sexta-feira, 18 de julho de 2025

.: Entrevista com Edson Aran: Machado, Drácula e outras heresias deliciosas


Por 
Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: arte feita a partir de foto publicada no Instagram @edsonaran.

Imagine o seguinte: Brás Cubas andando distraidamente pelas ruas do Rio de Janeiro enquanto Capitu, mais instável do que nunca, recebe uma visita noturna do conde Drácula - e tudo isso sob o olhar nada complacente de Quincas Borba, que talvez tenha finalmente encontrado um adversário à altura do Humanitismo. Se essa cena parece um delírio febril de um crítico literário viciado em absinto, é porque você ainda não leu "Quincas Borba e o Nosferatu", o novo e audacioso romance de Edson Aran, autor que há anos reescreve, com ironia e precisão, os manuais de estilo da literatura nacional.

Aran - que já foi cartunista, editor de revistas masculinas, roteirista de TV, criador de memes, cronista ácido, conspirólogo confesso e um dos poucos homens que podem dizer que superaram a revista Playboy - volta ao romance com um livro que mistura Machado de Assis, Bram Stoker e um senso de humor afiado como as presas do vampiro em questão. O resultado? Uma obra que desafia puristas, diverte iconoclastas e talvez incomode mortos ilustres.

Nesta entrevista exclusiva para o Resenhando.com, Aran abre o caixão de suas ideias, morde o pescoço dos clássicos e lembra a todos, com irreverência e elegância, que a literatura continua sendo o melhor dos vícios - mesmo quando escrita com sangue e sarcasmo. É uma conversa sem crucifixos nem pudores. Compre o livro "Quincas Borba e o Nosferatu" neste link.


Resenhando.com - Como foi transformar a ironia machadiana em terreno fértil para criaturas das trevas?
Edson Aran - Esse foi um desafio dos mais divertidos. “Quincas Borba e o Nosferatu” é um romance polifônico construído com cartas, diários e notícias de jornal, exatamente como o “Drácula” de Bram Stoker. Só que dois dos narradores - Brás Cubas e Bento Santiago - não são confiáveis. Cubas continua sendo o dândi cínico de “Memórias Póstumas” e entra na história mais por tédio e vaidade, do que para entender a natureza dos fatos. Bentinho é ciumento, inseguro e não tem muita convicção do que presenciou. A mistura do romance gótico de Bram Stoker com a narrativa irônica do Machado reforça o horror da história. Porque, veja bem, “Quincas Borba e o Nosferatu” não é um livro de humor. É uma história de terror com momentos bem-humorados, é outra coisa.


Resenhando.com - Qual foi o limite ético (ou estético) que você precisou ignorar para colocar Brás Cubas e Capitu sob o mesmo teto que um vampiro sedento e aristocrata? A provocação foi literária ou existencial?
Edson Aran - Ao contrário de Capitu, eu sou fiel aos meus amores. Os personagens do Machado estão lá com todas suas características originais. Quincas Borba ainda é o filósofo meio doido que criou o Humanitismo. Capitu ainda é uma mulher sedutora e impulsiva de olhar oblíquo e dissimulado. Bento Santiago ainda é o marido ciumento e melindrado (talvez apenas um pouquinho mais cruel no meu livro do que em “Dom Casmurro”). Escobar é o mesmo Escobar, Sancha é a mesma Sancha e Drácula é o mesmo Drácula. Só Capituzinha, a filha de Sancha e Escobar, é um pouco mais levada no meu livro, mas criança tem que ser levada mesmo.


Resenhando.com - Você acredita que Machado de Assis teria rido ou processado você? E, no Tribunal das Letras, quem seria seu advogado: Kafka, Stan Lee ou Ariano Suassuna?
Edson Aran - Acho que Machado se divertiria muito com “Quincas Borba e o Nosferatu”. Bram Stoker também, por falar nisso. Antes de serem capturados e mantidos em cativeiro pelos acadêmicos, esses escritores produziam folhetins publicados regularmente em jornais e revistas. Era o streaming da época. Se Machado estivesse vivo, ele estaria escrevendo a novela das nove, talvez com Bram Stoker na sala de roteiro. Literatura é pra ser lida, não pra juntar poeira na estante. Tenho a impressão de que Machado gostaria de ver seus personagens ganhando vida numa narrativa contemporânea, mas com raízes na obra que ele escreveu. Eu não ia precisar de advogado, não. Principalmente se fosse o Kafka, que nunca ganhou um processo.


Resenhando.com - No Brasil atual, o que assusta mais: um Nosferatu rondando o Paço Imperial ou a ascensão de políticos que não leem nem bula de remédio?
Edson Aran - Ando bastante desanimado com o Brasil. Quer dizer, deixa eu explicar. Por um lado, sou muito fã da minha geração e acho que a gente mandou e manda muito bem na cultura, no jornalismo e na literatura. Estou com 62, então coloco nessa turma gente como a Fernanda Torres, a Debora Bloch, o Claudio Manoel, o Marçal Aquino, o Renato Russo...não dá pra reclamar, né? Agora, na política, foi um desastre. Fizemos o mesmo que todas as gerações anteriores: falhamos totalmente em tirar o país da estagnação burocrática, política e econômica. Mas olha, você acha que “Quincas Borba e o Nosferatu” não reflete essa melancolia? Achou errado, pois reflete.


Resenhando.com - Você tem um histórico marcante com o humor gráfico e a cultura pop. Quais personagens dos gibis ou da pornografia elegante dos anos 90 você gostaria de ver em um “cross-over literário” nos moldes de Quincas Borba e o Nosferatu? 
Edson Aran - Os quadrinhos vivem fazendo crossover desde sempre, então não tenho muito o que acrescentar não. E a literatura erótica não tem personagens muito marcantes. A não ser que a gente inclua “Drácula” nesta categoria, coisa que faz sentido pra mim. E talvez “Dom Casmurro”, já pensou? Será que Bentinho, no fundo, no fundo, não se excita com a ideia de Capitu se entregar ao Escobar? Será que aquilo tudo não é a fantasia sexual de um seminarista travado? Mas, voltando à pergunta, é bem possível que eu promova outros encontros inusitados no futuro. Será que “Quincas Borba e o Nosferatu” é o início de um multiverso? Quem sabe, quem sabe...


Resenhando.com - Existe alguma personagem da literatura brasileira que você jamais ousaria parodiar? É por reverência, medo ou falta de graça mesmo? 
Edson Aran - O humor é por natureza irreverente. Quando a reverência entra pela porta da frente, o humor sai pela porta dos fundos. Mas eu não faria paródia com o José de Alencar, por exemplo. Eu teria que reler os livros dele e a vida é muito curta. É a mesma coisa com “O Ateneu” do Raul Pompéia, com aqueles paragrafões de cinco quilômetros sem ponto final. Seria divertido zoar isso, mas quem leu esse troço até o fim? Quem ia entender a piada? A paródia é uma forma de homenagem e, quando é bem-feita, também é uma declaração de amor.


Resenhando.com - Você já criou a Telma Luíza, o Romero morto-vivo e até um livro de epitáfios. Quem você gostaria que assinasse seu próprio obituário - e o que gostaria que dissesse? 
Edson Aran - O obituário é um ótimo gênero literário porque o personagem nunca reclama, mas eu prefiro ser autor do que objeto. Já o meu epitáfio está no “Aqui Jaz – O livro dos epitáfios”: “Agora sim... espirituoso”.


Resenhando.com - No seu livro anterior, você brincou de reescrever a história literária brasileira. Se pudesse reescrever a história do jornalismo cultural brasileiro, qual revista você salvaria do esquecimento - e qual apagaria com gosto?
Edson Aran - De muitas maneiras, “Quincas Borba e o Nosferatu” é uma continuação de “Histórias Jamais Contadas da Literatura Brasileira”, só que num outro gênero, o horror. O jornalismo cultural teve bastante coisa interessante: Senhor, VIP, Playboy, Realidade, Oitenta, Pasquim... muita coisa boa. Mas eu não apagaria nenhuma revista da história não. A gente sequer lembra delas, pra quê apagar?


Resenhando.com - Seu livro tem Capitu, mas e Bentinho, foi cancelado, virou coach ou está preso na Cracolândia dos ciumentos anônimos?
Edson Aran - Bentinho foi um homem demasiadamente apaixonado e inseguro. Tudo o que ele fez na vida - largar o seminário, aproximar Sancha de Escobar - foi por causa de Capitu. E aí ele foi traído. Por Capitu e Escobar, seu melhor amigo. E, veja, Bentinho vivia no Rio de Janeiro do Segundo Império, não no Leblon do Terceiro Milênio. A infidelidade na época era um tremendo problema social, principalmente quando era explícita (e o romance é cheio de detalhes sobre isso, todo mundo sabia). Só que a traição de Capitu o tornou um homem demasiadamente cruel, característica eu ressalto em “Quincas Borba e o Nosferatu”. Agora, essa bobagem de que Capitu nunca traiu, que vejo muita gente defendendo, é uma atitude moralista sem-noção. Coisa de seminarista católico, igual ao Bentinho. Como assim, não traiu? Capitu deu sim. Deu muito. E daí? Ela continua sendo uma personagem fascinante, intrigante e apaixonante. Talvez porque tenha pulado a cerca sem medo de ser feliz. Deixa ela, pô.


Resenhando.com - Se fosse possível exumar um autor morto para conversar sobre seu novo romance, quem você traria à vida por uma noite - e o que pediria que ele lesse em voz alta para você e o Drácula?
Edson Aran - Conversei algumas vezes com o Millôr Fernandes, mas ele faz muita falta neste Brasil empacado no tempo. Então eu o traria de volta não apenas por mim, mas pelo país. Também enviaria uma cópia do livro para o Ivan Lessa, claro, que certamente retribuiria com um e-mail econômico, mas cheio de sacadas. Quando escrevi o “Delacroix Escapa das Chamas”, foi o Ivan quem inventou o conceito “um romance em quatro tempos” para um livro de quatro narrativas independentes. E com certeza eu mandaria o livro para o Jô Soares. Com certeza. A gente trocava muitas mensagens nos meus tempos de Playboy e tive a honra de ler “As Esganadas” antes de todo mundo. Eu gostaria muito de ouvir o autor de “O Xangô de Baker Street” sobre “Quincas Borba e o Nosferatu".


.: Crítica musical: Beto Viana estreia com a "Matriz Infinita do Sonho"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Flora Negri

"Matriz Infinita do Sonho" é o nome do disco de estreia do músico pernambucano Beto Viana. Um trabalho de camadas interessantes e aparentemente simples nas composições, que traz novo frescor para a MPB. Segundo o autor, o trabalho é sobre como todos carregamos em nós a possibilidade e a necessidade de sonhar, a capacidade de criar mundos dentro do mundo, que é o ofício do compositor e do artista em geral. "Matriz Infinita do Sonho" é um verso de Joaquim Cardozo que se encontra no seu poema "Visão do Último Trem Subindo ao Céu", a quem o disco presta homenagem.

Para lançar seu álbum de estreia, Beto abriu a gaveta onde guardava, há anos, poemas, construções melódicas e boa parte das suas inspirações. Esse material foi a matéria prima com a qual ele começou a transformar, em parceria com Negro Leo, produtor do álbum, suas construções poéticas. Da palavra sentida e escrita para a palavra cantada. As nove canções de “Matriz Infinita do Sonho” são o resultado final de um processo de criação que já duram alguns anos e que mira a visão particular e peculiar de Beto sobre o sagrado e o sensível.

“Matriz Infinita do Sonho” conta com mais de 20 profissionais da música, num trajeto que une estúdios no Rio de Janeiro, Recife e Gravatá, no Agreste pernambucano. Nomes como o Junio Barreto, que divide os vocais com Beto na música “Dandara”, além do pianista Vitor Araújo, o percussionista Gilu Amaral, o baterista Thomas Harres, Pedrinhu Junqueira e Thiago Nassif, nas guitarras, e Pedro Dantas, no baixo.


"Dandara"

"Yara do Mar"

.: Netflix leva Valter Hugo Mãe à Flip em mesa sobre adaptação de livro


O escritor português Valter Hugo Mãe é presença confirmada na 23ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty. A convite da Netflix, a mesa com participação do autor une cinema e literatura: no espaço Esquina piauí + Netflix, Valter falará pela primeira vez sobre a adaptação do livro "O Filho de Mil Homens", que chega à Netflix ainda em 2025. O diretor e roteirista do longa, Daniel Rezende ("Bingo - O Rei das Manhãs", "Turma da Mônica - Laços"), e a diretora de filmes da Netflix Brasil, Higia Ikeda, também participam da conversa, que contará com a mediação de Alejandro Chacoff, editor de literatura da Revista piauí. Acontece no dia 1° de agosto, às 17h30. 

Já a mesa "Escritor de Dois Mundos - Valter Hugo Mãe", anunciada e incluída na programação oficial da Flip, conta com a mediação de Walter Porto, e celebra a volta do escritor 14 anos depois de uma das mesas mais icônicas da Flip, para falar de sua obra que continua a fazer sucesso no Brasil, assim como de desdobramentos importantes, como o lançamento do filme baseado no livro "O Filho de Mil Homens". Ela acontece no dia 1° de agosto, às 13h30 e em breve, os ingressos estarão disponíveis para compra no site do evento. Compre o livro "O Filho de Mil Homens" neste link.


Do livro à tela
Com Rodrigo Santoro no papel principal, o filme "O Filho de Mil Homens" conta a história de Crisóstomo, um pescador solitário que, aos 40 anos, sente o vazio da ausência de um filho e sonha em ser pai. Em sua busca por relacionamentos verdadeiros e profundos, ele encontra Camilo, um menino órfão, e decide criá-lo, construindo uma família atípica e singular. Gravado entre Búzios, no litoral do Rio de Janeiro, e em Iguatu (Chapada da Diamantina),  na Bahia, o longa é produzido pela Biônica Filmes e Barry Company. O elenco conta também com Rebeca Jamir, Johnny Massaro, Miguel Martines, Juliana Caldas, Grace Passô, Inez Vianna, Lívia Silva e Antonio Haddad. Mais informações sobre a programação da Esquina piauí + Netflix serão divulgadas em breve. Compre o livro "O Filho de Mil Homens" neste link.


Serviço
Esquina piauí + Netflix: FLIP 2025
Mesa "O Filho de Mil Homens - do Livro às Telas: Esquina piauí + Netflix"
Dia 1° de agosto, às 17h30
Rua Dr. Pereira 139, Centro Histórico de Paraty/Rio de Janeiro
De 31 de julho a 3 de agosto de 2025

.: A edição especial de “Gita”, de Raul Seixas, prensada em vinil vermelho


O início, o fim e o meio

Por Leonardo Lichote.

Raul Seixas e Paulo Coelho conversavam sob a noite estrelada de Dias d’Ávila, pequeno município baiano onde se localizava o sítio da família dos pais do cantor. A dupla passava ali uma temporada de descanso depois do sucesso de “Krig-ha, Bandolo!”, disco de estreia de Raul lançado em 1973. O papo chegou ao livro sagrado indiano “Bhagavad-gita”, mais especialmente ao trecho no qual o deus Krishna se descrevia para o guerreiro Arjuna: “Eu sou a morte que tudo devora, e Eu sou o gerador de todas as coisas ainda por existir. Eu sou as mulheres, Eu sou a fama, a fortuna, a fala, a memória, a inteligência, a fidelidade e a paciência”.

Daquela troca saiu, em menos de dez minutos, a letra completa de “Gita” - de versos como “Eu sou o início, o fim e o meio”. A parceria de Raul e Paulo batizaria e daria o tom místico do histórico disco que eles lançariam meses depois, em 1974. Agora, em celebração aos 80 anos do baiano, que são celebrados no dia 28 de junho, a Universal Music Brasil relança “Gita” no formato LP, numa edição prensada em vinil vermelho, que já está em pré venda na UMusic Store. Confira aqui: https://www.umusicstore.com/raul-seixas.

A imagem de Raul na capa, de guitarra e boina vermelhas, dedo em riste, se dirigindo no microfone à multidão que não aparece na foto, projetava a imagem de líder guerrilheiro, guru, profeta que se consolidaria a partir dali. O selo da Sociedade Alternativa no canto inferior esquerdo dava um ar misterioso e oficial às ambições que o cantor apresentava no disco. Nada menos que fundar um novo modelo de organização social, que, em plena ditadura, questionava autoridades, instituições como o casamento, a noção burguesa da felicidade - tudo em nome da potência individual de cada ser humano, sintetizada nos versos “Faze o que tu queres/ Pois é tudo da lei”.

O disco traz oito parcerias de Raul e Paulo - oficialmente, pois o autor de “Diário de Um Mago” argumenta que ele compôs sozinho uma delas, “Medo da Chuva”, atribuída à dupla. As outras quatro têm apenas a assinatura de Raul. Todas as canções orbitam, de alguma forma, em torno da ideia da Sociedade Alternativa, desenhada a partir dos ensinamentos do ocultista britânico Aleister Crowley, citado, inclusive, num verso do álbum.

Mesmo tendo o misticismo e as ambições revolucionárias como núcleo, o disco não abre mão do humor - quase sempre ácido - de Raul. Além disso, o artista não tinha o menor desejo de propor manifestos herméticos, para iniciados. Mirava no sucesso popular, nas massas - e a linguagem direta de suas canções, na música e nas letras, reflete isso. Como ele defendeu em entrevista feita exatamente em 1974, ano de lançamento de “Gita”:

“Eu escolhi o caminho da música por ser o meio mais fácil de chegar ao povo. Abandonei o livro porque o Brasil não lê. Abandonamos o teatro, porque o teatro está em plena decadência. Não queremos esquemas underground fechados, porque é hora de abertura, é hora de você abrir o jogo. (...) Eu faço música comercial. Botei oitenta e cinco músicas na parada de sucesso e quero continuar botando. Nunca parar. Tá legal?”.

Seu objetivo de comunicar sem rodeios é confirmado já na primeira faixa do disco, “Super Heróis”. Depois da introdução rock’n’roll clássica, com a guitarra do fiel escudeiro Rick Ferreira, Raul abre alas decretando feriado em plena segunda-feira e trazendo, num tom algo debochado, um desfile de ídolos pop daquele momento: o apresentador Silvio Santos, o enxadrista Mequinho, o piloto Émerson Fittipaldi, o jogador Pelé.

“Medo da Chuva” contesta a ideia do casamento como algo inquebrável. “É pena/ Que você pense que eu sou seu escravo/ Dizendo que eu sou seu marido e não posso partir”, diz a letra. A ideia original era de que ela fosse gravada como uma canção sertaneja de maneira mais marcada, com as duas vozes da tradição caipira - Raul chegou a registrá-la assim. O produtor Marco Mazzola, porém, não aprovou.

Apontada por Raul na época como a sua favorita no disco, “As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor” combina rock’n’roll e raiz nordestina - num estilo que o cantor cravou como assinatura em “Let Me Sing, Let Me Sing”, apresentado no Festival Internacional da Canção, em 1972. Nos versos do repente, ele manda recados como “A arapuca está armada/ E não adianta de fora protestar/ Quando se quer entrar num buraco de rato/ De rato você tem que transar”.

Inspirada no poema cristão “Cantar da Alma que se Regozija de Conhecer a Deus pela Fé”, de São João da Cruz, “Água Viva” se sustenta sobre um belo arranjo de cordas - vale a menção às orquestrações do disco, assinadas por Miguel Cidras, que valorizam com bom gosto e personalidade todas as faixas em que estão presentes.

“Moleque Maravilhoso” nasceu de uma frase que Paulo Coelho viu num adesivo de para-choque nos Estados Unidos: “I don’t make little mistakes, I only make earthquake”. A frase é traduzida no primeiro verso da canção de arranjo à la Sinatra: “Eu nunca cometo pequenos erros/ Enquanto eu posso causar terremotos”. Para evitar problemas com a censura, o letrista inseriu a figura do título para tirar um tanto do tom de afronta da música: “Eu sou um moleque maravilhoso”.    

Pinçada do disco coletivo que Raul lançara em 1971 ao lado de Sérgio Sampaio, Edy Star e Miriam Batucada, “Sessão das 10” mergulha na linguagem do bolero brega seresteiro - dentro da veia paródica que o baiano exercitava tão bem. A história de amor dramática e derramada termina com a voz forçadamente embargada do cantor.

“Sociedade Alternativa” é o manifesto sobre o qual o disco se organiza. Trafegando entre o  nonsense (“Se eu quero e você quer/ Tomar banho de chapéu/ Discutir Carlos Gardel/ Ou esperar Papai Noel”) e o épico (o coro de “Viva a Sociedade Alternativa” repetido de forma marcial), a canção se tornou um dos símbolos de Raul. Mesmo com sua proposta de revolução em tempos de autoritarismo, ela ganhou clipe no programa “Fantástico”, da TV Globo, uma enorme e cobiçada vitrine. Em 2013, ela reafirmou sua força ao ser cantada por Bruce Springsteen no Rock in Rio.

Cruzando, numa linguagem oracular, memórias da infância e referências ao Apocalipse, “Trem das 7” fascina por sua linguagem interiorana, simples, que cresce na direção da imponência final. A ideia do bem e do mal de braços dados reflete a influência de Aleister Crowley sobre aquela fase do cantor. A letra traz também referência a uma nova era cósmica, o “Novo Aeon” - termo que viria a batizar seu álbum seguinte.

“S.O.S” conversa com “Ouro de Tolo” em sua denúncia do vazio da existência da classe média, “lá por detrás da triste, linda Zona Sul”, e na atenção ao disco voador como símbolo de algo que está além dessa realidade limitada. Sua melodia traz semelhanças impressionantes com “Mr. Spaceman”, lançada pela banda americana The Byrds oito anos antes - o que não era raro na trajetória de Raul.

Vinheta de pouco mais de um minuto, “Prelúdio” versa sobre o sonho e o real a partir de uma estrutura que evoca a canção de ninar, repetindo a reflexão: “Sonho que se sonha só/ É só um sonho que se sonha só/ Sonho que se sonha junto é realidade”. Trata-se da adaptação de um texto atribuído erradamente a Miguel de Cervantes, supostamente numa fala de Dom Quixote.

Composta anos antes mas perfeitamente adequada ao espírito do disco, “Loteria da Babilônia” simula uma performance ao vivo - referência à apresentação que Raul fizera da canção no show Phono 73. A letra, inspirada num conto homônimo de Jorge Luis Borges, provoca o personagem a quem ela se dirige, que parece saber tanto e nada: “Você não tem perguntas pra fazer/ Porque só tem verdades pra dizer”.

Depois de “Gita”, faixa-título descrita na abertura deste texto, o álbum segue com “Um Som para Laio”. Canção menos lembrada do disco, ela fez parte da trilha sonora da novela “O Rebu”, encomendada à dupla Raul e Paulo - Laio era o personagem de Carlos Vereza na trama. A letra desafia o interlocutor: “Trago um par de fones nos ouvidos/ Pra não lhe escutar/ O que você tem pra dizer/ Ouvi há cem anos atrás”.

O álbum se encerra com um imperativo: “Não Pare na Pista”. Foi composta na mesma viagem ao sítio onde nasceu “Gita”, a partir das placas que Raul e Paulo viam na estrada. A mensagem é direta - ao Brasil de então e ao de hoje, aos ouvintes de então e de hoje. Não ficar parado enquanto a vida e o mundo seguem velozes. Aos 80 anos, ainda vale o chamado do canto de Raul nos versos finais: “Meu bem, me dê a mão/ Que eu vou te levar/ Sem carro e sem medo/ Pra outro lugar”.  


Lista de faixas de “Gita”:

Lado A
1 – "Super Heróis" (Raul Seixas / Paulo Coelho)
2 – "Medo da Chuva" (Paulo Coelho / Raul Seixas)
3 – "As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor" (Raul Seixas)
4 – "Água Viva" (Paulo Coelho)
5 – "Moleque Maravilhoso" (Raul Seixas / Paulo Coelho)
6 – "Sessão das 10" (Raul Seixas)


Lado B
1 – "Sociedade Alternativa" (Paulo Coelho / Raul Seixas)
2 – "O Trem das 7" (Raul Seixas)
3 – "S.O.S." (Raul Seixas)
4 – "Prelúdio" (Raul Seixas)
5 – "Loteria da Babilônia" (Raul Seixas / Paulo Coelho)
6 – "Gita" (Raul Seixas / Paulo Coelho)

.: "Gay HBO Max Song" de Trixie Mattel disponível nas plataformas de música


Atendendo a diversos pedidos dos fãs nas redes sociais, a HBO Max lançou a "Gay HBO Max Song", da superestrela drag e DJ Trixie Mattel, nas principais plataformas de streaming de música, para animar os dias e noites dos fãs quando quiserem.

Apresentada pela primeira vez durante o Mês do Orgulho, junto de seu videoclipe oficial, a faixa rapidamente tornou-se uma alegre celebração da comunidade LGBTQ+, com presença em diversos eventos ao redor do mundo.  O lançamento é uma homenagem à comunidade, e uma forma de manter viva a energia festiva para comemorar o Orgulho durante o ano inteiro.

quinta-feira, 17 de julho de 2025

.: Resenha: para a família, "Smurfs" tem colorido vibrante e ritmo acelerado

Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em julho de 2025


Nova animação de colorido vibrante, musical, mesclada com cenas reais, "Smurfs" (2025), é um reboot divertido dos clássicos personagens azuis de gorro branco. Nas telas da "Cineflix Cinemas", a produção apresenta feiticeiros malvados, sendo que, desta vez o ataque capaz de capturar o Papai Smurf é feito não por Gargamel, mas seu irmão, Razamel. Tentando reverter tamanho abuso, os Smurfs embarcam em uma missão para o mundo real com o intuito de resgatá-lo. 

Assim, os pequeninhos deixam a Vila dos Smurfs e conseguem a ajuda de alguns novos amigos, como por exemplo Kenneth, chamado de Ken, irmão de Papai Smurf. Em meio a aventuras com outros Smurfs habitantes de um globo de discoteca, reviravoltas fazem os pequeninos descobrirem algo além, incluindo um deles que ainda desconhece seu dom e precisa ser batizado de um nome adequado. Assim, Sem Nome (Diego Martins) e o grupo esbarram em algo fantástico. 

Buscando se descobrir, estando em grupo numa missão maior, ao lado da líder Smurfette (Rihanna, dublada de Jennifer Nascimento de "Encanto", voz de Dolores Madrigal), feitiços explodem na tela e a verdadeira magia, usadas em união para um bem maior é o que, de fato, importa. Com uma trilha sonora impecável, no Brasil, garante o encontro vocal de Diego Martins e  Jennifer Nascimento, fazendo a magia acontecer na produção.

Com direção de Chris Miller ("O Poderoso Chefinho"), codireção de Matt Landon ("O Pequeno Príncipe") e roteiro de Pam Brady ("South Park: Maior, Melhor e Sem Cortes"), a produção entrega muito da essência dos "Smurfs", ao som da tradicional canção feliz e apresentação de todos os personagens, incluindo o "perdido" Sem Nome. Todavia, mesmo com uma mitologia aprofundada do universo dos seres azuis, o longa segue com tamanho ritmo que, por vezes, confunde o público. De toda forma, "Smurfs" é entretenimento para toda a família. Vale a pena conferir na telona Cineflix Cinemas.

O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN



"Smurfs" ("Smurfs"). Ingressos on-line neste linkGênero: animação, infantil, musical, comédiaClassificação: livre. Duração: 1h32. Direção: Matt Landon, Chris Miller. Roteiro: Pam BradyElenco: Rihanna (Smurfette), Dan Levy, Natasha Lyonne, Kurt RussellSinopse: Feiticeiros malvados capturam o Papai Smurf e os Smurfs embarcam em uma missão para o mundo real para salvá-lo. Com a ajuda de alguns novos amigos, eles devem descobrir o que define seu destino para salvar o universo.. Confira os horários: neste link

Trailer "Smurfs"




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.: Sotaque, sangue e subversão: a arte viva de Isabela Quilodrán


Por 
Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: Django Sibley

Isabela Quilodrán não é apenas uma atriz em ascensão, mas uma autora do próprio destino. Ela não nasceu para os papéis secundários, tampouco para as molduras pré-fabricadas de uma indústria que ainda tenta, de tempos em tempos, definir quem pode ou não ser protagonista. É uma artista que nasceu em solo brasileiro, tem sangue chileno pulsando sob a pele e uma carreira que corta continentes como quem avança no palco com um monólogo incendiário.

Da Record TV às tábuas de Shakespeare, dos palcos independentes do Fringe Festival à selva burocrática dos festivais internacionais, Isabela Quilodrán não pede licença - ela acende as luzes e se posiciona no centro para falar. Com um sotaque que é misto de alma e resistência, carrega no corpo o traço de um tempo novo, em que a atriz também escreve, produz, dirige e, principalmente, ousa. E não é qualquer ousadia: é latino-americana, feminista, intensa e autoral - uma combinação explosiva que Hollywood ainda tenta decifrar com legendas em atraso.

Na entrevista a seguir, exclusiva para o portal Resenhando.com, Isabela fala sobre a trajetória entre o teatro clássico e o cinema de gênero, a solidão dos bastidores, o glamur nada glamuroso das premiações, os sustos e fantasmas que alimentam seus roteiros, e as ideias perigosas que costuma ter no silêncio das coxias. O tom é direto, reflexivo e, por vezes, desconcertante, assim como o talento dela.


Resenhando.com - Em uma Hollywood ainda viciada em estereótipos, como é carregar um nome latino de sonoridade poética e, ao mesmo tempo, recusar-se a interpretar a “doméstica caliente” ou a “traficante de coração mole”?
Isabela Quilodrán - Dá muito orgulho carregar esse nome justamente porque sempre se impressionam comigo. Sempre me perguntam de onde sou, porque nunca têm certeza. Brasileiro, na cabeça do estrangeiro, tem um visual muito diferente, então, quando me perguntam, eu explico a mistura com muito orgulho. Sobre os papéis, geralmente sou estereotipada como a "sexy", o que me incomoda. Porém, sei que isso sempre vai acontecer. Não recuso papel pelos estereótipos, recuso mais pela história: o que quero passar? Vai me desafiar? Isso é o que mais me move. Penso que, se me derem o espaço para brilhar, eu vou brilhar. E também vou atrás dos papéis que têm algo a dizer, para provar que sou mais do que o estereótipo em que me colocam.


Resenhando.com - Você estudou Shakespeare e Molière em inglês, mas cresceu ouvindo português e espanhol. Quando o palco exige de você intensidade, qual dessas línguas grita mais alto dentro de você?
Isabela Quilodrán - Português. Sempre português. Nossa língua é tão rica! Temos tantos ditados, gírias e palavras que só existem no português e que fazem tanto sentido... Então, quando me dá vontade de falar algo que vem das profundezas do meu ser, o português é o que grita mais alto.


Resenhando.com - Já que você atua, escreve e produz, diga com sinceridade: qual das três funções mais testa sua vaidade - e qual a salva dela?
Isabela Quilodrán - Produção é a que mais testa minha vaidade, com toda certeza! Parece até irônico, mas na produção lidamos com muita responsabilidade e poder - um produtor tem, muitas vezes, a decisão final. A que me salva dela é a atuação. Criar um personagem baseado no texto é uma mistura perfeita de caos e entrega. É se perder para renascer, e é o que me reconecta comigo mesma.


Resenhando.com - “Audition” e “Feast” têm tons sombrios e psicológicos. Você tem medo de quê - e como transforma isso em matéria-prima para o cinema?
Isabela Quilodrán - Nossa, acho que todo mundo tem muitos medos. Eu tenho fobia de aranhas. Poucas foram as vezes em que acessei esse medo para um personagem - eu evito trazer muito de mim para eles. Prefiro criar do zero e existir naquela vida imaginada, descobrindo dentro dela os medos e paixões.


Resenhando.com - Você já interpretou reis, loucos, fantasmas e mártires no palco. Mas e fora dele? Qual foi o papel mais difícil que a vida a forçou a improvisar?
Isabela Quilodrán - Fora dele, acho que o papel mais difícil ainda é ser você mesmo e tentar ser fiel às suas origens e à sua própria autenticidade. Um papel que a vida me forçou a improvisar é esse papel social. Sempre me vi muito dividida por ser brasileira e chilena. Sempre ouvi muitos comentários sobre como foi crescer numa casa com duas culturas semelhantes em muitos aspectos, mas também muito diferentes. Acredito que ainda luto muito com isso - minha família no Brasil não entende muito a do Chile, e vice-versa. Vivo no meio de dois mundos que, muitas vezes, colidem.


Resenhando.com - O circuito de festivais é uma vitrine ou uma selva? Já foi mordida por algum tapete vermelho?
Isabela Quilodrán - Festival é definitivamente uma vitrine. Uma vitrine selvagem. Pensa bem: você vai para um evento onde tem diretores, produtores, executivos, atores... é uma loucura só! E você se vê fazendo entrevistas, vendo gente conhecida ganhando espaço - é uma mistura de sensações incríveis. É um ótimo lugar para fazer networking e mostrar todo o seu carisma e potencial. Sim! Nossa, lembro de um evento em que eu estava me sentindo minúscula porque tinha tanta gente incrível que vi na TV e no cinema desde nova... Eu não conseguia acreditar que eu, lá do Brasil, estava no meio dessa galera. Nunca vou esquecer como foi ver Javier Bardem, Kevin Costner e Ebon Moss. Juro, até hoje fico boba!


Resenhando.com - Ao estudar na tradicional Stella Adler, você bebeu da fonte de ícones como Marlon Brando e Judy Garland. Há espaço, nesse olimpo, para uma atriz latino-americana com sotaque e cicatrizes?
Isabela Quilodrán - Nossa, tem muito espaço! A indústria está fazendo de tudo para mostrar esse espaço. Ainda é difícil, mas é muito possível, e eu parto do princípio de que nada é impossível. Eu coloquei na minha mente que vou levar o Brasil e o Chile para o mundo. E estou nessa missão até hoje - e seguirei até conseguir.


Resenhando.com - O que mais move você: a raiva contra o apagamento latino em Hollywood ou o desejo de ocupar a cena com outra narrativa possível?
Isabela Quilodrán - Raiva nunca me moveu. Meu desejo de ocupar a cena com a minha narrativa, com a visão de quem foi ganhando espaço aos poucos, é muito mais gostoso e interessante do que lutar contra algo que já aconteceu. Quem vive de passado é museu, e eu uso o conhecimento do passado que tenho para mostrar, para quem não sabe, como é ou como pode ser daqui para frente. Vamos mudar a mente dos outros para melhor, e juntos a gente faz história - uma nova história.


Resenhando.com - Se a sua trajetória fosse uma peça teatral, qual seria o título e quem você escalaria para interpretá-la em cena?
Isabela Quilodrán - Genial essa pergunta! Nunca pensei muito num nome... Talvez "Confissões de Uma Eterna Estrangeira". E eu interpretaria a mim mesma - não sei se vejo outra pessoa no meu lugar. Digo isso porque sempre busquei representatividade em atores, mas eles não representam exatamente quem eu sou ou de onde eu vim. Sinto falta de poder representar alguém como eu. Essa conversa é longa... São muitos pontos.


Resenhando.com - Você prefere o silêncio das coxias ou o ruído do set? E em qual deles você costuma ter as ideias mais perigosas?
Isabela Quilodrán - Para sempre, o silêncio das coxias. O palco é um lugar de muita entrega, tentativa e erro. A energia que a plateia emana... são muitas variáveis que eu amo e que me dão um prazer enorme. O set é bem divertido, mas não dá para brincar ou interagir tanto como num palco. Num set, você vem com uma ou duas escolhas e decide de acordo com o que o diretor quer. Gravou, é isso. No palco, às vezes, você está no meio de uma fala ou monólogo, tem um insight completamente diferente, descobre algo novo, faz a intenção levemente diferente ou se deixa influenciar pela energia que está recebendo da plateia. O diretor lapida o que tem que ser, mas você vive ele de formas diferentes em cada apresentação. A experiência é bem diferente.

.: Sábado, Lilian Sais encontra leitores na próxima edição do "Diálogo Literário"


Encontro gratuito no Edifício Oswald de Andrade promove conversa sobre literatura brasileira contemporânea. Foto: divulgação


O "Diálogo Literário", promovido pelo programa CULTSP PRO – Escolas de Profissionais da Cultura, da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, chega à sua próxima edição neste sábado, dia 19 de julho, das 15h00 às 17h00, com a presença da poeta e romancista Lilian Sais. Realizado no Edifício Oswald de Andrade, o encontro tem entrada gratuita e não precisa de inscrição prévia. A atividade é voltada para maiores de 16 anos. O CULTSP PRO é gerido pelo idg - Instituto de Desenvolvimento Social.

Nesta edição, o encontro convida o público a mergulhar na literatura brasileira contemporânea a partir da trajetória da escritora, percorrendo obras como O Livro do Figo, Palavra Nenhuma e A Cabeça Boa, entre outras. O Diálogo Literário é um espaço de encontro entre o público e personalidades do campo literário, promovendo conversas sobre livros, processos criativos e temas contemporâneos ligados à literatura. Compre os livros de Lilian Sais neste link.


Sobre Lilian Sais
É poeta e romancista, formada em letras pela USP, onde também concluiu o mestrado e o doutorado em letras clássicas. Publicou, entre outros livros, "O Funeral da Baleia" (Patuá, 2021), fomentado pelo Proac e finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, "Motivos para Cavar a Terra" (Cepe Editora, 2022), vencedor do 6º Prêmio Cepe Nacional de Literatura, "O Livro do Figo" (Macondo, 2023), também fomentado pelo Proac, e "A Cabeça Boa" (DBA, 2025), seu livro mais recente. Compre os livros de Lilian Sais neste link.


Serviço
"Diálogo Literário" com Lilian Sais
Neste sábado, dia 19 de julho de 2025
Horário: das 15h00 às 17h00
Edifício Oswald de Andrade – Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro/São Paulo
Entrada gratuita - não precisa de inscrição, aberto ao público
Classificação indicativa: 16 anos

.: Netflix anuncia elenco principal e início das gravações da minissérie "Brasil 70"



Rodrigo Santoro
(João Saldanha), Bruno Mazzeo (Zagallo) e  Lucas Agrícola (Pelé) são os protagonistas de "Brasil 70, A Saga do Tri", nova minissérie de ficção da Netflix e O2 Filmes sobre a campanha da equipe nacional brasileira de futebol rumo ao tricampeonato no mundial de 1970. As filmagens já começaram e acontecem em cidades do Brasil e do México. Ainda sem data de estreia, a minissérie vai recriar, de forma imersiva, lances clássicos e momentos de bastidores que ajudaram a construir o legado de uma das maiores equipes de futebol de todos os tempos. 

Um mergulho nos desafios, emoções e temores que acompanharam os jogadores como Pelé, Tostão, Félix, Carlos Alberto, Jairzinho, Gérson e Rivellino, além dos técnicos Saldanha e Zagallo durante a preparação e a disputa do torneio. O enredo se desenrola em um dos momentos mais marcantes tanto do futebol quanto da História política brasileira, em meio à fase mais dura do regime militar, enquanto a equipe demonstra sua genialidade em campo sob a enorme pressão de representar um país inteiro.

A direção geral é assinada por Paulo Morelli e Pedro Morelli, com episódios dirigidos também por Quico Meirelles. A criação é de Naná Xavier e Rafael Dornellas. A produção está a cargo de Paulo Morelli e Pedro Morelli, ao lado de Cris Abi, com Guto Gontijo na produção executiva de desenvolvimento. Felipe Sant'Angelo assina com Naná Xavier a redação final dos roteiros. Completam o elenco nomes como Marcelo Adnet (Eusébio Teixeira), Bruna Mascarenhas (Rosemeri), Gui Ferraz (Jairzinho), Ravel Andrade (Tostão), Maicon Rodrigues (Paulo Cézar Caju), Caio Cabral (Carlos Alberto), Daniel Blanco (Rivellino), Val Perré (Mário Américo), Lara Tremouroux (Rosa), Felipe Frazão (Leo), Fillipe Soutto (Gérson), Hugo Haddad (Félix), Victor Salomão (Dadá Maravilha) e José Beltrão (Parreira).

.: Filho de Christopher Reeve aparece como repórter no "Superman" de 2025


No novo "Superman" de 2025, dirigido por James Gunn, há um momento que vai além das explosões e efeitos especiais: a participação do filho do lendário Christopher Reeve, o jornalista Will Reeve, surge brevemente como repórter de TV - um eco moderno daquele que é conhecido como um dos primeiros Clark Kent. Aos 33 anos, Will empresta ao filme uma ligação emocional pura com o legado de Reeve e reforçando o reboot como um tributo vivo e sincero. 

Ele aparece em cena durante uma cobertura jornalística, vestindo o figurino e o tom que lembram o alter ego do Superman. Will Reeve diz que gravou a participação em Cleveland no verão de 2024, em um único dia, e que quando retornou ao aeroporto a notícia já tinha vazado on-line. Will Reeves serviu como uma ponte viva entre a era de Christopher Reeve e a nova era DCU, lembrando que a mitologia do "Superman" não é só efeitos ou figurinos, mas também histórias humanas.

O elenco do filme incluiu um ritual simbólico antes das filmagens: a equipe assistiu ao documentário "Super/Man - The Christopher Reeve Story", emocionando-se com a trajetória do homem por trás do herói - e unindo as gerações no set com reverência e intensidade emocional 

Will Reeve, que encontrou seu lugar como correspondente da ABC News, admite que teve mais nervosismo filmando essa única cena do que em anos de aparições na TV ao vivo. “Tinha que decorar uma fala, muita gente por perto... fiquei mais nervoso ali do que quando estou no meu trabalho normal”, afirmou. 


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As principais estreias da semana e os melhores filmes em cartaz podem ser assistidos na rede Cineflix CinemasPara acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SANO Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021.


Programação do Cineflix Santos
“Superman” | Sala 4
Classificação:
 PG13. Ano de produção: 2025. Idioma: inglês. Direção: James Gunn. Elenco: David Corenswet, Rachel Brosnahan, Nicholas Hoult e outros. Duração: 2h09. Cenas pós-créditos: sim. Cineflix Santos | Miramar Shopping | Rua Euclides da Cunha, 21 - Gonzaga - Santos/SP.


Dublado
17/7/2025 - Quinta-feira: 15h20
18/7/2025 - Sexta-feira: 15h20
19/7/2025 - Sábado: 15h20
20/7/2025 - Domingo: 15h20
21/7/2025 - Segunda-feira: 15h20
22/7/2025 - Terça-feira: 15h20
23/7/2025 - Quarta-feira: 15h20


Legendado
17/7/2025 - Quinta-feira: 18h00 e 20h40
18/7/2025 - Sexta-feira: 18h00 e 20h40
19/7/2025 - Sábado: 18h00 e 20h40
20/7/2025 - Domingo: 18h00 e 20h40
21/7/2025 - Segunda-feira: 18h00 e 20h40
22/7/2025 - Terça-feira: 18h00 e 20h40
23/7/2025 - Quarta-feira: 18h00 e 20h40

quarta-feira, 16 de julho de 2025

.: "Quarteto Fantástico" terá pré-estreia dia 23 no Cineflix Cinemas

O Cineflix já prepara o terreno para a chegada de uma das estreias mais comentadas do ano: "Quarteto Fantástico - Primeiros Passos", novo capítulo da Marvel Studios que promete revitalizar o grupo de super-heróis em uma proposta radicalmente diferente. O filme tem sessões de pré-estreia agendadas para 23 de julho. No Cineflix Santos, localizado no Miramar Shopping, as sessões ocorrem na Sala 4, às 15h30, em versão dublada, e às 18h00 e 20h30, na versão legendada. No cinema, há distribuição de mini-pôsteres nas primeiras sessões. O lançamento oficial do filme será no dia 24 em todo o Brasil.

O longa-metragem mergulha em uma ambientação retrofuturista inspirada na estética dos anos 1960, porém situada em um universo paralelo dentro do multiverso da Marvel. A estreia, portanto, não é apenas um novo começo, mas um reposicionamento da equipe no tabuleiro cósmico da saga. Dirigido por Matt Shakman, que já havia encantado os fãs com WandaVision, e roteirizado por Eric Pearson, o longa evita repetir a velha fórmula da origem dos personagens. 

Em vez disso, apresenta um Quarteto já consolidado, atuando como heróis há cerca de quatro anos, e lidando com o impacto existencial e emocional que os superpoderes provocam em suas vidas. Essa maturidade narrativa abre espaço para explorar temas mais densos, como a gravidez de Sue Storm, que pode representar a introdução de Franklin Richards, uma figura central nos quadrinhos por seu potencial quase ilimitado. A gravidez, aliás, não é um mero detalhe, mas o fio condutor que entrelaça drama familiar e apocalipse cósmico em doses quase simétricas.

O elenco reúne grandes nomes. Pedro Pascal vive Reed Richards, o Senhor Fantástico, enquanto Vanessa Kirby assume o papel de Sue Storm, a Mulher Invisível. Joseph Quinn interpreta o impetuoso Johnny Storm, o Tocha Humana, e Ebon Moss-Bachrach dá vida a Ben Grimm, o resistente Coisa. Mas são as adições de Julia Garner, como uma versão alternativa da Surfista Prateada, e Ralph Ineson, no papel colossal de Galactus, que dão ao filme sua atmosfera verdadeiramente intergaláctica. Também fazem parte do elenco Paul Walter Hauser, Natasha Lyonne, Sarah Niles e John Malkovich — este último envolto em mistério quanto ao papel que irá desempenhar.

Visualmente, o longa aposta em um estilo singular: inspirado no visual clássico da Nova York dos anos 1960, mas com um viés tecnológico que remete a sonhos futuristas da Guerra Fria. A fotografia, feita com câmeras de 16 mm sob o comando de Jess Hall, confere à produção um charme vintage que se distingue dos blockbusters digitais convencionais. A trilha sonora de Michael Giacchino reforça esse clima nostálgico e emocional, resgatando tons de aventura e descobrimento.

A narrativa se estrutura em torno da chegada de Galactus à Terra, com a Surfista Prateada como emissária da destruição iminente. Há também um olhar sensível sobre o impacto psicológico que a missão heroica causa em cada membro da equipe. Sue Storm, por exemplo, parece estar à beira de uma ruptura entre maternidade e dever, enquanto Reed enfrenta o peso de salvar o planeta e, ao mesmo tempo, manter unida uma família que está prestes a se expandir. É uma fábula científica com contornos humanos, e talvez aí resida seu maior trunfo.

Embora ambientado em um universo alternativo, o filme se conecta ao grande arco do multiverso da Marvel. E, como não poderia deixar de ser, há cenas pós-créditos - pelo menos uma, de acordo com fontes confiáveis. Nela, Sue aparece lendo para um garotinho loiro, possivelmente Franklin, quando retorna ao cômodo e encontra um visitante inesperado: ninguém menos que o Doutor Destino, sugerindo que o caos ainda está apenas começando. A cena, enigmática e carregada de tensão, planta sementes que poderão germinar em "Vingadores: guerras Secretas" ou mesmo em "Doomsday", especulado como o próximo grande evento da saga.

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Programação do Cineflix Santos
“Quarteto Fantástico - Primeiros Passos” | The Fantastic Four - First Steps | Sala 4
Classificação: 12 anos. Ano de produção: 2025. Idioma original: inglês. Direção: Matt Shakman. Roteiro: Josh Friedman, Eric Pearson, Jeff Kaplan e Ian Springer. Elenco: Pedro Pascal, Vanessa Kirby, Ebon Moss-Bachrach, Joseph Quinn, Julia Garner, Natasha Lyonne, Paul Walter Hauser, Ralph Ineson e outros. Duração: 1h55. Cenas pós-créditos: sim. Cineflix Santos | Miramar Shopping | Rua Euclides da Cunha, 21 - Gonzaga - Santos/SP.


Dublado
23/7/2025 - Quarta-feira: 15h30

Legendado
23/7/2025 - Quarta-feira: 18h00 e 20h30

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