo, uma forma poética de vingança contra o tédio do mundo?
Beta Rivellino - Cantar aqui na Malásia, onde moro, é um jeito de me aproximar do Brasil, de matar a saudade do que está lá longe, para mim e para a comunidade de brasileiros que vivem por aqui. Também e a oportunidade de mostrar mais a diversidade da nossa cultura, a final somos muito mais do que os carnaval e futebol. Também quero criar pontes, e poder fazer o inverso, levar para o Brasil a música da Malásia que me impacta por aqui, e juntar os dois mundos, imagina poder cantar uma música em bahasa malayo, com a harmonia de músicos brasileiros e aqui da Malásia? Um bom projeto para 2026. Quanto ao tédio do mundo, pode parecer piegas mas precisamos de mais cor, amor, menos intolerância, mais empatia e eu canto para trazer luz, alegria e compartilhar minha energia, cantar me faz feliz.
Resenhando.com - Seu novo single se chama “Soltei Minha Voz”, mas se você pudesse batizar a sua fase anterior com um título de música, qual seria?
Beta Rivellino - Seria "Encontros e Despedidas". já moreiem dez países, viajei muito, estou sempre indo embora e voltando, Sou essa alma inquieta. Minha vida sempre foi de encontros e despedidas,de pessoas, situações, de coisas, carreiras, de jeitos de ser. Essa música de Milton Nascimento, que faz parte do meu repertório, Representa bem a minha vida, em constante transformação e movimento.
Resenhando.com - Em tempos em que tudo precisa viralizar para existir, como é para você fazer arte que não grita, mas sussurra com sofisticação?
Beta Rivellino - Por que já não preciso mais provar nada a ninguém e principalmente pra mim mesma! Tive uma carreira executiva que considero de sucesso, por onde passei dei o meu melhor, trabalhei em parceria com muita gente incrível e pude fazer a diferença. Agora, nessa altura da minha vida, recomeçando de novo, e só confiar e abraçar o que está por vir deixar fluir, como a música que abraça e vai preenchendo, com leveza, todos os espaços sem precisar gritar.
Resenhando.com - Filha de um ídolo brasileiro, morando na Malásia e cantando MPB. Qual foi o maior drible que você deu em si mesma até chegar aqui?
Beta Rivellino - Acho que o maior drible que eu dei em mim mesma foi nunca ter tido medo de ousar. Um exemplo recente disso que mudou tudo, partiu da coragem de fazer uma pergunta. Conto essa história no capítulo do livro Protagonista que fui convidada a participar com outras 64 mulheres lançando esse mês. Em novembro de 2023, ao final de um show que fui assistir de Bossa Nova de Ter Cher Siang, músico, compositor, produtor e um dos maiores pianistas de jazz da Malásia junto com Xiong Lee cantor e compositor Que morou no Brasil e desde a decada de 90 promove a Bossa Nova por aqui, me aproximei de Cher Siang, me apresentei e disse: Sou uma cantante, fã dos seus arranjos e interpretações, e amaria poder fazer um show piano e voz com você, topa? Ele me olhou e sem titubear me respondeu: “Sure!” E a partir dai tudo mudou, intensifiquei meus estudos de musica, comecei a me apresentar com diferentes músicos para ganhar mais desenvoltura de palco e me preparei para o nosso primeiro show juntos, que aconteceu quase um ano depois, com direito a casa lotada e muita música boa. Desde então, juntos, já fizemos três shows, gravações em estúdio e tem muita coisa vindo por ai. Então, voltando a pergunta: o meu melhor “elástico” (famoso drible do meu pai) e ter coragem e acreditar que nunca é tarde pra recomeçar.
A frase do título está correta, pois Wilson Simoninha, filho de um dos maiores cantores que o país produziu (Wilson Simonal), parece mesmo respirar música. Ele não só atua cantando e tocando suas composições, como ainda trabalha na produção musical de programas da TV, como o "Domingão com Huck" e "Viver Sertanejo" com o cantor Daniel, só pra citar dois exemplos.
Mas como a música não pode parar, Simoninha já está preparando um novo álbum de canções inéditas, que deve marcar um ponto de virada na sua carreira. E continua desenvolvendo vários projetos em paralelo com outros nomes conhecidos, como Xande de Pilares. Em entrevista para o portal Resenhando.com, ele conta como desenvolveu sua carreira em paralelo com a atividade de produtor. “Esse trânsito entre palco, estúdio e audiovisual mantém meu trabalho em movimento e me inspira a explorar diferentes formas de levar música ao público”.
Resenhando.com - Como foi seu início na música? Com quem você tocou antes da carreira solo?Wilson Simoninha - Meu início na música foi bastante natural. Autoditdata, ouvindo as coisas que aconteciam na minha casa. Mais tarde estudei na fanfarra da minha escola e depois estudei piano com vários maestros. Ainda adolescente formei várias bandas com o sobrinho do Jorge Benjor e com o João Marcelo Boscoli
Resenhando.com - Seu pai certamente foi uma fonte de inspiração sua como intérprete. Além dele, quais foram suas referências?
Wilson Simoninha - Sim, meu pai é considerado um dos maiores cantores da história da música brasileira, então não tem como ser diferente. Mas obviamente outros artistas me inspiraram também, como Jorge Benjor, Tim Maia, João Gilberto. Entre os brasileiros a lista é gigante. E entre os internacionais posso citar Stevie Wonder, Michael Jackson e principalmente Marvin Gaye. A soul music foi uma forte influência na minha caminhada na música.
Resenhando.com - Sua discografia tem ótimos momentos nas músicas autorais. Você gosta de compor sozinho ou também faz parcerias?
Wilson Simoninha - Eu não tenho preferência entre compor sozinho ou em parceria. Tenho ótimos parceiros, como Bernardo Vilhena, Carlos Rennó, Marcelo de Luca entre outros. Tem uma parceria nova com o Xande de Pilares. Mas também gosto de compor sozinho. O importante a colocar a sua inspiração para fora.
Resenhando.com - Você atua também como produtor. Você continua nessa atividade em paralelo com a música?
Wilson Simoninha - Sigo atuando como produtor e diretor musical em paralelo à minha carreira como músico. Essa é uma dimensão fundamental do meu trabalho. Desde 2001, estou à frente da S de Samba, produtora que fundei com Jair Oliveira, onde criamos trilhas publicitárias premiadas e desenvolvemos projetos musicais para marcas, cinema e televisão. Na TV Globo, assino a direção musical do Domingão desde 2016, passando pelas fases com Faustão e agora com Luciano Huck. E também, com a mesma intensidade e carinho, faço a direção musical do programa Viver Sertanejo, apresentado pelo cantor Daniel. Além disso, produzi as duas edições do especial Falas Negras e, mais recentemente, a inédita atração Pagode 90. Fui ainda responsável pela produção artística do documentário Chic Show (Globoplay). Esse trânsito entre palco, estúdio e audiovisual mantém meu trabalho em movimento e me inspira a explorar diferentes formas de levar música ao público
Resenhando.com - Fale sobre seus planos atuais na música. Você pretende gravar um novo álbum?
Wilson Simoninha - Sim, estou preparando um novo álbum de inéditas, que deve marcar mais um capítulo importante da minha trajetória. Depois de tantos projetos como diretor musical, produtor e intérprete, senti que era o momento de voltar ao estúdio para trazer novas canções e ideias. Tenho buscado arranjos que dialoguem com a minha história, mas também apontem para o futuro sempre guiado pela reinvenção, pelo talento das parcerias e pela alegria que a música me proporciona. É um trabalho que está sendo construído com muito carinho e que espero compartilhar em breve com o público.
"Sa Marina"
"Flor do Futuro"
"Mais Um Lamento"
Mais do que um tributo, trata-se de um mergulho afetivo em memórias que pertencem a todos nós, embaladas por Sinatra, Elvis, Nat King Cole, Charles Aznavour e tantos outros. Delphis, que também é jornalista, locutor e apresentador, sabe como poucos transformar um show em experiência: não basta interpretar, é preciso contar histórias, criar cumplicidade, surpreender. Nesta entrevista exclusiva ao Resenhando.com, o artista fala de bastidores, improvisos, riscos e segredos de quem vive entre a reverência ao passado e a urgência do presente. Afinal, como ele mesmo afirma, “as grandes canções não têm prazo de validade”.
Resenhando.com - Se Frank Sinatra pudesse assistir ao seu show “Sinatra & Cia” escondido na plateia, qual você acredita que seria a primeira reação dele: aplaudir, corrigir ou dar uma piscadela cúmplice?
Delphis Fonseca - (Risos) Puxa, pergunta interessante! Já fico imaginando a cena! (Risos) Eu não sou um cover de Frank Sinatra, nem me atreveria. Sou um apaixonado pela boa música, e grande parte dela vem desse artista incrível. Gosto de músicas do mundo inteiro: canto em português, inglês, francês, Italiano, espanhol e japonês. E também tenho meu repertório próprio nesses idiomas com canções com alguns parceiros musicais. Gosto de toda música que me toca o coração. Mas, voltando a sua pergunta, acredito que se o Sinatra estivesse na plateia do meu show, seria melhor eu não saber… (Risos) Essa situação me lembrou uma passagem que aconteceu com o Sinatra no início de carreira, quando ele ainda não era o dono da fama. Ele estava cantando em um jazz bar quando entrou o Cole Porter. Quando ele viu o famoso compositor entrando, falou logo pra banda: “Vou cantar 'Night and Day'". Esse era um dos grandes sucessos escritos por Porter na época. Sinatra não sabia a letra direito e acabou se enrolando na apresentação e improvisando como pode. Cole Porter achou aquilo muito engraçado, pois percebeu que Sinatra estava tentando impressioná-lo. E aí começou uma grande parceria, que anos depois, iria conquistar o mundo. Agora, na verdade, Sinatra tinha um temperamento forte, e muitas vezes, imprevisível. Gosto de imaginar que ele sentiria meu respeito pelo seu legado, e que me apoiaria, mas não sem me chamar de canto e dar uma boas duras! (Risos).
Resenhando.com - Você se define mais como um “tradutor de emoções” ou como um “ator que canta”? Afinal, interpretar clássicos imortais exige muito mais do que afinação.
Delphis Fonseca - Você tem toda a razão! É muito mais que só afinação, perfeito. Eu me defino como intérprete. Amo interpretar, como ator, cantor, palestrante, apresentador, comunicador, essa é a minha veia. Música é vida, e a vida de cada um de nós, por si só, é sempre um grande e exclusivo clássico. Se você entende isso, tudo se encaixa na sua interpretação. Sobretudo, interpretar histórias que agreguem emoções profundas, sejam elas de amor, alegria e, também de tristeza; uma vez que a Vida é uma somatória de todas essas emoções se revezando de forma randômica. As canções tristes fazem parte dessa mesma estrada, onde logo alí adiante, virá uma outra trazendo a alegria, a esperança e o amor de volta à cena.
Resenhando.com - Na era do streaming e do consumo descartável, o que significa insistir na ideia de que “as grandes canções são eternas”? É um ato de resistência cultural?
Delphis Fonseca - De forma nenhuma. Eu não resisto às mudanças. Eu procuro entendê-las e transformá-las em algo adequado às minhas capacidades e objetivos. Resistir às mudanças é desistir de viver nesse mundo que muda a cada instante. Eu canto músicas contemporâneas também: gosto de Ed Sheeran, Adele, Bruno Mars, Sam Smith, Robbie Williams e outros. Mas, mudar não necessariamente significa jogar fora tudo o que foi vivido, e sim aprender outras coisas e fundí-las em um nova criação, potencializar tudo aquilo em novo cenário cultural ainda mais rico. O chamado “descartável" sempre existiu, não é novidade. Entendo que ele traga um registro de momentos superficiais da cultura naquele momento, e nada além. Por isso, é imediatamente reconhecido pelo público. Mas, quando esse momento passa, não deixa sua marca mais profundo no emocional das pessoas, se torna obsoleto. A verdade é que não há receita de sucesso, seja ele instantâneo e passageiro, e, muito menos, duradouro a ponto de se tornar um clássico.
Resenhando.com - Há espaço para improviso num show de tributo, ou seguir a partitura com precisão é uma forma de respeito? Você já quebrou protocolos no palco e surpreendeu o público?
Delphis Fonseca - Sem dúvida, isso no que eu acredito e é a forma que interpreto. Talvez, não haja esse espaço em um show cover, de personificação, onde o público espera ouvir o artista original. No meu caso, sou intérprete, e como tal, me dou a liberdade de deixar a minha emoção trabalhar comigo de forma autêntica. Quando eu canto, eu me emociono de fato, não simulo isso. Emoção só é, de fato, emoção se for real, e a platéia sente isso de imediato. Acho que isso seja respeitar a obra do autor, é permitir à ela cumprir o seu papel junto ao público: emocionar. Não penso, necessariamente, em quebrar protocolos só pra ser diferente. Mas, é da minha natureza não me prender a regras que me vão contra a minha identidade. Eu converso muito com o público durante o show, conto histórias da minha vida, das músicas, divido pensamentos, peço opiniões do público. E brinco: “Não se preocupem, eu também vou cantar hoje!" (risos). Eu respeito e sou muito grato ao público que me acompanha, que vai aos meus shows, adoro interagir com ele. Não digo que essa seja a forma certa de se fazer, mas é assim que eu faço, essa é a minha verdade.
Resenhando.com - Elvis, Nat King Cole, Charles Aznavour… cada um deles tinha também suas sombras pessoais. Quando você canta esses ícones, pensa mais no mito ou no ser humano?
Delphis Fonseca - Todos temos nossas sombras. Todos, sem exceção. Cabe a cada um de nós conseguir iluminá-las, mas cada qual a sua própria. Nossas sombras dizem respeito somente à nós mesmos, desde que, obviamente, não afete as vidas de outras pessoas. O que chamamos de "mito" é uma pessoa, como todas as outras, mas que diferente da maioria, traz consigo a necessidade de expressar sua arte em forma de música, e sofre inúmeras pressões que o próprio meio impõe, tudo isso somado aos seus próprios desafios particulares de vida. Cada um tem uma forma de se comportar diante disso tudo. Toda essa vivência, dá a ele a bagagem emocional para ser quem ele é artisticamente. Portanto, isso é muito particular. Não posso mistura isso com a minha vida, ou então estaria procurando interpretar as canções como ele, e isso só teria validade se eu fosse um “impersonator”. Não tenho nada contra a esse tipo de trabalho, aliás, gosto muito quando ele é bem feito. Por exemplo, o trabalho feito pelo Dean Zee, vivendo Elvis Presley, é maravilhoso. Faz com respeito e com primor. Cada um na sua.
Resenhando.com - O espetáculo acontece em São Paulo, mas a lista de artistas que você interpreta atravessa fronteiras. Qual foi a canção internacional que mais mexeu com plateias brasileiras? E com você?
Delphis Fonseca - Não tenho uma única música, mas muitas! rs Tous Les Visages De L’Amour (She), de Charles Aznavour é uma canção de amor sensacional e que eu amo e o público também. Tem mais impacto em francês. Ela tem tudo a ver comigo, sou romântico por natureza. "Bridge Over Troubled Water", de Paul Simon e Art Garfunkel, é outra canção que faz muito sucesso com o público. Ela é realmente muito impactante e com uma letra linda, que muitos conhecem. "That's Life" é uma música de vida. É divertida, mas muito profunda. Foi resgatada dos anos 70 para ser tema do primeiro filme do Coringa. É uma música incrível! Vou cantar todas elas nesse show.
Resenhando.com - Você também é jornalista, locutor e apresentador. O que o Delphis comunicador emprestou ao Delphis cantor - e vice-versa?
Delphis Fonseca - Eu acredito que somos o que somos devido a tudo aquilo que vivenciamos em nossa existência, desde antes mesmo de nos reconhecermos por gente. Tudo aquilo que fazemos na vida, seja em âmbito pessoal ou profissional, real ou virtual, tudo aquilo que aprendemos, forma quem nós somos. Tudo se mistura. Essas atividades que você citou: jornalista, apresentador, cantor. Todas elas são funções de comunicação, cada qual da sua forma, dentro de seu próprio cenário, mas são atividades onde uma pessoa se comunica com várias outras. Então, eu diria que eu unifiquei tudo isso em uma única atividade onde eu apresento minhas interpretações musicais, contando histórias e entretendo o público com boa música.
Resenhando.com - O palco exige presença. Mas fora dele, no silêncio, qual é a música que você canta só para si, quase como uma prece íntima?
Delphis Fonseca - Uma música que eu sempre gostei foi "Canção da América" de Milton Nascimento, esse gênio da música. A letra fala de relacionamento humano, de amor e de amizade de verdade, exatamente como eu acredito que deva ser e como procuro vivenciar.
Resenhando.com - Se tivesse de incluir no repertório um hit da música pop atual - digamos, de Lady Gaga, Adele, Bruno Mars ou qualquer outro artista, nacional ou internacional - qual você ousaria transformar em “canção eterna”?
Delphis Fonseca - "Photograph", do Ed Sheeran. Acho que ele é um artista incrível!
Resenhando.com - Você já cantou com orquestra, quinteto, piano solo… mas qual seria a formação mais “maluca” com a qual toparia revisitar os clássicos? Talvez um DJ, um trio de jazz ou até uma escola de samba?
Delphis Fonseca - Recentemente regravei "Tous Les Visages de L’Amour" em um ritmo mais para cima, uma versão pop. Está no meu Spotify. Também, demos novas roupagens para "Blue Velvet", "Garota de Ipanema", em português e em inglês; e outras que ainda serão lançadas. Músicas próprias e inéditas também estão em estúdio e logo serão lançadas. Agora eu fiquei impressionado com a sua pergunta! Tá me espionando?? (Risos). É que, entre outras coisas, estou fazendo um trabalho com um DJ muito conhecido em São Paulo, que ainda não posso revelar. Tem fusão musical vindo por aí! E acho que você vai gostar!
Intitulado “Rua Teodoro Sampaio, 1091”, endereço onde funcionava o Teatro Lira Paulistana, uma lendária casa de espetáculo que, entre 1979 e 1986, abrigou não só a Vanguarda Paulista como outros artistas, o EP traz quatro músicas com participações especiais dos próprios artistas da cena, que também participam do show. Ná Ozzetti em “Ladeira da Memória”, Wandi Doratiotto em “O Trabalho”, Suzana Salles em “Fim de Festa” e Arrigo Barnabé em “Instante”.
Além do repertório do EP, a Filarmônica vai tocar canções do álbum “PSSP”, inspirado na história da cidade de São Paulo, incluindo a música “Lira Paulistana”, por exemplo, que faz uma mistura entre a geração do Lira Paulistana e a geração dos modernistas de década de 1920. Filarmônica de Pasárgada é: Marcelo Segreto (compositor, voz e violão), André Teles (eletrônica), Fernando Henna (piano, acordeão), Ivan Ferreira (fagote e vocais), Leandro Lui (bateria e percussão), Migue Antar (baixo), Paula Mirhan (voz) e Renata Garcia (clarinete).
Serviço
Filarmônica de Pasárgada
Lançamento do EP “Rua Teodoro Sampaio, 1091”
Com participações especiais de Luiz Tatit, Wandi Doratiotto, Suzana Salles e Arrigo Barnabé
Local: Teatro Paulo Autran – Sesc Pinheiros
Dias 5 de setembro de 2025 - sexta-feira, às 20h00
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: 90 minutos
Preços: R$ 21,00 (credencial plena), R$ 35,00 (meia) e R$ 70,00 (inteira).
Sesc Pinheiros
Rua Paes Leme, 195, Pinheiros - São Paulo (SP)
Horário de funcionamento: Terça a sexta: 10h às 22h. Sábados: 10h às 21h. Domingos e feriados: 10h às 18h30
Estacionamento com manobrista
Como chegar de transporte público: 350m a pé da Estação Faria Lima (metrô | linha amarela), 350m a pé da Estação Pinheiros (CPTM | Linha Esmeralda) e do Terminal Municipal Pinheiros (ônibus). Acessibilidade: a unidade possui rampas de acesso e elevadores, além de banheiros e vestiários adaptados para pessoas com mobilidade reduzida. Também conta com espaços reservados para cadeirantes.
O curioso é que a ideia de gravar um disco ao vivo inicialmente não agradava alguns integrantes. Richie Blackmore e Ian Gillan temiam que o resultado final do disco ficasse abaixo das expectativas. Entretanto a gravadora insistiu, porque naquela época o Japão tinha um grande número de apreciadores do hard rock tocado pelo Deep Purple. A representante da Warner no Japão disponibilizou o que havia de melhor na época em recursos técnicos para gravar o show.
Essa nova edição (Super Deluxe Edition) inclui novas mixagens estéreo e em Dolby ATMOS feitas pelo renomado produtor Steven Wilson, integrante da banda Porcupine Tree. Todos os três concertos foram completamente remixados por Richard Digby Smith e diversas versões raras editadas para singles. Eu lembro de ter ouvido esse disco pela primeira vez ainda na adolescência, na primeira metade dos anos 80.
O desempenho de Richie Blackmore, Jon Lord e Ian Paice (esse um monstro das baquetas) é simplesmente sensacional, assim como Ian Gillan em seu auge como vocalista. Traz uma energia nunca antes vista em um álbum ao vivo. Passou a ditar padrões para as demais bandas de hard rock sobre como produzir e gravar shows ao vivo. No repertório estão as clássicas "Highway Star", "Lazy", "Child In Time" e "Strange Kind Of Woman", com o famoso duelo de Blackmore e Ian Gillan no solo.
A edição já está disponível para pré-venda na loja oficial do Deep Purple, em diferentes formatos: box com 10 LPs de vinil, box com 5 CDs + Blu-ray, ou versão avulsa em vinil duplo com capa gatefold (com lançamento previsto para 3 de outubro nos EUA, Canadá e Japão). Também está disponível uma nova coleção de merchandising de "Made in Japan", além de pacotes musicais exclusivos. Poderia até falar mais coisas a respeito desse álbum. Mas o correto é você ouvir e conferir o motivo desse registro ter se se tornado tão icônico. Se tiver acesso a alguma plataforma de streaming, basta apertar o play para iniciar a viagem musical com o Deep Purple, no seu auge na história do rock.
"Highway Star"
"Smoke On The Water"
"Strange Kind Of Woman"
Longe dos pátios escolares e das partidas de futebol, o ‘garoto tímido’, mergulhava em livros e sons. As leituras da adolescência deixaram marcas profundas em suas composições, que revelam sensibilidade e maturidade artística. Desde cedo, também encontrou amigos com quem compartilhava acordes no violão, baixo e guitarra, cultivando a base de sua linguagem musical.
Thomas compôs um repertório autoral que deu um resultado na gravação de seu primeiro álbum. Em “Garoto Tímido”, o artista revela-se um cantor comunicativo e caloroso, ao mesmo tempo sensível e inspirado ao interpretar suas próprias canções. Entre suas referências, Thomas cita Renato Russo da Legião Urbana e rock internacional capitaneado pelos Beatles, principalmente. "Estou muito animado com este primeiro álbum da minha carreira. É um projeto no qual venho trabalhando há muito tempo e me sinto realizado de poder apresentá-lo. Espero que gostem!", diz Thomas.
Com produção musical e arranjos de Rodrigo Campello, que trabalhou com diversos artistas renomados como João Bosco, Moraes Moreira, Marisa Monte, Lenine, Caetano Veloso, Gilberto Gil e outros. Músicos de peso, como Lancaster Lopes, no baixo, que também tocou e gravou com diversos artistas e bandas, assim como Marcelo Vig, que toca bateria nesse álbum.
"Garoto Tímido" - Thomas Malherbe
Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto:divulgação
Com a obra de Gershwin em contexto brasileiro, a produção ganha novos contornos sob a direção de Grace Passô. Além disso, a programação tem concertos como Texturas Brasileiras, com composições de dois grandes compositores brasileiros Ronaldo Miranda e Arthur Barbosa, e Schubertiades, um especial com composições de Franz Schubert, ambos do Quarteto de Cordas da Cidade, além da Oficina de Regência da Camerata da Orquestra Experimental de Repertório.
Iniciando a programação de setembro, o Quarteto de Cordas da Cidade, formado por Betina Stegmann e Nelson Rios, violinos, Marcelo Jaffé, viola e Rafael Cesario, violoncelo, apresenta Texturas Brasileiras, no dia 04, quinta-feira, às 20h, na Sala do Conservatório. O repertório terá Quarteto Texturas, de Ronaldo Miranda, e Quarteto Brazuca, de Arthur Barbosa. Os ingressos custam R$35, a classificação é livre e a duração de 60 minutos, sem intervalo.
O programa tem composições de dois grandes compositores brasileiros e amigos do Quarteto de Cordas, Ronaldo Miranda e Arthur Barbosa. O primeiro é um dos principais e mais atuantes compositores contemporâneos brasileiros, o carioca ocupa a cadeira de número 13 da Academia Brasileira de Música. Já o segundo é compositor, violinista e regente, natural de Fortaleza, o músico é violinista da Orquestra e Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) e regente da orquestra jovem da mesma instituição.
Já no dia 12, sexta-feira, às 19h, na Sala do Conservatório, a Camerata da Orquestra Experimental de Repertório, sob regência de Wagner Polistchuk, apresenta Oficina de Regência. O repertório terá composições de Ludwig Van Beethoven, como Abertura Leonora n.1, op.138, Abertura Leonora n.2, op.72a, Abertura Leonora n.3, op.72b e Abertura Fidelio, op.72c. Os ingressos custam R$35, a classificação é livre e duração de 50 minutos, sem intervalo.
Em programação oficial do Ano do Brasil na França, o Balé da Cidade de São Paulo se apresenta no país em turnê especial, com início no dia 18 de setembro, no Teatro Olympia, em Arcachon, com os dois espetáculos de Rafaela Sahyoun, Fôlego e BOCA ABISSAL. Em seguida, de 23 a 27 de setembro, a turnê passará pelo Théâtre de la Ville, em Paris. Nos dias 2 e 3 de outubro, apresentações na La Comédie de Clermont Ferrand, em Clermont Ferrand. Já nos dias 8 de outubro e 9 de outubro, o Balé apresenta as obras de Sahyoun no Château Rouge, em Annemasse. Encerrando a turnê, Lyon recebe os espetáculos entre os dias 15 e 19 de outubro, na Maison de la danse, sendo está apresentação formada por Fôlego e por Réquiem SP, do coreógrafo e diretor da companhia Alejandro Ahmed.
Em mais um concerto do Quarteto de Cordas da Cidade, esse ao lado do convidado especial Robert Suetholz, violoncelista, e apresentam Schubertiades, no dia 18, quinta-feira, às 20h, na Sala do Conservatório. Com Betina Stegmann e Nelson Rios, violinos, Marcelo Jaffé, viola e Rafael Cesario, violoncelo. O repertório terá Quinteto em Dó Maior, op. 163, de Franz Schubert. Os ingressos custam R$35, a classificação é livre e a duração de 60 minutos, sem intervalo.
Destaque da temporada lírica, a ambiciosa obra de George Gershwin, Porgy and Bess, chega ao Theatro Municipal. Com direção musical de Roberto Minczuk, e o olhar poético e ousado de Grace Passô que assina a direção cênica e traz à cena o universo multifacetado desta ópera, que cruza as fronteiras do jazz, do teatro e da música clássica para contar uma história de luta e amor. As apresentações acontecem do dia 19 ao dia 27, na Sala de Espetáculos.
O espetáculo contará com o Coro Lírico Municipal, sob regência de Hernán Sánchez Arteaga, e Coral Paulistano, sob regência de Maíra Ferreira. A equipe técnica conta com Marcelino Melo na concepção cenográfica, Vinicius Cardoso com projeto cenográfico, Mario Lopes com criação de movimento e coreografia, Alexandre Tavera com figurino, Ana Vanessa como assistente de direção cênica. Os ingressos custam de R$33 a R$210 e duração de aproximadamente 230 minutos, com intervalo.
A trama de "Porgy and Bess" gira em torno das dores e paixões dos moradores de Catfish Row, com personagens como Porgy, um homem humilde e com uma deficiência física, e Bess, em busca de redenção após uma vida de provações. Canções como "Summertime", "My Man’s Gone Now" e "I Got Plenty o’ Nuttin" emergem como clássicos eternos, capturando a alma da música norte-americana.
O baixo Luiz-Ottavio Faria interpreta Porgy em todas as récitas. No papel de Bess, Latonia Moore canta nos dias 19, 21 e 27, enquanto Marly Montoni assume a personagem nos dias 20, 23, 24 e 26. Nas récitas dos dias 19, 21, 24 e 27, Bongani Kubheka interpreta Crown, Jean William será Sportin’ Life e Bette Garcés assume o papel de Clara. Já nas apresentações dos dias 20, 23 e 26, os papéis são interpretados, respectivamente, por Davi Marcondes (Crown), Carlos Eduardo Santos (Sportin’ Life) e Nubia Eunice (Clara). Michel de Souza (Jake) integra o elenco em todas as datas.