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sexta-feira, 25 de abril de 2025

.: "Presente & Cotidiano": Cristina Guimarães presta tributo a Luiz Melodia

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.


Depois de um EP e quatros singles lançados, a cantora paulistana Cristina Guimarães decidiu cantar a obra de Luiz Melodia (1951-2017) no seu novo álbum "Presente & Cotidiano", que vai além de uma homenagem ao cantor e compositor carioca. Cristina procurou traduzir as emoções que a música de Melodia sempre despertou, e ainda desperta, contando com os  arranjos assinados por André Bedurê, que também foi o produtor musical da obra. 

Já disponível nas plataformas de música, "Presente & Cotidiano" tem participação especial de Cida Moreira e Zeca Baleiro. Não se trata de um trabalho óbvio, não é uma compilação dos clássicos da carreira de Luiz Melodia, conhecidos pelo grande público. À exceção de “Magrelinha” e “Estácio, Eu e Você”, o repertório traz preciosidades como “Retrato do Artista Quando Coisa”, “Começar pelo Recomeço”, “Giros de Sonho”, “Dias de Esperança” e “Feras que Virão”, além das não tão populares “Um Toque”, “O Sangue Não Nega” e a faixa que dá nome ao álbum “Presente Cotidiano”. 

Os músicos que tocam em "Presente & Cotidiano" também formam o trio que acompanham a artista nos shows - André Bedurê (baixo, violão de nylon e vocal), Rovilson Pascoal (guitarra, cavaquinho e violão de aço e nylon) e Gustavo Souza (bateria e percussão), além do violoncelista convidado Jonas Moncaio.

Cida Moreira é convidada especial de "Presente & Cotidiano". Sua participação acontece na faixa “Feras que Virão”. O cantor e compositor Zeca Baleiro é convidado de Cristina na faixa “Giros de Sonho”. Os dois duetos funcionaram de forma perfeita no álbum, que mostra uma intérprete segura e com uma proposta de trabalho muito interessante. Se você curte a obra de Luiz Melodia, vale a pena conferir esse trabalho.  

Magrelinha


Presente Cotidiano


O Sangue não Nega



sexta-feira, 18 de abril de 2025

.: Entrevista: Marya Bravo diante de um novo despertar musical


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Fotos: Dip Ferrera

Filha do compositor Zé Rodrix e da cantora Lizzie Bravo, a atriz e cantora Marya Bravo decidiu dar um novo rumo para a carreira. De malas quase prontas para o Rio de Janeiro, ela encontrou parceiros musicais que ajudaram a moldar um trabalho musical autoral, diferente de seus trabalhos anteriores. Ela investiu fundo na forma de compor e produzir, apostando na mescla do som orgânico com elementos eletrônicos.

Para quem não sabe, Marya é filha da única brasileira a gravar com os Beatles em estúdio. Lizzie era apenas uma adolescente que ficava na frente do estúdio Abbey Road esperando uma chance para apenas ver seus ídolos de perto. Acabou sendo chamada para gravar vocais de "Across The Universe", juntamente com Paul McCartney e John Lennon em fevereiro de 1968. Ela faleceu em 2021.

Zé Rodrix teve uma trajetória musical de sucesso como artista solo e como integrante do trio Sá, Rodrix e Guarabira nos anos 70, além de integrar bandas icônicas como o Som Imaginário. Ele faleceu em 2009. Com pais tão ligados à música, o caminho natural de Marya acabou sendo esse mesmo. “As lembranças da infância já traziam a música. Minha mãe falava que eu cantava já deitada no berço”, explica Marya, que soma em sua carreira mais de 20 musicais estrelados no Brasil e no exterior, como "Beatles num Céu de Diamantes" e "Clube da Esquina – Sonhos Não Envelhecem", que lhe renderam duas indicações à Melhor Atriz nos prêmios Cesgranrio e APTR (Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro).

O primeiro single dessa sua nova fase, “Eterno Talvez”, contou com produção musical de Nobru (bandas  Cabeça, Planet Hemp) e Dony Von (Matanza, Os Vulcânicos) e distribuição do selo Ditto Music. O trio é fortemente conectado a gêneros como rock, jazz, trip hop, hip hop, música brasileira e eletrônica. Em entrevista para o Resenhando. Marya conta como se deu essa nova produção musical e suas expectativas quanto ao futuro. “Meu maior desejo é que essas músicas mexam com as pessoas, que as leve para ambientes diversos de reflexões sobre sentimentos profundos”.


Resenhando - Como foi o seu início na música?
Marya Bravo – Eu acho que vem desde quando era criança. Porque me lembro bem quando acompanhava a minha mãe quando ela gravava jingles ou participava de alguma gravação. Eu gostava de ir junto com ela. A música estava sempre por perto.


Resenhando - Sua formação como atriz ajudou na carreira musical?
Marya Bravo - Para mim foi importante demais. Ajudou a dar uma espécie de conceito ao trabalho desenvolvido na música.


Resenhando - Seus primeiros trabalhos foram como intérprete. E agora você investe o autoral. O que mudou em relação ao início?
Marya Bravo - Esse trabalho atual é fruto de um amadurecimento em termos de composição. Gosto muito de Portishead, Massive Attack, Bjork… e, juntos, meus parceiros e eu também temos uma veia muito forte no hardcore e no punk-rock. Somos amigos de longa data e nos reencontramos na hora certa. Nossa experiência no estúdio criando este disco fluiu muito naturalmente.


Resenhando - Fale sobre o primeiro single, a canção Eterno Talvez.
Marya Bravo - "Eterno Talvez" foi a última música que gravamos. O Dony havia feito para sua banda com o Nobru, e não tinha letra. Sempre que ouvia essa melodia, ela me tocava profundamente. Um dia, em um hotel em São Paulo, a letra veio de primeira pra mim. Gravamos e acabou virando a favorita dos três. Ela fala de desejos inalcançados e a eterna busca por um coração preenchido. O disco deve contar com 11 faixas e ser disponibilizado nas plataformas em maio. Temos outras sete canções prontas para um futuro trabalho.


Resenhando - Você ainda mantém vontade de gravar como intérprete?
Marya Bravo - Sim. Inclusive tem uma surpresa muito legal: nós gravamos uma canção inédita do meu pai, Zé Rodrix. Era uma canção que estava ainda na nossa memória afetiva familiar, pois ele não chegou a gravá-la. Foi muito emocionante. O resultado ficou tão bom, que parecia até que ele tinha acabado de compor a canção para o disco


Resenhando - Vocês pretendem mostrar esse trabalho ao vivo?
Marya Bravo - Sim. Queremos mostrar esse trabalho em São Paulo e no Rio de Janeiro, e depois em todo o País, onde houver possibilidade. 

"Eterno Talvez"


.: Úrsula Freitas, uma vida em torno da mediação


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

A advogada e mediadora de conflitos Úrsula Freitas sempre esteve envolvida com textos jurídicos, até ser provocada por um amigo roteirista que, impressionado com a sua história pessoal e profissional, sugeriu que ela escrevesse um livro. Assim surgiu “Minha Vida Antes e Depois da Mediação", que está sendo lançado neste mês de abril.

A ideia do livro surgiu durante um réveillon de 2019 e se concretizou durante a pandemia, quando Úrsula começou a escrever e percebeu que a obra iria além um registro autobiográfico e poderia servir como apoio para pessoas que enfrentam conflitos e não sabem por onde começar a resolvê-los. Ao longo das 127 páginas, a autora revisita momentos marcantes de sua vida, como sua juventude, a falta de estrutura familiar, o casamento precoce e a maternidade; além de apresentar casos que servem de exemplo de como a comunicação e o diálogo podem ajudar a encontrar uma solução.

"Durante muito tempo, pensei em como poderia ajudar ainda mais as pessoas que vivem em conflito, assim como eu vivi os meus por tantos anos. Neste livro, convido os leitores a refletirem sobre os embates, porque ele vai deixando a gente doente e, se mal administrado, perpetua-se no tempo. O diálogo é uma ferramenta poderosa, só precisamos usá-lo com sabedoria", afirma a autora.

Há mais de 16 anos auxiliando pessoas a encontrarem soluções consensuais para suas divergências, Úrsula, por meio de “Minha Vida Antes e Depois da Mediação”, desmistifica o papel do mediador e mostra uma alternativa eficaz ao modelo tradicional do Judiciário, muitas vezes desgastante e burocrático.

Na apresentação, a autora escreve: “Segundo o Conselho Nacional de Justiça, 80% dos casos que estão na Justiça, não deveriam estar resolvidos de outra forma, mas quem não consegue estabelecer a comunicação, apesar de todo o cuidado do mediador em buscar os interesses comuns, não tem outra opção a não ser brigar.”  Ao compartilhar sua experiência e os desafios enfrentados pela profissão, o livro se torna uma ferramenta de empoderamento para mediadores e para qualquer pessoa que queira compreender melhor essa prática. 

A obra está dividida em duas partes: "O Caos" e "A Mediação". Na primeira, ela conta um pouco da sua história e do caminho que a levou a trabalhar com mediação de conflitos, primeiro dentro do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e depois como iniciativa privada. Na segunda parte, ela explica tudo que envolve o trabalho de mediação e os modelos que servem de orientação, baseados em três escolas: o "Tradicional-Linear de Harvard" - em que o mediador é um facilitador da comunicação para conseguir um diálogo -; o "Transformativo de Bush e Folger" - que destaca a importância do aspecto relacional -; e, por último, o "Modelo Circular-Narrativo de Sara Cobb", que visa permitir diferenciadas conotações e compreensões sobre as ocorrências vivenciadas para a construção de uma outra história. Na segunda parte, estão também 15 casos cuidadosamente selecionados pela autora, sempre preservando a identidade dos envolvidos.

Entre os casos abordados estão o do casal que vive há 40 anos, pais de dois filhos, que resolve se separar depois de um casamento que deu certo a vida inteira; outro sobre uma família que entra em guerra por conta de um inventário que envolve um espólio de R$ 70 milhões, a história de duas amigas de infância e um cachorro feroz e a de um pai em busca de refazer sua relação com a filha.

Satisfeita com o resultado, a escritora acredita que o livro vai orientar as pessoas que não sabem como usar a mediação ou não tem conhecimento da sua importância. Ursula Freitas é formada em direito pela Universidade Cândido Mendes e advoga há 20 anos. Há 16 anos, trabalha com mediação. Atualmente ela faz parte dos profissionais do Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem. Também é professora e supervisora do curso de capacitação da Câmara de Mediação da FGV. E ainda é mediadora e parceira da empresa Mediar 360o. Pré-venda disponível neste link.

sábado, 12 de abril de 2025

.: Crítica: "Sambabook Beth Carvalho", uma receita irresistível de samba


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

Uma seleção de sambas consagrados, interpretados por nomes conhecidos desse estilo. Com essa receita, certamente o resultado será acima da média. O "Sambabook" em tributo a Beth Carvalho, inclui, além de um álbum com versões primorosas de sambas, um caderno de partituras, com transcrição dos arranjos originais dos sambas; ambiente na web, com portal e redes sociais, além do livro "Uma Vida pelo Samba", escrito pelo jornalista e pesquisador Rodrigo Faour, que cataloga os álbuns de carreira e as participações de Beth em discos de outros artistas, compactos e projetos especiais, desde sua estreia, no final de 1965. 

O "Sambabook Beth Carvalho" reúne artistas de diferentes gerações e estilos, a começar por Zeca Pagodinho e Jorge Aragão, homenageados em edições anteriores. Compositores ligados à trajetória da cantora, como Sombrinha e Fundo de Quintal, se uniram a artistas consagrados e novos expoentes do samba e do pagode neste tributo, marcado pela saudade e pela emoção. O samba foi representado por Leci Brandão, Xande de Pilares, Teresa Cristina, Diogo Nogueira, Péricles, Arlindinho, Ferrugem, Mumuzinho, Marina Iris, Prettos, Mosquito e Lu Carvalho.

Como a diversidade já é tradição no Sambabook, artistas que transitam por outros estilos brilharam na seleção musical, como Fagner, Maria Rita, Seu Jorge, Paula Lima, Luciana Mello, Zelia Duncan, Luedji Luna e a jovem cantora baiana Agnes Nunes. Luana Carvalho, acompanhada pelos Golden Boys, reeditou “Andança”, clássico que sua mãe lançou com o trio, no ano de 1968. Já os músicos Gabriel Grossi, Hamilton de Holanda, Nicolas Krassik, Marcelinho Moreira e Rildo Hora criaram versões instrumentais especialmente para o projeto.

Ouvir as faixas desse álbum é um puro deleite. Nos faz lembrar com saudade da voz e presença marcante de Beth Carvalho, que como intérprete não só influenciou toda uma geração de músicos, mas também deixou um legado importante ao abrir as porás para outros talentos que se consolidaram com o passar dos anos.

"Andança" - Luana Carvalho e GoldenBoys

"1800 Colinas" - Xande de Pialres

"A Chuva Cai" - Zeca Pagodinho

sábado, 5 de abril de 2025

.: Marcus Lima e Thais Motta prestam tributo a Chico Buarque


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

Com produção artística de João Carino e Marcos Gomes, e realização do Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB), chegou nas plataformas digitais o álbum "Tributo a Chico Buarque", registro ao vivo do show que reúne clássicos do compositor nas interpretações de Marcus Lima e Thais Motta (do selo Biscoito Fino). Um registro de rara beleza que merece ser apreciado por quem curte a nossa MPB. 

O espetáculo "Tributo a Chico Buarque", foi gravado durante a turnê do projeto em Portugal, onde circulou por 23 cidades em duas temporadas.  Com arranjos originais de Cristóvão Bastos e João Lyra, o show apresenta 22 clássicos de Chico Buarque

Marcus Lima é conhecido por suas participações em festivais de música, dos quais venceu alguns com seu trabalho autoral. O cantor, compositor e violonista tornou-se respeitado pela qualidade inovadora de seu repertório e por sua interpretação vocal. Ao longo de 25 anos de carreira, Marcus se apresentou em seis turnês pela Europa, lançou cinco CDs e compôs músicas que fizeram parte de trilhas sonoras para o cinema.

A cantora e compositora carioca Thaís Motta foi apelidada de Miss Ritmo pelo baterista Marcio Bahia, por conta de seu carisma e divisão rítmica criativa. Thaís transita por estilos diferentes: gravou com o grupo de rock progressivo holandês Focus, se apresentou no Biennale de la Danse de Lyon, no Festival Montreux meets Brienz, na Suíça, e no Java Jazz Festival, em Jakarta, na Indonésia, do qual participaram Ivan Lins e Jammie Cullum. 

Apontada como uma grande intérprete da obra de Chico Buarque, a artista promoveu uma turnê em Portugal com o espetáculo ‘Quem te viu, quem te vê’, sobre o compositor. Lançou o álbum “Minha Estação”, em 2008, e participou de várias gravações, incluindo com o saxofonista francês Baptiste Herbin. Nesse tributo, foram incluídas canções clássicas do repertório de Chico Buarque, como "Noite dos Mascarados", "Tanto Mar", "Partido Alto", "Anos Dourados", "O Que Será", "Apesar de Você" e "A Banda", passando por várias fases da carreira do compositor.

O Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB) é uma organização social sem fins lucrativos voltada para preservação e propagação da cultura musical do Brasil. Desde sua fundação, em 2006, preserva o passado e o presente da nossa música e tem como finalidade principal a promoção da assistência social.

"Tanto Mar"

"Noite dos Mascarados"

"Apesar de Você"

sexta-feira, 28 de março de 2025

.: Rush: coletânea abrange 50 anos de carreira, por Luiz Gomes Otero

Rush: Foto: divulgação

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

Uma ótima novidade para quem gosta da banda canadense Rush. Foi lançada uma coletânea intitulada Rush 50, que marca os 50 anos da formação do grupo que fez história e integra o hall da fama do rock. Trata-se de uma ótima antologia musical que passa por todas as fases da carreira, chegando até o ano de 2015, na última apresentação ao vivo do trio.

De uma certa forma, este lançamento serve para estreitar a relação com os seus fãs e admiradores, uma vez que o grupo interrompeu as atividades após o falecimento do baterista Neil Peart em 2020. E ainda tem o seu futuro indefinido pelos dois músicos remanescentes: o baixista e tecladista Geddy Lee e o guitarrista Alex Lifeson.

Para um fã de carteirinha do Rush, essa coletânea foi um acerto e tanto. Pelo fato de incluir faixas até então inéditas: a ótima cover de Not Fade Away, de Buddy Holly, e o primeiro single autoral, You Can´t Fight It, que representa bem a primeira fase da banda, marcada por uma sonoridade mais pesada, influenciada principalmente pelos grupos britânicos de rock da época dos anos 70 e 60, como Led Zeppelin, The Who e Cream entre outros.

Cinco músicas ao vivo inéditas foram selecionadas de algumas das performances mais lendárias do Rush. Quatro delas — incluindo dois cortes que não fazem parte dos álbuns de estúdio.  “Bad Boy” e “Garden Road” são originárias de um par dos primeiros shows ao vivo da banda na Laura Secord Secondary School em St. Catharines, Ontário, no Canadá, em 15 de maio de 1974, e o Agora Ballroom em Cleveland, Ohio, em 26 de agosto de 1974. As duas faixas ao vivo do show em Ontário incluem o baterista original da banda, John Rutsey (“Need Some Love” e “Before and After”), enquanto as outras duas do show em Cleveland já apresentam Neil Peart por trás do kit (“Bad Boy” e “Garden Road”)

As demais fases estão representadas por versões ao vivo e de estúdio das composições autorais. Tudo com o devido tratamento técnico para melhorar a qualidade do som, sem perder a sua essência da época de seu lançamento.

Constam na coletânea a épica 2112 , Bastile Day (single do álbum Caress Of Steel), Fly By Night, Anthem, Closer To The Heart, chegando até a chamada fase progressiva, representada por faixas como Tom Sawyer, Red Barchetta, Red Sector A, Test For Echo e One Less Victory, entre outras.

A Super Deluxe Edition desse Rush 50 inclui quatro CDs, sete LPs e novas artes de Hugh Syme, o diretor criativo de longa data da banda que projetou os novos gráficos do 50º aniversário da coleção, juntamente com 29 novas ilustrações que celebram a essência das músicas do Rush. Os sete LPs de vinil preto de alta qualidade apresentam novas artes adicionais. Cada LP da Super Deluxe Edition foi cortado via Direct Metal Mastering e prensado na GZ Media na República Tcheca. O livro de capa dura de 104 páginas incluso traz ensaios detalhados dos renomados jornalistas de rock David Fricke e Philip Wilding, que contam suas experiências individuais com a banda e tudo isso é centrado em incríveis fotos da banda em ação ao longo da carreira.

É compreensível a postura de Geddy Lee e Alex Lifeson, de permanecerem ausentes da banda. Neil Peart não era somente a força motriz das baquetas. Era o principal letrista da banda, responsável pelo conceito de vários álbuns lançados. Substituí-lo não seria uma tarefa tão simples assim. Porém, os dois remanescentes ainda estão por aqui e por isso há sempre a esperança de que voltem a tocar juntos. Só o tempo dirá o que pode acontecer.


Closer to the Heart


Time Stand Still


Tom Sawyer


Not Fade Away




sexta-feira, 21 de março de 2025

.: Valderilio Feijó Azevedo, "Entre a Medicina e a a Música", por Otero

Valderilio Feijó Azevedo. Foto: Divulgação

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 


Um dos profissionais mais respeitados na área de Reumatologia no País, o médico Valderilio Feijó Azevedo consegue dividir seu tempo com uma outra paixão: a música. Ele está divulgando o lançamento do seu primeiro EP, "Maria Helena", em todas as plataformas digitais. Um trabalho que une sensibilidade e profundidade em quatro faixas autorais, o projeto reflete sua paixão pela música e sua conexão com temas universais, apresentando composições que transitam entre a suavidade poética e a força emocional das melodias.

A capa do novo EP, criada pelo artista, resgata uma memória especial da infância do músico. A imagem é uma composição baseada em uma foto tirada quando ele tinha apenas 7 anos, em 1970, segurando uma mini-guitarra elétrica. Ao fundo, um cenário cósmico simboliza um desejo que atravessa o tempo: que a ciência e a arte nos ajudem a compreender melhor os mistérios da vida e do universo.

O músico e instrumentista define sua música como MPB, mas confessa sua paixão pelo rock clássico dos anos 60 e 70. Considerado beatlemaníaco, Valderilio foi membro da  banda Os Metralhas, grupo que interpretava covers dos Beatles e participou de várias edições da International Beatle Week em Liverpool, na Inglaterra.

No trabalho de Valderilio também se nota a influência do rock progressivo dos anos 70, especialmente nos arranjos das canções.

No ano de 2022, Valderilio realizou um emocionante projeto audiovisual em parceria com a Humanitas, a Igreja Católica e a iniciativa United24, dedicada à reconstrução da Ucrânia e às crianças da zona de guerra. O vídeo "Christmas in Kyiv" traz uma composição inédita do artista, com arranjos de cordas assinados pelo maestro Alberto Heller, de Santa Catarina.

Em 2023, Valderilio compôs a canção Primavera de Curitiba em homenagem aos 330 anos da cidade. A convite das autoridades locais, o cantor apresentou a música em celebração à data.

Além da carreira musical, Valderilio acaba de ser eleito como o novo presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). O reumatologista tem uma trajetória dedicada ao avanço da Medicina e foi presidente da Sociedade Paranaense de Reumatologia. E  é professor associado em reumatologia na Universidade Federal do Paraná (UFPR), tendo sido coordenador da Comissão de Artrite Psoriásica e biotecnologia da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) e segundo secretário da entidade.


Relva


Bato a porta do Universo


Nova Era


sexta-feira, 14 de março de 2025

.: Elis 80 anos – Um talento de rara beleza, por Luiz Gomes Otero

Elis Regina. Foto: Pedro Martinelli

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 


O ex-marido de Elis Regina, Cesar Camargo Mariano, disse em uma entrevista dada há alguns anos uma definição perfeita sobre ela. “Embora não soubesse, ela era um músico. Tinha todas as virtudes de um músico ao interpretar as canções”.

Isso resume de fato o que era o talento raro de Elis, que se estivesse viva completaria 80 anos no dia 17 de março. Desde os tempos dos festivais, quando praticamente decolou com o hit Arrastão. E mais tarde, nos anos 70, quando aprimorou ainda mais suas técnicas vocais e se uniu ao genial músico Cesar Camargo Mariano. São dessa fase álbuns antológicos com Falso Brilhante, Elis e Tom, Transversal do Tempo e Essa Mulher, que tem o hino da abertura democrática no País: O Bêbado e a Equilibrista.

Até mesmo sua fase final, com o disco que tem Trem Azul e o single Me Deixas Louca, Elis demonstrou sua qualidade. Um dos últimos hits foi composto por Guilherme Arantes (Aprendendo a Jogar), que levou a cantora a tocar novamente nas rádios.

Vou citar apenas três momentos que me impressionam até hoje: a canção Quero, do álbum Falso Brilhante, O Que Foi Feito Devera, em dueto com Milton Nascimento (do Clube da Esquina II) e Cinema Olympia, do álbum Ela de 1971.

É difícil imaginar como estaria Elis agora no alto de seus 80 anos – ela nos deixou precocemente com apenas 36 anos em 1982. Além de descobrir novos compositores, ela tinha o dom de transformar uma simples canção em um objeto de rara beleza, capaz de ser apreciado como um quadro de um pintor clássico.

Meu palpite é que ela estaria criando um selo próprio com os filhos João Marcello Boscoli, Pedro Mariano e Maria Rita, além de se associar em seus projetos musicais em família. Estaria literalmente com a faca e o queijo na mão para produzir e cantar o que quisesse. Enquanto nós, ouvintes, aguardaríamos suas novidades ansiosamente.


O que foi Feito Devera


Cinema Olympia


Quero



sexta-feira, 7 de março de 2025

.: Show antológico do Supertramp em Paris relançado completo em CD e vinil



Logo após o lançamento e a extensa turnê do álbum Breakfast In America, a banda Supertramp se apresentou em dezembro de 1979 no Pavillon de Paris, na França, num espaço com 8.000 lugares. E pela primeira vez, esse show foi relançado em áudio na íntegra com três discos na versão vinil e como CD duplo. A versão original em vinil lançada em 1980 continha uma parte das canções do set list do show.

Lançado como "Live In Paris '79", o álbum trata-se de uma celebração, um momento de auge da popularidade da banda. Ao mesmo tempo, funciona como uma ótima coletânea de seus discos de estúdio.

A formação na época contava com Roger Hodgson (vocal, guitarra e teclados), Rick Davies (vocal, teclados e harmônica), John Helliwell (saxofone e backing vocals), Dougie Thomson (baixo e backing vocals) e Bob Siebenberg (bateria). Essa aliás é considerada a formação mais marcante da banda para os fãs.

O show foi realizado em 29 de novembro de 1979 no Pavillon de Paris, na França. Depois do lançamento do excelente disco Breakfast In America, que elevou a popularidade da banda para um patamar mais alto.  A intenção dos músicos foi repassar canções que marcaram aquele período inicial e assim buscar entrar no cobiçado mercado norte-americano, como uma espécie de cartão de visitas da banda. Ao mesmo tempo, ganhariam tempo para poder produzir um novo disco com material inédito, que já vinha sendo solicitado pela gravadora na época.

Naquele momento a banda havia atingido o auge do sucesso, apesar dos crescentes conflitos internos. Em especial, entre Rick Davies e Roger Hodgson, justamente os dois principais compositores do grupo.

O repertório do álbum neste relançamento contém quase todo o Crime of the Century de 1974 (exceto "If Everyone Was Listening"), três músicas de Crisis? What Crisis? (1975), duas de Even in the Quietest Moments (1977), três de Breakfast in America (1979), além de "You Started Laughing", o lado B de um single dos anos 70.

O filme do concerto chegou a ser lançado em agosto de 2012 sob o título Live in Paris '79, com edições em DVD e Blu-ray Disc. E agora volta a ser relançado em áudio, para a alegria dos fãs.

As versões ao vivo estão ótimas. Destaque para Dreamer , Take The Long Way Home e Bloody Well Right. Citaria ainda as faixas que não estiveram na primeira edição em vinil, como Goodbye Stranger, Even In The Quietest Moments e Downstream. Ouvindo essas versões agora, fica difícil imaginar porque deixaram de inclui-las na primeira versão do álbum. Há inclusive a brilhante execução dos dez minutos de Fool´s Overture, uma peça no estilo de rock progressivo que integra o disco Crime of The Century, de 1974.

Como os recursos tecnológicos de estúdio atuais são melhores do que o da época do disco original, foi possível melhorar a qualidade do som desse registro antológico. Se você curte o som da banda, esse Live in Paris é essencial para completar sua coleção.

Como ouvinte da banda, sempre gostei de ouvir as canções de Roger e Rick interpretadas por essa formação do disco ao vivo em Paris. Juntos, eles conseguiam passar uma energia muito interessante. As canções feitas a partir de 1974, aliás, sempre emocionavam o público onde quer que eles tocassem. Uma pena que, após a saída de Roger, em 1983, o grupo nunca mais conseguiu reviver essa magia novamente.


Dreamer


Goodbye Stranger


School


Logical Song



sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

.: Crítica musical: há 40 anos, Cazuza iniciava sua carreira solo


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

Depois de uma passagem curta e conturbada pela banda Barão Vermelho, Cazuza, lançava há 40 anos seu primeiro disco como artista solo. Um trabalho que ainda tinha o rock e o blues como peças fundamentais de seu trabalho. Mas que também apresentava alguns sinais de influência da MPB. O disco foi lançado pela gravadora Som Livre, com produção de Nico Rezende e Ezequiel Neves. Nele Cazuza pôde experimentar novas parcerias, como na canção que abre o disco, "Exagerado", que contou com colaboração de Leoni e se tornou seu primeiro grande hit solo.

A banda de apoio contava com Rogério Meanda (guitarra), Décio Crispim (baixo) e Fernando Moraes (bateria). Essa ótima cozinha instrumental, adicionada com os teclados de Nico Rezende, caiu como uma luva para ele. Faixas como "Medieval II" (parceria de Cazuza com Rogerio Meanda) e "Mal Nenhum" (parceria com Lobão), mostravam uma sonoridade próxima da que ele fazia com a antiga banda (Barão Vermelho). A coisa muda de figura ao ouvir a faixa "Codinome Beija-Flor", uma surpreendente e bela balada com acompanhamento de cordas e com forte tempero de MPB no arranjo.

A canção "Balada de Um Vagabundo" foi composta por Wally Salomão e Roberto Frejat, seu antigo parceiro no Barão. E nas faixas "Boa Vida" e "Rock da Descerebração" Cazuza reativa a parceria com Frejat. O seu lado polêmico não ficou esquecido nesse trabalho. A faixa "Só as Mães São Felizes" (parceria com Frejat) acabou sendo censurada e ficou de fora das rádios.

A produção de Nico Rezende ajudou a dar um tom radiofônico para o som de Cazuza. Também foi importante a presença de Ezequiel Neves, sempre uma figura carismática que ajudava a dar confiança no trabalho de Cazuza. Cinco anos depois, Cazuza morreria em decorrência de complicações provocadas pela AIDS. Ainda encontraria tempo para lançar mais três discos de estúdio (Só se For a Dois, Ideologia e Burguesia), e um ao vivo (O Tempo Não Para), deixando uma obra marcante na nossa música.

"Medieval II"

- "Exagerado"

"Codinome Beija-Flor"



sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

.: Crítica musical: Simone, os 50 anos da "Cigarra da MPB"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

Simone sempre foi uma intérprete acima de qualquer suspeita. Com seu sotaque característico da Bahia e um timbre forte e afinado de voz, ela sempre apresentou algo interessante para o público, seja na primeira fase da carreira, seja na fase mais recente, com alguns flertes de concessões comerciais sem comprometer a qualidade de seu trabalho. Seu mais recente lançamento, o álbum "Simone 50 Ao Vivo", comemora o jubileu de ouro de sua carreira, que por sinal ainda não tem data para terminar.

O álbum “50 Ao Vivo” está disponível nas plataformas por intermédio da gravadora Biscoito Fino. São mais de cinquenta anos pelas estradas, cantando os grandes clássicos lançados em sua voz e uma crescente paixão por música popular brasileira reunidos em vinte faixas. A veterana rodou o país com mais de 30 shows em comemoração às suas cinco décadas de carreira.

A produção ficou a cargo de Marcos Preto. O registro foi feito no Rio de Janeiro, onde Simone se apresentou ao lado de sua banda, formada por Filipe Coimbra na guitarra, Fábio Sá no baixo, Chico Lira nos teclados, Vitor Cabral na bateria e André Siqueira na percussão.

Entre os sucessos, estão “Tô que Tô”, “Sangrando”, “Começar de Novo”, “Cigarra”, “Jura Secreta” e muitos outros. Zélia Duncan aparece em “Boca em Brasa”, “Iolanda” e “Ex-amor”. Simone também resgata a "Divina Comédia Humana" de Belchior, uma das canções mais emblemáticas do compositor cearense. O curioso é que essa canção foi feita para Simone gravar. Porém, a primeira versão da letra foi censurada e por isso não foi incluída no seu disco. Belchior acabaria gravando em seu álbum.

Não deve ter sido fácil escolher as canções do set list do show. Seria humanamente impossível condensar os sucessos de Simone em 22 faixas. Por outro lado, o repertório escolhido faz um apanhado bem honesto dos hits da Cigarra. É muito normal constatar que parte do público gosta mais de uma determinada fase da carreira da Simone. 

Eu, por exemplo, sempre gostei muito das gravações dos primeiros discos dela, como o "Face a Face" e "Pedaços", que são da segunda metade dos anos 70. Mas é fato que mesmo a sua produção mais atual soa bem interessante. Discos como "Baiana da Gema", "Na Veia" e "Da Gente" contam com produção bem caprichada. Ela conseguiu dar uma vida nova ao ótimo samba de Agepê, "Deixa eu Te Amar". A Cigarra continua cantando e encantando a todos.

"Divina Comédia Humana"

"To Voltando"
 
 "O que Será?"

.: O amor infinito de Kika Bastos em sua estreia como escritora


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Paulo Cesar Mendes

O amor define novos rumos na vida das pessoas. E também foi a fonte de inspiração de Kika Bastos que agora começa um novo projeto: o seu primeiro livro, "Infinito em Mim", lançado pela editora Gôndola, que tem apresentação assinada pela jornalista Fernanda Grael.

O contato de Kika com a escrita começou em 2003, quando ela criou o blog "Musicalmente Falando", onde escrevia crônicas inspirada em letras de músicas, A aventura durou até 2007 e nesses quatro anos conquistou mais de dois mil leitores, em uma época em que ainda não se falava de seguidores e influenciadores.  Sempre ligada à música, ela trouxe essa referência começou a escrever "Infinito em mim" e criou uma playlist com as músicas citadas no livro, para quem quiser acompanhar e conhecer a trilha sonora da personagem. 

A história gira em torno de uma mulher de 40 anos, chamada Priscila, que se vê dividida em seus sentimentos por Ricardo, seu chefe em um banco de investimento. A relação que era formal, de repente se transforma em uma paixão, alimentada através de e-mails.  Assim, a personagem vai guiando seu coração, ora se expondo, ora tentando controlar a relação e tendo letras de músicas populares brasileiras como forma de expressão para pontuar alguns momentos. Estão lá trechos de músicas de Fabio Jr. Seu Jorge, Tom Zé, Zélia Duncan, Paulinho Moska, Luiza Possi e Arnaldo Antunes, entre outros.

Cada mensagem se torna um espelho de suas emoções conflitantes, onde paixão, desejo e insegurança se entrelaçam às expectativas da vida aos 40 anos. À medida que se revela para ele, Priscila se descobre em um turbilhão de sensações, desafiando os limites do que é certo, do que é permitido e do que ela espera para si.

"Infinito em Mim" é uma obra de ficção, mas pode acontecer com qualquer um e traz uma lição: não importa o tamanho da dor, do medo ou das incertezas. É sempre possível olhar para frente e traçar uma nova rota. Pode não ser fácil, mas torna a vida mais leve e, com certeza, mais verdadeira.

Maranhense de São Luís, Kika Bastos chegou ao Rio de Janeiro ainda muito pequena com pai, mãe e dois irmãos. O pai, sanfoneiro, se mudou para a capital com o sonho de viver da música. E contagiou os filhos com essa paixão. Kika também teve experiências musicais, como cantora em restaurantes, bares e backing vocal. Mas a música não foi o destino final, e sim, a mola propulsora. Formada em Turismo, trabalhou com produção, comunicação e, desde 2020, desempenha o papel de empreendedora na Novo Olhar Licenciamentos, empresa que nasce com a vocação principal de cuidar da propriedade intelectual de um dos maiores símbolos do Brasil: o Cristo Redentor! 

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

.: Música: para Pedro Luís, tudo termina em amor no disco

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Quinto na discografia solo de Pedro Luís e primeiro do artista pela gravadora Biscoito Fino, o disco “E se Tudo Terminasse em Amor?” reúne canções inéditas compostas para o projeto, que começou a ser concebido ainda na pandemia. E acabou por mostrar um lado consistente desse artista que já consolidou seu espaço na nossa MPB. 

De sonoridade pop, o álbum inaugurou um novo processo criativo na carreira de Pedro Luís. Segundo ele, tudo foi programado. Ele optou por explorar o tema amor nas canções. E pela primeira vez ele participou de todos os estágios, não se limitando apenas na produção das composições, mas sim em toda construção sonora do disco.

A ideia de Pedro Luis era fazer um disco que falasse de amor, em suas mais variadas formas: o amor romântico, o amor que se revolta, o amor por outro ser humano, pela cidade à sua volta.  Lucky Luciano, seu parceiro de longa data, mandou duas letras que se transformaram nas canções “Abraços dos amantes” e “Vem amar comigo”, de onde aliás saíram os versos que dão nome ao álbum.

Também se aproximou de pessoas com as quais nunca havia composto, como Letícia Fialho, de Brasília, que ele conheceu através do disco que ela lançou, ‘Maravilha marginal”.  Essa parceria está no disco na faixa “Gole contra golpe”.

Outras duas compositoras fizeram parcerias no projeto: Ana Carol e Gisele de Santi. Pedro Luís conheceu o trabalho de Gisele ouvindo o álbum “Vermelho e demais matizes”, e a convidou para duas parcerias: “Muito amor", gravada em dueto pelos dois, e "Choro Punk".

O disco conta com a participação luxuosa de Chico César nos vocais: A faixa “‘Carinho na Rede’ é uma reflexão sobre nosso tempo manifestado pelas mídias digitais. Um tema que tem tudo a ver com o momento atual.

O repertório traz ainda as inéditas “É Tempo”, parceria com Rogério Batalha; “Pressa”, com Marco André, e “Na Flauta”, que Pedro Luís compôs sozinho. A surpresa ficou para o final: a versão reggae para “Muito Romântico”, clássico de Caetano Veloso.

Pedro Luís divide a produção de “E se tudo terminasse em amor?” com André Moraes, músico, produtor musical e autor de trilhas sonoras para cinema, teatro e televisão. O disco já pode ser conferido nas plataformas de streaming.


Muito Romântico


Abraço dos Amantes


Na Flauta



domingo, 9 de fevereiro de 2025

.: "Elas Cantam Donato": cantoras revisitam a obra do genial João Donato


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Já está disponível nas plataformas o álbum “Elas Cantam Donato” (Gravadora Biscoito Fino), álbum que reúne apenas vozes femininas em novas versões para clássicos do músico, compositor e arranjador João Donato. As canções de Donato, que nos deixou em 17 de julho de 2023, foram gravadas por artistas muito próximas do compositor, e outras com as quais ele planejava trabalhar. 

Gravado em 2024, quando João Donato completaria 90 anos, o álbum foi idealizado por Regina Oreiro, que o produziu em parceria com a jornalista e gestora cultural Ivone Belém, viúva do compositor. O elenco inteiramente feminino reúne Wanda Sá, Joyce Moreno, Simone, Mônica Salmaso, Mart'nália, Zélia Duncan, Teresa Cristina, Luedji Luna e Tulipa Ruiz.

Os arranjos das oito faixas do projeto levam as assinaturas de Itamar Assiere, Marcos Valle, Lula Galvão e Gustavo Ruiz, que se revezam ao longo das faixas selecionadas. São elas: "Surpresa" (João Donato e Caetano Veloso), "Não Sei como Foi" (João Donato e João Bosco), "Lugar Comum" (João Donato e Gilberto Gil), "Bananeira" (João Donato e GIlberto Gil), "Verbos do Amor" (João Donato e Abel Silva), "Azul Royal" (João Donato e Maurício Pereira), "Naturalmente" (João Donato e Caetano Veloso) e "Sambou, Sambou" (João Donato e João Mello). A produção foi muito feliz na escolha das intérpretes, que deram uma visão bem interessante para a obra desse genial compositor e músico que foi João Donato.  Vale a pena conferir.

"Não Sei Como Foi" - Simone

"Sambou Sambou" - Mart´nalia

"Lugar Comum" - Monica Salmaso


.: Crítica musical: Mario Tommaso "Rasga o Coração" na estreia em disco


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Ro Tamassia

O cantor e compositor paulistano Mario Tommaso está lançando seu primeiro disco - "Rasga o Coração: poemas e Canções de Amor para o Nosso Tempo", um trabalho que combina belas melodias e harmonias com o tema da melancolia que marcou toda uma geração na época do samba-canção.

Com produção musical e arranjos de Cezinha Oliveira, o disco traz obras primorosas Dolores Duran, Lupicínio Rodrigues, Johnny Alf e Ricardo Galeno, além de composições inéditas e parcerias de Mario Tommaso inspiradas no universo temático do álbum. Traz ainda textos de autores consagrados como Clarice Lispector e Gilka Machado.

O disco tem participação da dançarina de flamenco Ale Kalaf na percussão corporal, dos cantores Bruna Prado, Cezinha Oliveira, Claudio Lima, Keyla Fogaça e Solange Sá e das atrizes Vanessa Bruno e Letícia Soares. Nos instrumentais estão Guilherme Ribeiro (piano), Johnny Frateschi (baixo acústico), Rubinho Antunes (trompete e flugelhorn) e Pedro Macedo (baixo com arco).

Mario Tommaso abre o álbum com a autoral “Falar de Amor Agora”. Bem representando a proposta do trabalho, um melodioso e melancólico trompete (Rubinho Antunes) faz a introdução, e o arranjo logo incorpora o baixo acústico (Johnny Frateschi) e o piano (Guilherme Ribeiro)

As clássicas canções de Dolores Duran, “A Noite do Meu Bem” e “Noite de Paz”, de Ricardo Galeno, “Eu Sou a Outra” (com Ale Kalaf na percussão corporal), e de Lupicínio Rodrigues, “Ela Disse-me Assim” (com Bruna Prado no arranjo vocal e na voz juntamente com Tommaso) e “Loucura”, trazem no arranjo a dramaticidade sugerida pelo título do disco. O disco já está disponível em todas as plataformas de música. E foi lançado com distribuição da Gravadora Tratore.


"A Noite do Meu Bem"

"Ela Disse-me Assim"

"Ilusão à Toa"

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

.: Em disco: Paula Morelenbaum e Arthur Nestrovski celebram Tom Jobim


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Paula Morelenbaum e Arthur Nestrovski gravaram “Jobim Canção”, álbum que foi disponibilizado nas plataformas pelo selo Biscoito Fino. Nada mais natural para a cantora que integrou a Nova Banda de Tom Jobim por uma década. E também para o solista de “Jobim Violão”, álbum que é referência para violonistas e fãs do maestro soberano.

“Jobim Canção” reúne um acervo de dez canções representativas da carreira do compositor Antônio Carlos Jobim (1927/1994). Para Paula Morelenbaum, a convivência com o maestro, por intensos 10 anos, foi enriquecedora em todos os aspectos, sobretudo como cantora e musicista. Os dez anos de convívio musical transformaram-se em amizade, e mudaram a percepção de Paula sobre as canções do compositor.

As três músicas mais antigas do álbum são do ano de 1958: “Cala, Meu Amor”, um samba-canção com letra de Vinicius de Moraes; um clássico da bossa nova, “Caminhos Cruzados”, com letra de Newton Mendonça; e o clássico dos clássicos “Eu Não Existo Sem Você”, também de Tom e Vinícius, que Paula canta num dueto com José Miguel Wisnik. Dos anos 60, vêm “Wave” (letra e música de Tom Jobim) e uma das primeiras parcerias de Tom com Chico Buarque, “Pois É”, aqui novamente com a letra original de Chico.

Arthur Nestrovski toca “Nuvens Douradas” (1972), que Tom mandou para Chico botar letra – mas ele não fez. Ouvimos, então, a canção com a não-letra, ou ausência de letra de Chico. Outro número instrumental é a suíte “Gabriela” (1987), em versão inédita para dois violões: Nestrovski e João Camarero.

Metade do disco conta com a percussão de Marcelo Costa. Isso inclui desde uma bossa nova tardia como “Você Vai Ver” (1980) até a canção ecológica “Passarim” (1987), defendendo uma causa da qual Tom Jobim foi pioneiro. E ainda o irresistível samba “Piano na Mangueira”(1991), de Tom e Chico, que estava no último disco lançado em vida pelo “maestro soberano”.

"Jobim Canção" é um daqueles discos que merecem ser ouvidos de forma suave, de preferência, acompanhado com um bom copo de vinho. Uma produção de extremo bom gosto, que conta com a bela voz de Paula Morelenbaum. Tom Jobim ficaria orgulhoso com certeza.

"Wave"


"Você Vai Ver"

"Cala Meu Amor"

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

.: Crítica: Consuelo de Paula e Regina Machado lançam "Pássaro Futuro"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Duas artistas com mais de 20 anos de carreira, Consuelo de Paula e Regina Machado - cantoras, compositoras e instrumentistas -, uniram-se para lançar um trabalho autoral bem interessante. Trata-se do álbum conceitual "Pássaro Futuro", que chega às plataformas no próximo mês pelo selo Belic Music. Um trabalho com 11 faixas, construído em sintonia plena entre a poesia de Consuelo, a música de Regina e o canto de ambas.

A ideia de "Pássaro Futuro" surgiu de uma troca espontânea entre as duas musicistas, no período da pandemia. As letras de Consuelo foram se configurando dentro de um roteiro natural de construção desse conceito. Cada canção é única e, ao mesmo tempo, parte de um enredo maior. Partindo do violão e da voz das artistas, os arranjos são criações coletivas dirigidas por elas com a colaboração dos músicos convidados: Mário Manga (violoncelo), Guilherme Ribeiro (piano e acordeom), André Rass (percussões) e Nicolas Farias (percussões).

Há ainda o trabalho de Tarita de Souza na criação da capa de "Pássaro Futuro", em total consonância com a proposta musical do álbum. A artista visual criou uma imagem que sugere movimento, usando uma paleta de cores centrada no azul, no amarelo e com alguns traços vermelhos. O projeto do álbum Pássaro Futuro foi contemplado na 7ª Edição do Edital de Apoio à Música para a Cidade de São Paulo da Secretaria Municipal de Cultura. A partir de 14 de fevereiro poderá ser conferido nas plataformas de streaming.


"Ave Passageira"

"Ayrá"

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

.: Legião Urbana: há 40 anos, a estreia em disco


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Há 40 anos era lançado o primeiro disco da banda Legião Urbana. Um trabalho que foi fortemente influenciado pelos movimentos do punk e do rock britânico dos anos 70 e 80, que contava com canções com temática crítica contra a sociedade da época e mensagens poéticas direcionadas principalmente ao público jovem.

O grupo originário de Brasília inicialmente era formado pelo trio Renato Russo (vocal), Dado Villa-Lobos (guitarra) e Marcelo Bonfá (bateria). Para a gravação do álbum, foi chamado Renato Rocha, o Negrete, que ficou com o baixo e acabou complementando a formação inicial da banda que duraria até o terceiro disco.

Vale destacar que o álbum acabou sendo lançado quase na mesma época da primeira edição do Rock In Rio, que abriu portas para várias bandas nacionais, incluindo Os Paralamas do Sucesso, que também vieram de Brasília.

Já no primeiro disco, ficou claro que a produção das canções estava concentrada em Renato Russo. O primeiro hit foi "Será", a faixa que abre o disco. E o fato curioso foi que, no início, parte do público acreditava ser a voz do cantor Jerry Adriani, que realmente tinha um timbre de voz bem parecido com o de Renato Russo.

Além desse single, faixas como "Ainda É Cedo", "Soldados" e "Geração Coca-Cola" também foram bem executadas pelas rádios, mostrando o potencial radiofônico da Legião. Até mesmo a balada "Por Enquanto", que encerra o disco, teve seu espaço nas rádios. Esta última inclusive seria regravada com destaque no disco de estreia de Cássia Eller.

Renato Russo gostava de colocar citações de outras bandas em suas letras. Em "Será", por exemplo, os primeiros versos (“Tire suas mãos de mim/Eu não pertenço a você...) são idênticos aos do refrão de “Say Hello Wave Goodbye” da banda Soft Cell (“Take your hands out of me / I don’t belong to you, you see”).

A sonoridade do grupo nesse primeiro disco passa um sentimento de urgência, não só pelas criticas feitas a sociedade, mas em especial nos arranjos com guitarras e uma batida sempre forte na percussão. Funcionaria como uma espécie de cartão de visitas da banda para as rádios, que se repetiria no ano seguinte com mais força no segundo álbum.

O grupo se manteve como quarteto até o terceiro álbum ("Que País É Este"). A partir do quarto disco ("As Quatro Estações") passou a contar somente com o trio, sem Renato Rocha. E essa formação durou até 1996, quando ocorre o falecimento de Renato Russo, fato que motivou os músicos remanescentes a encerrar as atividades da banda.

"Será"

"Ainda É Cedo"

"Por Enquanto"

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

.: Crítica musical: Tom Jobim, o lado crooner do maestro soberano


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Está disponível nas plataformas de streaming o álbum "Minha Alma Canta", que só havia sido editado no formato físico, há 15 anos. Trata-se de uma coletânea de canções gravadas por Tom Jobim para a série de Songbooks criada e produzida por Almir Chediak.

A ideia de organizar a compilação, produzida pelo próprio Chediak, foi de Ana Jobim, para reunir em um só álbum versões de Tom para clássicos de outros compositores. Além de cinco parcerias de Jobim com Vinicius de Moraes, Minha alma canta traz as favoritas do Maestro dos cancioneiros de Noel Rosa (“Três apitos” e “João Ninguém”), Dorival Caymmi (“Milagre” e “O Bem do Mar”), Ary Barroso (“Na Batucada da Vida” e “Pra Machucar Meu Coração”), Chico Buarque e Edu Lobo ("Choro Bandido” e "Valsa Brasileira”), Carlos Lyra e Vinícius de Moraes ("Samba do Carioca").

Em algumas das faixas, originalmente lançadas nos Songbooks de seus respectivos compositores, Tom Jobim recebe convidados como Edu Lobo, Chico Buarque, Gal Costa, Leila Pinheiro, Ana Jobim, Paula e Jaques Morelenbaum. Claro que cantar nunca foi o ponto forte do maestro soberano. Mesmo assim, ouvi-lo cantando canções que marcaram várias fases de nossa MPB acaba sendo um registro de rara beleza. Repare o arranjo de Três Apitos, clássico de Noel Rosa, que ganhou uma deliciosa roupagem jazzística bem ao estilo Jobiniano. Vale a pena conferir.

"Três Apitos"

"Janelas Abertas"

"Na Batucada da Vida"




sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

.: Rita Lee eterna: disco ao vivo resgata apresentação na Argentina em 2002


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Lançado de forma póstuma, o álbum "Rita e Roberto - Uma Noite no Luna Park" resgata uma apresentação antológica de Rita Lee na Argentina, no ano de 2002. Mais do que um registro histórico, a gravação mostra a eterna rainha do rock nacional ainda em forma, cantando versões de músicas dos Beatles e de seus próprios hits. A banda contava com Roberto de Carvalho na guitarra e direção musical, além de outros músicos experientes, como Ary Dias (percussão), Dadi Carvalho (baixo), Marco da Costa (bateria) e Rafael Castilhol (teclados).

O repertório mesclava as canções dos Beatles que Rita havia gravado no álbum "Aqui, Ali em Qualquer Lugar", com outras bem conhecidas de seu próprio repertório, como "Baila Comigo", "Doce Vampiro" e "Ovelha Negra", entre outras. Há uma versão de "Alô, Alô, Marciano", canção gravada originalmente por Elis Regina. E ela resgata também "Panis Et Circensis", da época dos Mutantes. Há ainda a participação marcante do músico argentino Charly Garcia, que canta com Rita duas canções dos Beatles – "Love me Do" e "Help".

Ouvir Rita Lee cantando Beatles é como se ela mostrasse para todos a matéria-prima, o diamante bruto que ajudou a despertar a sua genialidade musical. Mas é ao ouvir ela cantando as suas próprias pérolas musicais, boa parte delas composta com o marido e parceiro Roberto de Carvalho, que bate aquele sentimento de saudade daquela voz anárquica e polêmica da nossa eterna "Ovelha Negra", que infelizmente não mais está entre nós.

"Doce Vampiro"

"Lança Perfume"

"Love Me Do e Help"

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