segunda-feira, 1 de abril de 2024

.: "Brás Cubas", da Armazém Companhia de Teatro, no Sesc Santo Amaro


A encenação desmembra o personagem-título em dois, além de trazer o próprio autor para o centro da cena com comentários que visam conectar suas críticas à sociedade brasileira de hoje. Fotos: Mauro Kury

Mais recente montagem da Armazém Companhia de Teatro, o espetáculo "Brás Cubas", versão cênica de Paulo de Moraes para a obra-prima "Memórias Póstumas de Brás Cubas" de Machado de Assis, está em cartaz no Sesc Santo Amaro, até 5 de maio. A encenação desmembra o personagem-título em dois, além de trazer o próprio autor para o centro da cena com comentários que visam conectar suas críticas à sociedade brasileira de hoje.

A versão cênica de Paulo de Moraes traz o Bruxo do Cosme Velho para o centro da cena, como personagem. Com dramaturgia de Maurício Arruda Mendonça, a nova montagem da Armazém tem elenco formado por Bruno Lourenço, Isabel Pacheco, Jopa Moraes, Felipe Bustamante, Lorena Lima e Sérgio Machado, iluminação de Maneco Quinderé, cenografia de Carla Berri e Paulo de Moraes, figurinos de Carol Lobato, direção musical de Ricco Vianna e direção de movimento de Patrícia Selonk e Paulo Mantuano. 

A temporada iniciada na semana passada no Sesc Santo Amaro, segue até o dia 5 de maio, sextas às 21h00, sábados às 20h00 e domingos às 18h00, para público a partir de 14 anos. Em outubro de 2023, Brás Cubas participou do Festival Internacional de Teatro de Wuzhen, na China, ao lado de importantes nomes do teatro mundial, como Robert Wilson e Joël Pommerat, sendo o espetáculo mais bem avaliado pelo público chinês. No segundo semestre de 2024, Brás Cubas será apresentado na Rússia e retorna à China para turnê.

Literatura no teatro
Foi a partir da 1881, com "Memórias Póstumas de Brás Cubas", seguido por "Quincas Borba", "Dom Casmurro", "Esaú e Jacó" e "Memorial de Aires" que Machado de Assis começou a desenvolver seu extraordinário realismo psicológico, permeando seus romances com impetuoso sarcasmo. "Memórias Póstumas de Brás Cubas" é considerado um romance original desde a sua dedicatória “ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver” e prossegue na ideia de um defunto autor que, para fugir ao tédio do túmulo, escreve suas memórias.

"'Brás Cubas' é um dos personagens mais icônicos da literatura brasileira. Tratar de um personagem pretensioso e prepotente, um recordista de fracassos, que têm uma aversão por si mesmo absolutamente merecida – e que nos fala tanto sobre a formação da elite brasileira –, era muito sedutor. Mas traduzir a experimentação formal de Machado para o palco – conversando com o público de hoje – me parecia desafiador. Porque Machado escreve com um nível de sutileza raro. Então, com certeza o nosso grande embate durante a descoberta da peça tem sido como fazer com que essa literatura sutil se transforme numa ação dramática contundente", declara o diretor Paulo de Moraes.

A dramaturgia de "Brás Cubas", assinada por Maurício Arruda Mendonça, é uma adaptação do romance de Machado de Assis, mas não uma adaptação no sentido clássico porque insere o próprio autor na peça, como personagem. “O espetáculo tem uma certa vinculação com o sonho. A gente constrói essa história como se estivéssemos dentro da casa do Machado, acompanhando a sua criação. E o ponto central da nossa adaptação é o delírio que o personagem do Brás tem momentos antes de sua morte”, comenta Paulo de Moraes.

Brás Cubas fragmentado
A peça da Armazém desmembra o personagem Brás Cubas em dois. Sérgio Machado interpreta Brás Cubas desde seu nascimento até sua morte (não necessariamente nessa ordem) e Jopa Moraes assume Brás Cubas já como o defunto que narra suas memórias póstumas. “Esse defunto está pouco vinculado ao século 19, quer e precisa se comunicar com as pessoas de agora”, afirma o diretor.

A dramaturgia tem uma estrutura em três planos: o plano da memória – que são as cenas vividas por Brás; o plano da narrativa – onde entram as divagações e reflexões do defunto; e um terceiro plano em que o próprio Machado de Assis (vivido por Bruno Lourenço) invade sua narrativa com comentários que visam conectar contemporaneamente suas críticas à sociedade brasileira.

“Nosso Machado não é um personagem biográfico. Embora todas as questões que o personagem coloque na peça tratem de assuntos sobre os quais Machado escreveu, estão colocadas em contextos diferentes. É uma brincadeira a partir de detalhes biográficos. Um personagem imaginário tentando se comunicar com o nosso tempo”, finaliza Paulo.

Em outubro de 2023, Brás Cubas participou do Festival Internacional de Teatro de Wuzhen, na China, ao lado de importantes nomes do teatro mundial, como Robert Wilson e Joël Pommerat, sendo o espetáculo mais bem avaliado pelo público chinês. No segundo semestre de 2024, Brás Cubas será apresentado na Rússia em um Festival de Teatro, em outubro, e depois retorna à China para turnê em outubro e novembro.


Ficha técnica
Espetáculo "Brás Cubas".
Direção: Paulo de Moraes.
Dramaturgia: Maurício Arruda Mendonça.
Montagem da Armazém Companhia de Teatro.
Elenco/personagens: Sérgio Machado (Brás Cubas), Jopa Moraes (Defunto), Bruno Lourenço (Machado de Assis), Isabel Pacheco (Virgínia), Felipe Bustamante (Quincas) e Lorena Lima (Marcela e Natureza).
Músico em cena: Ricco Viana.
Cenografia: Carla Berri e Paulo de Moraes.
Iluminação: Maneco Quinderé.
Figurinos: Carol Lobato.
Cabeça do Hipopótamo: Alex Grilli.
Direção Musical: Ricco Vianna.
Direção de movimento: Patrícia Selonk e Paulo Mantuano.
Colaboração na Dramaturgia: Paulo de Moraes.
Assessoria de Imprensa: Ney Motta.
Designer Gráfico: Jopa Moraes.
Mídias Sociais: Mariã Braga.
Fotografias: Mauro Kury.
Produção São Paulo: Pedro de Freitas e Adolfo Barreto / Périplo.
Direção de Produção: Patrícia Selonk.
Assistente de Produção: Maria Luiza Selonk.
Coordenação do Projeto: Paulo de Moraes e Patrícia Selonk.
Apoio Institucional: Banco do Brasil.
Realização: Sesc SP.


Serviço
Espetáculo "Brás Cubas".
Com Armazém Companhia de Teatro.
Direção: Paulo de Moraes.
Até dia 5 de maio de 2024.
Sextas, às 21h00, sábados, às 20h00, e domingos, às 18h00.
Local: Sesc Santo Amaro - Teatro.
Rua Amador Bueno, 505, Santo Amaro, São Paulo.
Ingressos: R$ 18,00 (credencial plena), R$ 30,00 (meia-entrada) e R$ 60,00 (inteira). Estão disponíveis no aplicativo Credencial Sesc SP ou no site www.centralrelacionamento.sescsp.org.br, a partir de 12 de março; e nas bilheterias das unidades do Sesc SP a partir de 13 de março.
Horário de funcionamento: terça  a  sexta, das 10h00 às 21h30. Sábado, domingo e feriado, das 10h00 às 18h30.
Duração: 110 minutos.
Classificação indicativa: 14 anos.
270 lugares.
Unidade acessível.

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