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quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

.: “A Sabedoria dos Pais” reúne Natália do Vale e Herson Capri após 23 anos


Natália do Vale e Herson Capri em cena no espetáculo inédito “A Sabedoria dos Pais”, texto e direção de Miguel Falabella, em cartaz no Teatro Vannucci. Foto: Nana Moraes

Da redação do portal Resenhando.com

Celebrando cinco décadas de trajetória artística, Natália do Vale e Herson Capri dividem o palco no espetáculo inédito “A Sabedoria dos Pais”, com texto e direção de Miguel Falabella. A comédia romântica, escrita especialmente para a dupla, estreou em 18 de setembro e, devido à recepção do público, teve a temporada estendida para janeiro, no Teatro Vannucci, no Shopping da Gávea, no Rio de Janeiro. O público poderá assistir ao espetáculo de 9 de janeiro a 8 de fevereiro, às sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 19h00.

O espetáculo marca o retorno de Natália do Vale aos palcos após 23 anos - sua última participação no teatro havia sido em Capitanias Hereditárias, em 2002, também com texto de Falabella - e o reencontro em cena com Herson Capri, com quem contracenou na novela "Em Família", exibida em 2014. Amigos de longa data, os atores já haviam trabalhado juntos em produções como "O Outro" (1987) e "Negócio da China" (2009), ambas escritas por Falabella.

Na trama, o público acompanha a história de um casal que, após 35 anos de um casamento considerado estável, decide se separar. Ao longo dos dez anos seguintes, cada um percorre caminhos próprios, experimenta novas possibilidades e aprende a viver sem a presença cotidiana do outro. Esse percurso é atravessado pelas memórias e pelos ensinamentos deixados pelos pais, cujas relações duradouras servem como referência afetiva e simbólica.

Dirigida pelo próprio autor, a montagem articula temas como recomeço, amadurecimento e as formas de amar na maturidade. Questões como etarismo, reinvenção pessoal e a continuidade da vida afetiva ao longo do tempo surgem integradas à narrativa, que alterna situações de humor e reflexão sem recorrer a discursos explicativos. A encenação propõe um olhar atento sobre os vínculos construídos ao longo da vida e sobre as transformações possíveis mesmo depois de décadas de convivência.

Além do protagonismo de Natália do Vale e Herson Capri, o espetáculo reúne uma equipe técnica experiente, responsável por construir um ambiente cênico que dialoga com a intimidade da história. A cenografia, o figurino, a iluminação e os recursos audiovisuais atuam de forma integrada à dramaturgia, acompanhando as mudanças emocionais e temporais da narrativa. Com texto inédito, direção do próprio autor e um elenco que soma décadas de experiência no teatro e na televisão, “A Sabedoria dos Pais” integra a programação teatral carioca como um encontro artístico que revisita afetos, escolhas e aprendizados construídos ao longo de uma vida a dois.

Serviço
Espetáculo "A Sabedoria dos Pais"
Teatro Vannucci - Shopping da Gávea
Temporada: de 9 de janeiro a 8 de fevereiro
Horários: sextas e sábados, às 20h00; domingos, às 19h00
Ingressos: Sympla

Valores
Plateia - R$ 220,00 (inteira) e R$ 110,00 (meia)
Plateia secundária - R$ 160,00 (inteira) e R$ 80,00 (meia)
Duração: 90 minutos
Classificação indicativa: 12 anos

.: Teatro: solo vencedor do Mix Brasil, "Aqui, Agora, Todo Mundo" estreia


Cena de "Aqui, Agora, Todo Mundo", solo teatral de Felipe Barros que estreia no Teatro Sérgio Cardoso em janeiro de 2026. Foto: Kim Leekyung

Da redação do portal Resenhando.com

Vencedor do Coelho de Prata de melhor espetáculo no 33º Festival Mix Brasil, "Aqui, Agora, Todo Mundo" chega a São Paulo para a temporada de estreia no Teatro Sérgio Cardoso entre 24 de janeiro e 1º de março de 2026. O solo marca a estreia de Felipe Barros nos palcos como ator e dramaturgo, sob direção de Heitor Garcia, e propõe uma reflexão direta e necessária sobre saúde mental, identidade e pertencimento, a partir de uma narrativa fragmentada e sensorial.

Inspirado no livro autobiográfico homônimo de Alexandre Mortagua, o espetáculo acompanha um homem gay que tenta reconstruir a própria história depois de atravessar um limite extremo da existência. A depressão, tema central da obra, não surge como explicação clínica ou discurso didático, mas como estrutura narrativa: uma mente em colapso, feita de memórias interrompidas, silêncios prolongados, afetos mal resolvidos e imagens que insistem em voltar fora de ordem.

As cenas se apresentam como flashes. Família, amores, dores íntimas e traumas se sobrepõem em um fluxo não linear, que espelha o funcionamento de uma mente atravessada pela depressão. Não há cronologia fixa nem progressão tradicional. O espetáculo assume uma lógica labiríntica, em looping, convidando o público a participar ativamente da organização dos acontecimentos. A cada sessão, a ordem das cenas pode se transformar, fazendo com que a experiência seja sempre diferente.

Esse jogo cênico reforça a ideia de que lembrar também é escolher, ainda que inconscientemente, quais peças do passado permanecem visíveis. Entre o real e o imaginário, entre o trauma e a tentativa de reinvenção, o personagem se constrói diante do público como alguém em permanente estado de reconstrução.

Mais do que um relato individual, "Aqui, Agora, Todo Mundo" articula uma dimensão coletiva. O título funciona como um chamado à presença e à escuta, evocando questões que atravessam corpos dissidentes em uma sociedade que ainda marginaliza experiências fora da norma. A dramaturgia aborda temas como adolescência gay, autoimagem, pressão por desempenho social, afetividade e solidão, sem recorrer a conclusões fechadas ou soluções fáceis.

A trilha sonora desempenha papel estruturante na encenação. As canções de Jaloo atravessam o espetáculo como um fio condutor emocional, dialogando diretamente com as memórias e estados internos da personagem. A obra da artista paraense foi escolhida a partir de um processo de pesquisa que identificou, em suas letras e sonoridades, reflexões consistentes sobre saúde mental, influência externa e construção de identidade.

Nesse processo, a DJ Agatha foi responsável pela decupagem e curadoria musical, selecionando trechos e propondo sua adaptação para o desenho de som da peça. O trabalho sonoro estabelece uma relação direta entre música e cena, permitindo que cada faixa dialogue com o ritmo emocional da narrativa e contribua para a compreensão dessa encenação fragmentada.

Com cenografia de Marco Paes, luz de Rodrigo Pivetti e figurinos assinados por Heitor Garcia e Felipe Barros, o espetáculo constrói uma atmosfera íntima e instável, coerente com o universo interno apresentado em cena. O resultado é uma experiência teatral que articula corpo, palavra e som para tratar de sobrevivência emocional, memória e identidade sem recorrer a juízos de valor ou discursos moralizantes.


Serviço
"Aqui, Agora, Todo Mundo"
Temporada: 24 de janeiro a 1º de março de 2026 (exceto de 12 a 15 de fevereiro)
Sessões aos sábados, domingos e segundas-feiras, às 19h00
Dias 2, 9 e 23 de fevereiro: roda de conversa com convidados após o espetáculo

Teatro Sérgio Cardoso
Rua Rui Barbosa, 153 - Bela Vista / São Paulo
Ingressos: R$ 80,00 (inteira) | R$ 40,00 (meia-entrada)
Lista Trans Free: aquiagoratodomundo@gmail.com
Vendas on-line: Sympla
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 60 minutos
Capacidade: 144 lugares
Instagram: @aquiagoratodomundo

.: Festival de Férias do Teatro Uol reúne clássicos infantis em programação


Cena de "Alice no País das Maravilhas", que integra a programação do Festival de Férias do Teatro Uol. Foto: Ronaldo Gutierrez

Da redação do portal Resenhando.com

Os contos clássicos que atravessam gerações ganham novas leituras no 42º Festival de Férias do Teatro UOL, que acontece de 5 de janeiro a 1º de fevereiro, no Shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo. Ao longo do período, o teatro recebe uma programação dedicada ao público infantil e familiar, com sete espetáculos diferentes distribuídos ao longo da semana, sempre em sessões vespertinas.

A proposta do festival é apresentar histórias amplamente conhecidas da literatura e do imaginário popular em montagens teatrais que combinam música ao vivo, recursos cênicos, tecnologia, humor e narrativa acessível para diferentes faixas etárias. A cada dia, um título distinto ocupa o palco, permitindo que o público acompanhe mais de um espetáculo ao longo das férias escolares.

A programação começa com "Aladdin", apresentado às segundas-feiras. O musical acompanha a trajetória do jovem órfão que sobrevive nas ruas até encontrar a lâmpada mágica e o Gênio capaz de realizar desejos. Totalmente cantado ao vivo, o espetáculo utiliza bonecos e efeitos especiais como parte da encenação.

Às terças-feiras, é a vez de "Pinóquio - O Musical", que revisita a história do boneco de madeira criado por Gepeto e o desejo de vê-lo transformado em um menino de verdade. A montagem se passa em um vilarejo antigo e mantém como eixo narrativo o encontro entre sonho, afeto e transformação.

As quartas-feiras ficam reservadas para "Peter Pan - O Musical", que apresenta Wendy Darling e sua dúvida diante do crescimento, interrompida pela visita de Peter Pan e o convite para conhecer a Terra do Nunca, espaço onde a infância permanece e a imaginação conduz as aventuras.

"O Pequeno Príncipe", inspirado na obra de Antoine de Saint-Exupéry, será atração às quintas-feiras. A encenação acompanha o encontro entre um piloto perdido no deserto do Saara e o menino vindo de um pequeno asteroide, que compartilha histórias sobre personagens singulares e aprendizados sobre amizade e responsabilidade.

"A Bela e a Fera" será apresentada às sextas-feiras e traz a narrativa de Bela, que troca sua liberdade pela do pai e passa a conviver no castelo da Fera. A história acompanha o desenvolvimento da relação entre os dois personagens e a convivência com os criados encantados. 

Nos fins de semana, o festival amplia a programação com dois espetáculos. "Alice no País das Maravilhas", aos sábados e domingos às 14h30, aposta no uso de projeções em 3D, com óculos de lentes azul e vermelha, além de músicas originais, para contar a jornada da jovem Alice por um universo onde a lógica é constantemente desafiada. Já "Cinderela", apresentado às 16h00, propõe uma versão enxuta e dinâmica do conto, com apenas dois atores interpretando todos os personagens, em uma encenação marcada por trocas rápidas, humor e jogo cênico.

Com curadoria contínua desde a primeira edição, o Festival de Férias do Teatro Uol se consolidou como um dos mais longevos de São Paulo, chegando a quase 25 anos de atividade em 2026. Realizado em um espaço localizado dentro de um shopping center, o evento reúne características que favorecem a circulação de famílias, escolas e grupos durante o período de recesso escolar.

Serviço
42º Festival de Férias do Teatro Uol
De 5 de janeiro a 1º de fevereiro

Programação
"Aladdin" – segundas-feiras, às 16h
"Pinóquio - O Musical" - Terças-feiras, às 16h00
"Peter Pan - O Musical" - Quartas-feiras, às 16h00
"O Pequeno Príncipe" - Quintas-feiras, às 16h00
"A Bela e a Fera" - Sextas-feiras, às 16h00
"Alice no País das Maravilhas" (com efeitos 3D) - Sábados e domingos, às 14h30
"Cinderela" - Sábados e domingos, às 16h00

Teatro Uol - Shopping Pátio Higienópolis
Av. Higienópolis, 618, Terraço - São Paulo
Tel.: (11) 3823-2323

Ingressos
R$ 100,00 (inteira) | R$ 50,00 (meia)

Televendas
(11) 3823-2423 | 3823-2737 | 3823-2323

Vendas on-line
www.teatrouol.com.br

Bilheteria
Segundas e terças: das 14h00 às 16h00
Quartas, quintas e sextas: das 14h00 às 20h00
Sábados: das 13h00 às 22h00
Domingos: das 13h00 às 20h00
Aceita cartões Mastercard, Redecard, Visa, Visa Electron e Amex. Não aceita cheques.
Descontos legais para estudantes e pessoas com 60 anos ou mais.
Clube Uol e Clube Folha: 50% de desconto.

Acesso para cadeirantes. Ar-condicionado.
Estacionamento do shopping: consultar valores pelo telefone 4040-2004.
Venda para grupos e escolas: (11) 3661-5896 | (11) 99605-3094.
Patrocínio: Uol, Folha de S.Paulo, Germed e Interfood.

Tags
#FestivalDeFeriasDoTeatroUol #FestivalDeFerias #TeatroUol #Teatro

terça-feira, 16 de dezembro de 2025

.: Emílio de Mello assume "A Baleia" e mergulha em história sobre culpa


Emílio de Mello interpreta Charlie em "A Baleia", espetáculo que chega a São Paulo após circulação nacional. Foto: Ale Catan

Após temporada no Rio de Janeiro e circulação por diversas cidades do país, o espetáculo "A Baleia" chega a São Paulo para uma aguardada temporada no Teatro Sabesp Frei Caneca, entre 23 de janeiro e 1º de março de 2026. No centro da cena está Charlie, um professor de inglês recluso, marcado por perdas profundas e por um corpo que se tornou, ao mesmo tempo, abrigo e prisão. A partir dessa figura, a peça constrói uma narrativa densa e delicada sobre isolamento, afeto, homofobia, intolerância religiosa e o desejo quase sempre tardio de reconciliação familiar. Em São Paulo, o personagem ganha nova leitura com o ator Emílio de Mello, que assume o papel que foi de José de Abreu sob a direção e tradução de Luís Artur Nunes.

O texto ganhou projeção mundial ao inspirar o filme homônimo dirigido por Darren Aronofsky, responsável por render a Brendan Fraser o Oscar de Melhor Ator em 2023. Leia a crítica do filme neste link: "A Baleia" fisga do início ao fim e Fraser tem tudo para levar Oscar.  No teatro, "A Baleia" revela camadas próprias, mais silenciosas e íntimas, sustentadas pela força da palavra e pela proximidade com o público. A dramaturgia de Hunter, construída em fragmentos que se articulam como um mosaico emocional, foge da linearidade e aposta em encontros que doem, mas também curam.

Luís Artur Nunes destaca a excelência do texto e a modernidade de sua estrutura. Para ele, trata-se de uma obra profundamente humana, que aborda culpa, empatia e reconexão sem simplificações. “É um material encharcado de emoção”, afirma o diretor, que ressalta a importância de tratar temas como homofobia e intolerância a partir de personagens cheios de contradições, reconhecíveis em suas fragilidades.

O elenco conta ainda com Luisa Thiré, Gabriela Freire e Eduardo Speroni, além da participação especial de Alice Borges. Juntos, eles constroem um ambiente cênico em que os não ditos pesam tanto quanto as palavras. Para dar forma ao corpo de Charlie, a produção desenvolveu um complexo trabalho de caracterização, com prótese facial, figurino com enchimento e recursos de climatização, assinados pelo figurinista Carlos Alberto Nunes e pela visagista Mona Magalhães.

A cena é completada pela cenografia de Bia Junqueira, pela iluminação precisa de Maneco Quinderé e pela trilha sonora de Federico Puppi, elementos que ajudam a traduzir um cotidiano marcado não apenas pelo excesso de peso, mas pelo acúmulo de silêncios e afetos represados. O espetáculo é apresentado pelo Ministério da Cultura e patrocinado pela CAIXA Residencial.


Serviço
Teatro Sabesp Frei Caneca
Temporada: 23 de janeiro a 1º de março de 2026
Horários: sextas e sábados, às 20h00; domingos, às 19h00

Ingressos
Plateia Baixa – R$ 160,00 (inteira) / R$ 80,00 (meia-entrada)
Plateia – R$ 140,00 (inteira) / R$ 70,00 (meia-entrada)
Plateia Alta – R$ 120,00 (inteira) / R$ 60,00 (meia-entrada)
Plateia Popular – R$ 50,00 (inteira) / R$ 25,00 (meia-entrada)

Descontos
Clientes CAIXA Residencial têm 50% de desconto na compra de até dois ingressos
Desconto para clientes CAIXA Residencial e Vivo Valoriza

Bilheteria: https://uhuu.com

Duração: 100 minutos
Classificação: 14 anos. Menores de 18 anos somente acompanhados dos pais ou responsáveis. Crianças até 24 meses, no colo, não pagam.

Tags
#ABaleia #EmilioDeMello #LuisArturNunes #teatro #TeatroSabespFreiCaneca

.: "Um Dia Muito Especial" volta em nova temporada no Teatro Bradesco


Reynaldo Gianecchini e Maria Casadevall protagonizam "Um Dia Muito Especial", adaptação de um clássico do cinema italiano que retorna em 2026 para nova temporada. Foto: Priscila Prade

Existem histórias que resistem ao tempo porque falam, antes de tudo, daquilo que nos torna humanos. "Um Dia Muito Especial" é uma delas. Sucesso de público e crítica na primeira temporada, em 2025, o espetáculo volta em cartaz no Teatro Bradesco, entre os dias 10 de janeiro e 15 de fevereiro do ano que vem, reafirmando a força de um texto que atravessa décadas sem perder a urgência. Leia a crítica do espetáculo neste link: “Um Dia Muito Especial” revela o lado mais visceral de Gianecchini.

Protagonizada por Reynaldo Gianecchini e Maria Casadevall, a montagem dirigida por Alexandre Reinecke leva ao palco a adaptação teatral do filme homônimo de Ettore Scola, lançado em 1977 e eternizado nas atuações de Sophia Loren e Marcello Mastroianni. Com tradução de Célia Tolentino, o espetáculo aposta menos no grandioso e mais no íntimo, no detalhe, no silêncio que diz tanto quanto a palavra.

A trama se constrói a partir do encontro improvável entre duas figuras socialmente deslocadas. Ele, um locutor recém-demitido por ser homossexual, prestes a enfrentar a repressão de um Estado autoritário. Ela, uma dona de casa sobrecarregada, mãe de seis filhos, confinada a um casamento atravessado por machismo e traições. Em meio ao barulho histórico da Roma fascista de 1938, nasce um diálogo delicado sobre afeto, liberdade e pertencimento.

Não é a primeira vez que "Um Dia Muito Especial" ganha os palcos brasileiros. Em 1986, uma montagem histórica dirigida por José Possi Neto reuniu Glória Menezes e Tarcísio Meira. Agora, quase quatro décadas depois, a nova versão encontra eco em questões ainda dolorosamente atuais: preconceito, solidão, opressão de gênero e a busca por dignidade em meio a estruturas que insistem em esmagar o indivíduo.

O que se vê em cena é uma história de amor que não se resume ao romance, mas se expande para a empatia, para o reconhecimento do outro como espelho e abrigo. Gianecchini e Casadevall constroem personagens cheios de fissuras, fragilidades e humanidade, conduzindo o público por um percurso emocional a partir de um encontro capaz de mudar destinos, ainda que por apenas um dia.


Serviço
"Um Dia Muito Especial"
Direção Alexandre Reinecke, com Maria Casadevall e Reynaldo Gianecchini
Temporada: 10 de janeiro a 15 de fevereiro de 2026
Apresentações: sábados, às 19h, e domingos, às 18h00
Duração: 90 minutos.
Classificação etária: 10 anos.
Teatro Bradesco – Bourbon Shopping São Paulo | Rua Palestra Itália, 500 – 3º Piso – Perdizes / São Paulo
Ingressos: de R$ 60 a R$ 200

Canais de venda oficiais
Vendas on-line: uhuu.com
Pontos físicos de venda

Bilheteria do Teatro Bradesco - sem taxa de serviço
3º Piso do Bourbon Shopping São Paulo
Horário: segunda a domingo, das 12h às 15h e das 16h às 20h. Em dias de evento, das 12h até o final do espetáculo.

Bilheteria Vibra São Paulo - sem taxa de serviço
Avenida das Nações Unidas, 17.955 – Vila Almeida / São Paulo
Horário: segunda a sexta, das 12h às 15h e das 16h às 19h. Sábados, domingos e feriados: fechado, exceto em dias de show.

Bilheteria do Teatro Sabesp Frei Caneca - sem taxa de serviço
Shopping Frei Caneca - 7º Piso
Rua Frei Caneca, 569 - Consolação / São Paulo
Horário: de terça a domingo, das 12h00 às 15h00, e das 16h00 às 19h00. Segunda-feira: fechado.

Formas de pagamento
Bilheterias: dinheiro, cartão de crédito e débito
Site e pontos oficiais: cartão de crédito
Cartões aceitos: Visa, Mastercard, Diners, Hipercard, American Express e Elo
Estacionamento: Bourbon Shopping São Paulo
Valores e horários em bourbonshopping.com.br

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#UmDiaMuitoEspecial #ReynaldoGianecchini #MariaCasadevall #teatro #TeatroBradesco

sábado, 13 de dezembro de 2025

.: ResenhandoTeatro: ainda dá para curtir os musicais "Wicked" e "Titanique"

As férias de dezembro abrem uma grande oportunidade para curtir os dois musicais que seguem em cartaz nos teatros paulistas neste final de semana: "Wicked" e "Titanique". Como a equipe do Resenhando.com se deliciou com as duas montagens, recomendamos ambas. Uma eleva o nível de magia e encantamento entre as produções de teatro musical no Brasil, outra faz rir do início ao fim ao som de canções da cantora Céline Dion.

"Wicked - O Musical" segue em cartaz no Teatro Renault, em São Paulo, somente até 21 de dezembro de 2025, com sessões de quarta a domingo. A montagem com padrões elevados, capaz de garantir o voo, de fato, da bruxa verde, Elphaba (Mira Ruiz) por cima do público é, sem dúvida, um espetáculo inesquecível e que agrada a todo família. Não somente para os fãs do fenômeno cultural, mas também para os que amam uma impecável encenação com muita cantoria. Portanto, garanta os ingressos deste espetáculo que foi prorrogado ao longo de 2025, mas chegará ao fim da temporada.

Outra super opção de entretenimento, mas para o público adulto, é o musical "Titanique", em cartaz em São Paulo somente até o dia 14 de dezembro de 2025, no Teatro Sabesp Frei Caneca. A comédia irreverente parodia o filme Titanic usando os grandes sucessos da cantora e compositora canadense Céline Dion para recontar a história do casal Jack e Rose, com narração, logo garantindo inferências hilárias da própria diva pop, interpretada com maestria por Alessandra Maestrini. 


"Wicked"

Elenco Principal: Elphaba: Myra Ruiz; Glinda: Fabi Bang. Outros Nomes: Tiago Barbosa, Marcelo Médici, Diva Menner, Cleto Baccic, Nayara Venancio e Dante Paccola, entre outros artistas.

Produção: Instituto Artium de Cultura em coprodução com o Atelier de Cultura.

Direção Nacional: Ronny Dutra.

Direção Musical e Regência: Maestro Thiago Rodrigues.

Duração: Aproximadamente 3 horas, com um intervalo.

Classificação Indicativa: Não recomendado para menores de 10 anos (para a temporada de 2025).

.: Crítica: musical “Wicked” desafia a gravidade e as expectativas


"Titanique"

Elenco: Alessandra Maestrini (Céline Dion), Marcos Veras (Jack), Giulia Nadruz (Rose), Luis Lobianco (Ruth, mãe da Rose), George Sauma (Cal), Wendell Bendelack (Victor Garber) e Talita Real (Molly Brown).

Direção Artística: Gustavo Barchilon. 

Direção de Produção: Thiago Hofman. 

Direção Musical, Arranjos e Orquestração: Thiago Gimenes. 

Direção de Movimento/Coreografia: Alonso Barros. 

Cenografia: Natália Lana. 

Figurino: Theodoro Cochrane. 

Desenho de Luz: Maneco Quinderé. 

Visagismo: Feliciano San Roman. 

Design de Som: André Breda (ou João Baracho, dependendo da fonte). 

Assistência de Direção: Talita Real e Gabi Camisotti. 

Duração: 110 minutos, sem intervalo.

Classificação indicativa de 12 anos. 

.: No musical "Titanique", Céline Dion assume o leme e vira furacão pop

terça-feira, 25 de novembro de 2025

.: Montagem teatral de "O Segredo de Brokeback Mountain" chega a São Paulo


Estrelado por Marcéu Pierrotti e Júlio Oliveira, o espetáculo estreia em 14 de janeiro no Teatro Itália, para uma temporada até 22 de março. Foto: Terci Melo


O clássico cinematográfico "O Segredo de Brokeback Mountain", vencedor de três Oscars, chega a São Paulo em sua segunda montagem oficial em todo o mundo. Estrelado por Marcéu Pierrotti e Júlio Oliveira, o espetáculo estreia em 14 de janeiro no Teatro Itália, para uma temporada até 22 de março. A primeira montagem do espetáculo aconteceu em Londres, em 2023, com Mike Faist e Lucas Hedges nos papéis principais, conquistando diversos prêmios e aclamação do público e da crítica. No Brasil, dirigida por Moacyr Góes, a peça estreou no Rio de Janeiro em 2024. A versão brasileira conta com trilha sonora original de Dan Gillespie Sells e texto de Ashley Robinson traduzido por Miguel Góes.

Com uma estreia impactante em 2005, “Brokeback Mountain” se tornou um marco na história do cinema contemporâneo. Dirigido por Ang Lee e estrelado por Heath Ledger e Jake Gyllenhaal, o filme rompeu barreiras ao tratar com sensibilidade e profundidade o amor entre dois homens em um contexto de repressão e preconceito. Além de conquistar o público e a crítica, a obra provocou debates intensos sobre masculinidade, afetividade e representação LGBTQIA+ nas telas, abrindo caminho para uma nova geração de narrativas mais inclusivas e humanas. Vencedor de três Oscars - incluindo Melhor Direção -, o filme é considerado um símbolo da força do cinema em transformar percepções sociais.

Em 2023, “Brokeback Mountain” ganhou uma nova vida nos palcos de Londres, em uma adaptação teatral emocionante apresentada no Soho Place Theatre. Com direção de Jonathan Butterell e texto de Ashley Robinson, o espetáculo contou com a trilha sonora original de Dan Gillespie Sells, interpretada ao vivo, recriando com delicadeza o universo íntimo e melancólico dos personagens. A montagem foi amplamente aclamada pela crítica britânica, destacando-se pela interpretação sensível de Mike Faist e Lucas Hedges nos papéis principais.

A produção foi indicada e premiada em diversas categorias no WhatsOnStage Awards e no Evening Standard Theatre Awards, consolidando-se como uma das experiências teatrais mais marcantes do período. Em 2024, após sua temporada londrina, a peça reafirmou o poder atemporal da história de Ennis e Jack - uma narrativa sobre amor, silêncio e coragem -, provando que “Brokeback Mountain” continua ecoando com a mesma força e relevância quase duas décadas após seu lançamento. A peça “O Segredo de Brokeback Mountain” é uma realização Avante Produções.


Sinopse
"O Segredo de Brokeback Mountain" é uma história de amor entre dois cowboys no interior dos Estados Unidos na década de 60. Jack Twist e Ennis del Mar são jovens que se conhecem ao serem contratados para cuidar das ovelhas de Joe Aguirre em Brokeback Mountain. Os dois cowboys, pobres, ao passarem semanas isolados, no frio e em más condições de trabalho, começam a criar uma intimidade que se transforma em um romance intenso e conflituado. 

Com o fim do trabalho, voltam às suas vidas, deixando um enorme pedaço de quem são em Brokeback Mountain - e que passam o resto de suas vidas tentando recuperar. A peça é de Ashley Robinson, adaptada do conto de Annie Proulx, que teve uma notória e premiada versão de Ang Lee para o cinema. A história atravessa personagens profundamente humanos e faz pensar sobre a intolerância, os medos, as fragilidades, os interditos e o poder do amor.


Serviço
"O Segredo de Brokeback Mountain"
Idealização: Marcelo Brou
Texto: Ashley Robinson
Tradução: Miguel Góes
Direção: Moacyr Góes
Elenco: Marcéu Pierrotti, Júlio Oliveira, Arlete Heringer, Daniel Tonsig, e Eduardo Rieche Francis Helena Cozta e Marcelo Brou.
Banda: Breno Ganz, Júlia Maez e Milena Suzano
Duração: 90 minutos.
Classificação: 16 anos.
Gênero: drama
Temporada: de 14 de janeiro a 26 de março de 2026, as quartas e quintas, às 20h
Ingressos: R$ 100,00 | R$ 50,00 (meia-entrada)
Vendas pelo site: https://bileto.sympla.com.br/event/113440

Horário de bilheteria
Abre duas horas antes do início do espetáculo
Teatro Itália | 302 lugares
Av. Ipiranga, 344 - República - São Paulo

Ficha técnica
Idealização: Marcelo Brou
Texto: Ashley Robinson
Tradução: Miguel Góes
Direção: Moacyr Góes
Elenco: Marcéu Pierrotti (Ennis del Mar), Júlio Oliveira (Jack Twist), Daniel Tonsig (alternante de Ennis Del Mar), Marcelo Brou (Ennis Del Mar mais velho), Arlete Heringer (Garçonete e Mãe de Jack), Francis Helena Cozta (Alma), Eduardo Rieche (Joe Aguirre, Bill e Pai de Jack)
Atenção: o elenco desse espetáculo pode sofrer alterações sem aviso prévio.
Banda: Breno Ganz, Milena Suzano e Júlia Maez
Assistência de Direção: Daniela Stirbulov
Preparadora vocal: Ângela Castro
Direção de produção: Júlio Oliveira
Assistência de produção: Yelon Daniel
Direção de musical: Breno Ganz
Designer de luz: Adriana Ortiz
Designer: Júlia Maez
Figurino: Ana Elisa Schumacher
Assessoria de imprensa: Flavia Fusco Comunicação
Produção: Avante Produções

sábado, 22 de novembro de 2025

.: No musical "Titanique", Céline Dion assume o leme e vira furacão pop


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com
Foto: Caio Gallucci

Há algo deliciosamente profano em ver o mito do navio Titanic ser desmontado, reconfigurado e servido como um grande cabaré marítimo onde Céline Dion, diva absoluta do exagero emocional e dos hits românticos, transforma o naufrágio mais famoso do cinema em uma ópera pop de humor ácido, brilho extravagante e inteligência cênica. "Titanique - O Musical" zomba, com respeito, do clássico de James Cameron, para, paradoxalmente, homenageá-lo com mais amor do que reverência. 

Sob a direção lúcida e debochadamente precisa de Gustavo Barchilon, o espetáculo entende que o segredo do riso não está no pastelão gratuito, mas na consciência estética da própria precariedade. O exagero é método, o nonsense é linguagem e o camp é tratado como filosofia de palco. É besteirol? Sim. Mas do mais alto nível, como quem ri sabendo exatamente de onde vem a piada. Há glamour, deboche e genialidade.

No centro desse furacão pop está Alessandra Maestrini, simplesmente avassaladora como Céline Dion. Sua performance é um espetáculo dentro do espetáculo. Ela incorpora, ironiza e usa a potência vocal com precisão cirúrgica, sem jamais abandonar o timing cômico que a transforma em uma narradora tão divina quanto ridiculamente humana. Há elegância na caricatura dela, há humor sofisticado na diva que ela interpreta, e há classe até quando tudo parece desabar. É Céline Dion como você nunca viu e talvez como sempre imaginou, no fundo.

Ao seu lado, Giulia Nadruz constrói uma Rose que flutua entre a delicadeza romântica e uma ironia sutil absolutamente vital para o jogo cênico. A beleza delicada encontra na experiência brilhante do teatro musical uma camada extra de inteligência dramática. É uma Rose que sabe que está dentro de um delírio e se diverte com isso. Luis Lobianco, recém-saído da televisão como o controverso Freitas de "Vale Tudo", encontra nesse espetáculo outro campo fértil para o humor ferino. A Ruth de Lobianco é cruel, afetada e debochada na medida certa. Marcos Veras sustenta um Jack que talvez não seja o mais heroico, mas certamente é o mais autoconsciente. 

Musicalmente, "Titanique" passeia pelos grandes hits de Céline Dion com energia e irreverência - “My Heart Will Go On” está lá, em toda sua glória piegas e monumental - mas o espetáculo não se prende à nostalgia fácil. Pelo contrário: faz dela uma arma, uma piada, um gesto político queer que transforma o passado em festa, a tragédia em carnaval, o drama em delícia pop.

É impossível sair ileso. Não porque emociona apenas, mas porque desmonta a ideia de que o riso precisa ser raso. Aqui, rir é um ato sofisticado. É entender que a cultura pop também pensa, critica, ironiza e reinventa. O palco vira navio e nele o público se vê refletido na fome por exagero, por catarse, por um espetáculo que não pede desculpas por ser excessivo. "Titanique - O Musical" não afunda. Pelo contrário, ele boia, dança, desafia o iceberg do bom gosto conservador e transforma a tragédia em celebração. E se for para naufragar, que seja ao som de Céline Dion, com luzes, plumas e um público gargalhando em estado de puro êxtase.


"Titanique - O Musical" | Ficha técnica
Direção artística: Gustavo Barchilon 
Elenco: Alessandra Maestrini (Celine Dion), Marcos Veras (Jack), Giulia Nadruz (Rose), Luis Lobianco (Ruth - mãe da Rose), George Sauma (Carl), Wendell Bendelack (Victor Garber), Valéria Barcellos (Tina Turner), Talita Real (Molly Brown), Matheus Ribeiro (Marinheiro), Luiza Lapa, Marcos Lanza e Luan Carvalho.
Direção artística: Gustavo Barchilon
Direção de produção: Thiago Hofman
Direção musical | Arranjo | Orquestração: Thiago Gimenes 
Desenho de luz: Maneco Quinderé
Direção de movimento: Alonso Barros
Figurino: Theo Cochrane
Cenografia: Natália Lana
Visagismo: Feliciano San Roman
Design de som: João Baracho
Assistentes de direção: Talita Real e Gabi Camisotti

"Titanique - O Musical" | Serviço
Local: Teatro Sabesp Frei Caneca - Shopping Frei Caneca
Endereço: Rua Frei Caneca, nº 569 • 7° Piso I Consolação • São Paulo • SP
Temporada: 11 de outubro a 14 de dezembro de 2025
Sessões: Sábados às 17h e 20h e Domingos às 15h e 18h 
Duração: 110 minutos
Capacidade: 600 pessoas
Classificação indicativa: 12 anos 

Bilheteria do Teatro Sabesp Frei Caneca • Sem incidência de Taxa de Serviço
7º Piso do Shopping Frei Caneca
Rua Frei Caneca, nº 569 • 7° Piso I Consolação • São Paulo • SP
Horário de funcionamento: terça-feira a domingo, das 12h00 às 15h00, e das 16h00 às 19h00, e segunda-feira bilheteria fechada.

.: “Beetlejuice”: musical reafirma pacto com absurdo e encontra nova pulsação


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com

Se existe algo mais perigoso do que invocar Beetlejuice três vezes, é subestimar o poder de um elenco que entende o caos como linguagem e o grotesco como celebração. Na nova temporada paulistana, em cartaz até 30 de novembro no Teatro Liberdade, “Beetlejuice - O Musical” não apenas confirma o status de fenômeno premiado. O espetáculo se reinventa no detalhe, na troca de energia, no risco calculado de quem sabe que a morte - quando bem encenada - é uma forma superior de estar vivo.

Os críticos do portal Resenhando.com assistiram ao espetáculo com Fabrizio Gorziza, substituto de Eduardo Sterblitch, e o que poderia ser uma simples alternância transforma-se em afirmação artística. O Beetlejuice de Gorziza é menos caricatura e mais veneno cênico elegante: há um brilho perverso no olhar, um domínio vocal seguro e um timing cômico que beira o insolente. E ele não entra tímido nesse universo: chega como um mestre de cerimônias do além, confortável em sua irreverência e perigosamente magnético. Em cena, não sobra espaço vazio - tudo vibra sob a presença desse artista que sempre é outro a cada novo personagem.

E quando o espetáculo poderia se perder em sua própria grandiloquência visual, surge Pâmela Rossini como Lydia Deetz para lembrar que carisma não se fabrica, mas se sustenta. Com a bagagem de quem já foi Wandinha e Elphaba em musicais anteriores, Rossini imprime à personagem uma densidade rara: é gótica, sim, e nunca rasa. A voz dela é um acontecimento à parte - forte, expressiva, tecnicamente impecável - e a atuação dessa atriz cria um contraste delicioso entre melancolia e ironia. Lydia, nas mãos dela, é uma adolescente em luto que zomba da própria sombra. E brilha. Sempre.

Ivan Parente, como o fantasma Adam Maitland, é daqueles acertos que arrancam risos e aplausos sem esforço... aparente. Está impagável e lírico neste personagem. Há uma comicidade fina na composição dele, mas também um cuidado afetuoso que humaniza o absurdo de um homem que acabou de morrer e precisa assombrar a casa para afastar novos moradores. O talento dele irrompe em cena com naturalidade, como quem compreende que o humor mais inteligente não grita: seduz.

É importante sublinhar: “Beetlejuice - O Musical” não é um espetáculo para crianças. O texto brinca com duplos sentidos, palavrões e humor ácido - ainda bem. A obra respeita a própria inteligência e confia no espectador. Não higieniza o riso, não suaviza o grotesco, não pede desculpas pela ousadia. Pelo contrário: celebra e faz dela um manifesto festivo sobre a precariedade humana, sobre rir da morte para insistir na vida.

A direção de Tadeu Aguiar mantém a engrenagem afinada entre espetáculo visual e emoção sincera. Cenários, figurinos, luz entre o roxo e o verde e coreografias operam como um organismo pulsante que envolve a plateia numa estética de Tim Burton, que consagrou o personagem em duas produçoes cinematográficas, e não se limita à nostalgia: atualiza, provoca e expande. "Beetlejuice - O Musical” é sombrio, divertido, debochado e tecnicamente irrepreensível. Uma espécie de lembrete torto de que o teatro, quando se permite ser estranho, também se torna lendário. E que, às vezes, os mortos são muito mais interessantes do que os vivos.

Serviço
"Beetlejuice - O Musical"
Teatro Liberdade | Rua São Joaquim, 129 - Liberdade / São Paulo
Temporada: até dia 30 de novembro

Sessões
Quarta a sexta-feira, às 20h00 | Sábado, às 16h00 e às 21h00 | Domingo, às 16h00 às e às 20h30
*O elenco pode sofrer alterações sem prévio aviso.
Duração: 2h30m (com intervalo de 15m)
Classificação: 14 anos

Valores
Plateia Premium: R$350,00 (Inteira)  R$175,00 (Meia-entrada)
Plateia R$280,00 (Inteira)  R$140,00 (Meia-entrada)
Balcão A Visão Parcial: R$170,00 (Inteira)  R$85,00 (Meia-entrada)
Balcão A: R$240,00 (Inteira)  R$120,00 (Meia-entrada)
Balcão B : R$190,00 (Inteira)  R$95,00 (Meia-entrada)
Ingresso Popular*: R$42,36 (Inteira)  R$21,18 (Meia-entrada)
*Os ingressos populares são válidos em todos os setores, sujeito à disponibilidade

Vendas:
Internet (com taxa de conveniência): https://www.sympla.com.br/
Funcionamento de bilheteria física (sem taxa de conveniência)
Atendimento presencial: de terça à sábado das 13h00 às 19h00. Domingos e feriados apenas em dias de espetáculos até o início da apresentação.
Formas de pagamento: dinheiro, cartão de débito ou crédito.

.: Crítica: “Um Dia Muito Especial” revela o lado mais visceral de Gianecchini


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com
Foto: Priscila Prade

O que acontece quando Reynaldo Gianecchini e Maria Casadevall são colocados no mesmo palco, sob a direção sensível e precisa de Alexandre Reinecke, em plena Roma de 1938, com Mussolini e Hitler desfilando suas sombras ao fundo? A resposta é, de certa forma, simples e ao mesmo tempo devastadora: surge um teatro que lembra que a política, o amor e a humanidade não podem ser separados. “Um Dia Muito Especial” vai além da transposição de um clássico do cinema italiano para o palco brasileiro, é um ensaio sobre o que torna as pessoas vulneráveis e, ao mesmo tempo, extraordinárias. 

Maria Casadevall, no papel de Antonietta, dá vida a uma mulher submissa, esmagada pelo machismo e pela rotina doméstica, mas que consegue despertar afeto sem jamais se tornar apenas objeto de piedade. É impossível não se emocionar com cada gesto, cada pausa, cada olhar que ela entrega. É uma grande atriz que ficou conhecida na televisão em um momento impressionante da carreira, desta vez no teatro - lugar em que consegue elevar a arte dela a um patamar que beira o sagrado.

Gianecchini, por sua vez, está em um momento raro de visceralidade teatral. O Gabriele interpretado por ele, recém-demitido por ser homossexual, é alguém que faz o público confrontar os próprios preconceitos e, por vezes, a covardia. A química do ator com Maria Casadevall é elétrica, mas nunca óbvia. Eles conversam, trocam e, mais importante, tornam os espectadores cúmplices de um amor platônico que não precisa de cenas grandiosas para ser arrebatador. É. E ponto. 

Quando Gianechini berra em plenos pulmões, em uma cena tensa e ao mesmo tempo comovente, ele se coroa como ator de teatro, um lugar que sempre foi dele, mas que precisou ser conquistado e merecido. Essa consagração vai além do número de peças que ele vem apresentando desde que passou a ter autonomia para escolher os projetos que quer fazer, mas principalmente em relação às histórias que ele escolhe contar.

O espetáculo vai além do romance: desenha o fascismo, não com cartazes ou discursos, mas a partir da vida das pessoas comuns, dos pontos de vista conflitantes, das escolhas assumidas e das limitações apresentadas pelos personagens. É nessa tensão que o texto de Ettore Scola e Ruggero Maccari, traduzido por Célia Tolentino e adaptado por Reinecke, encontra seu respiro: cada diálogo é uma provocação.

Tecnicamente, a montagem é impecável. Marco Lima e Cesar Pivetti transformam o palco em um mosaico de intimidade e história, enquanto Dan Maia, com a trilha sonora, consegue fazer a música dialogar com a dor, a esperança e o absurdo da existência. A iluminação, o figurino e o design gráfico completam o quadro de maneira tão sutil quanto necessária: nada rouba a atenção do que realmente importa - a conexão entre os personagens e, por extensão, com o público. A atriz Carolina Stofella tem uma participação singela, mas marcante.

Nesse duelo de talentos, os espectadores têm a chance de sair do Teatro Sérgio Cardoso diferente de como entrou. Mais atento, mais sensível, mais inquieto. Dizem que a marca dos grandes espetáculos é transformar quem assiste a partir de uma boa história. “Um Dia Muito Especial” convida a sentir com urgência. Se você acredita que o teatro é apenas entretenimento, ou quer assistir a uma história de amor "levinha", prepare-se para se surpreender. Nesse espetáculo, a política, o amor e a coragem se entrelaçam de maneira tão natural que, durante a apresentação, é possível que os espectadores se sintam participantes de um diálogo impossível de ignorar.


Ficha técnica
"Um Dia Muito Especial" 
Autor: Ettore Scola e Ruggero Maccari
Tradução: Célia Tolentino
Adaptação: Alexandre Reinecke
Direção Geral: Alexandre Reinecke
Elenco: Reynaldo Gianecchini, Maria Casadevall, Carolina Stofella
Direção de Produção: Marcella Guttmann
Produção Executiva: Tatiane Zeitunlian
Assistência de Produção: Erica Paloma
Assistência de Direção: Carolina Stofella
Design Gráfico: Victória Andrade
Iluminação: Cesar Pivetti
Cenários: Marco Lima
Fotografia: Priscila Prade
Trilha Sonora: Dan Maia
Hair Stylist e Visagismo: Robson Souza
Makeup Artist: Beatriz Ramm 
Figurino Masculino: Ricardo Almeida
Figurinos Femininos: Debora Ceccatto
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Operação de Luz: Rodrigo Pivetti 
Produtores associados: Reynaldo Gianecchini e Alexandre Reinecke
Realização: Reinecke Produções Culturais Ltda.


Serviço
"Um Dia Muito Especial"
Direção Alexandre Reinecke com Maria Casadevall e Reynaldo Gianecchini
Temporada: até dia 30 de novembro, sexta-feira, às 20h00; sábado, às 17h00 e às 20h00, e domingo, às 17h00
Ingressos entre R$ 70,00 e R$ 200,00 | Sympla
Duração: 90 minutos 
Classificação etária:10 anos 
Local: Teatro Sérgio Cardoso | Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista, São Paulo/SP
Capacidade: 827 lugares
Bilheteria: Aberta nos dias de espetáculos, das 14h00 até o horário da atração.
Contato bilheteria: (11) 3288-0136

terça-feira, 18 de novembro de 2025

.: "A Sabedoria dos Pais" reúne Natália do Vale e Herson Capri no teatro


Comédia romântica, que estreia no dia 26 de fevereiro, no Teatro Bradesco, marca o retorno da atriz aos palcos, após 23 anos, e o reencontro em cena com Herson. Fotos: Nana Moraes

Amigos de longa data, os atores Natália do Vale e Herson Capri celebram 50 anos de carreira em 2025 com o espetáculo "A Sabedoria dos Pais", de Miguel Falabella, escrito especialmente para a dupla. Depois de 23 anos, Natália volta aos palcos, seu último trabalho no teatro foi Capitanias Hereditárias, também de Falabella, em 2002, e reencontra Herson, com quem contracenou na novela "Em Família", de Manoel Carlos, em 2014. Após estreia no Rio de Janeiro, a montagem chega a São Paulo para temporada no Teatro Bradesco, de 26 de fevereiro a 21 de março, com sessões de quinta a sábado às 20h00 e aos domingos, às 19h00.

“Durante grande parte da minha carreira, eu sempre fiz teatro e televisão ao mesmo tempo. Mas, nos últimos anos, eu não queria mais fazer desta forma. E agora eu posso me dedicar mais ao teatro, como não estou fazendo TV, e ter uma parte da minha vida dedicada ao palco. Esse projeto nosso, com Miguel, é antigo. Fizemos irmãos numa novela ("O Outro", de 1987). E viramos irmãos. Nosso afeto vem de mais de 30 anos”, explica Natália, sobre as mais de duas décadas longe do tablado. 

Este é o terceiro trabalho da atriz com Herson. Eles atuaram juntos na novela "Negócio da China", de 2009, escrita por Miguel. “Eu e Natália nos damos muito bem em cena. Começamos as leituras na casa dela. Natália é gentil e acolhedora, temos uma ótima conexão, e com o Miguel também. Os ensaios foram muito alegres, estou feliz em fazer um texto inédito dele", entrega Herson. Dirigida por Falabella, a montagem aborda recomeços, amadurecimento e as possibilidades do amor depois de uma vida inteira compartilhada. 

A história narra a trajetória de um casal que, após 35 anos de um casamento aparentemente perfeito, decide se separar. Nos dez anos que se seguem, cada um busca novos caminhos, novas experiências. Um aprende a viver sem o outro, ambos guiados pelas lembranças e ensinamentos de seus pais, que tiveram casamentos duradouros.

Neste processo, enquanto tentam construir novas vidas, eles seguem movidos pela esperança e, com humor e delicadeza, percorrem temas como etarismo, reinvenção pessoal e a continuidade da vida afetiva na maturidade. O espetáculo é atravessado por afeto, cumplicidade e verdade, celebrando os encontros e desencontros da vida a dois e a eterna busca pelo sentido das relações humanas. O histórico reencontro em cena de Natália do Vale e Herson Capri vai brindar o público com uma experiência sensível, divertida e inesquecível, sob a batuta de Miguel Falabella.  


"A Sabedoria dos Pais" | Ficha técnica
Texto e Direção: Miguel Falabella. Elenco: Natália do Vale e Herson Capri. Assistente de direção: Edwin Luisi. Cenário: Turíbio e Zezinho Santos Arquitetura. Luz: Paulo César Medeiros. Trilha Sonora: Leandro Lapagesse. Vídeo: Richard Luiz. Figurino: Marco Pacheco e Jemima Tuany. Assistente de Produção: Pillar Paiva. Assessoria de Comunicação: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Produção executiva: Robert Litig. Direção de Produção: Theo Falabella.
 

"A Sabedoria dos Pais" | Serviço
Estreia dia 26 de fevereiro de 2026.
Temporada: de 26 de fevereiro a 21 de março - Quinta a sábado, às 20h00. Domingo, às 19h00.
Ingressos a partir de R$ 50,00
Duração: 90 minutos.
Classificação etária: 12 anos

domingo, 16 de novembro de 2025

.: Amaury Lorenzo estreia o solo "A Luta", baseado no livro "Os Sertões"


Com adaptação de Ivan Jaf, da terceira parte do livro sobre a Guerra de Canudos, e direção de Rose Abdallah, a peça coleciona várias indicações de Melhor Ator. Foto: Guga Melgar


Há dois anos em turnê pelo Brasil, a peça "A Luta" estreia dia 21 de novembro, no Teatro BDO Jaraguá, trazendo um dos mais reverenciados atores da nova geração, Amaury Lorenzo, que trouxe para a TV personagens como Ramiro, de "Terra e Paixão", e Gilmar, da novela "Três Graças". O solo transforma o ator Amaury Lorenzo em um rapsodo (trovador). Os rapsodos cantavam a "Ilíada" e a "Odisseia", de Homero, mantendo essas longas epopeias vivas pela fala e a memória, antes de poderem ser escritas.

Da mesma maneira, podemos imaginar a Guerra de Canudos, segundo a visão de Euclides da Cunha, sendo narrada por um “contador de histórias” diante de uma plateia. Um só ator, usando a fala e o corpo, conta as sucessivas investidas do exército brasileiro contra o arraial e a reação de seus habitantes. “O que me impressiona na obra de Euclides da Cunha é a riqueza de detalhes. O texto fala da construção da identidade brasileira, e percebo que a plateia vai sentindo comigo o cheiro daquela guerra, o cheiro daquelas pessoas. E esse é nosso objetivo, levar essa narrativa poderosa a mais gente. Muitos vão ao teatro porque me conhecem da TV e acabam se emocionando com uma aula de história, que nos faz entender de onde viemos, e assim, passamos a ter mais possibilidades de construir um futuro melhor”, conta Amaury.

Nessa terceira e última parte de "Os Sertões", Euclides criou uma simbologia poderosa, abandonando a linguagem acadêmica para traduzir jornalisticamente uma guerra de ideias: a luta entre as forças republicanas que traziam a modernidade contra o obscurantismo religioso que alicerçava a monarquia: os brasileiros do litoral contra os do interior; as elites contra o povo; a fé contra a razão provocando a união dos dois lados pela intolerância e a violência.

"A Luta" é uma guerra arquetípica, mitológica, portanto, será sempre atual para entender a formação do Brasil. É uma peça para nos questionar enquanto sociedade. O retumbante fracasso dos dois lados, com a violência sem sentido de ambos, é o resultado da nossa triste ignorância que infelizmente perdura”, resume a diretora da montagem. Nesta montagem, Amaury Lorenzo recebeu as indicações de Melhor Ator pelos Prêmios Cesgranrio de Teatro 2023, Cenym 2023 e Fita 2023.


"A Luta" | Ficha técnica
Autor: Ivan Jaf
Direção: Rose Abdallah
Ator: Amaury Lorenzo
Direção de movimento: Amaury Lorenzo e Johayne Hildefonso
Direção de arte: Rose Abdallah
Iluminação: Ricardo Meteoro
Música original gravada: Alexandre Dacosta
Pesquisa sonora e preparação vocal: Amaury Lorenzo
Vídeo: Sérgio Lobato (Cambará Filmes)
Fotos: Débora Agostini e Guga Melgar
Assessoria de Imprensa Teatro BDO Jaraguá: Liège Monteiro e Luiz Fernando Coutinho
Identidade visual: Inova Brand
Produção executiva: Marcio Netto
Direção de produção: Amaury Lorenzo e Sandro Rabello
Realização: Bambu Produções e Diga Sim Produções


"A Luta" | Serviço
Gênero: Solo dramático
Estreia: 21/11/25, sexta-feira
Temporada: de 22/11 a 21/12/25
Horários: sexta-feira, 22h, sábados, 21h, e domingos, 19h
Ingressos: R$ 150,00 | R$ 75,00 (meia)
Duração: 60 minutos
Indicação etária: 14 anos
Local: Teatro BDO Jaraguá
Endereço: Rua Martins Fontes, nº 71, Centro, São Paulo, SP (Metrô Anhangabaú)
Telefone: 11 2802-7075
Bilheteria: A partir das 18h de sextas-feiras bilheteria@teatrobdojaragua.com.br ou pelo link: https://bileto.sympla.com.br/event/112950
Capacidade: 260 lugares
Estacionamento: no local pela Estapar através da entrada principal do hotel com valor reduzido de R$ 30 (trinta reais) por até 4h, valorizando a experiência “espetáculo + Bar do Clóvis + Restaurante W3 do hotel Nacional In Jaraguá. Você pode reservar seu jantar pelo telefone 11-2802-7035.

.: "Aurora", peça dedicada ao escritor Paulo Mendes Campos, estreia no CCSP


Mescla de teatro, sarau, happening, festa e até ópera set, Aurora - Uma homenagem à obra de Paulo Mendes Campos estreia dia 27 de novembro no CCSP. Com direção de Rodrigo Penna, espetáculo é livremente inspirado nas crônicas e na obra do escritor mineiro e passeia por temas como a condição humana, a ternura, a doçura, o amor e a falta desse sentimento. Foto: Larissa Vieira


Um dos mais importantes cronistas brasileiros, o escritor, poeta e jornalista mineiro Paulo Mendes Campos (1922-1991) tem seu legado celebrado em "Aurora - Uma Homenagem à Obra de Paulo Mendes Campos", idealizado e dirigido pelo produtor cultural e diretor Rodrigo Penna, com consultoria de roteiro de Adriana Falcão. O espetáculo, livremente inspirado na vida e em toda a obra do escritor, com olhar especial para a coletânea “O Amor Acaba - Crônicas Líricas e Existenciais” (1999), tem sua temporada de estreia no Centro Cultural São Paulo (CCSP), de 27 de novembro a 14 de dezembro de 2025, com sessões de quinta a sábado, às 20h00, e domingos às 19h00. No elenco, estão Julia Konrad, Gustavo Damasce no e Kadu Garcia.

A peça, que não tem uma estrutura dramatúrgica tradicional, com linearidade, curva dramática e personagens, é uma espécie de jogos de cenas e sentimentos da vida e da obra de Paulo Mendes Campos, como explica o diretor Rodrigo Penna. “É quase como uma coletânea de crônicas sobre ele que fiz ao longo dos anos. Já foram mais de 40 versões desse roteiro, baseado em muitas leituras aqui em casa, muita pesquisa de texto e muito bate-papo com a Adriana Falcão, minha consultora para roteiro”, diz.

“Sempre tive uma ligação com literatura e poesia e criei o Projeto Ambiente, um sarau contemporâneo com multilinguagens da palavra há 25 anos. Fiquei louco pelo Paulo Mendes quando a Adriana me apresentou a crônica ‘Para Maria da Graça’. Logo comprei o livro e fui atrás de tudo o que podia encontrar sobre o autor. Na época, eu estava fazendo turnê da festa ‘Bailinho’, que foi um sucesso, e devorei o livro em minhas viagens pelo Brasil”, acrescenta.

O diretor ainda conta que a palavra, expressa a partir de diferentes linguagens, é a grande força motriz do trabalho. “Nossa matéria prima é a palavra, o meio e o fim, como iguarias, jóias preciosas, tudo gira em torno da palavra. É o que queremos; espalhar a palavra do Paulo Brasil afora. A peça é uma dança entre diferentes linguagens, poéticas, em prosa, mídias e plataformas diversas, mas tudo em prol da palavra - até como ação e protesto. Todos são Paulo Mendes Campos e, ao mesmo tempo, todas são também suas musas, os personagens, as cenas. A peça fala sobre todo mundo, sobre a humanidade, a ternura, a doçura, o amor, a falta de amor, o excesso de amor, o conflito do amor. Um grande jogo de cenas e sentimentos”.

E, para construir essa atmosfera, o espetáculo aposta na ambiência, criada com sonoplastia, beats e ritmos, em união com projeções do artista visual Batman Zavareze, a cenografia de Marcos Figueroa, os figurinos de Marie Salles e o design de Billy Bacon. “Buscamos como referências as cores azul, que é a que ele mais explora, e o vermelho, que representa a própria origem do Paulo Mendes, que nasceu em Minas e, mesmo tendo vivido e morrido no Rio tem essa coisa mineira muito presente nas suas obras. Também buscamos referências na iconografia da arte de rua, no grafitti, no lambe-lambe e na risografia”.

A direção de Rodrigo Penna tem como forte referência e também presta uma homenagem ao trabalho do ator e diretor carioca Aderbal Freire Filho (1941-2023), que desenvolveu uma pesquisa intitulada por ele mesmo como “romance-em-cena”. Já a trilha sonora, assinada pelo próprio diretor ao lado de Chico Beltrão e Dani Roland, explora sonoridades pop e dialoga tanto com um público mais velho como com a juventude.Compre o livro de Paulo Mendes Campos neste link.

Sobre Paulo Mendes Campos
Conhecido como um dos “Quatro Cavaleiros do Apocalipse” da crônica brasileira, ao lado dos também mineiros e amigos de Fernando Sabino, Otto Lara Resende e Hélio Pellegrino, o escritor, poeta e jornalista Paulo Mendes Campos nasceu em Belo Horizonte em 1922 e mudou-se para o Rio de Janeiro em 1945. 

Ele colaborou com os principais veículos da imprensa carioca, como os jornais Correio da Manhã e Diário Carioca, no qual manteve a coluna diária “Primeiro Plano”, e a revista Manchete. Também foi diretor de Obras Raras da Biblioteca Nacional. Entre seus livros publicados, estão “O Cego de Ipanema” (1960), “Homenzinho na Ventania” (1962), “O Colunista do Morro (1965), “Antologia Brasileira de Humorismo” (1965), “Hora do Recreio” (1967), “O Anjo Bêbado” (1969), “Os Bares Morrem Numa Quarta-feira” (1980), “O Amor Acaba - Crônicas Líricas e Existenciais” (1999), “Brasil Brasileiro - Crônicas do País, das Cidades e do Povo” (2000), “Alhos e Bugalhos” (2000), “Cisne de Feltro” (2000), “Murais de Vinícius e Outros Perfis” (2000), “O Gol é Necessário” (2000), “Artigo Indefinido” ( 2000), “De Um Caderno Cinzento - Apanhadas no Chão” (2000), “Balé do Pato e Outras Crônicas” (2003) e “Quatro Histórias de Ladrão” ( 2005).

Além disso, atuou como tradutor de prosa e poesia de grandes nomes da literatura mundial, como Júlio Verne, Oscar Wilde, Jane Austen, Jorge Luis Borges, William Shakespeare, William Butler Yeats, C. S. Lewis, Charles Dickens, Gustave Flaubert, Guy de Maupassant, Pablo Neruda e outros.

Sobre Rodrigo Penna - diretor e idealizador
Rodrigo Penna participou de novelas de grande sucesso como “Top Model, “Vamp” e “Paraíso Tropical”, além de séries e minisséries como “Engraçadinha” e “JK”.  Seu primeiro sucesso no teatro foi aos 12 anos, com a peça "Menino Maluquinho“. Destacam-se ainda em sua trajetória no teatro os espetáculos “Mãe Coragem”, com direção de Daniela Thomaz, e “O Ateneu” com direção de Carlos Wilson e “Esplêndidos”, com direção de Daniel Herz, no qual dividiu o palco com nomes como Nelson Xavier, Gabriel Braga Nunes e Selton Mello.  Em 2006, dirigiu seu primeiro espetáculo “Eu Nunca Disse que Prestava”, do qual também assinou a dramaturgia, como base em textos de Adriana Falcão e Luciana Pessanha.  DJ, produtor e performer, é também idealizador de marcantes eventos   como o “Projeto Ambiente”, um sarau contemporâneo com multilinguagens da palavra, e “Bailinho” a prestigiada e disputada balada das noites cariocas. 


"Aurora - Uma Homenagem à Obra de Paulo Mendes Campos" | Ficha técnica
Adaptação, concepção e direção geral: Rodrigo Penna
Elenco: Júlia Konrad, Kadu Garcia e Gustavo Damasceno
Direção de Produção: Rubim Produções, Tatyana Rubim
Participação Especial: Teuda Bara
Cenografia: Marcus Figueiroa
Figurino: Marie Salles
Direção de arte: Marie Salles e Marcus Figueiroa
Iluminação: Lina Kaplan
Direção de movimento: Márcia Rubin
Consultoria de roteiro: Adriana Falcão
Trilha sonora: Chico Beltrão, Daniel Roland e Rodrigo Penna
Audiovisual: Batman Zavareze, Produção BH, Sartre
Produção RJ: Clarah Borges e Lucas Gustavo
Edição Audiovisual (projeções): Gabi Paschoal
Participação Especial em Vídeo: Lázaro Ramos
Vídeos participações especiais: Fred Tonucci (Teuda), Adriana Penna
Produtora Associada/temporada SP: Fábrica de Eventos
Assessoria de imprensa: Pombo Correio -SP


"Aurora - Uma Homenagem à Obra de Paulo Mendes Campos" | Serviço
Temporada: 27 de novembro a 14 de dezembro de 2025. Quinta a sábado às 20h, domingo às 19h.
Centro Cultural São Paulo - Rua Vergueiro, 1000, Liberdade, São Paulo
Ingressos: Gratuitos. Ingressos disponíveis diretamente no site do CCSP e presencialmente. A retirada presencial acontece a partir das 14h do dia anterior à sessão (iniciando em 26/11).
Bilheteria: terça a sábado, 13h às 22h; e aos domingos e feriados, das 12h às 21h |
Telefone: (11) 3397-4277
Classificação: 12 anos
Duração: 80 minutos
Capacidade: 320 lugares
Acessibilidade: sala acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida

sábado, 1 de novembro de 2025

.: "Mamão Papai" estreia para encenar experiências femininas de violência


Em uma tentativa de reconexão com o pai, num reencontro familiar caótico e constrangedor, uma mulher compartilha suas vivências eróticas e afetivas. Na imagem, Pâmela Côto em "Mamão Papai". Foto: Rafaela Guitel

Partindo da ideia de que é possível haver outras formas de viver como mulher, para além do que é socialmente esperado, Pâmela Côto criou o solo "Mamão Papai". Com direção de Carla Zanini, o trabalho faz apresentações no Teatro Arthur Azevedo entre os dias 6 e 16 de novembro, de quarta a sexta-feira, às 20h00, e sábados e domingos, às 18h00 e às 20h00.

O projeto também conta com a realização de workshops gratuitos que ainda acontecem entre outubro e novembro na Casa de Cultura do Butantã e no Teatro Arthur Azevedo. As atividades abordam produção executiva, com a produtora cultural Thaís Venitt; e direção cênica, conduzida por Carla Zanini, oferecendo diferentes perspectivas sobre a criação artística e promovendo a troca de experiências entre artistas, público e novos profissionais interessados em se aproximar das artes cênicas. Informações e links para inscrição no perfil @mamaopapaiteatro.

Sobre o espetáculo
Na trama da peça, que tem colaboração dramatúrgica de Maria Isabel Iorio, uma mulher atravessa memórias eróticas e afetivas, em uma tentativa de reconexão com o pai, depois de anos de silêncio, num reencontro familiar. A protagonista relembra histórias de afetos que são atravessadas por diversas formas de violência, principalmente envolvendo figuras masculinas. “Mas ela precisa reconstruir essas narrativas e, nessa trajetória, resgata muitas memórias eróticas, que trazem o prazer numa perspectiva ativa, questionando o seu papel social esperado. A peça é uma ode à vida, ao direito de amar, de gozar e de celebrar”, comenta Pâmela.

Para a criadora do espetáculo, a personagem está em constante tentativa de ruptura com uma feminilidade padrão, com um papel de gênero tradicional. “Ela traz à tona as suas experiências, como um grande jorro, um confronto, à medida que busca alguma conexão com o pai: que abandona a sua função quando sua esposa, a mãe, resolve se separar. Ali fica evidenciado o enorme hiato na relação desse homem com a filha”, acrescenta.

Concepção da montagem
Com assistência de direção de Giuliana Maria e preparação de elenco de Felipe Rocha, a direção de Zanini explora no diálogo atriz-platéia essa troca intensa, sem filtros e recheada de dor e humor. “O texto investiga também a violência em sua dimensão menos óbvia: aquela que se manifesta no silêncio. Em contraponto a esse silêncio, a trajetória da protagonista se revela como um percurso turbulento e intenso, cheio de contradições e afetos, que afirma a possibilidade de existir em plenitude — com tudo o que a vida entrega. E é a partir dessa complexidade infinita que é viver que a montagem percorre essa montanha-russa de sentimentos”, conta a diretora.

O nome "Mamão Papai" faz também referência a uma árvore e o seu fruto, representando uma narrativa capaz de presentificar os buracos. A ausência paterna provoca uma tentativa de reconstruir os contornos de uma figura masculina borrada, que provoca amor, raiva e sentimento de abandono. Nesse contexto, todas as masculinidades retratadas no solo são alegóricas, simbolizando as situações estruturantes das experiências femininas. E a protagonista não tem nenhum tabu ao se expor para a plateia.

A iluminação de Sarah Salgado, o cenário de Celina Lira e o figurino de Andy Lopes, não apenas constroem o espaço concreto onde a protagonista reencontra seus familiares, como configuram esse ‘não-lugar’ onde suas vivências se expandem e se tornam território de delírio.

Nesse mesmo jogo, a trilha sonora criada por Mini Lamers e as projeções de Julia Ro abrem novas camadas de sensações e memórias, atravessando passado e presente, revelando novas dimensões da história e subjetividade da personagem. Cada elemento - luz, imagem e som - compõem esse imaginário que se desenrola até o momento presente, surpreendendo o público com elementos inesperados e transportando-o para o universo íntimo e complexo desta mulher.

Sinopse de "Mamão Papai"
"Mamão Papai" é um solo de autoficção que investiga os vínculos entre prazer, trauma e identidade. Num reencontro familiar, uma mulher atravessa memórias eróticas e afetivas, em uma tentativa de reconexão com o pai, depois de anos de silêncio. Entre humor e vertigem, a peça reflete sobre amor, liberdade, sexualidade e os atravessamentos da masculinidade em uma vida feminina.

Ficha técnica
"Mamão Papai"
Criação, dramaturgia e atuação: Pâmela Côto
Direção: Carla Zanini
Colaboração dramatúrgica: Maria Isabel Iorio
Interlocução dramatúrgica: Amanda Lyra
Assistência de direção e preparação corporal: Giuliana Maria
Cenário e direção de arte: Celina Lira
Iluminação: Sarah Salgado
Operação de luz: Laysla Loyse
Figurino: Andy Lopes
Trilha sonora e operação de som: Mini Lamers
Preparação de atuação: Felipe Rocha
Colaboração coreográfica: Débora Veneziani
Videografia: Julia Ro
Operação de vídeo: Julia Ro | Lui Cavalcante | Talbone
Identidade visual, fotos e vídeos de divulgação: Rafaela Guitel
Designer gráfico: Thainá Carline
Redes sociais: Jorge Ferreira
Assessoria de imprensa: Canal Aberto - Márcia Marques, Daniele Valério e Flávia Fontes
Produção: Corpo Rastreado | Gabs Ambròzia
Produção executiva: Thaís Venitt
Assistente de produção: Bento Carolina

Serviço
"Mamão Papai"
Duração: 70 minutos | Classificação: 16 anos
Debate ao final do espetáculo das 20h (quando a sessão for dupla)

Teatro Arthur Azevedo - Sala Multiuso
De 6 a 16 de novembro de 2025
Quarta a sexta-feira, às 20h00, e sábados e domingos, às 18h00 e às 20h00
Av. Paes de Barros, 955 - Alto da Mooca/São Paulo
Ingresso: gratuitos, retirada uma hora antes do início

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#MamaoPapai #PâmelaCoto #CarlaZanini #TeatroArthurAzevedo #teatro

.: Espetáculo "1 Peça Cansada" traz como tema o acúmulo de cansaços


Natasha faz uma pausa para refletir com honestidade sobre cansaço, fracasso e as tensões entre criação, liberdade e coragem, abordando sua profissão, relacionamentos e redes sociais. Obra foi criada e realizada na sala do apartamento da atriz Natasha Corbelino, e recebeu mais de 1000 pessoas na temporada carioca. Foto: Ligia Jardim

Após turnê teatral na França, a autora e produtora carioca Natasha Corbelino se viu diante de um dilema: de um lado sentia um enorme cansaço físico e mental, mas, por outro lado, não tinha nenhum projeto em vista. Em meio a essa angústia, nasceu o espetáculo performativo "1 Peça Cansada", realizada dentro da sala da própria casa. O projeto chamou atenção, foram mais de mil pessoas no apartamento dela durante as sessões. Agora, o trabalho faz a primeira temporada em São Paulo, entre os dias 7 de novembro e 7 de dezembro, no Sesc Avenida Paulista, de quinta-feira a sábado, às 20h00, e domingos e feriados, às 18h00, além de uma sessão extra no dia 3 de dezembro, quarta-feira, às 20h00, totalizando 20 apresentações. 

"Quando voltei da turnê, me dei conta de que precisava insistir em imaginar futuros com a cidade onde eu morava. Pra isso, só inventando meu próprio trabalho independente naquele momento sem horizontes. Assim, criei o único projeto honesto que eu poderia criar como artista e produtora, um espetáculo que traduziu aquilo que eu estava sentindo na época: um cansaço extremo”, conta Corbelino, que há mais de 30 anos dedica-se às artes da cena.

Natasha transformou o próprio apartamento em cenário e realizou dez sessões seguidas por dia, cada uma com cerca de 45 minutos de duração. O que começou como uma experiência se transformou em um acontecimento: as apresentações se estenderam até março de 2025 no Rio de Janeiro e fez apresentações pontuais em outras cidades e espaços. O convite do Sesc Avenida Paulista chega como uma celebração da boa recepção de "1 Peça Cansada": “Fizemos 100 apresentações no Rio e fico muito feliz de ver essa obra abraçar tantas pessoas. Bora, Comunidade Cansada!”, comemora a artista.


Sobre a encenação
O trabalho é um convite ao encontro, para cansarmos nossos cansaços. Utilizando-se de uma honestidade radical, Natasha reflete sobre as relações entre fracasso e criação; rigor e liberdade; e franqueza e coragem. Ao longo da montagem, ela lista os seus inúmeros cansaços, incluindo questões com a profissão, com os relacionamentos interpessoais e com as redes sociais, e toca em muitos pontos de identificação entre a artista e o público. Tudo acontece de uma maneira muito natural, o público, inclusive, é convidado a se acomodar confortavelmente. Existem até colchões para quem estiver mais cansado.

“Sempre gostei de inventar modos de trabalhar e eu tenho grande apreço pelas performances de longa duração: já fiquei seis horas falando o nome de trabalhadoras da cultura em uma transmissão ao vivo durante a pandemia; já passei 12 horas falando a palavra Educação e sete horas falando ‘Constituição’. Por isso, tem me interessado o entrelaçamento entre o teatro e a performance”, afirma. Para Natasha, a parte mais importante de "1 Peça Cansada" é a intimidade e a cumplicidade desenvolvida com os espectadores. Por isso, existe um esforço de eliminar as hierarquias convencionais do espaço cênico.

Dessa forma, a conversa com a plateia começa antes do espetáculo, já nas redes sociais da criadora. Suas postagens são usadas para estimular discussões sobre o tema-chave da obra. Ao mesmo tempo, o Sesc Avenida Paulista contará com ações que estimulem a troca de ideias, como uma coleção de livros em torno do tema cansaço, disponibilizada na biblioteca da unidade. A artista defende o corpo como a maior tecnologia do ser humano e isso está presente nas suas produções. “Tenho investido em um gesto que tem sido essencial: um tremor, sempre em um mesmo ponto. Inclusive, eu falo dele em cena e mostro para as pessoas”, acrescenta.

Outra presença marcante na montagem é o papel. A performer aparece envolta neles e, em cima de uma mesa, estão outros tantos que também estão cansados, como fotos, trabalhos de escola e até a Constituição, “a brasileira mais cansada”, como costuma dizer a atriz. “É a primeira vez que faço uma temporada em São Paulo e a cidade tem sido bastante acolhedora”, reflete.


Sinopse de "1 Peça Cansada"
 "1 Peça Cansada", de Natasha Corbelino, é uma peça performativa que celebra o processo continuado da criação com a produção e o ato de causar saúde coletiva a partir da cena em honestidade radical. A peça se ergue com uma poética do limite, onde o tremor é tática para seguir. Em movimento, a artista partilha o percurso de um corpo cansado e desejante, que busca possibilidades de expansão em um encontro de delicadezas com o público. A peça é um mergulho na experiência de listar cansaços como uma forma de criar laço coletivo, memória, futuro, sonhos sonhando. Natasha instaura uma atmosfera afetuosa e cúmplice, onde a plateia é acolhida em seus cansaços.


Ficha técnica
 "1 Peça Cansada"
Atriz, autora e diretora: Natasha Corbelino
Interlocução: Margot Corbelino
Cadernos artesanais: Manuscrito Baixada _ Débora Crusy
Diálogo de luz (RJ): Tayná Maciel
Luz (SP): David Costa
Direção de libras: Claudia Chelque
Fotos de cena: Cacá Bernardes
Registro de vídeo: Bruta Flor Filmes
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto - Márcia Marques,Daniele Valério e Flávia Fontes
Produção: Corpo Rastreado - Keila Maschio Pires
Realização: Sesc SP


Serviço
"1 Peça Cansada"
Duração: 60 minutos | Classificação: 10 anos
Data: 7 de novembro a 7 de dezembro, de quinta a sábado, às 20h00 e domingos e feriados, às 18h00. Sessão extra, dia 3 de dezembro, quarta-feira, às 20h00.
As sessões com acessibilidade são dias 27, 28 e 29 de novembrp - Libras; e 30 de novembro - Audiodescrição
Local: Sesc Avenida Paulista/ Arte II (13º andar) - Av. Paulista, 119 - Bela Vista, São Paulo/ SP
Telefone: (11) 3170-0800
Ingressos: R$ 50,00 (inteira), R$ 25,00 (Meia) e R$ 15,00 (Credencial plena:). Venda de ingressos online a partir de 28 de novembro, às 17h00, e nas bilheterias das unidades a partir de 29 de novembro, às 17h00.
Capacidade: 70 pessoas
Transporte público: Estação Brigadeiro do Metrô – 350m
Horário de funcionamento da unidade:
Terça a sexta, das 10h às 21h30. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30.

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segunda-feira, 27 de outubro de 2025

.: Ator Luiz Fernando Almeida apresenta solo pela primeira vez em Santos


Espetáculo faz referência à música “Geni e o Zepelim”, de Chico Buarque, e pode ser lido como uma das múltiplas faces da desigualdade social e econômica sofrida por quem vive às margens da sociedade. Foto: Renato Domingos 


Baseado em extensa pesquisa e entrevistas realizadas com homens vítimas de abuso sexual infantil no Brasil e na Europa, o espetáculo “O Filho da Geni” propõe uma reflexão sobre a violência contra garotos e adolescentes, tema que muitas vezes é invisibilizado pela cultura do silêncio. A apresentação acontece na quinta-feira 30 de Outubro, às 20h,  no  auditório do Sesc Santos integrando a programação do projeto “Baixada em Cena”.

A idealização do projeto é do ator Luiz Fernando Almeida, que sobe ao palco para o seu terceiro solo, após 14 anos com “Dama da Noite” e nove anos com “Gotas de Codeína” no espetáculos que fizeram enorme sucesso na Baixada Santista e em todo o Brasil e ainda permanecem em atividade.  Neste novo espetáculo , com dramaturgia de Diego Lourenço e direção de Matheus Lípari, Luiz Fernando interpreta um personagem que retorna ao Brasil após trabalhar por anos na Europa, em condições de subemprego.

A partir disso, ele se vê forçado a confrontar seu passado traumático e mergulha em memórias perturbadoras de sua infância e adolescência, tomando dimensão dos abusos que sofreu, perpetuou e aprendeu a normalizar. O espetáculo, cujo título faz referência à música “Geni e o Zepelim”, de Chico Buarque, pode ser lido como uma das múltiplas faces da desigualdade social e econômica sofrida por quem vive às margens da sociedade.

Os dados sobre violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil são alarmantes e, embora o foco muitas vezes recaia sobre as vítimas femininas, a violência contra os meninos é uma grave realidade. Um dos principais desafios é a subnotificação. O abuso e a exploração sexual no Brasil atingem um número muito maior do que as estatísticas oficiais. Estima-se que apenas uma pequena porcentagem dos eventos seja de fato reportada às autoridades policiais.Um estudo do IBGE de 2022 indica que 1,8 milhão de meninos e homens no Brasil sofreram violência sexual ao longo da vida.

Ao abordar a "cultura do silêncio" e o confronto do passado traumático, o espetáculo contribui para visibilizar o sofrimento desses indivíduos e impulsiona a necessidade de um olhar mais integral e acolhedor para a violência de gênero, que vitima em todas as suas formas. Este espetáculo foi contemplado pelo edital Proac - 01/23- Montagem de espetáculo teatral inédito no Estado de SP e cumpriu duas temporadas em SP no ano de 2024 com sucesso de público  e crítica


Sobre o ator
Formado pelo renomado Centro de Pesquisa Teatral (CPT) de Antunes Filho, Luiz Fernando Almeida participou de mais de 30 espetáculos e consolidou-se com monólogos de longa duração que se tornaram sucesso de público e crítica em todo o Brasil, incluindo a Baixada Santista: "Dama da Noite" (14 anos em atividade),  "Gotas de Codeína" (nove anos em atividade).

Além dos palcos, Luiz Fernando é reconhecido por sua atuação como empreendedor cultural e produtor, estando à frente de grandes projetos na região: Eventos Culturais: Idealizador e produtor de iniciativas essenciais para a cultura local, como Bazar Cafofo (pioneiro na economia criativa), Sansex - Mostra da Diversidade de Santos, Festival Santista de Teatro (Festa), Combo Cultural, Teatro nas Bibliotecas, Verão Teatral, e Curta Santos.Educação e Impacto Social: Atualmente, aplica sua experiência em projetos sociais como Produtor e Educador Líder no Instituto KondZilla, organização dedicada à capacitação e educação de jovens 


Serviço
Espetáculo "O Filho da Geni"
Com Luiz Fernando Almeida
Direção: Matheus Lípari
Dramaturgia Diego Lourenço
Dia 30 de outubro, às 20h00, no Sesc Santos
Ingressos disponíveis a partir de 21/10 na bilheteria das unidades do SESC e ou no site/app.
R$ 12,00 credencial plena
R$ 20,00 meia-entrada
R$ 40,00 inteira
Sesc Santos -  Rua Conselheiro Ribas 136- Aparecida - Santos
Classificação indicativa: 16 anos

domingo, 26 de outubro de 2025

.: Wanessa Morgado transforma o caos da maternidade em catarse cômica


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.comFoto: Kim Leekyung


Com texto inédito de Andrea Batitucci, roteirista de "Minha Mãe É Uma Peça" e "Vai que Cola", e direção de Rafael Primot, o espetáculo “Manhê!” continua a emocionar e provocar gargalhadas em uma temporada que cresce a cada apresentação. Estrelado por Wanessa Morgado, o solo mergulha nas alegrias, culpas e contradições do universo materno - esse campo de batalha onde o amor e o caos coexistem, quase sempre, na mesma respiração.

Depois do sucesso no Teatro Uol, “Manhê!” segue em novas apresentações: 1º de novembro, às 14h30 e 17h00, no Teatro Arena B3, em São Paulo;  14 de novembro, às 20h30, no Teatro Municipal de Osasco; 22 de novembro, às 21h00, no Teatro Lauro Gomes, em São Bernardo do Campo; 29 e 30 de novembro, no Teatro Colinas, em São José dos Campos;  e, em janeiro, às quintas-feiras, às 20h, no Teatro Multiplan Morumbi, em São Paulo.

Com humor afiado e uma sinceridade desconcertante, Wanessa dá corpo e voz às dores e delícias de uma mulher que tenta ser mãe sem deixar de ser gente. O resultado é uma comédia realista e libertadora - feita para rir, pensar e talvez chorar um pouco também. Nesta entrevista exclusiva ao portal Resenhando.com, a atriz fala sobre maternidade, humor e o poder de transformar o desespero em arte.


Resenhando.com - “Manhê!” parte de um lugar comum - a maternidade - mas a trata de forma nada convencional. Qual foi o momento em que você percebeu que esse tema, tão explorado, ainda tinha um buraco cômico e dolorido a ser preenchido no palco?
Wanessa Morgado - Acho que resolvi falar primeiro do que eu sentia e via as mulheres perto de mim sentindo, sabe? A dor e a delícia de ser mãe, que em alguns momentos pra mim se equilibram nessa balança da maternidade...escrevi um conto, quase que como eu desabafo ou terapia, e dele veio a peça escrita pela maravilhosa Andrea Batitucci, que também é mãe, separada, de duas meninas.


Resenhando.com - A peça fala sobre “maternagem”, essa palavra que parece bonita, mas carrega uma carga brutal de exclusividade e cobrança. Se pudesse cunhar uma nova palavra para redefinir o papel da mãe, que termo criaria?
Wanessa Morgado Nossa, ótima pergunta...a "maternagem" na real deveria existir mais... a função de dar carinho, atenção, cuidados, não precisa e não é só da mãe. Não sei criar um novo termo eu acho, usaria os termos que já existem mas de verdade: sororidade, parceria, responsabilidade mútua etc.


Resenhando.com - No Brasil, ainda é comum romantizar a maternidade como um estado de graça. Em “Manhê!”, você desmonta esse mito com humor. Você acredita que a comédia pode ser mais eficaz do que o drama para revelar as dores reais da maternidade?
Wanessa Morgado Eu sempre achei que a comédia é um estilo maior. Não desvalorizando os outros estilos, pelo amor de Deus, mas só destacando mesmo o humor...com humor você consegue falar de coisas que não falaria sem ele, ser mais direta e quase "grossa" quando necessário sem que achem "pesado" como no drama por exemplo, mas ele toca, conscientiza, faz uma catarse mesmo... como bem diz a letra da música "rir de tudo é desespero". A gente ri de alegria, mas ri de desespero por se aproximar daquilo e, ao mesmo tempo, o humor te dá paz, em saber que você não está sozinha neste mundo, seja a situação que for, alguém já viveu isso ou algo muito parecido.

Resenhando.com - Como atriz de stand-up, mestre de cerimônias e locutora, você já se multiplicou em muitos palcos e vozes. O que a Wanessa do monólogo “Manhê!” tem que nenhuma outra versão sua ousou mostrar? 
Wanessa Morgado Com certeza essa Wanessa mãe, falando ali com propriedade e conhecimento de causa. Mesmo no meu stand up eu já falava de maternidade mas não de forma tão profunda, emocionante e vivenciando agora a história de vida dessa mulher... que não sou eu, mas que tem muito de mim...

Resenhando.com - A maternidade, como você retrata, é um território de caos e amor. Mas se fosse possível resumir em apenas um cheiro essa experiência, qual seria?
Wanessa Morgado Ah, seria um cheiro doce e suave, porque apesar de todo o perrengue que é, ser mãe pra mim, do meu filho... "péra", porque não sou a mulher que vai levantar a bandeira de que eu gostaria de ser mãe de vários... A função mãe me dá um pouco de cansaço (risos), mas voltando...ser mãe do Gael tem um cheiro de vida longa, de amor infinito e de muita paz, mesmo no caos.

Resenhando.com - O texto de Andréa Batitucci nasce de uma esquete sua. Existe alguma cena que você sente como uma cicatriz pessoal, algo tão seu que, mesmo encenado, ainda dói ao repetir?
Wanessa Morgado Nasce de um conto, não exatamente uma esquete, um conto um pouco mais longo e mais dramático, acredita? Não tem uma cena que seja uma cicatriz, mas tem uma cena que ainda não vivi e que dói muito em mim e no público todas as vezes, que é quando esse filho vai embora de casa... O famoso "ninho vazio"... Aff, pra mim é sempre difícil essa cena e nessa hora tenho vontade de fazer mais uns cinco filhos pra ir intercalando, um sai e outros ficam... dói.

Resenhando.com - “Minha Mãe é uma Peça”, “Vai que Cola”, “Além da Ilha”... Batitucci tem um histórico de humor popular. O que o público de teatro ganha quando um tema tão íntimo é tratado com essa mesma pegada, mas sem o filtro da TV?
Wanessa Morgado Na peça ela usa o ritmo da TV mas não o filtro, o que faz da peça esse estrondo que é... Quando as pessoas saem do teatro é sempre maravilhoso e incrível ouvir os depoimentos, de quem se viu como mãe ali, de quem se viu como filho daquela mãe que envelhece, adoece e quer mesmo assim viver muito ainda, de quem se enxerga na mulher, no homem nessa relação e em outros papéis que a peça traz.


Resenhando.com - Quando se fala de maternidade no palco, sempre se pensa no olhar feminino. Se um homem fosse fazer o mesmo espetáculo, que cena você acredita que ele jamais teria coragem de encenar?
Wanessa Morgado (Risos) Ixi, várias, eu teria que repensar a peça toda aqui pra pensar especificamente em uma... Mas tem uma do sexo, que a mulher está com a cabeça na lua e o cara ainda vem com uma frase de matar, que acho que os homens não teriam coragem de assumir.

Resenhando.com - Você já foi mestre de cerimônias para grandes empresas, uma função que exige controle e formalidade. Agora, em “Manhê!”, você se coloca no ridículo, no desespero e no colapso. O que é mais difícil: domar um público corporativo ou assumir o caos da maternidade no palco?
Wanessa Morgado Ah, o palco e o teatro me desafiam muito e sempre. Ser MC é sempre um desafio, cada empresa quer algo específico, tem ali em seu evento todas as expectativas, muitas vezes do ano, do semestre, é muita responsabilidade. Na peça, existe um texto a ser seguido, a luz e trilha dependem de mim e estou vestida de personagem, é diferente e desafiador em outro lugar.


Resenhando.com - Se pudesse escrever uma carta para a Wanessa de 2002, recém-formada na Escola de Teatro Macunaíma, o que ela diria ao ler que, em 2025, você estaria no palco falando de fraldas, amamentação e divórcios - e rindo disso tudo?
Wanessa Morgado O que ela diria? Eita... Acho que daria parabéns pra mulher que me tornei, apesar de todos os perrengues que já vivi, na minha criação mais conservadora, em meus alguns relacionamentos esquisitos, em meus medos e questões, vivi muito bem esses meus anos e cheguei vivíssima até aqui, onde pretendo seguir ainda mais viva!!

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