Thiago Sobral é escritor. Também publica semanalmente no site Minha Arca Literária e no Instagram @thiago.sobral_
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quinta-feira, 20 de novembro de 2025
.: Manual Crônico, com Thiago Sobral: no princípio, o verbo
Thiago Sobral é escritor. Também publica semanalmente no site Minha Arca Literária e no Instagram @thiago.sobral_
quarta-feira, 19 de novembro de 2025
.: Cineflix traz "Wicked - Parte II", "Homo Argentum" e "Entre duas mulheres"
A unidade Cineflix Cinemas de Santos, localizada no Shopping Miramar, traz três estreias para as telonas. A aguardada sequência do universo de Oz, "Wicked - Parte II" e as comédias "Homo Argentum" e "Entre duas mulheres".
Seguem em cartaz o thriller eletrizante "Truque de mestre - O 3º ato", com elenco estelar que inclui Dave Franco, Isla Fisher, Morgan Freeman, Daniel Radcliffe, Ariana Greenblatt, Jesse Eisenberg, Mark Ruffalo, Rosamund Pike e Woody Harrelson, thriller dramático nacional "O Agente Secreto", cotado para o Oscar 2026 e estrelado por Wagner Moura, ao lado de Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, além da cinebiografia "Mauricio de Sousa: O Filme".
Sábado, dia 13 de dezembro, haverá exibição do filme "Harry Potter e o Cálice de Fogo" em comemoração aos 20 anos, a venda dos ingressos estará aberta a partir de 27 de novembro. Você também pode antecipar os seus ingressos para a estreia de "Five nights at Freddy's 2".
A unidade de Cinemas Cineflix Santos, fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga.
"Wicked - Parte II"". (Wicked For Good). Direção: Jon M. Chu. Roteiro de Winnie Holzman e Dana Fox. Elenco: Cynthia Erivo, Ariana Grande, Jonathan Bailey, Jeff Goldblum. Duração: 2h 18 min. Gênero : Fantasia, musical. Distribuidora: Universal Pictures. Sinopse: Elphaba, agora conhecida como a Bruxa Má do Oeste, vive exilada na floresta de Oz, tentando revelar a verdade sobre o Mágico.
"Entre duas mulheres". (Deux femmes en or). Direção: Chloé Robichaud. Duração: 1h 40min. Roteiro: Catherine Léger, Elenco: Karine Gonthier-Hyndman, Laurence Leboeuf, Félix Moati, Mani Soleymanlou, Sophie Nelisse, Juliette Gariépy. Distribuição: Imovision. Sinopse: Violette enfrenta uma licença-maternidade difícil. Florence, uma depressão persistente. Mesmo com vidas estáveis, ambas se sentem fracassadas. Mas e se a felicidade estiver em romper expectativas?
"Homo Argentum". (Homo Argentum. Direção: Mariano Cohn e Gastón Duprat. Duração: 1h e 50min. Gênero: comédia. Distribuição: Disney. Sinopse: O filme é composto por 16 histórias curtas e independentes que formam uma crítica social sobre a realidade argentina.
"Truque de mestre - O 3º ato". (Now You See Me: Now You Don't (ou Now You See Me 3). Gênero: Suspense, Ação, Crime. Direção: Ruben Fleischer. Roteiro: Seth Grahame-Smith, Eric Warren Singer. Duração: (1h 52min). Sinopse: Os Quatro Cavaleiros estão de volta com uma nova geração de ilusionistas e uma trama cheia de reviravoltas, mágicas e surpresas, em um truque que envolve uma joia valiosa do mundo. Eles se reúnem para derrubar uma empresa corrupta que lava dinheiro para criminosos.
"O Agente Secreto". Gênero: thriller, drama. Diretor: Kleber Mendonça Filho. Elenco: Wagner Moura, ao lado de Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone. Sinopse: Em 1977, Marcelo trabalha como professor especializado em tecnologia. Ele decide fugir de seu passado violento e misterioso se mudando de São Paulo para Recife com a intenção de recomeçar sua vida. Marcelo chega na capital pernambucana em plena semana do Carnaval e percebe que atraiu para si todo o caos do qual ele sempre quis fugir. Para piorar a situação, ele começa a ser espionado pelos vizinhos. Inesperadamente, a cidade que ele acreditou que o acolheria ficou longe de ser o seu refúgio.
"Mauricio de Sousa: O Filme". Gênero: cinebiografia. Diretor: Pedro Vasconcelos. Elenco: Mauro Sousa, Diego Lamar. Sinopse: A infância de Mauricio, sua paixão por quadrinhos, a invenção de uma carreira em um momento em que era considerada improvável e a criação de seus personagens icônicos. a produção sobre o quadrinista mais importante do Brasil, traça os primeiros passos que tornaram realidade o seu sonho de se tornar desenhista. Criador de Turma da Mônica, a trama traz um olhar pessoal e sensível para a vida de um artista e das referências que o formaram. Da descoberta e paixão pelos quadrinhos à construção de uma carreira considerada impossível na época, a coragem de Mauricio de Sousa em sustentar suas ideias, histórias e personagens.
O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN.
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terça-feira, 18 de novembro de 2025
.: Entrevista: Eric Nepomuceno, tradutor brasileiro de Gabriel García Márquez
Por Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Foto: Paula Johas
Eric Nepomuceno pertence à categoria dos tradutores que vão além das palavras, ele decifra mundos. Ao transportar a linguagem de um idioma para outro, ele também tem o dom de preservar todas as nuances de um texto, como a musicalidade, a sombra e a memória de um autor. Amigo íntimo de Gabriel García Márquez por quase quatro décadas, ele testemunhou de perto não apenas a construção literária de "Cem Anos de Solidão", mas o homem por trás de Macondo, os rituais, as manias, o humor e a personalidade do grande mestre.
Agora, com a nova edição ilustrada do romance - que chega ao Brasil publicado pela Editora Record acompanhada das imagens vibrantes de Luisa Rivera -, Nepomuceno revisita a obra-prima que o acompanha desde sempre e reflete sobre o gesto de traduzir um universo tão musical quanto indomável. Nesta entrevista exclusiva para o portal Resenhando.com, ele fala sobre a amizade com Gabo, das escolhas que se fazem entre uma língua e outra, da resistência em ver os Buendía desenhados e da música secreta que só é possível ouvir quando se lê devagar. Um encontro raro com um dos maiores intérpretes literários das Américas. Compre a edição ilustrada de "Cem Anos de Solidão" neste link.
Resenhando.com - A nova edição de "Cem Anos de Solidão" apresenta ilustrações inéditas da artista chilena Luisa Rivera. Como o senhor percebe o diálogo entre texto e imagem nessa edição? As ilustrações influenciam de alguma forma a leitura do romance?
Eric Nepomuceno - Primeiro quero elogiar o trabalho da Luisa Rivera, que é uma desenhista extremamente talentosa. E suas ilustrações influenciam, claro, a leitura. Por isso García Márquez jamais permitiu que seus personagens fossem desenhados e recusou milhões e milhões de dólares para que "Cem Anos..." fosse levado ao cinema. Queria que cada leitor tivesse o seu Aureliano Buendía pessoal, cada personagem só dele. Depois que García Márquez cometeu a cruel imprudência de partir na viagem sem volta, os filhos autorizaram tudo. Não vi os filmes, passei os olhos por poquíssimas ilustrações justamente para continuar tendo meu Buendía pessoal, todos os meus personagens pessoais, e manter a fidelidade que me uniu a García Márquez por quase 40 anos de amizade.
Resenhando.com - O senhor traduziu obras de García Márquez ao longo de décadas. Como foi construir, ao longo do tempo, uma intimidade literária com o autor? Em que ponto o tradutor passa a “respirar” junto com o texto do escritor?
Eric Nepomuceno - Eu digo sempre que não sou e nunca fui tradutor profissional. Traduzo os amigos , além de duas ou três exceções que tinham especial interesse para mim. E digo que minha função é passar para o meu idioma o que o autor passou no dele: a mesma respiração, o mesmo ritmo, a mesma melodia, as mesmas pausas... Repito sempre que o melhor prêmio que recebi ao longo da vida não foram os Jabutis. Foi ouvir que nem parece tradução...
Resenhando.com - Muitos leitores de "Cem Anos de Solidão" dizem que o romance tem um ritmo próprio, quase musical. Como o senhor traduz ritmo, cadência e silêncio - elementos tão importantes na prosa de García Márquez?
Eric Nepomuceno - Ora, mil perdões, mas a resposta está na pergunta: ritmo é ritmo, como na partitura musical. Cadência é cadência, no andamento da melodia. E silêncio é silêncio... Se a literatura de outro mestre de mestres, Ernest Hemingway, é mais silenciosa, a de García Márquez é extremamente musical... Ele traz o Caribe para a escrita, com todo o seu balançar e a sua melodia, ora alegre, ora melancólica...
Resenhando.com - Quando o senhor traduz, pensa no leitor brasileiro ou tenta manter a atmosfera original para que o leitor “viaje” até Macondo?
Eric Nepomuceno - Sim, penso no leitor brasileiro, com certeza. E repito, mil perdões pela repetição...: minha função é trazer o livro para o português falado no Brasil. Daí manter a atmosfera e levar o leitor até Macondo e apresentar a ele os personagens, para que cada leitor crie a sua própria imagem. Daí minha resistência a ver o livro ilustrado. Vi apenas as primeiras, para confirmar que a Luisa não é propriamente uma ilustradora, é uma ótima desenhista.
Resenhando.com - O vocabulário latino-americano é riquíssimo e, às vezes, intraduzível. Há alguma palavra ou expressão de García Márquez que o senhor tenha lutado para encontrar uma equivalência em português?
Eric Nepomuceno - Nada é intraduzível. É sempre possível encontrar a tradução correta, com o mesmo peso, a mesma melodia, a mesma pausa. Não me lembro de nenhuma palavra ou expressão que tenha sido especialmente difícil. Repito: o importante é encontrar o ritmo, a melodia, as pausas...
Resenhando.com - Além de tradutor, o senhor é escritor e jornalista. Essas três funções conversam entre si ou entram em conflito quando está traduzindo?
Eric Nepomuceno - Eu só sei fazer duas coisas na vida, cozinhar e escrever. Como nunca fui convidado para assumir um restaurante, só me restou viver do ofício de escrever. Não, nunca há conflito, é só uma das três vertentes do meu ofício...
Resenhando.com - Seu trabalho como correspondente e jornalista investigativo o levou a cobrir momentos históricos e tensos, como o período das ditaduras latino-americanas. Essa vivência interferiu na sua forma de ler e traduzir a literatura do continente?
Eric Nepomuceno - Mais que só ditaduras, cobri guerras civis especialmente sanguinárias, especialmente na América Central. Sua pergunta é boa, mas serei honesto na resposta: nunca pensei nisso. Interferiu, com certeza, na minha forma de ver a vida e o mundo...
Resenhando.com - O senhor costuma dizer que traduzir é “escutar o texto”. O que "Cem Anos de Solidão" diz quando ninguém está ouvindo?
Eric Nepomuceno - O que pretendo dizer é justamente o que disse agora há poco: para mim, literatura é música. Tem ritmo, tem harmonia, tem linha melódica, tem pausar... Não posso dizer aqui o que ouço quando leio e releio "Cem Anos...". Que cada leitor ouça do seu jeito...
Resenhando.com - García Márquez afirmava que todo escritor escreve sempre o mesmo livro - e o dele seria “o livro da solidão”. Qual é o livro que o senhor, como tradutor e escritor, tem escrito ao longo da vida?
Eric Nepomuceno - Eu, além de traduzir, escrevo contos e livros de não-ficção, livros jornalísticos. Vou dizer o que sinto neste exato instante, que pode mudar amanhã... De não ficção, "A Memória de Todos Nós", que conta de vítimas das ditaduras instaladas na América do Sul entre 1964 e 2020. E de contos, fico na dúvida entre "A Palavra Nunca" e "Quarenta Dólares e Outras Histórias".
.: "A Sabedoria dos Pais" reúne Natália do Vale e Herson Capri no teatro
segunda-feira, 17 de novembro de 2025
.: “As Narradoras”: podcast celebra autoras fundamentais do século XX
A literatura do século XX acaba de ganhar um novo espaço para celebrar as vozes femininas mais vibrantes. "As Narradoras", minissérie em áudio apresentada pela editora Stéphanie Roque, revisita vidas, obras, afetos e rupturas de escritoras que moldaram a literatura mundial - e o faz conectando gerações, temas e possibilidades de leitura. São sete episódios que reúnem autoras distantes no tempo e no espaço, mas profundamente entrelaçadas por afinidades temáticas: amizade, cotidianidade, imaginação, família, escrita íntima e criação artística.
A proposta é simples e ambiciosa ao mesmo tempo: aproximar duplas de autoras para entender como as experiências, estilos e obsessões delas dialogam entre si e permanecem vivas na escrita contemporânea. Para isso, "As Narradoras" traz também a participação de nomes atuais - como Aline Bei, Socorro Acioli e Micheliny Verunschk - que comentam a relevância das homenageadas e expandem suas leituras. A atriz Maeve Jinkings empresta a voz a trechos de livros, criando um elo sensorial entre texto e escuta.
Episódio 1 - "As Irmãs Sisters"
O episódio de estreia mergulha na cumplicidade entre Lygia Fagundes Telles e Hilda Hilst, uma amizade que atravessou mais de meio século. As duas - que se autodenominavam “irmãs sisters” - partilharam confidências, rotinas, risos, medos e criação literária. O programa reconta esse encontro improvável e profundamente frutífero, explorando como suas trajetórias se cruzaram e se influenciaram mutuamente. Entre as vozes convidadas, participam Bruna Khalil Othero, Raquel Cozer e Lúcia Telles, enriquecendo o retrato dessas duas forças da nossa literatura.
Episódio 2 - "Estranhas Familiares"
O segundo capítulo destaca Leonora Carrington e Silvina Ocampo, duas autoras que embaralharam a fronteira entre o cotidiano e o fantástico. Desejo, infância, sonho, loucura, morte e liberdade atravessam suas narrativas - sempre guiadas por uma imaginação indomável. Micheliny Verunschk e Socorro Acioli comentam suas obras e refletem sobre o realismo fantástico, fio que costura a dupla e faz com que suas histórias permaneçam tão inquietantes quanto atuais.
Uma travessia entre gerações de narradoras
A minissérie propõe um encontro simbólico: escritoras que abriram caminhos sendo celebradas por quem hoje continua a reinventá-los. Mais do que perfis biográficos, "As Narradoras" oferece um mosaico de experiências e sensibilidades que atravessam o século XX e desembocam no presente - reafirmando a potência da literatura escrita por mulheres e sua capacidade de atravessar fronteiras.
Os dois primeiros episódios já estão disponíveis, e os demais chegam sempre às quartas-feiras, no tocador de áudio favorito do público. Uma boa oportunidade para revisitar autoras imprescindíveis e descobrir novas leituras com desconto - basta conferir as indicações divulgadas junto ao projeto. "As Narradoras" estreia como convite e celebração: ouvir para ler mais, ler para compreender melhor quem nos antecedeu, e quem segue narrando o mundo ao nosso lado.
.: Clássico, "Frankenstein" ganha edição ilustrada para lançamento de filme
A obra que é marca do movimento gótico conquista leitores até hoje com seu retrato universal dos sentimentos humanos
Escrito numa noite tempestuosa de 1816 por uma jovem de apenas dezoito anos, "Frankenstein" não é só o ponto de partida da ficção científica - é uma história sobre ambição, solidão e o preço de desafiar os limites da criação. Clássico absoluto da literatura gótica e do horror, a obra-prima de Mary Shelley chega ao selo Planeta Minotauro em uma edição especial, com ilustrações de Amanda Miranda, apresentação de Cláudia Fusco e tradução de Marcia Blasques. Um livro reconstituído - como a própria criatura =- para uma nova geração de leitores.
Além do texto que moldou todo um gênero na literatura e influenciou gerações de artistas nas mais diversas áreas, a nova edição conta com ilustrações de Amanda Miranda, artista visual, autora de histórias em quadrinhos e diretora de arte. Amanda foi destaque na lista Forbes 30 Under 30 em 2021, que reúne as pessoas mais criativas e influentes com menos de trinta anos no Brasil. A apresentação fica por conta de Cláudia Fusco, escritora, roteirista e mestre em Estudos de Ficção Científica pela Universidade de Liverpool, na Inglaterra. Cláudia dá cursos e palestras sobre narrativas, gênero, cultura pop, fantasia e ficção científic e tem passagens por espaços como USP, Casa do Saber, Bienal do Livro, MIS-SP e Sesc, entre outros.
A obra de caráter atemporal já ganhou diversas adaptações audiovisuais desde sua publicação, destacando-se entre elas o filme homônimo de 1931, dirigido por James Whale; Frankenstein de Mary Shelley, de 1994, dirigido e estrelado por Kenneth Branagh; a minissérie Frankenstein, de 2004; e a animação Frankenweenie, de 2012, dirigida por Tim Burton. Agora, o livro está prestes a ganhar mais um filme, dessa vez dirigido pelo vencedor do Oscar Guillermo Del Toro e estrelado pelo trio Jacob Elordi, Mia Goth e Oscar Isaac. A edição da Planeta minotauro chega também para apresentar o texto original aos interessados pelo novo longa.
Sobre a autora
Mary Shelley (1797-1851) foi uma das escritoras mais inovadoras do século XIX. Filha da filósofa Mary Wollstonecraft e do pensador William Godwin, destacou-se com Frankenstein (1818), obra que inaugurou a ficção científica ao refletir sobre os limites da criação humana. Também escreveu os romances O último homem e Lodore, além de contos, ensaios e biografias. Sua voz única, marcada pela imaginação visionária e pela crítica social, consolidou-a como um dos grandes nomes da literatura gótica.
.: #LeituraMiau: "Escutando Demônios", um suspense psicológico perturbador
"Escutando Demônios", do autor Miau João Alexandrino, é um mergulho profundo nas sombras da mente humana — um suspense psicológico que confronta o leitor com os limites entre a lucidez e o delírio, a justiça e a perdição. A história acompanha um juiz de reputação impecável, homem de princípios firmes e carreira exemplar, cuja vida começa a desmoronar após um erro irreversível cometido no exercício da função. A partir desse instante, algo se rompe em seu interior: uma voz enigmática e insistente passa a ecoar dentro de sua mente, insinuando verdades que ele não quer ouvir - ou que talvez sempre tenham estado ali.
Enquanto tenta silenciar o sussurro que o persegue, o juiz assiste, impotente, à queda moral e emocional das pessoas ao seu redor. Cada gesto, cada olhar, cada decisão parece manipulado por forças que escapam à razão. Aos poucos, o mundo que o cercava se converte em um labirinto psicológico, onde culpa, poder e desejo se confundem numa espiral de destruição.
Com uma narrativa densa e inquietante, João Alexandrino constrói um retrato perturbador da consciência humana em colapso. A atmosfera é claustrofóbica, a escrita é precisa e cortante — e o leitor, prisioneiro da tensão crescente, se vê compelido a questionar junto ao protagonista: até que ponto a voz interior é apenas nossa, e quando ela passa a ser o eco de algo mais sombrio?
Entre revelações, delírios e verdades incômodas, Escutando Demônios é mais do que um romance psicológico - é uma descida aos abismos da alma, onde cada escolha carrega o peso do pecado e da redenção possíveis. Compre o livro "Escutando Demônios", de João Alexandrino, neste link.
domingo, 16 de novembro de 2025
.: Entrevista: Jerónimo Pizarro fala sobre o legado de Ricardo Reis
Por Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Foto: divulgação
Resenhando.com - Há, neste livro, textos inéditos e variantes que reconfiguram o que sabíamos sobre Ricardo Reis. Que descobertas vocês destacariam? O que surpreendeu até mesmo os organizadores?
Resenhando.com - O livro encerra a trilogia da Coleção Pessoa, depois das obras completas de Caeiro e Campos. Que imagem do poeta - e do homem Fernando Pessoa - emerge dessa trilogia?
Resenhando.com - Há uma certa ironia em lançar a obra completa de Ricardo Reis no Brasil - o país para onde ele teria se exilado. Essa coincidência tem para vocês algum sentido simbólico?
Resenhando.com - Se Ricardo Reis pudesse escrever uma ode sobre este lançamento, o que ele diria?
.: Festival de Cinema Francês do Brasil traz seis produções do Festival de Cannes deste ano
Com seis longas exibidos em Cannes, edição do Festival de Cinema Francês do Brasil traz obras que poderão ser vistas pela primeira vez no país. Na imagem, inspirado em uma história real, o drama "13 Dias, 13 Noites" é um dos destaques da programação do 16º Festival de Cinema Francês do Brasil. Foto: divulgação
Da Riviera Francesa para as salas de cinemas de todo o Brasil: a 16ª edição do Festival de Cinema Francês do Brasil (antigo Varilux), que ocorre de 27 de novembro a 10 de dezembro em cinemas de todo o país, apresenta seis longas-metragens exibidos no Festival de Cannes em maio último, sendo cinco deles inéditos em solo brasileiro. Entre os destaques estão "O Segredo da Chef" ("Partir un jour"), de Amélie Bonnin, longa que abriu o evento, e "Jovens Mães" (Jeunes Mères), de Jean-Pierre e Luc Dardenne, que conquistou o prêmio de Melhor Roteiro.
Distribuído pela Synapse Distribution, o inédito "O Segredo da Chef" ("Partir un jour") acompanha a história de Cécile, uma chef em ascensão que está prestes a abrir seu restaurante em Paris, mas precisa retornar à vila onde nasceu por conta de uma emergência familiar. Escrito por Dimitri Lucas e Amélie Bonnin, que também assina a direção, o filme é estrelado por Juliette Armanet, François Rollin e por Bastien Bouillon, ator vencedor do César de Melhor Revelação em 2023 e que integra a delegação artística do festival este ano.
Novo filme dos irmãos Dardenne - conhecidos por suas produções realistas e socialmente engajadas - "Jovens Mães" ("Jeunes Mères"), da Vitrine Filmes, aborda o desafiador cotidiano de cinco adolescentes e seus filhos pequenos em um abrigo. Estrelada por Babette Verbeek, Elsa Houben e Janaïna Halloy Fokan, a produção acompanha a luta das jovens em busca de uma vida melhor para si mesmas e seus filhos, enquanto lidam com questões como conflitos financeiros e familiares. O roteiro do longa, premiado em Cannes, é também assinado pelos irmãos belgas.
Apresentado fora de competição, o drama inédito "13 Dias, 13 Noites" ("13 jours, 13 nuits"), da California Filmes, é ambientado em Cabul, no Afeganistão, em agosto de 2021, e inspirado em uma história real. Enquanto as tropas americanas se retiram, os Talibãs tomam a capital e milhares de afegãos buscam refúgio na Embaixada da França, protegida pelo comandante Mohamed Bida e seus homens. Cercado, ele negocia com os Talibãs para organizar, com a ajuda de Eva, uma humanitária franco-afegã, um último comboio em direção ao aeroporto. Dirigido por Martin Bourboulon, a produção é estrelada por Roschdy Zem, Lyna Khoudri e Sidse Babett Knudsen.
Exibido também fora de competição, "A Mulher Mais Rica do Mundo" ("La Femme la plus Riche du Monde"), de Thierry Kliffa, tem como protagonista a premiada atriz francesa Isabelle Huppert, que estará no Brasil para divulgação do filme durante o festival. Inédita no Brasil, com distribuição da Synapse Distribution, a produção é inspirada na história real da herdeira de uma das maiores empresas de cosméticos do mundo, em uma trama sobre ambição, doações astronômicas e segredos familiares. Laurent Lafitte, Marina Foïs e Raphaël Personnaz – que integrou a delegação do festival em 2024 - completam o elenco.
Homenageado do 16º Festival de Cinema Francês do Brasil, o ícone da comédia francesa Pierre Richard dirige e estrela o também inédito "Sonho, Logo Existo" ("L’homme qui a Vu L’ours qui a Vu L’homme"), seu retorno à direção após quase 30 anos. Exibida em sessão especial no Festival de Cannes deste ano, onde o artista também foi celebrado, a produção, distribuída pela Bonfilm, acompanha a história de dois homens de diferentes gerações que criam um vínculo improvável enquanto protegem um urso de circo fugitivo no interior da França. Aos 91 anos e com mais de 100 filmes no currículo, Pierre também estará por aqui para divulgar seu longa. Ele desembarca em São Paulo no dia 30 de novembro ao lado da mulher, a modelo brasileira Ceyla Lacerda, com quem é casado há quase três décadas, e também visita o Rio. Uma mostra com cinco longas fará uma retrospectiva de sua carreira.
A programação conta ainda com "Eu, Que Te Amei" ("Moi qui t’aimais"), parte da seleção Cannes Classics. Distribuído pela Autoral, a produção inédita no Brasil, dirigida por Diane Kurys, acompanha a atribulada história do icônico casal do cinema francês Yves Montand (Roschdy Zem) e Simone Signoret (Marina Foïs). Assombrada pelo caso de seu marido com a atriz Marilyn Monroe e ferida por todos os que vieram depois, Signoret sempre recusou o papel de vítima: o que eles sabiam é que nunca se separariam.
Em 2025, o Festival de Cinema Francês do Brasil segue com o apoio de Varilux – marca do grupo Essilor Luxottica - como “Patrocinador Master”. Conta também com os patrocínios do banco BNP PARIBAS, que entra pela primeira vez em 2025, do grupo PERNOD RICARD, da EDENRED, da VOLTALIA, do FAIRMONT e da AIR FRANCE, além do Ministério da Cultura - por meio da Lei Rouanet, e da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura.
Sobre a Bonfilm
Além de distribuidora de filmes, a Bonfilm é realizadora do Festival de Cinema Francês do Brasil (antigo Festival Varilux de Cinema Francês) que, nos últimos 15 anos, promoveu mais de 35 mil sessões nos cinemas em todo o Brasil e somou um público de mais de um 2 milhões de espectadores. Desde 2015, a Bonfilm organiza também o festival Ópera na Tela, evento que exibe filmes de récitas líricas em uma tenda montada ao ar livre no Rio de Janeiro, e contou com uma edição recente em São Paulo em 2024. A produtora Bonfilm também é idealizadora, em São Paulo, do Espaço Cultural CNP de Realidade Virtual, integralmente dedicado a exposições culturais em realidade virtual, como ‘Uma Noite com os Impressionistas’ e ‘Mundos Desaparecidos’.
Assista no Cineflix mais perto de você
Os filmes do Festival de Cinema Francês do Brasil e as principais estreias da semana podem ser assistidos na rede Cineflix Cinemas. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN. O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021.
.: Ana Paula Couto, autora de "Amor de Alecrim", e mulheres 50+ em romance
Romance “Amor de Alecrim” continua a história de Amanda, protagonista de "Amor de Manjericão", e aborda temas como menopausa e independência emocional. Foto: divulgação
Com leveza e humor, a professora e escritora Ana Paula Couto lançou o livro "Amor de Alecrim", sequência de "Amor de Manjericão" (2022). O novo romance mergulha na vida de Amanda, uma mulher que, aos 50 anos, enfrenta desafios como crise conjugal, menopausa e a descoberta de novas paixões. A protagonista, que no primeiro livro superou um divórcio e um affair com um homem mais jovem, agora se depara com a aposentadoria, os dilemas da maternidade e o reencontro com um amor do passado. Além do entretenimento, a obra apresenta uma representação de uma personagem mais velha, discutindo temas como o etarismo e a invisibilidade feminina após os 50 anos.
Natural de Nova Friburgo (RJ), onde ainda reside, Ana Paula Couto é professora de língua inglesa há mais de duas décadas. Estreou na literatura em 2021, com participações em antologias como “Diário dos Confinados” (Editora Resilience). Seu primeiro romance, “Amor de Manjericão” (2022), foi pivô de sua transição para a carreira literária. Desde então, publicou os e-books “Conto Comigo” (contos) e “Vida Crônica” (crônicas) e participou de eventos como Flip e Bienais do Livro. Na entrevista abaixo, ela conta mais sobre o processo de escrita de “Amor de Alecrim”, seu segundo romance. Compre o livro "Amor de Alecrim", de Ana Paula Couto, neste link.
Quais são os principais temas de “Amor de Alecrim” e como eles dialogam com o primeiro livro, “Amor de Manjericão”?
Ana Paula Couto - "Amor de Alecrim" é a continuação do meu primeiro livro, "Amor de Manjericão", e vem com temas como relacionamento entre mãe e filha, síndrome do ninho vazio, crise conjugal, aposentadoria, mudanças nos relacionamentos afetivos, autoconhecimento e independência emocional, menopausa e mudanças de paradigmas. "Amor de Manjericão" é um chick-lit que dá protagonismo a uma mulher 40+ retratando o seu processo de autoconhecimento e sua trajetória pessoal após uma traição seguida por um divórcio. A obra enfoca as nuances do universo feminino em que a personagem principal vivencia situações presentes em nossa sociedade como o etarismo, por exemplo, quando ela se relaciona com um homem bem mais jovem. Também retrata questões relacionadas à maternidade. Escolhi temas e assuntos que, de alguma forma, fossem comuns às mulheres e as tocassem de alguma forma. Quis trazer um spot ao cotidiano feminino. Sendo assim, Amor de Alecrim segue o mesmo tracejado do primeiro livro, trazendo, de forma leve e bem-humorada, a mesma personagem dez anos depois, já casada e cheia de questões inerentes à essa fase da vida.
Por que você decidiu escrever uma continuação?
Ana Paula Couto - Eu já havia pensado, assim que lancei meu primeiro livro, numa possível continuação, mas não era nada concreto. No entanto, ao lançar Amor de Manjericão, em 2022, recebi muito incentivo, e até ideias me foram dadas por leitores que me cobraram a continuidade da história. Em 2023, motivada pelo alcance que o Manjericão teve em tocar as pessoas e seus pedidos, me lancei na produção da sequência do romance. Escrevi o livro em um ano. Em 2024 busquei recursos profissionais para o meu segundo livro. Já que me senti mais preparada e possuía alguma experiência na área, utilizei-me do networking conseguido até então e submeti o livro à leituras críticas e beta. Esse ano foi todo destinado a lapidar e lançar o romance.
Que mensagem você espera que as leitoras encontrem nas duas obras?
Ana Paula Couto - Os livros trazem assuntos importantes de forma leve e divertida, como um bom chick-lit, mas também emocionam, tocam e inspiram mulheres. A principal mensagem é a superação de desafios e o não desistir de si mesmo, a despeito das circunstâncias e das vicissitudes da vida. Ambas histórias trazem, por meio de uma leitura fluida, o gostinho de se dar a volta por cima e saborear a esperança. Tudo isso regado aos temperos, manjericão e alecrim, que de forma lúdica, interferem no destino da personagem Amanda.
Para você, qual o diferencial desta história? Por que ela precisa ser contada?
Ana Paula Couto - Creio que o ponto forte de meus livros é abordar temas que refletem a vidas das mulheres como um todo. E também a questão de trazer personagens 40+ e 50+, fase da vida que se tem pouca representatividade. Sendo assim, acredito que, mesmo não sendo as personagens idosas, as histórias trazem luz ao envelhecer e às mudanças na vida das mulheres, o que acaba discutindo o etarismo.
O que a escrita destes dois livros representa para você, na sua trajetória pessoal e profissional?
Ana Paula Couto - A escrita do primeiro livro me transformou no decorrer de seu processo de criação por ter sido uma experiência terapêutica, já que trata-se de uma bioficção, mas, majoritariamente, escrever e lançar esse livro modificou a minha vida como um todo. Foi uma virada de chave em minha trajetória pessoal e profissional. Em um ano de lançamento me posicionei como autora de fato, desengavetando projetos. Participei de eventos literários em minha cidade e fora dela, me engajei em coletivos femininos de escrita e assim dei a largada da minha carreira como escritora e não parei mais. Percebi essa virada ao ser, agora, reconhecida como escritora e não mais somente vista como docente.
De que forma suas experiências anteriores com contos, crônicas e o blog Vida Crônica contribuíram para este segundo romance?
Ana Paula Couto - "Amor de Manjericão" foi meu primeiro romance publicado. No entanto, já havia inúmeros contos e crônicas meus da época em que eu achava muito ousado me posicionar como autora, pois, ao meu ver, tratava-se de um hobby. Lancei meu blog “Vida Crônica” no Wordpress e lá pousava minhas tímidas produções artísticas. O blog ainda existe. Acredito que todo esse repertório me ajudou a dar corpo ao meu primeiro romance, até ter coragem para lançá-lo. Amor de Alecrim foi totalmente pautado em "Amor de Manjericão".
Como descobriu o chick-lit e por que esse gênero se encaixa tão bem na sua escrita?
Ana Paula Couto - "Amor de Manjericão" e "Amor de Alecrim" são chick-lits. Quando escrevi o primeiro livro não conhecia esse gênero, mesmo já tendo consumido histórias que se encaixavam nele. As histórias, tipicamente femininas e contemporâneas que conto, trazem com força esse estilo que não escolhi escrever, mas que se enquadrou à minha personalidade e ao meu feeling literário. A partir de 2022 comecei a escrever, a partir de um conto, uma bioficção retratando experiências vividas com a intenção de também relatar vivências das várias mulheres que passaram pela minha vida. Venho de uma família predominantemente feminina. Essa história comum, meu primeiro livro, precisava ser contada para tocar as mulheres. Há uma nítida identificação com as leitoras que se veem retratadas na obra.
Quais são as suas principais influências artísticas e literárias?
Ana Paula Couto - Sou leitora desde a adolescência e apreciadora, desde essa época, de Carlos Drummond de Andrade e Ferreira Gullar. Mais tarde, durante a minha formação acadêmica, fui fortemente influenciada pelos clássicos como Machado de Assis, George Orwell, Skakespeare e afins. No entanto, dissocio totalmente meu estilo literário de alguma influência específica. Sou um mix das músicas, dos filmes, dos livros e de tudo que absorvi culturalmente até aqui e exponho isso claramente em minhas histórias. Gosto de dizer que minha escrita fugiu da academia. Tenho orgulho disso. Apesar do chick-lit ainda ser um gênero considerado menor para alguns, o que é um ranço do legado da sociedade patriarcal, me realizo totalmente ao escrever algo contemporâneo direcionado ao público feminino.
Como você definiria seu estilo literário?
Ana Paula Couto - Meus dois romances são chick-lits e se utilizam da estrutura desse gênero que é salientar histórias sobre mulheres contadas por mulheres para outras mulheres. Minhas tramas fluem como uma conversa de uma mulher com outras mulheres em que a personagem principal compartilha o seu cotidiano, os seus pensamentos e as suas questões amorosas, profissionais e familiares.
Quando a escrita deixou de ser hobby e se tornou profissão?
Ana Paula Couto - Comecei a escrever poemas na adolescência, por volta dos 15 anos e sempre mantinha comigo um caderno de escritos, mas era algo bem orgânico, isento de alguma intenção. Assim foi por toda a minha vida até a maturidade, em que me mantive escrevendo contos e, principalmente crônicas, sendo esse meu gênero favorito, sem alguma pretensão e sem me ver como escritora. Somente após os 50 anos, durante a pandemia, me posicionei como autora de fato e comecei a me profissionalizar e colocar minhas obras para o público.
Como é sua rotina criativa para escrever?
Ana Paula Couto - Não tenho ritual algum de escrita, tampouco estabeleço metas ou faço planejamentos fechados de capítulos e enredos. Vou produzindo e me organizando durante o processo em que as ideias vão surgindo. Até pouco tempo atrás considerava esse meu processo meio avacalhado, pode se dizer assim, mas quando tive a oportunidade de conversar e conhecer o talentosíssimo autor Francisco Azevedo e o perguntei sobre o seu processo criativo, desmistifiquei o meu próprio. Francisco, como eu, não planeja seus livros e nem começa a escrever com tudo determinado. Ele, segundo me disse, começa a escrever e deixa a história fluir. Foi um alívio ouvir tal relato desse ícone de quem sou muito fã.
.: Amaury Lorenzo estreia o solo "A Luta", baseado no livro "Os Sertões"
Com adaptação de Ivan Jaf, da terceira parte do livro sobre a Guerra de Canudos, e direção de Rose Abdallah, a peça coleciona várias indicações de Melhor Ator. Foto: Guga Melgar
Da mesma maneira, podemos imaginar a Guerra de Canudos, segundo a visão de Euclides da Cunha, sendo narrada por um “contador de histórias” diante de uma plateia. Um só ator, usando a fala e o corpo, conta as sucessivas investidas do exército brasileiro contra o arraial e a reação de seus habitantes. “O que me impressiona na obra de Euclides da Cunha é a riqueza de detalhes. O texto fala da construção da identidade brasileira, e percebo que a plateia vai sentindo comigo o cheiro daquela guerra, o cheiro daquelas pessoas. E esse é nosso objetivo, levar essa narrativa poderosa a mais gente. Muitos vão ao teatro porque me conhecem da TV e acabam se emocionando com uma aula de história, que nos faz entender de onde viemos, e assim, passamos a ter mais possibilidades de construir um futuro melhor”, conta Amaury.
Nessa terceira e última parte de "Os Sertões", Euclides criou uma simbologia poderosa, abandonando a linguagem acadêmica para traduzir jornalisticamente uma guerra de ideias: a luta entre as forças republicanas que traziam a modernidade contra o obscurantismo religioso que alicerçava a monarquia: os brasileiros do litoral contra os do interior; as elites contra o povo; a fé contra a razão provocando a união dos dois lados pela intolerância e a violência.
"A Luta" é uma guerra arquetípica, mitológica, portanto, será sempre atual para entender a formação do Brasil. É uma peça para nos questionar enquanto sociedade. O retumbante fracasso dos dois lados, com a violência sem sentido de ambos, é o resultado da nossa triste ignorância que infelizmente perdura”, resume a diretora da montagem. Nesta montagem, Amaury Lorenzo recebeu as indicações de Melhor Ator pelos Prêmios Cesgranrio de Teatro 2023, Cenym 2023 e Fita 2023.
"A Luta" | Ficha técnica
Autor: Ivan Jaf
Direção: Rose Abdallah
Ator: Amaury Lorenzo
Direção de movimento: Amaury Lorenzo e Johayne Hildefonso
Direção de arte: Rose Abdallah
Iluminação: Ricardo Meteoro
Música original gravada: Alexandre Dacosta
Pesquisa sonora e preparação vocal: Amaury Lorenzo
Vídeo: Sérgio Lobato (Cambará Filmes)
Fotos: Débora Agostini e Guga Melgar
Assessoria de Imprensa Teatro BDO Jaraguá: Liège Monteiro e Luiz Fernando Coutinho
Identidade visual: Inova Brand
Produção executiva: Marcio Netto
Direção de produção: Amaury Lorenzo e Sandro Rabello
Realização: Bambu Produções e Diga Sim Produções
"A Luta" | Serviço
Gênero: Solo dramático
Estreia: 21/11/25, sexta-feira
Temporada: de 22/11 a 21/12/25
Horários: sexta-feira, 22h, sábados, 21h, e domingos, 19h
Ingressos: R$ 150,00 | R$ 75,00 (meia)
Duração: 60 minutos
Indicação etária: 14 anos
Local: Teatro BDO Jaraguá
Endereço: Rua Martins Fontes, nº 71, Centro, São Paulo, SP (Metrô Anhangabaú)
Telefone: 11 2802-7075
Bilheteria: A partir das 18h de sextas-feiras bilheteria@teatrobdojaragua.com.br ou pelo link: https://bileto.sympla.com.br/event/112950
Capacidade: 260 lugares
Estacionamento: no local pela Estapar através da entrada principal do hotel com valor reduzido de R$ 30 (trinta reais) por até 4h, valorizando a experiência “espetáculo + Bar do Clóvis + Restaurante W3 do hotel Nacional In Jaraguá. Você pode reservar seu jantar pelo telefone 11-2802-7035.
.: Últimos dias de "Demolidora Iracema", de Renato Larini, no Espaço Zebra
Em cartaz até 27 de novembro, a mostra reúne cerca de 40 obras inéditas de fotografia expandida em grandes formatos, combinando experimentação técnica, crítica social e memória fragmentada, com visitas às sextas e sábados, das 19h à meia-noite, ou em outros dias mediante agendamento
Fruto de um cruzamento de imagens, memórias e referências culturais que se acumulavam no imaginário do artista, Demolidora Iracema carrega múltiplas camadas: evoca a personagem de José de Alencar, símbolo da pátria-natureza violada; remete à melancolia popular de Adoniran Barbosa; e revela o anagrama de “América”, a “grande demolidora”. Na ficção criada por Larini, essa empresa imaginária não apaga vestígios, mas recupera escombros preservando cicatrizes, assumindo as marcas e rasuras como parte essencial da forma e do conteúdo.
A mostra é o ponto de convergência de uma longa pesquisa e de décadas de experimentações com a imagem. As lonas de grande formato carregam elementos que atravessam toda a produção artística de Larini - colagens, serigrafias, fotocolagens, fotopinturas, ready-mades, entre outros — em composições que condensam um percurso atravessado por tentativas, descobertas e reinvenções, explorando de forma livre e contínua as possibilidades entre diferentes técnicas e suportes.
Na pesquisa que desenvolve para Demolidora Iracema, o artista voltou-se a processos químicos alternativos à fotografia tradicional, baseada no nitrato de prata, composto químico que, desde o início do que hoje reconhecemos como fotografia, consolidou-se como padrão dominante. Nesse caminho, investigou outras substâncias como cloretos, sulfatos, dicromatos, ferricianeto, peróxidos, betumes, colágenos, ácido acético e caseína, compostos mais alinhados a seu interesse por métodos artesanais, de resultados por vezes imprevisíveis e maleáveis.
O processo do artista mantém um vínculo direto com a fotografia e a ampliação clássica, mas incorpora uma série de adaptações criativas e recursos improvisados. O ampliador utilizado para projetar as imagens sobre as lonas previamente embebidas em emulsão fotossensível é, por exemplo, modificado para atender às experimentações do artista. Cada etapa, da preparação do suporte à intervenção no negativo, integra um engenho artesanal que remete tanto às origens da fotografia quanto às suas primeiras experiências no ateliê, quando já improvisava procedimentos de laboratório para expandir os limites do meio fotográfico.
A diferença, agora, está no domínio que Larini alcançou sobre o próprio processo: desde a captura da imagem, o controle da iluminação, a construção (ou invenção) de uma realidade, até a edição, a alteração do negativo e sua forma de projeção. Tudo pode ser manipulado, refeito, riscado, rabiscado, manchado, sujo. A lona torna-se espaço de rupturas, apagamentos e reinvenções sem síntese forçada. Uma superfície sensível também à intervenção manual e analógica, incorporando diversas camadas de gesto e tempo. Larini utiliza essa linguagem para compor crônicas visuais sobre o mundo que nos cerca. À revelia de tradições rígidas, propõe uma memória em movimento, tecida por alianças provisórias e narrativas não lineares, mas fragmentadas.
Além de sua dimensão técnica, "Demolidora Iracema" articula crítica social, arquivo e ficção. As obras abordam a destruição da memória, a estética da desfiguração e a representação de sujeitos borrados ou suprimidos. Para Larini, arquivar também é um gesto político: "Sofro dessa febre de arquivo, mas tento remediá-la com obras que discutem, explicitam e trazem vultos vítimas dos apagamentos, numa pulsão de vida ou de sobrevida", afirma. Compre o livro "Iracema", de José de Alencar, neste link.
Sobre o artista
Renato Larini nasceu no norte do Paraná e cresceu entre as margens do Rio Paranapanema. Após passagens por Curitiba, Salvador e Londres, fixou-se em São Paulo, onde fundou, em parceria com sua companheira Néli Pereira, o Espaço Zebra. Autodidata, desenvolve uma produção que articula artes visuais, design, performance e audiovisual. Seu trabalho transita entre o analógico e o digital, o precário e o simbólico, o improvisado e o ritualístico. Entre as exposições realizadas, destaque para Replicantes (2015), Gabinete de Curiosidades (2016), Bestiário (2017), Tradição, Família e Apropriação (2018) e Sinfonia Concreta (2019), todas no Zebra.
Serviço
Renato Larini em "Demolidora Iracema"
Em cartaz até 27 de novembro de 2025
Visitação: sextas e sábados, das 19h às 0h; ou em outros dias com agendamento
Agendamento: WhatsApp (11) 91653-3120
Espaço Zebra | Rua Major Diogo, 237 – Bela Vista / São Paulo

















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