quinta-feira, 2 de maio de 2024

.: Revista serrote, do IMS, celebra 15 anos com nova edição e festival


A revista serrote 46 traz textos de Alejandro Zambra, Djaimilia Pereira de Almeida e Hilton Als. Já o festival organizado pela revista acontece em 3 e 4 de maio, no IMS Paulista, reunindo artistas e intelectuais para debates e atividades gratuitas. Dedicada a difundir o gênero do ensaio como exercício de experimentação e debate intelectual, a revista serrote completa 15 anos em 2024.

Nesse período, a publicação do Instituto Moreira Salles apostou na pluralidade de ideias, trazendo tanto autores consagrados quanto novos nomes, nacionais e estrangeiros. Em celebração ao aniversário da revista, o IMS lança a serrote #46, já disponível nas livrarias, e promove a 7ª edição do Festival Serrote, nos dias 3 e 4 de maio.


Sobre o Festival
Sediado no IMS Paulista, o Festival Serrote reunirá escritores, artistas e ativistas para dois dias de atividades gratuitas, em 3 e 4 de maio. A programação inclui debates e a já tradicional serrote ao vivo, apresentação que une performances, leituras e música. Entre os participantes confirmados, estão o escritor chileno Alejandro Zambra, que publica ensaio na serrote #46 e lança seu novo livro, "Literatura Infantil", pela Companhia das Letras, o pesquisador Mário Augusto Medeiros da Silva, autor de "A Descoberta do Insólito: literatura Negra e Literatura Periférica no Brasil".

Também estão entre os convidados, a escritora, roteirista e ativista Triscila Oliveira, o artista Thiago Rocha Pitta e a escritora Bianca Santana, a crítica literária e tradutora Fernanda Silva e Sousa e a jornalista e ensaísta Thaís Regina. O evento reunirá escritores, pesquisadores, jornalistas e artistas para apresentações e debates sobre temas como as literaturas periféricas e as narrativas de experiências negras. Todos os eventos são gratuitos, abertos ao público e contam com interpretação em Libras.


Sobre a serrote #46
Já disponível nas livrarias, o novo número da revista traz textos de autores como Alejandro Zambra, Hilton Als, Djaimilia Pereira de Almeida e Roland Barthes. Destaque desta edição, “Conto de Natal” é um relato entre a ficção, a memória e o ensaio, no qual Alejandro Zambra (1975) narra, de forma bem-humorada, a relação de amizade com o seu editor. “Agora sei que um editor é uma espécie de irmão mais velho, que nos educa, protege e reprime, ou talvez, propriamente, um segundo pai, que nunca deixamos de querer bem, respeitar e temer, mesmo que depois o desafiemos”, escreve o autor chileno.

A serrote #46 publica ainda um ensaio do filósofo francês Roland Barthes (1915-1980), sobre a obra de Saul Steinberg (1914-1999). No texto, intitulado “All except you”, o autor analisa aspectos da produção do artista, como o papel da representação e a presença de elementos constantes, como as máscaras e os gatos. Escrito em 1976, “All Except You” só viria à luz em 1983, publicado pela galeria Maeght, então representante de Steinberg na França. A tradução publicada na serrote é a primeira a restituir o formato original, com os desenhos de Steinberg.

A publicação traz também o ensaio “Minha Pinup”, do crítico norte-americano Hilton Als (1960), autor de "Garotas Brancas". O escritor revisita a carreira e a obra de Prince para refletir sobre gênero, negritude, poder e indústria cultural, temas frequentes em sua produção. Inédito no Brasil, o texto foi publicado em livro em 2022 pela editora New Directions.

Autora de "Esse Cabelo e Luanda, Lisboa, Paraíso", a escritora Djaimilia Pereira de Almeida (1982), nascida em Angola e hoje radicada nos Estados Unidos, assina o ensaio “A Condição Sem Nome”. A autora analisa os usos e significados do termo “mulata”. “Estará o problema não na palavra ‘mulata’, que abomino, mas no facto de que não há lugar no mundo para a (minha) raça ambígua? [...] Que fazer, se nem uns nem outros me aceitam como parte da tribo — branca não serei nunca, negra a sério muito menos?”, indaga a autora.

A linguagem também está no centro do ensaio “´Pretagogias”, da artista visual e professora Andréa Hygino (1992). A partir de memórias da infância, da convivência com a mãe, professora no subúrbio do Rio de Janeiro, e da experiência de uma residência artística em Joanesburgo, Hygino reflete sobre o papel da linguagem e dos sistemas de ensino como forma de dominação, mas também sobre as possibilidades de levante e valorização de novos saberes, no contexto dos movimentos estudantis e das culturas afrodiaspóricas. 

Em “Desapropriação para Principiantes”, a mexicana Cristina Rivera Garza (1964) investiga os processos de escrita e as tensões entre experiência individual e coletiva. “A figura solitária do autor, com suas práticas de devorador e seu estatuto de consumidor genial, encobriu a série de relações complexas de intercâmbio e compartência, a partir das quais são geradas as diferentes formas de escrita que, depois, ele assina como suas”, escreve.

A edição também publica dois textos que conquistaram menção honrosa na última edição do Concurso de Ensaísmo serrote. Em “Apontamentos para Costurar Mortalhas”, Douglas Santana Ariston Sacramento (1993), doutorando na Universidade Federal da Bahia, reflete sobre as representações da morte e o papel da literatura negra em criar espaços dignos de luto, “dando conta de tantos corpos que tombam diariamente em solo brasileiro”. Já o pesquisador, dramaturgo e escritor cearense kulumym-açu (1995), assina o texto “Era Possível Anoitecer como Velhim e Acordar como Curumim”, no qual une a arte da contação de histórias com reflexões sobre os resquícios da dominação colonial e a potência dos saberes ancestrais.

A escritora e pesquisadora Elvia Bezerra (1947), por sua vez, parte de memórias pessoais, da lembrança de um namorado de infância até uma ida recente ao médico, para refletir sobre como a experiência da surdez intriga pensadores e artistas. Esta edição traz ainda o ensaio visual “O Suplício de Cabral”, do artista Thiago Rocha Pitta, além de trabalhos de Lidia Lisbôa, Rodrigo Cass, Vivian Caccuri e Alisson Damasceno, que assina a capa da revista.


Sobre a revista
Lançada pelo Instituto Moreira Salles em 2009, a serrote é uma revista dedicada ao gênero do ensaio, publicada três vezes ao ano, em edição impressa. Nesses 15 anos, a revista apresentou textos inéditos em português de alguns dos principais nomes do ensaio mundial e publicou autores brasileiros consagrados e iniciantes. Também realiza, desde 2011, o Concurso de Ensaísmo serrote, que premia novas vozes. Já foram contemplados com o prêmio nomes como Djaimilia Pereira de Almeida, Francesco Perrotta-Bosch e Rodrigo Nunes. Em 2018, lançou a antologia Doze ensaios sobre o ensaio e promoveu a 1a edição do Festival Serrote, que reúne artistas, ativistas e intelectuais para debates, no IMS Paulista, e chega agora à sua sétima edição.

Entrada gratuita, com distribuição de senhas. Para o dia 3 de maio, sexta | Distribuição de senhas 1 hora antes do evento, com limite de 1 senha por pessoa. Para o dia 4 de maio, sábado | Distribuição de senhas para qualquer uma das mesas a partir das 12h. Limite de 1 senha por mesa para cada pessoa. Evento com interpretação em Libras,


IMS Paulista
Avenida Paulista, 2424
São Paulo
Tel.: 11 2842-9120


Programação completa

Sexta-feira, dia 3 de maio
20h00 - serrote ao vivo
Alejandro Zambra + Hurtmold + Padmateo + Thiago Rocha Pitta + Triscila Oliveira + Vivian Caccuri & Thiago Lanis + Yasmin Santos

4 de maio (sábado)
15h00 - Mesa 1: Reescrevendo histórias negras
Fernanda Silva e Sousa e Thaís Regina. Mediação: Bianca Santana

17h00 - Mesa 2: As periferias e os livros
Mário Augusto Medeiros da Silva e Triscila Oliveira. Mediação: Juliana Borges

19h00 - Mesa 3: Encontro com Alejandro Zambra
Alejandro Zambra. Mediação: Ana Lima Cecilio
Evento com tradução simultânea


Sobre os participantes
Alejandro Zambra
(1975) é romancista, ensaísta e poeta chileno radicado na Cidade do México. É autor de Bonsai, Poeta chileno e Literatura infantil, todos publicados no Brasil pela Companhia das Letras. A serrote 46, lançada no festival, apresenta seu texto “Um conto de Natal”, escrito em diálogo com o editor Andrés Braithwaite. De Zambra a revista também já publicou os ensaios “Caderno, arquivo, livro” (#15) e “À procura de Pavese” (#22).

Ana Lima Cecilio (1978) é editora e curadora da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).

Bianca Santana (1984) é jornalista e escritora, professora na FAAP e na FGV, e diretora-executiva da Casa Sueli Carneiro, que compõe a Coalizão Negra por Direitos. É autora de Arruda e guiné: resistência negra no Brasil contemporâneo (Fósforo, 2022), Continuo preta: a vida de Sueli Carneiro (Companhia das Letras, 2021) e Quando me descobri negra (Fósforo, 2022). Foi uma das juradas do Concurso de Ensaísmo serrote 2023.

Fernanda Silva e Sousa (1993) é nascida e criada no Itaim Paulista, extremo leste da cidade de São Paulo. É doutora em teoria literária e literatura comparada pela Universidade de São Paulo (USP), tradutora, crítica e professora. Seu texto “Dos pés escuros que são amados” ficou em primeiro lugar no Concurso de Ensaísmo serrote 2023 e foi publicado na edição #45 da revista.

Hurtmold é uma das principais bandas do cenário alternativo e instrumental no país, com influências do rock e diversos gêneros. Presente desde a primeira edição da serrote ao vivo, em 2018, o grupo atualmente é formado por Fernando Cappi (guitarra e rabeca), Guilherme Granado (teclado/sinth e vibrafone), Marcos Gerez (baixo e sampler), Mário Cappi (guitarra e flauta), Richard Ribeiro (bateria) e Rogério Martins (percussão e clarone).

Juliana Borges (1983) é escritora, estuda segurança pública e é conselheira da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Droga e da Plataforma Brasileira de Política de Drogas. Feminista antipunitivista e antiproibicionista, é autora dos livros Encarceramento em massa (Pólen) e Prisões: espelhos de nós (Todavia). Na serrote, publicou "A quem interessa lotar as prisões?" (#33) e "A vida pulsante das periferias" (#35-36).

Mário Augusto Medeiros da Silva é professor do Departamento de Sociologia da Unicamp e diretor do Arquivo Edgar Leuenroth. É autor de volumes de contos e do livro A descoberta do insólito: literatura negra e literatura periférica no Brasil (1960-2020), publicado em edição ampliada pelo Sesc em 2023.

Padmateo (1999) vive e trabalha entre Salvador e Jequié (BA), onde nasceu. É artista transdisciplinar e crítica de arte, bacharelanda em artes visuais pela UFBA e em arquitetura e urbanismo pela Unifacs. Em sua pesquisa, estuda as fantasmagorias e o invisível como método de emancipação do gênero e de trânsitos não binários. Ficou em terceiro lugar no Concurso de Ensaísmo serrote 2023 com “Pepper´s Ghost”, publicado na edição #45.

Thaís Regina (1996) nasceu em São Paulo, é repórter e ensaísta. Já colaborou com veículos como Time, Agência Pública, Elle Brasil e Uol. Formada em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero, atualmente estuda a relação entre prisões, poder e resistência. “Severinos, o Brasil é uma guerra nossa”, publicado na serrote 45, ficou em segundo lugar no Concurso de Ensaísmo serrote 2023.

Thiago Lanis (1983) é artista, DJ e músico e nasceu no Rio de Janeiro.

Thiago Rocha Pitta (1980) nasceu em Tiradentes (MG) e vive entre o Rio de Janeiro e Petrópolis (RJ). Artista multimídia, explora linguagens de vídeo, fotografia, escultura, intervenções públicas e aquarela. Na serrote 46, publica o ensaio visual “O suplício de Cabral”.

Triscila Oliveira (1985) vive em Niterói (RJ) e é escritora, roteirista e ativista dedicada a pautas de gênero, raça e classe. Com o desenhista Leandro Assis, publica charges na Folha de S.Paulo e lançou os livros de quadrinhos Confinada (2021) e Os santos (2023). Este último narra as histórias cruzadas de uma família periférica e uma família branca rica da Zona Sul carioca. 

Vivian Caccuri (1986), nascida em São Paulo e radicada no Rio de Janeiro, propõe experimentos com o som em trabalhos que abarcam dimensões visual, corpórea e tecnológica. Seu trabalho está publicado na serrote 46. 

Yasmin Santos (1998) é jornalista e escritora e vive no Rio de Janeiro. Colaborou com veículos como piauí, Quatro Cinco Um, Folha de S.Paulo, Nexo, The Intercept Brasil, Uol, GQ e Elle Brasil. É editora do selo Companhia das Letras. “Ladainha da sobrevivência”, menção honrosa no 4o Concurso de Ensaísmo serrote, em 2021, foi publicado no número 40 da revista.


serrote #46
224 páginas
R$ 48,50
Festival serrote
3 e 4 de maio (sexta e sábado)
IMS Paulista (Av. Paulista, 2424, São Paulo)
Entrada gratuita

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