sexta-feira, 7 de novembro de 2025

.: Crítica musical: Lô Borges... E o sol levou o trem azul


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação

O Clube da Esquina perdeu um de seus fundadores esta semana. Com o falecimento de Lô Borges, encerra-se um dos capítulos mais importantes de nossa MPB. Lô tinha 73 anos e estava incrivelmente produtivo. Seja como artista solo, seja em trabalhos de parcerias com outros músicos, como Samuel Rosa e Tom Zé, só pra citar dois exemplos. Mas foi ao lado de Milton Nascimento que ele atingiu o topo da montanha ao gravar um dos álbuns mais influentes de nossa MPB em1972. O Clube da Esquina fez história pela força das canções e pelas vozes de Lô e Milton.

A sonoridade do trabalho de Lô no início dos anos 70 mesclava várias influências das coisas que ele ouvia naquela época. De Hendrix aos Beatles, ele conseguia unir tudo em sua música. São dessa época os seus primeiros discos em carreira solo: o "Lô Borges" (1972), conhecido como o disco do tênis, e "Via Láctea", que tem a célebre gravação da bela "Clube da Esquina nº 2", com a participação no vocal de Solange Borges.

Se por um lado os trabalhos mais recentes dele não tiveram o mesmo brilho dessa fase inicial,  por outro ele teve o mérito de se manter na ativa, lançando material inédito com frequência, ao invés de se acomodar nos antigos hits. Seu trabalho mais recente é o álbum "Chão de Giz", gravado em parceria com Zeca Baleiro. Certamente sua obra deixará uma marca na nossa MPB. Um selo de qualidade referendado até por Tom Jobim, que não só admirava a turma do Clube da Esquina como chegou a regravar Trem Azul do Lô nos anos 90.

"Trem Azul"

"Paisagem na Janela"

"Sonho Real"

.: Crítica musical: Banduo, uma viagem musical pelo bandolim


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação

Banduo é um projeto dos bandolinistas Rafael Esteves e Maik Oliveira no qual exploram as possibilidades sonoras do bandolim. A iniciativa inclui o lançamento de um álbum instrumental inédito nas plataformas digitais, previsto para o início de 2026, com direção musical de Alisson Amador.

Nesse dueto, o virtuosismo de Rafael Esteves e Maik Oliveira é aplicado às possibilidades do bandolim, mesclando influências do choro e da música barroca em busca de sonoridades inovadoras e potentes. O repertório reúne composições autorais e arranjos do próprio duo, somados à contribuições de quatro arranjadores convidados: Alisson Amador, Milton de Mori, Marcílio Lopes e Edmilson Capelupi.

Maik Oliveira é bandolinista com mais de 20 anos de trajetória. Tocou com nomes como Inezita Barroso, Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Nilze Carvalho, Eduardo Gudin, Sérgio Reis e Rolando Boldrin. Foi aluno de Jane do Bandolim, Edmilson Capelupi, Silvia Góes e Luizinho 7 Cordas. Atualmente tem seu trabalho solo Maik Oliveira e Regional e integra os grupos de Marina de la Riva e Paula Sanches.

Rafael Esteves é bandolinista, educador, compositor e arranjador. Venceu o Festival Jorge Assad com o Quarteto Pizindim, com o qual se apresenta em unidades do Sesc e outros circuitos culturais. Como solista, já atuou com a OCAM-USP e com grandes nomes da música brasileira como Dona Ivone Lara, Monarco, Almir Guineto e Péricles.

O Banduo - O bandolim e suas texturas é um projeto realizado com recursos do edital PNAB 24/2024 de Gravação e Lançamento de Álbum Musical Inéditos, com apoio da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB); do Programa de Ação Cultural - ProAC, da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo; e do Ministério da Cultura e do Governo Federal.

"Fuga n. 10 Bach"

.: #VivoLendo: "22 Clareiras e 1 Abismo", de Marcelo Ariel


Por Vieira Vivo, escritor e ativista cultural.

Falar não é ver
Escutar é ver

Ao mergulhar na transsubstanciação das trajetórias intrinsicamente antagônicas da dialética o livro “22 Clareiras e 1 Abismo” de Marcelo Ariel, publicado pela Editora Letra Selvagem, nos conduz, em um poema-ensaio filosófico, aos emaranhados do aperfeiçoamento do ser através da percepção e da espiritualidade dentro da experiência circular em que os pensamentos fluem ao gerar a materialidade dos entes palpáveis, fomentando a criação e a recriação daquilo que supomos concreto no âmago imaginário dos impulsos criativos.

Submerso neste universo racionalmente paradoxal as palavras movimentam-se no sentido de descaracterizar o discurso lógico dissecando o conceito de tese, antítese e síntese das configurações em que supostamente nos movemos. Essa constante movimentação através do nomadismo poético nos remete à nirvânica contemplação ativa e se faz sob a égide da transcendência dentro de nossa essência em meio à temporalidade ocasional de cada ser.

A leitura atenta nos remete à autossimilaridade de fractais onde cada fragmento do ser interage simetricamente com o todo num processo analítico ultra racional. Gregório de Matos em seu raciocínio pré-cartesiano nos alertava: “Se a parte faz o todo, sendo parte. Não se diga que é parte sendo todo”. Porém, Ariel nos leva muito mais além em sua metodologia, onde fica evidente que “a parte e o todo são o vazio na gênese de um outro plano”. Além disso, ao mentalizarmos o livro numa visão extremamente expandida verificamos que o abismo também comporta clareiras e em cada clareira vinte e dois abismos nos espreitam.



quinta-feira, 6 de novembro de 2025

.: Crítica: "O Agente Secreto" é filmaço imperdível com a cara do Brasil

Cena de "O Agente Secreto", em cartaz na Cineflix Cinemas de Santos


Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em novembro de 2025


O filme nacional com a cara do Brasil, "O Agente Secreto", protagonizado por Wagner Moura é um completo deleite cinematográfico que dá orgulho das produções brasileiras, dos minutos iniciais ao último segundo de duração. Facilmente classificado como filmaço, dirigido por Kleber Mendonça Filho (Bacurau), a produção ambientada de forma ousada em Recife entrega uma rica trama capaz de estabelecer diversas conexões com o público.

Nos primeiros minutos, num Fusca amarelo, Marcelo (Wagner Moura) vê um corpo estendido no chão arenoso de um posto de estrada, coberto por um jornal. É esta cena que dita o rumo da história, servindo como que uma espécie de dica do que acontecerá com o professor especializado em tecnologia. Em viagem de fuga, ele é obrigado a enfrentar um passado conflituoso, ritmando um alucinante destino ao homem.

Para tanto, ele tenta se mudar para São Paulo e recomeçar a vida. Rendendo sequências tocantes como a em que ele reencontra o filho, grande fã do sucesso de cinemas da época, "Tubarão". O garoto que vai no banco de trás do carro, sentado justamente no meio do banco traseiro, apoia os braços nos bancos do motorista e carona, com um olhar cheio de encanto, compartilha sonhos com o pai. Linda sequência em que a relação pai e filho chega a parecer inabalável.

Em plena semana do Carnaval na quente e agitada capital pernambucana, Marcelo chega de modo clandestino, numa vizinhança cheia de segredos. Com ajuda, assume um posto de trabalho e passa a buscar informações da própria mãe. Contudo, a mira acaba direcionada para ele, passando a ser espionado, colocando a vida em risco, assim como os que lhe cercam.

No clima contínuo de pura tensão gerada de modo orgânico, o longa transborda brasilidade nas falas, trabalhando o lúdico de uma lenda, no caso, a da perna peluda que entra na história dentro de um tubarão. "O Agente Secreto" homenageia o cinema, não por somente fazer referência ao longa de Steven Spielberg, mas também por ter o espaço como cenário, uma vez que o sogro do protagonista, Alexandre, trabalha como projecionista de cinema.

Nada no longa sobra. Tudo se conecta com excelência. No gato com duas caras, batizado com dois nomes, há o retrato da ambiguidade da vida, destacando o certo e o errado. Afinal, Marcelo compra briga ao enfrentar grandões endinheirados e seus desmandos, o que coloca a vida de Marcelo de pernas para o ar. No entanto, "O Agente Secreto" vai além desta trama frenética da caça, pois nos dias atuais, apresenta duas jovens trabalhando na digitalização do conteúdo ocorrido nos anos 70.

Assim, leva para o cinema brasileiro a paixão atual pelo gênero crime real ("true crime"). Popular e capaz de gerar debates, ao inserir a temática em "O Agente Secreto", Kleber Mendonça Filho ainda lança provocações sobre as histórias vividas por gerações anteriores e seu legado, quando parte dela é apagada. Filmaço imperdível!


"O Agente Secreto". Gênero: thriller, drama. Diretor: Kleber Mendonça Filho. Elenco: Wagner Moura, ao lado de Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone. Sinopse: Em 1977, Marcelo trabalha como professor especializado em tecnologia. Ele decide fugir de seu passado violento e misterioso se mudando de São Paulo para Recife com a intenção de recomeçar sua vida. Marcelo chega na capital pernambucana em plena semana do Carnaval e percebe que atraiu para si todo o caos do qual ele sempre quis fugir. Para piorar a situação, ele começa a ser espionado pelos vizinhos. Inesperadamente, a cidade que ele acreditou que o acolheria ficou longe de ser o seu refúgio.


O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no GonzagaConsulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN.

Trailer de "O Agente Secreto"



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.: Sarau Alvarenga celebra vida e poesia de Valdir Alvarenga em Santos

Por Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.comFoto: divulgação

Valdir Alvarenga foi um dos nomes fundamentais da poesia santista e da produção literária independente no país. Criador da Revista Mirante, manteve vivo o espírito coletivo da palavra, transformando o fazer poético em ato de resistência. A obra dele segue como testemunho de um tempo em que a literatura era feita na raça - com papel, paixão e teimosia. Levando em conta a trajetória pessoal e artística dele, nesta quarta-feira, dia 6 de novembro, a Biblioteca Mário Faria, no Posto 6, em Santos, no litoral de São Paulo, irá se tornar o cenário de um encontro literário em homenagem ao poeta, editor e ativista cultural Valdir Alvarenga

O evento, organizado por amigos e admiradores, pretende não apenas relembrar a obra do artista, mas reavivar o espírito de resistência e independência poética que sempre marcou a trajetória dele. A programação começa às 15h00, com um Varal de Poesia e uma minifeira de livros. Às 16h00, tem início o Sarau Alvarenga, que reunirá poetas e escritores convidados para leituras de poemas autorais e também de textos selecionados de Valdir Alvarenga, extraídos das obras "Pequeno Marginal", "Plenilúnio" e "Autógrafo", além das antologias do Grupo Picaré e da Revista Mirante, publicação que o poeta fundou e editou.

"Para o Valdir, a poesia era livre. Ele adorava se dedicar às letras e fazia a Revista Mirante com paixão. Eu pretendo continuar com a Mirante levando o seu legado! Valdir tinha seu jeito brincalhão, como ele dizia: 'minhas abobrinhas'. Ele era uma pessoa muito humana e amava os animais... Posso passar horas citando suas qualidades como pessoa e como poeta, mas deixarei isto para os leitores! Quinze anos juntos, uma eternidade que vai deixar saudade!", afirma a poeta Irene Estrela Bulhões, editora da Revista Mirante e viúva de Valdir Alvarenga.

Organizadora do sarau, a escritora, editora e ativista cultural Cláudia Brino fala sobre a importância de Valdir Alvarenga. "Organizar esse sarau em sua homenagem é reverenciar o poeta, editor, ativista cultural e amigo pessoal e, com isso, trazê-lo novamente ao nosso convívio literário". Segundo ela, a escolha dos poemas segue uma linha afetiva e temática: a visão pessoal e coerente de Valdir sobre o próprio percurso humano e artístico. Trata-se de revisitar a maneira singular da visão do poeta sobre sua própria vivência e trajetória pessoal, em que é possível ter, através de seus versos, a identificação do ser humano simples, amigo e sempre coerente ao seu universo poético.

Mais do que um tributo, o Sarau Alvarenga é um reencontro com a força da poesia como gesto de permanência. Escritor e organizador do sarau, Vieira Vivo reafirma a importância de Valdir Alvarenga na literatura. "Ler Valdir é entrar em contato com um olhar que não se conforma, que mistura o cotidiano, o sonho e o pensamento filosófico de forma simples e direta. Valdir não é apenas alguém que escreveu versos; ele construiu um movimento. Criou a Revista Mirante quando quase ninguém acreditava que poesia independente poderia resistir tanto tempo. E resistiu, resiste. Ler a obra dele significa reconhecer o valor da autonomia literária, da produção por conta própria, do editor-poeta que assume responsabilidades além de escrever", conclui.

Às 17h00, o grupo Cantos Literários apresenta um espetáculo literomusical em homenagem ao autor, seguido, às 18h00, da exibição do vídeo "Pescador de Palavras", um documentário sobre a literatura independente, que traz depoimentos de Valdir Alvarenga e de outros protagonistas desse movimento.

Serviço
Sarau Alvarenga - Homenagem ao Poeta Valdir Alvarenga
Quarta-feira, dia 29 de outubro de 2025
Biblioteca Mário Faria - Posto 6, Santos/SP
Av. Bartholomeu de Gusmão, S/N,° - Aparecida/Santos

Horários
15h00 - Varal de Poesia e minifeira de livros
16h00 às 17h00 - Sarau Alvarenga
17h00 - Espetáculo literomusical Cantos Literários
18h00 - Exibição do documentário Pescador de Palavras
Entrada gratuita

quarta-feira, 5 de novembro de 2025

.: Entrevista: Tony Ramos comemora retorno da novela "Rainha da Sucata"


Em entrevista, o ator relembra gravações e parceria com elenco e equipe. Foto: Globo/ Divulgação

Clássico dos anos 1990, "Rainha da Sucata" voltou às telas da TV Globo. No "Vale a Pena Ver de Novo'", logo após a "Sessão da Tarde", a novela é ambientada em São Paulo e retrata o universo dos novos-ricos e da decadente elite paulista, explorando o contraste entre a emergente Maria do Carmo (Regina Duarte) e a socialite falida Laurinha Figueroa (Glória Menezes). A relação entre as personagens também é marcada pela tensão provocada por uma paixão em comum: Edu Figueroa, papel de Tony Ramos. Saudoso e grande admirador da obra, o ator celebra o retorno com entusiasmo. “É sempre bom rever um trabalho e poder mostrar uma produção de tremendo sucesso como essa foi. Desde o princípio, eu sabia que essa obra seria eletrizante”, declara.

Membro dos Albuquerque Figueroa, tradicional família da alta sociedade paulistana, Edu é um típico playboy: fino, elegante e muito cobiçado. Apesar da falência da família, o jovem não perde seu charme característico. Colega de ginásio de Maria do Carmo, Edu costumava desprezá-la nos tempos de escola. No entanto, após a moça enriquecer e se tornar uma empresária bem-sucedida, ele aceita se casar com ela por conveniência. Entretanto, o relacionamento e a chegada de Maria do Carmo à mansão da família são marcados pelas perseguições de Laurinha. Madrasta de Edu, a socialite nutre uma paixão secreta e proibida pelo enteado e faz de tudo para destruir o casamento e arruinar a nova vida da “sucateira”, gerando cenas intensas e, por vezes, cômicas entre os personagens.

“As relações de Edu com Maria do Carmo e com Laurinha eram pontos altos da trama, pois havia uma ambiguidade na ligação com a madrasta e muitas confusões surgiam dessas emoções. Mas não existia, digamos, uma confusão de sentimentos. O que havia, na verdade, era uma disputa intensa, porque Laurinha era uma mulher ambiciosa, que percebia a queda da sua condição social. Ao mesmo tempo, ela via uma mulher jovem, com muito dinheiro, ascendendo naquela sociedade. Esses conflitos e incômodos geravam belíssimas cenas. E construir essa dinâmica com as duas atrizes foi fácil. Ambas são artistas excelentes, de altíssimo rendimento e muito bom humor”, reflete Tony Ramos. "Rainha da Sucata" é uma obra de Silvio de Abreu, escrita pelo autor com colaboração de Alcides Nogueira e José Antonio de Souza. A novela teve direção geral de Jorge Fernando e direção de Jorge Fernando e Jodele Larcher.Na entrevista abaixo, Tony Ramos relembra o trabalho na novela. 


Qual foi a sensação ao saber que "Rainha da Sucata" iria voltar no "Vale a Pena Ver de Novo"? De que forma essa reprise mexe com você?
Tony Ramos -
Para mim, foi uma alegria imensa. Recordo como se fosse hoje, de começar a gravar as cenas na Avenida Paulista. Lembro do meu encontro com Silvio de Abreu e com colegas queridos como Regina (Duarte), Glória (Menezes), o grande Paulo Gracindo, o saudoso diretor Jorginho Fernando e tantos outros. Foi marcante. Ali no início dos anos 90, eu vinha de uma longa temporada teatral em São Paulo, com o espetáculo "Meu Refrão: olê, Olá", do Abelardo Figueiredo. Quando a peça terminou e comecei a me dedicar exclusivamente à "Rainha da Sucata", vivi um momento lindo. Receber essa novidade mexe com meu emocional e com meu imaginário, que guarda momentos tão felizes da novela. É sempre bom rever um trabalho e poder mostrar uma produção de tremendo sucesso como essa foi. Desde o princípio, eu sabia que essa obra do Silvio seria eletrizante - e foi exatamente isso.


As relações de Edu com Maria do Carmo e com Laurinha eram um dos pontos altos da novela. Como foi construir as dinâmicas dos personagens com Regina Duarte e Glória Menezes? Alguma cena específica com as atrizes marcou você?
Tony Ramos - As relações de Edu com Maria do Carmo e com Laurinha eram pontos altos da trama, pois havia uma ambiguidade na ligação com a madrasta e muitas confusões surgiam dessas emoções. Mas não existia, digamos, uma confusão de sentimentos. O que havia, na verdade, era uma disputa intensa, porque Laurinha era uma mulher ambiciosa, que percebia a queda da sua condição social. Ao mesmo tempo, ela via uma mulher jovem, com muito dinheiro, ascendendo naquela sociedade. Esses conflitos e incômodos geravam belíssimas cenas. E construir essa dinâmica com as duas atrizes foi fácil. Ambas são artistas excelentes, de altíssimo rendimento e muito bom humor. Somando isso às conversas com Jorginho, que era um grande diretor, e às trocas com o autor antes das gravações, tínhamos clareza sobre o que eles imaginavam para a construção dos personagens. E várias cenas me marcaram profundamente. Há uma com Regina Duarte, por exemplo, que, se a memória não me falha, Silvio escreveu de forma que ocupou todo um bloco e ainda continuou no início do seguinte. Era uma cena linda entre Maria do Carmo e Edu, com cinco ou seis páginas.


"Rainha da Sucata" foi um de seus primeiros trabalhos com Jorge Fernando, com quem trabalhou em outras telenovelas ao longo dos anos, como "Sol de Verão" (1982), "A Próxima Vítima" (1995), "As Filhas da Mãe" (2002) e "Guerra dos Sexos" (2012). Como era a parceria com o diretor? Tem alguma lembrança marcante do trabalho com o Jorge?
Tony Ramos - Jorginho era um diretor que sabia exatamente o que queria e, além disso, tinha o chamado “momento de inspiração”. Independentemente do que estava escrito ou do que ele havia planejado e estudado, havia situações em que algo em cena despertava nele a vontade de mudar a marca ou a proposta da cena. Essa era uma característica muito positiva dele. Até porque ele também era ator e seguia trabalhando no teatro, fazendo monólogos no palco. Como diretor, era constante e inquieto, sempre em busca de novas soluções. Foi uma parceria maravilhosa. Tenho grande saudade desse incrível profissional - e não digo isso apenas pelo trabalho. Tudo no Jorge era marcante.

.: Cineflix Cinemas estreia "O Agente Secreto" e "Predador: Terras Selvagens"

Cineflix Cinemas de Santos traz duas estreias para as telonas, o thriller dramático nacional "O Agente Secreto", cotado para o Oscar 2026 e estrelado por Wagner Moura, ao lado de Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, além do longa de ficção científica e terror "Predador: Terras Selvagens".

Seguem em cartaz o drama "Sonhos", com a atriz Jessica Chastain, a comédia romântica francesa "Uma mulher diferente", o drama adaptado do livro de Colleen Hoover, "Se não fosse você", com Mckenna Grace ("Os Caça-Fantasmas"), Mason Thames ("O Telefone Preto"), Allison Williams (Megan) e a cinebiografia do quadrinista brasileiro "Mauricio de Sousa: O Filme".

Sábado, dia 8 de novembro, haverá exibição especial do documentário "One In a Million", às 18 horas e 10 minutos. 

Já estão abertas as vendas para a exibição de "Harry Potter e o Cálice de Fogo" em comemoração aos 20 anos que acontecerá, no sábado, dia 15 de novembro, às 14h40, 17h50 e 21h00. Outros ingressos abertos para vendas antecipadas são de "One In a Million" e "Wicked - Parte II"

A unidade de Cinemas Cineflix Santos, fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga.

"O Agente Secreto". Gênero: thriller, drama. Diretor: Kleber Mendonça Filho. Elenco: Wagner Moura, ao lado de Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone. Sinopse: Em 1977, Marcelo trabalha como professor especializado em tecnologia. Ele decide fugir de seu passado violento e misterioso se mudando de São Paulo para Recife com a intenção de recomeçar sua vida. Marcelo chega na capital pernambucana em plena semana do Carnaval e percebe que atraiu para si todo o caos do qual ele sempre quis fugir. Para piorar a situação, ele começa a ser espionado pelos vizinhos. Inesperadamente, a cidade que ele acreditou que o acolheria ficou longe de ser o seu refúgio.

"Predador: Terras Selvagens". (Predator: Badlands). Direção: Dan Trachtenberg. Roteiro: Patrick Aison. Elenco: Elle Fanning, Dimitrius Schuster-Koloamatangi. Gênero: Ficção Científica. Duração: 1h55min. Sinopse: Um jovem predador, rejeitado por seu clã, se une à sobrevivente humana Thia em uma perigosa jornada em busca de um adversário digno. Os dois precisam trabalhar juntos para sobreviver e aprimorar suas habilidades, com a missão de o predador recuperar o respeito de seu povo. 


"Sonhos". (Dreams). Direção: Michel Franco. Gênero: Drama, Erótico, Romance. Duração: 1h e 35min. Ficha técnica. Roteiro: Michel Franco. Produção: Michel Franco, Eréndira Núñez Larios, Alexander Rodnyansky. Elenco: Jessica Chastain, Isaac Hernández, Rupert Friend. Sinopse: O filme acompanha o romance entre Fernando (Isaac Hernández), um bailarino mexicano, e Jennifer (Jessica Chastain), uma socialite americana. O drama se desenvolve a partir da diferença socioeconômica e da tentativa de Fernando de atravessar a fronteira ilegalmente para ficar com ela. 

"Uma mulher diferente" (Différente ou Une Femme Différente). Direção: Lola Doillon. Roteiro: Lola Doillon. Gênero: Ficção, Comédia Dramática, Romance. Duração: 100 minutos (1h40min). Elenco: Jehnny Beth (como Katia), Thibaut Evrard, Mireille Perrier. Sinopse: Katia, uma brilhante documentarista de 35 anos, demonstra singularidade na maneira como vive seus relacionamentos, todos mais ou menos caóticos. Sua participação em uma nova reportagem a leva a, finalmente, dar um nome à sua diferença.

"Se não fosse você". Diretor: Josh Boone. Elenco: Mckenna Grace (Clara Grant), Mason Thames (Miller Adams), Allison Williams (Morgan Grant), Dave Franco (Jonah Sullivan), Scott Eastwood (Chris Grant), Willa Fitzgerald (Jenny Davidson). Sinopse: Um acidente devastador revela uma traição chocante. Morgan Grant e sua filha, Clara, exploram o que restou enquanto confrontam segredos de família, redefinem o amor e se redescobrem.

"Mauricio de Sousa: O Filme". Gênero: cinebiografia. Diretor: Pedro Vasconcelos. Elenco: Mauro Sousa, Diego Lamar. Sinopse: A infância de Mauricio, sua paixão por quadrinhos, a invenção de uma carreira em um momento em que era considerada improvável e a criação de seus personagens icônicos. a produção sobre o quadrinista mais importante do Brasil, traça os primeiros passos que tornaram realidade o seu sonho de se tornar desenhista. Criador de Turma da Mônica, a trama traz um olhar pessoal e sensível para a vida de um artista e das referências que o formaram. Da descoberta e paixão pelos quadrinhos à construção de uma carreira considerada impossível na época, a coragem de Mauricio de Sousa em sustentar suas ideias, histórias e personagens.

O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no GonzagaConsulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN.


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terça-feira, 4 de novembro de 2025

.: "Encontro com os Escritores" recebe o economista Luiz Gonzaga Belluzzo


O próximo "Encontro com os Escritores" traz à Biblioteca Mário de Andrade uma discussão fundamental para os nossos tempos. No dia 26 de novembro, o renomado economista Luiz Gonzaga Belluzzo estará em um bate-papo sobre os avanços e recuos do capitalismo, com mediação do jornalista Manuel da Costa Pinto.

Conhecido pela inteligência afiada e a capacidade de decifrar as complexas engrenagens do sistema econômico, Belluzzo é uma referência incontestável. Professor emérito da Unicamp, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, ele foi incluído entre os 100 maiores economistas heterodoxos do século XX. 

As obras dele, como "Ensaios sobre o Capitalismo no Século XX" e "O Capital e Suas Metamorfoses", são leitura obrigatória para quem busca entender a economia contemporânea sob uma perspectiva crítica e aprofundada. Um encontro que ajudará a compreender os momentos de expansão e as crises que caracterizam o capitalismo, oferecendo uma visão lúcida sobre os desafios econômicos globais. Compre os livros de Luiz Gonzaga Belluzzo neste link.

Serviço
"Encontro com os Escritores"
Convidado: Luiz Gonzaga Belluzzo
Tema: "Avanços e Recuos do Capitalismo"
Mediação: jornalista Manuel da Costa Pinto
Data: 26 de novembro de 2025 (quarta-feira)
Horário: 19h00 às 21h00
Local: Auditório da Biblioteca Mário de Andrade (Rua da Consolação, 94, Centro, São Paulo)
Acesso: Estação Anhangabaú do Metrô
Entrada: gratuita, com acesso limitado à capacidade do espaço.
Inscrições neste link.

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

.: #LeituraMiau: Cláudia Brino estreia coluna com livro de Luiz Antonio Canuto


Por Cláudia Brino, escritora, ativista cultural e editora da Costelas Felinas

Uma jornada cuja leitura o levará para o centro
das lutas e transformações de uma cidade.

Em “O Nascer de Uma Cidade - As Origens de Santos”, o professor e historiador Luiz Antonio Canuto resgata. com rigor histórico, os primeiros capítulos da formação de Santos, cidade que viria a ocupar papel de destaque no cenário nacional. O livro oferece uma rica reconstituição dos tempos iniciais do povoamento, revelando figuras emblemáticas, episódios marcantes e os entrelaçamentos políticos, sociais e culturais que deram forma à identidade santista.

Não é apenas um relato cronológico, a obra propõe uma incursão reveladora pelos alicerces de uma cidade que guarda, em seu passado, as marcas de lutas, transformações e permanências. Leitura fundamental para estudiosos e apaixonados por História. O livro contribui, também, para o entendimento do presente urbano à luz de suas origens. Adquira o livro neste link.


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domingo, 2 de novembro de 2025

.: Crítica: "Springsteen: Salve-me do desconhecido" fundamenta depressão

 
Cena de "Springsteen: Salve-me do desconhecido", em cartaz na Cineflix Cinemas de Santos


Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em novembro de 2025


A cinebiografia "Springsteen: Salve-me do desconhecido", dirigida por Scott Cooper, também ator, roteirista e produtor americano apresenta um recorte marcante na história de Bruce Frederick Joseph Springsteen, mais conhecido como o cantor Bruce Springsteen, quando a música e a vivência dele com o pai foram reviradas enquanto preparava o álbum "Nebraska", em 1982, o que aflorou um lado depressivo e complicado para quem o cercava.

Com uma fotografia impecável, a produção com direção de arte de Stefania Cella entrega locações realistas ainda que não mais existam. Por meio da recriação, do icônico Asbury Park e seu carrossel coberto, no Carousel House, em Nova Jersey, a telona de cinema estampa cenas belas e ultra românticas entre o jovem Bruce (Jeremy Allen White) e Faye (Odessa Young). Contudo, vale ressaltar que na personagem estão reunidas várias das mulheres com quem o cantor esteve ao lado, logo, a Faye com carinha de Debbie Harry nunca existiu.


Em meio a uma personagem criada e recriações de lugares nos anos 80, o diretor Scott Cooper insistiu que o filme fosse gravado em locações reais em Nova Jersey, incluindo Freehold, Asbury Park, com o Stone Pony, o calçadão, a Convention Hall, o Frank's Deli, além de outras cidades, como Nova Iorque e Los Angeles, para garantir a autenticidade da história. De fato, não há como passar impune com o visual de "Springsteen: Salve-me do desconhecido", além do figurino impecável que a todo momento faz ver o verdadeiro cantor na atuação de Jeremy Allen White. Seja na jaqueta de couro preta, a calça justinha no bumbum ou a camisa xadrez. Tudo está lá.

A luta do cantor contra a depressão toma a narrativa de "Springsteen: Salve-me do desconhecido" e torna a produção sufocante, despertando no público o desejo de poder socorrer a voz de sucessos como "Dancing In the Dark ", "Glory Days", "Streets of Philadelphia", que não estão na trilha sonora do filme. Contudo, a grande vedete é "Nebraska", uma vez que é o centro da trama, a feitura do álbum. Na trilha sonora do longa também estão "Born in The U.S.A.", "Hungry Heart", "Lucille" e outras, inclusive de outros artistas como por exemplo, Dobie Gray com "Drift Away".

"Springsteen: Salve-me do desconhecido" envolve durante 1 hora e 59 minutos de duração, seja por caminhar numa fase da história da música americana e suas influências no mercado da época, mas por também focar nas relações tão difíceis de serem mantidas, ainda que seja entre pai e filho e as dificuldades de quem sofre de depressão. O longa é simplesmente excelente. Imperdível!


"Springsteen: Salve-me do desconhecido" (Deliver Me From Nowhere). Direção: Scott Cooper Roteiro: Scott Cooper, baseado no livro Deliver Me from Nowhere: The Making of Bruce Springsteen's Nebraska de Warren Zanes. Gênero: Drama, Biografia, Musical. Duração: 2 horas. Ano de Lançamento: 2025 (no Brasil, estreou em 30 de outubro de 2025). Distribuição: Disney / 20th Century Studios. Elenco Principal: Jeremy Allen White como Bruce Springsteen Jeremy Strong como Jon Landau (empresário de Springsteen), Paul Walter Hauser como Mike Batlan, Stephen Graham como Douglas "Dutch" Springsteen (pai de Bruce), Gaby Hoffmann, Odessa Young. Sinopse:  A jornada de Bruce Springsteen na criação de seu álbum de 1982 "Nebraska", que surgiu enquanto ele gravava "Born in the USA" com a E Street Band.

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Trailer de "Springsteen: Salve-me do desconhecido"


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