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domingo, 26 de outubro de 2025

.: Wanessa Morgado transforma o caos da maternidade em catarse cômica


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.comFoto: Kim Leekyung


Com texto inédito de Andrea Batitucci, roteirista de "Minha Mãe É Uma Peça" e "Vai que Cola", e direção de Rafael Primot, o espetáculo “Manhê!” continua a emocionar e provocar gargalhadas em uma temporada que cresce a cada apresentação. Estrelado por Wanessa Morgado, o solo mergulha nas alegrias, culpas e contradições do universo materno - esse campo de batalha onde o amor e o caos coexistem, quase sempre, na mesma respiração.

Depois do sucesso no Teatro Uol, “Manhê!” segue em novas apresentações: 1º de novembro, às 14h30 e 17h00, no Teatro Arena B3, em São Paulo;  14 de novembro, às 20h30, no Teatro Municipal de Osasco; 22 de novembro, às 21h00, no Teatro Lauro Gomes, em São Bernardo do Campo; 29 e 30 de novembro, no Teatro Colinas, em São José dos Campos;  e, em janeiro, às quintas-feiras, às 20h, no Teatro Multiplan Morumbi, em São Paulo.

Com humor afiado e uma sinceridade desconcertante, Wanessa dá corpo e voz às dores e delícias de uma mulher que tenta ser mãe sem deixar de ser gente. O resultado é uma comédia realista e libertadora - feita para rir, pensar e talvez chorar um pouco também. Nesta entrevista exclusiva ao portal Resenhando.com, a atriz fala sobre maternidade, humor e o poder de transformar o desespero em arte.


Resenhando.com - “Manhê!” parte de um lugar comum - a maternidade - mas a trata de forma nada convencional. Qual foi o momento em que você percebeu que esse tema, tão explorado, ainda tinha um buraco cômico e dolorido a ser preenchido no palco?
Wanessa Morgado - Acho que resolvi falar primeiro do que eu sentia e via as mulheres perto de mim sentindo, sabe? A dor e a delícia de ser mãe, que em alguns momentos pra mim se equilibram nessa balança da maternidade...escrevi um conto, quase que como eu desabafo ou terapia, e dele veio a peça escrita pela maravilhosa Andrea Batitucci, que também é mãe, separada, de duas meninas.


Resenhando.com - A peça fala sobre “maternagem”, essa palavra que parece bonita, mas carrega uma carga brutal de exclusividade e cobrança. Se pudesse cunhar uma nova palavra para redefinir o papel da mãe, que termo criaria?
Wanessa Morgado Nossa, ótima pergunta...a "maternagem" na real deveria existir mais... a função de dar carinho, atenção, cuidados, não precisa e não é só da mãe. Não sei criar um novo termo eu acho, usaria os termos que já existem mas de verdade: sororidade, parceria, responsabilidade mútua etc.


Resenhando.com - No Brasil, ainda é comum romantizar a maternidade como um estado de graça. Em “Manhê!”, você desmonta esse mito com humor. Você acredita que a comédia pode ser mais eficaz do que o drama para revelar as dores reais da maternidade?
Wanessa Morgado Eu sempre achei que a comédia é um estilo maior. Não desvalorizando os outros estilos, pelo amor de Deus, mas só destacando mesmo o humor...com humor você consegue falar de coisas que não falaria sem ele, ser mais direta e quase "grossa" quando necessário sem que achem "pesado" como no drama por exemplo, mas ele toca, conscientiza, faz uma catarse mesmo... como bem diz a letra da música "rir de tudo é desespero". A gente ri de alegria, mas ri de desespero por se aproximar daquilo e, ao mesmo tempo, o humor te dá paz, em saber que você não está sozinha neste mundo, seja a situação que for, alguém já viveu isso ou algo muito parecido.

Resenhando.com - Como atriz de stand-up, mestre de cerimônias e locutora, você já se multiplicou em muitos palcos e vozes. O que a Wanessa do monólogo “Manhê!” tem que nenhuma outra versão sua ousou mostrar? 
Wanessa Morgado Com certeza essa Wanessa mãe, falando ali com propriedade e conhecimento de causa. Mesmo no meu stand up eu já falava de maternidade mas não de forma tão profunda, emocionante e vivenciando agora a história de vida dessa mulher... que não sou eu, mas que tem muito de mim...

Resenhando.com - A maternidade, como você retrata, é um território de caos e amor. Mas se fosse possível resumir em apenas um cheiro essa experiência, qual seria?
Wanessa Morgado Ah, seria um cheiro doce e suave, porque apesar de todo o perrengue que é, ser mãe pra mim, do meu filho... "péra", porque não sou a mulher que vai levantar a bandeira de que eu gostaria de ser mãe de vários... A função mãe me dá um pouco de cansaço (risos), mas voltando...ser mãe do Gael tem um cheiro de vida longa, de amor infinito e de muita paz, mesmo no caos.

Resenhando.com - O texto de Andréa Batitucci nasce de uma esquete sua. Existe alguma cena que você sente como uma cicatriz pessoal, algo tão seu que, mesmo encenado, ainda dói ao repetir?
Wanessa Morgado Nasce de um conto, não exatamente uma esquete, um conto um pouco mais longo e mais dramático, acredita? Não tem uma cena que seja uma cicatriz, mas tem uma cena que ainda não vivi e que dói muito em mim e no público todas as vezes, que é quando esse filho vai embora de casa... O famoso "ninho vazio"... Aff, pra mim é sempre difícil essa cena e nessa hora tenho vontade de fazer mais uns cinco filhos pra ir intercalando, um sai e outros ficam... dói.

Resenhando.com - “Minha Mãe é uma Peça”, “Vai que Cola”, “Além da Ilha”... Batitucci tem um histórico de humor popular. O que o público de teatro ganha quando um tema tão íntimo é tratado com essa mesma pegada, mas sem o filtro da TV?
Wanessa Morgado Na peça ela usa o ritmo da TV mas não o filtro, o que faz da peça esse estrondo que é... Quando as pessoas saem do teatro é sempre maravilhoso e incrível ouvir os depoimentos, de quem se viu como mãe ali, de quem se viu como filho daquela mãe que envelhece, adoece e quer mesmo assim viver muito ainda, de quem se enxerga na mulher, no homem nessa relação e em outros papéis que a peça traz.


Resenhando.com - Quando se fala de maternidade no palco, sempre se pensa no olhar feminino. Se um homem fosse fazer o mesmo espetáculo, que cena você acredita que ele jamais teria coragem de encenar?
Wanessa Morgado (Risos) Ixi, várias, eu teria que repensar a peça toda aqui pra pensar especificamente em uma... Mas tem uma do sexo, que a mulher está com a cabeça na lua e o cara ainda vem com uma frase de matar, que acho que os homens não teriam coragem de assumir.

Resenhando.com - Você já foi mestre de cerimônias para grandes empresas, uma função que exige controle e formalidade. Agora, em “Manhê!”, você se coloca no ridículo, no desespero e no colapso. O que é mais difícil: domar um público corporativo ou assumir o caos da maternidade no palco?
Wanessa Morgado Ah, o palco e o teatro me desafiam muito e sempre. Ser MC é sempre um desafio, cada empresa quer algo específico, tem ali em seu evento todas as expectativas, muitas vezes do ano, do semestre, é muita responsabilidade. Na peça, existe um texto a ser seguido, a luz e trilha dependem de mim e estou vestida de personagem, é diferente e desafiador em outro lugar.


Resenhando.com - Se pudesse escrever uma carta para a Wanessa de 2002, recém-formada na Escola de Teatro Macunaíma, o que ela diria ao ler que, em 2025, você estaria no palco falando de fraldas, amamentação e divórcios - e rindo disso tudo?
Wanessa Morgado O que ela diria? Eita... Acho que daria parabéns pra mulher que me tornei, apesar de todos os perrengues que já vivi, na minha criação mais conservadora, em meus alguns relacionamentos esquisitos, em meus medos e questões, vivi muito bem esses meus anos e cheguei vivíssima até aqui, onde pretendo seguir ainda mais viva!!

.: "Dom Casmurro - O Musical" retorna para duas apresentações em São Paulo


Indicada ao Prêmio APCA e vencedora do Prêmio Bibi Ferreira na categoria Dramaturgia Original, a produção revisita o clássico de Machado de Assis com ousadia, poesia e música original. Foto: Anne Beatriz

Após o sucesso de estreia em 2024 e das novas apresentações em 2025, o musical “Dom Casmurro”, adaptação do clássico de Machado de Assis, retorna ao palco do Teatro Gazeta, em São Paulo, para duas únicas sessões nos dias 4 e 5 de novembro. A produção, indicada ao Prêmio APCA nas categorias Melhor Espetáculo e Melhor Ator (Rodrigo Mercadante), conquistou público e crítica ao unir literatura, música e emoção, e segue ampliando seu reconhecimento ao receber duas novas indicações ao Prêmio Bibi Ferreira 2025 - Letra e Música e Dramaturgia Original em Musicais, categoria na qual foi vencedora. Os ingressos já podem ser adquiridos no site da Sympla ou na bilheteria física do teatro.

Assinada pela dupla Guilherme Gila (autor do premiado musical “A Igreja do Diabo”) e Davi Novaes (“O Que Restou de Você em Mim”), a adaptação conta com direção de Zé Henrique de Paula e propõe uma releitura contemporânea e musicalmente vibrante da obra-prima de Machado de Assis. A produção é uma parceria entre A Casa Que Fala e Tomate Produções, reafirmando o espaço dos musicais autorais no cenário brasileiro.


Um clássico reinventado pela música e pela emoção
O projeto de “Dom Casmurro” foi desenvolvido ao longo de três anos, em um processo colaborativo que buscou reinterpretar as tensões e ambiguidades entre Bentinho, Capitu e Escobar através de uma linguagem moderna. “Percebi que muitos musicais que amamos no exterior são baseados em obras literárias. Decidi então voltar o olhar para os nossos clássicos. ‘Dom Casmurro’ era a escolha perfeita”, comenta Gila, responsável pelas letras, músicas e direção musical.

A dramaturgia de Davi Novaes preserva a essência machadiana, mas convida o público a revisitar a história sob novas perspectivas. “Mantive a estrutura do livro, mas a narrativa agora dá espaço para a dúvida, o ciúme e a memória ganharem voz em forma de canção”, explica o autor. A direção de movimento é de Zuba Janaína, a luz é de Fran Barros, o desenho de som de Cauê Palumbo, os figurinos de Ùga agÚ, o visagismo de Jo Sant Anna e a cenografia, inspirada nas nuances psicológicas da obra, assinada também pelo diretor Zé Henrique de Paula. 


Elenco e a essência machadiana
O elenco original retorna para a nova temporada: Rodrigo Mercadante como Bentinho, Luci Saluzzi como Capitu, Cleomácio Inácio como Escobar, Larissa Carneiro como Prima Justina e Sancha, Fábio Enriquez como José Dias, Nábia Villela como Dona Glória e Eduardo Leão como Tio Cosme. A trilha sonora, que transita entre o rock e a MPB, reflete as emoções e conflitos dos personagens, executada ao vivo por Gila (piano e regência), Samir Alves (violino), Felipe Parisi (violoncelo) e Cássio Percussão (percussão).

Mais do que uma simples adaptação, “Dom Casmurro - O Musical” é uma celebração da literatura brasileira em forma de espetáculo. A produção convida o público a mergulhar no universo de Machado de Assis através de um diálogo entre texto, música e interpretação, oferecendo uma experiência sensorial e emocionante que reafirma o poder atemporal de seus personagens e dilemas.


Serviço:
"Dom Casmurro - O Musical"
Dias 4 e 5 de novembro
Terça-feira, às 20h00 | Quarta-feira, às 20h00
Teatro Gazeta – Av. Paulista, 900 – Térreo Baixo – Bela Vista, São Paulo – SP
Duração: 140 minutos (incluindo 15 min de intervalo)
Classificação: 12 anos

Ingressos:
VIP: R$150 (inteira) | R$75 (meia-entrada*)
Plateia: R$120 (inteira) | R$60 (meia-entrada*)
Venda on-line: https://bileto.sympla.com.br/event/111701
Bilheteria física: Teatro Gazeta (Av. Paulista, 900 – Térreo Baixo - Bela Vista, SP)
Horário de funcionamento: De terça à domingo das 14h às 20h

Convênio com Estacionamento
- MaxiPark - Estacionamento com desconto conveniado com entrada pela Rua São Carlos do Pinhal, 303 - subsolo com acesso por elevador ao térreo  (até 1h da manhã)
Indicação de outro estacionamento ao lado sem convênio:
- Top Center - Alameda Joaquim Eugênio de Lima, nº 424 Ou Rua São Carlos do Pinhal, nº 241  (24h)
Os ingressos dos assentos reservados para acessibilidade (PNE / PO) poderão ser adquiridos somente na bilheteria do teatro.


Ficha técnica
Texto e adaptação: Davi Novaes (baseado na obra de Machado de Assis) | Letras, músicas e direção musical: Guilherme Gila | Direção geral: Zé Henrique de Paula | Direção de movimentos: Zuba Janaína | Assistência de direção: Mafê Alcântara | Elenco: Rodrigo Mercadante, Luci Saluzzi, Cleomácio Inácio, Larissa Carneiro, Fábio Enriquez, Nábia Villela e Eduardo Leão | Banda: Guilherme Gila, Samir Alves, Felipe Parisi e Cássio Percussão | Figurino: Ùga agÚ | Cenografia: Zé Henrique de Paula | Visagismo: Jo Sant’anna | Desenho de Luz: Fran Barros | Desenho de Som: Caue Palumbo | Técnico de Luz: Claudio Gutierres | Técnica de Som: Tatah Cerquinho | Microfonista: Beatriz Passeti | Coordenação de produção: Rebeca Reis | Produção executiva: Titto Gonçalves | Coordenação de comunicação: Marcos Mattje | Assistência de produção: Anne Beatriz, Barbara Trabasso, Gabriel Arjona, Giulia Lavinia e Vitor Colli | Assessoria de imprensa: GPress Comunicação | Fotografia: Felipe Quintini, Anne Beatriz e Hallan Fidelis | Filmagem: Pedro Veras | Realização: A Casa que Fala e Tomate Produções.


sábado, 25 de outubro de 2025

.: Crítica: musical "Homem com H" reza o evangelho segundo Ney Matogrosso


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Foto: Adriano Doria

Alguns musicais nascem de uma ideia; outros, do fogo. “Ney Matogrosso - Homem com H” é dos que ardem e iluminam. A montagem da Paris Cultural, em cartaz no Teatro Porto até dia 7 de dezembro, não apenas homenageia um artista: celebra uma entidade em vida. Ney é invocado. O palco vira altar e arena, corpo e ferida, em um ritual em que o sagrado e o profano se misturam até perderem fronteira. Entre biografia musicada, liturgia do escândalo e exorcismo contra a caretice, o espetáculo vem lotando plateias e reafirmando o poder de quem transforma a própria existência em arte.

No palco, Renan Mattos é um corpo em combustão, em que arte, dor, prazer e liberdade se confundem. Nesse papel, ele está em estado de graça: o Ney Matogrosso que renasce em cena não é cópia, mas epifania. Há algo de místico no modo como o ator acende o palco - cada nota entoada por ele soa como oração pagã e os gestos dele se impõem como sacramento profano. Nesse espetáculo, o corpo do protagonista torna-se instrumento de fé e transgressão, a serviço de uma história que emerge da coragem de existir. É raro ver entrega assim, tão absoluta que parece abolir o limite entre ator e personagem, carne e mito. 

Renan Mattos canaliza o espírito de Ney Matogrosso como quem ergue um orixá: com respeito, intensidade e vertigem. Do menino tímido de Mato Grosso ao ícone que enfrentou a ditadura com o corpo nu e a voz em brasa; do amante que amou outro homem ao artista que reinventou o amor pelo pai e pela mãe; da sombra da Aids, quando tantos se apagaram, à luz de Cazuza, que começa como amante e termina como companheiro de fé. O espetáculo agrega tudo isso e faz da memória um espaço de comunhão. Cada canção é uma oferenda - não ao passado, mas ao que sobrevive dele, e também ao que restará de todos nós.

A encenação de Marilia Toledo e Fernanda Chamma é de uma inteligência cênica que não se rende ao deslumbramento. É grandiosa, mas não se perde na pirotecnia; é teatral, mas sem afetação. As diretoras compreendem que Ney é, por natureza, uma missa herética - e o espetáculo se estrutura como tal. O público assiste às transformações de figurino e maquiagem em cena como quem testemunha um milagre. Há algo de rito iniciático em ver o ator se pintar, despir-se, erguer-se e se reerguer diante de tantas camadas de si mesmo.

O texto costura vida e mito com ecos de Eduardo Galeano, autor de “As Veias Abertas da América Latina”. O Ney de “Homem com H”, intérprete de “Sangue Latino”, canta sem pudores  e sem reservas as veias expostas, as cicatrizes que não cicatrizam e o erotismo que resiste à moral. A trilha musical, conduzida por Daniel Rocha, é outro acerto. As canções - de “Pro Dia Nascer Feliz” a “Poema”, redescoberta no TikTok - reacendem o fogo de uma época que tentou ser silenciada e acabou virando mito. 

O musical entende que Ney nunca foi um sobrevivente, mas um transfigurador contrário à cultura do mais fácil. O figurino, as luzes e o uso do corpo coletivo do elenco convergem para um estado de celebração. “Homem com H” não se contenta em ser um retrato de uma biografia bem-sucedida: é uma experiência. Ney é o santo laico de uma geração que aprendeu que resistir também é um gesto estético. O espetáculo entende isso com devoção e insolência. É um musical que poderia se acomodar na reverência, mas prefere o risco de despertar a vontade de viver, mesmo quando o mundo insiste em morrer aos poucos. E é por isso que não é triste, mas profundamente vivo. "Homem com H" celebra um homem que caiu muitas vezes e, em todas elas, levantou-se maquiado, luminoso, inteiro, selvagem, livre e humano.


Musical "Ney Matogrosso - Homem com H"

Ficha técnica
Texto: Marilia Toledo e Emílio Boechat
Direção: Fernanda Chamma e Marilia Toledo
Coreografia: Fernanda Chamma
Direção musical: Daniel Rocha
Cenografia: Carmem Guerra
Figurinos: Michelly X
Visagismo: Edgar Cardoso
Desenho de som: Eduardo Pinheiro
Desenho de luz: Fran Barros & Tulio Pezzoni
Preparação vocal: Andréia Vitfer
Realização: Paris Cultural
Patrocínio: Porto Seguro
Produção geral: Paris Cultural

Elenco
Renan Mattos - Ney
Bruno Boer - Ney Cover
Vinícius Loyola e Pedro Arrais - Cazuza, Tonho, Cláudio Tovar e Romildo
Giselle Lima - Beíta, Renate Beija-Flor e Sandra Pera
Hellen de Castro - Rita Lee, Sylvia Orthof, Gilda e Yara Neiva
Enrico Verta - Gerson Conrad, Eugênio, André Midani e Frejat
Abner Debret - Vicente Pereira e Vitor Martins
Matheus Paiva - João Ricardo, Nilton Travesso e Marco de Maria
Dante Paccola - Ney Jovem, Mazzola e Paulnho Mendonça
Maria Clara Manesco - Luli, Lidoka e Fã
Tatiana Toyota - Elvira, Rosinha de Valença
Léo Rommano - Titinho, Moracy do Val, Luiz Fernando Guimarães e Arthur Moreira Lima
Ju Romano - Lena, Regina Chaves
Maurício Reducino – Ensemble
Valffred Souza - Ensemble
Vitor Vieira – Matogrosso e Guilherme Araújo
Oscar Fabião – Dódi e Grey

Banda
Teclado 1 e Regência - Rodrigo Bartsch
Teclado 2 e sub de Regência - Renan Achar
Bateria e percussão - Kiko Andrioli
Trombone, trompete, flugel - Renato Farias
Baixo elétrico, acústico e violão - Eduardo Brasil
Reed (sax tenor, clarinete, clarone, flauta) - Tico Marcio

Serviço
Temporada: 19 de setembro a 7 de dezembro de 2025
Sessões: sextas e sábados às 20h e domingos às 17h.
Duração do espetáculo: 3h (com 15 minutos de intervalo)

Ingressos
Plateia R$ 250,00
Balcão e frisa R$ 200,00
Preço Popular*: 50,00  *Obs. O ingresso PREÇO POPULAR é válido para todos os clientes e segue o plano de democratização da Lei Rouanet e está sujeito à cota estabelecida por Lei para este valor. O comprovante para compras ao valor de meia entrada é obrigatório e deverá ser apresentado na entrada do espetáculo.

Teatro Porto
Al. Barão de Piracicaba, 740 – Campos Elíseos – São Paulo.
Telefone (11) 3366.8700
Capacidade: 508 lugares.
Acessibilidade: 10 lugares para cadeirantes e 5 cadeiras para obesos.
Estacionamento no local: Gratuito para clientes do Teatro Porto.

O Teatro Porto oferece a seus clientes uma van gratuita partindo da Estação da Luz em direção ao prédio do teatro. O local de partida é na saída da estação, na Rua José Paulino/Praça da Luz. No trajeto de volta, a circulação é de até 30 minutos após o término da apresentação. E possui estacionamento gratuito para clientes do teatro.

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

.: Consciência Negra: Porto recebe "E Vocês, Quem São?", de Samuel de Assis

O ator global leva ao palco uma reflexão sobre identidade, memória e a luta por reconhecimento do povo preto


No Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro, o Teatro Porto recebe uma apresentação especial do espetáculo "E Vocês, Quem São?", de Samuel de Assis, às 19h. Com dramaturgia de Jonathan Raymundo, a montagem discute a responsabilidade pela realidade brutal e violenta vivida pelas pessoas pretas. A venda de ingressos está aberta pelo site www.sympla.com.br/teatroporto e na bilheteria oficial do teatro.

Definida pelo próprio Samuel de Assis como um texto forte, reflexivo e provocativo para reverberar na cabeça de todos, a peça nasceu de um desabafo. “Eu pedi um texto ao Jonathan e ele me mandou a primeira versão em três horas. Acho que tudo já estava na cabeça dele e ele derramou o texto na tela. Então, peguei o texto proseado dele e fiz um trabalho de dramaturgismo para criar uma história. Como eu não sabia se isso ia dar certo, fiquei receoso de chamar alguém para dirigir, por isso todo o processo de ensaio fiz em frente ao espelho”, conta.

O projeto parte de alguns questionamentos recorrentes e debates bem atuais sobre raça, gênero, classe e outros temas fundamentais, como “O que é lugar de fala?”, “Quem detém o direito de construir a narrativa verdadeira sobre a realidade?” e “Qual é o valor da vida?”.

O público acompanha o relato que traz um apanhado histórico do Brasil, expondo a versão visceral de um país fundado em pilares racistas e inquisidores. E o texto ainda é acompanhado por uma reflexão sobre Machado de Assis, um dos maiores autores negros brasileiros, que foi “embranquecido” pela história oficial.

“Costumo dizer que esse espetáculo mudou minha vida, porque ele me ensinou muita coisa. Sou um homem preto que foi criado no mundo branco. Eu me reconheci, me aceitei e passei a reconhecer o mundo com um olhar de um homem preto já na vida adulta. Só aí comecei a entender de verdade o mundo real e comecei a lutar. E eu acredito que sou um homem melhor e mais forte depois desse espetáculo, que é feito pra todo mundo – pra quem é branco, preto, amarelo, quem está vivo”, reflete o ator e diretor.

A direção de arte do espetáculo é assinada por Marcio Macena, que criou uma cenografia minimalista composta apenas por um coração humano. “O Marcio é meu parceiro desde que comecei a fazer teatro. Quando eu disse que queria botar tudo o que estava guardado no meu peito para fora nesta peça, ele logo disse que a cenografia deveria refletir isso. Ela simboliza o fato de que eu estou colocando o meu coração nas mãos de todas as pessoas que estão ali assistindo a peça”, comenta Assis.

Já os figurinos foram criados pela marca de roupas Meninos Rei, de Junior Rocha e Céu Rocha, que marcam sua estreia no teatro. A confecção baiana, que estreou na São Paulo Fashion Week em 2021, foi escolhida por representar a ancestralidade e a autenticidade da população preta.

E a trilha sonora, tocada ao vivo pelos músicos Cauê Silva e Leandro Vieira, reúne músicas de cantores e compositores pretos famosos, incluindo uma canção original do rapper Coruja BC1 e outra de Larissa Luz, que ainda assina a direção musical ao lado do coletivo Os Capoeira.

“Fico muito feliz ao ver que a trilha sonora da peça caminha junto com o texto e fala por si só. Acho que ver essas duas forças poderosas se complementando e falando juntas é muito bonito de se ver”, acrescenta Samuel de Assis.

Ficha técnica:

Atuação e Direção Geral: Samuel de Assis Texto: Jonathan Raymundo. Direção Musical: Larissa Luz e Os Capoeira (Felipe Roseno, Mestre Dalua, Cauê Silva e Leandro Vieira). Direção Coreográfica: Tainara Cerqueira. Direção de Arte: Márcio Macena. Figurino: Meninos Rei por Junior Rocha e Céu Rocha. Arte do Cenário: Carol Carreiro. Iluminação: César Pivetti. Músicos: Cauê Silva, Leandro Vieira, Rogério Roggi, Marcinho Black, Ito Alves. Op. Som: Felipe Grilo, Silney Marcondes, Paulo Altafim. Op. Luz: Ari Nagô, Ian Bessa, Teo Possatti. Camareira: Jacque Vilar. Designer Gráfico: Pietro Leal. Direção de Produção: Morena Carvalho. Assessoria de Imprensa: Manu Souza. Co-Produção: Estapafúrdia Produções. Realização: Samukaju Produções. 



Serviço

E Vocês, Quem São?

Dia 20 de novembro, quinta-feira, às 19h.

Ingressos:  

Plateia R$ 100,00

Balcão e frisa R$ 80,00

Gêneno: Drama

Duração: 75 minutos 

Classificação indicativa: 14 anos


TEATRO PORTO

Al. Barão de Piracicaba, 740 – Campos Elíseos – São Paulo.

Telefone (11) 3366.8700


Bilheteria:

Aberta somente nos dias de espetáculo, duas horas antes da atração.

Clientes Porto Bank mais acompanhante têm 50% de desconto.

Clientes Porto mais acompanhante têm 30% de desconto.

Vendas: www.sympla.com.br/teatroporto

Capacidade: 508 lugares.

Formas de pagamento: Cartão de crédito e débito (Visa, Mastercard, Elo e Diners).

Acessibilidade: 10 lugares para cadeirantes e 5 cadeiras para obesos.

Estacionamento no local: Gratuito para clientes do Teatro Porto.

O Teatro Porto oferece a seus clientes uma van gratuita partindo da Estação da Luz em direção ao prédio do teatro. O local de partida é na saída da estação, na Rua José Paulino/Praça da Luz. No trajeto de volta, a circulação é de até 30 minutos após o término da apresentação. E possui estacionamento gratuito para clientes do teatro.

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quarta-feira, 22 de outubro de 2025

.: Teatro: comédia dramática "Valência = 2 homens + 1 cooler" estreia no IBT

A amizade genuína entre dois homens é colocada em pauta pela comédia dramática "Valência = 2 homens + 1 cooler”, texto inédito escrito e dirigido por Michelle Ferreira, que tem sua temporada de estreia na sede do IBT - Instituto Brasileiro de Teatro, de 24 de outubro a 30 de novembro, com apresentações às sextas e aos sábados, às 20h; e aos domingos, às 19h.

Na trama, Juno Mangue (Victor Bittow) e Patrick Heffer (Rodolfo Amorim) são dois grandes amigos. Na adolescência, vivem sob o mesmo código moral e compartilham interesses em comum num país que parecia ter um futuro brilhante, assim como eles. 

Mas o tempo passou e, quando se dão conta, são homens de meia idade, confusos e ressentidos. Agora, Patrick está doente e precisa urgentemente de um transplante de rim. Seu melhor amigo se oferece como doador. Mas eis que por trás do ato de solidariedade de Juno, surge uma dúvida: e se fosse ao contrário? Patrick faria isso por ele? 

Valência é um jogo escrito para dois atores que representam diferentes arquétipos masculinos. Nessa partida ganha quem provar, para os espectadores e para si mesmo, a versão verdadeira dos fatos. Por isso Juno e Patrick disputam, palavra a palavra, autoridade sobre a realidade, até que são desafiados a praticar a empatia de forma concreta. E para isso precisam literalmente ficar um no lugar do outro.

“Embora o amor romântico seja muito mais celebrado, a amizade é uma das relações humanas mais reveladoras. Despida de outros interesses, arroubos ou compromissos de sangue, a amizade nos coloca diante da escolha radical de amar alguém que nos lembra constantemente quem somos de verdade. Mas até onde podemos ir por um amigo? Daríamos a ele um pedaço de nós mesmos?”, questiona a autora e diretora Michelle Ferreira.


Michelle Ferreira (autora e diretora)

Atriz, dramaturga, roteirista e diretora. Formada pela Escola de Arte Dramática - EAD/USP, foi integrante do Núcleo de Dramaturgia do CPT, com coordenação de Antunes Filho, por oito anos. Indicada ao Prêmio Shell de melhor dramaturgia pelo espetáculo "Os Adultos estão na Sala", também é autora dos espetáculos "Bárbara", solo de Marisa Orth, e “A Última Entrevista de Marília Gabriela”.


Rodolfo Amorim (ator)

Ator formado pela Escola de Arte Dramática - EAD/USP e pela Faculdade Paulista de Artes. Integrante do Grupo XIX de Teatro, onde atuou nos espetáculos “Hygiene”, “Arrufos” e “Teorema 21”. Desde 2014, pesquisa a presença do ator e o teatro autobiográfico com o diretor Antônio Januzelli, o Janô, com quem desenvolveu o solo “Galo Índio”.


Victor Bittow (ator)

Ator formado pela Escola de Arte Dramática - EAD/USP, é um dos fundadores do grupo As Olívias, com quem desenvolveu diversos projetos para teatro, internet e televisão. Atuou nos espetáculos “Vitaminas”, com o Núcleo de Pesquisas do Grupo XIX de Teatro, "Os Médios", com a Má Companhia Provoca; e "Riso Nervoso" e "Mulher, Imagina!", com As Olívias (texto e direção de Michelle Ferreira).


Ficha Técnica

Dramaturgia e direção: Michelle Ferreira

Elenco: Rodolfo Amorim e Victor Bittow

Assistência de direção: Sofia Jesion

Direção de movimento: Fabiano Nunes

Figurinos: Marianna Armellini

Desenho de luz: Cesar Pivetti

Trilha sonora / desenho de som: Eric Budney

Produção: Fani Feldman


Sinopse: "Valência = 2 homens + 1 cooler” conta a história de um homem que precisa urgentemente de um transplante de rim. Seu melhor amigo se oferece como doador, mas o que parecia ser somente um ato de compaixão se torna estopim de uma crise de consciência e de um acerto de contas de uma amizade de mais de 30 anos.


Serviço

Espetáculo "Valência = 2 homens + 1 cooler”

Temporada: 24 de outubro a 30 de novembro de 2025

Às sextas e aos sábados, às 20h; e aos domingos, às 19h

Sessões extras: 17 e 24/11, segundas-feiras, às 20h

IBT - Instituto Brasileiro de Teatro - Av. Brigadeiro Luís Antônio, 277, Bela Vista

Ingressos: gratuitos (distribuídos 1h antes na bilheteria do teatro)

Duração: 70 minutos

Classificação indicativa: 12 anos

Capacidade: 60 lugares 

Acessibilidade: Teatro é acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida

domingo, 19 de outubro de 2025

.: Teatro: Thalles Cabral vai até a beira do precipício para enfrentar a tristeza


Por Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Fotos: Ronaldo Gutierrez

Thalles Cabral, ator, músico e protagonista do solo "Triste! Triste… Triste?", mergulha em uma das experiências mais intensas da arte: a representação da perda de uma mãe e a busca por identidade em meio ao luto. Inspirado no livro "Triste Não É ao Certo a Palavra", escrito por Gabriel Abreu, e dirigido por Nicolas Ahnert, o espetáculo não apenas traduz a dor do personagem, mas a transforma em uma experiência sensível, íntima e, por vezes, surpreendentemente leve para o público.

Em entrevista exclusiva ao portal Resenhando.com, Thalles fala sobre a liberdade de interpretar um solo literário, a complexidade de misturar memórias próprias com as do personagem e a relação quase terapêutica que se estabelece entre ator e público. Ele comenta ainda como o humor e o cinismo coexistem com a tragédia, criando camadas que tornam o espetáculo um convite à reflexão sobre memória, família e identidade. 


Resenhando.com - Interpretar um filho lidando com a iminência da morte da mãe exige mergulhar em emoções extremas. Como você separa o que é seu do que é do personagem em cenas tão íntimas e dolorosas?
Thalles Cabral - Eu gosto de ir até a beira do precipício. O que eu mais prezo na atuação é a verdade. Como ator, preciso acreditar naquilo pra que os outros acreditem também. E pra isso, acabo buscando dentro de mim ferramentas pra acionar esse lugar: memórias, sensações, experiências, que possam me colocar ao lado daquele personagem. Muitas vezes são emoções que já conheci, mesmo que em outra intensidade. Se há algo de similar, já serve. Depois vem a investigação, o quanto usar, até onde ir. Não me interessa criar um personagem sem misturar algo de mim e tão pouco me confundir com ele. O que me move é essa linha tênue, chegar perto do abismo, mas não saltar.


Resenhando.com - Sua carreira transitou entre novelas, séries e cinema. O que muda na sua abordagem quando o palco é um solo literário, e você não tem outros atores para “compartilhar” a carga emocional?
Thalles Cabral - Quando o Nicolas surgiu com o convite pra transformar o livro em um solo, eu hesitei. Contar uma história sozinho é um desafio enorme. O jogo com outros atores é uma das maiores alegrias do teatro, e abrir mão disso me parecia um risco grande. Mas quando li o livro do Gabriel e depois a adaptação do Nicolas, vi que "Triste..." é, na verdade, um terreno fértil, cheio de possibilidades. E com o tempo, percebi que, no fundo, não estou sozinho. O público, tão perto, respira junto comigo. Eles se tornam meus parceiros de cena, e é com eles que eu compartilho essa viagem toda.


Resenhando.com - O personagem que você interpreta lida com memória, identidade e cinismo. Algum 
desses elementos acabou refletindo em você durante os ensaios ou na vida pessoal?
Thalles Cabral - Ah, passei por todos esses e mais alguns (risos). É impossível lidar com as diferentes emoções que um texto exige sem se encharcar delas. Mas acho que o que mais ficou em mim foi a relação com a memória. Revirei fotos minhas quando criança, fotos antigas dos meus pais, fui atrás desses registros, que aliás é uma coisa maravilhosa. Com o digital, a gente foi perdendo o costume de revelar as fotos, mas eu sempre tive essa mentalidade de registrar tudo, tenho HDs cheios de fotos e vídeos. Acho que a memória é o que nos faz ser quem somos, e é preciso preservá-la com carinho.


Resenhando.com - Em "Triste! Triste… Triste?", o humor surge como contraponto à tragédia. Qual foi 
o momento mais divertido ou irônico que você descobriu dentro do luto do personagem?
Thalles Cabral - Acho que os momentos mais divertidos são os das lembranças da mãe. Ela nunca aparece em cena, mas está por toda parte, principalmente nessas histórias que o filho rememora num tom quase de talk show. Essa escolha foi linda, porque humaniza a ausência. Aquelas histórias são engraçadas, familiares, e o público se reconhece nelas. Nos ensaios, a gente explorou muito essas passagens, buscando uma forma de narrar leve e íntima, como quem conta algo da própria vida. E nesses momentos, eu realmente me diverti.


Resenhando.com - Você já lidou com grandes prêmios e reconhecimento no cinema. Como é lidar com a vulnerabilidade extrema do teatro íntimo, onde cada gesto e silêncio pesa para o público?Thalles Cabral - O teatro é uma das coisas que eu mais amo na vida e o lugar onde eu mais me sinto inteiro. Faço desde os sete anos, e ainda hoje é o espaço onde mais aprendo sobre mim. Talvez só andar de bicicleta tenha começado tão cedo e permanecido até hoje (risos). Existe algo de muito especial entre o ator e o público, algo que não se explica, só se vive. Essa vulnerabilidade é o que me fascina. É o risco, a troca, a sinergia com aquele público daquela noite, um pacto que nunca se repete. Ainda não inventaram nada melhor do que sair de um teatro mexido depois de uma peça boa. E tentar provocar isso nos outros é um privilégio raro.


Resenhando.com - Ao explorar a dor do filho, você se sentiu obrigado a buscar memórias próprias de perda, ou conseguiu criar tudo a partir da imaginação e empatia? 
Thalles Cabral - Sim. Eu vejo o espetáculo como uma grande alegoria do luto. O personagem atravessa todas as fases desse sentimento, ora de maneira realista, ora num registro mais lúdico. É quase um ensaio sobre o que significa perder. O luto é sempre uma quebra, uma interrupção, e pode aparecer de muitas formas na vida, não só na morte. Durante o processo, olhei pras minhas próprias experiências de perda e lembrei de como reagi diante delas. Acho que é sempre a partir da gente que o trabalho começa.


Resenhando.com - O solo é inspirado no livro de Gabriel Abreu, mas Nicolas Ahnert expandiu a 
narrativa. Qual foi a cena que mais te desafiou a reinventar sua própria atuação dentro dessa liberdade dramatúrgica?
Thalles Cabral - A cena em que as várias vozes da cabeça dele começam a discutir foi, sem dúvida, a mais desafiadora. Era preciso dar identidade a cada uma delas sem nenhum apoio visual, só com corpo e voz. Além disso, a cena tem um ritmo próprio, que vai crescendo até quase o caos. Demorei pra encontrar o tom dela, mas depois virou uma das minhas favoritas.


Resenhando.com - Thalles, você já disse que seu disco “Utopia” é uma narrativa própria, com clipes dirigidos por você. Existe alguma relação entre a construção desse universo musical e a construção do personagem em "Triste! Triste… Triste?"?
Thalles Cabral - "Utopia" é um álbum que fala sobre uma geração que vive pro amanhã, um amanhã distante, idealizado, quase inalcançável, e acaba esquecendo do agora. O personagem de Triste é o oposto. Ele não vive pro futuro, vive preso ao passado, sem perspectiva. É justamente olhando pra trás que ele consegue se mover pra frente. De algum modo, os dois se encontram nesse mesmo estado de suspensão: o que paralisa por excesso de futuro e o que paralisa por excesso de passado. Talvez ambos estejam tentando entender o agora, que é o lugar mais difícil de habitar.


Resenhando.com - A peça fala de uma geração anestesiada em busca de identidade. Você se identifica com essa “geração” ou vê o personagem como um espelho crítico do que poderia ter
sido você?
Thalles Cabral - 
Acho que o teatro e a arte no geral sempre me fizeram olhar pro mundo de outro jeito. Desde pequeno, sou curioso, atento, inquieto. O personagem de "Triste..." evita o enfrentamento, foge daquilo que realmente importa, e nisso a gente é bem diferente. Eu não fujo. Posso levar um tempo pra elaborar, pra entender como abordar certas coisas, mas enfrento logo. Não gosto de prolongar nada. E quanto à busca de identidade, eu entendo que é algo que vai nos acompanhar durante a vida toda, e isso não me angustia. Pelo contrário, gosto de me surpreender comigo mesmo e me sinto orgulhoso de quem estou me tornando.


Resenhando.com - Se pudesse escolher um momento do espetáculo para que o público lembrasse de 
você para sempre, qual seria?
Thalles Cabral - Não escolheria um momento, mas uma sensação. Triste oferece várias possibilidades de reflexão, e cada espectador leva a sua. Eu adoro quando vou ao teatro e saio com uma tarefa de casa, algo que me acompanha na volta, que me faz pensar sobre a minha vida. É isso que eu desejo pro público, que saiam pensando sobre as próprias relações, sobre como se comunicam com seus pais, filhos, amores. A palavra é o início e o fim de tudo.

 
Ficha técnica
Epetáculo "Triste! Triste… Triste?"
Texto e direção: Nicolas Ahnert. Elenco: Thalles Cabral. Cenário e figurino: Pazetto. Iluminação: Nicolas Caratori. Trilha sonora: Alê Martins. Direção de produção: Nicolas Ahnert. Produção: Laura Sciulli e Victor Edwards. Realização: ZERO TEATRO.

 
Serviço
Epetáculo "Triste! Triste… Triste?"
Temporada: outubro (sábados, às 20h00, e domingos, às 19h00). Novembro (sábados, às 20h00, domingos, às 19h00, e segundas, às 20h00)
Classificação: 14 anos
Duração: 70 minutos
Ingressos: R$80
Link para venda: linktr.ee/tristeespetaculo
Teatro Do Núcleo Experimental
R. Barra Funda, 637 - Barra Funda/São Paulo
Capacidade: 100 lugares.



sábado, 18 de outubro de 2025

.: “Rapsódia - O Musical” ganha edição especial de Halloween em São Paulo


Mantendo a proposta sensorial e imersiva, o espetáculo terá sessão única no dia 30 de outubro, em versão inédita para palco italiano, no Teatro Gamaro. Foto: Álefe Ouriques


Após encerrar uma elogiada primeira temporada na Sala Experimental do Teatro B32, a comédia dark original “Rapsódia - O Musical” retorna em grande estilo para uma edição especial e única de Halloween. A produção é uma realização da Cerejeira Produções em parceria com a Baldaquim Produções e com o Teatro Gamaro, e acontece no dia 30 de outubro, às 20h30, sob direção de Mau Alves, também autor do texto, e direção musical de Tony Lucchesi. Os ingressos estão à venda e podem ser adquiridos no site da Sympla.

Nesta versão, o espetáculo, que existe há 12 anos e só havia passado pelo Rio de Janeiro, mantém sua marca registrada - humor ácido, estética expressionista e experiência sensorial - mas ganha uma nova roupagem ao ser apresentado para uma plateia ainda maior e em um palco italiano tradicional. Mesmo nesse formato, a proposta é manter a atmosfera imersiva e a proximidade entre elenco e público: parte dos espectadores terá a oportunidade de assistir à sessão diretamente no palco, tornando a vivência ainda mais intensa. 

“A ideia é comemorar o Halloween de uma forma diferente, com muito sangue falso, surpresas e efeitos inéditos. É uma noite para o público se divertir e entrar no clima, vivendo o terror pelo olhar do teatro brasileiro”, comenta o produtor Rafael Ramirez. Na trama, acompanhamos Pátrio, um jovem sem perspectivas que aceita trabalhar em uma antiga fábrica de sabonetes na misteriosa cidade de Rapsódia. Lá, descobre personagens excêntricos, artistas de cabaré e um segredo grotesco que transforma sua vida em uma sucessão de reviravoltas. Para o público, a experiência é imersiva: bolhas de sabão, folhas secas, respingos de sangue falso e elementos cenográficos inesperados transformam a sessão em uma vivência para todos os sentidos.

O elenco segue o mesmo da temporada paulistana, com Felipe Assis Brasil (Pátrio), Conrado Helt (Jeremias), Mau Alves (Tobias), Lurryan (Coné),  Andressa Secchin (Catarina), Igor Miranda (Horácio), Marília Di Lorenço (Tamara), Julia Morganti (Shana) e Luan Carvalho (Gana). O espetáculo é embalado por uma trilha sonora composta por 14 músicas originais, sendo duas inéditas, que reforçam sua força autoral com letras de Mau Alves e Sarah Benchimol – que assina ainda as composições ao lado de Tony Lucchesi.

A equipe criativa desse “terrir” se completa com a direção musical residente de Dan Motta, a coreografia de Clara da Costa, o visagismo de Alisson Rodrigues, a perucaria de Andre Goes, a iluminação de Rafael Ramirez, a cenografia - desenvolvida integralmente com materiais reciclados - de Lurryan, os figurinos de Ùga agÚ e Fê Faria e o desenho de som de Anderson Moura.


Ficha técnica
"Rapsódia - O Musical"
Direção: Mau Alves
Direção residente: Andressa Secchin
Direção musical: Tony Lucchesi
Direção musical residente: Dan Motta
Coreografias: Clara da Costa
Texto: Mau Alves
Letras: Mau Alves e Sarah Benchimol
Músicas: Tony Lucchesi e Sarah Benchimol
Iluminação: Rafael Ramirez
Designer de som: Anderson Moura
Figurinos: Ùga agÚ e Fê Faria
Visagismo: Alisson Rodrigues
Perucaria: Andre Goes
Cenário: Lurryan
Assessoria de imprensa: GPress Comunicação
Produção: Cerejeira Produções e Baudaquim Produções
Apoio: Teatro Gamaro e A Voz Em Cena
Elenco: Julia Morganti, Conrado Helt,  Andressa Secchin, Lurryan, Mau Alves, Igor Miranda, Luan Carvalho, Marília Di Lorenço, Felipe Assis Brasil e Pablo Petronilho


Serviço
"Rapsódia - O Musical" | Especial de Halloween
Data: 30 de outubro (única apresentação)
Horário: 20h30
Local: Teatro Gamaro | Rua Dr. Almeida Lima, 1176 - Mooca/São Paulo
Classificação: 14 anos
Duração: 70 minutos
Ingressos: Vendas pelo site da Sympla
https://bileto.sympla.com.br/event/111605

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

.: Peça "Rumboldo", adaptação da obra de Eva Furnari, no Teatro Cacilda Becker


Com direção de Rhena de Faria e texto de Eloisa Elena, espetáculo narra saga de um reizinho autoritário e com mania de poder. Foto: Andréa Pasquini


Os delírios e manias de um pequeno monarca autoritário são mote de "Rumboldo", novo espetáculo infantil da premiada companhia Barracão Cultural, que, desta vez, adapta a obra homônima de Eva Furnari. O espetáculo se apresenta no Teatro Cacilda Becker nos dias 17, 18 e 19 de outubro de 2025.

A peça tem texto de Eloisa Elena e direção de Rhena de Faria. E, no elenco, estão Caio Teixeira, Eloisa Elena, Leandro Goulart e William Simplício. A produção é possível graças ao ProAC 2024 - Montagem para público infantojuvenil, por meio da Secretaria de Cultura, do Governo do Estado de São Paulo. 

A trama narra a história de um príncipe que, ao herdar o trono, após a morte repentina de seu pai, o respeitado e querido Rei Rusbão, perde-se em seus desmandos e delírios de poder, criando leis absurdas e condenando à prisão todos aqueles que contestam suas decisões. Após levar à cadeia todo o reino, Rumboldo se vê sozinho, desprotegido e percebe que todos os seus súditos estão vivendo bem e felizes na Torre de Pedra, onde foram presos. 

A narrativa de Furnari se apresenta como um mote perfeito para pôr em pauta os perigos e consequências do exercício autoritário do poder. “Nos últimos anos vimos o fortalecimento de discursos anti-democráticos na esfera política mundial, gerando efeitos transversais que perpassam as relações interpessoais e coletivas, moldando e validando atitudes de intolerância e segregação na sociedade. Diante disto, acreditamos que se faz necessário trazer a reflexão sobre os efeitos do poder autoritário para o público infantil”, comenta Eloisa Elena.

A dramaturgia traz uma linguagem leve e ágil, que serve de base para o jogo da encenação, que explora as técnicas de improviso e os jogos de palhaçaria. Em cena, quatro intérpretes se revezam nas personagens, manipulam e conduzem a cenografia e cantam e tocam os instrumentos da trilha sonora de Morris, composta por canções executadas ao vivo. Compre o livro "Rumboldo", de Eva Furnari, neste link. 


Sobre a Barracão Cultural
A Barracão Cultural é um núcleo de criação e produção que tem como proposta realizar projetos que priorizem a pesquisa de temas e de linguagem, que sejam acessíveis e atendam a diferentes públicos. Formado por alguns parceiros fixos e outros convidados a integrar cada trabalho, desenvolve há 24 anos um exercício permanente de criação e produção de espetáculos, que obtiveram excelente acolhida de crítica e público. 

Entre os espetáculos que fazem parte do repertório do grupo, estão “Trilha para as Estrelas” (2024),  “O Passarinho que não sabia voar” (2023), “Jogo de Imaginar” (2022), “Um arco-íris colorindo o céu” (2022), “Nós” (2019), “Entre” (2019), “On Love” (2017), “Já Pra Cama!”  (2015), “A Condessa e o Bandoleiro” (2014), “Facas nas Galinhas” (2012), “O Tribunal de Salomão e o julgamento das meias-verdades inteiras” (2011), “Cacoete” (2008) e “A Mulher que Ri” (2008).


Ficha técnica
Espetáculo "Rumboldo", com Cia. Barracão Cultural
Texto: Eloisa Elena
Direção: Rhena de Faria
Elenco:  Caio Teixeira, Eloisa Elena, Leandro Goulart e William Simplício
Canções e direção musical: Morris
Cenário e Iluminação: Marisa Bentivegna
Figurino: Marichilene Artisevskis
Coordenação técnica e operação de som: Maurício Mateus
Operação de luz: Le Carmona
Preparação Corporal: Maurício Flórez
Adereços: Tetê Ribeiro
Bonecos: Ivaldo de Melo
Assistência de produção: Ale Picciotto
Produção e Realização: Barracão Cultural


Serviço
Espetáculo "Rumboldo", com Cia. Barracão Cultural
Apresentações:  sexta-feira, dia 17  de outubro, às 10h00 e 14h30. Sábado, dia 18 de outubro, às 16h00. Domingo, dia 19 de outubro, às 16h00. Grátis Teatro Cacilda Becker - Rua Tito, 295. Classificação: livre. Duração: 55 minutos.

.: "Coyote", do escocês Eric Coble, estreia com Karen Coelho e Rodrigo Pandolfo


Marcada por traços do realismo fantástico, a peça convida o público a refletir sobre a urgência de repensar nossa relação com a natureza, misturando humor e absurdo em situações improváveis e poéticas. Foto: Victor Pollak

Diante de uma sociedade hiperconectada e cada vez mais predatória, "Coyote", do renomado autor escocês Eric Coble, propõe uma discussão sobre as consequências danosas do capitalismo e da devastação do meio ambiente para a saúde física e mental das pessoas. O espetáculo ganha uma versão brasileira inédita, dirigida e interpretada por Karen Coelho e Rodrigo Pandolfo, que tem sua temporada de estreia no TUSP Butantã de 16 de outubro a 9 de novembro, com sessões de quarta a sábado, às 20h00, e aos domingos, às 18h00.

No espetáculo, dois jovens solitários em uma grande metrópole narram como tiveram suas vidas profundamente transformadas após a misteriosa aparição de um animal selvagem na escadaria do prédio onde vivem. Sem qualquer entusiasmo, Melinda trabalha durante a madrugada em uma fábrica de impressão e segue sua rotina mecânica e sem muita interação social. Já Tony está desempregado e desiludido, mal consegue arcar com as contas da casa e questiona sua motivação para viver.

Certa madrugada, os dois vizinhos avistam, a partir de diferentes pontos de vista, um coiote na escadaria do prédio e ficam absolutamente fascinados. Eles esperam noite após noite que o animal apareça novamente até que, alguns dias depois, Tony observa Melinda levando carne crua para o visitante. A partir de então, eles se tornam cúmplices e parceiros dessa experiência tão peculiar, enquanto tentam compreender por que um animal selvagem estaria invadindo a área urbana.
 
Com tom surrealista, o texto provoca uma reflexão sobre a necessidade de criação de um novo mundo, no qual animais selvagens possam ocupar novamente seu lugar entre os humanos. “'Coyote' nos traz questionamentos a respeito da direção que esse sistema tem nos conduzido. O texto aborda de forma fabular, com comicidade e leveza, temas urgentes pro nosso tempo. O que estamos fazendo, ao longo da evolução humana, é justamente nos afastar da natureza. E as consequências disso são devastadoras, tanto pro meio ambiente, quanto pra nossa saúde física e mental”, comenta a atriz e codiretora Karen Coelho.

A peça ainda convida o público a pensar sobre a solidão, como acrescenta Rodrigo Pandolfo. “Preso em seu quadrado, o indivíduo deixa de alimentar a sua melhor possibilidade de cura: a relação com os outros. O individualismo tem imperado de tal forma, que talvez seja mais fácil trocar afeto com um cão, um gato ou um coiote. E quem sabe eles, os animais, sejam os mensageiros da mudança que precisamos realizar?”, indaga o ator e codiretor. 

"Coyote" é uma peça repleta de elementos característicos do realismo fantástico, contada diretamente para o público, com potencial de divertir - por suas situações absurdas - e também de sensibilizar para a urgência de aprimorar nossa relação com a natureza.


Sobre o autor
Eric Coble é dramaturgo e roteirista indicado ao Tony, Emmy e Pulitzer. Ele nasceu em Edimburgo (Escócia), mas cresceu nas reservas Navajo e Uta, no Novo México e Colorado (EUA). Sua peça indicada ao Tony e Pulitzer “The Velocity of Autumn” estreou na Broadway no Booth Theatre. Sua dramaturgia inclui ainda: "Bright Ideas", "Southern Rapture", "Fairfield", "A Girl's Guide to Coffee", "My Barking Dog" e "The Giver", que foram produzidas na Off-Broadway, em todos os cinquenta estados dos EUA e em outros países.


Ficha Técnica
Espetáculo "Coyote"
Autor: Eric Coble
Tradução: Diego Teza
Direção e atuação: Karen Coelho e Rodrigo Pandolfo
Interlocução artística: Jefferson Miranda
Cenário e figurino: Cassio Brasil
Iluminação: Ney Bonfante
Direção musical: Marcello H.
Preparação corporal: Toni Rodrigues
Design gráfico: Patricia Cividanes
Fotos: Victor Pollak
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Produção executiva: Lucas Cardoso
Coordenação de produção: Ártemis Amarantha
Direção de produção: Sergio Saboya e Silvio Batistela
Produção/Administração e financeiro: Corpo Rastreado.
Apoio: SP Cidade de Todas as Artes | Prefeitura de São Paulo


Serviço
Espetáculo "Coyote", de Eric Coble, com Karen Coelho e Rodrigo Pandolfo
Temporada: 16 de outubro a 9 de novembro de 2025
Quarta a sábado, às 20h | e domingos, às 18h
Local: TUSP Butantã — Rua do Anfiteatro, 109, Butantã, São Paulo
Duração: 70 minutos
Ingressos gratuitos - reservas via Sympla

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

.: Espetáculo "oS MambembeS" estreia sábado, 11 de outubro, no Teatro Tuca

Elenco da peça ‘oS MambembeS’ - Cláudia Abreu, Deborah Evelyn, Jui Huang, Julia Lemmertz, Leandro Santanna, Orã Figueiredo, Paulo Betti e o músico Caio Padilha. Foto: divulgação


A comédia clássica “oS MambembeS” chega a São Paulo em nova adaptação contemporânea, depois de encantar plateias e conquistar a crítica no Rio de Janeiro e ao redor do país. Com estreia marcada para este sábado, 11 de outubro, no Teatro TUCA, a montagem traz ao palco um elenco de peso, com nomes como Cláudia Abreu, Deborah Evelyn, Jui Huang, Julia Lemmertz, Leandro Santanna, Orã Figueiredo e Paulo Betti, acompanhados pelo músico Caio Padilha. A curta temporada contará com apresentações às sextas, às 21h, aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 17h.

No espetáculo, o ator-empresário Frazão recruta a jovem amadora Laudelina Pires para estrelar sua trupe itinerante. Juntos, partem em turnê pelo interior do Brasil e enfrentam os desafios de um país dominado pelos coronéis, onde o destino da companhia depende da boa vontade dos poderes locais. Com leveza, humor e dinamismo, o espetáculo transforma a estrada em palco e convida o público a embarcar em uma celebração do próprio fazer teatral, onde jogo, trabalho e diversão se confundem em uma só experiência.

A montagem é uma adaptação da comédia clássica escrita em 1904 por Artur Azevedo, que conta as aventuras de uma trupe mambembe viajando pelo Brasil. Na concepção contemporânea de Emílio de Mello, que divide a direção do espetáculo com Gustavo Guenzburger, a vida imita a cena, pois "oS MambembeS" caem na estrada, literalmente. Desde novembro de 2024, já percorreram o Maranhão, Pará, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em 35 apresentações, alcançaram um público estimado em mais de 30 mil pessoas. Agora em curta temporada no TUCA, o espetáculo será apresentado de sexta a domingo, com última encenação em 16 de novembro.

Cláudia Abreu e Emílio de Mello escolheram o clássico de Artur Azevedo para realizar o projeto conjunto que sempre desejaram. A adaptação transformou o desafio de condensar 80 personagens em apenas seis atores em uma encenação marcada pelo revezamento de papéis, pelo jogo cênico e pela celebração da liberdade criativa do teatro. “Montar 'O Mambembe' com amigos queridos era um sonho antigo. Uma celebração ao teatro e à alegria de atuar”, afirma Claudia Abreu, idealizadora do projeto com o diretor Emílio de Mello, que acrescenta: “'O Mambembe' é um clássico brasileiro. Fizemos um espetáculo pensando no público em geral, seja ele popular, sofisticado e de todas as idades”.

O espetáculo articula ainda diversas camadas de tempo e de estilos teatrais. A farsa, a commedia dell’arte, o realismo tchekoviano, a desconstrução do aqui agora, programa de auditório, melodrama, metalinguagem - todas as ferramentas que os atores puderem dispor estarão sendo manejadas na tarefa de destrinchar com olhos de hoje o clássico de Artur Azevedo. “'oS MambembeS' é uma confraria artística muito feliz”, completa o diretor. Adquira o ingresso aqui.


Sinopse de "oS MambembeS"
O ator-empresário Frazão convida Laudelina Pires, uma jovem e talentosa atriz amadora, para ser a primeira-dama de sua companhia itinerante. Ao saírem em turnê pelo interior do país, os artistas se deparam com o Brasil dos coronéis, e passam a depender da boa vontade dos poderes locais para o sucesso de sua viagem. Com a alegria e a agilidade de uma comédia sobre rodas, "oS MambembeS" convidam a todos para uma viagem ao mundo do teatro, um mundo em que jogo, trabalho e divertimento podem significar uma coisa só.

Ficha técnica
Espetáculo "oS MambembeS"
Idealização do projeto: Cláudia Abreu e Emílio de Mello
Texto: Artur Azevedo e José Piza
Adaptação dramatúrgica: Daniel Belmonte, Emílio de Mello e Gustavo Guenzburguer
Direção geral: Emílio de Mello
Direção: Emílio de Mello e Gustavo Guenzburguer
Elenco: Cláudia Abreu, Debora Evelyn, Jui Huang, Julia Lemmertz, Leandro Santanna, Orã Figueiredo e Paulo Betti
Direção musical e músico: Caio Padilha
Direção de movimento: Cristina Moura
Cenografia: Marcelo Escañuela
Figurino: Marcelo Olinto
Iluminação: Nadja Naira
Caracterização: Mona Magalhães
Fotos: Elisa Maciel
Assessoria de imprensa: FT Estratégias
Direção de produção: Dadá Maia e Arlindo Bezerra


Serviço
Espetáculo "oS MambembeS"
Temporada: 11 de outubro a 16 de novembro de 2025
Teatro TUCA: Rua Monte Alegre 1024
Telefone Bilheteria: (11) 3670-8455
Dias e horários: sextas às 21h00, sábados, às 20h00, e domingos, às 17h00
Ingressos: R$ 160,00 (inteira) R$ 80,00 (meia entrada)
Capacidade: 672 pessoas
Duração: 90 minutos
Classificação etária: livre
Venda de ingressos on-line: Sympla. Adquira aqui.
Venda de ingressos na bilheteria do teatro Tuca. Funcionamento: Terça a sábado, das 14h00 às 20h00, domingo, das 14h00 às 18h00.

.: Gregório Duvivier faz apresentação gratuita de "O Céu da Língua" em Santos

Espetáculo no próximo dia 15 marca a abertura da 17ª Tarrafa Literária, que homenageia a escritora Giselda Laporta Nicolelis. Foto: divulgação / Porta dos Fundos 


O Teatro Municipal Braz Cubas, em Santos, receberá no dia 15 de outubro a peça "O Céu da Língua", do ator Gregório Duvivier. O espetáculo, que faz parte da abertura da 17ª edição do Festival Tarrafa Literária, será gratuito para o público e os ingressos estarão disponíveis no site oficial do evento. O espetáculo já percorreu Brasil e países da Europa em turnês, chega pela primeira vez ao litoral paulista. O espetáculo retrata com humor as complexidades da comunicação e os conflitos do cotidiano.

No mesmo local, ocorrerá a abertura oficial do Festival Tarrafa Literária, um dos mais importantes e longevos eventos do segmento do Brasil. Em sua 17ª edição, o evento, que acontece entre os dias 23 e 26 de outubro, prestará homenagem a Giselda Laporta Nicolelis, autora de obras clássicas como Há Sempre Um Sol, O Amor Não Escolhe Sexo e Não Pise Nos Meus Sonhos. Assim como ocorre em todas as edições, a Tarrafa Literária também terá programação infantil e juvenil.


Serviço
Abertura da 17ª edição do Festival Tarrafa Literária e peça O Céu da Língua, de Gregório Duvivier
Dia 15 de outubro, às 19h00. Gratuito.
Local: Teatro Municipal Braz Cubas - Centro Cultural Patricia Galvão - Avenida Senador Pinheiro Machado, 48 - Vila Matias, Santos - SP, 11075-907


Sobre a Realejo Livros
Uma livraria que é editora, uma editora que tem uma livraria, um livreiro que organiza um festival literário e uma calçada que diverte a todos. A Realejo Livros é comandada por José Luiz Tahan, autor de diversos livros, sendo a mais recente publicação, "Um Intrépido Livreiro nos Trópicos".

terça-feira, 7 de outubro de 2025

.: Fenômeno mundial, "Titanique - O Musical" estreia no Brasil neste sábado


Uma comédia hilária e irreverente do icônico filme de 1997, embalada pelos maiores sucessos de Céline Dion. A nova produção brasileira, com direção geral de Gustavo Barchilon, estreia no Teatro Sabesp Frei Caneca. Novos ingressos já estão disponíveis para venda. Instagram: @titaniquebr. Fotos: Caio Gallucci


"Titanique - O Musical", que já encantou plateias em Nova Iorque, Londres, Sydney, Toronto e Paris, chega ao Brasil para sua estreia no Teatro Sabesp Frei Caneca, em São Paulo, neste sábado, dia 11 de outubro. A montagem brasileira conta com direção de Gustavo Barchilon, realização da Barho Produções e Uma Boa Produção e patrocínio do Banco Daycoval. O elenco brasileiro será formado por Alessandra Maestrini (Celine Dion), Marcos Veras (Jack), Giulia Nadruz (Rose), Luis Lobianco (Ruth - mãe da Rose), George Sauma (Carl), Wendell Bendelack (Victor Garber), Valéria Barcellos (Tina Turner), Talita Real (Molly Brown), Matheus Ribeiro (Marinheiro), Luiza Lapa, Marcos Lanza e Luan Carvalho.

Criado por Tye Blue, Marla Mindelle e Constantine Rousouli, com orquestrações e arranjos de Nicholas James Connell, "Titanique - O Musical" é um espetáculo cômico e irreverente do mega sucesso "Titanic" (1997), de James Cameron. A história de amor de Jack e Rose é reimaginada sob a ótica exagerada e dramática da diva pop Céline Dion, que assume o papel de narradora e conduz o público por uma jornada cheia de emoção, risadas e números musicais eletrizantes. O repertório inclui alguns dos maiores hits de Dion, como “My Heart Will Go On”, “It’s All Coming Back to Me Now” e “All By Myself”, apresentados em arranjos vocais arrebatadores.

Desde a estreia em Nova Iorque, o espetáculo se tornou um dos maiores fenômenos off-Broadway, conquistando os prêmios Lucille Lortel e Off-Broadway Alliance de Melhor Musical. Em 2025, fez história novamente ao vencer como Melhor Musical de Comédia no Olivier Awards, em Londres. A produção brasileira não é uma réplica: trata-se de uma encenação totalmente original, com novo elenco, cenografia, figurinos e direção adaptados ao contexto e ao humor brasileiro. O espetáculo celebra a música pop, o cinema e o teatro musical com uma dose ousada de irreverência e excesso teatral, prometendo arrancar gargalhadas e também emocionar.

“Depois de dirigir algumas comédias, mergulhar em 'Titanique' é como voltar às minhas raízes - mas dessa vez, com um navio, uma diva pop e um iceberg a bordo. Nossa produção brasileira preserva a alma do original, mas encontra seu próprio tom ao dialogar com a tradição do teatro besteirol brasileiro - um estilo que sempre soube rir do absurdo com inteligência, música e travessura”, conta o diretor Gustavo Barchilon.

“O besteirol brasileiro sempre mostrou que é possível rir com sofisticação, usando o exagero, o nonsense e a quebra de lógica. Titanique faz exatamente isso: transforma a tragédia épica do Titanic numa celebração escancaradamente camp e queer, onde vale tudo - inclusive cantar ‘My Heart Will Go On’ como se fosse a última coisa que você fará na vida. Meu conceito parte dessa licença para o excesso. O palco vira um navio performático, onde a precariedade vira linguagem e o erro é bem-vindo. O público está por dentro da piada - sabe que está vendo teatro, e por isso mesmo embarca com ainda mais prazer”, enfatiza.

“'Titanique' é um besteirol de alto nível em alto-mar. É o riso como ato de amor. A tragédia como carnaval. Um lembrete de que, mesmo quando tudo parece afundar, a gente pode - e deve - continuar cantando”, conclui Barchilon.


Sinopse de "Titanique - O Musical"
Uma comédia hilária e irreverente do clássico "Titanic" (1997), "Titanique - O Musical" está repleto de reviravoltas absurdas e canções icônicas que elevam a experiência a algo verdadeiramente inesquecível. O espetáculo é uma carta de amor à música pop, ao cinema e ao teatro musical - prometendo uma noite cheia de risadas, emoção e pura alegria, tudo ao som inesquecível de Céline Dion.


Ficha técnica
"Titanique - O Musical"
Direção artística: Gustavo Barchilon
Elenco: Alessandra Maestrini (Celine Dion), Marcos Veras (Jack), Giulia Nadruz (Rose), Luis Lobianco (Ruth - mãe da Rose), George Sauma (Carl), Wendell Bendelack (Victor Garber), Valéria Barcellos (Tina Turner), Talita Real (Molly Brown), Matheus Ribeiro (Marinheiro), Luiza Lapa, Marcos Lanza e Luan Carvalho.
Direção artística: Gustavo Barchilon
Direção de produção: Thiago Hofman
Direção musical | Arranjo | Orquestração: Thiago Gimenes
Desenho de luz: Maneco Quinderé
Direção de movimento: Alonso Barros
Figurino: Theo Cochrane
Cenografia: Natália Lana
Visagismo: Feliciano San Roman
Design de som: João Baracho
Assistentes de direção: Talita Real e Gabi Camisotti

Serviço
"Titanique - O Musical"
Local: Teatro Sabesp Frei Caneca - Shopping Frei Caneca
Endereço: Rua Frei Caneca, nº 569 • 7° Piso I Consolação • São Paulo • SP
Temporada: 11 de outubro a 14 de dezembro de 2025
Sessões: sábados, às 17h00 e 20h00, e domingos, às 15h00 e 18h00
Duração: 110 minutos
Capacidade: 600 pessoas
Classificação indicativa: 12 anos
Vendas pela internet: (https://uhuu.com/evento/sp/sao-paulo/titanique-uma-comedia-com-os-hits-de-celine-dion-14940)
Bilheteria do Teatro Sabesp Frei Caneca • Sem incidência de Taxa de Serviço
7º Piso do Shopping Frei Caneca
Rua Frei Caneca, nº 569 • 7° Piso I Consolação • São Paulo • SP
Horário de funcionamento: terça-feira a domingo das 12h às 15h e das 16h às 19h e segunda-feira bilheteria fechada.

.: Sérgio Mamberti tem jornada artística revisitada em série documental


Dirigida por Evaldo Mocarzel, produção em três episódios traça o mapa afetivo e político de um dos maiores intérpretes do país, da cena underground à gestão cultural. Foto: Matheus José Maria

A memória é também um palco por onde transitam vozes, imagens e silêncios que compõem a vida de um artista. É desse movimento que nasce "Sérgio Mamberti, Memórias de Um Ator Brasileiro", série documental dirigida por Evaldo Mocarzel, que revisita a trajetória do ator, diretor e gestor cultural falecido em 2021. Com três episódios, a produção estreia em 26 de setembro de 2025, às 22h00, no SescTV, com exibição semanal, e fica disponível na íntegra no site do canal e na plataforma e app Sesc Digital.

Mais do que um registro biográfico, a série apresenta um percurso em primeira pessoa, a partir de depoimentos de Mamberti e de extenso material de arquivo. Entrelaçam-se ali a história do teatro brasileiro, a resistência política, a cena cultural dos anos 1960 e 1970 e a intimidade de um artista que nunca separou vida e obra.

No primeiro episódio, o ator retorna à infância em Santos, no litoral paulista, onde o Clube de Cinema organizado por seu pai lhe apresentou mitos da cena brasileira, como o ator, diretor e dramaturgo Procópio Ferreira e a cantora Nora Ney. Foi também nesse período que, aos doze anos, conheceu a jornalista e escritora Patrícia Galvão, a Pagu, figura central na formação de seu olhar crítico.

Aos 17, mudou-se para São Paulo. Frequentava o Teatro de Arena, a Biblioteca Mário de Andrade e os bares onde bebiam José Celso Martinez Corrêa, Renato Borghi e uma geração decidida a reinventar a dramaturgia nacional. Ingressou na Escola de Arte Dramática da USP, a EAD. Fundada em 1948, a escola era referência nas discussões sobre o teatro moderno e se posicionava como peça central da dramaturgia paulistana.

A estreia profissional de Mamberti aconteceu em 1964, em meio ao Golpe Militar, na montagem de “O Inoportuno”, de Harold Pinter, sob a direção de Antônio Abujamra. Em apenas três anos de carreira, o ator recebeu o prêmio Saci - um dos mais cobiçados da época. Reconhecido pela crítica e pelo público, cultivou amizades duradouras no meio teatral, como Cacilda Becker, Walmor Chagas e o mestre polonês Zbigniew Ziembinski, arquiteto da encenação moderna no Brasil, por quem nutria devoção.

Os anos de censura e perseguição marcaram sua atuação política. "Durante o período da ditadura, o teatro assumiu a vanguarda da resistência, porque era um teatro extremamente politizado", recorda Mamberti. Filiado ao Partido Comunista, esteve em montagens como “Navalha na Carne”, de Plínio Marcos, e “O Balcão”, do francês Jean Genet, encenado pelo dramaturgo argentino Victor Garcia. Carregadas de crítica social, essas obras se tornaram símbolos de contestação e alvo frequente da repressão.

O segundo episódio da série conduz o espectador à casa de Mamberti no bairro da Bela Vista, em São Paulo. O espaço, aberto a artistas e intelectuais, transformou-se em ponto de encontro da contracultura. Uma casa de portas abertas, por onde transitavam nomes como Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso, os Novos Baianos, entre outros. Foi lá que recebeu a companhia anarquista norte-americana Living Theatre, cuja proposta de revolução sexual e dissolução das fronteiras entre arte e vida influenciou decisivamente sua geração.

Paralelamente ao teatro, Mamberti consolidava sua carreira no cinema, tornando-se um rosto familiar na filmografia marginal e autoral brasileira. Seus personagens em obras como “Toda Nudez Será Castigada” (1973), de Arnaldo Jabor, “O Bandido da Luz Vermelha” (1968), de Rogério Sganzerla, “Maldita Coincidência” (1979), de Sergio Bianchi, e “Brava Gente Brasileira” (2000), de Lúcia Murat, testemunhavam sua versatilidade nas telas. Cinéfilo voraz, o ator assistia de oito a dez filmes por semana e nutria o desejo silencioso de dirigir.

O episódio final da série remonta a uma experiência em Londres, nos anos 1970, ao lado de Gilberto Gil. A cena - um ritual lisérgico com mescalina - tornou-se profecia: em um futuro ainda distante, ambos estariam juntos na reconstrução da política cultural brasileira. Décadas mais tarde, no Ministério da Cultura de Gil (2003-2008), Mamberti foi Secretário de Políticas Públicas para Música e Artes Cênicas, ministro interino em diversas ocasiões e representante do país em fóruns internacionais, realizando, com um sorriso irônico, o desejo antigo de seu pai de vê-lo como diplomata. Esteve também à frente do extinto Teatro Crowne Plaza, em São Paulo, que se destacou por promover shows a preços populares e revelar novos nomes da música brasileira, como Cássia Eller, Zélia Duncan e Chico César.

Apesar da intensa atuação como gestor, Mamberti nunca deixou de se reconhecer, antes de tudo, como ator. "O ator tem uma função social, ele tem esse efeito multiplicador", reflete. Seus cadernos de colagens, utilizados como parte do processo criativo, revelam a disciplina com que construía personagens. Mesmo presente na televisão - em diversas novelas e na marcante série infantojuvenil Castelo Rá-Tim-Bum - e no cinema, ele mantinha o teatro como núcleo de sua trajetória e era categórico em sua fala: "O teatro é a arte do ator".

A série se encerra com uma visita ao Teatro Ruth Escobar, onde encenou a peça “O Balcão” por dois anos. O espaço se torna metáfora de um ciclo que se completa."Sérgio Mamberti, Memórias de Um Ator Brasileiro" ilumina uma vida dedicada à cena, marcada pela resistência, pela paixão e pela crença inabalável no poder transformador do palco. Compre a biografia de Sérgio Mamberti neste link.


Serviço
"Sérgio Mamberti, Memórias de Um Ator Brasileiro"
Série documental
Direção: Evaldo Mocarzel
Conteúdo: três episódios
Duração aproximada: 50 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Estreia: 26 de setembro, sexta-feira, às 22h


Sob demanda
Quando: a partir de 26 de setembro de 2025
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.: Teatro: "As Aves da Noite", de Hilda Hilst, circula em São Paulo


Espetáculo, cuja história se passa em um campo de concentração nazista, tem apresentações gratuitas em São Bernardo do Campo, Campinas, São Caetano do Sul, São Paulo e Ribeirão Preto. Foto: Heloísa Bortz


O espetáculo "As Aves da Noite", drama teatral escrito por Hilda Hilst, há 57 anos, vencedor do Prêmio APCA 2022 de Melhor Espetáculo Virtual, tem apresentações gratuitas em cinco cidades paulistas, incluindo a capital. A circulação tem início no dia 10 de outubro e segue até 02 de novembro. A encenação, que se passa em um campo de concentração nazista de Auschwitz, tem direção de Hugo Coelho e elenco formado por Marco Antônio Pâmio, Marat Descartes, Regina Maria Remencius, Rafael Losso, Walter Breda, Fernando Vítor, Marcos Suchara, Wesley Guindani e Heloisa Rocha.

A circulação começa por São Bernardo do Campo, com apresentações nos dias 10 e 11/10, sexta e sábado, no Teatro Lauro Gomes, às 20h30. Em Campinas, a sessão é no Teatro Municipal José de Castro Mendes, no dia 16/10, quinta, às 20h. Em São Caetano do Sul, ocorrem duas sessões no Teatro Municipal Santos Dumont, no dia 17/10, sexta, às 18h e às 20h. O Teatro Alfredo Mesquita, na zona norte de São Paulo, recebe três apresentações, dias 24, 25 e 26/10, sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h. Fechando a circulação, a montagem ocupa o palco do Teatro Municipal de Ribeirão Preto, nos dias 01 e 02/11, sábado, às 20h, e domingo, às 18h. Este projeto tem o apoio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo e do Ministério da Cultura por meio do Edital ProAC/PNAB nº 27/2024 de Difusão e Circulação de Projetos Artísticos Culturais.

O enredo de "As Aves da Noite" parte da história real do padre franciscano Maximilian Kolbe, que apresentou-se voluntariamente para ocupar o lugar de um judeu sorteado para morrer no chamado “porão da fome” em represália à fuga de um prisioneiro. Segundo o diretor Hugo Coelho, “esta é uma versão contemporânea do texto de Hilda. Não é uma reconstituição de Auschwitz, partimos de Auschwitz. O espetáculo é um grito contra a barbárie, contra o fascismo que usa a violência como instrumento de ação política”.

No porão da fome, a autora coloca em conflito os prisioneiros condenados a morrer na cela: o Padre, o Carcereiro, o Poeta, o Estudante e o Joalheiro, que são visitados pelo Oficial da SS, pela Mulher que limpa os fornos e por Hans, o ajudante da SS. Na montagem, eles aparecem isolados, confinados em gaiolas como um signo, uma alusão à prisão onde a história se passa. “A primeira coisa que os governos totalitários e ditatoriais fazem ao prender alguém é destituí-lo de sua dignidade e submetê-lo ao sofrimento extremado, e isso os nazistas fizeram com requintes inimagináveis de crueldade”, comenta o diretor.  Segundo ele, a proposta de concepção de Hilda Hilst é muito clara, colocando as personagens em estado de reflexão sobre suas próprias condições no confinamento. A leitura que a autora faz dos aspectos éticos e humanos passa por questionamentos sobre Deus, sobre o mal e sobre a crueldade.

Nos diálogos estão o embate entre a vida e o que lhes resta, os devaneios entre o desespero e o delírio. O Poeta declama como se morto estivesse, o Estudante sonha com outro tempo, o Joalheiro ainda lembra-se da magnitude das pedras, enquanto a Mulher é humilhada em sua condição inferior. O Carcereiro, mesmo sendo um condenado, ironiza a condição dos demais e os trata com escárnio; o SS os chama de porcos e os agride e menospreza, enquanto o estado de debilidade emerge da vida e da já não existência desses humanos subjugados.

A montagem de "As Aves da Noite" busca elucidar a humanidade e densidade contida no texto, mergulhando nas possibilidades inesgotáveis do drama para emergir na poética da tragédia. “O discurso racional não dá conta da realidade. A arte tem o papel de traduzir esse discurso como uma segunda realidade que passa pela razão, mas também pelo sensorial e pela emoção”, reflete Hugo Coelho. “E temos a sorte de reunir um elenco de extrema grandeza. O talento desses atores é um pilar fortíssimo no resultado final do trabalho”.

Sobre o texto, Hilda Hilst falou: “Com 'As aves da noite', pretendi ouvir o que foi dito na cela da fome, em Auschwitz. Foi muito difícil. Se os meus personagens parecerem demasiadamente poéticos é porque acredito que só em situações extremas é que a poesia pode eclodir viva, em verdade. Só em situações extremas é que interrogamos esse grande obscuro que é Deus, com voracidade, desespero e poesia”.

O cenário, que traduz o cárcere com gaiolas humanas, foi concebido pelo diretor. O figurino (de Rosângela Ribeiro) faz alusão aos uniformes de presidiários, reforçando a imagem do encarceramento. A iluminação (de Fran Barros) dá foco a cada personagem, reforça o clima denso e claustrofóbico do ambiente, privilegiando o espaço teatral, e a trilha sonora, assinada por Ricardo Severo, traz uma canção original do texto que remete à tradição judaica, cantada pelas personagens, e segue a mesma orientação da iluminação.

Hugo Coelho afirma que o propósito do espetáculo é trazer à cena o discurso poderoso e contundente de Hilda Hilst. “'As Aves da Noite' nos faz encarar toda a barbárie do poder, do domínio, do autoritarismo, das torturas nos porões das ditaduras. Auschwitz é uma ferida aberta na humanidade para a qual é difícil encontrar palavras que a qualifique. As Aves da Noite mostra o reverso, o outro rosto da humanidade, perverso, doente e profundamente violento. Não podemos permitir que a violência e a barbárie continuem sendo normatizadas ao longo da história. Por isso essa obra, de extrema qualidade literária, é tão importante para o momento em que vivemos”, finaliza o encenador.

"As Aves da Noite", idealizado pelo produtor Fábio Hilst, teve sua primeira temporada apresentada virtualmente, devido à pandemia da covid-19. Foi gravado em vídeo, 80 anos após a morte de Maximilian Kolbe, exatamente no momento em que o mundo vivia uma experiência de confinamento. Kolbe morreu em Auschwitz, em 1941, e foi canonizado em 1982, pelo Papa João Paulo II. São Maximiliano é considerado padroeiro dos jornalistas e radialistas e protetor da liberdade de expressão.


FICHA TÉCNICA - Texto: Hilda Hilst (1968). Direção: Hugo Coelho. Elenco: Marco Antônio Pâmio (Pe. Maximilian), Marat Descartes (Carcereiro), Regina Maria Remencius (Mulher), Walter Breda (Joalheiro), Rafael Losso (Estudante), Fernando Vítor (Poeta), Marcos Suchara (SS), Wesley Guindani (Hans) e Heloisa Rocha. Direção de produção: Fábio Hilst. Assistência de direção e produção: Fernanda Lorenzoni. Cenografia: Hugo Coelho. Figurino e objetos de cena: Rosângela Ribeiro. Desenho de luz: Fran Barros. Música original e desenho de som: Ricardo Severo. Cenotecnia: Wagner José de Almeida. Serralheria: José da Hora. Pintura de arte: Alessandra Siqueira. Assistência de cenotecnia: Matheus Tomé. Confecção de figurino: Vilma Hirata e Natalia Hirata. Fotos: Priscila Prade e Heloísa Bortz. Design gráfico: Letícia Andrade. Gerenciamento de mídias sociais: Felipe Pirillo. Assessoria de imprensa: Eliane Verbena. Produção: Três no Tapa Produções Artísticas. Realização: Fomento CultSP, Governo do Estado de São Paulo através da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, Ministério da Cultura, Governo Federal - União e Reconstrução.


Serviço | Programação

Espetáculo: As Aves da Noite

Duração: 75 min. Gênero: Drama. Classificação: 16 anos.

Ingressos: Gratuitos - Bilheterias dos teatros: 1h antes das sessões.

Ingressos antecipados: Sympla - www.sympla.com.br (reserva no início de cada semana); exceto em Ribeirão Preto, pela https://megabilheteria.com.


Teatro Lauro Gomes - São Bernardo do Campo/SP

Dias 10 e 11 de outubro - Sexta e sábado, às 20h30

Rua Helena Jacquey, 171 - Rudge Ramos. São Bernardo do Campo/SP.

Tel.: (11) 4368-3483. Capacidade: 526 lugares.

Sessão com Intérprete de Libras e bate-papo com o público: 11/10 (sábado).


Teatro Municipal José de Castro Mendes - Campinas/SP

Dia 16 de outubro - Quinta, às 20h

Rua Conselheiro Gomide, 62 - Vila Industrial. Campinas/SP.

Tel.: (19) 3272-9359. Capacidade: 760 lugares.

Sessão com Intérprete de Libras e bate-papo com o público.


Teatro Municipal Santos Dumont - São Caetano do Sul/SP

Dia 17 de outubro - Sexta, às 18h e às 20h

Avenida Goiás, 1111 - Centro. São Caetano do Sul/SP.

Tel.: (11) 4221-8347. Capacidade: 370 lugares.

Intérprete de Libras: sessão das 20h.


Teatro Alfredo Mesquita - São Paulo/SP

Dias 24, 25 e 26 de outubro - Sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h

Avenida Santos Dumont, 1770 - Santana. São Paulo/SP.

Tel.: (11) 2221-3657. Capacidade: 198 lugares.

Intérprete de Libras, audiodescrição e bate-papo com o público: 26/10 (domingo).

 

Teatro Municipal de Ribeirão Preto - Ribeirão Preto/SP

Dias 01 e 02 de novembro - Sábado, às 20h, e domingo, às 18h

Praça Alto do São Bento, s/nº - Campos Elísios. Ribeirão Preto/SP.

Tel.: (16) 3625-6841. Capacidade: 515 lugares.

Intérprete de Libras e bate-papo com o público: 02/11 (domingo).


segunda-feira, 6 de outubro de 2025

.: Com Thalles Cabral, espetáculo narra a jornada de filho que investiga memórias


O texto, inspirado no livro "Triste Não É ao Certo a Palavra", de Gabriel Abreu, marca a estreia de Nicolas Ahnert como dramaturgo e diretor em solo protagonizado por Thalles Cabral. A peça estreia em temporada de dois meses no Teatro Do Núcleo Experimental. Foto: Diego Rodrigues


A partir do livro "Triste Não É ao Certo a Palavra", escrito por Gabriel Abreu e publicado em 2023 pela Companhia das Letras, Nicolas Ahnert estreia como dramaturgo e diretor na peça "Triste! Triste… Triste?", que narra as angústias de um jovem vivendo um luto anunciado, ao descobrir que sua mãe tem apenas um mês de vida. A estreia tem data marcada para 11 de outubro no Teatro do Núcleo Experimental. A temporada segue pelo mês de outubro, com sessões aos sábados, às 20h00, e domingos, às 19h00, e novembro nos mesmos horários aos finais de semana e também às 20h00 das segundas-feiras. 

O espetáculo amplia o universo do livro para explorar os anseios de uma geração anestesiada em busca de sua própria identidade. Muitas perguntas assombram o personagem, no solo vivido pelo ator Thalles Cabral, em uma busca urgente de conhecer a profunda essência da mãe, resgatando e reescrevendo suas memórias, enquanto se depara com a sua própria vulnerabilidade. 

A peça parte, portanto, de um dos maiores dilemas humanos para expor essa crise identitária: a perda da figura materna. O corpo inerte da mãe lança o protagonista nessa autoinvestigação desesperada, explorando as consequências da orfandade prematura na formação do seu caráter. Apesar de tocar em camadas profundas, a peça também traz leveza, requintes de humor e cinismo na construção da personalidade e das vivências do personagem, cuja concepção foi a grande inspiração do autor. 

O encontro de Nicolas Ahnert com o texto se deu de maneira totalmente casual. Ao se deparar com o livro durante um despretensioso passeio à livraria, prontamente se interessou pelo título, sinopse, orelha, até devorá-lo por completo. “Assim que terminei a leitura me veio a ideia de transformar o texto em uma peça. Entre muitas coisas que me chamaram a atenção, tem um hibridismo na linguagem, por usar de recursos como cartas, bilhetes, lembretes, fotos. Ele consegue costurar uma história linear com outros elementos, para além da própria narrativa, e isso soou para mim muito teatral”, pontua. 

Inspirado pela história de "Triste Não É ao Certo a Palavra", o autor e diretor buscou não simplesmente representá-la no palco, mas sim criar uma outra narrativa, focada principalmente em desvendar esse filho, para além do que já existe na literatura original, revelando a profundidade da dor que o atravessa, mesmo quando escondida em seu comportamento cínico e aparentemente arrogante, em alguns momentos. “Meu maior interesse foi desenvolver esse personagem, e a liberdade dramatúrgica que o Gabriel me deu foi fundamental para isso. Para mim era importante que o público pudesse enxergar e entender a dor desse filho, para além do luto. Identificar nele um personagem humano, complexo, e não um herói ou uma vítima. Desejo que as pessoas possam se reconhecer em alguma medida e sair tocadas do teatro”, ressalta.

 
Sinopse de "Triste! Triste… Triste?"
Um filho recebe a notícia de que sua mãe tem apenas um mês de vida. Uma descoberta inesperada o obriga a revirar o passado para conhecer quem essa mulher foi, antes que o tempo acabe. Obcecado em preencher essas lacunas, os limites entre as suas memórias e as da mãe começam a se confundir. Quando uma mãe deixa de existir, o que sobra de um filho? Triste! Triste…Triste? é inspirado no livro Triste não é ao certo a palavra, de Gabriel Abreu, da Companhia das Letras. A peça amplia o universo do livro para explorar os anseios de uma geração anestesiada em busca de sua própria identidade. Siga a peça no Instagram @triste.espetáculo

 
Ficha técnica
Epetáculo "Triste! Triste… Triste?"
Texto e direção: Nicolas Ahnert. Elenco: Thalles Cabral. Cenário e figurino: Pazetto. Iluminação: Nicolas Caratori. Trilha sonora: Alê Martins. Direção de produção: Nicolas Ahnert. Produção: Laura Sciulli e Victor Edwards. Realização: ZERO TEATRO.

 
Serviço
Epetáculo "Triste! Triste… Triste?"
Estreia dia 11 de outubro de 2025.
Temporada: outubro (sábados, às 20h00, e domingos, às 19h00). Novembro (sábados, às 20h00, domingos, às 19h00, e segundas, às 20h00)
Classificação: 14 anos
Duração: 70 minutos
Ingressos: R$80
Teatro Do Núcleo Experimental
R. Barra Funda, 637 - Barra Funda/São Paulo
Capacidade: 100 lugares.
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