domingo, 14 de setembro de 2025

.: Crítica: "Sonhar com Leões", a comédia da morte que obriga a rir da covardia


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com.

Existe algo de profundamente subversivo em um filme que decide tratar de eutanásia com a mesma naturalidade de quem fala sobre o preço do tomate na feira. “Sonhar com Leões”, de Paolo Marinou-Blanco, não tem a pretensão de ensinar nada, tampouco edificar algum tipo de "consciência moralista". O filme prefere rir, debochar e brincar de colocar o espectador diante de uma pergunta incômoda: afinal, quando a vida deixa de ser vida e passa a ser apenas resistência teimosa ao fim inevitável?

Denise Fraga, em um dos melhores momentos da carreira, encarna Gilda - e aqui esqueça a doçura cristalizada da atriz em outros papéis. A personagem dela oscila entre a ternura e a fúria, entre o humor ferino e a fragilidade de quem sabe que o tempo acabou. Ao lado dela, João Nunes Monteiro surge como Amadeu, um jovem que desistiu da vida sem ter vivido de verdade. Se Gilda quer morrer para não perder a dignidade, Amadeu só quer alguém que o enxergue. No fundo, os dois não querem a morte: querem pertencer. E é nesse choque de desejos que o filme encontra a transcendência.

Os diálogos são um espetáculo à parte: afiados, sarcásticos, deliciosamente maliciosos, lembram o frescor de “Pushing Daisies” (no Brasil, "Um Toque de Vida") aquela série que coloria a morte como se fosse uma festa pop. Só que em "Sonhar com Leões", em vez do tom açucarado, há o tempero ácido do pragmatismo, uma ironia que seduz enquanto esbofeteia. A câmera de Paolo, sensível e debochada ao mesmo tempo, transforma até a preparação para o fim em espetáculo metalinguístico: a protagonista fala com o público, chama-o para a intimidade de sua solidão, até não estar mais sozinha.

Victoria Guerra entrega uma participação que beira o politicamente incorreto - e como é bom ver um filme que não teme o risco da inadequação. Roberto Bomtempo aparece como presença especialíssima, discreta mas inesquecível, em uma espécie de presente para o público. Meio brasileiro, meio lusitano, “Sonhar com Leões” é um filme sobre a morte, mas sobretudo sobre propósitos. Discute a estranha e patética necessidade que as pessoas têm de encontrar alguém que segure a mão antes de saltar no escuro. É engraçado, é doloroso, é ridiculamente humano. A morte, nesse filme, não é a vilã. A vilã é a covardia cotidiana de viver sem desejo, de suportar sem sentido, de arrastar-se sem coragem de escolher.

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Ficha técnica
 "Sonhar com Leões" | Sala 4
Classificação indicativa: 16 anos. Ano de produção: 2024. Idioma: português. Direção e roteiro: Paolo Marinou-Blanco. Elenco: Denise Fraga (Gilda), João Nunes Monteiro (Amadeu), Joana Ribeiro (Isa), Victoria Guerra (Laurinda), Sandra Faleiro (Eva), Roberto Bomtempo (Lúcio), entre outros. Distribuição no Brasil: Pandora Filmes. Duração: 87 minutos. Cenas pós-créditos: não.


Sinopse resumida de "Sonhar com Leões" 
Gilda, uma imigrante brasileira em Lisboa, diagnosticada com câncer terminal, busca formas de morrer com dignidade. Após falhas em suas tentativas de suicídio, ela encontra a Joy Transition International, uma organização clandestina que oferece métodos de eutanásia. Lá, conhece Amadeu, um jovem também em busca de uma saída para sua dor. Juntos, enfrentam desafios que misturam humor negro e tragédia, questionando os limites da vida e da morte.


Sessões no idioma original
14/9/2025 - Domingo: 18h00.
15/9/2025 - Segunda-feira: 18h00.
16/9/2025 - Terça-feira: 18h00.
17/9/2025 - Quarta-feira: 18h00. Ingressos neste link.

.: Péri e as "Poesias Vermelhas": versos nasceram onde a canção não chegava


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Foto: Rafael Nogueira

De Gal Costa a Margareth Menezes, muitos já deram voz às canções de Péri. Mas em "Poesias Vermelhas", ninguém canta por ele. O artista que sempre escreveu para ser ouvido agora escreve para ser lido - e talvez decifrado. São páginas que nasceram entre 2020 e 2021, quando a música não bastava e a poesia se tornou abrigo contra a enfermidade do mundo.

Cantor, compositor e produtor, Péri estreia na literatura com um livro breve o bastante para caber no bolso, mas insistente o suficiente para permanecer na memória. Os poemas do livro vibram em vermelho, mas também acolhem os azuis da melancolia, os cinzas das incertezas e até os beges dos dias comuns. É nessa paleta que a palavra encontra outra função: deixar de ser apenas letra de música e assumir o risco de ser poesia - íntima, inquieta e, sobretudo, livre. Compre o livro "Poesias Vermelhas", de Péri, neste link.


Resenhando.com - Você diz que agora pode se declarar oficialmente poeta. O que o impedia de fazer isso antes?
Péri - Porque até então, o que eu escrevia servia, em princípio, a só uma música. Tinha que corresponder a uma métrica musical, servia ao estilo, à forma, ao ritmo da música. Mesmo que, na minha percepção, a letra da música sempre existiu por si só, independente da música. Mas como para as pessoas, pelo menos, aquilo está associado à melodia, aquilo se transforma em canção. Então, a libertação foi poder escrever poesia sem necessariamente pensar em música. Isso foi uma libertação, uma forma boa de libertação.


Resenhando.com - “Poesias Vermelhas” nasceu fora da métrica musical. Se a canção fosse um cárcere, qual verso o libertou primeiro?
Péri - Olha, a libertação poética a que eu me refiro não quer dizer que a prisão em relação à métrica musical fosse uma coisa ruim. Era só uma questão de princípio, de rotina, de pensamento artístico. Então, a partir do momento que eu defini na minha cabeça, olhando a página em branco, "puxa, não é música, é outra coisa"... E poesia também não é literatura, é uma coisa diferente. É uma outra trincheira. E eu me vi liberto das amarras da métrica musical. Todos os versos me levaram pra frente.


Resenhando.com - Você cita Augusto de Campos como epígrafe. Se pudesse escolher outro poeta para duelar com você numa roda de improviso, quem seria?
Péri - Eu gosto muito de ouvir, não só ler, mas ouvir áudios e assistir vídeos do Darcy Ribeiro, um grande pensador do Brasil, foi também político, candidato a governador do Rio de Janeiro, na época, muitos anos atrás, acho que o Rio teria muito a ganhar se ele tivesse ganho, um grande educador, um grande pensador do Brasil, um grande defensor das causas democráticas e humanistas. E eu gostava do jeito dele falar. Então, pensar uma poesia minha no sentido político, ser declamada por Darcy Ribeiro seria uma honra.


Resenhando.com - Você fala do vermelho como símbolo da paixão e da resistência. Mas e quando a poesia é azul, cinza ou bege? Ela ainda o interessa?
Péri - Eu acho que esse sentimento de cores da poesia é do jeito que a gente acorda, é do jeito que a gente está aquele dia. Talvez quando o poeta põe para fora todos os seus sentimentos e resolve escrever alguma coisa, isso para mim é uma forma de cura. E o estado de espírito é fundamental. até quando o assunto não é livre quando existe um objeto literário vou escrever sobre tal assunto que está me comovendo no momento o dia que você escreve aquilo é fundamental para o desenrolar tanto é que a gente escreve depois depura muito vai afinando as palavras afinando os sentidos a sintaxe no outro dia muda de novo no outro dia muda de novo então a gente tem que publicar logo senão a gente fica mexendo sempre, porque os sentimentos se alternam sempre, a cada dia, se um dia faz sol, se um dia faz chuva, se um dia a gente acorda assim, se a gente acorda de um outro jeito, isso tudo influencia na nossa escrita. Por isso que quando se escreve, depois de burilar, é melhor publicar logo.


Resenhando.com - Entre o palco e a página, qual deixa você mais nu - o microfone ou o papel?
Péri - O papel é muito mais íntimo. O microfone a gente se expõe muito mais, né? Se expõe na voz, se expõe no que está cantando, se expõe o corpo, a alma, espíritos, né? Subir no palco, olhar para as pessoas. É uma sensação muito forte, é uma ligação muito forte, o artista com o público na relação do palco. Quando está no papel, aí é uma intimidade, entendeu? É quase como eu posso fazer o que eu quiser e não vou ser julgado, mesmo que alguém valer aquilo depois, você colocou aquilo no papel de uma forma tão íntima que o julgamento não importa das pessoas. O que importa é o exercício do que você fez, do que você pôs ali, do que você revelou. E mesmo assim você escreve poesia de uma forma que às vezes não se revela e fica ali o mistério para sempre, ou pelo menos por algum tempo.


Resenhando.com - Seu livro foi escrito entre 2020 e 2021. Que palavra o salvou durante a pandemia e que palavra você se recusa a escrever até hoje?
Péri - Essa época 2020, 2021, uma palavra muito triste que se repetia era a enfermidade, a enfermidade do mundo, a enfermidade das pessoas, a doença corroendo todas as coisas, os seres humanos, o seu pensamento, o seu comportamento, tanta gente sofrendo. Isso tem um impacto grande em qualquer obra artística e óbvio que teve na minha. E a emoção era tanta que só a música não foi capaz Então a poesia me salvou durante a pandemia Ela foi a que realmente conseguiu me libertar e me fazer expressar o que eu estava sentindo E também dar uma contribuição de sentimento, de esperança para quem estava sofrendo tanto, né?

Resenhando.com - Você já foi gravado por vozes como Gal Costa e Margareth Menezes. Se pudesse colocar uma das suas poesias na boca de alguém improvável - digamos, um político, um pastor ou um influencer - quem você escolheria?
Péri - Olha, Augusto é uma grande referência para mim, Augusto de Campos, a poesia concreta, junto com Décio Pignatari e Haroldo de Campos, sempre uma referência, uma descoberta, eu sempre estou descobrindo coisas novas, vendo a poesia concreta. E, além do mais, Augusto é um grande tradutor de outras obras, de outros artistas, um grande recriador, e ele me trouxe conhecimento da poesia do mundo. isso foi fantástico. Então, eu tenho uma referência muito forte em relação a ele como poeta e como recriador, tradutor. Mas eu pensaria também em Gregório de Matos, o baiano Boca do Inferno, porque é um dos primeiros que a gente tem notícia, escrevendo, fazendo poesia dentro de uma realidade do princípio de Salvador, do princípio da Bahia, do começo de tudo que a gente entende hoje como Salvador, como Bahia, como a classe dominante, a elite que comandava as coisas, a divisão com a religião. Gregório de Matos foi um banguardista.


Resenhando.com - A performance é parte do lançamento. Você acredita que a poesia hoje precisa de espetáculo para ser ouvida, ou é o leitor que ficou distraído demais para escutá-la em silêncio?
Péri - Hoje, com o advento das redes sociais, com a expansão das possibilidades de conexão de quem escreve para quem lê, se alargaram muito, é natural ter muitas feiras, muitos encontros em livrarias, fazer aproximação entre o público e o poeta, no caso, e ouvir o que ele tem a dizer e ouvir a forma que ele declama a sua poesia é um mapa do caminho para o leitor. Mas eu acho também que deve existir o momento do leitor sozinho, em silêncio para entender a poesia. Porque poesia, assim, você lê um dia, você entende uma coisa, se você lê uma semana depois, você vai entender outra, um ano depois, é uma outra poesia. Dez anos depois, acontece a primeira revelação uma vida inteira para você descobrir às vezes o sentido de um poema então, às vezes o silêncio a introspecção é importante e necessária.


Resenhando.com - Como seria uma playlist para acompanhar a leitura de “Poesias Vermelhas”? Tem mais Djavan, Fela Kuti ou silêncio mesmo?
Péri - Olha, eu não consigo ler poesia ouvindo música, principalmente se tiver letra, para mim não tem como. No máximo, um Devu-si, Eric Sati, Vila-Lobos, você ouve mais as melodias tocadas por instrumentos, não com letra, porque aí existe o conflito, você está fazendo o embate entre duas poesias, a que você está lendo e da letra da música que você está ouvindo, eu acho que não combina talvez o silêncio seja a melhor companhia no máximo uma música clássica.

Resenhando.com - Se “Poesias Vermelhas” fosse um corpo, o que ela tatuaria na pele, esconderia sob a roupa e gritaria na praça pública?
Péri - Acho que uma boa tatuagem seria meu sangue é vermelho e o seu também. Mostrando para todo mundo que nós todos somos iguais nesse pontinho azul perdido no meio do espaço. Somos uma obra maravilhosa da natureza, ao mesmo tempo somos tão pequenininhos e às vezes a gente se aborrece com coisas tão pequenininhas, a gente se apurrinha com minúsculas coisas, sem a menor importância. Acho que a gente tem que dar mais importância ao que nós somos de verdade, todos iguais. Pessoas passeando na poeira do espaço.

sábado, 13 de setembro de 2025

.: “Uma Semana, Nada Mais” escancara o amor líquido com humor e inteligência


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Foto: Caio Gallucci
 

O palco do Teatro Uol abre espaço para uma comédia que, sob a leveza do riso, desnuda as contradições das relações contemporâneas. "Uma Semana, Nada Mais", versão brasileira da peça francesa de Clément Michel, dirigida por João Fonseca, é daquelas montagens que parecem conversar diretamente com o diagnóstico de Zygmunt Bauman sobre o amor líquido: vínculos frágeis, sujeitos que evitam o confronto e afetos que se desmancham ao menor sinal de turbulência.

Na trama, Pablo (Leandro Luna) arma um plano mirabolante para terminar o namoro: chama o melhor amigo, Martín (Beto Schultz), para morar com ele e Sofia (Sophia Abrahão) durante uma semana, na esperança de que a convivência insuportável provoque a separação. O que poderia ser apenas um pretexto para o humor físico e os mal-entendidos típicos da comédia de costumes acaba se transformando em um cenário incômodo, no qual o público ri e se vê diante de uma realidade brutal.

O elenco está afiado. Luna e Schultz formam uma dupla carismática, com excelente timing para o jogo cômico. É Beto Schultz, porém, quem merece um destaque especial: seu Martín é o catalisador das reviravoltas e o responsável pelas gargalhadas mais espontâneas da plateia. Sophia Abrahão, por sua vez, vai muito além da doçura inicial que sua personagem sugere. A Sofia interpretada por ela é uma mulher que, enquanto lida com a busca por trabalho e realizações pessoais, tenta manter em pé uma relação que desmorona diante da falta de diálogo com o homem com quem divide a casa.

Essa inversão - a mulher que age de modo prático e objetivo diante de dois homens perdidos em suas subjetividades - dá à peça uma camada crítica que a aproxima não só das reflexões de Bauman, mas também de Milan Kundera, em "A Insustentável Leveza do Ser". Afinal, o que pesa mais: o compromisso ou a liberdade? O riso, aqui, funciona como a superfície brilhante de uma pergunta muito mais densa.

Há momentos em que o espetáculo parece um filme francês transportado para o palco brasileiro: diálogos rápidos, dilemas sentimentais e uma atmosfera que mistura leveza e melancolia. João Fonseca acerta ao evitar exageros, deixando que a comicidade surja do desconforto natural das situações. A tradução de Priscilla Squeff, ajustada ao ritmo brasileiro, garante que o humor mantenha frescor sem perder a universalidade do texto original. "Uma Semana, Nada Mais" é, no fundo, sobre aquilo que todos já experimentaram: a dificuldade de comunicar o que se sente, o medo de perder e, paradoxalmente, a pressa em encerrar vínculos sem medir as consequências. 


Serviço
"Uma Semana, Nada Mais"
De 6 de setembro a 26 de outubro, sábados e domingos às 18h00
Teatro Uol – Shopping Pátio Higienópolis, São Paulo
Ingressos: R$ 100 (inteira) / R$ 50 (meia)

.: "Drácula: um Terror de Comédia" é um clássico extremamente debochado


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Foto: divulgação

Extremamente debochado e misturando o pop e o cult, o espetáculo "Drácula - Um Terror de Comédia" já chega aos palcos brasileiros com ares de clássico, mesmo sem ter essa intenção. A montagem, que estreou no Teatro Bravos, em São Paulo, e segue até dia 12 de outubro, é uma das produções mais inventivas e bem-acabadas dos últimos tempos, equilibrando humor inteligente, irreverência, sagacidade e um visual de tirar o fôlego. É teatro de primeira grandeza, desses que conquistam pelo riso, pelo cuidado e pelo talento dos artistas envolvidos.

Se Tiago Abravanel assume o papel do conde mais famoso da literatura com fina ironia e um gosto evidente pela liberdade que o teatro proporciona a ele, o elenco ao redor se revela uma engrenagem preciosa e muito bem escolhida. Abravanel poderia ter se acomodado na televisão, mas o palco parece ser o lugar em que ele se reinventa com mais força - e esse Drácula é, sem dúvida, libertador para ele.

O espetáculo também consagra Ludmillah Anjos como um grande nome dos musicais. Dona de uma trajetória construída tijolo por tijolo desde a visibilidade que ganhou no talent show em que estreou, ela mostra, mais uma vez, toda a versatilidade que tem e confirma que chegou ao patamar das estrelas, sem precisar provar mais nada a ninguém. Bruna Guerin, por sua vez, entrega uma mocinha nada óbvia, cheia de nuances, em um papel à altura da carreira sólida que construiu no teatro com espetáculos como "Natasha, Pierre e o Grande Cometa de 1812" e a própria Janet de "Rock Horror Show", que claramente é uma das fontes de inspiração dessa nova montagem de "Drácula".

Lindsay Paulino, na pele de Mina, também brilha. Além de provocar gargalhadas certeiras, ele capta todos os olhares para si, em um jogo de cena em que aparece bem à vontade. Visualmente deslumbrante, com uma trilha sonora moderna irresistível, "Drácula - Um Terror de Comédia" é esperto, sacaninha, sagaz, e inteligente sem jamais soar petulante e sem ter a pretensão de ser um novo clássico, mesmo já sendo. Um espetáculo memorável, daqueles que fazem rir, pensar e aplaudir de pé.


Serviço
"Drácula - Um Terror de Comédia"

Local: Teatro Bravos – Rua Corifeu de Azevedo Marques, 200 – São Paulo/SP
Temporada: até dia 12 de outubro de 2025
Horários: sextas, às 20h00; sábados, às 17h00 e 20h00; domingos, às 18h00
Ingressos: disponíveis na bilheteria do teatro e pelo site Sympla
Classificação etária: 12 anos

.: Editora Janela Amarela recoloca Julia Lopes de Almeida no mapa da literatura


Por Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com.

Julia Lopes de Almeida nasceu em 1862 e atravessou o fim do século XIX e o início do XX como uma das escritoras mais ativas e influentes do Brasil. Jornalista, romancista, dramaturga, cronista e defensora do voto feminino, foi voz incômoda em uma sociedade marcada pelo patriarcado - e, ainda assim, acabou relegada ao esquecimento por décadas. Em 2025, 163 anos após ter nascido, a força da obra dessa artista retorna às mãos dos leitores graças ao trabalho da Janela Amarela Editora, comandada por Carol Engel e Ana Maria Leite Barbosa, que acaba de completar um feito inédito: reunir em catálogo todos os romances publicados em vida por Julia, além de novelas e livros infantis.

Mais do que reeditar, as editoras assumem uma missão: devolver Julia ao lugar de destaque que sempre lhe coube, sem que o gesto se limite a uma homenagem pontual ou simbólica. Nesta entrevista exclusiva ao portal Resenhando.com, Carol Engel fala sobre apagamento literário, silenciamento de vozes femininas, as escolhas editoriais que tornam a leitura de Julia acessível ao público contemporâneo e a atualidade inquietante de uma autora que, em 1902, já denunciava as falências morais e econômicas que ainda rondam o Brasil de 2025.


Resenhando.com - Julia Lopes de Almeida foi preterida na fundação da Academia Brasileira de Letras por ser mulher. Hoje, quando vemos homenagens tardias, você acha que estamos celebrando Julia ou apenas limpando a imagem de uma instituição que historicamente excluiu mulheres?
Carol Engel - Ao fazer esse tipo de análise, é importante levarmos em consideração o contexto, o local, a época. A sociedade brasileira de 1897 era marcada pelo patriarcalismo e pela exclusão da mulher da vida política, elas eram relegadas exclusivamente a vida doméstica. Partindo desse conhecimento, não é de estranhar que uma instituição criada naquele período seguisse os mesmos padrões sociais. Foi a sociedade que historicamente excluiu as mulheres, a ABL apenas espelhou o comportamento da época. Homenagens, sejam elas tardias ou não, são sempre válidas, principalmente quando usadas para demonstrar de admiração e respeito. É uma oportunidade de dar destaque a um nome/ uma personalidade que merece reconhecimento, fazer este nome, e seus feitos, conhecido por novas gerações. Qualquer homenagem que se faça à Julia Lopes de Almeida, que dê destaque ao seu trabalho e reverbere seu nome, é válido, desde que não seja um ação pontual, simbólica, mas uma ação contínua de perpetuação de seu nome, seu trabalho e sua arte.


Resenhando.com - O resgate de Julia passa pelo gesto editorial de atualizar ortografia e contextualizar termos. Mas até que ponto “modernizar” a autora não corre o risco de domesticar sua força original e a rebeldia de sua escrita?
Carol Engel - Há uma diferença entre modernizar a leitura e atualizar a ortografia. Modernizar seria trazer termos atuais para o texto, não trabalhamos desta forma, mantemos o texto original, integral. O que fazemos é atualizar a ortografia. A língua portuguesa mudou muito, não podemos publicar livros com “bibliotheca", “commentou", como eram escritos na época. Essa atualização não enfraquece a força da criação literária, mas garante uma leitura mais acessível. O mesmo trabalho já é feito em autores clássicos consagrados como Machado de Assis e José de Alencar, por exemplo. As notas de roda pé foram pensadas nos leitores contemporâneos menos habituados a leitura de textos clássicos, cujo vocabulário pode, muitas vezes, criar um distanciamento. Servem para contextualizar e enriquecer a experiência de leitura, para que o leitor mantenha o interesse no texto, mesmo que se depare com algum termo ou palavra que desconheça.


Resenhando.com - O esquecimento de Julia e de tantas autoras brasileiras não foi acidental. Quem lucrou com esse apagamento literário, e quem perde quando suas vozes voltam a circular?
Carol Engel - Adoraria descobrir essa resposta. Espero que o trabalho de resgate literário que temos feito estimule pesquisadores a desvendar esse mistério e descobrir os motivos deste apagamento. De maneira bastante simplista podemos verificar uma consolidação de um mercado editorial calcado em vozes exclusivamente masculinas. O que certo, é que podemos é definir quem perdeu com esse apagamento: perderam os leitores, privados desta diversidade de vozes; perderam as mulheres, que não viam retratada na literatura, modelos e referencias escritos por outras mulheres, e perdeu também a proporia história da literatura brasileira, que ficou empobrecida sem estes registros.


Resenhando.com - Julia defendia voto feminino, acesso popular à cultura, educação para mulheres e ainda escrevia crônicas sobre jardinagem. O que isso revela sobre a multiplicidade da escritora e a nossa mania de reduzir autoras a uma única faceta?
Carol Engel - A tendência reducionista não é “privilégio” da literatura, abarca muitos setores e ainda hoje lutamos contra ele. Julia, com sua multiplicidade dialogava com diferentes públicos, sem esforço, mostrava que não precisava ser apenas “OU”, era mulher E escritora E jornalista E esposa E mãe. Que nos inspiremos em Julia e aceitemos as diferentes facetas, nossas e dos outros. Não precisamos ser apenas um, mas precisamos respeitar os múltiplos que podemos ser.


Resenhando.com - Ao reeditar todos os romances de Julia, a Janela Amarela realizou um feito inédito. Mas qual foi o momento mais surpreendente do processo: descobrir a força da obra ou perceber o abismo da indiferença cultural que a engoliu por décadas?
Carol Engel - Cada nova obra de Julia que trabalhamos foi uma surpresa. Por variados motivos: A dificuldade de acesso de determinados títulos. A variedade de temas. A composição das personagens e suas complexidades, e mesclado a tudo isso, o inacreditável apagamento do nome da autora da história, da história literária brasileira.


Resenhando.com - Quando se fala em “resgate literário”, muitas vezes pensamos em arqueologia. Mas Julia não parece uma autora morta: as personagens femininas dela e as críticas sociais ainda respiram no texto da autora. Você diria que Julia foi “apagada” ou que ela sempre esteve à espreita, esperando ser relida?
Carol Engel - Essa pergunta é curiosa e mostra, do ponto de vista literário, como a bagagem do leitor influência na recepção da mensagem. Quando falamos de “resgate literário” focamos mais na ideia de recuperação e liberdade, mas é interessante perceber que outros percebem pelo viés arqueológico... curioso, né!? Acredito que o desejo de todo o escritor é ser lido, e com Julia não pode ser diferente. Ainda que tenha sido “temporariamente apagada” a força de sua escrita manteve-se latente e agora pode ser redescoberta.


Resenhando.com - A comparação com Jane Austen e George Sand é recorrente. Mas será que não é uma violência comparar Julia apenas pelo viés europeu, em vez de inseri-la numa tradição afro-latino-americana de escritoras invisibilizadas?
Carol Engel - Não diria compara, mas equiparar, em qualidade, talento e produção. Infelizmente, precisamos dar como referência nomes europeus para exemplificar os talentos importantes de nossa literatura que foram esquecidos e silenciados. O ideal, e assim espero, é que, num futuro breve, possamos dar como referência nomes como o de Julia como exemplo referencial literário. Será maravilhoso ouvir: “o texto dela é marcante como os da Julia Lopes de Almeida...”, “o perfil deste personagem lembra muito os da Chrysanthème...” ou ainda “segue um estilo da Ignez Sabino...” mas para isso estas escritoras precisam voltar a ser conhecidas e reconhecidas por suas criações. Este é o trabalho que está acontecendo agora, com o resgate e relançamento destas obras e destas autoras.


Resenhando.com - Se Julia fosse publicada hoje, em pleno século XXI, com redes sociais, podcasts e clubes de leitura feministas, você acredita que ela seria uma estrela literária ou ainda assim encontraria os mesmos muros de silenciamento?
Carol Engel - Como sonhar é de graça, às vezes me pego imaginando como cada uma das autoras que redescobrimos seria se vivessem nos tempos atuais. É um exercício curioso... No caso de Julia, acho que ela seria uma estrela literária, sim, mas adaptada aos novos formatos, não ia se limitar apenas a publicação de livros, as redes sociais permitiriam uma interação estreita com seus leitores. Teria uma newsletter, onde ia publicar crônicas, e um podcast, para debater com convidados sobre temas da atualidade. Continuaria falando sem medo, batalhando pelas pautas que defendia... até por isso, às vezes, seria cancelada, mas sem medo continuaria defendendo suas ideias.


Resenhando.com - Há quem diga que reeditar Julia é um ato de reparação histórica. Mas reparação para quem? Para Julia, que já não está aqui, ou para os leitores que foram privados de conhecê-la?
Carol Engel - Para Julia é uma reparação simbólica, à sua memória. Em vida, como escritora, ela teve reconhecimento, o silenciamento de sua obra aconteceu depois de sua morte. É, portanto, uma reparação à nossa história da literária e aos leitores que podem, agora, ter acesso a este conteúdo.


Resenhando.com - Julia falava de falência econômica e moral em 1902. O Brasil de 2025, atolado em crises sucessivas, ainda não saiu da mesma encruzilhada? O que a leitura dela nos diz sobre o eterno retorno das nossas ruínas sociais?
Carol Engel - Romances, ainda que sejam histórias ficcionais, são um retrato de nossa sociedade e registros como os que Julia Lopes de Almeida faz em seus livros, servem como uma ferramenta crítica, nos lembra o quanto ainda temos que mudar, melhorar. Muitos dos problemas de outrora seguem nos assombrando, muito ainda precisa ser feito. Se as crises econômicas mudam, as questões morais parecem apenas se ajustar aos novos tempos. As obras de Julia podem ser vistas como uma sinal de alerta, será que 100 anos não foram suficientes para corrigir velhas falhas e entender com ser ou fazer melhor?

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

.: Rick Davies, da banda Supertramp: o sonho acabou


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação

Com o falecimento do músico britânico Rick Davies aos 81 anos, depois de uma luta contra uma doença grave (Mieloma Múltiplo) nos últimos anos, encerram-se as chances de uma eventual reunião da formação clássica da banda Supertramp. O Supertramp preferiu não seguir a regra das demais bandas antigas, que buscam reagrupar seus antigos membros e reviver hits que marcaram uma época. Após a saída de Roger Hodgson, em 1983, a banda se manteve ativa com Davies na liderança do vocal e das composições. Entretanto, sem conseguir alcançar o brilho e a popularidade dos anos 70 e 80.

Rick Davies sempre foi uma das forças criativas do Supertramp. Em que pese o sucesso que as canções de Hodgson alcançavam, as de Davies sempre serviam como um contraponto. Ou melhor, um complemento perfeito para o som desenvolvido naquela época pelo grupo.

Como alguns exemplos poderia citar canções como Bloody Well Right, From Now On (esta uma de minhas preferidas dele), Goodbye Stranger, Crime Of the Century, entre tantas outras. Ele também tinha um talento nato para compor hits radiofônicos como a balada retrô My Kind Of Lady, que estourou junto com It´s Raining Again, de Roger Hodgson.

Uma pena que ambas as partes não entraram em um acordo amigável para aparar as arestas do passado e voltar a tocar juntos no palco. Porque tanto Hodgson como Davies estavam em plena atividade musical e seria muito interessante acender aquela velha chama musical.

Davies havia anunciado em 2015que iria se retirar para tratar da doença, interrompendo as atividades da banda desde então.

Como consolo para os fãs, fica a obra da banda que permanece como uma referência em termos de um rock que transitava entre o pop e o estilo mais progressivo. Todas essas canções certamente não soam datadas e se mantém atuais nos dias de hoje.

"From Now On"

"My Kind Of Lady"

"Bloody Well Right"

.: Ricardo Vilas & Banda Maravilha chega nas plataformas digitais


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação

Ricardo Vilas está divulgando seu novo projeto, o disco “Ricardo Vilas & Banda Maravilha”, que está disponível em todas as plataformas digitais, com distribuição da Conexão África Produções. Um trabalho que reforça a ligação do músico com a cultura de origem africana, que sempre se mostrou presente em sua obra autoral. O projeto da parceria nasceu a partir de um vínculo criado em 2012, quando Ricardo conheceu os músicos da Banda Maravilha durante sua pesquisa de doutorado sobre a circulação da música popular entre Brasil e Angola.

“Angola, para nós brasileiros, é a África mais próxima. Essa conexão sempre me interessou e me atraiu, a ponto de dedicar minha pesquisa acadêmica ao estudo da Música Popular Angolana e de seus pontos de encontro com a música brasileira”, explica  Ricardo. O álbum reúne 12 faixas, entre composições inéditas e autorais; e conta com participações especiais de Dionísio Rocha, Filipe Zau, Nilze Carvalho e Hudson Santos, que contribuíram para um resultado positivo, um verdadeiro diálogo musical entre Angola e Brasil.

O projeto busca ampliar o conhecimento das culturas africanas no Brasil, especialmente no campo da Música Popular Brasileira, além de fortalecer os laços com o continente africano, de onde vem boa parte da nossa população. Ao mesmo tempo, pretende mostrar à população africana o quanto a sua presença cultural é valorizada e bem-vinda. “Agora que o projeto está ganhando as ruas, fico muito feliz de ver que conseguimos realizar um verdadeiro encontro musical entre Angola e Brasil. Mostramos tudo o que compartilhamos, em termos musicais, e também as particularidades que nos diferenciam, mas que dialogam de forma harmoniosa”, concluiu Ricardo Vilas

"Atlântica Mulata"


"Voando pra Luanda"


"Nosso Canto"

.: Michele Bouvier Sollack apresenta o livro “Rica de Propósito”


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação

Depois do evento realizado no Rio de Janeiro, onde reuniu políticos, empresários e personalidades da alta sociedade carioca, Michele Bouvier Sollack leva agora para São Paulo o lançamento de sua primeira obra, “Rica de Propósito” (Literare Books International, 168 páginas). O encontro na Livraria Travessa do Shopping Iguatemi, no dia, 17 de setembro, a partir das 19h00.

“Meu objetivo é mostrar que riqueza não se resume ao saldo bancário. Ela está ligada à clareza emocional, ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional e à capacidade de fazer escolhas que sustentem um propósito verdadeiro”, afirma Michele, que também é fundadora do grupo C7 Educação e Saúde. A obra chega em um momento crucial: segundo o IBGE, as mulheres já representam 34% das donas de negócios no Brasil, mas ainda enfrentam obstáculos estruturais, como acesso a crédito e conciliação entre maternidade, carreira e empreendedorismo. 

Michele propõe um caminho que integra autoconhecimento, produtividade assertiva e inteligência emocional como pilares de resultados financeiros sólidos e sustentáveis. “Este livro é como um mapa. Ele guia a leitora a transformar inseguranças em confiança, decisões em lucros reais, sempre conectando resultados financeiros com valores humanos”, completa a autora. Agora, em São Paulo, a expectativa é que “Rica de Propósito” inspire novas trajetórias e conquiste mais mulheres empreendedoras em busca de independência, equilíbrio e prosperidade. Outros estados estão sendo agendados, como Brasília, Salvador e Fortaleza.


Serviço
Lançamento do livro “Rica de Propósito” de Michele Bouvier Sollack
Dia 17 de setembro / 4ª feira
Às 19h
Livraria Travessa - do Shopping Iguatemi -São Paulo
Av. Brig. Faria Lima, 2232 - Piso Superior - Jardim Paulistano, São Paulo -
Venda on-line: Literare Books
Valor: R$ 79,90
Editora Literare Books International
168 páginas

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

.: Entrevista: ZéVitor desmonta a própria torre para erguer "Imago Mundi”


Por Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Fotos: Lucca Mezzacappa


Um álbum que surge de uma carta de Tarô desmoronando, de violões que carregam fantasmas de outras décadas, de aboios que ecoam como fósseis sonoros e de espaços silenciosos e familiares que só encontram voz na poesia. "Imago Mundi", o trabalho mais recente de ZéVitor, é mais que um conjunto de faixas. O álbum costura tradição viva e memória íntima em busca de um Brasil pessoal, seja ele medieval ou sertanejo, galego ou nordestino, melancólico ou solar, ou tudo isso misturado.

Na live session filmada em plano sequência, o disco se revela sem cortes, como quem encara o risco de ser visto sem máscara. Nesse cenário, ZéVitor reconstrói, arqueólogo e inventor,  as peças de um quebra-cabeça cultural que atravessa séculos e territórios. Entre colaborações que vão da voz do pai, o ator e músico Jackson Antunes, à artista galega Antía Muíño, o músico afirma um lugar raro: o de quem não se contenta com a repetição do que já foi ouvido. Nesta entrevista exclusiva ao portal Resenhando.com, ele fala sobre ritos de passagem, tradições que respiram, rebeldias estéticas e tormentas criativas que ainda pedem para virar música.

Resenhando.com - "Imago Mundi" parece ser mais do que um disco – soa como um rito de passagem. O que você precisou enterrar ou perder dentro de si para que esse álbum pudesse nascer?
ZéVitor - Muito legal você puxar esse termo “rito de passagem”, quando pensamos nas culturas através do mundo nos deparamos frequentemente com rituais que representam mortes simbólicas… talvez o art1ista morra em si mesmo várias vezes ao longo da sua trajetória… Eu sinto como se fosse uma nova vida, já que esse disco nasce com todo um novo processo pessoal de feitura artística completamente diferente de tudo que eu já havia experimentado… encontrei essas canções no fundo do fundo, quando por completo me desconheci e o fazer havia perdido o sentido… Nesse ponto houve um rompimento quase que completo com o que me fazia de alicerce, é como aquela carta do Tarô, A Torre… tudo vem ao chão e recomeça-se… "Imago Mundi" é o primeiro passo desse recomeço artístico, a porta que dá passagem a esse tempo novo… que está completamente ligado a "re-memória" daquilo de mais íntimo que sou, a volta para as minhas origens para a partir daí pensar na originalidade do meu fazer.


Resenhando.com - A live session foi gravada em plano sequência, um recurso estético que não permite cortes nem esconderijos. Que parte sua ficou exposta nesse processo - e você deixaria que alguém revisse esse plano sequência emocional da sua vida?
ZéVitor - Sem dúvidas o processo do ao vivo coloca a prova todos os envolvidos para que a capacidade de estarmos em sintonia possa transformar o momento em música… Momento que tem menos artifícios para esconder imperfeições… Mas sendo a música que busco fundamentada na busca pela verdade, a "não-perfeição" é acolhida pela expressão… Captura-se o momento, seja o melhor dia ou não, como as coisas tem de ser ali e agora. Sobre deixar alguém reviver o meu plano sequência emocional, acho que as canções acabam sendo mais interessantes do que isso, devo à invenção a razão desse parecer, já que criar, tem muito mais possibilidades… Todos temos nosso baú de dores incompartilháveis… Compartilho minha música, onde acho que posso servir um pouco mais de poesia do que a realidade crua e nua.  


Resenhando.com - Ao escolher instrumentos históricos e resgatar sons esquecidos, você parece dizer que o Brasil ainda guarda músicas que não ouvimos. Qual é a canção que o país insiste em calar?
ZéVitor - Acho que a ordem industrial de para onde a música precisa seguir para vender mais acaba por sufocar muitas experimentações… A música que vem de fora viraliza as nossas formas de fazer… Somos um povo extremamente complexo musicalmente, cheios de requintes rítmicos… então tenho me voltado culturalmente para o nosso país para criar a partir dele e de suas histórias… Sobre os instrumentos, essa espécie de arqueologia do som é uma parte de um processo em leque… É visual, sonoro, histórico. O timbre desses instrumentos antigos parecem nos contar sobre um futuro que não continuou… um tempo que se imaginou mas nunca houve pois tudo se deu diferente… nNsso vejo a  possibilidade de dar continuidade às buscas por música brasileira.


Resenhando.com - Você colocou seu pai, Jackson Antunes, para declamar versos em “Lira”, uma faixa sobre perdas. Quais silêncios ou segredos familiares ecoam nessa parceria artística?
ZéVitor - Meu pai sempre foi um guardião de histórias. Muitas dores que atravessaram nossa família nunca foram ditas em voz alta, mas a arte acaba funcionando como um espaço possível para que elas existam. Quando meu pai declama em “Lira”, sinto como se aquilo que não expomos ao mundo no cotidiano encontrasse lugar na música. É uma forma de quebrar o silêncio deixando que a poesia carregue o peso do indizível.


Resenhando.com - Em “πNeo” você incorpora aboios e sons ancestrais, como se atualizasse uma memória coletiva em loop. Como diferenciar tradição viva de folclore embalsamado?
ZéVitor - Acho que tradição viva é tudo aquilo que respira do passado ao presente… a tradição que serve a comunidade e segue em contextos reais… A tradição viva no meu entendimento pode ser ainda de duas formas: ela mantida como é, para dar longa vida a sua origem e preservação a sua originalidade… e ela transformada na ótica de seu tempo, para que tenha possibilidades de pesquisa em sua expressão. Em diferença, o folclore embalsamado que no meu entendimento desse termo refere-se a uma forma de se tentar preservar algo morto para propósito de exibição… me parece essa coisa fria, numa mera representação de algo um tanto sem vida do que deveria ser aquilo… Troca-se o sangue por formol para evitar o que é desagradável e caber dentro de um ambiente de exposição sem muito interesse real em estabelecer uma ligação profunda…
 

Resenhando.com - “Kintsugi” encerra o disco com uma colaboração com Antía Muíño e uma metáfora japonesa sobre reconstrução. O que em você está colado com ouro?
ZéVitor - Tudo aquilo que um dia se partiu. Porque tudo que quebra a gente recolhe pra levar ou jogar fora. Algumas coisas acabam saindo de forma diferente do que gostaríamos, perdemos tantas coisas pelo caminho… nessa metáfora de aprendermos a lidar com as cicatrizes, todos nós vamos tendo que fazer algo com elas. Sobre a música, talvez ela possa explicar melhor a sua existência do que eu… Acho que ela tem o poder de reconfortar com uma beleza melancólica que no fim tem uma mensagem positiva sobre reconstrução e esperança. Eu escrevi essa música quando estávamos já no processo de feitura do álbum, e todo dia mostrava para o Aureo Gandur, produtor do disco, e tentava mostrar o quão me parecia especial… ela acabou por entrar como a última faixa do disco… lembro que ficamos por duas noites retrabalhado o arranjo dos violões e nessa altura era impossível pensar o trabalho sem a sua presença. É motivo de alegria compartilhar essa canção com Antía Muíño, que trouxe através de sua voz toda a ancestralidade e futuro da cultura galega… essa música nos fez cruzar o oceano e sua estreia foi no Festiletras, um festival na Aldea do Couto à convite de Antía. Conhecer a Galícia, foi ter contato com o próprio conceito do disco, em uma travessia transformadora e profunda. Kintsugi foi escolhida para estar na playlist "O Melhor da Aquarela Brasileira 2024" (Spotify) e fiquei feliz pois é uma oportunidade de mostrar que nossas raízes também podem estar além de nossas fronteiras.


Resenhando.com - Se o álbum fosse uma carta para o futuro, que faixa você gostaria que sobrevivesse a esse tempo líquido que esquece tudo rápido?
ZéVitor - Eu gostaria que “Deixe-me Ir” sobrevivesse, mas se ela se for, acho que é a música que pode ser redescoberta numa cápsula, e daqui a tantos e tantos anos poderá ainda narrar os dramas da humanidade de maneira contemporânea ou ser um retrato do nosso tempo… As bombas, as balas, a guerra e a corrida do dinheiro… Tenho dificuldade de acreditar numa melhora substancial do comportamento humano ainda mais com a forma como os donos do mundo decidem tocar o barco.


Resenhando.com - Ao dirigir a arte da live e os próprios arranjos, você se colocou em várias frentes criativas. Onde termina o ZéVitor artista e começa o ZéVitor obsessivo?
ZéVitor - Acho que a tentativa de controle a qualquer custo é sofrimento na certa, eu me cerco de pessoas que confio… O cenário foi fruto de uma direção simbólica, as coisas foram aparecendo e cada um presente colaborou com a sua sensibilidade. Quanto aos arranjos seria um exagero dizer que participei da direção, que é obra do meu grande amigo e produtor musical Aureo Gandur! Certamente me é impossível não palpitar e participar ativamente das decisões… fico muito empolgado com as escolhas de instrumentação para cada música, ainda mais nesses formatos de ao vivo, onde podemos reorganizar a forma de fazer… E sobre ser obsessivo, se fizesse uma tradução de obsessivo para excessivamente preocupado com algo… Poderia dizer que estou bastante envolvido com a minha música como objeto de pesquisa, ando restaurando instrumentos históricos com o objetivo de dar continuidade ao seu som, pensando sobre esse processo criativo e os caminhos inventivos para nossa música de hoje e de amanhã que não esteja dominada por modismos.


Resenhando.com - Você reúne em um mesmo projeto a cultura galega, sertaneja, nordestina, medieval e pop. Isso é curadoria pessoal ou rebeldia estética?
ZéVitor - É uma curadoria pessoal do que tocam as raízes desse trabalho e todo o processo que estamos envolvidos, acho que pode ser considerado uma rebeldia em relação as pedidas do mundo… Afinal são músicas para serem ouvidas em estado de envolvimento e atenção para todas essas coisas que as formam. Na Galícia, se deu surgimento da nossa língua portuguesa, os primeiros textos estavam lá escritos em galego-português na terra dos trovadores… A saudosa professora Jerusa Pires disse uma vez em uma aula, que nunca sentiu tanto Elomar do que quando desembarcou na estação de trem de Santiago de Compostela… O nosso sertão é medieval, a Espanha conta "Don Quixote" e nós lemos "Grande Sertão: Veredas"… as nossas violas caipira, nordestina… e todas as suas afinações descendem das violas Braguesas, Amarantinas, Da Madeira… todas violas portuguesas que acabaram afinadas pelas terras que as acolheram aqui no Brasil… não se trata então de saltos em todas as direções para encontrar uma estética extravagante, mas sim de acreditar estar numa linha de reconexão com um grande rio que se estende do mais remoto até o presente para formar a nossa cultura… Eu me sinto ligando alguns pontos desse grande mapa para encontrar um tesouro que é a própria música. Os instrumentos surgem como elos para trabalhar com essa tradição viva, acreditando que isso seja uma das bases mais fortes para se pensar o futuro… tradição em estado de movimento. O retrato do que estamos tentando fazer me parece uma raiz que tenta se projetar ao futuro…


Resenhando.com - Depois de “Imago Mundi”, o que ainda não foi dito por ZéVitor, mas já o atormenta querendo virar música?
ZéVitor - Acho que muitas coisas ainda não foram ditas, eu componho mais músicas do que sou capaz de dar conta… Existem vários projetos prontos esperando sua vez e seu lugar… Mas todas as músicas se encontram unidas no mesmo propósito de exploração e experimentação com base nesse processo que pude compartilhar um pouco nessa entrevista… O segundo passo desse caminho já começa a se insinuar em Gandaia, que é um disco mais solar, tropical e selvagem que estou trabalhando… Onde a variação de música para música já começa a desenhar sonora e poeticamente novas linhas desse mapa… Fiz uma expedição com o Aureo Gandur (produtor musical) e o Iuri Nascimento (engenheiro de som e músico) que estão comigo nessa pesquisa sonora, dirigimos por 21 horas para encontrar um lote de instrumentos que estavam sendo tratados como sucata… no meio de coisas mais que especiais descobrimos um instrumento chamado Oficleide, um sopro que parou de ser fabricado em 1900, de timbre doce e profundo… um som em extinção… esse instrumento só está presente no disco novo da forma que está por causa dessa inquietação, dessa coisa que atormenta, dessa voz que pede coragem… de confiar nas partes que não controlamos e de nos agarrarmos a um propósito maior que as coisas passageiras… de reverenciarmos e seguirmos nossos próprios caminhos dando continuidade para a imaginação.

.: Filme "Invocação do Mal 4: o Último Ritual' inspira pegadinha assustadora


O "Programa Silvio Santos" com Patrícia Abravanel exibiu uma edição especial do quadro “Câmeras Escondidas”, em parceria com a Warner Bros. Pictures. Inspirada em "Invocação do Mal 4: o Último Ritual", em cartaz nos cinemas brasileiros, a pegadinha contou com a presença da boneca Annabelle original, utilizada durante as filmagens, garantindo momentos de puro pavor para os participantes e diversão para os telespectadores. 

A pegadinha se passa em uma mansão sombria, onde supostos funcionários são contratados para limpar o sótão. Conduzidos pela governanta vivida por Lucélia Machiavelli, os desavisados acreditam estar apenas prestando um serviço doméstico, até que eventos paranormais começam a acontecer: cadeiras que se movem sozinhas, vasos que se quebram misteriosamente e objetos que voam pelo ambiente. 

O susto fica ainda pior com a entrada em cena da icônica boneca Annabelle. O quadro também contou com personagens caracterizados de demônios inspirados no filme, eventos paranormais e outros elementos macabros, arrancando verdadeiros sustos e gargalhadas do público em casa. 

Toda a atmosfera da pegadinha reflete o clima de tensão e terror que permeia "Invocação do Mal 4: o Último Ritual". No longa, os investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren (Patrick Wilson e Vera Farmiga) precisam desvendar o caso mais perturbador de suas carreiras, o da família Smurl. Dirigido por Michael Chaves e produzido por James Wan, o filme promete envolver o público em uma narrativa repleta de sustos, suspense e emoção. 

Assista a pegadinha de "Invocação do Mal 4" no "Programa Silvio Santos"

Sobre o filme 
A New Line Cinema apresenta o nono filme do universo cinematográfico Invocação do Mal, que já arrecadou mais de 2 bilhões de dólares nos cinemas, "Invocação do Mal 4: o Último Ritual", dirigido pelo veterano cineasta da franquia, Michael Chaves, e produzido pelos arquitetos do universo Invocação do Mal, James Wan e Peter Safran. 

"Invocação do Mal 4: o Último Ritual" é o mais novo eletrizante capítulo do icônico universo cinematográfico "Invocação do Mal", baseado em eventos reais. Vera Farmiga e Patrick Wilson se reencontram, para trabalhar em um último caso, como os renomados investigadores paranormais da vida real Ed e Lorraine Warren, uma considerável e arrepiante adição à franquia sucesso mundial de bilheteria. 

Vera Farmiga e Patrick Wilson estrelam ao lado de Mia Tomlinson e Ben Hardy, nos papéis de Judy Warren, filha de Ed e Lorraine, e seu namorado Tony Spera. O elenco também conta com Steve Coulter, que retorna como Padre Gordon, além de Rebecca Calder, Elliot Cowan, Kíla Lord Cassidy, Beau Gadsdon, John Brotherton e Shannon Kook. 

Michael Chaves dirige "Invocação do Mal 4: o Último Ritual" a partir do roteiro de Ian Goldberg & Richard Naing e David Leslie Johnson-McGoldrick, com argumento de David Leslie Johnson-McGoldrick & James Wan, baseado nos personagens criados por Chad Hayes & Carey W. Hayes. Os produtores executivos são Michael Clear, Judson Scott, Natalia Safran, John Rickard, Hans Ritter e David Leslie Johnson-McGoldrick. 

Em sua equipe criativa atrás das câmeras, Chaves conta com o diretor de fotografia Eli Born; o designer de produção John Frankish; os editores Elliot Greenberg e Gregory Plotkin; o supervisor de efeitos visuais Scott Edelstein; o produtor de efeitos visuais Eric Bruneau; o figurinista Graham Churchyard; Rose Wicksteed e Sophie Kingston-Smith, responsáveis pelo elenco; e o supervisor musical Ian Broucek. A trilha sonora foi composta por Benjamin Wallfisch. 

A New Line Cinema apresenta uma produção da Safran Company/Atomic Monster, "Invocação do Mal 4: o Último Ritual", que será lançado e distribuído mundialmente pela Warner Bros. Pictures nos cinemas e salas IMAX de todo mundo.

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As principais estreias da semana e os melhores filmes em cartaz podem ser assistidos na rede Cineflix CinemasPara acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SANO Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021.


Ficha técnica
“Invocação do Mal 4: o Último Ritual” | “The Conjuring: last Rites” | “The Conjuring: Extrema-Unção” (Portugal) | Sala 3
Classificação indicativa: 
16 anos. Ano de produção: 2025. Idioma original: inglês. Direção: Michael Chaves. Roteiro: Ian Goldberg, Richard Naing, David Leslie Johnson-McGoldrick. Elenco: Vera Farmiga, Patrick Wilson, Mia Tomlinson, Ben Hardy, Steve Coulter, Rebecca Calder, Elliot Cowan, Kíla Lord Cassidy, Beau Gadsdon, John Brotherton e Shannon Kook. Distribuição no Brasil: Warner Bros. Pictures. Duração: 115 minutos (1h55m). Cenas pós-créditos: não.


Sinopse resumida de “Invocação do Mal 4: O Último Ritual”
Ed e Lorraine Warren investigam o caso mais sombrio de suas carreiras, envolvendo a família Smurl, em uma trama baseada em acontecimentos reais que promete encerrar a franquia com intensidade e terror.


Sessões dubladas
11/9/2025 - Quinta-feira: 15h10.
12/9/2025 - Sexta-feira: 15h10.
13/9/2025 - Sábado: 15h10.
14/9/2025 - Domingo: 15h10.
15/9/2025 - Segunda-feira: 15h10.
16/9/2025 - Terça-feira: 15h10.
17/9/2025 - Quarta-feira: 15h10. Ingressos neste link.


Sessões legendadas
11/9/2025 - Quinta-feira: 20h00.
12/9/2025 - Sexta-feira: 20h00.
13/9/2025 - Sábado: 20h00.
14/9/2025 - Domingo: 20h00.
15/9/2025 - Segunda-feira: 20h00.
16/9/2025 - Terça-feira: 20h00.
17/9/2025 - Quarta-feira: 20h00. Ingressos neste link.

.: Despedidas, dilemas e batalhas épicas são as estreias do Cineflix Santos


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com.

A semana de estreias no Cineflix Santos, no Miramar Shopping, traz produções que passeiam entre a emoção, a reflexão e o entretenimento de tirar o fôlego. Entre elas, destacam-se o adeus à família Crawley em “Downton Abbey: O Grande Final”, o drama luso-brasileiro sobre dignidade e escolhas de vida em “Sonhar com Leões”, o anime épico “Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba – Castelo Infinito”, a cinebiografia artística “Picasso – Um Rebelde em Paris”. Segue em cartaz o terror intenso de “Invocação do Mal 4: O Último Ritual”, que vem batendo recorde atrás de recorde. Confira os detalhes de cada produção, horários e classificação indicativa. Programação completa e ingressos: clique aqui.


“Downton Abbey: O Grande Final” (“Downton Abbey: The Grand Finale”)
O encerramento da saga da família Crawley chega aos cinemas com direção de Simon Curtis e roteiro de Julian Fellowes, criador da série. Ambientado em 1930, o filme acompanha Lady Mary Talbot enfrentando um escândalo público, enquanto a família lida com dificuldades financeiras e pressões sociais. O elenco original retorna, incluindo Michelle Dockery, Hugh Bonneville, Laura Carmichael e Jim Carter, prestando homenagem à icônica Condessa Viúva de Grantham, interpretada por Maggie Smith. Distribuição da Universal Pictures Brasil.

Sessões legendadas na Sala 1
De 11 a 17 de setembro: todos os dias às 15h30 e 20h30
Classificação: 12 anos | Duração: 123 minutos | Distribuição: Universal Pictures Brasil


“Sonhar com Leões” (filme brasileiro)
Dirigido e roteirizado por Paolo Marinou-Blanco, o drama luso-brasileiro acompanha Gilda (Denise Fraga), professora diagnosticada com câncer terminal, que busca morrer com dignidade. Após falhas em suas tentativas de suicídio, ela conhece Amadeu (João Nunes Monteiro) em uma organização clandestina de eutanásia. O filme mistura humor ácido e tragédia, provocando reflexões sobre os limites da vida e da morte. Distribuição da Pandora Filmes.

Sessões na Sala 4
De 11 a 17 de setembro: todos os dias às 18h00
Classificação: 16 anos | Duração: 87 minutos | Distribuição: Pandora Filmes


“Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba – Castelo Infinito” (“Gekijouban Kimetsu no Yaiba: Mugen-jou-hen Movie 1”)
A aguardada trilogia final do anime japonês estreia com direção de Haruo Sotozaki. Tanjiro Kamado e seus aliados enfrentam demônios no misterioso Castelo Infinito, protagonizando batalhas épicas e revelações emocionantes. A produção apresenta narrativa inédita, distinta das compilações anteriores da franquia. Distribuição da Sony Pictures.

Sessões legendadas na Sala 3
De 11 a 17 de setembro: todos os dias às 16h20 e 19h30
Classificação: 18 anos | Duração: 2h36min | Distribuição: Sony Pictures


“Picasso - Um Rebelde em Paris” (“Picasso: un Ribelle a Parigi – Storia di Una Vita e di Un Museo”)
Documentário dirigido por Simona Risi que explora a vida de Pablo Picasso em Paris, revelando aspectos pouco conhecidos de sua trajetória. Com narração de Mina Kavani, a obra mistura imagens do acervo do Museu Nacional Picasso, entrevistas com especialistas e cenas de Montmartre, proporcionando uma reflexão sobre a personalidade e o legado do artista. Distribuição da Autoral Filmes.

Sessões legendadas na Sala 1
De 11 a 16 de setembro: todos os dias às 18h30
Classificação: livre | Duração: 90 minutos | Distribuição: Autoral Filmes

“Invocação do Mal 4: O Último Ritual” (“The Conjuring: Last Rites”)
O nono filme do universo cinematográfico Invocação do Mal acompanha Ed e Lorraine Warren investigando o caso mais sombrio de suas carreiras, envolvendo a família Smurl. Dirigido por Michael Chaves e produzido por James Wan e Peter Safran, o longa traz Vera Farmiga e Patrick Wilson de volta aos papéis icônicos, ao lado de Mia Tomlinson e Ben Hardy. Distribuição da Warner Bros. Pictures.

Sessões dubladas na Sala 3
De 11 a 17 de setembro: todos os dias às 15h10
Sessões legendadas na Sala 3
De 11 a 17 de setembro: todos os dias às 20h00
Classificação: 16 anos | Duração: 115 minutos | Distribuição: Warner Bros. Pictures



Serviço Cineflix Santos
Miramar Shopping – Rua Euclides da Cunha, 21, Gonzaga, Santos/SP
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quarta-feira, 10 de setembro de 2025

.: Com Denise Fraga, "Sonhar com Leões" debate a dignidade para morrer


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com.

Em um cenário em que a dor se mistura ao humor, "Sonhar com Leões" estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 11 de setembro, trazendo à tona questões profundas sobre dignidade, identidade e a busca por controle em meio ao caos da vida. Dirigido e roteirizado por Paolo Marinou-Blanco, o filme é uma coprodução luso-brasileira com toques de surrealismo e humor ácido, que desafia o público a refletir sobre temas como a eutanásia e o suicídio assistido.

A trama segue Gilda (Denise Fraga), uma professora brasileira que, após ser diagnosticada com câncer terminal, decide buscar formas de morrer com dignidade e sem dor. Suas tentativas de suicídio falham, levando-a a procurar a Joy Transition International, uma organização clandestina que oferece workshops sobre eutanásia. Lá, ela conhece Amadeu (João Nunes Monteiro), um jovem português também em busca de uma saída para sua dor. Juntos, embarcam em uma jornada que mistura tragédia e comédia, desafiando normas sociais e legais.

O elenco é composto por Denise Fraga, João Nunes Monteiro, Joana Ribeiro, Victoria Guerra, Sandra Faleiro, Roberto Bomtempo, entre outros. A produção conta com o apoio de empresas como Capuri Filmes (Brasil), Promenade (Portugal), Darya Films (Portugal) e Cinètica Produccions (Espanha), além do suporte do programa Eurimages, do Conselho da Europa .O filme foi selecionado para o 53º Festival de Cinema de Gramado, destacando-se como uma das produções mais aguardadas do ano.

A estreia internacional ocorreu no Tallinn Black Nights Film Festival, na Estônia, e foi exibido em Cannes em 2024. Com uma duração de 87 minutos e classificação indicativa de 16 anos, "Sonhar com Leões" promete provocar e emocionar o público, oferecendo uma reflexão sobre os limites da vida e da morte, e o que significa manter a dignidade em tempos de sofrimento.

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Ficha técnica
 "Sonhar com Leões" | Sala 4
Classificação indicativa: 16 anos. Ano de produção: 2024. Idioma: português. Direção e roteiro: Paolo Marinou-Blanco. Elenco: Denise Fraga (Gilda), João Nunes Monteiro (Amadeu), Joana Ribeiro (Isa), Victoria Guerra (Laurinda), Sandra Faleiro (Eva), Roberto Bomtempo (Lúcio), entre outros. Distribuição no Brasil: Pandora Filmes. Duração: 87 minutos. Cenas pós-créditos: não.


Sinopse resumida de "Sonhar com Leões" 
Gilda, uma imigrante brasileira em Lisboa, diagnosticada com câncer terminal, busca formas de morrer com dignidade. Após falhas em suas tentativas de suicídio, ela encontra a Joy Transition International, uma organização clandestina que oferece métodos de eutanásia. Lá, conhece Amadeu, um jovem também em busca de uma saída para sua dor. Juntos, enfrentam desafios que misturam humor negro e tragédia, questionando os limites da vida e da morte.


Sessões legendadas
11/9/2025 - Quinta-feira: 18h00.
12/9/2025 - Sexta-feira: 18h00.
13/9/2025 - Sábado: 18h00.
14/9/2025 - Domingo: 18h00.
15/9/2025 - Segunda-feira: 18h00.
16/9/2025 - Terça-feira: 18h00.
17/9/2025 - Quarta-feira: 18h00. Ingressos neste link.

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