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sábado, 13 de setembro de 2025

.: “Uma Semana, Nada Mais” escancara o amor líquido com humor e inteligência


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Foto: Caio Gallucci
 

O palco do Teatro Uol abre espaço para uma comédia que, sob a leveza do riso, desnuda as contradições das relações contemporâneas. "Uma Semana, Nada Mais", versão brasileira da peça francesa de Clément Michel, dirigida por João Fonseca, é daquelas montagens que parecem conversar diretamente com o diagnóstico de Zygmunt Bauman sobre o amor líquido: vínculos frágeis, sujeitos que evitam o confronto e afetos que se desmancham ao menor sinal de turbulência.

Na trama, Pablo (Leandro Luna) arma um plano mirabolante para terminar o namoro: chama o melhor amigo, Martín (Beto Schultz), para morar com ele e Sofia (Sophia Abrahão) durante uma semana, na esperança de que a convivência insuportável provoque a separação. O que poderia ser apenas um pretexto para o humor físico e os mal-entendidos típicos da comédia de costumes acaba se transformando em um cenário incômodo, no qual o público ri e se vê diante de uma realidade brutal.

O elenco está afiado. Luna e Schultz formam uma dupla carismática, com excelente timing para o jogo cômico. É Beto Schultz, porém, quem merece um destaque especial: seu Martín é o catalisador das reviravoltas e o responsável pelas gargalhadas mais espontâneas da plateia. Sophia Abrahão, por sua vez, vai muito além da doçura inicial que sua personagem sugere. A Sofia interpretada por ela é uma mulher que, enquanto lida com a busca por trabalho e realizações pessoais, tenta manter em pé uma relação que desmorona diante da falta de diálogo com o homem com quem divide a casa.

Essa inversão - a mulher que age de modo prático e objetivo diante de dois homens perdidos em suas subjetividades - dá à peça uma camada crítica que a aproxima não só das reflexões de Bauman, mas também de Milan Kundera, em "A Insustentável Leveza do Ser". Afinal, o que pesa mais: o compromisso ou a liberdade? O riso, aqui, funciona como a superfície brilhante de uma pergunta muito mais densa.

Há momentos em que o espetáculo parece um filme francês transportado para o palco brasileiro: diálogos rápidos, dilemas sentimentais e uma atmosfera que mistura leveza e melancolia. João Fonseca acerta ao evitar exageros, deixando que a comicidade surja do desconforto natural das situações. A tradução de Priscilla Squeff, ajustada ao ritmo brasileiro, garante que o humor mantenha frescor sem perder a universalidade do texto original. "Uma Semana, Nada Mais" é, no fundo, sobre aquilo que todos já experimentaram: a dificuldade de comunicar o que se sente, o medo de perder e, paradoxalmente, a pressa em encerrar vínculos sem medir as consequências. 


Serviço
"Uma Semana, Nada Mais"
De 6 de setembro a 26 de outubro, sábados e domingos às 18h00
Teatro Uol – Shopping Pátio Higienópolis, São Paulo
Ingressos: R$ 100 (inteira) / R$ 50 (meia)

.: "Drácula: um Terror de Comédia" é um clássico extremamente debochado


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Foto: divulgação

Extremamente debochado e misturando o pop e o cult, o espetáculo "Drácula - Um Terror de Comédia" já chega aos palcos brasileiros com ares de clássico, mesmo sem ter essa intenção. A montagem, que estreou no Teatro Bravos, em São Paulo, e segue até dia 12 de outubro, é uma das produções mais inventivas e bem-acabadas dos últimos tempos, equilibrando humor inteligente, irreverência, sagacidade e um visual de tirar o fôlego. É teatro de primeira grandeza, desses que conquistam pelo riso, pelo cuidado e pelo talento dos artistas envolvidos.

Se Tiago Abravanel assume o papel do conde mais famoso da literatura com fina ironia e um gosto evidente pela liberdade que o teatro proporciona a ele, o elenco ao redor se revela uma engrenagem preciosa e muito bem escolhida. Abravanel poderia ter se acomodado na televisão, mas o palco parece ser o lugar em que ele se reinventa com mais força - e esse Drácula é, sem dúvida, libertador para ele.

O espetáculo também consagra Ludmillah Anjos como um grande nome dos musicais. Dona de uma trajetória construída tijolo por tijolo desde a visibilidade que ganhou no talent show em que estreou, ela mostra, mais uma vez, toda a versatilidade que tem e confirma que chegou ao patamar das estrelas, sem precisar provar mais nada a ninguém. Bruna Guerin, por sua vez, entrega uma mocinha nada óbvia, cheia de nuances, em um papel à altura da carreira sólida que construiu no teatro com espetáculos como "Natasha, Pierre e o Grande Cometa de 1812" e a própria Janet de "Rock Horror Show", que claramente é uma das fontes de inspiração dessa nova montagem de "Drácula".

Lindsay Paulino, na pele de Mina, também brilha. Além de provocar gargalhadas certeiras, ele capta todos os olhares para si, em um jogo de cena em que aparece bem à vontade. Visualmente deslumbrante, com uma trilha sonora moderna irresistível, "Drácula - Um Terror de Comédia" é esperto, sacaninha, sagaz, e inteligente sem jamais soar petulante e sem ter a pretensão de ser um novo clássico, mesmo já sendo. Um espetáculo memorável, daqueles que fazem rir, pensar e aplaudir de pé.


Serviço
"Drácula - Um Terror de Comédia"

Local: Teatro Bravos – Rua Corifeu de Azevedo Marques, 200 – São Paulo/SP
Temporada: até dia 12 de outubro de 2025
Horários: sextas, às 20h00; sábados, às 17h00 e 20h00; domingos, às 18h00
Ingressos: disponíveis na bilheteria do teatro e pelo site Sympla
Classificação etária: 12 anos

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

.: Peças de Ariano Suassuna ganham leitura dramática no Sesc Bom Retiro


Figura central do Movimento Armorial, Ariano Suassuna dedicou-se a valorizar a cultura popular do Nordeste. Foto: Laura Rosenthal


"Um Natal Perfeito", "O Seguro", "O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna", "A Caseira e a Catarina" são quatro das peças curtas de Ariano Suassuna ganham leitura dramática nesta terça-feira, dia 26 de agosto, às 19h00, no Teatro do Sesc Bom Retiro. A programação é a quarta data do Ciclo 7 Leituras deste ano. Com direção de Marco Antônio Pâmio, o elenco conta com Agnes Zuliani, Ana Cecília Costa, Bete Dorgam, Fábio Espósito, Joaz Campos, Josemir Kowalick, Rafael Losso, Walter Breda.

 Desde 2024 as leituras acontecem no Teatro do Sesc Bom Retiro. Nesta edição, o 7 Leituras completa 19 anos de existência em ciclo todo dedicado à obra de Ariano Suassuna, apresentando alguns de seus textos mais populares. A concepção geral do projeto é da diretora Eugenia Thereza de Andrade. Ao longo desses anos, o projeto traz em seu histórico mais de 120 peças, dirigidas por 54 diretores, contando com a participação de 540 atores e atrizes, num projeto contínuo e longevo que já é tradição no calendário cultural da cidade.


Sobre o autor
Ariano Suassuna
(1927-2014) foi um profícuo dramaturgo, romancista e poeta brasileiro, nascido em João Pessoa, Paraíba. Figura central do Movimento Armorial, dedicou-se a valorizar a cultura popular do Nordeste. A obra mais aclamada do autor, "Auto da Compadecida" (1955), é uma peça teatral que mistura elementos da tradição popular, do barroco e da literatura de cordel, tornando-se um clássico do teatro brasileiro.

Além de "Auto da Compadecida", Suassuna escreveu outras peças importantes como "O Santo e a Porca" (1957) e "A Pena e a Lei" (1959). No campo da literatura, destacam-se os romances "A Pedra do Reino" (1971) e "O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta" (1971). Suas obras são marcadas pelo humor, pela crítica social e pela exaltação da cultura nordestina. Ariano Suassuna faleceu no Recife, Pernambuco, deixando um legado cultural imensurável para o Brasil.


Ficha técnica
Ciclo 7 Leituras - 19º Ano - Homenagem a Ariano Suassuna  
Concepção e direção geral: Eugênia Thereza de Andrade
Pesquisa e seleção de textos: Eugênia de Andrade e Marco Antônio Pâmio

“Entremeios” de Ariano Suassuna
Direção: Marco Antônio Pâmio
Elenco: Agner Zuliani, Ana Cecília Costa, Bete Dorgam, Fàbio Espósito, Joaz Campos, Josemir Kowalick, Rafael Losso, Walter Breda
Ambientação cenográfica e figurino: Equipe Jogo Estúdio
Iluminação: Luana Della Crist
Sonoplasta: Deivison Nunes
Fotos: Edson Kumasaka
Assistente de palco: Taci Glasberg
Produção: Messias Lima / Jogo Estúdio


Serviço

Projeto “7 Leituras – Homenagem a Ariano Suassuna – 19º Ano”  
Datas: 26 de agosto, 30 de setembro, 28 de outubro e 25 de novembro, terças, às 19h00.
Local: teatro (297 lugares). 12 anos.
Grátis, retirada de ingresso 1h antes.

Estacionamento do Sesc Bom Retiro (Vagas limitadas)
O estacionamento do Sesc oferece espaço para pessoas com necessidades especiais e bicicletário. A capacidade do estacionamento é limitada. Os valores são cobrados igualmente para carros e motos. Entrada: Alameda Cleveland, 529. Valores: R$8 a primeira hora e R$3 por hora adicional (Credencial Plena). R$17 a primeira hora e R$4 por hora adicional (Outros). Valores para o público de espetáculos: R$ 11 (Credencial Plena). R$ 21 (Outros). Horários: Terça a sexta: 9h às 20h. Sábado: 10h às 20h. Domingo: 10h às 18h. Importante: em dias de evento à noite no teatro, o estacionamento funciona até o término da apresentação.

Transporte gratuito
O Sesc Bom Retiro oferece transporte gratuito circular partindo da Estação da Luz. O embarque e desembarque ocorre na saída CPTM/José Paulino/Praça da Luz.
Consulte os horários disponíveis de acordo com a programação.
Fique atento se for utilizar aplicativos de transporte particular para vir ao Sesc Bom Retiro! É preciso escrever o endereço completo no destino, Alameda Nothmann, 185, caso contrário o aplicativo informará outra rota/destino.

sábado, 23 de agosto de 2025

.: Crítica: “Memórias do Vinho”: duelo de talentos transforma palco em brinde


Por 
Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: Roberto Setton

Em cartaz até dia 28 de setembro no Teatro Renaissance, o espetáculo “Memórias do Vinho” reúne diversas discussões em uma mesma taça. Com texto inédito de Jandira Martini - escrito em parceria com Maurício Guilherme e finalizado pouco antes da partida dela em 2024 - e direção precisa e sensível de Elias Andreato, a peça segue com as últimas apresentações com Herson Capri e Caio Blat em um verdadeiro duelo de talentos.

O enredo parece simples: pai e filho, distantes há anos, em um reencontro por necessidade. No entanto, a adega do patriarca, repleta de garrafas raras e um diário secreto de vinhos, abre espaço para revelações, mágoas não-verbalizadas e lembranças engarrafadas pelo tempo. No espetáculo, o vinho não é apenas bebida, mas metáfora da memória, do envelhecimento e do que se guarda, às vezes com zelo, às vezes por egoísmo. É justamente nessa simbologia que o espetáculo cresce.

A narrativa, que poderia descambar para o ressentimento, é transformada em uma crônica delicada sobre a passagem do tempo, a carência afetiva e a mágica de celebrar a vida em família, mesmo quando nunca se fala o que se tem a dizer. Herson Capri imprime a maturidade de quem coleciona experiências como quem coleciona rótulos raros; Blat, por sua vez, entrega a intensidade da juventude frustrada, mas ainda capaz de sonhar. O jogo de cena é bonito de se ver: não há vaidade, há partilha. Os dois passam a bola, provocam-se e se escutam - como se o palco fosse também uma mesa de jantar em que o brinde só faz sentido se for coletivo.

Elias Andreato conduz com a sobriedade de quem sabe que menos é mais. O cenário de Rebeca Oliveira é elegante sem exageros, deixando que os atores e o texto sejam a principal safra da noite. A iluminação de Cleber Eli contribui para a atmosfera intimista, quase etílica, em que o público se vê cúmplice daquele acerto de contas. “Memórias do Vinho” é um espetáculo agradável como um bom gole: provoca sorrisos, aquece a alma e convida à reflexão. Mais do que a história de um pai e um filho, é um brinde ao que fica - o amor, os gestos, os vínculos. No final, a peça deixa no ar uma pergunta saborosa: o que guardamos em nossas próprias adegas de lembranças? Nesse caso, cabe levantar a taça e brindar: à vida, ao vinho e ao teatro.

Ficha técnica
Espetáculo "Memórias do Vinho"
Autores: Jandira Martini e Maurício Guilherme
Direção: Elias Andreato
Assistente de direção: Rodrigo Frampton
Cenário: Rebeca Oliveira
Contrarregra: Tico (Agilson dos Santos)
Figurino: Mari Chileni
Camareira: Gisele Pereira
Iluminação: Cleber Eli
Operação de luz: Ian Bessa
Operação de som: Eder Soares
Trilha: Elias Andreato
Fotos: Nana Moraes
Design e identidade visual: Rodolfo Rezende / Estúdio Tostex
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Produção Executiva: Elisangela Monteiro
Direção de produção: Fernando Cardoso e Roberto Monteiro
Realização: Mesa2 Produções


Serviço
Espetáculo "Memórias do Vinho", de Jandira Martini e Maurício Guilherme
Temporada: de 5 a 27 de julho - sábados, às 21h00, e domingos, às 19h00
Teatro Renaissance - Alameda Santos, 2233 - Jardim Paulista / São Paulo
Ingressos: R$ 150,00 (inteira), R$ 75,00 (meia-entrada)
Lotação: 432 lugares
Venda on-line pelo Sampa Ingressos: www.sampaingressos.com.br
Bilheteria (sem taxa de conveniência): aberta 2 horas antes das sessões.
Classificação: 12 anos
Duração: 70 minutos
Capacidade: 432 lugares
Acessibilidade: Teatro é acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida
Bilheteria (sem taxa de conveniência): aberta de sexta a domingo a partir das 14h até o início do espetáculo.
Acessibilidade: o teatro comporta 432 pessoas, sendo 412 poltronas numeradas e oito espaços para cadeirantes. Dentre os 412 lugares fixos, há oito poltronas “Assentos Obeso” e outras oito poltronas para deficientes visuais com espaço reservado para o cão guia.
* O comprovante de meia-entrada deverá ser apresentado na entrada do espetáculo.

.: Teatro: Reynaldo Gianecchini e Maria Casadevall em "Um Dia Muito Especial"


Reynaldo Gianecchini e Maria Casadevall no espetáculo que estreia em 17 de outubro, no Teatro Sérgio Cardoso. Fotos: Priscila Prade 


Os atores Reynaldo Gianecchini e Maria Casadevall se unem pela primeira vez no sepetáculo "Um Dia Muito Especial", em uma adaptação do filme homônimo estrelado por Sophia Loren e Marcello Mastroianni em 1977. No teatro, a peça tem direção e adaptação de Alexandre Reinecke e tradução de Célia Tolentino. A estreia será no dia 17 de outubro no Teatro Sérgio Cardoso (ingressos começam a ser vendidos em breve). 

A narrativa baseada no premiado filme homônimo de Ettore Scola traz a tocante história de vidas opostas que se encontram por acaso onde discutem o amor, a vida e as forças que unem e afastam as pessoas. Esta é a segunda vez que essa história será adaptada para o teatro no Brasil. Uma montagem dirigida por José Possi Neto e estrelada por Glória Menezes e Tarcísio Meira fez temporada por aqui em 1986. 

"Um Dia Muito Especial" é uma história de amor entre duas pessoas muito diferentes - ele, recém-demitido por ser homossexual; ela, uma dona de casa solitária, mãe de seis filhos, presa a um casamento marcado pelo machismo e traição. A peça aborda temas como aceitação, amor, transformação, preconceitos e o papel da mulher na sociedade, convidando o público a refletir sobre o que nos conecta e nos afasta em um cenário de diferenças e limitações pessoais.

Sinopse de "Um Dia Muito Especial"
Roma, 6 de maio de 1938. Enquanto Benito Mussolini e Adolf Hitler firmam sua aliança política - em uma parada com massiva presença da população - Antonietta, dona de casa e mãe de seis filhos, é impedida de ir para ficar em casa cuidando dos afazeres domésticos. Em meio ao caos, seu pássaro de estimação voa até a janela do vizinho Gabriele. Ele, demitido da rádio por ser gay e na iminência de ser preso, não iria a um desfile com essa temática. Entre conversas sobre sonhos, frustrações e desejos, nasce uma amizade extraordinária e um amor platônico que, naquele dia, mudará suas vidas para sempre.


Ficha técnica

Espetáculo "Um Dia Muito Especial"
Autores: Ettore Scola, Ruggero Maccari e Gigliola Fantoni
Tradução: Celia Tolentino
Adaptação: Alexandre Reinecke
Direção geral: Alexandre Reinecke
Elenco: Reynaldo Gianecchini, Maria Casadevall e Carolina Stofella
Direção de produção: Marcella Guttmann
Produção executiva: Tatiana Zeitunlian
Assistência de produção: Erica Paloma
Assistência de direção: Carol Stofella
Design gráfico: Julia Reinecke
Coordenação de mídia social: Rodrigo Ferraz e Kyra Piscitelli
Iluminação: Caetano Vilela
Cenários: Marco Lima
Fotografia: Priscila Prade
Trilha sonora: Dan Maia
Maquiagem e visagismo: Robson Souza
Figurino masculino: Ricardo Almeida
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Produtores associados: Reynaldo Gianecchini e Alexandre Reinecke
Realização: Reinecke Produções Culturais Ltda.

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

.: Peça teatral “Enrolados - A Comédia” em única apresentação no Teatro Gazeta


Dirigida por Rodrigo Candelot, de “Tropa de Elite 2” e “D.P.A” e que também integra o elenco, o espetáculo “Enrolados - A Comédia” faz única apresentação na próxima sexta-feira, dia 22 de agosto, às 21h00, no Teatro Gazeta. A produção estreou em 2017 no Rio de Janeiro, onde ficou em cartaz por três anos ininterruptos, reunindo um público de cerca de 15 mil pessoas.

A comédia, primeira direção teatral de Rodrigo Candelot, propõe inovação e valorização de textos de programas humorísticos de grande sucesso nos últimos anos na TV. A montagem inspirou-se em séries como “Os Normais” e “Comédia da Vida Privada” e filmes como “Pequeno Dicionário Amoroso” e traz livres adaptações de textos de Fernanda Young, Alexandre Machado e Paulo Halm, e textos de autores contemporâneos como Paula Rocha, Raul Franco, Cristina Fagundes e do próprio Rodrigo Candelot.

Montada sob a forma de esquetes de humor, “Enrolados - A Comédia”, apresenta histórias sobre amor, flerte, sexo, ciúmes, brigas e outros conflitos gerados em relacionamentos amorosos e familiares. São situações cômicas diárias com as quais todos nos identificamos e nos divertimos. A peça faz uma crítica de forma bem-humorada sobre padrões de comportamento do ser humano.


Sobre o elenco
Diretor de "Enrolados - A Comédia", Rodrigo Candelot também integra o elenco. Ele está no ar em “Paulo o Apóstolo”, da Record, em Volte Sempre do Multishow e estará na quarta temporada de Arcanjo Renegado. Ficou nacionalmente conhecido como o Coronel Formoso de “Tropa de Elite 2” e o Carlos Eduardo de “DPA”. Charles Paraventi ficou imortalizado como o Professor Afrânio de “Malhação”, foi o Tio Sam de “Cidade de Deus”, além de ter participado da produção internacional ao lado de Denzel Washigton, no filme “Chamas da Vingança”. Em breve ele filma “Os Farofeiros 3”. Pitty Webo, a eterna Marcinha de “Mulheres Apaixonadas” integrou o sucesso teatral “Confissões de Adolescente” e está em cartaz com “Mulheres Solteiras Procuram”. Dani Costa participou de “Verdades Secretas” entre outros trabalhos em Teatro e TV.

Ficha técnica
"Enrolados - A Comédia"
Direção, concepção e dramaturgia: Rodrigo Candelot
Textos: livres adaptações de textos de Fernanda Young e Alexandre Machado e textos de Paulo Halm, Marcus Alvisi, Cristina Fagundes, Rodrigo Candelot, Raul Franco, Pitty Webo, Leo Luz, Paula Rocha, Igor Paiva, Lucas Domso e Camila Abrantes.
Elenco: Rodrigo Candelot, Charles Paraventi, Pitty Webo e Dani Costa.
Assistente de direção: Alexandre Méziat
Iluminação: Fernanda Mantovani
Cenografia: José Dias
Figurinos: Constança Whitaker
Direção de movimentos: Johayne Hildefonso
Direção musical: D’Alessandro Mangueira
Programador Visual: Thiago Ristow
Fotografia: Wagner Meier
Direção de produção: C5 produções e Capangas Produções
Realização: Capangas Produções Artísticas.


Serviço
"Enrolados - A Comédia"
Direção, concepção e dramaturgia: Rodrigo Candelot
Textos: livres adaptações de textos de Fernanda Young e Alexandre Machado e textos de Paulo Halm, Marcus Alvisi, Cristina Fagundes, Rodrigo Candelot, Raul Franco, Pitty Webo, Leo Luz, Paula Rocha, Igor Paiva, Lucas Domso e Camila Abrantes.
Elenco: Rodrigo Candelot, Charles Paraventi, Pitty Webo e Dani Costa.
Duração: 70 minutos
Gênero: comédia
Classificação etária: 14 anos
Data: 22 de agosto, sexta-feira, às 21h00
Ingresso: R$ 95,00 (inteira) | R$ 47,50 (meia-entrada)
Ingressos on-line: https://bileto.sympla.com.br/event/108141/d/327035/s/2235322


Bilheteria
Segunda a sexta-feira: das 14h00 às 20h00 ou até o horário do último espetáculo (segunda fechado)
Sábado: das 14h00 às 20h00, ou até o horário do último espetáculo
Domingo: das 14h00 às 20h00, ou até o horário do último espetáculo (segunda fechado)
Teatro Gazeta | 700 lugares
Av. Paulista, 900, Bela Vista / São Paulo
Cafeteria e acessibilidade

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

.: Letícia Sabatella se apresenta no Sesc Pompeia em show "Cantrizes"


Em quatro shows autorais diferentes, série de espetáculos celebra a força cênica de grandes atrizes, que também são cantoras espetaculares. Além de Letícia Sabatella, apresentam-se Alessandra Maestrini, Letícia Soares e Virgínia Rosa

Atriz e cantora, Letícia Sabatella sobe ao palco com um show intimista, de voz e piano, neste domingo, dia 17 de agosto, às 18h00, dentro das apresentações do projeto "Cantrizes". Com uma sólida carreira nas artes cênicas e no audiovisual, ela se revela em outro registro: o musical. No repertório, canções que refletem sua trajetória interior e dialogam com temas como natureza, amor, ancestralidade e liberdade. Uma experiência delicada e intensa, como ela mesma.

Outros shows da série "Cantrizes" no Sesc Pompeia:  Alessandra Maestrini em "Yentl em Concerto", quinta-feira, dia 14 de agosto, às 20h00; Letícia Soares em "Letícia Soares Canta Gal", sexta-feira, dia 15 de agosto, às 20h00; Virgínia Rosa em "Luz das Estrelas - Virgínia Rosa Canta Raul Seixas", sábado, dia 16 de agosto, às 20h00.


"Cantrizes" no Sesc Pompeia
Nos dias 14, 15, 16 e 17 de agosto, no Teatro do Sesc Pompeia, acontece “Cantrizes”, série de espetáculos que celebra um grupo raro e precioso: atrizes que também são cantoras espetaculares. São intérpretes completas, que levam ao palco não apenas a afinação vocal, mas a escuta, o gesto, a presença. Mulheres que transformam cada canção numa cena, cada espetáculo num mergulho sensível.

Nesta edição, quatro artistas com carreiras consolidadas - na música, no teatro, na televisão e no cinema - apresentam seus shows autorais em quatro noites seguidas. Na quinta-feira, dia 14 de agosto, Alessandra Maestrini abre essa série de espetáculos com "Yentl em Concerto", inspirado em conto de Isaac Bashevis Singer e no filme de Barbra Streisand, com músicas de Michel Legrand. Na sexta-feira, dia 15 de agosto, Letícia Soares percorre diferentes fases da carreira de Gal Costa no espetáculo Letícia canta Gal. 

Sábado, dia 16 de agosto, Virgínia Rosa apresenta "Luz das Estrelas - Virgínia Rosa" canta Raul Seixas, em que dá voz ao lado poético, filosófico e romântico do maluco beleza. Encerrando a série, Letícia Sabatella sobe ao palco no dia 17 de agosto com o show intimista, "Voz e Piano", em que reúne canções que refletem sua trajetória interior e dialogam com temas como natureza, amor, ancestralidade e liberdade. "Cantrizes" não é apenas uma mostra de shows. É um manifesto a favor da arte feita com corpo inteiro - onde atuação e música caminham juntas, sem hierarquias, sem rótulos. Um convite para escutar com outros sentidos.


Ficha técnica
Letícia Sabatella em "Letícia Sabatella, Voz e Piano"
Idealização, roteiro, direção: Letícia Sabatella e Paulo Braga
Intérprete: Letícia Sabatella
Direção musical, arranjos e piano: Paulo Braga
Videografismo: Renato Krueger
Figurinos: Bruno Muniz
Iluminador: Wagner Pinto
Assistente de produção: Gabriela Newlands Calu Tornaghi
Coordenação de produção: Bianca De Felippes


Quinta-feira, dia 14 de agosto, às 20h00 - Alessandra Maestrini em "Yentl em Concerto" - Ingressos on-line neste link
Sexta-feira, dia 15 de agosto, às 20h00 - Letícia Soares em "Letícia Soares Canta Gal" - Ingressos on-line neste link
Sábado, dia 16 de agosto, às 20h00 - Virgínia Rosa em "Luz das Estrelas - Virgínia Rosa Canta Raul Seixas" - Ingressos on-line neste link
Domingo, dia 17 de agosto, às 18h00 - Letícia Sabatella em "Letícia Sabatella, Voz e PianoIngressos on-line neste link


Serviço | "Cantrizes"
Dias 14, 15, 16 e 17 de agosto
Local: Teatro do Sesc Pompeia
Rua Clélia, 93 - Pompeia / São Paulo
Ingressos: R$ 21,00 (Credencial plena), R$ 35,00 (meia-entrada), R$ 70,00 (inteira)
Ingressos à venda on-line e nas bilheterias do Sesc 
Duração: 90 minutos
Classificação indicativa: livre

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

.: Tiago Abravanel é Drácula em comédia aclamada em Nova Iorque e Londres


Estreia dia 15 de agosto no Teatro Bravos. Na imagem, Tiago Abravanel, Lindsay Paulino, Bruna Guerin, Ludmillah Anjos e Jefferson Schroeder no elenco de Drácula- Um terror de comédia

O lendário vampiro Drácula chega aos palcos de São Paulo de cara nova, em uma montagem que promete matar o público – de tanto rir! "Drácula - Um Terror de Comédia", estrelado por Tiago Abravanel e grande elenco, estreia no Brasil na sexta-feira, dia 15 de agosto, no Teatro Bravos, em São Paulo, e faz curta temporada somente até 12 de outubro. 

Aclamado em Nova Iorque e Londres, o espetáculo de texto inteligente repleto de referências da cultura pop traz uma nova visão do clássico gótico, enquanto faz um jogo rápido entre os atores que interpretam diversos personagens e se transformam na velocidade da luz, garantindo altas risadas para um público de todos os tipos sanguíneos, tudo isso em 90 minutos de tirar o fôlego. No Brasil, o elenco conta ainda com Lindsay Paulino, Bruna Guerin, Ludmillah Anjos, Jefferson Schroeder e Bernardo Berro. A montagem brasileira tem tradução e adaptação por Bruno Narchi, e direção de Ricardo Grasson e Heitor Garcia.

Com uma temporada brilhante em Nova Iorque na Off-Broadway, entre 2023 e 2024, essa obra teatral despertou a atenção de todos os críticos americanos e do público. Os autores, Steven Rosen e Gordon Greenberg, são responsáveis por parcerias de recentes sucessos de público e crítica nos EUA, como "Crime e Castigo - A Comédia", a nova montagem de "Quem Tem Medo de Virgínia Wolf?" e outros sucessos. Em 2025, a comédia ganhou os palcos de Londres, por onde ficou durante três meses no teatro Menier Chocolate Factory.

"Drácula - Um Terror de Comédia" tem patrocínio de Algar e apoio cultural de Wickbold, Sonda e Denver. A realização é da Palco 7 Produções, de Marco Griesi e Solo Entretenimento, de Daniella Griesi.


Sinopse de "Drácula - Um Terror de Comédia"
Nas traiçoeiras montanhas da Transilvânia, um pacato corretor de imóveis britânico entra numa jornada alucinante a fim de encontrar um novo e misterioso cliente, que por um acaso é o mais aterrorizante e feroz monstro que o mundo conheceu: "Conde Drácula". Ao mesmo tempo, a famosa caçadora de vampiros Jean Van Helsing e sua trupe estão procurando por "Drac" da Transilvânia entre as terras longínquas da Inglaterra e de Londres até os confins. Suas trapalhadas são garantias de que seus batimentos e sua pressão sanguínea vão subir - de tanto rir!


Ficha técnica | "Drácula - Um Terror de Comédia"
Idealização: Heber Gutierrez.
Texto: Gordon Greenberg e Steven Rosen.
Tradução e adaptação do texto: Bruno Narchi.
Direção geral: Ricardo Grasson e Heitor Garcia.
Assistência de direção: Matheus Ribeiro.
Produção geral: Marco Griesi e Daniella Griesi.
Direção de musical: Gui Leal.
Cenografia: Chris Aizner.
Designer de luz: Cesar Pivetti.
Designer de ilusões: Maicon Clenk.
Figurinos: Bruno Oliveira.
Visagismo: Alisson Rodrigues.
Direção de movimento: Alonso Barros.
Comunicação visual: Kelson Spalato.
Fotografia: Ale Catan.
Elenco: Tiago Abravanel (Drácula), Bruna Guerin (Lucy, Kitty e motorista), Jefferson Schroeder (Jonathan Harker, pretendentes, contramestre e coveiro), Lindsay Paulino (Mina e Van Helsig), Ludmillah Anjos (Dr. Westfeldt, Reinfield e Capitão) e Bernardo Berro (Drácula - cover).

Serviço | "Drácula - Um Terror de Comédia"
Temporada: de 15 de agosto a 12 de outubro de 2025
Horários: sextas-feiras, às 21h00, sábados, às 17h00 e 21h00, domingos, às 18h00.
Duração: 100 minutos.
Gênero: comédia
Classificação etária: livre, menores de 12 anos acompanhados dos pais ou responsáveis legais.
Ingressos: entre R$ 25,00 e R$ 300,00.
Ingressos on-line: https://bileto.sympla.com.br/event/107801
Bilheteria: de terça a domingo, das 13h00 às 19h00, ou até o início do último espetáculo, no próprio local. Formas de pagamentos aceitas na bilheteria: todos os cartões de crédito, débito e dinheiro. Não aceita cheques.
Local: Teatro Bravos | 611 lugares
Endereço: Rua Coropé, 88 – Pinheiros / São Paulo
O Teatro possui cafeteria, acessibilidade, banheiro acessível e ar-condicionado.

terça-feira, 12 de agosto de 2025

.: Comédia francesa "Uma Semana, Nada Mais" estreia no Teatro Uol


Versão brasileira tem direção de João Fonseca e desnuda as contradições das relações afetivas contemporâneas. Foto: Caio Gallucci

Sucesso de público na América Latina, o espetáculo "Uma Semana, Nada Mais" estreia temporada no Teatro Uol, em São Paulo, no dia 6 de setembro, onde permanece em cartaz até 26 de outubro. As sessões acontecem aos sábados e domingos, às 18h00. A montagem é uma adaptação da comédia francesa de Clément Michel, que já foi vista por mais de 400 mil pessoas em países como Argentina, Uruguai e Chile. No Brasil, a versão tem direção de João Fonseca, tradução de Priscilla Squeff e reúne no elenco Sophia Abrahão, Leandro Luna e Beto Schultz. A produção é da Viva Cultural e Zero Grau Filmes. 

Na trama, Pablo (Leandro Luna) pede ao seu melhor amigo Martín (Beto Schultz) que vá morar com ele e sua namorada Sofía (Sophia Abrahão). O objetivo é claro: desestabilizar a relação para provocar o fim do namoro. O plano se estende por uma semana - tempo suficiente para expor fragilidades, egoísmos e contradições dos três personagens.  A convivência forçada serve de pano de fundo para discutir os limites dos relacionamentos afetivos contemporâneos, por meio do humor. A encenação aposta no riso como meio de provocar reflexão sobre o modo como construímos - e desmontamos - nossas relações interpessoais. 

Para João Fonseca, que assina a direção, o interesse pela peça veio do modo como a trama se desdobra. “A forma surpreendente e divertida de como vai se desenrolando a história foi o que mais me atraiu”, comenta. Ele destaca ainda a importância do equilíbrio entre comicidade e desconforto. “Trabalhamos o ritmo cômico aproveitando ao máximo as situações propostas, para que o humor surja naturalmente, sem exageros”. 

Responsável pela tradução e adaptação do texto, Priscilla Squeff destaca que a versão brasileira partiu da montagem argentina, o que aproximou o ritmo da comédia do nosso repertório cultural. “Tive que localizar algumas referências, atualizando situações para que ressoassem com o público brasileiro sem perder o espírito original da peça. O maior desafio é ajustar o tempo cômico: os contrapontos verbais precisavam funcionar no nosso ritmo”. 

Nesse processo, o ponto de partida foi confiar nos personagens. “Eles são humanos, falhos, exagerados - e justamente por isso, engraçados. A ideia é preservar o humor, mas sem se descuidar da camada crítica: a dificuldade de comunicação nos relacionamentos, o medo do confronto, os jogos de poder afetivo. Acredito que o público vai rir de si mesmo, do amigo, do ex, daquele momento constrangedor que todos já viveram ou ouviram falar”

Sophia Abrahão aponta a ausência de comunicação como tema central do espetáculo. “O que me chama muito atenção é o retrato de como as pessoas podem se desconectar. Todas as confusões que acontecem na peça são por falta de diálogo. As situações vão ficando cada vez mais absurdas porque faltou comunicação. Gostaria muito que o público refletisse sobre isso” .

Sobre sua personagem, a atriz vê identificação pessoal: “A Sofía é bem parecida comigo. Ela é do diálogo, quer conversar, expressar seus sentimentos e refletir sobre a relação. Tenho bastante isso nos meus relacionamentos, gosto de deixar as coisas bem claras”

Para o ator Leandro Luna, o espetáculo levanta questões sobre padrões afetivos e relações sociais. “Todos nós nos encaixamos em um tipo de padrão de relacionamento. A peça apresenta de forma explicita, caraterísticas que se enquadram nesses padrões e nos fazem refletir sobre como estamos nos relacionando nos dias de hoje, em como reagimos ao lidar com os nossos medos e inseguranças, e o quanto conseguimos ser verdadeiros nas nossas relações”

Já Beto Schultz destaca a importância da confiança. “Acho que a reflexão que fica é que a verdade se prova, mais uma vez, peça essencial para qualquer relação, seja ela de amizade, profissional ou amorosa. Muitas vezes tomamos importantes decisões sem pensar e refletir o que pode causar problemas difíceis de resolver”

João Fonseca também reflete sobre a conexão entre o texto original e o público brasileiro: “A peça traz questões universais a respeito das relações amorosas, de fácil identificação em qualquer lugar do mundo, e por isso seu sucesso. Acredito que o talento e o timing de comédia dos atores brasileiros vai potencializar ainda mais essa comédia”


Serviço
Espetáculo "Uma Semana, Nada Mais"
De 6 de setembro a 26 de outubro.
Sessões: aos sábados e domingos, às 18h00.
Classificação etária: 14 anos.
Duração: 80 minutos.
Ingressos: R$100,00 (inteira) / R$ 50,00 (meia).
Link para vendas:
Teatro Uol - Shopping Pátio Higienópolis
Alameda Santos, 2233 – Higienópolis / São Paulo

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

.: "Isabel das Santas Virgens e Sua Carta à Rainha Louca" neste fim de semana


Com a atuação de Ana Barroso e direção de Fernando Philbert, espetáculo chega ao palco da Arena B3 neste fim de semana, nos dias 9 e 10 de agosto. Foto: Ana Barroso/Divulgação

A Arena B3 dá continuidade à programação de agosto com o espetáculo "Isabel das Santas Virgens e Sua Carta À Rainha Louca". As apresentações acontecem neste sábado, dia 9 de agosto, às 14h30 e às 17h00, e no domingo, dia 10 de agosto, às 14h00 e 17h30. Com atuação e adaptação de Ana Barroso, o texto dirigido por Fernando Philbert ficciona a história real de uma mulher do século XVIII acusada de loucura e rebeldia e enclausurada no convento do Recolhimento da Conceição, em Olinda. 

Por meio de uma carta, ela tenta se comunicar com a Rainha Maria I, conhecida como a Rainha Louca, com quem se sente irmanada na opressão pelo mundo dos homens, e de quem espera receber clemência e liberdade. A carta relata sua infância e juventude pelos sertões da Bahia e Minas Gerais, e os destemperos e injustiças praticados pelos homens de poder contra mulheres, escravizados e todos que se encontravam em situação de vulnerabilidade. Entre perdas e amores proibidos, a saga de Isabel passa por períodos em que assumiu identidade masculina para sobreviver da única coisa que sabia fazer: ler e escrever.

O espetáculo recebeu excelente acolhida de público e crítica em temporadas no Rio de Janeiro e São Paulo. O texto é uma adaptação do romance Carta à Rainha Louca, de Maria Valéria Rezende. Sucesso de crítica, a obra foi finalista do Prêmio Jabuti 2020 e vencedor do Prêmio Oceanos de Literatura em Língua Portuguesa. Sob o comando da Aventura e da Arte&Atitude, o espaço cultural, localizado no prédio da bolsa, na Praça Antônio Prado, em São Paulo é marcado pelas diversas manifestações artísticas privilegiadas em seu palco intimista a preços populares. A Arena traz em sua programação monólogos, peças teatrais, tributos musicais e uma gama imensa de diversidade cultural acessível no centro da maior metrópole da América Latina.


Ficha técnica
Espetáculo "Isabel das Santas Virgens e Sua Carta à Rainha Louca"
Direção: Fernando Philbert
Adaptação e atuação - Ana Barroso
Música original - Marcelo Alonso Neves
Cenografia - Natalia Lana
Iluminação - Vilmar Olos
Figurino - Luciana Cardoso
Projeto gráfico - Raquel Alvarenga
Assistência de direção - Renata Guida
Preparação vocal - Angela De Castro/rj E Lilian De Lima/sp
Pintura de arte - Ana Frazão
Fotos: Nil Caniné
Gestão e conteúdo das mídias: Sarah Marques
Operação de som: Vicente Barroso
Operação de luz: Lucas Jp Santos
Produção e idealização: Ana Barroso/bb Produções Artísticas


Serviço:
Espetáculo "Isabel das Santas Virgens e Sua Carta à Rainha Louca"
Data: 9 e 10 de agosto de 2025
Hora: 14h30 e 17h00
Classificação: 12 anos
Ingressos: R$10,00 / R$ 5,00
Link de compra.

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

.: Papo reto e divã aberto: Darson Ribeiro responde sem censura, nem filtro


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Na imagem, Darson Ribeiro entre os atores Guilherme Chelucci e Olivetti Herrera. Foto: Moisés Pazianott

Quando o assunto é teatro, Darson Ribeiro não apenas sobe no palco: ele inventa, ilumina, dirige e às vezes até abandona. Ousado, polêmico e apaixonado pelo ofício, é um artista sem freios e nenhum tipo de filtro. Com passagens marcantes por novelas, séries e uma extensa carreira teatral, ele cravou o nome na cena com obras que mesclam inquietação estética, existencialismo bem-humorado e aquele faro certeiro para o que mexe com a alma, até mesmo quando incomoda.

Um dos maiores sucessos da carreira dele, "Homens no Divã" - em cartaz até 25 de agosto no Teatro Fernando Torres com sessões às sextas, sábados e domingos - completa dez anos de apresentações com sessões abarrotadas, risos nervosos e confissões sussurradas até o cair do pano. Darson não quer plateias confortáveis, ele precisa provocar espectadores. Nesta entrevista exclusiva ao portal Resenhando.com, Darson Riobeiro responde a perguntas nada terapêuticas sobre vaidades cênicas, fracassos, fetiches teatrais e a eterna dúvida: o que é, afinal, um bom teatro?


Resenhando.com - Você já saiu de espetáculos por tédio ou repulsa estética. Já pensou em sair de algum espetáculo seu no meio da apresentação? E o que o impediu?
Darson Ribeiro - Já saí, sem o menor constrangimento. Assim como eu, no palco, penso e avalio que isso é passível de acontecer, do outro lado eu também tenho esse direito. Por isso, até prefiro comprar ingresso para prestigiar autores, atores, diretores. Sempre fico - é raro acontecer. Mas já saí numa peça do Gerald Thomas e numa do Zé Celso, no Museu Hélio Oiticica, ambas no Rio. E isso não significa que não os admire. Mas não foi por tédio ou repulsa estética, esses adjetivos são muito pesados.


Resenhando.com - Você afirma detestar escatologia no teatro. O que te causa mais nojo: uma cena de excremento em cena ou uma plateia que aplaude qualquer coisa por medo de parecer burra? 
Darson Ribeiro - De novo, uma palavra pesada demais: “nojo”. Nunca saí só por isso. O pseudo-excremento ou escatologia, num bom contexto, me segura. Ou segura qualquer espectador. Os Satyros, por exemplo, já fizeram muita coisa escatológica e nunca saí. Pelo contrário. Assisti a uma peça num festival na Holanda em que o ator comia um fígado cru, mas aquilo fazia todo sentido dentro da encenação. O que é ruim é o “gratuito” - querer chocar por chocar. Isso já foi, é passado. Como o nu, quando inserido de forma grotesca ou gratuita. E jamais teria nojo de uma plateia que aplaude qualquer coisa. O teatro tem isso: ele provoca, transforma (quando é bom) e as pessoas, às vezes, o fazem porque não entenderam ou estão só seguindo a massa, que levanta pra aplaudir mesmo sem ter gostado.


Resenhando.com - Em uma era em que o streaming domestica o olhar e o teatro luta por público, ainda faz sentido montar clássicos como "O Jardim das Cerejeiras"? Ou seria melhor enterrar os coveiros de Tchekhov de vez?
Darson Ribeiro - Jamais. Por isso se chama clássico: sempre será, e nunca morrerá. Graças a Deus temos o TAPA fazendo do bom e do melhor desses clássicos todos. Amo "O Jardim das Cerejeiras" e já sonhei em montar. Dei uma entrevista hoje e comentei sobre isso. O teatro está perdendo - ou já perdeu - a tradição.


Resenhando.com - "Homens no Divã" completa uma década em cartaz. O que mudou mais: o homem no palco, o homem na plateia ou o terapeuta invisível que está entre eles?
Darson Ribeiro - Não existe terapeuta invisível. Quem dera! Por isso o êxito da peça: ela traz a psicanálise como forma de entendimento da vida, usando a risada pra isso. É uma comédia inteligentíssima que, graças a anos de análise freudiana, eu pude contribuir. O homem não mudou. Pelo contrário: piorou. O ser humano está regredindo na sua forma de pensar, de agir, de conviver, de se autovalorizar. O homem no palco fará aquilo que o autor ou o diretor propuser. O da plateia, jamais teremos controle - por isso disse que é natural um espectador sair.


Resenhando.com - Você citou "A Falecida", de Nelson, como um marco. Hoje, o autor ainda nos representa ou virou fetiche de encenador sem repertório?
Darson Ribeiro - Concordo que algum encenador pode, sim, usar Nelson Rodrigues pra se firmar ou mostrar que conhece a dramaturgia brasileira. Mas Nelson é um clássico - e, como disse, nunca morrerá. Graças! Não é que “ele nos representa” - isso parece frase feita, pronta. Mas ele ainda escreve como ninguém sobre a sordidez humana. E isso, infelizmente, nunca vai morrer também.


Resenhando.com - Paulo Autran foi seu conselheiro. Qual foi o melhor conselho que você ignorou – e se arrepende até hoje?
Darson Ribeiro - Ignorei, mas não me arrependi. Quando montei "Disney Killer", de Philip Ridley - que traduzi, produzi, dirigi e protagonizei (risos) - ele me aconselhou a não montar. Disse: “Pra quê? Quem é que vai ver isso?”. E fiquei dois anos em cartaz, sempre com público, sempre com muita discussão e retorno positivo.


Resenhando.com - Você disse que “o espetáculo dos sonhos sempre será o próximo”. E se o seu próximo fosse o último, o que você colocaria em cena como testamento artístico?
Darson Ribeiro - Já tenho o meu “testamento artístico”, que é o texto do Flavio de Souza, "O Homem que Queria Ser Livro". Sendo assim, o que vier pode ser ou não o último. Mas confesso que ando cansado de ter que provar o tempo todo o improvável do teatro. Ele é. E ponto.


Resenhando.com - Já dirigiu, produziu, atuou e fez cenários. Em qual dessas funções você mais errou?
Darson Ribeiro - Não errei. Ainda comentei com o Ulysses Cruz, esses dias, que tenho orgulho do que fiz, porque sempre deu certo. Nenhuma peça minha ficou sem público. Nenhum projeto me deu prejuízo. Te respondo isso com carinho e sobriedade, porque é difícil reconhecer o próprio erro.


Resenhando.com - Você elogia Beckett, Ridley e Bonder. Em tempos de urgência política, onde cabe o teatro filosófico e poético?
Darson Ribeiro - Um homem sem poesia é um homem já morto. Sem viço. Sem tesão pela vida. A filosofia vem pra chancelar isso tudo - ou seja, essa existência. Já sofri muito por ter nascido com uma sensibilidade que me joga num lugar solitário, de difícil compreensão e partilha. As pessoas concretas são chatas. Não consigo ter muita relação. Amo os silêncios de Beckett. Bonder consegue nos atualizar filosoficamente sem cair na autoajuda. E Ridley... Bem, montei três peças dele e traduzi uma. É um ótimo dramaturgo, que também escancara essa miséria humana que a maioria morre teimando que não é. É muito triste morrer sem ter uma história pra contar. Vivemos delas. Somos elas.


Resenhando.com - Em dez anos de "Homens no Divã", você ouviu confissões de público nos bastidores? Qual foi a mais absurda, comovente ou inesperada que te fez pensar: “valeu a pena montar isso”?
Darson Ribeiro - Valeu muito a pena. Cheguei a apanhar em cena aberta uma vez, e ainda assim não fiz a pergunta querendo parar. Pelo contrário. Mas talvez tenha sido a participação de dois casais que tinham uma relação a quatro - e abriram isso publicamente ali, comigo. E a vontade de continuar só aumentava, porque vinham a mim me pedindo o cartão do consultório.


Resenhando.com - O que é mais difícil hoje: fazer bom teatro ou convencer as pessoas de que ainda vale a pena assisti-lo?

Darson Ribeiro - Convencer as pessoas a irem ao teatro. Vivemos num mundo de concorrência desleal - futebol, shows sertanejos, stand-up, mídia eletrônica... É como convencer alguém a ler. As pessoas acham um absurdo, mas quando sentem o cheiro da leitura e embarcam numa imaginação, o mundo gira. E vira!


Serviço
Espetáculo "Homens no Divã"
Temporada: a partir de 1° de agosto de 2025 – sextas-feiras, às 20h00
Duração: 90 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Local: Teatro BDO-Jaraguá Rua Martins Fontes, 71, Centro (Metrô Anhangabaú)
Capacidade: 260 lugares
Bilheteria: a partir de duas horas antes do início do espetáculo ou pelo portal Sympla. Ingressos: https://www.sympla.com.br/
Ingressos: R$ 100,00 (inteira) e R$ 50,00 (meia)

Estacionamento no local: entrada principal do hotel com valor reduzido para frequentadores do teatro - R$ 20,00 por até 4h, valorizando a experiência “espetáculo + jantar” no restaurante do hotel

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

.: Entrevista: Luciana Carnieli fala sobre a ousadia de (re)viver Sarah Bernhardt

Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: João Caldas F.°

Em tempos de efemeridades, é sempre curioso - e necessário - quando uma atriz decide parar tudo para escavar o tempo. Luciana Carnieli escreveu e interpreta "Uma Rapsódia para Sarah Bernhardt", mais vai além disso: revive, em carne, voz e memória, o legado da mulher que, ao redefinir o que era ser atriz no século XIX, ainda incomoda o século XXI. 

Com direção de Elias Andreato e trilha sonora que reverbera compositoras esquecidas pela história, o espetáculo colocou em cena duas mulheres: Sarah Bernhardt, a lendária, e uma atriz brasileira contemporânea que se reconhece nela. Entre uma e outra, o tempo se dobra e o palco vira algo sagrado. Nesta entrevista exclusiva ao Resenhando.com, Luciana Carnieli fala sobre teatro, envelhecimento, criação, fantasmas e a insistência corajosa de não se calar quando o pano cai.


Resenhando.com - Ao dar voz a Sarah Bernhardt no Brasil de 2025, você acredita estar dialogando com o espírito da atriz francesa - ou exorcizando fantasmas seus?
Luciana Carnieli - Acredito estar dialogando com o público sobre o Teatro e a trajetória histórica das mulheres nessa arte. E meu ponto de partida é a vida de Sarah Bernhardt.


Resenhando.com - Sarah Bernhardt perdeu uma perna. A atriz brasileira perde o quê, hoje, para continuar de pé no palco?
Luciana Carnieli - Sarah teve um problema de saúde bastante sério e lutou bravamente por manter-se ativa no palco, mesmo após a perda da perna. Mais do que pensar propriamente em “perdas”, o paralelo que uma atriz brasileira contemporânea pode fazer com esse fato da vida de Sarah está na resistência e na força pra superação das dificuldades, quaisquer que sejam.


Resenhando.com - A peça fala de etarismo. Você sente que o teatro também passou a exigir das atrizes uma “eterna juventude” instagramável, ou ainda há espaço para rugas e profundidade? Por quê?
Luciana Carnieli - O etarismo existe, sim. A eterna juventude é extremamente bem-vinda. Mas o Teatro é como a vida: o efêmero é inevitável... as rugas são inevitáveis... E você pode escolher ter “profundidade” ou não.


Resenhando.com - Como autora e intérprete, qual foi o momento em que Sarah Bernhardt deixou de ser personagem e virou espelho?
Luciana Carnieli - Sarah é sempre uma personagem para mim. Aliás, uma personagem maravilhosa! Mas acredito que todos os atores e atrizes são um pouco “Sarah Bernhardt” quando enfrentam o medo. Medo do público, das limitações, da vaidade e da falta de oportunidades pra continuar no caminho da arte.


Resenhando.com - Você já interpretou Cacilda Becker em “Meu Abajur de Injeção” e agora encarna Sarah Bernhardt. O que a atrai tanto em atrizes que já partiram?
Luciana Carnieli - Tanto Cacilda como Sarah foram admiráveis, marcaram época e fizeram história na arte do Teatro. Impossível não se apaixonar por essas mulheres e querer dialogar teatralmente com o público sobre elas.


Resenhando.com - Sarah foi irreverente, escandalosa, revolucionária. Se ela surgisse hoje, você acredita que seria cancelada ou idolatrada?
Luciana Carnieli - Sarah foi extremamente inteligente pra lidar com a parte “celebridade” de sua vida. Acredito que poderia encarar muito bem tudo que envolve ser uma celebridade de hoje, pois foi muito autêntica em suas escolhas, até mesmo quando errava. Aposto que continuaria sendo idolatrada.


Resenhando.com - Em uma era de algoritmos e inteligência artificial, que lugar ainda ocupa uma atriz que se expõe em cena?
Luciana Carnieli - Ocupa o lugar da arte que privilegia o contato humano, a troca direta entre palco e plateia. Pode ser que um dia isso acabe, mas ainda tem muita gente que adora! Gente que gosta de estar no palco e gente que gosta de estar na plateia, frente ao ator, à atriz. E esse encontro é muito valioso e prazeroso.


Resenhando.com - Você já brilhou em musicais, dramas clássicos e comédias. Criar um solo sobre Sarah Bernhardt foi um grito de liberdade artística... ou um ato de sobrevivência?
Luciana Carnieli - Criar, para mim, é sempre um ato de liberdade e também, de sobrevivência, pois vivo do meu ofício. Mas essa criação nasceu para além disso. Veio sem querer, a partir de uma pesquisa que foi se tornando fascinante. E foi do aprofundamento dessa pesquisa, fazendo paralelos com nosso tempo, que revolvi criar um espetáculo sobre Sarah. Uma leitura subjetiva de quem foi Sarah. Por isso chamo o espetáculo de “Rapsódia”. São recortes, impressões, sobre uma personalidade histórica. E o encontro com o diretor Elias Andreato foi fundamental pra essa criação tomar a forma poética da cena. Elias trouxe um olhar muito importante pra nossa criação. E tudo foi sendo construído com harmonia e cumplicidade.


Resenhando.com - A trilha sonora do espetáculo traz compositoras como Lili Boulanger e Cécile Chaminade. Foi um aceno sonoro àquelas mulheres que, como Sarah, compunham em surdina? 
Luciana Carnieli - Tanto Chaminade, quanto Boulanger não foram artistas que viveram “nas sombras” em seu tempo. Tiveram seu espaço, embora Boulanger tivesse uma vida bastante curta. A ideia do maestro João Maurício Galindo de trazê-las para essa peça veio justamente por serem mulheres contemporâneas de Sarah e, também, grandes artistas, com criações belíssimas. A trilha foi muito importante para mim durante a criação do espetáculo. E entrelaça uma sonoridade perfeita à narrativa.


Resenhando.com - Se Sarah Bernhardt assistisse à sua peça, o que você pensa que ela diria... e o que você teria coragem de responder?
Luciana Carnieli - Jamais poderia imaginar o que ela diria... Mas, se eu a encontrasse, faria uma reverência. E assim agradeceria a oportunidade. De tanto...!

terça-feira, 5 de agosto de 2025

.: "Nise em Nós" comemora os 120 anos da psiquiatra Nise da Silveira em SP


Escrito e dirigido por Duda Rios, espetáculo proporciona uma rica reflexão sobre a relação entre arte e saúde mental. Foto: Andressa Baldoni

A trajetória e as enormes contribuições da alagoana Nise da Silveira (1905-1999) para o campo da psiquiatria são revisitadas no espetáculo "Nise em Nós - Uma Ode ao Delírio", dirigido e escrito por Duda Rios, que, recentemente, foi indicado ao Prêmio Shell de Teatro, pela direção de “Azira’i”. O espetáculo da Dupla Companhia ganha uma curtíssima temporada de estreia no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo, em comemoração aos 120 anos da homenageada, de 7 a 23 de agosto.

Em uma espécie de gesto de escuta dos artistas, a peça propõe uma travessia entre o passado e o presente, entre a ciência e a arte, entre a lucidez e o delírio que nos cura. Em cena, estão Lucas Gonzaga, Rafaele Breves, Gabriela Carriel, Victor Mota e Hugo Muneratto. A direção musical é assinada por Dessa Ferreira.

Inspirada na trajetória da médica psiquiatra, uma mulher nordestina, revolucionária e profundamente humana, a peça propõe uma reflexão sensível sobre o afeto como metodologia e o cuidado como revolução. A montagem costura memórias pessoais do elenco com histórias reais dos clientes, artistas e pensadores que cruzaram o caminho de Nise, como Graciliano Ramos, Carl Gustav Jung, Martha Pires Ferreira e Dona Ivone Lara.

Tudo isso se encontra em cena por meio de uma linguagem híbrida que mistura teatro, poesia, música e folguedos brasileiros. A obra não apenas celebra os 120 anos de nascimento de Silveira como lança o olhar adiante — para o futuro da saúde mental, para o direito ao delírio e para a construção de um Brasil mais sensível, onde o amor não seja exceção, mas método. 

Neste delírio, a Dupla Companhia resiste, se reinventa, mas sobretudo se reencanta com o mundo. "Nise em Nós" é memória, é política, é poesia. E está à espera do encontro com o público. Compre os livros de Nise da Silveira neste link.


Sinopse de "Nise em Nós - Uma Ode ao Delírio"
Eis aqui nosso gesto de escuta: mais uma travessia entre o passado e o presente, entre a ciência e a arte, entre a lucidez e o delírio que nos cura. Inspirado na trajetória da médica psiquiatra Nise da Silveira - mulher nordestina, revolucionária e profundamente humana - o espetáculo propõe uma reflexão sensível sobre o afeto como metodologia e o cuidado como revolução. A obra celebra os 120 anos de nascimento de Nise da Silveira e lança o olhar adiante - para o futuro da saúde mental, para o direito ao delírio e para a construção de um Brasil mais sensível, onde o amor não seja exceção, mas método.


Ficha técnica
Espetáculo "Nise em Nós - Uma Ode ao Delírio"
Direção e dramaturgia: Duda Rios
Elenco e dramaturgia: Lucas Gonzaga, Rafaele Breves, Gabriela Carriel, Victor Mota e Hugo Muneratto
Provocação: Viviane Mosé
Direção de produção e idealização: Lucas Gonzaga
Direção de comunicação: Rafaele Breves
Direção musical e trilha sonora: Dessa Ferreira
Direção de arte: Mariana Villas-Bôas
Cenotécnica: Bruna Boliveira e Hugo Muneratto
Ilustradoras convidadas: Franciéle da Silva Pinto e Liliane Janaina Cruz
Assistente de adereços: Kadu Dias
Iluminação: Gabriele Souza
Visagismo: Claudinei Hidalgo
Design de som: Jess Melo
Modelista e costureiro: Cristian Lourenço
Equipe de costura: Ubiraci Ribeiro (UR Cenografia), Adriana do Nascimento, Heloisa Trigueiros, Maria de Lourdes do Vale, Ana Paula Mattos, Providenciando (Por um fio), Marcilene Máximo (Casa Lourenço Ateliê) e Aparecida Correia (Casa Lourenço Ateliê).
Voz off: Martha Pires Ferreira
Canções originais: Dessa Ferreira e Duda Rios
Produção executiva: Miranda Gonçalves
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Direção audiovisual: Paulo Julião
Fotógrafa: Andressa Baldoni
Produção Original: Dupla Companhia


Serviço
Espetáculo "Nise em Nós - Uma Ode ao Delírio"
Temporada: 7 a 23 de agosto de 2025
Horário: quintas e sextas, às 19h00; sábados, às 18h00
Local: Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Rua Álvares Penteado, 112 - Centro Histórico/São Paulo
Gratuitos, disponíveis em bb.com.br/cultura ou na bilheteria física, uma hora antes de cada sessão.
Capacidade: 120 lugares
Duração: 80 minutos
Classificação: 14 anos
Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida. Todas as sessões contam com tradução simultânea para LIBRAS.
Entrada acessível: Pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e outras pessoas que necessitem da rampa de acesso podem utilizar a porta lateral localizada à esquerda da entrada principal. 
Funcionamento CCBB SP: aberto todos os dias, das 9h00 às 20h00, exceto às terças  
Informações: (11) 4297-0600 
Estacionamento: o CCBB possui estacionamento conveniado na Rua da Consolação, 228 (R$ 14 pelo período de 6 horas - necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB). O traslado é gratuito para o trajeto de ida e volta ao estacionamento e funciona das 12h às 21h. 
Transporte público: o CCBB fica a 5 minutos da estação São Bento do Metrô. Pesquise linhas de ônibus com embarque e desembarque nas Ruas Líbero Badaró e Boa Vista.  
Táxi ou aplicativo: desembarque na Praça do Patriarca e siga a pé pela Rua da Quitanda até o CCBB (200 m). 
Van: ida e volta gratuita, saindo da Rua da Consolação, 228. No trajeto de volta, há também uma parada no metrô República. Das 12h00 às 21h00.

.: Musical "Brenda Lee e o Palácio das Princesas" faz nova temporada


Considerada referência na luta pelos direitos LGBTQIA+, a ativista Brenda Lee (1948–1996) é homenageada no musical, que ganhou os prêmios APCA de melhor peça, Bibi Ferreira de melhor roteiro e atriz revelação em musicais, além do Prêmio Shell de melhor atriz para Verónica Valenttino: Laerte Késsimos 


Com uma trajetória de muito sucesso, o musical "Brenda Lee e o Palácio das Princesas" faz nova temporada em São Paulo no Teatro Vivo a partir do dia 5 de agosto de 2025. O trabalho tem dramaturgia e letras de Fernanda Maia, direção e figurinos de Zé Henrique de Paula e música original e direção musical de Rafa Miranda.  O musical traz em cena seis atrizes transvestigêneres: Verónica Valenttino, Olivia Lopes, Tyller Antunes, Andrea Rosa Sá, Elix e Leona Jhovs, além do ator cisgênero Fabio Redkowicz. A orquestra é formada por Rafa Miranda (piano), Juma Passa (contrabaixo), Rafael Lourenço (bateria) e Carlos Augusto (guitarra e violão). Já a preparação de atores é assinada por Inês Aranha e a coreografia por Gabriel Malo.

Ao contar a história da travesti Caetana, que ficaria conhecida como Brenda Lee, o espetáculo cria uma discussão sobre a luta das travestis nas ruas de São Paulo, a escassez de oportunidades que as impele à prostituição e como foram apoiadas pela protagonista. Brenda nasceu em Bodocó (PE) em 1948, e mudou-se, aos 14 anos, para São Paulo, onde trabalhou com a prostituição até meados dos anos 1980, quando decidiu comprar um sobrado no Bixiga e abrir uma pensão para acolher travestis em situação de vulnerabilidade, muitas das quais estavam infectadas pelo vírus HIV/AIDS. 

O espaço foi muito importante porque, na época, como se sabia muito pouco sobre a epidemia, a maioria das travestis soropositivas estava condenada ao preconceito, à violência, ao abandono e à solidão. E, por esse trabalho essencial, a ativista passaria a ser conhecida como “anjo da guarda das travestis”. Mais tarde, o centro de apoio à população trans seria reconhecido como a primeira casa de acolhimento a pessoas com HIV/Aids no Brasil. Chamada de Palácio das Princesas, a instituição firmou convênios com a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo e com o Hospital Emílio Ribas. E graças a um trabalho conjunto, essas entidades aprimoraram a forma de atender pacientes soropositivos, independentemente de gênero, sexo, orientação sexual e etnia.

Aos 48 anos, em 28 de maio de 1996, no auge de seu projeto, Brenda foi assassinada e encontrada no interior de uma Kombi estacionada em um terreno baldio, com tiros na região da boca e no peitoral. O crime teria sido motivado por um golpe financeiro cometido por um funcionário da casa. Em 2008, foi criado o “Prêmio Brenda Lee”, que contempla personalidades que se destacam na luta contra o HIV e prevenção da Aids.

A criação deste musical é uma continuidade das pesquisas do Núcleo Experimental sobre as possibilidades de interação entre música e teatro. Além disso, consolida a trajetória do grupo como criador de musicais originais brasileiros e comemorou os 10 anos de existência da sede do grupo na Barra Funda

“Contar a história do 'Palácio das Princesas' é não só manter viva a memória de Brenda Lee, mas retratar uma mulher trans protagonista em sua luta e ativismo. Com a criação deste musical, também pretendemos diversificar o grupo de artistas que trabalham com o Núcleo Experimental, empregando musicistas, atrizes, criativos e técnicos transexuais e transgêneros. Este projeto significa mais oportunidades para uma população discriminada no mercado de trabalho”, conta Fernanda Maia.

E a dramaturga ainda completa: “O Núcleo Experimental tem consolidado uma obra em que o musical aparece não somente como diversão, mas como uma forma de arte que pode também refletir e discutir a sociedade. Um espetáculo composto por atrizes transvestigêneres, sobre uma importante travesti no panorama do surgimento da Aids e do fim da ditadura militar nos anos 80 significa colocar no centro do processo artístico criativo quem sempre esteve às margens. Fazer isso sob forma de musical significa atingir um tipo de público não habituado às histórias da população trans, contribuindo para a diminuição do apartheid social em que nos encontramos”. Compre o livro "Brenda Lee e o Palácio das Princesas", de Fernanda Maia, neste link.


Concepção
A dramaturgia alia três planos. O primeiro deles é o dos números musicais, que faz uma homenagem às antigas boates da noite paulistana que nos anos 80 foram um porto seguro da população transgênero e geraram oportunidades de trabalho para as travestis. Neste plano, as meninas da casa da Brenda contam suas histórias pregressas e falam de seus sonhos e objetivos através de canções. Há também o plano da história cronológica em que Brenda abre mão do sonho de ter seu “Palácio das Princesas” para poder acolher as amigas que estavam doentes, e o plano das entrevistas.

“Na dramaturgia, inserimos transcrições de entrevistas reais de Brenda Lee colhidas de registros em vídeo na internet. Nestas entrevistas ela conta quem é, fala sobre sua família, sobre a prostituição, sobre como amealhou um patrimônio e o colocou à disposição de outras amigas. Fala sobre o trabalho na casa e sua relação com a morte. As moradoras da casa de Brenda Lee (Isabelle Labete, Ariela del Mare, Blanche de Niège, Raíssa e Cynthia Minelli) foram inspiradas pelas princesas de contos de fadas, em alusão ao apelido da casa. Suas histórias foram construídas a partir dos relatos de travestis reais através da nossa pesquisa”, explica Fernanda Maia.

“Conseguimos um material bibliográfico de apoio, além de depoimentos de pessoas que conheceram pessoalmente Brenda Lee, foram moradoras ou trabalharam na casa. Duas dessas pessoas foram os médicos Jamal Suleiman e Paulo Roberto Teixeira. O Dr. Jamal Suleiman é infectologista e ainda trabalha no Hospital Emílio Ribas. Ele conheceu Brenda Lee quando ela levava suas moradoras ao hospital, no início da epidemia. Como o Hospital ainda não possuía uma estrutura especializada no atendimento de HIV/Aids e como os médicos e enfermeiros não possuíam preparo para o atendimento da população transvestigênere, ainda muito marginalizada, ofereceu-se para atender dentro da casa de Brenda. O Dr. Paulo Roberto Teixeira, infectologista, atualmente aposentado, foi um dos pioneiros no enfrentamento da epidemia de Aids no Brasil. Graças ao seu esforço incansável e à sua luta pela quebra de patentes, os medicamentos antirretrovirais são distribuídos gratuitamente pelo SUS”, acrescenta.

As canções originais do musical têm elementos de brasilidade aliados à contemporaneidade, tendo como referência compositores queer, transgêneros e não binários. Bases eletrônicas deverão aludir à boate, mas as canções das personagens terão contornos melódicos elaborados e harmonias que reforcem o aspecto afetivo da canção. Num grande número final, as “filhas de Caetana” cantam suas vitórias e celebram sua grande protetora, que abriu caminho para que elas pudessem ter uma vida melhor.


Sinopse de "Brenda Lee e o Palácio das Princesas"
O musical "Brenda Lee e o Palácio das Princesas" é uma obra de ficção, inspirada na história de Brenda Lee.  O musical acompanha a mudança da pensão para travestis de Brenda, para a primeira casa de apoio para pessoas com HIV/Aids do Brasil, um local de acolhimento e segurança para pessoas tratadas com violência pela sociedade. Seu trabalho e dedicação deram a Brenda o título de o “anjo da guarda das travestis”.


Ficha técnica
Musical "Brenda Lee e o Palácio das Princesas"
Dramaturgia e letras: Fernanda Maia
Direção: Zé Henrique de Paula
Direção musical, música original e preparação vocal: Rafa Miranda
Elenco: Verónica Valenttino, Olivia Lopes, Tyller Antunes, Andrea Rosa Sá, Elix, Leona Jhovs e Fabio Redkowicz
Orquestra: Rafa Miranda (piano), Juma Passa (contrabaixo), Rafael Lourenço (bateria) e Carlos Augusto (guitarra e violão)
Design de som: João Baracho
Operação de som: João Baracho e Guilherme Zomer
Microfonista: Mateus Dantas
Design de luz e operação: Fran Barros
Figurinos: Ùga AgÚ
Preparação de atores: Inês Aranha
Coreografia: Gabriel Malo
Cenografia: Bruno Anselmo
Cenotécnico: Jhonatta Moura
Visagismo (cabelos e maquiagem): Dhiego D’urso
Coordenação de produção: Laura Sciulli
Produção: Victor Edwards
Design gráfico e artes: Laerte Késsimos
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Mídias sociais: 1812 comunicação


Serviço
Musical "Brenda Lee e o Palácio das Princesas"
Teatro Vivo: Avenida Dr. Chucri Zaidan, 2460
Terças e quartas, às 20h00
De 5 de agosto a 1° de outubro
* não haverá sessões nos dias 6, 26 e 27 de agosto
Vendas: Sympla
Ingressos: R$ 100,00
10 ingressos grátis por dia para pessoas trans. O formulário para solicitação dos ingressos será disponibilizado na rede social oficial do Núcleo Experimental todas as sextas-feiras anteriores às sessões da semana seguinte.

.: Espetáculo "Rumboldo", adaptação da obra de Eva Furnari, no Sesc Bom Retiro


Com direção de Rhena de Faria e texto de Eloisa Elena, espetáculo narra saga de um reizinho autoritário e com mania de poder. Fotos: Andréa Pasquini

Os delírios e manias de um pequeno monarca autoritário são mote de "Rumboldo", novo espetáculo infantil da premiada companhia Barracão Cultural, que, desta vez, adapta a obra homônima de Eva Furnari. O espetáculo estreia no Sesc Bom Retiro no dia 10 de agosto de 2025.

A peça tem texto de Eloisa Elena e direção de Rhena de Faria. E, no elenco, estão Caio Teixeira, Eloisa Elena, Leandro Goulart e William Simplício. A produção é possível graças ao ProAC 2024 - Montagem para público infantojuvenil, por meio da Secretaria de Cultura, do Governo do Estado de São Paulo. 

A trama narra a história de um príncipe que, ao herdar o trono, após a morte repentina de seu pai, o respeitado e querido Rei Rusbão, perde-se em seus desmandos e delírios de poder, criando leis absurdas e condenando à prisão todos aqueles que contestam suas decisões. Após levar à cadeia todo o reino, Rumboldo se vê sozinho, desprotegido e percebe que todos os seus súditos estão vivendo bem e felizes na Torre de Pedra, onde foram presos. 

A narrativa de Furnari se apresenta como um mote perfeito para pôr em pauta os perigos e consequências do exercício autoritário do poder. “Nos últimos anos vimos o fortalecimento de discursos anti-democráticos na esfera política mundial, gerando efeitos transversais que perpassam as relações interpessoais e coletivas, moldando e validando atitudes de intolerância e segregação na sociedade. Diante disto, acreditamos que se faz necessário trazer a reflexão sobre os efeitos do poder autoritário para o público infantil”, comenta Eloisa Elena.

A dramaturgia traz uma linguagem leve e ágil, que serve de base para o jogo da encenação, que explora as técnicas de improviso e os jogos de palhaçaria. Em cena, quatro intérpretes se revezam nas personagens, manipulam e conduzem a cenografia e cantam e tocam os instrumentos da trilha sonora de Morris, composta por canções executadas ao vivo. Compre o livro "Rumboldo", de Eva Furnari, neste link.


Sobre a Barracão Cultural
A Barracão Cultural é um núcleo de criação e produção que tem como proposta realizar projetos que priorizem a pesquisa de temas e de linguagem, que sejam acessíveis e atendam a diferentes públicos. Formado por alguns parceiros fixos e outros convidados a integrar cada trabalho, desenvolve há 24 anos um exercício permanente de criação e produção de espetáculos, que obtiveram excelente acolhida de crítica e público. 

Entre os espetáculos que fazem parte do repertório do grupo, estão “Trilha para as Estrelas” (2024),  “O Passarinho que Não Sabia Voar” (2023), “Jogo de Imaginar” (2022), “Um Arco-íris Colorindo o Céu” (2022), “Nós” (2019), “Entre” (2019), “On Love” (2017), “Já Pra Cama!”  (2015), “A Condessa e o Bandoleiro” (2014), “Facas nas Galinhas” (2012), “O Tribunal de Salomão e o Julgamento das Meias-verdades Inteiras” (2011), “Cacoete” (2008) e “A Mulher que Ri” (2008).


Ficha técnica
Espetáculo infantil "Rumbolo"
Texto: Eloisa Elena
Direção: Rhena de Faria
Elenco:  Caio Teixeira, Eloisa Elena, Leandro Goulart e William Simplício
Canções e direção musical: Morris
Cenário e Iluminação: Marisa Bentivegna
Figurino: Marichilene Artisevskis
Coordenação técnica e operação de som: Maurício Mateus
Operação de luz: Le Carmona
Preparação Corporal: Maurício Flórez
Adereços: Tetê Ribeiro
Bonecos: Ivaldo de Melo
Assistência de produção: Ale Picciotto
Produção e Realização: Barracão Cultural


Serviço
Espetáculo infantil "Rumbolo", com Cia. Barracão Cultural
Sesc Bom Retiro
Apresentações: 10 de agosto a 21 de setembro de 2025
Domingos, às 12h00
*Sessão extra no dia 18 de setembro, às 15h00
Inteira R$ 40,00 / Meia-entrada R$ 20,00 / Credencial Plena: R$ 12,00
Classificação: livre
Duração: 55 minutos

domingo, 3 de agosto de 2025

.: Mouhamed Harfouch revela a história por trás do espetáculo mais pessoal


Por 
Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: Claudia Ribeiro

Um nome pode ser destino, fardo, bandeira ou metáfora. No caso de Mouhamed Harfouch, foi ponto de partida para um mergulho teatral - e existencial. Após rodar por cinco palcos no Rio de Janeiro, o monólogo "Meu Remédio" estreia em São Paulo no Teatro Santos Augusta, com sessões aos sábados e domingos, entre os dias 30 de agosto e 28 de setembro.

Escrito, produzido e protagonizado por Harfouch, com direção de João Fonseca, o espetáculo mistura memórias, músicas e ancestralidade em 75 minutos de pura exposição - do ator ao homem, do filho ao artista. Com humor, lágrimas e acordes tocados ao vivo, o texto revela não só uma trajetória marcada pela reinvenção, mas também o peso e a força que cabem em um nome.

Nesta entrevista exclusiva para o Resenhando.com, o ator que brilhou em novelas como "Cordel Encantado" e "Órfãos da Terra", e em musicais como "Querido Evan Hansen", fala sobre coragem, pertencimento e os bastidores emocionais da peça mais íntima da vida dele. Entre feridas, risos e confissões, Mouhamed abre espaço para aquilo que ainda está em processo. Porque, como ele mesmo afirma em cena, "aceitar quem somos é curativo".

Resenhando.com - “Meu Remédio” surge de um nome difícil de carregar. Que tipo de cura você acredita que um nome pode atrasar, ou apressar, na vida de alguém?
Mouhamed Harfouch - Se você pensar que o nome é aquilo que te individualiza num primeiro momento, é o teu cartão de visita, e que esse nome é algo que você não escolhe quando nasce, você recebe, de certa forma, de maneira imposta, isso tem um peso. Quando há um casamento perfeito e você gosta é uma maravilha. Mas isso nem sempre ocorre, e com minha peça tenho visto que muita gente teve ou tem dificuldades com o próprio nome. E as razões são diversas. Mas o interessante é que pensar sobre nosso nome pode nos levar a uma viagem muito transformadora sobre quem somos, de onde viemos e para onde vamos. É uma oportunidade de nos revisitarmos. A peça sugere esse diálogo consigo mesmo. Agora sobre atrasar ou apressar, não penso assim. Tudo tem seu tempo correto e faz parte do processo de amadurecimento de cada indivíduo. A cura, muitas vezes, pode vir do resultado deste processo de amadurecimento e isso, sim, é libertador! 


Resenhando.com - A peça é uma travessia íntima embalada por humor e dor. Você teve medo de se expor demais ou, pior, de ser confundido com as caricaturas que também interpreta?
Mouhamed Harfouch - Tive muito medo, por isto levei dois anos escrevendo, ou melhor, maturando. Escrevia uma parte e parava meses. Tinha medo da exposição, tinha dúvidas sobre levar algo tão íntimo para o palco e se isso poderia ser interessante para alguém. Meu diretor João Fonseca foi fundamental nesse processo, pois me deu a mão e me motivou a seguir em frente. Não me deixou desistir. O resultado me deixou realmente muito feliz. Fomos acolhidos pelo público e a crítica carioca de uma maneira muito linda.


Resenhando.com - Ao se lançar como autor, ator e produtor, qual foi o momento mais tentador para desistir, e o que impediu você?
Mouhamed Harfouch - Já tinha produzido e atuar é o meu ofício. Agora escrever é um desafio enorme, ainda mais quando é sobre sua própria história. Sempre tive em mente o título e o como gostaria de terminar a peça, mas como chegar até lá? Como desenvolver isso de forma teatral? Isso foi, sem dúvida,  meu maior desafio, mas tive que vencer um por vez. Vencida a etapa da escrita, veio a de produzir, levantar recursos, viabilizar! Levei quase três anos com uma ideia na cabeça para conseguir materializar. Quando consegui levantar recursos e pautar o espetáculo para a estreia, veio o medo absurdo, o do ator. Afinal, é o primeiro monólogo que levo aos palcos. Para conseguir vencer tantos desafios, foi fundamental contar com uma equipe maravilhosa como a minha. Mas preciso agradecer aos meus filhos, minha primeira plateia e escuta. Eles riam e adoravam ouvir a leitura do meu texto, das minhas histórias que fazem parte deles, e ver meus primeiros ensaios….Isso me deu muita força e coragem.


Resenhando.com - Você cresceu entre sírios e portugueses num Brasil ainda mais pouco preparado para lidar com o “outro”. Já sentiu que era preciso performar uma brasilidade mais palatável para ser aceito?
Mouhamed Harfouch - Nunca pensei sobre. Sempre fui extremamente brasileiro, nasci e cresci aqui, estudei em um colégio católico e só o que destoava da aparente normalidade era justamente o meu nome, porque era onde as pessoas codificavam a minha diferença. Então, minha luta era me entender enquanto parte desta mistura, e não ter vergonha de ser diferente. Saber carregar um nome tão forte e repleto de significados. Se tivesse adotado um outro nome, isto sim, poderia ser parte de um processo para me tornar mais palatável talvez.


Resenhando.com - Há uma cena ou uma canção em "Meu Remédio" que, até hoje, ainda dói apresentar? O que você poupa da plateia?
Mouhamed Harfouch - Meu espetáculo não transita  pela dor, mas pela alegria e emoção. Sempre me emociona a cena onde falo da mala que a gente abria quando meu pai voltava da Síria, ou quando algum primo trazia para meu pai. Era abrir a mala e subir o cheiro de um outro continente, outra cultura, outro povo. Essa cena sempre me faz lembrar da minha infância junto aos meus irmãos, meus pais e isso me emociona muito. Minha mãe acabou falecendo depois que escrevi e estreei a peça. Foi logo depois que estreei, na verdade. Escrevi a peça e me referia a ela presente, e agora me refiro a ela em lembrança. Então, a cena em que falo sobre ela, sobre como ela preparava pratos e mais pratos para nós e também o chancliche, queijo árabe maravilhoso, que cito na peça. Acabou virando um momento que me toca muito e que tenho que respirar para seguir com a história. Mas revivê-la todos os dias no teatro me faz muito feliz. E essa é a tônica da peça: as pessoas saem felizes. E isso é a minha alegria.  


Resenhando.com - Você já deu vida a muitos personagens na TV, no cinema e no teatro. Quem é mais difícil de encarar: o protagonista da própria história ou os papéis que exigem negar quem se é?
Mouhamed Harfouch - Como artista, quero provocar, tocar as pessoas, emocionar, divertir e ampliar horizontes. Então, contar uma boa história é minha busca. Quando cheguei a ao ponto final de “Meu Remédio” fiquei muito empolgado, muito feliz mesmo, achava que tinha uma boa história para contar. Os seis meses de temporada no Rio nos mostraram que sim. Mergulhar na nossa verdade não é tarefa fácil, ter coragem para se revisitar é um processo delicado, mas muito libertador. Sempre tentei achar a verdade de cada personagem, comigo não poderia ser diferente (risos). 


Resenhando.com - Seu espetáculo defende que “aceitar quem somos é curativo”. Mas o que você ainda não aceita em si e que talvez ainda esteja em tratamento?
Mouhamed Harfouch - No momento, tento curar a ausência da minha mãe e me entender sem ela. Neste ponto, o teatro me ajuda mais uma vez. Mas não só isso, não somos uma coisa só. Algo definitivo. A medida que crescemos, amadurecemos, vencemos algumas barreiras, alguns desafios, lidamos com vitórias, derrotas, frustrações, sonho, medos e desejos. A vida não é corrida de cem metros, é maratona, e eu tô correndo, sem pressa de chegar. Que venham os novos desafios. 

Resenhando.com - João Fonseca dirigiu nomes como Cazuza, Tim Maia, Cássia Eller. O que ele revelou de Mouhamed que nem você sabia que estava guardado?
Mouhamed Harfouch - Acho que, ao não me deixar desistir,  pude me entender melhor. Entender  o quanto o teatro me salvou e me deu pertencimento. A entender minha relação com meu nome, minha família e minha própria história. A gente vai vivendo, realizando as costuras da vida, fazendo nossas escolhas e os caminhos, somos atropelados pela correria do agora, então, de certa forma, João me mostrou o quanto as minhas escolhas construíram aquilo que me fez chegar até aqui. Ele me mostrou o quanto tive consciência dessas escolhas, mesmo sem fazer ideia que eu tinha essa consciência. Hoje vejo que sempre fui fiel ao que acredito. 


Resenhando.com - A plateia ri, chora, se identifica. Mas houve alguma reação do público que te desmontou completamente?
Mouhamed Harfouch - Não esperava que a plateia se identificasse tanto com minha história, de verdade.  Que participasse tanto... Teve uma senhora, no Rio, que foi cinco vezes ao meu espetáculo e pagando, tá? Na quinta vez, eu virei para ela e disse: "Agora você não paga mais! É minha convidada tá?" (risos). Tudo isso me surpreendeu positivamente.


Resenhando.com - Depois de olhar tão profundamente para dentro, que tipo de personagem você nunca mais aceitaria interpretar?
Mouhamed Harfouch - Não gosto de personagens vazios. Não gosto de caricatura. Não tenho tesão em fazer algo gratuito, sem alma, sem propósito… por que somos tocados pelo o que é humano. E isso só vem quando é de verdade.

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