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segunda-feira, 27 de outubro de 2025

.: Do glamour à sofrência: atriz Alice Wegmann transita entre novela e série


Depois de Solange em "Vale Tudo", Alice Wegmann volta à TV em grande estilo como Raíssa, estrela da terceira temporada de "Rensga Hits!". Foto: Alexandre Maciel

Quem acompanhou a reta final do remake de "Vale Tudo" ainda guarda na memória a energia solar de Solange, vivida por Alice Wegmann. Mal se despediu da personagem, e a atriz já volta ao horário nobre com outro papel vibrante: Raíssa Medeiros, protagonista da terceira temporada de "Rensga Hits!", série ambientada no universo sertanejo, que pode ser assistida na TV Globo, às quintas-feiras, logo após a novela "Três Graças".

Entre microfones, rivalidades e paixões de arrebatar, Raíssa vive o auge da carreira - e também suas maiores dores. Em entrevista, a atriz fala sobre o desafio de transitar entre duas personagens intensas, a experiência de gravar uma cena marcante logo após um episódio real de tensão e o que aprendeu com cada papel.


Como é para você viver esse momento intenso e contínuo na televisão, com duas personagens tão diferentes - Solange, de "Vale Tudo", e Raíssa, de "Rensga Hits!" - em sequência? Qual é a sua expectativa em relação à recepção do público?
Alice Wegmann - 
É maravilhoso. A Solange e a Raíssa têm trajetórias distintas, mas possuem uma vibração semelhante. Ambas são solares, determinadas, donas de suas escolhas - é bonito de ver. Acho que a Raíssa super faria uma campanha da Tomorrow, e ela e Solange se dariam muito bem! (risos) Tanto a primeira quanto a segunda temporadas de "Rensga" foram um sucesso, e, no Globoplay, a terceira já mostrou a que veio. Tenho certeza de que o público da TV vai adorar.


O que você mais aprecia em cada formato? Existe algo que só uma novela proporciona como atriz, e algo que apenas uma série permite explorar?
Alice Wegmann - 
A novela tem um alcance imenso, uma projeção muito diferente. Ela chega a todo o Brasil, e isso é o que mais me encanta. Nas séries, gosto da característica de ser um formato fechado, que nos permite pensar em começo, meio e fim, e desenhar as curvas do personagem com base no que nos é dado desde o início. As séries também oferecem uma densidade artística mais profunda porque, nesse tipo de trabalho, conseguimos ficar mais atentos aos detalhes. As novelas têm volume, demandam agilidade, rapidez - então, é preciso entrar num ritmo frenético. E vale dizer que só o Brasil consegue fazer isso como fazemos. Nesse aspecto, somos mestres.


Na nova temporada de "Rensga", Raíssa mergulha no trabalho e experimenta o sabor da fama, mas também enfrenta uma nova rivalidade e dilemas amorosos. Em meio a esse turbilhão emocional, qual foi a cena mais desafiadora para você gravar?
Alice Wegmann - 
Acho que a última cena da terceira temporada. Não pela cena em si, mas pelo que aconteceu antes dela. Eu estava a caminho da gravação, com o motorista que me buscava em casa, quando vimos um homem atropelado e paramos para socorrê-lo. Chamamos a ambulância, liguei para a mãe dele para avisar, e, depois que ele foi levado ao hospital, voltamos à estrada. Cheguei ao set ainda em choque, e para gravar uma cena de comédia. Nossa profissão é muito maluca: mais difícil do que fazer uma cena triste quando estamos felizes é fazer uma cena feliz quando estamos tristes. Mas é aí que mora a beleza do nosso ofício – dar dignidade a qualquer cena, mesmo que nossa emoção não esteja correspondendo.


E qual momento da Raíssa, nesta terceira temporada, você guarda com mais carinho?
Alice Wegmann - 
Gosto muito da cena do velório, porque “Romaria” é uma música que eu sempre quis ver na série. Pedi muito à Renata Corrêa, nossa autora maravilhosa, e ela inseriu no melhor contexto possível: as duas irmãs puxando o coro e cantando. Ficou tudo tão bonito. Foi emocionante de filmar.


Há alguma característica da Solange que você acredita que levará consigo após o fim da novela? E da Raíssa, existe alguma marca da sertaneja que você incorpora na sua vida?
Alice Wegmann - 
A Solange é muito autêntica e não tem medo de se arriscar - seja na forma de se vestir, de trabalhar ou de se relacionar. Gosto disso e levo para minha vida também. Quanto à Raíssa, admiro a maneira como ela diz “não” e se impõe em certos momentos. Acho que ela me ensinou a ser um pouco mais assim. Eu costumava ser muito boazinha e ingênua. Hoje me sinto mais atenta.

sábado, 25 de outubro de 2025

.: Memória viva: "Roda Viva" recebe ator Antonio Pitanga nesta segunda-feira


Ator tem mais de 60 anos de carreira, ator acumula no currículo cerca de 70 filmes, diversas novelas, seriados e peças teatrais. Foto: Rodolfo Sanchez

Antonio Pitanga está de volta ao cinema com "Malês", que retrata o maior levante urbano de negros escravizados no Brasil. Para falar sobre o longa e sua trajetória como ator e diretor, ele estará no programa "Roda Viva" nesta segunda-feira, dia 27 de outubro. Ator de 86 anos de idade e mais de 60 de carreira, Antonio Pitanga acumula no currículo mais de 70 filmes, diversas novelas, seriados e dezenas de peças teatrais. 

Um dos pilares do movimento do Cinema Novo, Pitanga trabalhou com diretores emblemáticos e definitivos para a história do cinema brasileiro como: Glauber Rocha, Trigueirinho Neto, Roberto Pires, Cacá Diegues, Joaquim Pedro de Andrade, Walter Lima Jr e Anselmo Duarte. Com apresentação de Vera Magalhães, o Roda Viva vai ar ao vivo, a partir das 22h00, na TV Cultura, no site da emissora, no app Cultura Play, além de YouTube, X, TikTok e Facebook.


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.: Entrevista: Tais Araújo celebra a estreia de "Reencarne"


Recém-saída do remake de "Vale Tudo", Tais Araújo volta para protagonizar série de terror. Foto: Globo/Estevam Avellar


Um novo capítulo no gênero do terror nacional será desvendado com a chegada de "Reencarne", série de terror Original Globoplay. Em nove episódios, sendo o primeiro aberto para não assinantes, a produção transporta o público para um Goiás pouco visto, um cenário de milharais infinitos e estradas de terra onde o terror mais visceral e genuinamente brasileiro ganha vida. A trama mescla suspense e drama existencial com cenas de horror gráfico, elementos clássicos como fenômenos paranormais e forças ocultas, e um inesperado toque de romance e desejo.

Na trama, o médico cirurgião Feliciano (Enrique Diaz) desafia todos os limites para salvar sua esposa doente, Cássia (Simone Spoladore). Enquanto ele se envolve em planos cada vez mais macabros, uma série de assassinatos volta a assombrar o interior de Goiás. Decidida a mergulhar na investigação desses crimes - marcados por ferimentos misteriosos - a cética delegada Bárbara Lopes (Tais Araújo) começa a viver experiências sobrenaturais que desafiam sua visão racional do mundo.  

Essa realidade ecoa um passado de vinte anos, quando os policiais Caio (Pedro Caetano) e Túlio (Welket Bungué) investigavam casos similares, culminando na morte de Caio, e na prisão de Túlio, acusado pela fatalidade. Após cumprir sua pena, Túlio é libertado e, em meio ao desespero e ao fim de seu relacionamento com Isadora (Isabél Zuaa), sua vida é virada de cabeça para baixo com a chegada de Sandra (Julia Dalavia), que afirma ser a reencarnação de Caio. A aparição da jovem de apenas 20 anos promete reabrir as investigações do passado e conectar os personagens aos planos macabros de Feliciano. 

"Reencarne" é produzida pelos Estúdios Globo para exibição no Globoplay e criada por Amanda Jordão, Elisio Lopes Jr, Flávia Lacerda, Juan Jullian e Igor Verde. Escrita por Amanda Jordão, Elisio Lopes Jr, Juan Jullian e Igor Verde. Tem direção artística de Bruno Safadi, direção de Noa Bressane e Igor Verde. A produção é de Isabela Bellenzani, produção executiva de Lucas Zardo e direção de gênero dramaturgia de José Luiz Villamarim.

A Delegada Lopes é uma personagem bem diferente do que você está habituada a interpretar. O que a atraiu especificamente para uma série de terror como "Reencarne”?
Tais Araújo -
O que me atraiu a essa personagem foi o fato de nunca ter interpretado nada parecido com ela e nunca ter trabalhado nesse gênero. É realmente diferente de tudo o que já fiz. Diria que é uma personagem complexa, desafiadora e difícil pra caramba de fazer. E depois de todos esses anos de carreira, fazer algo tão diferente é muito estimulante. Foi incrível, muito bom e muito divertido também. 
 

Como você explica a sua personagem?
Tais Araújo - 
A Lopes é uma profissional absolutamente cética, uma delegada, que está ali para desvendar esses assassinatos em série que acontecem. E quando ela menos percebe, a sua vida é atravessada pelo sobrenatural, por algo que ela não acredita. 

 
Como você se preparou para gravar a Lopes? Você chegou a buscar alguma referência? 
Tais Araújo - Minha preparação foi com a Estrela Strauss. Para criar a delegada Bárbara Lopes foi importante buscar uma dose de humanidade dentro de uma personagem tão cética. E sobre as referências, sim, elas foram fundamentais para eu entender o gênero, até porque eu não era parte desse público que consome terror. Passei a ver umas séries que não eram só de terror, mas também que tinham uma suspensão da realidade. E muita disposição, claro (risos). 


Quais foram os grandes desafios desse trabalho?
Tais Araújo - 
As cenas de possessão me assustaram, porque eu precisei usar uma lente branca que não me permitia enxergar nada. A preparação e a expectativa eram enormes também. Mas eu posso dizer que o processo todo foi tranquilo, porque estávamos cercados de uma equipe que nos dava muita segurança, até mesmo para “brincar” com o gênero. O Bruno Safadi, nosso diretor artístico, é tão experiente e tão calmo que abrandou a nossa ansiedade.  Tecnicamente falando, as cenas de terror são difíceis. Fotografia, a trilha sonora, a caracterização, o áudio... Tudo é fundamental para contar a história e não somente a cena em si.


Qual mensagem ou reflexão você espera que o público leve para casa após assistir a "Reencarne”?
Tais Araújo - "Reencarne" fala sobre: é possível ter a vida eterna? É possível manter as pessoas que a gente ama ao nosso lado para sempre? E se a gente pudesse fazer isso, faríamos? De que forma? Acho que "Reencarne" deixa um monte de perguntas.


Quais são as suas expectativas para a estreia?
Tais Araújo - 
Eu estou muito ansiosa. Temos uma história complexa, instigante, muito interessante. Estamos contando um terror (muito) brasileiro. Estou louca para ver como o público vai receber essa história - essa é a minha maior curiosidade. 

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

.: Netflix: 5ª temporada de "Emily em Paris" ganha teaser

Série retorna no dia 18 de dezembro com a protagonista embarcando em uma nova fase – agora sob o sol da Itália. Foto: divulgação


A Netflix já divulgou o teaser oficial e novas imagens da aguardada quinta temporada de "Emily em Paris". O vídeo revela cenas inéditas de Emily (Lily Collins) aproveitando a dolce vita em Veneza, na Itália, enquanto lida com as surpresas e desafios que o destino reserva. Os 10 episódios estreiam no dia 18 de dezembro, só na Netflix.

Agora à frente da Agência Grateau em Roma, Emily enfrenta desafios profissionais e românticos enquanto se adapta à vida em uma nova cidade. Mas, quando uma ideia de trabalho não sai como esperado, as consequências levam a desilusões amorosas e obstáculos em sua carreira. Em busca de equilíbrio, ela se entrega ao estilo de vida francês – até que um grande segredo coloca em risco uma de suas relações mais próximas. Ao encarar os conflitos com honestidade, Emily descobre conexões mais profundas, uma clareza renovada e uma nova disposição para abraçar o inesperado.

Sobre Emily em Paris - 5ª Temporada

Estreia: 18 de dezembro de 2025 (10 episódios)

Criação/Roteiro/Produção executiva: Darren Star

Produtores Executivos: Tony Hernandez, Lilly Burns, Andrew Fleming, Stephen Brown, Alison Brown, Robin Schiff, Grant Sloss, Joe Murphy

Produtores: Ryan McCormick, Raphaël Benoliel, Lily Collins, Jake Fuller

Elenco: Lily Collins (Emily Cooper), Philippine Leroy-Beaulieu (Sylvie Grateau), Ashley Park (Mindy Chen), Lucas Bravo (Gabriel), Samuel Arnold (Julien), Bruno Gouery (Luc), William Abadie (Antoine Lambert), Lucien Laviscount (Alfie), Eugenio Franceschini (Marcello), Thalia Besson (Genevieve), Paul Forman (Nico), Arnaud Binard (Laurent G), Minnie Driver (Princesa Jane), Bryan Greenberg (Jake) e Michèle Laroque (Yvette)

Produzido por: MTV Entertainment Studios, Darren Star Productions e Jax Media

Sobre a Netflix: A Netflix é um dos principais serviços de entretenimento do mundo. São mais de 300 milhões de assinaturas pagas em mais de 190 países com acesso a séries, filmes e jogos de diversos gêneros e idiomas. Assinantes podem assistir, pausar e voltar a assistir a um título quantas vezes quiserem em qualquer lugar e alterar o plano a qualquer momento.

Assista o trailer




sábado, 18 de outubro de 2025

.: Entrevista com Aguinaldo Silva, de volta à TV Globo com "Três Graças"


Criador de clássicos como "Tieta" e "Senhora do Destino", Aguinaldo Silva está de volta com "Três Graças", nova aposta da TV Globo para o horário nobre. Foto: Globo/Edu Lopes


Dramaturgo e escritor, Aguinaldo Silva retorna à teledramaturgia da TV Globo seis anos após "O Sétimo Guardião" (2019) com a nova novela das nove, "Três Graças". Jornalista de formação e apaixonado por literatura, o autor consolidou uma das carreiras mais marcantes da televisão brasileira, com títulos que definiram épocas. Ao lado de nomes como Dias Gomes, Gilberto Braga, Leonor Bassères e Ricardo Linhares, assinou sucessos como "Roque Santeiro" (1985), "Vale Tudo" (1988), "Tieta" (1989), "Pedra Sobre Pedra" (1992), "Fera Ferida" (1993), "A Indomada" (1997), "Senhora do Destino" (2004), "Fina Estampa" (2011) e "Império" (2014) - essa última vencedora do Emmy Internacional de melhor novela.

Agora, em parceria com Virgílio Silva e Zé Dassilva, Aguinaldo apresenta uma trama contemporânea ambientada em São Paulo, que reflete o Brasil real por meio de três mulheres unidas por um mesmo destino: tornaram-se mães na adolescência e precisaram enfrentar sozinhas as desigualdades de uma sociedade que insiste em puni-las por existir. "Três Graças" mistura crítica social e folhetim clássico - marcas registradas do autor -, e promete revisitar a força feminina, a ironia e os dilemas morais que sempre fizeram parte das grandes histórias elaboradas por ele. Compre os livros de Aguinaldo Silva neste link.


Do que trata "Três Graças", a nova novela das nove? 
Aguinaldo Silva - "Três Graças" fala de três mulheres que foram mães muito cedo, aos 15 anos, que não tiveram o apoio dos pais das crianças e foram à luta, passaram por situações extremas. Elas levam uma vida muito parecida com a vida dos nossos espectadores. Ou seja, elas batalham, são otimistas, têm fé no futuro e se envolvem com histórias típicas de um folhetim. É uma ficção que tem o privilégio de poder se inspirar na realidade. Nossa protagonista, a Gerluce (Sophie Charlotte), é uma mulher inconformada com a injustiça, com as maldades que assolam sua comunidade e sua família, numa São Paulo que abriga milhões de brasileiras como ela. Ela repetiu o destino da mãe Lígia (Dira Paes): engravidou de Joélly (Alana Cabral) na adolescência. Mas, quando a gestação precoce da filha se confirma, ela vai fazer de tudo para impedir que Joélly renuncie a seus projetos e ambições, assim como ela e a mãe foram obrigadas a fazer. Ao mesmo tempo, ao se ver diante de corruptos que prejudicam uma multidão de doentes em benefício próprio e com a mãe entre a vida e a morte, Gerluce encara um dilema. Até onde ir quando se precisa batalhar pela sobrevivência?    


A novela vai trazer uma história contemporânea, que se passa na maior metrópole da América Latina, São Paulo. Que assuntos da atualidade são abordados na trama? 
Aguinaldo Silva - A novela se passa em dois ambientes: a comunidade fictícia Chacrinha, onde vivem os personagens mais carentes, e os bairros nobres de São Paulo, onde estão os responsáveis pelo crime dos remédios falsos. Esses mundos se cruzam porque Gerluce (Sophie Charlotte) trabalha na casa de Arminda (Grazi Massafera), uma das vilãs da história. Estamos criando uma novela com uma linguagem bastante popular e abrangente, que fala do dia a dia das pessoas, dos desafios que se encontram em uma grande metrópole, de quem sai às 5h da manhã e pega três ônibus para ir trabalhar. Ao mesmo tempo, a novela também fala sobre os dramas pessoais de cada um e de como é possível ser otimista e positivo diante das desigualdades e injustiças. É uma obra da atualidade, do ônibus, do metrô, do trem, mas não será uma novela naturalista: a ficção é a base para a nossa criação. Ainda assim, a trama propõe reflexões importantes a partir de temas hoje discutidos. Teremos, no núcleo das protagonistas, a questão da gravidez na adolescência; falaremos de corrupção e falsificação de remédios. Também vamos abordar aspectos da nossa sociedade. Tudo isso num contexto ficcional.  

 
A gravidez na adolescência é um tema de destaque na novela. Como surgiu a ideia de retratá-lo na obra? 
Aguinaldo Silva - Quando eu estava escrevendo "Duas Caras", por uma razão que tinha a ver com a trama da novela, fui fazer uma pesquisa na maternidade Leila Diniz, no Rio de Janeiro. Quando cheguei lá, logo cedo, tinha uma fila enorme de mulheres esperando para serem atendidas, e eu percebi que a maioria dessas mulheres eram meninas. Isso me chocou profundamente, porque eram adolescentes grávidas, de 15, 16 anos. Algumas ainda com jeito meio infantil. Um amigo que foi comigo na ocasião falou uma frase que me marcou: “Você está vendo algum homem aqui?”. Ou seja, eram mães solo, o que me tocou demais. Isso foi lá em 2007, mas eu fiquei com aquela ideia da fila de meninas grávidas à espera de atendimento da maternidade. Achei que um dia eu teria de escrever sobre elas, e foi, na verdade, desse meu compromisso que surgiram essas três Graças: três mulheres que foram mães muito precocemente, sem que houvesse nenhum homem na família que as apoiasse nesse processo.


A novela também trata de um esquema criminoso de falsificação de remédios. Você se baseou em algum episódio verídico para trazer esse assunto para a história? 
Aguinaldo Silva - Esse é mais um tema que parte da realidade para a ficção, muito embora a novela não seja um retrato fiel, porque a linguagem da dramaturgia é outra. Mas o noticiário fala de casos assim, de remédios falsificados, de apreensão, de ação policial contra fábricas clandestinas. É um assunto grave. Já houve casos no Brasil em que pessoas foram enganadas ao tomar medicamentos placebo, que não fazem efeito. Lembro do caso de mulheres que engravidaram por causa de pílulas anticoncepcionais feitas de farinha, isso em 1998, e ficaram anos buscando reparação. Nessa novela, a fábrica chama-se “casa de farinha”, porque os "medicamentos” são feitos dessa matéria-prima. A mensagem que queremos passar com essa trama é a confrontação que existe na sociedade brasileira entre as pessoas que trabalham e dão tudo de si, e pessoas muito egoístas que só visam o dinheiro e pouco se importam com quem está sendo prejudicado pelo mal que praticam.


De que forma a escultura das "Três Graças" aparece na história?
Aguinaldo Silva - A novela se chama "Três Graças" porque é o sobrenome das três protagonistas, mas também porque existe na casa da Arminda (Grazi Massafera) uma escultura neoclássica que se chama "Três Graças". Nós criamos um escultor chamado Giovanni Aranha, que é italiano, e que fez aquela obra especificamente. Arminda e Ferette (Murilo Benício) usam essa estátua de uma maneira bastante ilegal. Ela é mantida no quarto, na casa dela, e nunca é exposta. Ninguém sabe mais que essa estátua está com eles, é um mistério, porque ela guarda um segredo que vai ser revelado. Gerluce (Sophie Charlotte) será a primeira a desconfiar de seu verdadeiro valor.  


Suas novelas anteriores foram marcadas por grandes personagens, como as vilãs Perpétua, de "Tieta", Nazaré Tedesco, de "Senhora do Destino", e mulheres fortes, como Tieta, da novela homônima, e Maria do Carmo, também de "Senhora do Destino", além dos carismáticos Crô de "Fina Estampa" e o comendador Zé Alfredo, de "Império". Em que personagens está apostando em "Três Graças"? 
Aguinaldo Silva - Estamos apostando muito na protagonista, a Gerluce, que tem um caráter multifacetado e é sempre altamente positiva. Mas tem personagens muito interessantes, como a Josefa (Arlete Salles), a mãe da Arminda (Grazi Massafera). Ela sabe que a filha é uma bandida e faz o possível para infernizar a vida dela. Eu uso inclusive a suposta falta de memória, que ela realmente tem, para atrapalhar a vida da filha e castigá-la. Ela não é uma velhinha doce, ela é terrível. Tem a Arminda, que é uma daquelas minhas vilãs completamente ensandecidas, que são capazes de fazer as coisas mais absurdas e, ao mesmo tempo, parecer que são engraçadas, mas não são; são cruéis. Eu tenho toda uma linhagem de mulheres vilãs, além das heroínas, que causaram muito rumor. Foi o caso da Nazaré (Renata Sorrah em "Senhora do Destino"), que até hoje continua viva andando aí pelas ruas do Rio de Janeiro (risos).  

Como tem sido criar e escrever essa história ao lado do Virgílio Silva e do Zé Dassilva? 
Aguinaldo Silva - Tem sido muito legal, com a gente não tem tempo ruim. Começamos a trabalhar eu e o Virgílio, e então chamamos o Zé. Formamos o trio dos Silvas. É um trabalho que funciona como uma fábrica de montagem, somos três autores. Eu me acostumei a trabalhar em equipe no jornalismo. Na minha época, você tinha a obrigação de diariamente botar um jornal nas bancas, então todos trabalhavam para isso.

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

.: "São Florestas" discute os desafios socioambientais da região amazônica


Dirigida por Miguel De Almeida, a produção terá evento de lançamento em 28 de outubro, no Sesc 24 de Maio, em São Paulo, e estreia nacional no mesmo dia, no SescTV. Com 17 episódios, série “São Florestas” estreia 28 de outubro, às 20h, no SescTV. Foto: Santa Rita Filmes.

 
A Amazônia é território de vida e de urgências. Entre rios que se espalham como veias e comunidades que resistem em silêncio ou canto, nascem as histórias reunidas na nova série documental "São Florestas". Dirigida pelo jornalista e escritor Miguel de Almeida, a produção do SescTV conta com 17 episódios e estreia em 28 de outubro, com um convite a olhar a floresta pelo prisma de quem nela habita. O evento de lançamento acontece no Sesc 24 de Maio, em São Paulo, às 19h, com bate-papo entre o diretor da série, o meteorologista Carlos Nobre e a comunicadora Adriana Ramos, seguido de exibição de um dos episódios. A entrada é gratuita, com retirada de ingressos 1h antes na bilheteria da unidade.

A série não se organiza como narrativa única, mas como um mosaico de vozes. Povos originários, comunidades ribeirinhas, pesquisadores e lideranças sociais compõem um panorama que evidencia a Amazônia em múltiplas camadas. No momento em que o Brasil se prepara para sediar a COP 30, em Belém - a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que reúne anualmente representantes de quase 200 países para discutir políticas ambientais globais -, "São Florestas" reforça o coro ao recolocar a floresta no centro do debate: um território que abriga riquezas naturais e culturais, e, ao mesmo tempo, enfrenta desigualdades históricas e pressões globais.

 Para o diretor Miguel de Almeida, a Amazônia exige um olhar que transcende mapas políticos e abrace sua dimensão planetária. Inspirado por Humboldt, ele enxerga o bioma como parte de um organismo terrestre indivisível: “Somos um só sistema, um único corpo. A natureza passa sobre os desenhos humanos para ser uma única estrutura: a Terra”. A série equilibra essa macrovisão com o retrato íntimo das comunidades tradicionais, guardiãs dessa riqueza natural e cultural, reafirmando a floresta como protagonista de um debate urgente para todo o planeta.


Evento de lançamento
No dia 28 de outubro, às 19h, no Sesc 24 de Maio, acontece o lançamento de "São Florestas", com uma conversa sobre economia sustentável e saúde na Amazônia, entre o diretor Miguel De Almeida, o meteorologista Carlos Nobre - cientista de projeção internacional, Nobel da Paz em 2007 pelo IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, das Nações Unidas - e a comunicadora Adriana Ramos, voz incansável na defesa socioambiental da Amazônia.

Entre ciência, ativismo e narrativa, o bate-papo abre a primeira exibição pública da série, com o episódio Cidades e Comunidades Sustentáveis, que apresenta Afuá, a cidade suspensa sobre palafitas, onde bicicletas substituem carros e as marés definem o ritmo da vida, mostrando que tradição e inovação convivem em meio a tensões sociais e ambientais.

 
Estreia na TV
Às 20h00 do dia 28 de outubro, o SescTV estreia a série em sua programação com o episódio Pobreza x Abundância. A narrativa se abre com a extrativista Raimunda Rodrigues, da Reserva Extrativista do Rio Iriri, no Pará, que conta como o trabalho com o babaçu é uma tradição familiar, iniciada há muitas gerações. “A gente conseguiu não só alimentar nossa família e os ribeirinhos, mas também comercializar e ter uma renda maior para a comunidade”. Em suas mãos, o fruto da palmeira se converte em farinha, óleo e sustento. O gesto carrega não apenas sobrevivência, mas também uma economia silenciosa, mantida pelo ritmo da floresta.

 Na mesma trama, o engenheiro agrônomo Beto Veríssimo, do projeto Amazônia 2030, contrapõe números à experiência cotidiana. Para ele, o desmatamento perpetua a pobreza. O que parece crescimento - a expansão da fronteira agrícola, o extrativismo acelerado - revela-se um ciclo de devastação e terra improdutiva, deixando quase metade da população amazônica abaixo da linha da pobreza. Ao lado desses relatos, a voz de Patrícia Cota, do Origens Brasil, reforça outra perspectiva: a de que proteger a floresta passa por valorizar o trabalho de quem dela cuida.

Os episódios da série percorrem temas que dialogam diretamente com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), agenda global estabelecida pela ONU em 2015 para enfrentar desafios como pobreza, desigualdade e mudanças climáticas até 2030. Inspirados nos 17 ODS, os capítulos exploram desde o acesso a saneamento básico e energia limpa até a preservação da vida terrestre e aquática, passando pela igualdade de gênero, a educação e a justiça social.

Os temas abordados em "São Florestas" são: "Pobreza x Abundância"; "A Terra Mata a Fome"; "Saúde e Bem-Estar"; "Educação de Qualidade"; "Igualdade de Gênero"; "Água Potável e Saneamento"; "Energia Limpa e Acessível"; "Trabalho Decente e Crescimento Econômico"; "Indústria, Inovação e Infraestrutura"; "Redução das Desigualdades"; "Cidades e Comunidades Sustentáveis"; "Consumo e Produção Responsáveis"; "Ação Contra a Mudança Global do Clima"; "Vida na Água"; "Vida Terrestre"; "Paz, Justiça e Instituições Eficazes"; e "Parcerias e Meios de Implementação".

Cada episódio é uma tentativa de costurar narrativas - entre a voz da floresta e as urgências do presente - em busca de caminhos que possam sustentar um futuro possível.


Serviços
Série documental "São Florestas"
Direção e apresentação: Miguel de Almeida
Produção: Marcelo Braga – Santa Rita Filmes
Realização: SescTV
Conteúdo: 17 episódios
Duração aproximada: 30 min cada
Classificação indicativa: Livre
Estreia: 28 de outubro de 2025, terça-feira, às 20h, no SescTV 

Sob demanda 
Assista a séria na íntegra na plataforma sesc.digital
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Para sintonizar o SescTV:  
Consulte sua operadora   
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Evento de Lançamento
Dia 28 de outubro de 2025, terça-feira, às 19h00
Exibição do episódio “Cidades e Comunidades Sustentáveis”, seguida de bate-papo com diretor e convidados.
Local: Sesc 24 de Maio – Rua 24 de Maio, 109 - República/São Paulo
Grátis. Retirada de ingressos a partir das 18h00, na bilheteria.

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

.: Fenômeno da TV chega aos palcos: “Drag Race Brasil - Ao Vivo” vem aí


Com mais brilho que árvore de Natal em shopping, primeira turnê oficial do reality chega aos teatros brasileiros com estrelas da segunda temporada; veja datas e locais. Foto: divulgação


Preparem as perucas, ajustem as cintas e afiem as unhas: "Drag Race Brasil" vai sair da TV e descer do salto direto para os palcos! Depois de incendiar a telinha com looks de cair o queixo, lipsyncs de fazer até a Beyoncé repensar a carreira e momentos de pura gay energy, chegou a hora de viver isso tudo AO VIVO, bem na sua cara. A estreia rola em São Paulo, dia 6 de novembro, no Teatro Sabesp Frei Caneca - e não para por aí: entre março e abril de 2026, a tour vai rodar diversas capitais brasileiras, passando por Belo Horizonte, Porto Alegre, Floripa, Curitiba, Salvador, Recife, Natal e Fortaleza. 

Pensa na sensação de juntar as amigas todas na sala para berrar a cada look, soltar um “yas, mama!” no lipsync e fingir que não se emocionou com as histórias reveladas? Agora imagina isso ao vivo, com as queens brasileiras entregando tudo, ao som dos aplausos, glitter voando e a representatividade brilhando mais forte que anel de LED em boate. Pois é isso: “Drag Race Brasil - Ao Vivo” chegou pra transformar a sua noite no maior close certo do ano.

E vamos combinar: quem ainda acha que "Drag Race" é “só um realityzinho” precisa acordar, mon amour. O programa já virou religião pop, coleciona Emmy, lançou lendas internacionais e, no Brasil, virou pauta obrigatória de rodinha, feed, barzinho e até almoço de família (mesmo que a tia evangélica faça cara feia). Com Grag Queen no comando, cada episódio foi um evento coletivo que provou que representatividade não é moda: é movimento.

Por trás de todo esse bafo está a Realness, maior produtora de eventos drag da América Latina, e a World of Wonder, a mente por trás da franquia global. Ou seja: é poder, é história, é cultura queer levada a sério (mas com aquele deboche que a gente ama). A união garante o peso de duas empresas que conhecem como ninguém o poder desse fenômeno cultural.

“Drag Race Brasil - Ao Vivo” é uma celebração da arte drag e oferece aos fãs a chance única de prestigiar suas estrelas favoritas em uma experiência ao vivo. O show é estrelado por um elenco de drags icônicas da temporada:

Ruby Nox: A famosa drag pernambucana e finalista, que conquistou a todos ao trazer suas raízes para o programa.
Mellody Queen: Conhecida como a "lipsync assassin" da temporada, imbatível em suas dublagens icônicas.
Adora Black: A "fashion queen" da temporada, extremamente querida pelos fãs e responsável por muitos momentos emocionantes.
Desirée Beck: Já conhecida por participações em outros realities, dobrou o número de fãs e se tornou a "meme queen" da temporada.

A turnê já tem 11 cidades confirmadas, com a possibilidade de novas datas serem anunciadas. Os ingressos já estão à venda neste link. 

⁠6/11/2025 – São Paulo 
6/3/2026 – Belo Horizonte
7/3/2026 – Rio de Janeiro
13/3/2026 – Porto Alegre
14/3/2026 – Florianópolis
15/3/2026 – Curitiba
9/4/2026 – Salvador
10/4/2026 – Recife
11/4/2026 – Natal
12/4/2026 – Fortaleza


Sobre a Realness
Realness é a maior produtora de eventos drag da América Latina e referência na criação de experiências que celebram a arte, a diversidade e a representatividade da comunidade LGBTQIA+. Fundada por Paulo Matos com o propósito de transformar palcos em espaços de celebração e resistência, a empresa já assinou projetos de impacto cultural e popular, trazendo para o público brasileiro o brilho, o glamour e a irreverência que marcam a cena drag mundial.

Com um portfólio que une inovação, profissionalismo e paixão, a Realness se destaca por ser responsável por produções de grande porte que conectam fãs e artistas em espetáculos únicos. Entre eles, está a realização do “The Realness Fesfival” e do “Drag Race Brasil – Ao Vivo”, em parceria com a World of Wonder, que consolida a empresa como protagonista na expansão desse movimento cultural no país. Mais do que entretenimento, a Realness entende o palco como trincheira e vitrine: um lugar onde a arte drag mostra sua força política, estética e transformadora.


Sobre a World of Wonder:
World of Wonder (WOW) é uma das produtoras de entretenimento mais influentes do mundo, responsável por transformar cultura queer em fenômeno global. Fundada por Fenton Bailey e Randy Barbato, a empresa se consolidou ao criar conteúdos que desafiam padrões e amplificam vozes diversas, sempre com irreverência, inovação e impacto cultural.

Entre seus projetos mais icônicos está “RuPaul’s Drag Race”, franquia vencedora do Emmy que se tornou símbolo de representatividade LGBTQIA+ em escala internacional, gerando versões locais em vários países e dando visibilidade a artistas drag em todo o planeta. Além da televisão, a World of Wonder também atua em cinema, documentários e na WOW Presents Plus, sua própria plataforma de streaming dedicada a produções originais que celebram a diversidade.

Com sede em Los Angeles, a WOW é hoje referência na criação de formatos que misturam entretenimento, ativismo e cultura pop - provando que arte drag é muito mais que performance: é transformação, identidade e resistência.

terça-feira, 7 de outubro de 2025

.: Sérgio Mamberti tem jornada artística revisitada em série documental


Dirigida por Evaldo Mocarzel, produção em três episódios traça o mapa afetivo e político de um dos maiores intérpretes do país, da cena underground à gestão cultural. Foto: Matheus José Maria

A memória é também um palco por onde transitam vozes, imagens e silêncios que compõem a vida de um artista. É desse movimento que nasce "Sérgio Mamberti, Memórias de Um Ator Brasileiro", série documental dirigida por Evaldo Mocarzel, que revisita a trajetória do ator, diretor e gestor cultural falecido em 2021. Com três episódios, a produção estreia em 26 de setembro de 2025, às 22h00, no SescTV, com exibição semanal, e fica disponível na íntegra no site do canal e na plataforma e app Sesc Digital.

Mais do que um registro biográfico, a série apresenta um percurso em primeira pessoa, a partir de depoimentos de Mamberti e de extenso material de arquivo. Entrelaçam-se ali a história do teatro brasileiro, a resistência política, a cena cultural dos anos 1960 e 1970 e a intimidade de um artista que nunca separou vida e obra.

No primeiro episódio, o ator retorna à infância em Santos, no litoral paulista, onde o Clube de Cinema organizado por seu pai lhe apresentou mitos da cena brasileira, como o ator, diretor e dramaturgo Procópio Ferreira e a cantora Nora Ney. Foi também nesse período que, aos doze anos, conheceu a jornalista e escritora Patrícia Galvão, a Pagu, figura central na formação de seu olhar crítico.

Aos 17, mudou-se para São Paulo. Frequentava o Teatro de Arena, a Biblioteca Mário de Andrade e os bares onde bebiam José Celso Martinez Corrêa, Renato Borghi e uma geração decidida a reinventar a dramaturgia nacional. Ingressou na Escola de Arte Dramática da USP, a EAD. Fundada em 1948, a escola era referência nas discussões sobre o teatro moderno e se posicionava como peça central da dramaturgia paulistana.

A estreia profissional de Mamberti aconteceu em 1964, em meio ao Golpe Militar, na montagem de “O Inoportuno”, de Harold Pinter, sob a direção de Antônio Abujamra. Em apenas três anos de carreira, o ator recebeu o prêmio Saci - um dos mais cobiçados da época. Reconhecido pela crítica e pelo público, cultivou amizades duradouras no meio teatral, como Cacilda Becker, Walmor Chagas e o mestre polonês Zbigniew Ziembinski, arquiteto da encenação moderna no Brasil, por quem nutria devoção.

Os anos de censura e perseguição marcaram sua atuação política. "Durante o período da ditadura, o teatro assumiu a vanguarda da resistência, porque era um teatro extremamente politizado", recorda Mamberti. Filiado ao Partido Comunista, esteve em montagens como “Navalha na Carne”, de Plínio Marcos, e “O Balcão”, do francês Jean Genet, encenado pelo dramaturgo argentino Victor Garcia. Carregadas de crítica social, essas obras se tornaram símbolos de contestação e alvo frequente da repressão.

O segundo episódio da série conduz o espectador à casa de Mamberti no bairro da Bela Vista, em São Paulo. O espaço, aberto a artistas e intelectuais, transformou-se em ponto de encontro da contracultura. Uma casa de portas abertas, por onde transitavam nomes como Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso, os Novos Baianos, entre outros. Foi lá que recebeu a companhia anarquista norte-americana Living Theatre, cuja proposta de revolução sexual e dissolução das fronteiras entre arte e vida influenciou decisivamente sua geração.

Paralelamente ao teatro, Mamberti consolidava sua carreira no cinema, tornando-se um rosto familiar na filmografia marginal e autoral brasileira. Seus personagens em obras como “Toda Nudez Será Castigada” (1973), de Arnaldo Jabor, “O Bandido da Luz Vermelha” (1968), de Rogério Sganzerla, “Maldita Coincidência” (1979), de Sergio Bianchi, e “Brava Gente Brasileira” (2000), de Lúcia Murat, testemunhavam sua versatilidade nas telas. Cinéfilo voraz, o ator assistia de oito a dez filmes por semana e nutria o desejo silencioso de dirigir.

O episódio final da série remonta a uma experiência em Londres, nos anos 1970, ao lado de Gilberto Gil. A cena - um ritual lisérgico com mescalina - tornou-se profecia: em um futuro ainda distante, ambos estariam juntos na reconstrução da política cultural brasileira. Décadas mais tarde, no Ministério da Cultura de Gil (2003-2008), Mamberti foi Secretário de Políticas Públicas para Música e Artes Cênicas, ministro interino em diversas ocasiões e representante do país em fóruns internacionais, realizando, com um sorriso irônico, o desejo antigo de seu pai de vê-lo como diplomata. Esteve também à frente do extinto Teatro Crowne Plaza, em São Paulo, que se destacou por promover shows a preços populares e revelar novos nomes da música brasileira, como Cássia Eller, Zélia Duncan e Chico César.

Apesar da intensa atuação como gestor, Mamberti nunca deixou de se reconhecer, antes de tudo, como ator. "O ator tem uma função social, ele tem esse efeito multiplicador", reflete. Seus cadernos de colagens, utilizados como parte do processo criativo, revelam a disciplina com que construía personagens. Mesmo presente na televisão - em diversas novelas e na marcante série infantojuvenil Castelo Rá-Tim-Bum - e no cinema, ele mantinha o teatro como núcleo de sua trajetória e era categórico em sua fala: "O teatro é a arte do ator".

A série se encerra com uma visita ao Teatro Ruth Escobar, onde encenou a peça “O Balcão” por dois anos. O espaço se torna metáfora de um ciclo que se completa."Sérgio Mamberti, Memórias de Um Ator Brasileiro" ilumina uma vida dedicada à cena, marcada pela resistência, pela paixão e pela crença inabalável no poder transformador do palco. Compre a biografia de Sérgio Mamberti neste link.


Serviço
"Sérgio Mamberti, Memórias de Um Ator Brasileiro"
Série documental
Direção: Evaldo Mocarzel
Conteúdo: três episódios
Duração aproximada: 50 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Estreia: 26 de setembro, sexta-feira, às 22h


Sob demanda
Quando: a partir de 26 de setembro de 2025
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segunda-feira, 6 de outubro de 2025

.: Entrevista com Bea, defensora do pagode no "Estrela da Casa"


Natural de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, cantora defendeu o pagode ao longo da temporada e agora planeja se dedicar a um projeto audiovisual. Foto: Globo/Fábio Rocha


Bea deixou a disputa do talent show "Estrela da Casa" no último dia 30, já mirando na carreira de sucesso que pretende trilhar. Com 27 anos, a cantora natural de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, defendeu o pagode ao longo da temporada e agora planeja se dedicar a um projeto audiovisual. Com a certeza de que foi fiel à sua verdade do início ao fim, Bea afirma que não mudaria nada em sua participação no reality. “Tudo que as pessoas viram na TV é exatamente o que eu sou no dia a dia.  Eu sou isso na vida e não pretendo mudar”, ressalta. 


O que foi mais especial na sua participação no "Estrela da Casa"?
Bea -
Todo o aprendizado que eu pude absorver. Todas as oficinas, desafios de composição, as provas, tudo tinha um aprendizado muito genuíno. O que eu mais consegui desenvolver através desse aprendizado foi o meu lado de composição. Eu sempre compus, mas sempre tive uma limitação para compor. Sempre precisava de algum acontecimento para me inspirar. Hoje eu consigo compor aqui, sentada, só pegando um papel e uma caneta e começando a inventar. Isso é graças ao "Estrela da Casa". 
 

Qual foi sua dinâmica preferida? 
Bea - Eu acho que o "Desafio Musical" com o tema "Vilão de Novela", em que a gente teve que fazer uma música para o personagem Marco Aurélio, da novela "Vale Tudo". Foi literalmente um desafio, mas foi muito legal de fazer, porque eu usei todo o meu lado engraçado para compor a música junto com as outras pessoas. E foi interessante como saiu uma música muito boa, que super poderia ser usada na trilha da novela. 

 
De qual apresentação sua você mais gostou? 
Bea - Quando cantei “A Loba”, da Alcione. Foi a melhor de todas. Eu amo todas as minhas apresentações, mas eu nunca me entreguei 100% como eu me entreguei nessa apresentação, em toda a minha vida. 
 

Quais aprendizados você levou do "Estrela da Casa" para sua carreira? 
Bea - Bom, primeiro que a gente precisa organizar a carreira antes de subir no palco. Isso em todo o quesito: jurídico, comunicativo, visual, olhar para toda a gestão de carreira em si. A gente precisa ter uma estrutura para atender contratantes e donos de casas de shows. Não dá para ir faltando nada. Posicionamento no palco. Entender para onde olhar. Como se comunicar com o público. Como trazer o público para você. Aprender como ensinar o público a sua música nova, isso eu aprendi com a Daniela Mercury quando ela nos visitou no Centro de Treinamento. É preciso pensar no que fazer no pós-show. Por mais que se tenha uma equipe que responda para você, o artista tem que entender tudo o que está acontecendo. Não dá para eu entregar todas as suas demandas na mão de alguém sem saber o que esse alguém vai fazer. Então, essas coisas foram aprendizados muito importantes e que eu vou levar para a vida. Porque eu quero ter vários e vários anos de carreira. 
 

O que faria diferente, se tivesse a chance? 
Bea - Acho que eu não faria nada diferente. Eu seria exatamente o que eu fui, porque meu melhor amigo falou para mim que eu nunca fui tão fiel a mim como nesse programa. Nunca fui eu de maneira tão íntegra. E tudo que as pessoas viram na TV é exatamente o que eu sou no dia a dia. Com os meus pais, com os meus irmãos, com os meus amigos, com os meus fãs, com os meus funcionários, meus sócios. Eu sou isso na vida e não pretendo mudar. Mesmo que algumas pessoas não concordem com algumas coisas, sempre vai ter alguém que não vai concordar. Nem Jesus agradou todo mundo, então eu também não tenho como agradar. Mas me alegra saber que estou sendo eu. 
 

Quem tem mais chances de sair vencedor ou vencedora? E para quem fica sua torcida?   
Bea - Eu acho que quem tem mais chance é o Hanii, porque ele é um artista completo. Ele tem vocal, tem performance, ele lida bem com a câmera, é um artista confiante. Ele pode estar passando a barreira que for, mas se ele precisa entregar alguma coisa, ele se concentra e entrega. Ele é dedicado, ensaia igual louco, se cobra, pede opinião... é uma pessoa empática. É uma pessoa que trata muito bem os fãs. Ele merece muito porque ele é de fato uma estrela. E a minha torcida é toda para ele. Eu vou votar muito, dar a minha vida para esse menino ganhar esse programa. 

Quais são os próximos passos da sua carreira?
Primeiro eu quero entender como ficaram as coisas aqui fora. Eu tenho um projeto de pagode lá em Campinas, em São Paulo, e eu tive que deixar esse projeto com alguns amigos cantando no meu lugar, fazendo o projeto no meu lugar, que rola todo sábado. E agora eu quero entender como é que ficou isso, se a casa vai comportar o meu público novo, se esse projeto vai continuar. Mas a minha grande meta, a médio prazo, é o meu audiovisual, o meu DVD. Já estou com várias ideias. Algumas coisas já passei para o bloco de notas do celular. Quero pôr em prática para, no máximo, já ter gravado até abril do ano que vem. 

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

.: True crime: série sobre Ângela Diniz e Doca Street estreia em 13 de novembro


A HBO Max acaba de anunciar a estreia de sua nova série Max Original, .: "Ângela Diniz: assassinada e Condenada", para o dia 13 de novembro. A plataforma também divulgou um teaser exclusivo com as primeiras imagens do drama. Baseada em um crime real, a produção da Conspiração é dirigida por Andrucha Waddington e terá seis episódios.  

A trama parte do podcast "Praia dos Ossos" e revisita a história de Ângela Diniz, uma mulher que, por sua liberdade e autonomia, desafiou os padrões impostos às mulheres e foi brutalmente punida por isso. Seu último relacionamento terminou em tragédia quando foi assassinada com quatro tiros à queima-roupa pelo namorado Doca Street, sob a justificativa de “legítima defesa da honra” - um caso que impulsionou movimentos feministas em todo o país. 

O teaser antecipa a atmosfera intensa da produção, começando com registros de uma Ângela radiante e em momentos felizes, mas logo revelando a virada trágica de sua trajetória. As imagens evoluem para cenas de tensão crescente, incluindo a violência de Doca contra Ângela, reforçando o tom dramático e a gravidade da história real que inspira a série. 

Fazem parte do elenco Marjorie Estiano como Ângela e Emilio Dantas como Doca Street. Também integram a produção Antonio Fagundes (no papel do advogado e ex-ministro do STF Evandro Lins Silva), Thiago Lacerda (Ibrahim Sued), Camila Márdila (Lulu Prado), Yara de Novaes (Maria Diniz). Completam o elenco Thelmo Fernandes, Renata Gaspar, Tóia Ferraz, Carolina Ferman, Joaquim Lopes, Emílio de Mello, Marina Provenzzano, Maria Volpe, Gustavo Wabner, Ester Jablonski, Pedro Nercessian, Deco Almeida, Stepan Nercessian, Daniela Galli, Priscila Sztejnman, Tatsu Carvalho, Charles Fricks e Alli Willow.  

"Ângela Diniz: assassinada e Condenada" é uma série de ficção Max Original produzida pela Conspiração. Escrita por Elena Soárez, Pedro Perazzo e Thais Tavares conta com direção geral de Andrucha Waddington e direção de 2ª. unidade de Rebeca Diniz. A produção é assinada por Waddington e Renata Brandão. Pela Warner Bros. Discovery, a produção executiva fica a cargo de Mariano Cesar, Anouk Aaron e Vanessa Miranda. 

.: TV Cultura estreia série nacional que transforma cinema em oráculo


No palco, Ana Arruda, Dilma Campos e PaulaTrabulsi. Foto: Silvana Garzaro


Nesta quarta-feira, dia 1° de outubro, às 22h00, estreia na TV Cultura a primeira temporada da série nacional "BELAScomASAS". Em seis episódios, a produção transforma o cinema em oráculo contemporâneo, convocando clássicos e obras emblemáticas como gatilhos para refletir sobre dilemas urgentes da sociedade atual. A apresentação é da cineasta Paula Trabulsi. A proposta une o melhor da curadoria do Cine Belas Artes - ícone cultural de São Paulo desde 1956 – ao olhar crítico e criativo de pensadores, artistas e convidados do Coletivo Internacional de Inteligência Criativa ASAS.BR.COM.

Com direção e concepção artística de Paula Trabulsi, sócia do Belas Artes e fundadora da ASAS.BR.COM, o programa acontece no palco do próprio Cinema Belas Artes, mesclando trechos de filmes com bate-papos instigantes de convidados, como a socióloga Isabelle Anchieta, o psicanalista Christian Dunker, a psicóloga Lúcia Rosenberg, o jornalista Fernando Luna, entre outros. Cada episódio parte de uma pergunta inquietante para atravessar obras-primas do cinema e, a partir delas, propor conversas abertas e plurais.


Primeiro episódio
Com o tema "A Tecnologia Te Humaniza?", a edição revisita os filmes "Blade Runner", "A Rede Social", "Matrix", "Her", "Jogador N.º 1" e "Não Olhe Para Cima" e discute como a tecnologia redefine nossa humanidade e nossos vínculos sociais. Para debater o assunto, estão no palco do programa Ana Arruda, especialista em Cinema e Tecnologias Imersivas, e Dilma Campos, líder em Inovação ESG.

terça-feira, 23 de setembro de 2025

.: "Estrela da Casa": Brenno Casagrande faz da emoção uma marca registrada


Brenno Casagrande marcou o "Estrela da Casa" e já prepara novos voos na música. Foto: Globo/ Gabriel Vaguel


O baiano Brenno Casagrande conquistou o público do "Estrela da Casa" com voz doce, carisma e forte presença de palco, marcada pela herança musical que carrega do pai, também cantor. Durante sua trajetória no talent show, emocionou com interpretações cheias de verdade, criou laços fortes com os colegas de confinamento e surpreendeu ao se arriscar até na dança - momento em que recebeu, em tom carinhoso, o apelido de “novo Léo Santana”. 

Quarto eliminado da segunda temporada do programa, Brenno sai grato pela experiência e já com os olhos voltados para os próximos passos da carreira. Em entrevista, ele fala sobre as apresentações favoritas, os aprendizados que leva para a vida e os planos de lançar músicas inéditas, parcerias e até um grande audiovisual.

O que foi mais especial na sua participação no "Estrela da Casa"?
Brenno Casagrande - Foi me redescobrir como pessoa, como artista, me desbloquear para muitas coisas, como dançar. Estão me chamando de novo Léo Santana, sei que estou muito longe disso, mas estão me chamando. Eu dancei em todos os festivais. Tem pessoas na equipe que mudaram a minha vida, tanto nos ensinamentos de dança quanto de voz e carreira. Vou levar o que aprendi e seguir assistindo para aplicar essas dicas na minha trajetória, através da TV mesmo.


Qual foi sua dinâmica preferida?
Brenno Casagrande - Compor. A dinâmica do jingle é muito boa, mas a que mais me marcou foi a do "Desafio - Estrela da Casa". Na última, eu ganhei com os meninos com uma música falando sobre fé. Mas a minha música preferida do programa foi o jingle para o "Criança Esperança".


De qual apresentação sua você mais gostou?
Brenno Casagrande - A minha apresentação preferida foi a primeira, quando cantei "Vai Sacudir, Vai Abalar", música do meu pai. Eu estava muito emocionado, achei que ia chorar feito louco, mas consegui segurar a onda. Só chorei quando a apresentação acabou. Estava imune, estava leve. Foi a mais emocionante, sem dúvidas.


Quais aprendizados você está levando do "Estrela da Casa" para sua carreira?
Brenno Casagrande - Aprendi que a gente tem que manter a nossa verdade, que o carisma conta bastante, e que é importante deixar uma marca registrada nas pessoas. Acredito que deixei essa marca, porque ontem vi um vídeo de todos reunidos na sala de composição cantando a música do meu pai, me homenageando e fazendo a flecha, que é o sinal que eu criei. Fiquei muito emocionado, foi a única vez que chorei depois de sair do programa. Tive certeza de que estou na vida deles para sempre.


O que faria diferente, se tivesse a chance?
Brenno Casagrande - Talvez eu tivesse me esforçado mais para ganhar a imunidade e não ser eliminado ontem. Mas, quanto aos meus comportamentos, não me arrependo. Fui quem eu realmente sou. Já liguei para o meu irmão, para minha esposa, para minha mãe, para o meu pai... todo mundo me parabenizou pelo meu comportamento, pelas minhas falas e posturas. Então, se agradei minha família, não tenho mais o que mudar.


Na sua opinião, quem tem mais chances de sair vencedor ou vencedora? E pra quem fica sua torcida?
Brenno Casagrande - Hanii, Thainá e Juceir. São meus três favoritos. Estou torcendo igualmente para os três.

Quais são os próximos passos da sua carreira?
Brenno Casagrande - Lançar músicas. Tenho muitas em parceria com outros artistas. Quero fazer um audiovisual lindão, continuar brilhando... Meu lugar ao sol chegou, né? Então, agora é brilhar pelo Brasil afora. E para as pessoas que acompanham o programa e têm o sonho de estar aqui: não desistam. Eu fui um sonhador, sonhei muito em estar aqui, e em 2025 consegui entrar no "Estrela da Casa". Então, é sobre não desistir.

sábado, 30 de agosto de 2025

.: Entrevista: Nirah fala sobre "Estrela da Casa" e projeta novos passos na carreira


Direto da Ilha de Marajó para o palco do Estrela da Casa, Nirah levou o tecnomelody para todo o Brasil e, mesmo como a primeira eliminada, conquistou visibilidade, novos fãs e planos ambiciosos para a carreira. Foto: Globo/ Gabriel Vaguel


Da Ilha de Marajó, no Pará, para todo o Brasil: Nirah levou para o programa "Estrela da Casa" o orgulho de suas raízes e mostrou a todo o país a música tecnomelody. A cantora foi a primeira competidora a deixar o reality, na noite de ontem, dia 28, mas conta que aproveitou cada segundo de sua permanência, especialmente as trocas com os outros participantes. Agora, está focada em seus objetivos pós-programa: aproveitar a visibilidade que atingiu e voltar a fazer shows, além de lançar um clipe já gravado e compor um próximo hit. 

"Vivi um sonho no 'Estrela da Casa'. Meu coração está cheio de gratidão", resume a eliminada sobre a experiência do programa. Em entrevista, ela fala sobre a experiência. "Estrela da Casa" é um formato original e inédito Globo, com apresentação de Ana Clara, produção de Maiana Timoner e Rodrigo Tapias, direção geral de Aída Silva e Carlo Milani e direção de gênero de Rodrigo Dourado. O reality é exibido de segunda a sábado, após "Vale Tudo", e domingo, após o "Fantástico".    
 

O que foi mais especial na sua participação no "Estrela da Casa"? 
Nirah - As pessoas me marcaram muito. Apesar do pouco tempo, o programa é muito intenso. No confinamento, eu já estava falando "semana passada" sobre algo que tinha acontecido na segunda-feira, só alguns dias antes. O carinho e a amizade de todos são coisas que ficam. Só tem gente linda e especial, com o coração e caráter lindos, ali. Falei que quero eles todos no Pará, tomando açaí com peixe e farinha da baguda, dançando brega, conhecendo a aparelhagem, e é verdade. Foi um convite que eu fiz de coração, quero todo mundo realmente junto comigo para a gente curtir muito.
 

Qual foi sua dinâmica preferida?
Nirah - A dinâmica em que eu mais fiquei impressionada e me senti mais desafiada foi a do jingle. O compositor que fez a parte inicial, Renno Poeta, começou a me seguir hoje nas redes sociais e eu fiquei muito feliz porque o encontro com ele foi uma oportunidade única. Eu, como compositora amadora, peguei dicas incríveis. Essa foi a coisa que mais me marcou. Foi uma honra ter a oportunidade de aprender com ele, e eu vou levar para o resto da minha vida o conhecimento que ele nos passou.
 

De qual apresentação sua você mais gostou?
Nirah - Estou feliz com tudo, mas acho que eu poderia ter sido melhor em todas elas. Eu sinto que me prejudiquei um pouco porque fiquei eufórica, gritei, cantei, fiz um monte de doidice, e acabei perdendo a voz. Foi difícil para mim aceitar isso porque eu sei que eu poderia ter entregado mais se eu tivesse tido responsabilidade com a minha voz. Deveria ter seguido as dicas da Nina [Pancevski, preparadora vocal do programa], que foram preciosas. Mas, acho que ninguém seguiu completamente porque no programa é uma loucura, uma empolgação enorme (risos).
 

Quais aprendizados você está levando do "Estrela da Casa" para a sua carreira?
Nirah - Muitos! Eu me testei em um nível muito elevado, e talvez tenha sido a coisa mais difícil que eu fiz na minha vida. Eu canto um ritmo diferente, que é o tecnomelody, o brega, e eu pensava em como as pessoas iriam abraçar isso. Pensei muito na minha vida, na minha família, e veio um misto de sentimentos. A gente fica muito aflorado, tentando separar as coisas e acalmar a mente. Mas eu fiquei muito feliz com o resultado que consegui porque pensei: "Eu sou forte demais, não é qualquer pessoa que chega até aqui". Cheguei, me testei e vi que sou capaz. Tudo foi muito gratificante. Preciso ainda citar o Michel Teló, uma pessoa incrível, e o que o Dinho Ouro Preto me falou após a minha eliminação. Ele olhou dentro dos meus olhos, na minha alma, e me disse que eu não podia parar, que eu era gigante. Eu vi a emoção que ele trazia. Aí, desabei -  não dá para ser forte o tempo todo (risos). Vivi um sonho no 'Estrela da Casa'. Meu coração está cheio de gratidão.
 

O que faria diferente, se tivesse a chance?
Nirah - Acho que eu teria batido mais o pé no Tecnomelody. Teria ido de brega já no início. Cantei Tecnomelody na música de apresentação, entrei grandona, mas outros clássicos do gênero estavam organizados para um pouco mais para frente, numa crescente. E acabei não chegando lá. Eu teria trazido essas músicas mais para o início da competição.


Na sua opinião, quem tem mais chances de sair vencedor ou vencedora? 
Nirah - Eu me apaixonei por todo mundo, e de cara pela Ruama Feitosa e pela Bea. Ri tanto com elas como nunca na minha vida, de doer a barriga! Até agradeci a Deus! (risos). Quanto à presença de palco, charme, admiro muito a Talíz. Ela domina o palco, é uma diva. Inclusive fui aprendendo com ela uma coisa aqui e outra ali que vou trazer para a minha vida. Também acho a Thainá Gonçalves uma coisa absurda. Olhava para ela e pensava: "Meu Deus, isso existe? Vem de outro planeta?". Ela canta como um anjo, você sente a presença de Deus. Quando ela abre a boca, com aquele vozerão, a gente fica arrepiado, emocionado. Quem chegar à final é um grande merecedor; todos têm uma história muito linda, também.


E para quem fica sua torcida? 
Nirah - Eu tenho um conterrâneo lá dentro, o Daniel Sobral, e a minha torcida com certeza é para ele. Torço por todos, mas quero muito que ele chegue à final, pelo menos. Ele canta absurdo, tem uma voz surreal! 


Quais são os próximos passos da sua carreira? Já consegue pensar em alguma coisa?
Nirah - Com certeza! Já avisei ao meu esposo: "Meu filho, vamos embora trabalhar porque a gente não pode parar!" (risos). Sei que agora é um momento de evidência, então vamos lá. Nunca parei na minha vida, não será agora. Quero montar um novo show, fechar apresentações e ir para os palcos cantar. Também me reunir urgentemente com outros compositores e lançar um próximo hit. E quero lançar o clipe da minha música "Meu Love", que já estava pronto antes do programa. A música está quase batendo 100 mil reproduções, e um outro clipe que eu já tinha lançado chegou a 500 mil. Tem noção disso? Consegui a marca de meio milhão de visualizações! Então, por tudo isso, o 'Estrela da Casa' já foi grandioso. Estou muito grata e muito feliz porque não é qualquer artista, com o tamanho como o meu, que consegue atingir essas marcas.

sábado, 23 de agosto de 2025

.: Entrevista: Antonio Fagundes relembra papel em "Terra Nostra"


No ar como Otávio em "A Viagem", ator também poderá ser visto como Gumercindo em "Terra Nostra". Foto: Globo/divulgação


Escrita por Benedito Ruy Barbosa, autor de títulos que marcaram gerações de brasileiros, "Terra Nostra" retorna às telas da TV Globo em 1º de setembro no "Edição Especial". Com a saga da imigração italiana ao Brasil no final do século XIX e retratos da vida rural vivenciada por muitos imigrantes como pano de fundo, a novela traz Antonio Fagundes no papel de Gumercindo, um dos personagens centrais da história. “Desde a década de 70, eu já pesquisava sobre essa época, seu impacto no Brasil e algumas das questões abordadas pela novela. Esse contato anterior com o tema naturalmente contribuiu para a construção do personagem”, revela o ator.

Na trama, Gumercindo é dono de uma grande fazenda de café em decadência, sem mão de obra para o cultivo e a colheita do grão. Com a chegada dos imigrantes italianos em busca de trabalho, o coronel os contrata para dar continuidade à produção. Acostumado a não ser contrariado, ele enfrenta dificuldades para lidar com os recém-chegados, que lutam por seus direitos como trabalhadores e cidadãos no novo país. Aos poucos, no entanto, o lado justo de Gumercindo começa a reconhecer as qualidades do povo que passa a trabalhar em sua propriedade.

Casado com Maria do Socorro (Débora Duarte), Gumercindo é pai de Rosana (Carolina Kasting) e Angélica (Paloma Duarte), que sofrem com o autoritarismo do patriarca e o tratamento frio dispensado à mãe. O fazendeiro culpa a esposa por não terem tido um filho homem, seu grande sonho. A novela marcou a segunda vez em que o ator e Débora Duarte contracenaram como par romântico. Além da atriz, outros nomes estrelares integravam ou orbitavam o núcleo de Gumercindo. “Repeti a parceria com a querida Débora Duarte, com quem já havia feito par romântico em ‘Corpo a Corpo’. Foi muito bom reencontrá-la. Também tínhamos o querido Raul Cortez, Maria Fernanda Cândido, Ângela Vieira... Foi um enorme prazer”, comenta Fagundes. Com estreia marcada para 1º de setembro, logo após o "Jornal Hoje", "Terra Nostra" é uma obra de Benedito Ruy Barbosa, escrita com colaboração de Edmara Barbosa e Edilene Barbosa. A novela tem direção geral de Jayme Monjardim e direção de Marcelo Travesso e Carlos Magalhães.


Com a estreia de "Terra Nostra" no "Edição Especial", você estará no ar simultaneamente como Gumercindo e como Otávio, de "A Viagem", que está em reprise no "Vale a Pena Ver de Novo". O que mais emociona você ao revisitar esses trabalhos?
Antonio Fagundes - Talvez o trabalho do ator seja um dos poucos que permitem essa alegria de transitar por universos tão diferentes, de uma obra para outra, o que é extremamente estimulante para nós - e acredito que também para quem gosta de acompanhar novelas. Sem as reprises, o público talvez tivesse um pouco menos de percepção das diferenças entre os trabalhos de um ator, pelo fato das novelas serem mais longas e espaçadas. Com as reexibições, surgem oportunidades como essa: assistir, ao mesmo tempo, a dois personagens com características tão contrastantes.
 

O que essa novela representou para você como ator, em termos de desafio artístico e contribuição cultural?
Antonio Fagundes Por coincidência, eu vinha de um longo trabalho com um autor italiano, Dario Fo. Fiz uma peça dele no Brasil chamada "Morte Acidental de Um Anarquista", que ficou sete anos em cartaz. E, quando "Terra Nostra" estava em montagem, eu estava em cena com o espetáculo "Últimas Luas", de outro autor italiano igualmente importante, Furio Bordon. Assim, mergulhar em uma nova parte do universo italiano por meio da novela foi, para mim, um complemento muito significativo e bem-vindo. Foi marcante estar diretamente envolvido com a cultura italiana naquele período.
 

Houve algum momento da trama que tenha sido particularmente desafiador para você?
Antonio Fagundes Toda obra representa um desafio para qualquer ator, mas gosto de frisar que nosso trabalho não se resume ao período em que estamos em cena. Nós nos preparamos ao longo da vida para as histórias que vamos contar, e com essa novela não foi diferente. Realizei um trabalho muito interessante no cinema, o filme "Gaijin - Os Caminhos da Liberdade" (1979), dirigido por Tizuka Yamasaki. Embora a obra abordasse, principalmente, a imigração japonesa, ela também contemplava o contexto da imigração italiana. Desde aquela época, na década de 70, eu já pesquisava sobre esse período histórico, seu impacto no Brasil e algumas das questões que a novela trata. O contato prévio com esse universo naturalmente me ajudou na construção do Gumercindo. 


Que lembranças você guarda desse trabalho e da rotina de gravação?
Antonio Fagundes Guardo apenas boas lembranças dessa novela. O elenco era maravilhoso e o ambiente das gravações, muito harmonioso. Repeti a parceria com a querida Débora Duarte, com quem já havia feito par romântico em "Corpo a Corpo". Foi muito bom reencontrá-la nesse projeto. Também tínhamos o querido Raul Cortez, Maria Fernanda Cândido, Ângela Vieira... era muita gente boa. Foi um enorme prazer.

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

.: Isis Valverde lança nova coletânea "Vermelho Rubro" de poemas autorais


Com o lançamento de "Vermelho Rubro", a atriz Isis Valverde mostra-se uma autora sensível, capaz de transformar dores, desilusões amorosas, memórias familiares e inquietações existenciais em poesia sincera, densa, delicada e sempre humana. Publicada pelo Citadel Grupo Editorial, a coletânea reúne poemas escritos ao longo de cinco anos e é dedicada a Rosalba Nable, mãe da artista, que venceu o câncer de mama após intensas sessões de quimio e radioterapia em 2024. 

Famosa por papéis marcantes na televisão e no cinema, Isis revisita episódios pessoais e reflete sobre laços afetivos por meio de uma escrita direta, e impactante. Cada composição ajuda a formar um mosaico emocional que revela a mãe, a filha, a esposa e, acima de tudo, a mulher real por trás da figura pública exposta aos holofotes. 

No prefácio, Nelson Motta descreve a obra como um “compilado de confissões poéticas de uma jovem estrela pop que todos imaginam levar uma vida perfeita de Instagram”. Nessa linha, os poemas desmontam a ilusão da perfeição por trás da fama e conduzem o leitor pelos escombros de uma alma que sangra e floresce. 

Com coragem literária, Isis se desnuda e compartilha sentimentos muitas vezes silenciados. Inseguranças, fracassos, saudades mal resolvidas, mágoas guardadas e desejos não ditos são explorados. Por outro lado, também celebra a felicidade, a liberdade criativa, o empoderamento feminino e a euforia de se permitir sentir plenamente. “Escrevo quando a dor aperta ou quando a alegria transborda”, explica. 

Ela faz questão, porém, de esclarecer que o livro não é um espelho fiel de sua vivência ou um diário confessional, mas uma travessia lírica por emoções profundas, fantasias e cicatrizes transformadas em arte. Ao definir a própria escrita como um tipo de realismo fantástico, ela se permite transitar entre a realidade e a ficção. 

O lançamento aborda temas universais como o medo da perda, a solidão que resta após um fim, o anseio por um amor acolhedor, o envelhecimento, as transformações do corpo e da alma. A saudade da infância em Aiuruoca, cidade natal no interior de Minas Gerais, aparece como um refúgio afetivo onde ainda se pode experimentar a leveza de outrora. 

Nesse novo compilado de textos, a estrela reforça o hábito de escrever como forma de resgate, como válvula de escape e instrumento terapêutico. Ao se dedicar às palavras, Isis se reconecta com a essência da arte: tocar o outro com o que há de mais verdadeiro. Mesmo nas passagens mais dolorosas, Isis não levanta muros de lamentos, mas constrói pontes de cura.  

Com título inspirado na intensidade sanguínea que permeia cada página, "Vermelho Rubro" convida à vulnerabilidade, à introspecção e à aceitação da beleza imperfeita. Ao dar voz a sentimentos tão comuns, mas frequentemente calados, Isis Valverde entrega um livro que sangra, sim, mas também pulsa com força vital.


Sobre a autora
Isis Valverde
nasceu em Aiuruoca, no sul de Minas Gerais, em 1987. Ainda jovem, trabalhou como modelo e participou de campanhas publicitárias. Estreou como atriz em 2006, na novela Sinhá Moça, da Rede Globo. De lá para cá, já participou de mais de uma dezena de outras novelas, minisséries,e filmes. Por seu trabalho, recebeu diversos prêmios. Mãe de Rael e casada com Marcus Buaiz, Isis é autora dos livros “Camélias” e “Vermelho Rubro”. Foto: Hick Duarte

.: Entrevista com Antonio Calloni: ator comemora retorno de "Terra Nostra"


Em entrevista, o ator relembra a experiência de interpretar um personagem italiano que imigrou para o Brasil, trajetória semelhante a de seu bisavô. Foto: Jorge Baumann


Uma das maiores produções do horário nobre da teledramaturgia brasileira, "Terra Nostra" volta às telas da TV Globo em 1º de setembro, no ‘Edição Especial’. Exibida originalmente em 1999, a novela retorna à programação no ano em que a emissora celebra seu 60º aniversário. A trama, que tem como pano de fundo a saga da imigração italiana ao Brasil no final do século XIX, retrata a história de diversas famílias ítalo-brasileiras, assim como a de Antonio Calloni, intérprete do personagem Bartolo. “Meu bisavô chegou ao Brasil na mesma leva de imigrantes retratada na novela, e isso tornou ainda mais emocionante participar dessa obra e contribuir para contar uma história da qual faço parte”, revela o ator.
 
Na trama, Bartolo é um italiano batalhador, que parte com sua esposa, Leonora (Lu Grimaldi), e a filha rumo ao Brasil em busca de oportunidades de trabalho. No trajeto, se torna amigo do jovem Matteo (Thiago Lacerda) e, junto a ele, o camponês e sua mulher vão trabalhar na fazenda de café de Gumercindo (Antonio Fagundes) quando chegam em São Paulo. Idealista, sincero e ciente de todos os seus direitos como cidadão no novo país, Bartolo encara a nova realidade sem medo do ofício. Descendente de italianos imigrados, Antonio Calloni tinha, em sua própria história, referências para dar vida ao personagem. “Aprendi a falar italiano antes mesmo do português, e isso, de certa forma, tornou a interpretação muito orgânica para mim - tanto no gestual quanto no sotaque”, compartilha. Com estreia marcada para 1º de setembro, logo após o "Jornal Hoje", "Terra Nostra" é uma obra de Benedito Ruy Barbosa, escrita com colaboração de Edmara Barbosa e Edilene Barbosa. A direção geral é de Jayme Monjardim, com direção de Marcelo Travesso e Carlos Magalhães.
  

Como você recebeu a notícia da reprise da novela agora, mais de duas décadas depois?
Antonio Calloni - Fiquei muito feliz com a notícia da reprise. ‘Terra Nostra’ marcou a minha vida, pois, de certa forma, retrata a história da minha própria família – como tantas outras descendentes de italianos. Meu bisavô chegou ao Brasil na mesma leva de imigração dos personagens da novela, e isso tornou ainda mais emocionante participar dessa obra e contribuir para contar uma história da qual faço parte.
 

Você se lembra do que te encantou no Bartolo quando leu o texto pela primeira vez?
Antonio Calloni - Sim, as cenas fantásticas dos primeiros capítulos, quando Bartolo e Leonora acreditam que a filha morreu. São sequências muito emocionantes. A peste estava se espalhando pelo navio, e aqueles personagens viviam um drama intenso, que resultou em cenas marcantes e comoventes, muito comentadas na época da exibição.
 

Como foi o processo de caracterização do personagem?
Antonio Calloni - Aprendi a falar italiano antes mesmo do português, e isso, de certa forma, tornou a interpretação do personagem muito orgânica para mim – tanto no gestual quanto no sotaque. Ter o italiano como primeira língua fez com que tudo fluísse de maneira natural.
 

Há alguma lembrança de bastidores com o elenco ou a equipe que tenha te marcado durante as gravações da novela?
Antonio Calloni - Sim, uma lembrança muito especial foi quando gravávamos no Memorial do Imigrante e encontrei o documento do meu bisavô lá. Naquele momento, eu estava caracterizado como Bartolo, cercado por muitos figurantes, e me vi inserido no mesmo contexto em que meu bisavô desembarcou. Foi uma experiência muito emocionante. Essa novela, sem dúvida, marcou toda a colônia italiana. Foi um enorme prazer fazer parte dela, e estou curioso para ver essa reprise. Grazie mille.
 

domingo, 17 de agosto de 2025

.: Entrevista: Mateus Honori celebra o poder das narrativas nordestinas


Em entrevista ao portal Resenhando.com, Mateus Honori fala sobre fé, ancestralidade, música e as contradições de interpretar personagens que atravessam a história do sertão e da cultura nordestina. Foto: divulgação

Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. 

Celebrar as raízes é mais do que um gesto de afeto, pode ser também um ato político e artístico. O ator e músico Mateus Honori parece saber disso desde sempre. Nordestino de Fortaleza, ele se entrega a personagens que não apenas contam histórias, mas também acionam memórias coletivas - de Lampião a Rodger Rogério, da poeira do sertão às canções do “Pessoal do Ceará”. Em "Guerreiros do Sol", a novela do Globoplay, é Lucínio, um coiteiro que vive entre lealdades e traições; na minissérie "Alucinação", no Canal Brasil, dá vida a Rodger, parceiro de Belchior e figura central de um dos movimentos mais efervescentes da música brasileira.

Mas a arte de Honori não se limita às telas. Ao lado da atriz e cantora Lua Martins, ele criou o projeto musical "Luar", que revisita clássicos e composições autorais com a força poética de quem olha para o passado sem perder a invenção do presente. Em setembro, eles partem em turnê pelo Ceará, levando palco adentro essa fusão de música, memória e destino. Entre quedas de cavalo milagrosamente sem arranhões, encontros com ídolos vivos e a visceralidade de filmar no sertão, Mateus Honori compartilha com exclusividade para o portal Resenhando.com a trajetória recente - e não hesita em enfrentar perguntas que cutucam o visível e o invisível.

Resenhando.com - Em “Guerreiros do Sol”, você se embrenha no cangaço com suor, poeira e transcendência. Em que momento da gravação você sentiu que não era mais o Mateus, mas sim um corpo ancestral reencarnado naquele chão?
Mateus Honori - Após a morte de Josué, quando justiça e vingança viram uma coisa só. Quando Josué morre, Lucinio, começa a trabalhar com Rosa e começa a se envolver em tramas cada vez mais perigosas, pra ele mesmo. Está vindo uma grande guerra, o ápice da série, Josué morto, sua bebê sequestrada, cabeças expostas em praça pública, Arduino um completo assassino, todo esse momento, foi marcante, pelo clima de tensão que se criou. Nessas cenas senti tudo gritando no corpo.

 
Resenhando.com - Lucínio, Jararaca, Rodger Rogério… São personagens reais ou realistas, com vidas marcadas por contradições. Qual deles mais abalou suas certezas pessoais e exigiu que você desmontasse suas próprias verdades?
Mateus Honori - Nenhum, eu não julgo os personagens, sempre encontro pontos de conexão com eles, todo ser humano é contraditório e eu acredito ser essa uma boa estratégia de abordar personagens complexos, sem hipocrisias. Encontrei três pessoas diferentes, com razões, ideais e valores diferentes, mas todos reais.

 
Resenhando.com - Você rezou no túmulo de Jararaca antes de interpretá-lo. A queda de cavalo sem nenhum arranhão foi sinal, proteção ou aviso? Você é do tipo que escuta o invisível?
Mateus Honori - Eu sou uma pessoa bastante sensível a todas as questões espirituais. Acho que foi proteção, eu pedi e ela veio.

 
Resenhando.com - Rodger Rogério brincou dizendo que você é bonito demais pra ser ele. A vaidade e a fidelidade ao retratado travaram algum duelo durante a caracterização? Já teve que ficar “menos bonito” por um papel?
Mateus Honori - Acho que não, eu estou sempre a serviço do personagem. Durante os processos de caracterização, quanto mais eu mudo, mais gosto, amo trocar de cabelo, de roupa de estilo, acho essa inclusive, uma das partes mais legais do meu trabalho. A minha vaidade não luta com isso.
 

Resenhando.com - No set de “Alucinação”, vocês recriaram o espírito de trupe dos anos 70. Existe algo de hoje que você trocaria pela liberdade (ou ilusão dela) que aquele grupo viveu na Praia de Iracema?
Mateus Honori - Gostaria de ter vivido a segurança dos 70. Violão nas ruas, cantoria nas praças, praia até de madrugada. Essa liberdade nos perdermos, pra violência.
 

Resenhando.com - Em “Luar”, você e Lua Martins criam canções que entrelaçam “natureza, o etéreo e o destino”. Alguma dessas músicas nasceu de um sonho, um delírio ou um silêncio cheio de sentido?
Mateus Honori - Todas (risos). Todas as canções autorais nascem de uma reflexão silenciosa e uma observação sensível. “A Reza” da Lua Martins, nasceu de uma só vez, ao pegar no violão, como uma psicografia. A minha “Jacarandá” nasceu de um sonho, literalmente. Era uma árvore grandiosa, cujas raízes faziam música.

 
Resenhando.com - Qual foi o momento mais delicado do processo de cantar e tocar ao vivo nas gravações de "Alucinação"? Você já teve medo de não estar à altura da memória musical do personagem?
Mateus Honori - O trabalho de prosódia, de falar e cantar como os personagens foi muito importante, meu trabalho de instrumentista me deixou confortável, em relação ao violão. Mesmo assim, bate um nervosismo, viver na tela, artistas tão importantes pra nossa história. Fagner, Rodger, Amelhinha, Ednardo e Belchior, são muito vivos na memória.


Resenhando.com - A mística nordestina do sertão está presente nos seus papéis, nas suas músicas e até nas quedas de cavalo. Qual foi o ensinamento mais cabra-macho (ou mais cabra-sensível) que o sertão já deu para você?
Mateus Honori - O sertão ensina sobre o nosso lugar no mundo. A vegetação, a aridez, o sol. Eu sempre aprendo com ele, sempre que chego em seta assim, fico mais calado e concentrado, fico bem sensível. O ser humano não é o centro do universo, viver muito tempo na cidade, faz a gente acreditar nessa falácia, ninguém ganha contra a natureza.


Resenhando.com - Ao revisitar nomes como Zé Ramalho, Dorival Caymmi e Amelinha em “Luar”, você se sente parte de uma linhagem artística? Ou ainda se vê como um curioso apaixonado, à margem da tradição?
Mateus Honori - Eu me sinto como parte dessa linhagem. Somos artistas nordestinos, todos começaram de baixo, lutaram muito pra colocar sua voz no mundo, todos fazendo uma música “alternativa” ao mainstream. No fim das contas, salvo às particularidades, somos iguais.


Resenhando.com - Se pudesse reunir Lucínio, Jararaca, Rodger e você mesmo numa mesa de bar em Fortaleza, o que eles diriam uns aos outros? Quem pagaria a conta?
Mateus Honori - Boa pergunta, engraçado pensar nisso. Todos se dariam super bem, Rodger e eu estaríamos tocando violão, Jararaca e Lucinio conversando sobre a seca e as histórias do cangaço. Rodger impressionaria a todos falando sobre de uma máquina que voa, aviação é uma grande paixão sua. Entre um violeiro boêmio, um coiteiro informante e um cangaceiro, acho que a conta ia sobrar para mim.
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