segunda-feira, 24 de novembro de 2025

.: Crítica: "Homo Argentum" é excelente ao focar nas vertentes da hipocrisia

"Homo Argentum", em cartaz na Cineflix Cinemas de Santos


Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em novembro de 2025


"Homo Argentum" entrega 16 histórias variadas e surpreende com versatilidade impressionante de Guillermo Francella, estrela das peripécias muito bem humoradas, com toque de crítica social. O longa dirigido por Mariano Cohn e Gastón Duprat ("O Cidadão Ilustre" e "Meu Querido Zelador") é excelente ao refletir a realidade do povo argentino, seja entre os seus ou com outros povos, inclusive em solo italiano.

Na primeira história, Guillermo vive um homem que durante uma festa debate sobre os jovens argentinos partirem em busca de uma vida melhor, deixando o país. Após defender ideais patriotas, vai sozinho à sacada do local para fumar quando torna-se responsável por um acidente que ganha grandes proporções. Deixando a todos diante da telona boquiabertos, sai da cena de fininho e festeja com os seus dançando. Eis o retrato da hipocrisia.

A produção que soma 1 hora e 38 de minutos é ágil, divertida ao usar o humor ao fazer críticas sociais. Com sagacidade, une muito bem histórias distintas, bem identificadas por títulos, a ponto de fundir uma na outra. Entretanto, usa o visual para deixar claro que se trata de uma nova situação a ser apresentada, embora, às vezes, pareça similar a anterior, algo acaba trazendo novidade, entregando nuances inimagináveis. 

A entrada conturbada e silenciosa do presidente argentino em rede nacional ou a namorada do papai viúvo há um ano vira pauta. Entre possibilidades de uma mente que consegue ver um futuro capaz de acabar com a vida de um homem riquíssimo numa simples subida num elevador até o 54º andar a alguém que vai para outro país conhecer seus ancestrais levando alfajor e sai corrido levando pedrada. "Homo Argentum" faz rir e refletir, com um ferrenho humor ácido. Vale a pena conferir!


O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no GonzagaConsulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN.


"Homo Argentum". (Homo Argentum. Direção: Mariano Cohn e Gastón Duprat. Duração: 1h e 50min. Gênero: comédia. Distribuição: Disney. Sinopse: O filme é composto por 16 histórias curtas e independentes que formam uma crítica social sobre a realidade argentina.  

Trailer de "Homo Argentum"




Leia+

.: Crítica: "O Agente Secreto" é filmaço imperdível com a cara do Brasil

.: Divulgadas as primeiras imagens de Maria Gal como Carolina Maria de Jesus


Maria Gal caracterizada como Carolina Maria de Jesus , escritora que se tornou símbolo de resistência ao escrever sobre a vivência na favela do Canindé, em São Paulo. Foto: Mariana Vianna

A obra “Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus, um dos livros mais importantes da literatura pós-moderna brasileira, vai ganhar uma adaptação para o cinema. E a produção acaba de divulgar as primeiras fotos da atriz Maria Gal caracterizada como a escritora que se tornou símbolo de resistência ao transformar sua vivência na favela do Canindé, em São Paulo, em literatura. Intitulado temporariamente como “Carolina - Quarto de Despejo”, o longa será dirigido por Jeferson De, com roteiro de Maíra Oliveira e produção de Clélia Bessa. O filme é uma produção da Move Maria, Raccord Produções e Buda Filmes, com coprodução da Globo Filmes e distribuição da Elo Studios.

Para interpretar a escritora, Gal passou por uma importante transformação. Os cabelos ganharam novo comprimento que, segundo a atriz, contam aquilo que poucas palavras conseguem alcançar. “Quando eu aceito transformar meu cabelo pela história de Carolina, não estou apenas mudando o visual, estou abrindo espaço para acessar uma verdade que vai além da minha. Estou entrando no território dessa mulher gigante, que ainda hoje é uma das autoras mais importantes da literatura mundial. Carolina não é só um papel, ela é uma força literária que atravessou séculos, fronteiras e desigualdades, escrevendo de um lugar de silêncio imposto e, mesmo assim, fazendo ecoar a própria voz para o mundo inteiro”, explica Gal. Ainda como parte da composição da personagem, a atriz passou por um grande processo de emagrecimento, chegando a perder mais de 18kg e iniciou a preparação como atriz há um ano, passando por profissionais do Brasil e dos EUA.

O filme é uma adaptação do livro “Quarto de Despejo - Diário de Uma Favelada”, publicado em 1960, em que Carolina Maria de Jesus narra com autenticidade e força poética a vida na favela do Canindé, em São Paulo. Nascida em 1914, em Sacramento (MG), ela impactou o país com seu diário ao expor, com profundidade e sensibilidade, a realidade da fome, do racismo estrutural e da desigualdade social. Com apenas dois anos de educação formal, a autora vendeu mais de um milhão de exemplares, teve sua obra traduzida para 14 idiomas e se tornou a primeira escritora negra brasileira a alcançar reconhecimento internacional. 

A produção pretende revelar não apenas as dificuldades enfrentadas por Carolina e seus filhos, mas também sua genialidade, coragem e paixão pela escrita, que transformaram sua experiência em um poderoso testemunho de resistência. Ao lado de Maria Gal, a produção conta ainda com Raphael Logam, Clayton Nascimento, Liza Del Dala, Carla Cristina Cardoso, Ju Colombo,Caio Manhante, Jack Berraquero, Fabio Assunção, Alan Rocha, Thawan Lucas e grande elenco.


Ficha técnica
Título: "Carolina - Quarto de Despejo"
Direção: Jeferson De
Roteiro: Maíra Oliveira
Produção: Clélia Bessa
Baseado no livro “Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus
Elenco: Maria Gal, Raphael Logam, Laura Vick, Raphael Raposo, Thawan Lucas, Caio Manhente, Clayton Nascimento, Liza Del Dala, Carla Cristina Cardoso, Ju Colombo, Jack Berraquero, Fabio Assunção, Alan Rocha e grande elenco
Produção: Move Maria, Raccord Produções, Buda Filmes
CoProdução: Globo Filmes
Distribuição: Elo Studios

.: "O Efeito Urano" é um reencontro com a mente inquieta de Fernanda Young


Dando continuidade à publicação da obra de Fernanda Young na editora Record, chega às livrarias o romance "O Efeito Urano". Por meio de uma narrativa LGBTQIAPN+, o livro é um reencontro com a mente inquieta da autora, morta precocemente aos 49 anos. Roteirista de séries famosas como "Os Normais", atriz, apresentadora e escritora, Fernanda recebeu o Prêmio Jabuti em 2019 na categoria Crônica.

Poucos autores brasileiros foram tão viscerais quanto Fernanda Young. A literatura dela é inquieta e provocadora. Em "O Efeito Urano", Young desmonta ideias prontas sobre amor por meio de uma linguagem afiada, sem medo do desconforto, e exibe seu talento literário nesta ficção absurdamente incomum. Cristiana é uma jornalista freelancer em um casamento funcional com Guido, um bem-sucedido psicanalista. No entanto, um acidente astrológico entre Urano e Saturno marca uma virada na vida de Cristiana, que passa a agir de forma impulsiva, tomada por um desejo que nem ela consegue entender.

A amizade da jornalista com Helena, uma mulher lésbica e segura de si, altera a dinâmica do casal, e o que poderia ser apenas uma experiência se torna um processo de profunda mudança. Cristiana se move entre atração e culpa, colocando à prova tudo o que considerava estável e cometendo loucuras que bagunçam sua rotina pragmática de então.

Esta nova edição de "O Efeito Urano" é um reencontro com a mente borbulhante de uma autora que marcou a literatura brasileira com intensidade. Com o olhar ácido que lhe é característico, Fernanda Young transita entre o banal e o imprudente, apresentando personagens que não buscam redenção, mas lucidez. Compre o livro "O Efeito Urano", de Fernanda Young, neste link.


Atrizes falam sobre a autora

“Devo muito à Fernanda Young, à jovem e young Fernanda de Nikiti.” - Fernanda Torres

“Tem gente que fez tanto que não morre. Sinto isso sobre a Fernanda Young.” - Fernanda Nobre

“Fernanda foi uma mulher transgressora em tudo que se propôs a fazer em literatura, TV, cinema, teatro e na vida.” - Camila Pitanga

Sobre o livro
“'O Efeito Urano' é o melhor livro de Fernanda Young. (...) A autora implode com a narrativa tradicional, mergulhando nas inovações da literatura contemporânea, algo em que escritores do presente deveriam se inspirar.” – Marcelo Rubens Paiva, Folha de S.Paulo

Sobre a autora
Fernanda Young
(1970–2019) foi uma escritora, roteirista, apresentadora e atriz brasileira, e mãe de quatro filhos. Foi indicada duas vezes ao Emmy e recebeu o Prêmio Jabuti na categoria Crônica. Amada por uma legião de fãs, sua produção reúne 15 livros e 15 séries para televisão. Após a publicação do livro póstumo "Chatices do Amor", a Editora Record dá continuidade à publicação da obra de Fernanda Young com "O Efeito Urano".

Leia também
"Chatices do Amor"
, publicado pela Editora Record, revela ao público dois romances de Fernanda Young: "O Piano Está Aberto" e "O Livro". O primeiro, sobre amor e depressão, é narrado por Anna, uma protagonista silenciosa, que, por meio da música, permite-se sentir tristeza. O segundo trata-se de um recorte dos últimos escritos de Fernanda Young, motivados por um acordo com sua analista: ela só poderia retornar à sessão com um texto novo em mãos. Compre o livro "Chatices do Amor", de Fenanda Young, neste link.

.: Uketsu e Jake Adelstein são novidades na Biblioteca da Fundação Japão


Novas aquisições do acervo passam por gêneros como terror, não-ficção, literatura e culinária; livro sobre segredos da Yakuza é um dos principais destaques. Na imagem, biblioteca da Fundação Japão em São Paulo. Foto: d
ivulgação/Fundação Japão

Obras como “Casas Estranhas”, do autor best-seller e youtuber Uketsu, “Eu, Brasil” da jornalista Juliana Sakae, são destaques entre os novos livros do acervo da Biblioteca da Fundação Japão, em São Paulo, no mês de novembro. O foco dos livros adquiridos é a literatura e cultura japonesas, cobrindo áreas como literatura, teatro, mistério, não-ficção e culinária, abordando os mais diversos temas que envolvem a cultura do país.

Terror e jornalismo são destaques do acervo
"Casas Estranhas", de Uketsu: um sucesso de terror e mistério de um autor youtuber com milhões de inscritos. A trama segue um escritor fascinado por ocultismo e um arquiteto enquanto investigam um espaço misterioso e inexplicável no térreo de uma casa recém-construída em Tóquio, levando-os a descobrir uma realidade macabra.

"Tokyo Noir": o investigador americano que desvendou os segredos da máfia japonesa, de Jake Adelstein: Uma obra de não-ficção que expõe o lado sombrio de Tóquio. O autor, um ex-repórter, revela a profunda infiltração da yakuza na sociedade japonesa, descrevendo como a máfia opera como uma espécie de "governo paralelo".

"Caminho Japonês: da Culinária à Cultura Milenar", de Martin Vidal: este livro convida o leitor a uma jornada pela gastronomia e tradição japonesas. Explora as histórias, valores e segredos que moldam cada prato e cerimônia, enfatizando a precisão técnica, o respeito pelos ingredientes e o equilíbrio dos sabores.

"Eu, Brasil", de Juliana Sakae: neste livro de jornada pessoal, a jornalista narra a busca pela história de sua família e ancestrais após a morte de sua mãe. Sua investigação a leva a lugares como Açores e o Japão do início do século passado, revelando apagamentos estruturais na história brasileira em prol de narrativas hegemônicas.

Além dos títulos acima, “Triste História de Uma Mulher: a História de Okichi, Uma Estrangeira” de Yuzo Yamamoto, “Tosa Nikki: o Diário de Tosa” de Kino Tsurayuki, “A Besta nas Sombras” de Edogawa Rampo e “Kirishitan Nobunaga” de Osanai Kaoru também acabam de chegar ao acervo. Localizada na Avenida Paulista, 52, 3º andar, no bairro Bela Vista, a biblioteca funciona de terça a sexta-feira, das 10h30 às 19h30, e aos sábados (alternados), das 9h00 às 14h00.

.: #LeituraMiau: A beleza das palavras denuncia os limites do indomável caos


Por Cláudia Brino, escritora, ativista cultural e editora da Costelas Felinas

Em "Deixa que Eu Conto - Volume 2: Rabiscos", a autora miau Maria Braga Canaan constrói uma escrita que desafia classificações. Seus textos, espontâneos e densos, não pretendem se encaixar em moldes: são manifestações da alma, rabiscos feitos com a coragem de quem entende que escrever é uma forma de exposição ainda mais intensa que o ato de se desnudar.

Canaan abraça a natureza fragmentária dos sentimentos. Cada texto é como uma janela entreaberta - às vezes luminosa, às vezes turva - para o universo íntimo que ela partilha com o leitor. A escritora reconhece a beleza das palavras, mas também denuncia seus limites diante do indomável caos emocional que todos carregamos.

Publicada pela Editora Costelas Felinas, a obra propõe uma experiência de leitura sensível e aberta, recusando definições fechadas sobre tema ou propósito. Cada leitor, portanto, se encontrará (ou se perderá) nesses fragmentos, reconhecendo neles algo de si.

O livro é um convite à experiência: cabe ao leitor percorrer esses caminhos de sentidos múltiplos, sentir-se tocado ou desafiado pelas entrelinhas. Maria Braga Canaan oferece uma travessia de impressões, um espaço onde o inacabado e o verdadeiro coexistem com rara honestidade.

sábado, 22 de novembro de 2025

.: No musical "Titanique", Céline Dion assume o leme e vira furacão pop


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com
Foto: Caio Gallucci

Há algo deliciosamente profano em ver o mito do navio Titanic ser desmontado, reconfigurado e servido como um grande cabaré marítimo onde Céline Dion, diva absoluta do exagero emocional e dos hits românticos, transforma o naufrágio mais famoso do cinema em uma ópera pop de humor ácido, brilho extravagante e inteligência cênica. "Titanique - O Musical" zomba, com respeito, do clássico de James Cameron, para, paradoxalmente, homenageá-lo com mais amor do que reverência. 

Sob a direção lúcida e debochadamente precisa de Gustavo Barchilon, o espetáculo entende que o segredo do riso não está no pastelão gratuito, mas na consciência estética da própria precariedade. O exagero é método, o nonsense é linguagem e o camp é tratado como filosofia de palco. É besteirol? Sim. Mas do mais alto nível, como quem ri sabendo exatamente de onde vem a piada. Há glamour, deboche e genialidade.

No centro desse furacão pop está Alessandra Maestrini, simplesmente avassaladora como Céline Dion. Sua performance é um espetáculo dentro do espetáculo. Ela incorpora, ironiza e usa a potência vocal com precisão cirúrgica, sem jamais abandonar o timing cômico que a transforma em uma narradora tão divina quanto ridiculamente humana. Há elegância na caricatura dela, há humor sofisticado na diva que ela interpreta, e há classe até quando tudo parece desabar. É Céline Dion como você nunca viu e talvez como sempre imaginou, no fundo.

Ao seu lado, Giulia Nadruz constrói uma Rose que flutua entre a delicadeza romântica e uma ironia sutil absolutamente vital para o jogo cênico. A beleza delicada encontra na experiência brilhante do teatro musical uma camada extra de inteligência dramática. É uma Rose que sabe que está dentro de um delírio e se diverte com isso. Luis Lobianco, recém-saído da televisão como o controverso Freitas de "Vale Tudo", encontra nesse espetáculo outro campo fértil para o humor ferino. A Ruth de Lobianco é cruel, afetada e debochada na medida certa. Marcos Veras sustenta um Jack que talvez não seja o mais heroico, mas certamente é o mais autoconsciente. 

Musicalmente, "Titanique" passeia pelos grandes hits de Céline Dion com energia e irreverência - “My Heart Will Go On” está lá, em toda sua glória piegas e monumental - mas o espetáculo não se prende à nostalgia fácil. Pelo contrário: faz dela uma arma, uma piada, um gesto político queer que transforma o passado em festa, a tragédia em carnaval, o drama em delícia pop.

É impossível sair ileso. Não porque emociona apenas, mas porque desmonta a ideia de que o riso precisa ser raso. Aqui, rir é um ato sofisticado. É entender que a cultura pop também pensa, critica, ironiza e reinventa. O palco vira navio e nele o público se vê refletido na fome por exagero, por catarse, por um espetáculo que não pede desculpas por ser excessivo. "Titanique - O Musical" não afunda. Pelo contrário, ele boia, dança, desafia o iceberg do bom gosto conservador e transforma a tragédia em celebração. E se for para naufragar, que seja ao som de Céline Dion, com luzes, plumas e um público gargalhando em estado de puro êxtase.


"Titanique - O Musical" | Ficha técnica
Direção artística: Gustavo Barchilon 
Elenco: Alessandra Maestrini (Celine Dion), Marcos Veras (Jack), Giulia Nadruz (Rose), Luis Lobianco (Ruth - mãe da Rose), George Sauma (Carl), Wendell Bendelack (Victor Garber), Valéria Barcellos (Tina Turner), Talita Real (Molly Brown), Matheus Ribeiro (Marinheiro), Luiza Lapa, Marcos Lanza e Luan Carvalho.
Direção artística: Gustavo Barchilon
Direção de produção: Thiago Hofman
Direção musical | Arranjo | Orquestração: Thiago Gimenes 
Desenho de luz: Maneco Quinderé
Direção de movimento: Alonso Barros
Figurino: Theo Cochrane
Cenografia: Natália Lana
Visagismo: Feliciano San Roman
Design de som: João Baracho
Assistentes de direção: Talita Real e Gabi Camisotti

"Titanique - O Musical" | Serviço
Local: Teatro Sabesp Frei Caneca - Shopping Frei Caneca
Endereço: Rua Frei Caneca, nº 569 • 7° Piso I Consolação • São Paulo • SP
Temporada: 11 de outubro a 14 de dezembro de 2025
Sessões: Sábados às 17h e 20h e Domingos às 15h e 18h 
Duração: 110 minutos
Capacidade: 600 pessoas
Classificação indicativa: 12 anos 

Bilheteria do Teatro Sabesp Frei Caneca • Sem incidência de Taxa de Serviço
7º Piso do Shopping Frei Caneca
Rua Frei Caneca, nº 569 • 7° Piso I Consolação • São Paulo • SP
Horário de funcionamento: terça-feira a domingo, das 12h00 às 15h00, e das 16h00 às 19h00, e segunda-feira bilheteria fechada.

.: “Beetlejuice”: musical reafirma pacto com absurdo e encontra nova pulsação


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com

Se existe algo mais perigoso do que invocar Beetlejuice três vezes, é subestimar o poder de um elenco que entende o caos como linguagem e o grotesco como celebração. Na nova temporada paulistana, em cartaz até 30 de novembro no Teatro Liberdade, “Beetlejuice - O Musical” não apenas confirma o status de fenômeno premiado. O espetáculo se reinventa no detalhe, na troca de energia, no risco calculado de quem sabe que a morte - quando bem encenada - é uma forma superior de estar vivo.

Os críticos do portal Resenhando.com assistiram ao espetáculo com Fabrizio Gorziza, substituto de Eduardo Sterblitch, e o que poderia ser uma simples alternância transforma-se em afirmação artística. O Beetlejuice de Gorziza é menos caricatura e mais veneno cênico elegante: há um brilho perverso no olhar, um domínio vocal seguro e um timing cômico que beira o insolente. E ele não entra tímido nesse universo: chega como um mestre de cerimônias do além, confortável em sua irreverência e perigosamente magnético. Em cena, não sobra espaço vazio - tudo vibra sob a presença desse artista que sempre é outro a cada novo personagem.

E quando o espetáculo poderia se perder em sua própria grandiloquência visual, surge Pâmela Rossini como Lydia Deetz para lembrar que carisma não se fabrica, mas se sustenta. Com a bagagem de quem já foi Wandinha e Elphaba em musicais anteriores, Rossini imprime à personagem uma densidade rara: é gótica, sim, e nunca rasa. A voz dela é um acontecimento à parte - forte, expressiva, tecnicamente impecável - e a atuação dessa atriz cria um contraste delicioso entre melancolia e ironia. Lydia, nas mãos dela, é uma adolescente em luto que zomba da própria sombra. E brilha. Sempre.

Ivan Parente, como o fantasma Adam Maitland, é daqueles acertos que arrancam risos e aplausos sem esforço... aparente. Está impagável e lírico neste personagem. Há uma comicidade fina na composição dele, mas também um cuidado afetuoso que humaniza o absurdo de um homem que acabou de morrer e precisa assombrar a casa para afastar novos moradores. O talento dele irrompe em cena com naturalidade, como quem compreende que o humor mais inteligente não grita: seduz.

É importante sublinhar: “Beetlejuice - O Musical” não é um espetáculo para crianças. O texto brinca com duplos sentidos, palavrões e humor ácido - ainda bem. A obra respeita a própria inteligência e confia no espectador. Não higieniza o riso, não suaviza o grotesco, não pede desculpas pela ousadia. Pelo contrário: celebra e faz dela um manifesto festivo sobre a precariedade humana, sobre rir da morte para insistir na vida.

A direção de Tadeu Aguiar mantém a engrenagem afinada entre espetáculo visual e emoção sincera. Cenários, figurinos, luz entre o roxo e o verde e coreografias operam como um organismo pulsante que envolve a plateia numa estética de Tim Burton, que consagrou o personagem em duas produçoes cinematográficas, e não se limita à nostalgia: atualiza, provoca e expande. "Beetlejuice - O Musical” é sombrio, divertido, debochado e tecnicamente irrepreensível. Uma espécie de lembrete torto de que o teatro, quando se permite ser estranho, também se torna lendário. E que, às vezes, os mortos são muito mais interessantes do que os vivos.

Serviço
"Beetlejuice - O Musical"
Teatro Liberdade | Rua São Joaquim, 129 - Liberdade / São Paulo
Temporada: até dia 30 de novembro

Sessões
Quarta a sexta-feira, às 20h00 | Sábado, às 16h00 e às 21h00 | Domingo, às 16h00 às e às 20h30
*O elenco pode sofrer alterações sem prévio aviso.
Duração: 2h30m (com intervalo de 15m)
Classificação: 14 anos

Valores
Plateia Premium: R$350,00 (Inteira)  R$175,00 (Meia-entrada)
Plateia R$280,00 (Inteira)  R$140,00 (Meia-entrada)
Balcão A Visão Parcial: R$170,00 (Inteira)  R$85,00 (Meia-entrada)
Balcão A: R$240,00 (Inteira)  R$120,00 (Meia-entrada)
Balcão B : R$190,00 (Inteira)  R$95,00 (Meia-entrada)
Ingresso Popular*: R$42,36 (Inteira)  R$21,18 (Meia-entrada)
*Os ingressos populares são válidos em todos os setores, sujeito à disponibilidade

Vendas:
Internet (com taxa de conveniência): https://www.sympla.com.br/
Funcionamento de bilheteria física (sem taxa de conveniência)
Atendimento presencial: de terça à sábado das 13h00 às 19h00. Domingos e feriados apenas em dias de espetáculos até o início da apresentação.
Formas de pagamento: dinheiro, cartão de débito ou crédito.

.: Crítica: “Um Dia Muito Especial” revela o lado mais visceral de Gianecchini


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com
Foto: Priscila Prade

O que acontece quando Reynaldo Gianecchini e Maria Casadevall são colocados no mesmo palco, sob a direção sensível e precisa de Alexandre Reinecke, em plena Roma de 1938, com Mussolini e Hitler desfilando suas sombras ao fundo? A resposta é, de certa forma, simples e ao mesmo tempo devastadora: surge um teatro que lembra que a política, o amor e a humanidade não podem ser separados. “Um Dia Muito Especial” vai além da transposição de um clássico do cinema italiano para o palco brasileiro, é um ensaio sobre o que torna as pessoas vulneráveis e, ao mesmo tempo, extraordinárias. 

Maria Casadevall, no papel de Antonietta, dá vida a uma mulher submissa, esmagada pelo machismo e pela rotina doméstica, mas que consegue despertar afeto sem jamais se tornar apenas objeto de piedade. É impossível não se emocionar com cada gesto, cada pausa, cada olhar que ela entrega. É uma grande atriz que ficou conhecida na televisão em um momento impressionante da carreira, desta vez no teatro - lugar em que consegue elevar a arte dela a um patamar que beira o sagrado.

Gianecchini, por sua vez, está em um momento raro de visceralidade teatral. O Gabriele interpretado por ele, recém-demitido por ser homossexual, é alguém que faz o público confrontar os próprios preconceitos e, por vezes, a covardia. A química do ator com Maria Casadevall é elétrica, mas nunca óbvia. Eles conversam, trocam e, mais importante, tornam os espectadores cúmplices de um amor platônico que não precisa de cenas grandiosas para ser arrebatador. É. E ponto. 

Quando Gianechini berra em plenos pulmões, em uma cena tensa e ao mesmo tempo comovente, ele se coroa como ator de teatro, um lugar que sempre foi dele, mas que precisou ser conquistado e merecido. Essa consagração vai além do número de peças que ele vem apresentando desde que passou a ter autonomia para escolher os projetos que quer fazer, mas principalmente em relação às histórias que ele escolhe contar.

O espetáculo vai além do romance: desenha o fascismo, não com cartazes ou discursos, mas a partir da vida das pessoas comuns, dos pontos de vista conflitantes, das escolhas assumidas e das limitações apresentadas pelos personagens. É nessa tensão que o texto de Ettore Scola e Ruggero Maccari, traduzido por Célia Tolentino e adaptado por Reinecke, encontra seu respiro: cada diálogo é uma provocação.

Tecnicamente, a montagem é impecável. Marco Lima e Cesar Pivetti transformam o palco em um mosaico de intimidade e história, enquanto Dan Maia, com a trilha sonora, consegue fazer a música dialogar com a dor, a esperança e o absurdo da existência. A iluminação, o figurino e o design gráfico completam o quadro de maneira tão sutil quanto necessária: nada rouba a atenção do que realmente importa - a conexão entre os personagens e, por extensão, com o público. A atriz Carolina Stofella tem uma participação singela, mas marcante.

Nesse duelo de talentos, os espectadores têm a chance de sair do Teatro Sérgio Cardoso diferente de como entrou. Mais atento, mais sensível, mais inquieto. Dizem que a marca dos grandes espetáculos é transformar quem assiste a partir de uma boa história. “Um Dia Muito Especial” convida a sentir com urgência. Se você acredita que o teatro é apenas entretenimento, ou quer assistir a uma história de amor "levinha", prepare-se para se surpreender. Nesse espetáculo, a política, o amor e a coragem se entrelaçam de maneira tão natural que, durante a apresentação, é possível que os espectadores se sintam participantes de um diálogo impossível de ignorar.


Ficha técnica
"Um Dia Muito Especial" 
Autor: Ettore Scola e Ruggero Maccari
Tradução: Célia Tolentino
Adaptação: Alexandre Reinecke
Direção Geral: Alexandre Reinecke
Elenco: Reynaldo Gianecchini, Maria Casadevall, Carolina Stofella
Direção de Produção: Marcella Guttmann
Produção Executiva: Tatiane Zeitunlian
Assistência de Produção: Erica Paloma
Assistência de Direção: Carolina Stofella
Design Gráfico: Victória Andrade
Iluminação: Cesar Pivetti
Cenários: Marco Lima
Fotografia: Priscila Prade
Trilha Sonora: Dan Maia
Hair Stylist e Visagismo: Robson Souza
Makeup Artist: Beatriz Ramm 
Figurino Masculino: Ricardo Almeida
Figurinos Femininos: Debora Ceccatto
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Operação de Luz: Rodrigo Pivetti 
Produtores associados: Reynaldo Gianecchini e Alexandre Reinecke
Realização: Reinecke Produções Culturais Ltda.


Serviço
"Um Dia Muito Especial"
Direção Alexandre Reinecke com Maria Casadevall e Reynaldo Gianecchini
Temporada: até dia 30 de novembro, sexta-feira, às 20h00; sábado, às 17h00 e às 20h00, e domingo, às 17h00
Ingressos entre R$ 70,00 e R$ 200,00 | Sympla
Duração: 90 minutos 
Classificação etária:10 anos 
Local: Teatro Sérgio Cardoso | Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista, São Paulo/SP
Capacidade: 827 lugares
Bilheteria: Aberta nos dias de espetáculos, das 14h00 até o horário da atração.
Contato bilheteria: (11) 3288-0136

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

.: Crítica musical: "Who Are You", a despedida de Keith Moon


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação

Lançado em 1978, o álbum "Who Are You" marcou o fim da formação original da banda The Who. Foi a última vez que o baterista Keith Moon gravou com a banda em estúdio. Recentemente foi lançada um box set especial do álbum, com uma série de faixas bônus. Em termos de sonoridade, "Who Are You" está abaixo de outros trabalhos feitos anteriormente, como os icônicos "Tommy",  "Who´s Next" e "Quadrophenia". Mas é preciso contextualizar o momento que a banda atravessava para entender isso.

O vocalista Roger Daltrey tinha problemas nas cordas vocais, enquanto que o baixista John Entwistle dava uma atenção maior ao seu trabalho paralelo solo. Por sua vez, o guitarrista Pete Townshend, principal compositor da banda, se sentia cada vez menos estimulado para criar novas composições, enquanto que o baterista Keith Moon era apenas uma sombra do que havia sido no passado.

Mas ainda assim há momentos bem interessantes, como a faixa título, que acabou sendo usada na trilha sonora oficial do seriado  americano CSI, apresentando o som da banda para as novas gerações. Poderia citar ainda "Sister Disco", "Trick Of The Light" e "Had Enough" como exemplos positivos.

Keith Moon faleceria em 7 de setembro de 1978, pouco antes do lançamento do álbum. Tinha apenas 32 anos e acabou tomando uma overdose acidental de medicamentos para controlar o seu vício em bebidas alcoólicas. A morte de Moon encerrou a fase mais criativa da banda, que até prosseguiu adiante com outros bateristas, mas que nem de longe lembravam o toque selvagem do integrante original.

 "Who Are You"

"Sister Disco"

"Trick Of The Light"

.: #VivoLendo: "Des Casulo", de Flávio Viegas Amoreira, a dica de Vieira Vivo


Por Vieira Vivo, escritor e ativista cultural.

"tanta querência
nesse silêncio de fonte"


Ao trilhar um difuso trajeto direcionado pelas palavras, os versos nos iluminam e guiam ao imprevisível. A surpresa sintetizada em versos que nos induzem ao inatingível, a uma suspensa e extrema comoção poética a flutuar numa atmosfera fluídica e misteriosa. Os entes, objetos deste instigante tabuleiro fonético, bailam em um ambiente movediço onde o alvo jamais revela-se em sua crua totalidade. Há sempre algo a ser descoberto, a ser desvendado. E essa contínua busca dissonante nos enreda em um minimalismo sonoro e intenso fruto de um complexo poder de síntese alicerçado pelo manejo minucioso da escrita: "essa sensação sideral de estarmos nus num aquário etéreo".

Jakobson define a poesia como a linguagem voltada para a sua própria materialidade, porém Flávio Viegas Amoreira em “Des Casulo”, publicado pela Editora Costelas Felinas, incorpora à esta tese a ressonância etérea das sensações incorpóreas a flutuar em devaneios atemporais e esquivos trazendo à tona o sumo das elucubrações utópicas das fantasias mais íntimas: "entre tentações tentaculares os gomos mais rígidos".

Nota-se, ainda, em cada verso uma sensualidade oculta qual um porvir eternamente ausente e distante, porém com uma determinada e concreta presença a emoldurar a dança das emoções cotidianamente. Se para Octavio Paz a poesia é o dizer que diz o indizível, para Viegas o indizível revela-se claridade em um labirinto de sensações profundamente germinadas em seu relicário interior: "há uma forma de poesia não pretérita esboçada no imprevisível horizonte".

Em “Des Casulo” somos, também, agraciados pelos faróis prefaciais de Luiz Rodrigues Corvo e de J. A. Garbino a nos conduzir ao cerne pulsante de cada micro poema. E após a leitura, temos a nítida sensação de termos presenciado ao desabrochar de recônditos alvéolos emocionais iluminados pelos cálidos raios de uma meticulosa depuração poética: "poema o que se escreve poesia o que se sente".

.: Quarta edição do Patfest homenageia a banda Leeds


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação

O Patfest chega à sua quarta edição no dia 26 de novembro, reunindo grandes artistas na Audio, em São Paulo, em uma noite marcada por celebrações, reencontros e homenagens. Entre os momentos mais aguardados está o tributo à memória de Renan Paiva - guitarrista, vocalista, compositor e fundador da banda Leeds ao lado de seu irmão Willian Paiva.

Willian subirá ao palco para reviver um dos capítulos mais intensos da trajetória dos irmãos: uma apresentação especial com uma música da Leeds, fazendo vibrar novamente a lendária Gibson Les Paul de Renan - agora como símbolo de uma história de arte, irmandade e sensibilidade.

Idealizado por Andreas Kisser, da banda Sepultura, e familiares, o Patfest nasceu em homenagem a Patrícia Kisser, falecida em 2022 em decorrência de um câncer de cólon. Desde então, o festival se tornou um evento de música, solidariedade e amor, reunindo artistas de diferentes estilos e gerações em apresentações únicas e emocionantes. Toda a renda arrecadada nesta edição será destinada às entidades Heliópolis Compassiva e Favela Compassiva Rocinha e Vidigal, que desenvolvem projetos sociais e humanitários em comunidades vulneráveis do Brasil.

"Nada na Vida É para Sempre (Leeds)"

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

.: Crítica: "Wicked - Parte II" é sombria conclusão épica cheia de ação

 
"Wicked - Parte II", em cartaz na Cineflix Cinemas de Santos


Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em novembro de 2025


A conclusão da épica história das bruxas de Oz acontece magistralmente em "Wicked - Parte II", com a química perfeita de Cynthia Erivo como Elphaba e Ariana Grande na pele de Glinda. O desfecho grandioso e comovente, com um visual de cenários e figurinos impecáveis, amarra as pontas soltas da trama paralela a do clássico "O Mágico de Oz". Assim, tudo é retomado durante a construção da estrada de tijolos amarelos. Pelo ar, no caminho para a Cidade das Esmeraldas, surge a demonizada Bruxa Má do Oeste dando o seu recado.

Enquanto Glinda reside na Cidade das Esmeraldas com o apoio do grande mágico, desfrutando de fama e poder como o símbolo da bondade (ainda sem qualquer poder mágico), e prestes a se casar com seu amado Fiyero, Elphaba mergulha no sombrio, vivendo exilada na remota floresta de Oz para escapar das autoridades da Cidade das Esmeraldas e continuar sua luta para expor a verdade sobre o Mágico. No entanto, até os moradores de Oz são embebidos de ódio contra a Bruxa verde, o que acaba unindo Elphaba e Glinda novamente.

A sequência do primeiro longa, "Wicked", que estreou nos cinemas há quase 1 ano, entrega um visual belíssimo e encantador, como por exemplo, na do casamento de Glinda e Fiyero, que são cenas de encher os olhos e perfeitamente cinematográficas. Muita ação e adrenalina ficam a cargo de uma Elphaba vingativa e muito sombria, mas que também tenta arrumar os erros alheios -e segue incompreendida. 

Numa dualidade mais latente, "Wicked - Parte II" retrata o poder da fama dada a um grande vilão bom de lábia (que pode até ter um laço sanguíneo), a força dos boatos, que mesmo sendo mentirosos, dificilmente são desfeitos, a verdadeira amizade entre personagens opostas capaz de superar até o amor pelo mesmo homem, mas acima de tudo, reflete a importância de aceitar as diferenças e crescer com o outro.

Assistir "Wicked - Parte II" na telona do cinema é um prazer que resgata o universo da magia tão bem trabalhada nos cinemas há mais de 20 anos com a saga Harry Potter, mas também entrega um visual de confrontos, que faz lembrar do épico "O Senhor dos Aneis", principalmente, nas sequências soturnas. É inegável que a história das bruxas agora encerrada já tem um lugar entre os clássicos filmes de fantasia. 

"Wicked - Parte II" pode não agradar a todos, pois não segue a linha da primeira produção em que é pautada nas rusgas que fortalecem o elo de amizade entre Elphaba e Glinda, logo há mais comédia e drama com magia. A segunda parte dos dois filmes dirigidos por Jon M. Chu entrega revelações fortes, embora muitas dicas tenham sido dadas, de modo discreto anteriormente. Em meio a muita ação, acaba pesando um pouco mais no drama. Tal qual acontece no espetáculo teatral, incluindo, a divisão que é exatamente igual, quando há um intervalo. No caso dos filmes, gerou uma divisão em duas partes e, para uma parcela do público, pode não justificar a necessidade de dois longas.

Não há como negar que "Wicked - Parte II" é poderoso, emociona e encanta. Fazendo valer cada centavo pago no ingresso de cinema, incluindo menção na cena final ao cartaz famoso do musical da Broadway. Mas também deixa claro que tudo em torno de "Wicked" é transformado em puro comércio, uma vez que ao longo dos anos, quando o livro de Gregory Maguire foi parar nos palcos, virando um fenômeno mundo afora. "Wicked - Parte II" é imperdível e, sem dúvida, para ser visto mais de uma vez na telona!


O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no GonzagaConsulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN.

"Wicked - Parte II". (Wicked For Good). Direção: Jon M. Chu. Roteiro de Winnie Holzman e Dana Fox. Elenco: Cynthia Erivo, Ariana Grande, Jonathan Bailey, Jeff Goldblum. Duração: 2h 18 min. Gênero : Fantasia, musical. Distribuidora: Universal Pictures. Sinopse: Elphaba, agora conhecida como a Bruxa Má do Oeste, vive exilada na floresta de Oz, tentando revelar a verdade sobre o Mágico.

Trailer de "Wicked - Parte II"


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