quarta-feira, 26 de novembro de 2025

.: Cineflix Cinemas estreia "Bugonia", "Zootopia 2" e Festival Francês

A unidade Cineflix Cinemas de Santos, localizada no Shopping Miramar, traz muitas estreias para as telonas, a comédia "Bugonia" e a sequência de animação Disney "Zootopia 2", além dos 20 filmes do Festival de Cinema Francês do Brasil, como por exemplo, "A Cabra""Eu, que te amei""Vizinhos Bárbaros""Os Bastidores do Amor" e "A Mulher Mais Rica do Mundo". Acompanhe os quatro filmes exibidos a cada dia: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN

Seguem em cartaz a aguardada sequência do universo de Oz, "Wicked - Parte II" , o thriller eletrizante "Truque de mestre - O 3º ato", com elenco estelar que inclui Dave Franco, Isla Fisher, Morgan Freeman, Daniel Radcliffe, Ariana Greenblatt, Jesse Eisenberg, Mark Ruffalo, Rosamund Pike e Woody Harrelson, thriller dramático nacional "O Agente Secreto", cotado para o Oscar 2026 e estrelado por Wagner Moura, ao lado de Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone.

Você pode comprar antecipadamente os ingressos para o terror "Five nights at Freddy's 2" que estreia na primeira quinta-feira de dezembro.

Está disponível o balde colecionável com tampa do longa "Wicked - Parte II" . A unidade de Cinemas Cineflix Santos, fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga.

"Bugonia". (Bugonia). Direção: Yorgos Lanthimos. Roteiro: Will Tracy. Gênero: Ficção científica e Comédia. Duração: 2 horas. Elenco: Emma Stone, Jesse Plemons, entre outros. Sinopse: Dois homens obcecados por conspirações sequestram a CEO de uma grande empresa, convencidos de que ela é uma alienígena que quer destruir a Terra. 

"Zootopia 2". (Zootopia 2). Direção: Direção: Jared Bush, Byron Howard. Produção: Walt Disney Animation Studios. Roteiro: Will Tracy. Gênero: Animação, Aventura, Comédia. Duração: 108 minutos. Elenco: Ginnifer Goodwin como Judy Hopps, Jason Bateman como Nick Wilde, Ke Huy Quan como Gary, a Cobra, Fortune Feimster como Castor Nibbles, Idris Elba. Sinopse: Zootopia 2 é um futuro filme de animação digital do gênero comédia de aventura americano produzido pela Walt Disney Animation Studios e distribuído pela Walt Disney Studios Motion Pictures. 

"Wicked - Parte II". (Wicked For Good). Direção: Jon M. Chu. Roteiro de Winnie Holzman e Dana Fox. Elenco: Cynthia Erivo, Ariana Grande, Jonathan Bailey, Jeff Goldblum. Duração: 2h 18 min. Gênero : Fantasia, musical. Distribuidora: Universal Pictures. Sinopse: Elphaba, agora conhecida como a Bruxa Má do Oeste, vive exilada na floresta de Oz, tentando revelar a verdade sobre o Mágico.

"Truque de mestre - O 3º ato". (Now You See Me: Now You Don't (ou Now You See Me 3). Gênero: Suspense, Ação, CrimeDireção: Ruben Fleischer. Roteiro: Seth Grahame-Smith, Eric Warren Singer.  Duração: (1h 52min). Sinopse: Os Quatro Cavaleiros estão de volta com uma nova geração de ilusionistas e uma trama cheia de reviravoltas, mágicas e surpresas, em um truque que envolve uma joia valiosa do mundo. Eles se reúnem para derrubar uma empresa corrupta que lava dinheiro para criminosos.


"O Agente Secreto". Gênero: thriller, drama. Diretor: Kleber Mendonça Filho. Elenco: Wagner Moura, ao lado de Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone. Sinopse: Em 1977, Marcelo trabalha como professor especializado em tecnologia. Ele decide fugir de seu passado violento e misterioso se mudando de São Paulo para Recife com a intenção de recomeçar sua vida. Marcelo chega na capital pernambucana em plena semana do Carnaval e percebe que atraiu para si todo o caos do qual ele sempre quis fugir. Para piorar a situação, ele começa a ser espionado pelos vizinhos. Inesperadamente, a cidade que ele acreditou que o acolheria ficou longe de ser o seu refúgio.

VEM AÍ!

"Five nights at Freddy's 2". (Five nights at Freddy's 2). Direção: Emma Tammi. Roteiro: Scott Cawthon, Emma Tammi, Seth Cuddeback. Gênero: Terror sobrenatural. Elenco: Josh Hutcherson, Matthew Lillard, Elizabeth Lail, Piper Rubio. Duração: 1h45. Sinopse: A irmã de 11 anos de Mike sai escondido para se reencontrar com Freddy, Bonnie, Chica e Foxy. Ela desencadeia uma aterrorizante série de eventos que revelam segredos sombrios sobre a verdadeira origem de Freddy.


O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no GonzagaConsulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN.


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.: “Fruto Proibido”, clássico de Rita Lee, ganha box comemorativo de 50 anos

Em edição limitada, box comemora os 50 anos do “Fruto Proibido” de Rita Lee. Caixa vem com LP, compacto, foto e encarte especial


Por Guilherme Samora, jornalista, editor e estudioso do legado cultural de Rita Lee.


Um dos discos mais importantes da música, “Fruto Proibido”, de Rita Lee & Tutti Frutti, completou 50 anos em 2025. Para celebrar a data, a Universal Music Brasil lança um box de luxo, em edição limitada, que já está em pré-venda na UMusic Store. A caixa vem com o disco em sua arte original, em vinil roxo marmorizado, o raro compacto de 1976, uma foto de Rita na turnê do álbum e um encarte com texto escrito por Guilherme Samora

O álbum marcou a estreia de Rita na Som Livre, depois de uma passagem tumultuada pela Philips, quando teve um projeto inteiro vetado e acabou lançando apenas um LP: “Atrás do Porto Tem Uma Cidade” (1974). Rita fez a direção musical do álbum em uma casa emprestada à beira da represa em Ibiúna, onde morou por alguns meses com os integrantes da banda - e com suas duas cobras - para ensaiar. O inglês Andy Mills, ex-técnico de som de Alice Cooper, também morava com eles e pilotou a produção do disco. A gravação foi realizada no estúdio Eldorado, na rua Major Quedinho, centro de São Paulo.

“Dance, dance, dance / Gaste um tempo comigo / Não, não tenha juízo / Dê-se ao luxo de estar sendo fútil agora” . É assim que Rita abre o disco e convida o público a experimentar seu “Fruto Proibido”. O LP, ousadíssimo e cheio de temas femininos, é um claro recado à turma que repetia para ela que “para fazer rock tem que ter ‘culhão’”. Rita assina todas as composições, metade delas sozinha. E, pela primeira vez, músicas da roqueira em parceria com Paulo Coelho foram gravadas. O blues dolorido “Cartão Postal” é um lado B que virou clássico e está entre os favoritos dos fãs.

“O Toque”, esotérica-cósmica-viajante, traz Rita cantando que “o universo segue o rumo que todos nós escolhemos”. Porém, foi “Esse Tal de Roque Enrow” - e a história de uma mãe falando ao psiquiatra sobre a obsessão da filha com aquele tal de Roque - que conquistou a garotada, as rádios e a TV. A música fez parte da trilha sonora da novela “Bravo!”, da Rede Globo, ao lado de “Agora Só Falta Você” - hit com um claro convite à liberdade, parceria de Rita com Luiz Carlini. Duas de uma vez só!

Boa parte do rock brasileiro, na época, apontava para o progressivo. Rita, livre como sempre, flertava com o glam, com o classic rock, com o blues, com as guitarras, com os violões acústicos e com o minimoog. Inclusive, o sintetizador ganha lugar de destaque na foto da capa de “Fruto Proibido”, com a ruiva bela e esvoaçante na sala de jantar da casa dos pais, na Vila Mariana - tudo em frente à penteadeira da avó, herdada pela mãe e depois por Rita.

A qualidade das composições e da gravação, o brilho da voz de Rita e a rebeldia irreverente da maior roqueira brasileira conseguiram a proeza de colocar o underground na lista dos mais vendidos. “Comer um fruto que é proibido / Você não acha irresistível?”, ecoa Rita, num vocal urgente, desafiador, vivo, impossível de se tentar alcançar. Isso em plena ditadura militar. “Pirataria”, de Rita e Lee Marcucci, baixista da banda e que seguiria com a roqueira por anos, é outra ousadia contra censores, censuras e contra o establishment: “Quem falou que não pode ser? / Não, não, não / Eu não sei por quê / Eu posso tudo, tudo”.

E é em “Luz del Fuego”, a penúltima faixa do disco, que Rita se apresenta, brinca com o que pensam sobre ela e reafirma a mulher que é. Doa a quem doer. Alegre a quem alegrar: “Eu hoje represento a loucura / Mais o que você quiser / Tudo que você vê sair da boca / De uma grande mulher / Porém, louca!”. Dando o tom do começo ao fim, a rebeldia da estrela dos cabelos vermelhos termina o disco da maneira mais impactante possível, com “Ovelha Negra”. O maior hino aos diferentes é também o maior hit do álbum. Chegou ao topo entre as mais tocadas das rádios naquele ano e virou clipe no Fantástico.

Ao experimentar o primeiro grande sucesso de público, Rita segue com o "Tutti Frutti" em turnê, com ingressos esgotados pelo Brasil todo. Com a inesperada repercussão, a gravadora decidiu lançar “Ovelha Negra” em compacto. Rita, então, voltou ao estúdio com o Tutti Frutti para gravar três novas - e geniais - músicas: “Lá Vou Eu”, “Caçador de Aventuras” e “Status”. Hoje raro, o compacto é reeditado pela primeira vez para esse box, com a capa original. E com um detalhe que o torna ainda mais especial: para celebrar a data e manter a qualidade das canções, o compacto vem com dois disquinhos, um vermelho translúcido esfumaçado e outro marfim opaco. O primeiro traz “Lá Vou Eu” no lado 1 e “Caçador de Aventuras” no lado 2. O segundo, “Status” no lado 1 e “Ovelha Negra” no lado 2. Um lançamento à altura do disco que mudaria para sempre o rock brasileiro e coroaria, de vez, a sua estrela maior: Rita Lee.

.: Fellipe Fernandes F. Cardoso indica "Piscinas Russas" e "Noite Devorada"


Por Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.comFoto: divulgação

O escritor Fellipe Fernandes F. Cardoso reafirma sua presença na literatura contemporânea brasileira como uma voz que transita entre o lirismo e a crueza da experiência, investigando as fissuras do humano com sensibilidade e rigor estético. Autor dos romances "Sem Mim Não Há Dia", semifinalista do Prêmio Oceanos 2024, e "Uma Tragédia Latino-sertaneja", ambos publicados pela Editora Urutau, a escrita dele se constrói a partir de uma escuta atenta da linguagem e de um olhar que entende a literatura como espaço de confronto, memória e reinvenção. 

"Perguntaram-me num evento, certa vez, o que era isso que tanto faltava ao escritor que me fazia estar em estado de escrita e eu, sem hesitar, respondi que era a palavra, esse universo contido numa casca. Andrea del Fuego também pensa algo similar. Para ela, vibramos em um lugar onde encontramos o que só nós podemos dizer a partir do que é possível na linguagem, essa que já existe para chegarmos onde ela talvez ainda não tenha sido capaz de alcançar. Isso dá a entender que nós, escritores, somos, sobretudo, arqueólogos, legistas, mesmo que não estejamos neste ofício de trabalhar com o que está morto, porque brandimos a matéria viva no que é humano, que é transformada, inventada, ressignificada, proposta a cada momento na combustão com o outro por meio da leitura - do que escrevemos e também de nós mesmos", afirma. 

Na coluna "Literalistas", Fellipe compartilha também as leituras que atravessam seu processo criativo e afetivo atual, destacando o romance "Piscinas Russas" (Tusquets, 2025), de Renata Belmonte, e o livro de poemas "Noite Devorada" (Círculo de Poemas, 2025), de Mar Becker. Obras que dialogam diretamente com a própria pesquisa estética dele ao tensionar temas como silêncio, subjetividade, trauma e reconstrução da experiência por meio da palavra. Entre o gesto de indicar e o gesto de criar, Fellipe revela como a leitura permanece não apenas como hábito, mas como fundamento ético e poético de sua escrita, consolidando uma obra que insiste em pensar a literatura como território de invenção, sensibilidade e risco. 

"Na minha cabeceira de agora, tenho os livros de duas amigas queridas: 'Piscinas Russas', da Renata Belmonte, e 'Noite Devorada', de Mar Becker. A prosa da Renata, que é uma das romancistas mais brilhantes da minha geração, mostra como a protagonista, Malena Matrice, utiliza a fotografia para exorcizar o passado, especialmente o suicídio de sua mãe, enquanto o romance demonstra que a literatura, ao contrário das outras formas de arte, é capaz de reviver experiências quase em sua plenitude ao abrir espaço para outro na fabulação. Com múltiplas linhas temporais e espaços que se entrelaçam, a narrativa abrange gerações e mistura o fictício com o real, abordando temas como as relações de poder, o impacto da História nas vidas individuais e a inabilidade de muitas mulheres para a maternidade. A obra é uma tapeçaria narrativa sofisticada que combina depoimentos em primeira pessoa com terceira pessoa, desafiando o leitor a desvendar seus nós e a compreender as engrenagens do romance, destacando-se por sua complexidade e profundidade. Já no livro da Mar, que é uma paixão antiga desde que li 'A Mulher Submersa', poeta que deveria ser lida de joelhos em cada canto desse país, temos fragmentos e ruínas, poemas que são, ao mesmo tempo, vestígios e construções, explorando temas como amor, fragilidade e silêncio. Se a poesia, per se, tem uma minimalidade intencional, a que Becker faz aqui é uma busca constante pelo paradoxo do silêncio na linguagem, transformando-o num elemento essencial e vulnerável em sua escrita, criando em nós a fricção de tudo o que é possível onde a palavra não chega, mas a subjetividade, sim".

terça-feira, 25 de novembro de 2025

.: Montagem teatral de "O Segredo de Brokeback Mountain" chega a São Paulo


Estrelado por Marcéu Pierrotti e Júlio Oliveira, o espetáculo estreia em 14 de janeiro no Teatro Itália, para uma temporada até 22 de março. Foto: Terci Melo


O clássico cinematográfico "O Segredo de Brokeback Mountain", vencedor de três Oscars, chega a São Paulo em sua segunda montagem oficial em todo o mundo. Estrelado por Marcéu Pierrotti e Júlio Oliveira, o espetáculo estreia em 14 de janeiro no Teatro Itália, para uma temporada até 22 de março. A primeira montagem do espetáculo aconteceu em Londres, em 2023, com Mike Faist e Lucas Hedges nos papéis principais, conquistando diversos prêmios e aclamação do público e da crítica. No Brasil, dirigida por Moacyr Góes, a peça estreou no Rio de Janeiro em 2024. A versão brasileira conta com trilha sonora original de Dan Gillespie Sells e texto de Ashley Robinson traduzido por Miguel Góes.

Com uma estreia impactante em 2005, “Brokeback Mountain” se tornou um marco na história do cinema contemporâneo. Dirigido por Ang Lee e estrelado por Heath Ledger e Jake Gyllenhaal, o filme rompeu barreiras ao tratar com sensibilidade e profundidade o amor entre dois homens em um contexto de repressão e preconceito. Além de conquistar o público e a crítica, a obra provocou debates intensos sobre masculinidade, afetividade e representação LGBTQIA+ nas telas, abrindo caminho para uma nova geração de narrativas mais inclusivas e humanas. Vencedor de três Oscars - incluindo Melhor Direção -, o filme é considerado um símbolo da força do cinema em transformar percepções sociais.

Em 2023, “Brokeback Mountain” ganhou uma nova vida nos palcos de Londres, em uma adaptação teatral emocionante apresentada no Soho Place Theatre. Com direção de Jonathan Butterell e texto de Ashley Robinson, o espetáculo contou com a trilha sonora original de Dan Gillespie Sells, interpretada ao vivo, recriando com delicadeza o universo íntimo e melancólico dos personagens. A montagem foi amplamente aclamada pela crítica britânica, destacando-se pela interpretação sensível de Mike Faist e Lucas Hedges nos papéis principais.

A produção foi indicada e premiada em diversas categorias no WhatsOnStage Awards e no Evening Standard Theatre Awards, consolidando-se como uma das experiências teatrais mais marcantes do período. Em 2024, após sua temporada londrina, a peça reafirmou o poder atemporal da história de Ennis e Jack - uma narrativa sobre amor, silêncio e coragem -, provando que “Brokeback Mountain” continua ecoando com a mesma força e relevância quase duas décadas após seu lançamento. A peça “O Segredo de Brokeback Mountain” é uma realização Avante Produções.


Sinopse
"O Segredo de Brokeback Mountain" é uma história de amor entre dois cowboys no interior dos Estados Unidos na década de 60. Jack Twist e Ennis del Mar são jovens que se conhecem ao serem contratados para cuidar das ovelhas de Joe Aguirre em Brokeback Mountain. Os dois cowboys, pobres, ao passarem semanas isolados, no frio e em más condições de trabalho, começam a criar uma intimidade que se transforma em um romance intenso e conflituado. 

Com o fim do trabalho, voltam às suas vidas, deixando um enorme pedaço de quem são em Brokeback Mountain - e que passam o resto de suas vidas tentando recuperar. A peça é de Ashley Robinson, adaptada do conto de Annie Proulx, que teve uma notória e premiada versão de Ang Lee para o cinema. A história atravessa personagens profundamente humanos e faz pensar sobre a intolerância, os medos, as fragilidades, os interditos e o poder do amor.


Serviço
"O Segredo de Brokeback Mountain"
Idealização: Marcelo Brou
Texto: Ashley Robinson
Tradução: Miguel Góes
Direção: Moacyr Góes
Elenco: Marcéu Pierrotti, Júlio Oliveira, Arlete Heringer, Daniel Tonsig, e Eduardo Rieche Francis Helena Cozta e Marcelo Brou.
Banda: Breno Ganz, Júlia Maez e Milena Suzano
Duração: 90 minutos.
Classificação: 16 anos.
Gênero: drama
Temporada: de 14 de janeiro a 26 de março de 2026, as quartas e quintas, às 20h
Ingressos: R$ 100,00 | R$ 50,00 (meia-entrada)
Vendas pelo site: https://bileto.sympla.com.br/event/113440

Horário de bilheteria
Abre duas horas antes do início do espetáculo
Teatro Itália | 302 lugares
Av. Ipiranga, 344 - República - São Paulo

Ficha técnica
Idealização: Marcelo Brou
Texto: Ashley Robinson
Tradução: Miguel Góes
Direção: Moacyr Góes
Elenco: Marcéu Pierrotti (Ennis del Mar), Júlio Oliveira (Jack Twist), Daniel Tonsig (alternante de Ennis Del Mar), Marcelo Brou (Ennis Del Mar mais velho), Arlete Heringer (Garçonete e Mãe de Jack), Francis Helena Cozta (Alma), Eduardo Rieche (Joe Aguirre, Bill e Pai de Jack)
Atenção: o elenco desse espetáculo pode sofrer alterações sem aviso prévio.
Banda: Breno Ganz, Milena Suzano e Júlia Maez
Assistência de Direção: Daniela Stirbulov
Preparadora vocal: Ângela Castro
Direção de produção: Júlio Oliveira
Assistência de produção: Yelon Daniel
Direção de musical: Breno Ganz
Designer de luz: Adriana Ortiz
Designer: Júlia Maez
Figurino: Ana Elisa Schumacher
Assessoria de imprensa: Flavia Fusco Comunicação
Produção: Avante Produções

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

.: Crítica: "Homo Argentum" é excelente ao focar nas vertentes da hipocrisia

"Homo Argentum", em cartaz na Cineflix Cinemas de Santos


Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em novembro de 2025


"Homo Argentum" entrega 16 histórias variadas e surpreende com versatilidade impressionante de Guillermo Francella, estrela das peripécias muito bem humoradas, com toque de crítica social. O longa dirigido por Mariano Cohn e Gastón Duprat ("O Cidadão Ilustre" e "Meu Querido Zelador") é excelente ao refletir a realidade do povo argentino, seja entre os seus ou com outros povos, inclusive em solo italiano.

Na primeira história, Guillermo vive um homem que durante uma festa debate sobre os jovens argentinos partirem em busca de uma vida melhor, deixando o país. Após defender ideais patriotas, vai sozinho à sacada do local para fumar quando torna-se responsável por um acidente que ganha grandes proporções. Deixando a todos diante da telona boquiabertos, sai da cena de fininho e festeja com os seus dançando. Eis o retrato da hipocrisia.

A produção que soma 1 hora e 38 de minutos é ágil, divertida ao usar o humor ao fazer críticas sociais. Com sagacidade, une muito bem histórias distintas, bem identificadas por títulos, a ponto de fundir uma na outra. Entretanto, usa o visual para deixar claro que se trata de uma nova situação a ser apresentada, embora, às vezes, pareça similar a anterior, algo acaba trazendo novidade, entregando nuances inimagináveis. 

A entrada conturbada e silenciosa do presidente argentino em rede nacional ou a namorada do papai viúvo há um ano vira pauta. Entre possibilidades de uma mente que consegue ver um futuro capaz de acabar com a vida de um homem riquíssimo numa simples subida num elevador até o 54º andar a alguém que vai para outro país conhecer seus ancestrais levando alfajor e sai corrido levando pedrada. "Homo Argentum" faz rir e refletir, com um ferrenho humor ácido. Vale a pena conferir!


O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no GonzagaConsulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN.


"Homo Argentum". (Homo Argentum. Direção: Mariano Cohn e Gastón Duprat. Duração: 1h e 50min. Gênero: comédia. Distribuição: Disney. Sinopse: O filme é composto por 16 histórias curtas e independentes que formam uma crítica social sobre a realidade argentina.  

Trailer de "Homo Argentum"




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.: Crítica: "O Agente Secreto" é filmaço imperdível com a cara do Brasil

.: Divulgadas as primeiras imagens de Maria Gal como Carolina Maria de Jesus


Maria Gal caracterizada como Carolina Maria de Jesus , escritora que se tornou símbolo de resistência ao escrever sobre a vivência na favela do Canindé, em São Paulo. Foto: Mariana Vianna

A obra “Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus, um dos livros mais importantes da literatura pós-moderna brasileira, vai ganhar uma adaptação para o cinema. E a produção acaba de divulgar as primeiras fotos da atriz Maria Gal caracterizada como a escritora que se tornou símbolo de resistência ao transformar sua vivência na favela do Canindé, em São Paulo, em literatura. Intitulado temporariamente como “Carolina - Quarto de Despejo”, o longa será dirigido por Jeferson De, com roteiro de Maíra Oliveira e produção de Clélia Bessa. O filme é uma produção da Move Maria, Raccord Produções e Buda Filmes, com coprodução da Globo Filmes e distribuição da Elo Studios.

Para interpretar a escritora, Gal passou por uma importante transformação. Os cabelos ganharam novo comprimento que, segundo a atriz, contam aquilo que poucas palavras conseguem alcançar. “Quando eu aceito transformar meu cabelo pela história de Carolina, não estou apenas mudando o visual, estou abrindo espaço para acessar uma verdade que vai além da minha. Estou entrando no território dessa mulher gigante, que ainda hoje é uma das autoras mais importantes da literatura mundial. Carolina não é só um papel, ela é uma força literária que atravessou séculos, fronteiras e desigualdades, escrevendo de um lugar de silêncio imposto e, mesmo assim, fazendo ecoar a própria voz para o mundo inteiro”, explica Gal. Ainda como parte da composição da personagem, a atriz passou por um grande processo de emagrecimento, chegando a perder mais de 18kg e iniciou a preparação como atriz há um ano, passando por profissionais do Brasil e dos EUA.

O filme é uma adaptação do livro “Quarto de Despejo - Diário de Uma Favelada”, publicado em 1960, em que Carolina Maria de Jesus narra com autenticidade e força poética a vida na favela do Canindé, em São Paulo. Nascida em 1914, em Sacramento (MG), ela impactou o país com seu diário ao expor, com profundidade e sensibilidade, a realidade da fome, do racismo estrutural e da desigualdade social. Com apenas dois anos de educação formal, a autora vendeu mais de um milhão de exemplares, teve sua obra traduzida para 14 idiomas e se tornou a primeira escritora negra brasileira a alcançar reconhecimento internacional. 

A produção pretende revelar não apenas as dificuldades enfrentadas por Carolina e seus filhos, mas também sua genialidade, coragem e paixão pela escrita, que transformaram sua experiência em um poderoso testemunho de resistência. Ao lado de Maria Gal, a produção conta ainda com Raphael Logam, Clayton Nascimento, Liza Del Dala, Carla Cristina Cardoso, Ju Colombo,Caio Manhante, Jack Berraquero, Fabio Assunção, Alan Rocha, Thawan Lucas e grande elenco.


Ficha técnica
Título: "Carolina - Quarto de Despejo"
Direção: Jeferson De
Roteiro: Maíra Oliveira
Produção: Clélia Bessa
Baseado no livro “Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus
Elenco: Maria Gal, Raphael Logam, Laura Vick, Raphael Raposo, Thawan Lucas, Caio Manhente, Clayton Nascimento, Liza Del Dala, Carla Cristina Cardoso, Ju Colombo, Jack Berraquero, Fabio Assunção, Alan Rocha e grande elenco
Produção: Move Maria, Raccord Produções, Buda Filmes
CoProdução: Globo Filmes
Distribuição: Elo Studios

.: "O Efeito Urano" é um reencontro com a mente inquieta de Fernanda Young


Dando continuidade à publicação da obra de Fernanda Young na editora Record, chega às livrarias o romance "O Efeito Urano". Por meio de uma narrativa LGBTQIAPN+, o livro é um reencontro com a mente inquieta da autora, morta precocemente aos 49 anos. Roteirista de séries famosas como "Os Normais", atriz, apresentadora e escritora, Fernanda recebeu o Prêmio Jabuti em 2019 na categoria Crônica.

Poucos autores brasileiros foram tão viscerais quanto Fernanda Young. A literatura dela é inquieta e provocadora. Em "O Efeito Urano", Young desmonta ideias prontas sobre amor por meio de uma linguagem afiada, sem medo do desconforto, e exibe seu talento literário nesta ficção absurdamente incomum. Cristiana é uma jornalista freelancer em um casamento funcional com Guido, um bem-sucedido psicanalista. No entanto, um acidente astrológico entre Urano e Saturno marca uma virada na vida de Cristiana, que passa a agir de forma impulsiva, tomada por um desejo que nem ela consegue entender.

A amizade da jornalista com Helena, uma mulher lésbica e segura de si, altera a dinâmica do casal, e o que poderia ser apenas uma experiência se torna um processo de profunda mudança. Cristiana se move entre atração e culpa, colocando à prova tudo o que considerava estável e cometendo loucuras que bagunçam sua rotina pragmática de então.

Esta nova edição de "O Efeito Urano" é um reencontro com a mente borbulhante de uma autora que marcou a literatura brasileira com intensidade. Com o olhar ácido que lhe é característico, Fernanda Young transita entre o banal e o imprudente, apresentando personagens que não buscam redenção, mas lucidez. Compre o livro "O Efeito Urano", de Fernanda Young, neste link.


Atrizes falam sobre a autora

“Devo muito à Fernanda Young, à jovem e young Fernanda de Nikiti.” - Fernanda Torres

“Tem gente que fez tanto que não morre. Sinto isso sobre a Fernanda Young.” - Fernanda Nobre

“Fernanda foi uma mulher transgressora em tudo que se propôs a fazer em literatura, TV, cinema, teatro e na vida.” - Camila Pitanga

Sobre o livro
“'O Efeito Urano' é o melhor livro de Fernanda Young. (...) A autora implode com a narrativa tradicional, mergulhando nas inovações da literatura contemporânea, algo em que escritores do presente deveriam se inspirar.” – Marcelo Rubens Paiva, Folha de S.Paulo

Sobre a autora
Fernanda Young
(1970–2019) foi uma escritora, roteirista, apresentadora e atriz brasileira, e mãe de quatro filhos. Foi indicada duas vezes ao Emmy e recebeu o Prêmio Jabuti na categoria Crônica. Amada por uma legião de fãs, sua produção reúne 15 livros e 15 séries para televisão. Após a publicação do livro póstumo "Chatices do Amor", a Editora Record dá continuidade à publicação da obra de Fernanda Young com "O Efeito Urano".

Leia também
"Chatices do Amor"
, publicado pela Editora Record, revela ao público dois romances de Fernanda Young: "O Piano Está Aberto" e "O Livro". O primeiro, sobre amor e depressão, é narrado por Anna, uma protagonista silenciosa, que, por meio da música, permite-se sentir tristeza. O segundo trata-se de um recorte dos últimos escritos de Fernanda Young, motivados por um acordo com sua analista: ela só poderia retornar à sessão com um texto novo em mãos. Compre o livro "Chatices do Amor", de Fenanda Young, neste link.

.: Uketsu e Jake Adelstein são novidades na Biblioteca da Fundação Japão


Novas aquisições do acervo passam por gêneros como terror, não-ficção, literatura e culinária; livro sobre segredos da Yakuza é um dos principais destaques. Na imagem, biblioteca da Fundação Japão em São Paulo. Foto: d
ivulgação/Fundação Japão

Obras como “Casas Estranhas”, do autor best-seller e youtuber Uketsu, “Eu, Brasil” da jornalista Juliana Sakae, são destaques entre os novos livros do acervo da Biblioteca da Fundação Japão, em São Paulo, no mês de novembro. O foco dos livros adquiridos é a literatura e cultura japonesas, cobrindo áreas como literatura, teatro, mistério, não-ficção e culinária, abordando os mais diversos temas que envolvem a cultura do país.

Terror e jornalismo são destaques do acervo
"Casas Estranhas", de Uketsu: um sucesso de terror e mistério de um autor youtuber com milhões de inscritos. A trama segue um escritor fascinado por ocultismo e um arquiteto enquanto investigam um espaço misterioso e inexplicável no térreo de uma casa recém-construída em Tóquio, levando-os a descobrir uma realidade macabra.

"Tokyo Noir": o investigador americano que desvendou os segredos da máfia japonesa, de Jake Adelstein: Uma obra de não-ficção que expõe o lado sombrio de Tóquio. O autor, um ex-repórter, revela a profunda infiltração da yakuza na sociedade japonesa, descrevendo como a máfia opera como uma espécie de "governo paralelo".

"Caminho Japonês: da Culinária à Cultura Milenar", de Martin Vidal: este livro convida o leitor a uma jornada pela gastronomia e tradição japonesas. Explora as histórias, valores e segredos que moldam cada prato e cerimônia, enfatizando a precisão técnica, o respeito pelos ingredientes e o equilíbrio dos sabores.

"Eu, Brasil", de Juliana Sakae: neste livro de jornada pessoal, a jornalista narra a busca pela história de sua família e ancestrais após a morte de sua mãe. Sua investigação a leva a lugares como Açores e o Japão do início do século passado, revelando apagamentos estruturais na história brasileira em prol de narrativas hegemônicas.

Além dos títulos acima, “Triste História de Uma Mulher: a História de Okichi, Uma Estrangeira” de Yuzo Yamamoto, “Tosa Nikki: o Diário de Tosa” de Kino Tsurayuki, “A Besta nas Sombras” de Edogawa Rampo e “Kirishitan Nobunaga” de Osanai Kaoru também acabam de chegar ao acervo. Localizada na Avenida Paulista, 52, 3º andar, no bairro Bela Vista, a biblioteca funciona de terça a sexta-feira, das 10h30 às 19h30, e aos sábados (alternados), das 9h00 às 14h00.

.: #LeituraMiau: A beleza das palavras denuncia os limites do indomável caos


Por Cláudia Brino, escritora, ativista cultural e editora da Costelas Felinas

Em "Deixa que Eu Conto - Volume 2: Rabiscos", a autora miau Maria Braga Canaan constrói uma escrita que desafia classificações. Seus textos, espontâneos e densos, não pretendem se encaixar em moldes: são manifestações da alma, rabiscos feitos com a coragem de quem entende que escrever é uma forma de exposição ainda mais intensa que o ato de se desnudar.

Canaan abraça a natureza fragmentária dos sentimentos. Cada texto é como uma janela entreaberta - às vezes luminosa, às vezes turva - para o universo íntimo que ela partilha com o leitor. A escritora reconhece a beleza das palavras, mas também denuncia seus limites diante do indomável caos emocional que todos carregamos.

Publicada pela Editora Costelas Felinas, a obra propõe uma experiência de leitura sensível e aberta, recusando definições fechadas sobre tema ou propósito. Cada leitor, portanto, se encontrará (ou se perderá) nesses fragmentos, reconhecendo neles algo de si.

O livro é um convite à experiência: cabe ao leitor percorrer esses caminhos de sentidos múltiplos, sentir-se tocado ou desafiado pelas entrelinhas. Maria Braga Canaan oferece uma travessia de impressões, um espaço onde o inacabado e o verdadeiro coexistem com rara honestidade.

sábado, 22 de novembro de 2025

.: No musical "Titanique", Céline Dion assume o leme e vira furacão pop


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com
Foto: Caio Gallucci

Há algo deliciosamente profano em ver o mito do navio Titanic ser desmontado, reconfigurado e servido como um grande cabaré marítimo onde Céline Dion, diva absoluta do exagero emocional e dos hits românticos, transforma o naufrágio mais famoso do cinema em uma ópera pop de humor ácido, brilho extravagante e inteligência cênica. "Titanique - O Musical" zomba, com respeito, do clássico de James Cameron, para, paradoxalmente, homenageá-lo com mais amor do que reverência. 

Sob a direção lúcida e debochadamente precisa de Gustavo Barchilon, o espetáculo entende que o segredo do riso não está no pastelão gratuito, mas na consciência estética da própria precariedade. O exagero é método, o nonsense é linguagem e o camp é tratado como filosofia de palco. É besteirol? Sim. Mas do mais alto nível, como quem ri sabendo exatamente de onde vem a piada. Há glamour, deboche e genialidade.

No centro desse furacão pop está Alessandra Maestrini, simplesmente avassaladora como Céline Dion. Sua performance é um espetáculo dentro do espetáculo. Ela incorpora, ironiza e usa a potência vocal com precisão cirúrgica, sem jamais abandonar o timing cômico que a transforma em uma narradora tão divina quanto ridiculamente humana. Há elegância na caricatura dela, há humor sofisticado na diva que ela interpreta, e há classe até quando tudo parece desabar. É Céline Dion como você nunca viu e talvez como sempre imaginou, no fundo.

Ao seu lado, Giulia Nadruz constrói uma Rose que flutua entre a delicadeza romântica e uma ironia sutil absolutamente vital para o jogo cênico. A beleza delicada encontra na experiência brilhante do teatro musical uma camada extra de inteligência dramática. É uma Rose que sabe que está dentro de um delírio e se diverte com isso. Luis Lobianco, recém-saído da televisão como o controverso Freitas de "Vale Tudo", encontra nesse espetáculo outro campo fértil para o humor ferino. A Ruth de Lobianco é cruel, afetada e debochada na medida certa. Marcos Veras sustenta um Jack que talvez não seja o mais heroico, mas certamente é o mais autoconsciente. 

Musicalmente, "Titanique" passeia pelos grandes hits de Céline Dion com energia e irreverência - “My Heart Will Go On” está lá, em toda sua glória piegas e monumental - mas o espetáculo não se prende à nostalgia fácil. Pelo contrário: faz dela uma arma, uma piada, um gesto político queer que transforma o passado em festa, a tragédia em carnaval, o drama em delícia pop.

É impossível sair ileso. Não porque emociona apenas, mas porque desmonta a ideia de que o riso precisa ser raso. Aqui, rir é um ato sofisticado. É entender que a cultura pop também pensa, critica, ironiza e reinventa. O palco vira navio e nele o público se vê refletido na fome por exagero, por catarse, por um espetáculo que não pede desculpas por ser excessivo. "Titanique - O Musical" não afunda. Pelo contrário, ele boia, dança, desafia o iceberg do bom gosto conservador e transforma a tragédia em celebração. E se for para naufragar, que seja ao som de Céline Dion, com luzes, plumas e um público gargalhando em estado de puro êxtase.


"Titanique - O Musical" | Ficha técnica
Direção artística: Gustavo Barchilon 
Elenco: Alessandra Maestrini (Celine Dion), Marcos Veras (Jack), Giulia Nadruz (Rose), Luis Lobianco (Ruth - mãe da Rose), George Sauma (Carl), Wendell Bendelack (Victor Garber), Valéria Barcellos (Tina Turner), Talita Real (Molly Brown), Matheus Ribeiro (Marinheiro), Luiza Lapa, Marcos Lanza e Luan Carvalho.
Direção artística: Gustavo Barchilon
Direção de produção: Thiago Hofman
Direção musical | Arranjo | Orquestração: Thiago Gimenes 
Desenho de luz: Maneco Quinderé
Direção de movimento: Alonso Barros
Figurino: Theo Cochrane
Cenografia: Natália Lana
Visagismo: Feliciano San Roman
Design de som: João Baracho
Assistentes de direção: Talita Real e Gabi Camisotti

"Titanique - O Musical" | Serviço
Local: Teatro Sabesp Frei Caneca - Shopping Frei Caneca
Endereço: Rua Frei Caneca, nº 569 • 7° Piso I Consolação • São Paulo • SP
Temporada: 11 de outubro a 14 de dezembro de 2025
Sessões: Sábados às 17h e 20h e Domingos às 15h e 18h 
Duração: 110 minutos
Capacidade: 600 pessoas
Classificação indicativa: 12 anos 

Bilheteria do Teatro Sabesp Frei Caneca • Sem incidência de Taxa de Serviço
7º Piso do Shopping Frei Caneca
Rua Frei Caneca, nº 569 • 7° Piso I Consolação • São Paulo • SP
Horário de funcionamento: terça-feira a domingo, das 12h00 às 15h00, e das 16h00 às 19h00, e segunda-feira bilheteria fechada.

.: “Beetlejuice”: musical reafirma pacto com absurdo e encontra nova pulsação


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com

Se existe algo mais perigoso do que invocar Beetlejuice três vezes, é subestimar o poder de um elenco que entende o caos como linguagem e o grotesco como celebração. Na nova temporada paulistana, em cartaz até 30 de novembro no Teatro Liberdade, “Beetlejuice - O Musical” não apenas confirma o status de fenômeno premiado. O espetáculo se reinventa no detalhe, na troca de energia, no risco calculado de quem sabe que a morte - quando bem encenada - é uma forma superior de estar vivo.

Os críticos do portal Resenhando.com assistiram ao espetáculo com Fabrizio Gorziza, substituto de Eduardo Sterblitch, e o que poderia ser uma simples alternância transforma-se em afirmação artística. O Beetlejuice de Gorziza é menos caricatura e mais veneno cênico elegante: há um brilho perverso no olhar, um domínio vocal seguro e um timing cômico que beira o insolente. E ele não entra tímido nesse universo: chega como um mestre de cerimônias do além, confortável em sua irreverência e perigosamente magnético. Em cena, não sobra espaço vazio - tudo vibra sob a presença desse artista que sempre é outro a cada novo personagem.

E quando o espetáculo poderia se perder em sua própria grandiloquência visual, surge Pâmela Rossini como Lydia Deetz para lembrar que carisma não se fabrica, mas se sustenta. Com a bagagem de quem já foi Wandinha e Elphaba em musicais anteriores, Rossini imprime à personagem uma densidade rara: é gótica, sim, e nunca rasa. A voz dela é um acontecimento à parte - forte, expressiva, tecnicamente impecável - e a atuação dessa atriz cria um contraste delicioso entre melancolia e ironia. Lydia, nas mãos dela, é uma adolescente em luto que zomba da própria sombra. E brilha. Sempre.

Ivan Parente, como o fantasma Adam Maitland, é daqueles acertos que arrancam risos e aplausos sem esforço... aparente. Está impagável e lírico neste personagem. Há uma comicidade fina na composição dele, mas também um cuidado afetuoso que humaniza o absurdo de um homem que acabou de morrer e precisa assombrar a casa para afastar novos moradores. O talento dele irrompe em cena com naturalidade, como quem compreende que o humor mais inteligente não grita: seduz.

É importante sublinhar: “Beetlejuice - O Musical” não é um espetáculo para crianças. O texto brinca com duplos sentidos, palavrões e humor ácido - ainda bem. A obra respeita a própria inteligência e confia no espectador. Não higieniza o riso, não suaviza o grotesco, não pede desculpas pela ousadia. Pelo contrário: celebra e faz dela um manifesto festivo sobre a precariedade humana, sobre rir da morte para insistir na vida.

A direção de Tadeu Aguiar mantém a engrenagem afinada entre espetáculo visual e emoção sincera. Cenários, figurinos, luz entre o roxo e o verde e coreografias operam como um organismo pulsante que envolve a plateia numa estética de Tim Burton, que consagrou o personagem em duas produçoes cinematográficas, e não se limita à nostalgia: atualiza, provoca e expande. "Beetlejuice - O Musical” é sombrio, divertido, debochado e tecnicamente irrepreensível. Uma espécie de lembrete torto de que o teatro, quando se permite ser estranho, também se torna lendário. E que, às vezes, os mortos são muito mais interessantes do que os vivos.

Serviço
"Beetlejuice - O Musical"
Teatro Liberdade | Rua São Joaquim, 129 - Liberdade / São Paulo
Temporada: até dia 30 de novembro

Sessões
Quarta a sexta-feira, às 20h00 | Sábado, às 16h00 e às 21h00 | Domingo, às 16h00 às e às 20h30
*O elenco pode sofrer alterações sem prévio aviso.
Duração: 2h30m (com intervalo de 15m)
Classificação: 14 anos

Valores
Plateia Premium: R$350,00 (Inteira)  R$175,00 (Meia-entrada)
Plateia R$280,00 (Inteira)  R$140,00 (Meia-entrada)
Balcão A Visão Parcial: R$170,00 (Inteira)  R$85,00 (Meia-entrada)
Balcão A: R$240,00 (Inteira)  R$120,00 (Meia-entrada)
Balcão B : R$190,00 (Inteira)  R$95,00 (Meia-entrada)
Ingresso Popular*: R$42,36 (Inteira)  R$21,18 (Meia-entrada)
*Os ingressos populares são válidos em todos os setores, sujeito à disponibilidade

Vendas:
Internet (com taxa de conveniência): https://www.sympla.com.br/
Funcionamento de bilheteria física (sem taxa de conveniência)
Atendimento presencial: de terça à sábado das 13h00 às 19h00. Domingos e feriados apenas em dias de espetáculos até o início da apresentação.
Formas de pagamento: dinheiro, cartão de débito ou crédito.

.: Crítica: “Um Dia Muito Especial” revela o lado mais visceral de Gianecchini


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com
Foto: Priscila Prade

O que acontece quando Reynaldo Gianecchini e Maria Casadevall são colocados no mesmo palco, sob a direção sensível e precisa de Alexandre Reinecke, em plena Roma de 1938, com Mussolini e Hitler desfilando suas sombras ao fundo? A resposta é, de certa forma, simples e ao mesmo tempo devastadora: surge um teatro que lembra que a política, o amor e a humanidade não podem ser separados. “Um Dia Muito Especial” vai além da transposição de um clássico do cinema italiano para o palco brasileiro, é um ensaio sobre o que torna as pessoas vulneráveis e, ao mesmo tempo, extraordinárias. 

Maria Casadevall, no papel de Antonietta, dá vida a uma mulher submissa, esmagada pelo machismo e pela rotina doméstica, mas que consegue despertar afeto sem jamais se tornar apenas objeto de piedade. É impossível não se emocionar com cada gesto, cada pausa, cada olhar que ela entrega. É uma grande atriz que ficou conhecida na televisão em um momento impressionante da carreira, desta vez no teatro - lugar em que consegue elevar a arte dela a um patamar que beira o sagrado.

Gianecchini, por sua vez, está em um momento raro de visceralidade teatral. O Gabriele interpretado por ele, recém-demitido por ser homossexual, é alguém que faz o público confrontar os próprios preconceitos e, por vezes, a covardia. A química do ator com Maria Casadevall é elétrica, mas nunca óbvia. Eles conversam, trocam e, mais importante, tornam os espectadores cúmplices de um amor platônico que não precisa de cenas grandiosas para ser arrebatador. É. E ponto. 

Quando Gianechini berra em plenos pulmões, em uma cena tensa e ao mesmo tempo comovente, ele se coroa como ator de teatro, um lugar que sempre foi dele, mas que precisou ser conquistado e merecido. Essa consagração vai além do número de peças que ele vem apresentando desde que passou a ter autonomia para escolher os projetos que quer fazer, mas principalmente em relação às histórias que ele escolhe contar.

O espetáculo vai além do romance: desenha o fascismo, não com cartazes ou discursos, mas a partir da vida das pessoas comuns, dos pontos de vista conflitantes, das escolhas assumidas e das limitações apresentadas pelos personagens. É nessa tensão que o texto de Ettore Scola e Ruggero Maccari, traduzido por Célia Tolentino e adaptado por Reinecke, encontra seu respiro: cada diálogo é uma provocação.

Tecnicamente, a montagem é impecável. Marco Lima e Cesar Pivetti transformam o palco em um mosaico de intimidade e história, enquanto Dan Maia, com a trilha sonora, consegue fazer a música dialogar com a dor, a esperança e o absurdo da existência. A iluminação, o figurino e o design gráfico completam o quadro de maneira tão sutil quanto necessária: nada rouba a atenção do que realmente importa - a conexão entre os personagens e, por extensão, com o público. A atriz Carolina Stofella tem uma participação singela, mas marcante.

Nesse duelo de talentos, os espectadores têm a chance de sair do Teatro Sérgio Cardoso diferente de como entrou. Mais atento, mais sensível, mais inquieto. Dizem que a marca dos grandes espetáculos é transformar quem assiste a partir de uma boa história. “Um Dia Muito Especial” convida a sentir com urgência. Se você acredita que o teatro é apenas entretenimento, ou quer assistir a uma história de amor "levinha", prepare-se para se surpreender. Nesse espetáculo, a política, o amor e a coragem se entrelaçam de maneira tão natural que, durante a apresentação, é possível que os espectadores se sintam participantes de um diálogo impossível de ignorar.


Ficha técnica
"Um Dia Muito Especial" 
Autor: Ettore Scola e Ruggero Maccari
Tradução: Célia Tolentino
Adaptação: Alexandre Reinecke
Direção Geral: Alexandre Reinecke
Elenco: Reynaldo Gianecchini, Maria Casadevall, Carolina Stofella
Direção de Produção: Marcella Guttmann
Produção Executiva: Tatiane Zeitunlian
Assistência de Produção: Erica Paloma
Assistência de Direção: Carolina Stofella
Design Gráfico: Victória Andrade
Iluminação: Cesar Pivetti
Cenários: Marco Lima
Fotografia: Priscila Prade
Trilha Sonora: Dan Maia
Hair Stylist e Visagismo: Robson Souza
Makeup Artist: Beatriz Ramm 
Figurino Masculino: Ricardo Almeida
Figurinos Femininos: Debora Ceccatto
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Operação de Luz: Rodrigo Pivetti 
Produtores associados: Reynaldo Gianecchini e Alexandre Reinecke
Realização: Reinecke Produções Culturais Ltda.


Serviço
"Um Dia Muito Especial"
Direção Alexandre Reinecke com Maria Casadevall e Reynaldo Gianecchini
Temporada: até dia 30 de novembro, sexta-feira, às 20h00; sábado, às 17h00 e às 20h00, e domingo, às 17h00
Ingressos entre R$ 70,00 e R$ 200,00 | Sympla
Duração: 90 minutos 
Classificação etária:10 anos 
Local: Teatro Sérgio Cardoso | Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista, São Paulo/SP
Capacidade: 827 lugares
Bilheteria: Aberta nos dias de espetáculos, das 14h00 até o horário da atração.
Contato bilheteria: (11) 3288-0136

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