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sábado, 22 de novembro de 2025

.: No musical "Titanique", Céline Dion assume o leme e vira furacão pop


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com
Foto: Caio Gallucci

Há algo deliciosamente profano em ver o mito do navio Titanic ser desmontado, reconfigurado e servido como um grande cabaré marítimo onde Céline Dion, diva absoluta do exagero emocional e dos hits românticos, transforma o naufrágio mais famoso do cinema em uma ópera pop de humor ácido, brilho extravagante e inteligência cênica. "Titanique - O Musical" zomba, com respeito, do clássico de James Cameron, para, paradoxalmente, homenageá-lo com mais amor do que reverência. 

Sob a direção lúcida e debochadamente precisa de Gustavo Barchilon, o espetáculo entende que o segredo do riso não está no pastelão gratuito, mas na consciência estética da própria precariedade. O exagero é método, o nonsense é linguagem e o camp é tratado como filosofia de palco. É besteirol? Sim. Mas do mais alto nível, como quem ri sabendo exatamente de onde vem a piada. Há glamour, deboche e genialidade.

No centro desse furacão pop está Alessandra Maestrini, simplesmente avassaladora como Céline Dion. Sua performance é um espetáculo dentro do espetáculo. Ela incorpora, ironiza e usa a potência vocal com precisão cirúrgica, sem jamais abandonar o timing cômico que a transforma em uma narradora tão divina quanto ridiculamente humana. Há elegância na caricatura dela, há humor sofisticado na diva que ela interpreta, e há classe até quando tudo parece desabar. É Céline Dion como você nunca viu e talvez como sempre imaginou, no fundo.

Ao seu lado, Giulia Nadruz constrói uma Rose que flutua entre a delicadeza romântica e uma ironia sutil absolutamente vital para o jogo cênico. A beleza delicada encontra na experiência brilhante do teatro musical uma camada extra de inteligência dramática. É uma Rose que sabe que está dentro de um delírio e se diverte com isso. Luis Lobianco, recém-saído da televisão como o controverso Freitas de "Vale Tudo", encontra nesse espetáculo outro campo fértil para o humor ferino. A Ruth de Lobianco é cruel, afetada e debochada na medida certa. Marcos Veras sustenta um Jack que talvez não seja o mais heroico, mas certamente é o mais autoconsciente. 

Musicalmente, "Titanique" passeia pelos grandes hits de Céline Dion com energia e irreverência - “My Heart Will Go On” está lá, em toda sua glória piegas e monumental - mas o espetáculo não se prende à nostalgia fácil. Pelo contrário: faz dela uma arma, uma piada, um gesto político queer que transforma o passado em festa, a tragédia em carnaval, o drama em delícia pop.

É impossível sair ileso. Não porque emociona apenas, mas porque desmonta a ideia de que o riso precisa ser raso. Aqui, rir é um ato sofisticado. É entender que a cultura pop também pensa, critica, ironiza e reinventa. O palco vira navio e nele o público se vê refletido na fome por exagero, por catarse, por um espetáculo que não pede desculpas por ser excessivo. "Titanique - O Musical" não afunda. Pelo contrário, ele boia, dança, desafia o iceberg do bom gosto conservador e transforma a tragédia em celebração. E se for para naufragar, que seja ao som de Céline Dion, com luzes, plumas e um público gargalhando em estado de puro êxtase.


"Titanique - O Musical" | Ficha técnica
Direção artística: Gustavo Barchilon 
Elenco: Alessandra Maestrini (Celine Dion), Marcos Veras (Jack), Giulia Nadruz (Rose), Luis Lobianco (Ruth - mãe da Rose), George Sauma (Carl), Wendell Bendelack (Victor Garber), Valéria Barcellos (Tina Turner), Talita Real (Molly Brown), Matheus Ribeiro (Marinheiro), Luiza Lapa, Marcos Lanza e Luan Carvalho.
Direção artística: Gustavo Barchilon
Direção de produção: Thiago Hofman
Direção musical | Arranjo | Orquestração: Thiago Gimenes 
Desenho de luz: Maneco Quinderé
Direção de movimento: Alonso Barros
Figurino: Theo Cochrane
Cenografia: Natália Lana
Visagismo: Feliciano San Roman
Design de som: João Baracho
Assistentes de direção: Talita Real e Gabi Camisotti

"Titanique - O Musical" | Serviço
Local: Teatro Sabesp Frei Caneca - Shopping Frei Caneca
Endereço: Rua Frei Caneca, nº 569 • 7° Piso I Consolação • São Paulo • SP
Temporada: 11 de outubro a 14 de dezembro de 2025
Sessões: Sábados às 17h e 20h e Domingos às 15h e 18h 
Duração: 110 minutos
Capacidade: 600 pessoas
Classificação indicativa: 12 anos 

Bilheteria do Teatro Sabesp Frei Caneca • Sem incidência de Taxa de Serviço
7º Piso do Shopping Frei Caneca
Rua Frei Caneca, nº 569 • 7° Piso I Consolação • São Paulo • SP
Horário de funcionamento: terça-feira a domingo, das 12h00 às 15h00, e das 16h00 às 19h00, e segunda-feira bilheteria fechada.

.: “Beetlejuice”: musical reafirma pacto com absurdo e encontra nova pulsação


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com

Se existe algo mais perigoso do que invocar Beetlejuice três vezes, é subestimar o poder de um elenco que entende o caos como linguagem e o grotesco como celebração. Na nova temporada paulistana, em cartaz até 30 de novembro no Teatro Liberdade, “Beetlejuice - O Musical” não apenas confirma o status de fenômeno premiado. O espetáculo se reinventa no detalhe, na troca de energia, no risco calculado de quem sabe que a morte - quando bem encenada - é uma forma superior de estar vivo.

Os críticos do portal Resenhando.com assistiram ao espetáculo com Fabrizio Gorziza, substituto de Eduardo Sterblitch, e o que poderia ser uma simples alternância transforma-se em afirmação artística. O Beetlejuice de Gorziza é menos caricatura e mais veneno cênico elegante: há um brilho perverso no olhar, um domínio vocal seguro e um timing cômico que beira o insolente. E ele não entra tímido nesse universo: chega como um mestre de cerimônias do além, confortável em sua irreverência e perigosamente magnético. Em cena, não sobra espaço vazio - tudo vibra sob a presença desse artista que sempre é outro a cada novo personagem.

E quando o espetáculo poderia se perder em sua própria grandiloquência visual, surge Pâmela Rossini como Lydia Deetz para lembrar que carisma não se fabrica, mas se sustenta. Com a bagagem de quem já foi Wandinha e Elphaba em musicais anteriores, Rossini imprime à personagem uma densidade rara: é gótica, sim, e nunca rasa. A voz dela é um acontecimento à parte - forte, expressiva, tecnicamente impecável - e a atuação dessa atriz cria um contraste delicioso entre melancolia e ironia. Lydia, nas mãos dela, é uma adolescente em luto que zomba da própria sombra. E brilha. Sempre.

Ivan Parente, como o fantasma Adam Maitland, é daqueles acertos que arrancam risos e aplausos sem esforço... aparente. Está impagável e lírico neste personagem. Há uma comicidade fina na composição dele, mas também um cuidado afetuoso que humaniza o absurdo de um homem que acabou de morrer e precisa assombrar a casa para afastar novos moradores. O talento dele irrompe em cena com naturalidade, como quem compreende que o humor mais inteligente não grita: seduz.

É importante sublinhar: “Beetlejuice - O Musical” não é um espetáculo para crianças. O texto brinca com duplos sentidos, palavrões e humor ácido - ainda bem. A obra respeita a própria inteligência e confia no espectador. Não higieniza o riso, não suaviza o grotesco, não pede desculpas pela ousadia. Pelo contrário: celebra e faz dela um manifesto festivo sobre a precariedade humana, sobre rir da morte para insistir na vida.

A direção de Tadeu Aguiar mantém a engrenagem afinada entre espetáculo visual e emoção sincera. Cenários, figurinos, luz entre o roxo e o verde e coreografias operam como um organismo pulsante que envolve a plateia numa estética de Tim Burton, que consagrou o personagem em duas produçoes cinematográficas, e não se limita à nostalgia: atualiza, provoca e expande. "Beetlejuice - O Musical” é sombrio, divertido, debochado e tecnicamente irrepreensível. Uma espécie de lembrete torto de que o teatro, quando se permite ser estranho, também se torna lendário. E que, às vezes, os mortos são muito mais interessantes do que os vivos.

Serviço
"Beetlejuice - O Musical"
Teatro Liberdade | Rua São Joaquim, 129 - Liberdade / São Paulo
Temporada: até dia 30 de novembro

Sessões
Quarta a sexta-feira, às 20h00 | Sábado, às 16h00 e às 21h00 | Domingo, às 16h00 às e às 20h30
*O elenco pode sofrer alterações sem prévio aviso.
Duração: 2h30m (com intervalo de 15m)
Classificação: 14 anos

Valores
Plateia Premium: R$350,00 (Inteira)  R$175,00 (Meia-entrada)
Plateia R$280,00 (Inteira)  R$140,00 (Meia-entrada)
Balcão A Visão Parcial: R$170,00 (Inteira)  R$85,00 (Meia-entrada)
Balcão A: R$240,00 (Inteira)  R$120,00 (Meia-entrada)
Balcão B : R$190,00 (Inteira)  R$95,00 (Meia-entrada)
Ingresso Popular*: R$42,36 (Inteira)  R$21,18 (Meia-entrada)
*Os ingressos populares são válidos em todos os setores, sujeito à disponibilidade

Vendas:
Internet (com taxa de conveniência): https://www.sympla.com.br/
Funcionamento de bilheteria física (sem taxa de conveniência)
Atendimento presencial: de terça à sábado das 13h00 às 19h00. Domingos e feriados apenas em dias de espetáculos até o início da apresentação.
Formas de pagamento: dinheiro, cartão de débito ou crédito.

.: Crítica: “Um Dia Muito Especial” revela o lado mais visceral de Gianecchini


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com
Foto: Priscila Prade

O que acontece quando Reynaldo Gianecchini e Maria Casadevall são colocados no mesmo palco, sob a direção sensível e precisa de Alexandre Reinecke, em plena Roma de 1938, com Mussolini e Hitler desfilando suas sombras ao fundo? A resposta é, de certa forma, simples e ao mesmo tempo devastadora: surge um teatro que lembra que a política, o amor e a humanidade não podem ser separados. “Um Dia Muito Especial” vai além da transposição de um clássico do cinema italiano para o palco brasileiro, é um ensaio sobre o que torna as pessoas vulneráveis e, ao mesmo tempo, extraordinárias. 

Maria Casadevall, no papel de Antonietta, dá vida a uma mulher submissa, esmagada pelo machismo e pela rotina doméstica, mas que consegue despertar afeto sem jamais se tornar apenas objeto de piedade. É impossível não se emocionar com cada gesto, cada pausa, cada olhar que ela entrega. É uma grande atriz que ficou conhecida na televisão em um momento impressionante da carreira, desta vez no teatro - lugar em que consegue elevar a arte dela a um patamar que beira o sagrado.

Gianecchini, por sua vez, está em um momento raro de visceralidade teatral. O Gabriele interpretado por ele, recém-demitido por ser homossexual, é alguém que faz o público confrontar os próprios preconceitos e, por vezes, a covardia. A química do ator com Maria Casadevall é elétrica, mas nunca óbvia. Eles conversam, trocam e, mais importante, tornam os espectadores cúmplices de um amor platônico que não precisa de cenas grandiosas para ser arrebatador. É. E ponto. 

Quando Gianechini berra em plenos pulmões, em uma cena tensa e ao mesmo tempo comovente, ele se coroa como ator de teatro, um lugar que sempre foi dele, mas que precisou ser conquistado e merecido. Essa consagração vai além do número de peças que ele vem apresentando desde que passou a ter autonomia para escolher os projetos que quer fazer, mas principalmente em relação às histórias que ele escolhe contar.

O espetáculo vai além do romance: desenha o fascismo, não com cartazes ou discursos, mas a partir da vida das pessoas comuns, dos pontos de vista conflitantes, das escolhas assumidas e das limitações apresentadas pelos personagens. É nessa tensão que o texto de Ettore Scola e Ruggero Maccari, traduzido por Célia Tolentino e adaptado por Reinecke, encontra seu respiro: cada diálogo é uma provocação.

Tecnicamente, a montagem é impecável. Marco Lima e Cesar Pivetti transformam o palco em um mosaico de intimidade e história, enquanto Dan Maia, com a trilha sonora, consegue fazer a música dialogar com a dor, a esperança e o absurdo da existência. A iluminação, o figurino e o design gráfico completam o quadro de maneira tão sutil quanto necessária: nada rouba a atenção do que realmente importa - a conexão entre os personagens e, por extensão, com o público. A atriz Carolina Stofella tem uma participação singela, mas marcante.

Nesse duelo de talentos, os espectadores têm a chance de sair do Teatro Sérgio Cardoso diferente de como entrou. Mais atento, mais sensível, mais inquieto. Dizem que a marca dos grandes espetáculos é transformar quem assiste a partir de uma boa história. “Um Dia Muito Especial” convida a sentir com urgência. Se você acredita que o teatro é apenas entretenimento, ou quer assistir a uma história de amor "levinha", prepare-se para se surpreender. Nesse espetáculo, a política, o amor e a coragem se entrelaçam de maneira tão natural que, durante a apresentação, é possível que os espectadores se sintam participantes de um diálogo impossível de ignorar.


Ficha técnica
"Um Dia Muito Especial" 
Autor: Ettore Scola e Ruggero Maccari
Tradução: Célia Tolentino
Adaptação: Alexandre Reinecke
Direção Geral: Alexandre Reinecke
Elenco: Reynaldo Gianecchini, Maria Casadevall, Carolina Stofella
Direção de Produção: Marcella Guttmann
Produção Executiva: Tatiane Zeitunlian
Assistência de Produção: Erica Paloma
Assistência de Direção: Carolina Stofella
Design Gráfico: Victória Andrade
Iluminação: Cesar Pivetti
Cenários: Marco Lima
Fotografia: Priscila Prade
Trilha Sonora: Dan Maia
Hair Stylist e Visagismo: Robson Souza
Makeup Artist: Beatriz Ramm 
Figurino Masculino: Ricardo Almeida
Figurinos Femininos: Debora Ceccatto
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Operação de Luz: Rodrigo Pivetti 
Produtores associados: Reynaldo Gianecchini e Alexandre Reinecke
Realização: Reinecke Produções Culturais Ltda.


Serviço
"Um Dia Muito Especial"
Direção Alexandre Reinecke com Maria Casadevall e Reynaldo Gianecchini
Temporada: até dia 30 de novembro, sexta-feira, às 20h00; sábado, às 17h00 e às 20h00, e domingo, às 17h00
Ingressos entre R$ 70,00 e R$ 200,00 | Sympla
Duração: 90 minutos 
Classificação etária:10 anos 
Local: Teatro Sérgio Cardoso | Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista, São Paulo/SP
Capacidade: 827 lugares
Bilheteria: Aberta nos dias de espetáculos, das 14h00 até o horário da atração.
Contato bilheteria: (11) 3288-0136

terça-feira, 18 de novembro de 2025

.: "A Sabedoria dos Pais" reúne Natália do Vale e Herson Capri no teatro


Comédia romântica, que estreia no dia 26 de fevereiro, no Teatro Bradesco, marca o retorno da atriz aos palcos, após 23 anos, e o reencontro em cena com Herson. Fotos: Nana Moraes

Amigos de longa data, os atores Natália do Vale e Herson Capri celebram 50 anos de carreira em 2025 com o espetáculo "A Sabedoria dos Pais", de Miguel Falabella, escrito especialmente para a dupla. Depois de 23 anos, Natália volta aos palcos, seu último trabalho no teatro foi Capitanias Hereditárias, também de Falabella, em 2002, e reencontra Herson, com quem contracenou na novela "Em Família", de Manoel Carlos, em 2014. Após estreia no Rio de Janeiro, a montagem chega a São Paulo para temporada no Teatro Bradesco, de 26 de fevereiro a 21 de março, com sessões de quinta a sábado às 20h00 e aos domingos, às 19h00.

“Durante grande parte da minha carreira, eu sempre fiz teatro e televisão ao mesmo tempo. Mas, nos últimos anos, eu não queria mais fazer desta forma. E agora eu posso me dedicar mais ao teatro, como não estou fazendo TV, e ter uma parte da minha vida dedicada ao palco. Esse projeto nosso, com Miguel, é antigo. Fizemos irmãos numa novela ("O Outro", de 1987). E viramos irmãos. Nosso afeto vem de mais de 30 anos”, explica Natália, sobre as mais de duas décadas longe do tablado. 

Este é o terceiro trabalho da atriz com Herson. Eles atuaram juntos na novela "Negócio da China", de 2009, escrita por Miguel. “Eu e Natália nos damos muito bem em cena. Começamos as leituras na casa dela. Natália é gentil e acolhedora, temos uma ótima conexão, e com o Miguel também. Os ensaios foram muito alegres, estou feliz em fazer um texto inédito dele", entrega Herson. Dirigida por Falabella, a montagem aborda recomeços, amadurecimento e as possibilidades do amor depois de uma vida inteira compartilhada. 

A história narra a trajetória de um casal que, após 35 anos de um casamento aparentemente perfeito, decide se separar. Nos dez anos que se seguem, cada um busca novos caminhos, novas experiências. Um aprende a viver sem o outro, ambos guiados pelas lembranças e ensinamentos de seus pais, que tiveram casamentos duradouros.

Neste processo, enquanto tentam construir novas vidas, eles seguem movidos pela esperança e, com humor e delicadeza, percorrem temas como etarismo, reinvenção pessoal e a continuidade da vida afetiva na maturidade. O espetáculo é atravessado por afeto, cumplicidade e verdade, celebrando os encontros e desencontros da vida a dois e a eterna busca pelo sentido das relações humanas. O histórico reencontro em cena de Natália do Vale e Herson Capri vai brindar o público com uma experiência sensível, divertida e inesquecível, sob a batuta de Miguel Falabella.  


"A Sabedoria dos Pais" | Ficha técnica
Texto e Direção: Miguel Falabella. Elenco: Natália do Vale e Herson Capri. Assistente de direção: Edwin Luisi. Cenário: Turíbio e Zezinho Santos Arquitetura. Luz: Paulo César Medeiros. Trilha Sonora: Leandro Lapagesse. Vídeo: Richard Luiz. Figurino: Marco Pacheco e Jemima Tuany. Assistente de Produção: Pillar Paiva. Assessoria de Comunicação: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Produção executiva: Robert Litig. Direção de Produção: Theo Falabella.
 

"A Sabedoria dos Pais" | Serviço
Estreia dia 26 de fevereiro de 2026.
Temporada: de 26 de fevereiro a 21 de março - Quinta a sábado, às 20h00. Domingo, às 19h00.
Ingressos a partir de R$ 50,00
Duração: 90 minutos.
Classificação etária: 12 anos

domingo, 16 de novembro de 2025

.: Amaury Lorenzo estreia o solo "A Luta", baseado no livro "Os Sertões"


Com adaptação de Ivan Jaf, da terceira parte do livro sobre a Guerra de Canudos, e direção de Rose Abdallah, a peça coleciona várias indicações de Melhor Ator. Foto: Guga Melgar


Há dois anos em turnê pelo Brasil, a peça "A Luta" estreia dia 21 de novembro, no Teatro BDO Jaraguá, trazendo um dos mais reverenciados atores da nova geração, Amaury Lorenzo, que trouxe para a TV personagens como Ramiro, de "Terra e Paixão", e Gilmar, da novela "Três Graças". O solo transforma o ator Amaury Lorenzo em um rapsodo (trovador). Os rapsodos cantavam a "Ilíada" e a "Odisseia", de Homero, mantendo essas longas epopeias vivas pela fala e a memória, antes de poderem ser escritas.

Da mesma maneira, podemos imaginar a Guerra de Canudos, segundo a visão de Euclides da Cunha, sendo narrada por um “contador de histórias” diante de uma plateia. Um só ator, usando a fala e o corpo, conta as sucessivas investidas do exército brasileiro contra o arraial e a reação de seus habitantes. “O que me impressiona na obra de Euclides da Cunha é a riqueza de detalhes. O texto fala da construção da identidade brasileira, e percebo que a plateia vai sentindo comigo o cheiro daquela guerra, o cheiro daquelas pessoas. E esse é nosso objetivo, levar essa narrativa poderosa a mais gente. Muitos vão ao teatro porque me conhecem da TV e acabam se emocionando com uma aula de história, que nos faz entender de onde viemos, e assim, passamos a ter mais possibilidades de construir um futuro melhor”, conta Amaury.

Nessa terceira e última parte de "Os Sertões", Euclides criou uma simbologia poderosa, abandonando a linguagem acadêmica para traduzir jornalisticamente uma guerra de ideias: a luta entre as forças republicanas que traziam a modernidade contra o obscurantismo religioso que alicerçava a monarquia: os brasileiros do litoral contra os do interior; as elites contra o povo; a fé contra a razão provocando a união dos dois lados pela intolerância e a violência.

"A Luta" é uma guerra arquetípica, mitológica, portanto, será sempre atual para entender a formação do Brasil. É uma peça para nos questionar enquanto sociedade. O retumbante fracasso dos dois lados, com a violência sem sentido de ambos, é o resultado da nossa triste ignorância que infelizmente perdura”, resume a diretora da montagem. Nesta montagem, Amaury Lorenzo recebeu as indicações de Melhor Ator pelos Prêmios Cesgranrio de Teatro 2023, Cenym 2023 e Fita 2023.


"A Luta" | Ficha técnica
Autor: Ivan Jaf
Direção: Rose Abdallah
Ator: Amaury Lorenzo
Direção de movimento: Amaury Lorenzo e Johayne Hildefonso
Direção de arte: Rose Abdallah
Iluminação: Ricardo Meteoro
Música original gravada: Alexandre Dacosta
Pesquisa sonora e preparação vocal: Amaury Lorenzo
Vídeo: Sérgio Lobato (Cambará Filmes)
Fotos: Débora Agostini e Guga Melgar
Assessoria de Imprensa Teatro BDO Jaraguá: Liège Monteiro e Luiz Fernando Coutinho
Identidade visual: Inova Brand
Produção executiva: Marcio Netto
Direção de produção: Amaury Lorenzo e Sandro Rabello
Realização: Bambu Produções e Diga Sim Produções


"A Luta" | Serviço
Gênero: Solo dramático
Estreia: 21/11/25, sexta-feira
Temporada: de 22/11 a 21/12/25
Horários: sexta-feira, 22h, sábados, 21h, e domingos, 19h
Ingressos: R$ 150,00 | R$ 75,00 (meia)
Duração: 60 minutos
Indicação etária: 14 anos
Local: Teatro BDO Jaraguá
Endereço: Rua Martins Fontes, nº 71, Centro, São Paulo, SP (Metrô Anhangabaú)
Telefone: 11 2802-7075
Bilheteria: A partir das 18h de sextas-feiras bilheteria@teatrobdojaragua.com.br ou pelo link: https://bileto.sympla.com.br/event/112950
Capacidade: 260 lugares
Estacionamento: no local pela Estapar através da entrada principal do hotel com valor reduzido de R$ 30 (trinta reais) por até 4h, valorizando a experiência “espetáculo + Bar do Clóvis + Restaurante W3 do hotel Nacional In Jaraguá. Você pode reservar seu jantar pelo telefone 11-2802-7035.

.: "Aurora", peça dedicada ao escritor Paulo Mendes Campos, estreia no CCSP


Mescla de teatro, sarau, happening, festa e até ópera set, Aurora - Uma homenagem à obra de Paulo Mendes Campos estreia dia 27 de novembro no CCSP. Com direção de Rodrigo Penna, espetáculo é livremente inspirado nas crônicas e na obra do escritor mineiro e passeia por temas como a condição humana, a ternura, a doçura, o amor e a falta desse sentimento. Foto: Larissa Vieira


Um dos mais importantes cronistas brasileiros, o escritor, poeta e jornalista mineiro Paulo Mendes Campos (1922-1991) tem seu legado celebrado em "Aurora - Uma Homenagem à Obra de Paulo Mendes Campos", idealizado e dirigido pelo produtor cultural e diretor Rodrigo Penna, com consultoria de roteiro de Adriana Falcão. O espetáculo, livremente inspirado na vida e em toda a obra do escritor, com olhar especial para a coletânea “O Amor Acaba - Crônicas Líricas e Existenciais” (1999), tem sua temporada de estreia no Centro Cultural São Paulo (CCSP), de 27 de novembro a 14 de dezembro de 2025, com sessões de quinta a sábado, às 20h00, e domingos às 19h00. No elenco, estão Julia Konrad, Gustavo Damasce no e Kadu Garcia.

A peça, que não tem uma estrutura dramatúrgica tradicional, com linearidade, curva dramática e personagens, é uma espécie de jogos de cenas e sentimentos da vida e da obra de Paulo Mendes Campos, como explica o diretor Rodrigo Penna. “É quase como uma coletânea de crônicas sobre ele que fiz ao longo dos anos. Já foram mais de 40 versões desse roteiro, baseado em muitas leituras aqui em casa, muita pesquisa de texto e muito bate-papo com a Adriana Falcão, minha consultora para roteiro”, diz.

“Sempre tive uma ligação com literatura e poesia e criei o Projeto Ambiente, um sarau contemporâneo com multilinguagens da palavra há 25 anos. Fiquei louco pelo Paulo Mendes quando a Adriana me apresentou a crônica ‘Para Maria da Graça’. Logo comprei o livro e fui atrás de tudo o que podia encontrar sobre o autor. Na época, eu estava fazendo turnê da festa ‘Bailinho’, que foi um sucesso, e devorei o livro em minhas viagens pelo Brasil”, acrescenta.

O diretor ainda conta que a palavra, expressa a partir de diferentes linguagens, é a grande força motriz do trabalho. “Nossa matéria prima é a palavra, o meio e o fim, como iguarias, jóias preciosas, tudo gira em torno da palavra. É o que queremos; espalhar a palavra do Paulo Brasil afora. A peça é uma dança entre diferentes linguagens, poéticas, em prosa, mídias e plataformas diversas, mas tudo em prol da palavra - até como ação e protesto. Todos são Paulo Mendes Campos e, ao mesmo tempo, todas são também suas musas, os personagens, as cenas. A peça fala sobre todo mundo, sobre a humanidade, a ternura, a doçura, o amor, a falta de amor, o excesso de amor, o conflito do amor. Um grande jogo de cenas e sentimentos”.

E, para construir essa atmosfera, o espetáculo aposta na ambiência, criada com sonoplastia, beats e ritmos, em união com projeções do artista visual Batman Zavareze, a cenografia de Marcos Figueroa, os figurinos de Marie Salles e o design de Billy Bacon. “Buscamos como referências as cores azul, que é a que ele mais explora, e o vermelho, que representa a própria origem do Paulo Mendes, que nasceu em Minas e, mesmo tendo vivido e morrido no Rio tem essa coisa mineira muito presente nas suas obras. Também buscamos referências na iconografia da arte de rua, no grafitti, no lambe-lambe e na risografia”.

A direção de Rodrigo Penna tem como forte referência e também presta uma homenagem ao trabalho do ator e diretor carioca Aderbal Freire Filho (1941-2023), que desenvolveu uma pesquisa intitulada por ele mesmo como “romance-em-cena”. Já a trilha sonora, assinada pelo próprio diretor ao lado de Chico Beltrão e Dani Roland, explora sonoridades pop e dialoga tanto com um público mais velho como com a juventude.Compre o livro de Paulo Mendes Campos neste link.

Sobre Paulo Mendes Campos
Conhecido como um dos “Quatro Cavaleiros do Apocalipse” da crônica brasileira, ao lado dos também mineiros e amigos de Fernando Sabino, Otto Lara Resende e Hélio Pellegrino, o escritor, poeta e jornalista Paulo Mendes Campos nasceu em Belo Horizonte em 1922 e mudou-se para o Rio de Janeiro em 1945. 

Ele colaborou com os principais veículos da imprensa carioca, como os jornais Correio da Manhã e Diário Carioca, no qual manteve a coluna diária “Primeiro Plano”, e a revista Manchete. Também foi diretor de Obras Raras da Biblioteca Nacional. Entre seus livros publicados, estão “O Cego de Ipanema” (1960), “Homenzinho na Ventania” (1962), “O Colunista do Morro (1965), “Antologia Brasileira de Humorismo” (1965), “Hora do Recreio” (1967), “O Anjo Bêbado” (1969), “Os Bares Morrem Numa Quarta-feira” (1980), “O Amor Acaba - Crônicas Líricas e Existenciais” (1999), “Brasil Brasileiro - Crônicas do País, das Cidades e do Povo” (2000), “Alhos e Bugalhos” (2000), “Cisne de Feltro” (2000), “Murais de Vinícius e Outros Perfis” (2000), “O Gol é Necessário” (2000), “Artigo Indefinido” ( 2000), “De Um Caderno Cinzento - Apanhadas no Chão” (2000), “Balé do Pato e Outras Crônicas” (2003) e “Quatro Histórias de Ladrão” ( 2005).

Além disso, atuou como tradutor de prosa e poesia de grandes nomes da literatura mundial, como Júlio Verne, Oscar Wilde, Jane Austen, Jorge Luis Borges, William Shakespeare, William Butler Yeats, C. S. Lewis, Charles Dickens, Gustave Flaubert, Guy de Maupassant, Pablo Neruda e outros.

Sobre Rodrigo Penna - diretor e idealizador
Rodrigo Penna participou de novelas de grande sucesso como “Top Model, “Vamp” e “Paraíso Tropical”, além de séries e minisséries como “Engraçadinha” e “JK”.  Seu primeiro sucesso no teatro foi aos 12 anos, com a peça "Menino Maluquinho“. Destacam-se ainda em sua trajetória no teatro os espetáculos “Mãe Coragem”, com direção de Daniela Thomaz, e “O Ateneu” com direção de Carlos Wilson e “Esplêndidos”, com direção de Daniel Herz, no qual dividiu o palco com nomes como Nelson Xavier, Gabriel Braga Nunes e Selton Mello.  Em 2006, dirigiu seu primeiro espetáculo “Eu Nunca Disse que Prestava”, do qual também assinou a dramaturgia, como base em textos de Adriana Falcão e Luciana Pessanha.  DJ, produtor e performer, é também idealizador de marcantes eventos   como o “Projeto Ambiente”, um sarau contemporâneo com multilinguagens da palavra, e “Bailinho” a prestigiada e disputada balada das noites cariocas. 


"Aurora - Uma Homenagem à Obra de Paulo Mendes Campos" | Ficha técnica
Adaptação, concepção e direção geral: Rodrigo Penna
Elenco: Júlia Konrad, Kadu Garcia e Gustavo Damasceno
Direção de Produção: Rubim Produções, Tatyana Rubim
Participação Especial: Teuda Bara
Cenografia: Marcus Figueiroa
Figurino: Marie Salles
Direção de arte: Marie Salles e Marcus Figueiroa
Iluminação: Lina Kaplan
Direção de movimento: Márcia Rubin
Consultoria de roteiro: Adriana Falcão
Trilha sonora: Chico Beltrão, Daniel Roland e Rodrigo Penna
Audiovisual: Batman Zavareze, Produção BH, Sartre
Produção RJ: Clarah Borges e Lucas Gustavo
Edição Audiovisual (projeções): Gabi Paschoal
Participação Especial em Vídeo: Lázaro Ramos
Vídeos participações especiais: Fred Tonucci (Teuda), Adriana Penna
Produtora Associada/temporada SP: Fábrica de Eventos
Assessoria de imprensa: Pombo Correio -SP


"Aurora - Uma Homenagem à Obra de Paulo Mendes Campos" | Serviço
Temporada: 27 de novembro a 14 de dezembro de 2025. Quinta a sábado às 20h, domingo às 19h.
Centro Cultural São Paulo - Rua Vergueiro, 1000, Liberdade, São Paulo
Ingressos: Gratuitos. Ingressos disponíveis diretamente no site do CCSP e presencialmente. A retirada presencial acontece a partir das 14h do dia anterior à sessão (iniciando em 26/11).
Bilheteria: terça a sábado, 13h às 22h; e aos domingos e feriados, das 12h às 21h |
Telefone: (11) 3397-4277
Classificação: 12 anos
Duração: 80 minutos
Capacidade: 320 lugares
Acessibilidade: sala acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida

sábado, 1 de novembro de 2025

.: "Mamão Papai" estreia para encenar experiências femininas de violência


Em uma tentativa de reconexão com o pai, num reencontro familiar caótico e constrangedor, uma mulher compartilha suas vivências eróticas e afetivas. Na imagem, Pâmela Côto em "Mamão Papai". Foto: Rafaela Guitel

Partindo da ideia de que é possível haver outras formas de viver como mulher, para além do que é socialmente esperado, Pâmela Côto criou o solo "Mamão Papai". Com direção de Carla Zanini, o trabalho faz apresentações no Teatro Arthur Azevedo entre os dias 6 e 16 de novembro, de quarta a sexta-feira, às 20h00, e sábados e domingos, às 18h00 e às 20h00.

O projeto também conta com a realização de workshops gratuitos que ainda acontecem entre outubro e novembro na Casa de Cultura do Butantã e no Teatro Arthur Azevedo. As atividades abordam produção executiva, com a produtora cultural Thaís Venitt; e direção cênica, conduzida por Carla Zanini, oferecendo diferentes perspectivas sobre a criação artística e promovendo a troca de experiências entre artistas, público e novos profissionais interessados em se aproximar das artes cênicas. Informações e links para inscrição no perfil @mamaopapaiteatro.

Sobre o espetáculo
Na trama da peça, que tem colaboração dramatúrgica de Maria Isabel Iorio, uma mulher atravessa memórias eróticas e afetivas, em uma tentativa de reconexão com o pai, depois de anos de silêncio, num reencontro familiar. A protagonista relembra histórias de afetos que são atravessadas por diversas formas de violência, principalmente envolvendo figuras masculinas. “Mas ela precisa reconstruir essas narrativas e, nessa trajetória, resgata muitas memórias eróticas, que trazem o prazer numa perspectiva ativa, questionando o seu papel social esperado. A peça é uma ode à vida, ao direito de amar, de gozar e de celebrar”, comenta Pâmela.

Para a criadora do espetáculo, a personagem está em constante tentativa de ruptura com uma feminilidade padrão, com um papel de gênero tradicional. “Ela traz à tona as suas experiências, como um grande jorro, um confronto, à medida que busca alguma conexão com o pai: que abandona a sua função quando sua esposa, a mãe, resolve se separar. Ali fica evidenciado o enorme hiato na relação desse homem com a filha”, acrescenta.

Concepção da montagem
Com assistência de direção de Giuliana Maria e preparação de elenco de Felipe Rocha, a direção de Zanini explora no diálogo atriz-platéia essa troca intensa, sem filtros e recheada de dor e humor. “O texto investiga também a violência em sua dimensão menos óbvia: aquela que se manifesta no silêncio. Em contraponto a esse silêncio, a trajetória da protagonista se revela como um percurso turbulento e intenso, cheio de contradições e afetos, que afirma a possibilidade de existir em plenitude — com tudo o que a vida entrega. E é a partir dessa complexidade infinita que é viver que a montagem percorre essa montanha-russa de sentimentos”, conta a diretora.

O nome "Mamão Papai" faz também referência a uma árvore e o seu fruto, representando uma narrativa capaz de presentificar os buracos. A ausência paterna provoca uma tentativa de reconstruir os contornos de uma figura masculina borrada, que provoca amor, raiva e sentimento de abandono. Nesse contexto, todas as masculinidades retratadas no solo são alegóricas, simbolizando as situações estruturantes das experiências femininas. E a protagonista não tem nenhum tabu ao se expor para a plateia.

A iluminação de Sarah Salgado, o cenário de Celina Lira e o figurino de Andy Lopes, não apenas constroem o espaço concreto onde a protagonista reencontra seus familiares, como configuram esse ‘não-lugar’ onde suas vivências se expandem e se tornam território de delírio.

Nesse mesmo jogo, a trilha sonora criada por Mini Lamers e as projeções de Julia Ro abrem novas camadas de sensações e memórias, atravessando passado e presente, revelando novas dimensões da história e subjetividade da personagem. Cada elemento - luz, imagem e som - compõem esse imaginário que se desenrola até o momento presente, surpreendendo o público com elementos inesperados e transportando-o para o universo íntimo e complexo desta mulher.

Sinopse de "Mamão Papai"
"Mamão Papai" é um solo de autoficção que investiga os vínculos entre prazer, trauma e identidade. Num reencontro familiar, uma mulher atravessa memórias eróticas e afetivas, em uma tentativa de reconexão com o pai, depois de anos de silêncio. Entre humor e vertigem, a peça reflete sobre amor, liberdade, sexualidade e os atravessamentos da masculinidade em uma vida feminina.

Ficha técnica
"Mamão Papai"
Criação, dramaturgia e atuação: Pâmela Côto
Direção: Carla Zanini
Colaboração dramatúrgica: Maria Isabel Iorio
Interlocução dramatúrgica: Amanda Lyra
Assistência de direção e preparação corporal: Giuliana Maria
Cenário e direção de arte: Celina Lira
Iluminação: Sarah Salgado
Operação de luz: Laysla Loyse
Figurino: Andy Lopes
Trilha sonora e operação de som: Mini Lamers
Preparação de atuação: Felipe Rocha
Colaboração coreográfica: Débora Veneziani
Videografia: Julia Ro
Operação de vídeo: Julia Ro | Lui Cavalcante | Talbone
Identidade visual, fotos e vídeos de divulgação: Rafaela Guitel
Designer gráfico: Thainá Carline
Redes sociais: Jorge Ferreira
Assessoria de imprensa: Canal Aberto - Márcia Marques, Daniele Valério e Flávia Fontes
Produção: Corpo Rastreado | Gabs Ambròzia
Produção executiva: Thaís Venitt
Assistente de produção: Bento Carolina

Serviço
"Mamão Papai"
Duração: 70 minutos | Classificação: 16 anos
Debate ao final do espetáculo das 20h (quando a sessão for dupla)

Teatro Arthur Azevedo - Sala Multiuso
De 6 a 16 de novembro de 2025
Quarta a sexta-feira, às 20h00, e sábados e domingos, às 18h00 e às 20h00
Av. Paes de Barros, 955 - Alto da Mooca/São Paulo
Ingresso: gratuitos, retirada uma hora antes do início

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#MamaoPapai #PâmelaCoto #CarlaZanini #TeatroArthurAzevedo #teatro

.: Espetáculo "1 Peça Cansada" traz como tema o acúmulo de cansaços


Natasha faz uma pausa para refletir com honestidade sobre cansaço, fracasso e as tensões entre criação, liberdade e coragem, abordando sua profissão, relacionamentos e redes sociais. Obra foi criada e realizada na sala do apartamento da atriz Natasha Corbelino, e recebeu mais de 1000 pessoas na temporada carioca. Foto: Ligia Jardim

Após turnê teatral na França, a autora e produtora carioca Natasha Corbelino se viu diante de um dilema: de um lado sentia um enorme cansaço físico e mental, mas, por outro lado, não tinha nenhum projeto em vista. Em meio a essa angústia, nasceu o espetáculo performativo "1 Peça Cansada", realizada dentro da sala da própria casa. O projeto chamou atenção, foram mais de mil pessoas no apartamento dela durante as sessões. Agora, o trabalho faz a primeira temporada em São Paulo, entre os dias 7 de novembro e 7 de dezembro, no Sesc Avenida Paulista, de quinta-feira a sábado, às 20h00, e domingos e feriados, às 18h00, além de uma sessão extra no dia 3 de dezembro, quarta-feira, às 20h00, totalizando 20 apresentações. 

"Quando voltei da turnê, me dei conta de que precisava insistir em imaginar futuros com a cidade onde eu morava. Pra isso, só inventando meu próprio trabalho independente naquele momento sem horizontes. Assim, criei o único projeto honesto que eu poderia criar como artista e produtora, um espetáculo que traduziu aquilo que eu estava sentindo na época: um cansaço extremo”, conta Corbelino, que há mais de 30 anos dedica-se às artes da cena.

Natasha transformou o próprio apartamento em cenário e realizou dez sessões seguidas por dia, cada uma com cerca de 45 minutos de duração. O que começou como uma experiência se transformou em um acontecimento: as apresentações se estenderam até março de 2025 no Rio de Janeiro e fez apresentações pontuais em outras cidades e espaços. O convite do Sesc Avenida Paulista chega como uma celebração da boa recepção de "1 Peça Cansada": “Fizemos 100 apresentações no Rio e fico muito feliz de ver essa obra abraçar tantas pessoas. Bora, Comunidade Cansada!”, comemora a artista.


Sobre a encenação
O trabalho é um convite ao encontro, para cansarmos nossos cansaços. Utilizando-se de uma honestidade radical, Natasha reflete sobre as relações entre fracasso e criação; rigor e liberdade; e franqueza e coragem. Ao longo da montagem, ela lista os seus inúmeros cansaços, incluindo questões com a profissão, com os relacionamentos interpessoais e com as redes sociais, e toca em muitos pontos de identificação entre a artista e o público. Tudo acontece de uma maneira muito natural, o público, inclusive, é convidado a se acomodar confortavelmente. Existem até colchões para quem estiver mais cansado.

“Sempre gostei de inventar modos de trabalhar e eu tenho grande apreço pelas performances de longa duração: já fiquei seis horas falando o nome de trabalhadoras da cultura em uma transmissão ao vivo durante a pandemia; já passei 12 horas falando a palavra Educação e sete horas falando ‘Constituição’. Por isso, tem me interessado o entrelaçamento entre o teatro e a performance”, afirma. Para Natasha, a parte mais importante de "1 Peça Cansada" é a intimidade e a cumplicidade desenvolvida com os espectadores. Por isso, existe um esforço de eliminar as hierarquias convencionais do espaço cênico.

Dessa forma, a conversa com a plateia começa antes do espetáculo, já nas redes sociais da criadora. Suas postagens são usadas para estimular discussões sobre o tema-chave da obra. Ao mesmo tempo, o Sesc Avenida Paulista contará com ações que estimulem a troca de ideias, como uma coleção de livros em torno do tema cansaço, disponibilizada na biblioteca da unidade. A artista defende o corpo como a maior tecnologia do ser humano e isso está presente nas suas produções. “Tenho investido em um gesto que tem sido essencial: um tremor, sempre em um mesmo ponto. Inclusive, eu falo dele em cena e mostro para as pessoas”, acrescenta.

Outra presença marcante na montagem é o papel. A performer aparece envolta neles e, em cima de uma mesa, estão outros tantos que também estão cansados, como fotos, trabalhos de escola e até a Constituição, “a brasileira mais cansada”, como costuma dizer a atriz. “É a primeira vez que faço uma temporada em São Paulo e a cidade tem sido bastante acolhedora”, reflete.


Sinopse de "1 Peça Cansada"
 "1 Peça Cansada", de Natasha Corbelino, é uma peça performativa que celebra o processo continuado da criação com a produção e o ato de causar saúde coletiva a partir da cena em honestidade radical. A peça se ergue com uma poética do limite, onde o tremor é tática para seguir. Em movimento, a artista partilha o percurso de um corpo cansado e desejante, que busca possibilidades de expansão em um encontro de delicadezas com o público. A peça é um mergulho na experiência de listar cansaços como uma forma de criar laço coletivo, memória, futuro, sonhos sonhando. Natasha instaura uma atmosfera afetuosa e cúmplice, onde a plateia é acolhida em seus cansaços.


Ficha técnica
 "1 Peça Cansada"
Atriz, autora e diretora: Natasha Corbelino
Interlocução: Margot Corbelino
Cadernos artesanais: Manuscrito Baixada _ Débora Crusy
Diálogo de luz (RJ): Tayná Maciel
Luz (SP): David Costa
Direção de libras: Claudia Chelque
Fotos de cena: Cacá Bernardes
Registro de vídeo: Bruta Flor Filmes
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto - Márcia Marques,Daniele Valério e Flávia Fontes
Produção: Corpo Rastreado - Keila Maschio Pires
Realização: Sesc SP


Serviço
"1 Peça Cansada"
Duração: 60 minutos | Classificação: 10 anos
Data: 7 de novembro a 7 de dezembro, de quinta a sábado, às 20h00 e domingos e feriados, às 18h00. Sessão extra, dia 3 de dezembro, quarta-feira, às 20h00.
As sessões com acessibilidade são dias 27, 28 e 29 de novembrp - Libras; e 30 de novembro - Audiodescrição
Local: Sesc Avenida Paulista/ Arte II (13º andar) - Av. Paulista, 119 - Bela Vista, São Paulo/ SP
Telefone: (11) 3170-0800
Ingressos: R$ 50,00 (inteira), R$ 25,00 (Meia) e R$ 15,00 (Credencial plena:). Venda de ingressos online a partir de 28 de novembro, às 17h00, e nas bilheterias das unidades a partir de 29 de novembro, às 17h00.
Capacidade: 70 pessoas
Transporte público: Estação Brigadeiro do Metrô – 350m
Horário de funcionamento da unidade:
Terça a sexta, das 10h às 21h30. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30.

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segunda-feira, 27 de outubro de 2025

.: Ator Luiz Fernando Almeida apresenta solo pela primeira vez em Santos


Espetáculo faz referência à música “Geni e o Zepelim”, de Chico Buarque, e pode ser lido como uma das múltiplas faces da desigualdade social e econômica sofrida por quem vive às margens da sociedade. Foto: Renato Domingos 


Baseado em extensa pesquisa e entrevistas realizadas com homens vítimas de abuso sexual infantil no Brasil e na Europa, o espetáculo “O Filho da Geni” propõe uma reflexão sobre a violência contra garotos e adolescentes, tema que muitas vezes é invisibilizado pela cultura do silêncio. A apresentação acontece na quinta-feira 30 de Outubro, às 20h,  no  auditório do Sesc Santos integrando a programação do projeto “Baixada em Cena”.

A idealização do projeto é do ator Luiz Fernando Almeida, que sobe ao palco para o seu terceiro solo, após 14 anos com “Dama da Noite” e nove anos com “Gotas de Codeína” no espetáculos que fizeram enorme sucesso na Baixada Santista e em todo o Brasil e ainda permanecem em atividade.  Neste novo espetáculo , com dramaturgia de Diego Lourenço e direção de Matheus Lípari, Luiz Fernando interpreta um personagem que retorna ao Brasil após trabalhar por anos na Europa, em condições de subemprego.

A partir disso, ele se vê forçado a confrontar seu passado traumático e mergulha em memórias perturbadoras de sua infância e adolescência, tomando dimensão dos abusos que sofreu, perpetuou e aprendeu a normalizar. O espetáculo, cujo título faz referência à música “Geni e o Zepelim”, de Chico Buarque, pode ser lido como uma das múltiplas faces da desigualdade social e econômica sofrida por quem vive às margens da sociedade.

Os dados sobre violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil são alarmantes e, embora o foco muitas vezes recaia sobre as vítimas femininas, a violência contra os meninos é uma grave realidade. Um dos principais desafios é a subnotificação. O abuso e a exploração sexual no Brasil atingem um número muito maior do que as estatísticas oficiais. Estima-se que apenas uma pequena porcentagem dos eventos seja de fato reportada às autoridades policiais.Um estudo do IBGE de 2022 indica que 1,8 milhão de meninos e homens no Brasil sofreram violência sexual ao longo da vida.

Ao abordar a "cultura do silêncio" e o confronto do passado traumático, o espetáculo contribui para visibilizar o sofrimento desses indivíduos e impulsiona a necessidade de um olhar mais integral e acolhedor para a violência de gênero, que vitima em todas as suas formas. Este espetáculo foi contemplado pelo edital Proac - 01/23- Montagem de espetáculo teatral inédito no Estado de SP e cumpriu duas temporadas em SP no ano de 2024 com sucesso de público  e crítica


Sobre o ator
Formado pelo renomado Centro de Pesquisa Teatral (CPT) de Antunes Filho, Luiz Fernando Almeida participou de mais de 30 espetáculos e consolidou-se com monólogos de longa duração que se tornaram sucesso de público e crítica em todo o Brasil, incluindo a Baixada Santista: "Dama da Noite" (14 anos em atividade),  "Gotas de Codeína" (nove anos em atividade).

Além dos palcos, Luiz Fernando é reconhecido por sua atuação como empreendedor cultural e produtor, estando à frente de grandes projetos na região: Eventos Culturais: Idealizador e produtor de iniciativas essenciais para a cultura local, como Bazar Cafofo (pioneiro na economia criativa), Sansex - Mostra da Diversidade de Santos, Festival Santista de Teatro (Festa), Combo Cultural, Teatro nas Bibliotecas, Verão Teatral, e Curta Santos.Educação e Impacto Social: Atualmente, aplica sua experiência em projetos sociais como Produtor e Educador Líder no Instituto KondZilla, organização dedicada à capacitação e educação de jovens 


Serviço
Espetáculo "O Filho da Geni"
Com Luiz Fernando Almeida
Direção: Matheus Lípari
Dramaturgia Diego Lourenço
Dia 30 de outubro, às 20h00, no Sesc Santos
Ingressos disponíveis a partir de 21/10 na bilheteria das unidades do SESC e ou no site/app.
R$ 12,00 credencial plena
R$ 20,00 meia-entrada
R$ 40,00 inteira
Sesc Santos -  Rua Conselheiro Ribas 136- Aparecida - Santos
Classificação indicativa: 16 anos

domingo, 26 de outubro de 2025

.: Wanessa Morgado transforma o caos da maternidade em catarse cômica


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.comFoto: Kim Leekyung


Com texto inédito de Andrea Batitucci, roteirista de "Minha Mãe É Uma Peça" e "Vai que Cola", e direção de Rafael Primot, o espetáculo “Manhê!” continua a emocionar e provocar gargalhadas em uma temporada que cresce a cada apresentação. Estrelado por Wanessa Morgado, o solo mergulha nas alegrias, culpas e contradições do universo materno - esse campo de batalha onde o amor e o caos coexistem, quase sempre, na mesma respiração.

Depois do sucesso no Teatro Uol, “Manhê!” segue em novas apresentações: 1º de novembro, às 14h30 e 17h00, no Teatro Arena B3, em São Paulo;  14 de novembro, às 20h30, no Teatro Municipal de Osasco; 22 de novembro, às 21h00, no Teatro Lauro Gomes, em São Bernardo do Campo; 29 e 30 de novembro, no Teatro Colinas, em São José dos Campos;  e, em janeiro, às quintas-feiras, às 20h, no Teatro Multiplan Morumbi, em São Paulo.

Com humor afiado e uma sinceridade desconcertante, Wanessa dá corpo e voz às dores e delícias de uma mulher que tenta ser mãe sem deixar de ser gente. O resultado é uma comédia realista e libertadora - feita para rir, pensar e talvez chorar um pouco também. Nesta entrevista exclusiva ao portal Resenhando.com, a atriz fala sobre maternidade, humor e o poder de transformar o desespero em arte.


Resenhando.com - “Manhê!” parte de um lugar comum - a maternidade - mas a trata de forma nada convencional. Qual foi o momento em que você percebeu que esse tema, tão explorado, ainda tinha um buraco cômico e dolorido a ser preenchido no palco?
Wanessa Morgado - Acho que resolvi falar primeiro do que eu sentia e via as mulheres perto de mim sentindo, sabe? A dor e a delícia de ser mãe, que em alguns momentos pra mim se equilibram nessa balança da maternidade...escrevi um conto, quase que como eu desabafo ou terapia, e dele veio a peça escrita pela maravilhosa Andrea Batitucci, que também é mãe, separada, de duas meninas.


Resenhando.com - A peça fala sobre “maternagem”, essa palavra que parece bonita, mas carrega uma carga brutal de exclusividade e cobrança. Se pudesse cunhar uma nova palavra para redefinir o papel da mãe, que termo criaria?
Wanessa Morgado Nossa, ótima pergunta...a "maternagem" na real deveria existir mais... a função de dar carinho, atenção, cuidados, não precisa e não é só da mãe. Não sei criar um novo termo eu acho, usaria os termos que já existem mas de verdade: sororidade, parceria, responsabilidade mútua etc.


Resenhando.com - No Brasil, ainda é comum romantizar a maternidade como um estado de graça. Em “Manhê!”, você desmonta esse mito com humor. Você acredita que a comédia pode ser mais eficaz do que o drama para revelar as dores reais da maternidade?
Wanessa Morgado Eu sempre achei que a comédia é um estilo maior. Não desvalorizando os outros estilos, pelo amor de Deus, mas só destacando mesmo o humor...com humor você consegue falar de coisas que não falaria sem ele, ser mais direta e quase "grossa" quando necessário sem que achem "pesado" como no drama por exemplo, mas ele toca, conscientiza, faz uma catarse mesmo... como bem diz a letra da música "rir de tudo é desespero". A gente ri de alegria, mas ri de desespero por se aproximar daquilo e, ao mesmo tempo, o humor te dá paz, em saber que você não está sozinha neste mundo, seja a situação que for, alguém já viveu isso ou algo muito parecido.

Resenhando.com - Como atriz de stand-up, mestre de cerimônias e locutora, você já se multiplicou em muitos palcos e vozes. O que a Wanessa do monólogo “Manhê!” tem que nenhuma outra versão sua ousou mostrar? 
Wanessa Morgado Com certeza essa Wanessa mãe, falando ali com propriedade e conhecimento de causa. Mesmo no meu stand up eu já falava de maternidade mas não de forma tão profunda, emocionante e vivenciando agora a história de vida dessa mulher... que não sou eu, mas que tem muito de mim...

Resenhando.com - A maternidade, como você retrata, é um território de caos e amor. Mas se fosse possível resumir em apenas um cheiro essa experiência, qual seria?
Wanessa Morgado Ah, seria um cheiro doce e suave, porque apesar de todo o perrengue que é, ser mãe pra mim, do meu filho... "péra", porque não sou a mulher que vai levantar a bandeira de que eu gostaria de ser mãe de vários... A função mãe me dá um pouco de cansaço (risos), mas voltando...ser mãe do Gael tem um cheiro de vida longa, de amor infinito e de muita paz, mesmo no caos.

Resenhando.com - O texto de Andréa Batitucci nasce de uma esquete sua. Existe alguma cena que você sente como uma cicatriz pessoal, algo tão seu que, mesmo encenado, ainda dói ao repetir?
Wanessa Morgado Nasce de um conto, não exatamente uma esquete, um conto um pouco mais longo e mais dramático, acredita? Não tem uma cena que seja uma cicatriz, mas tem uma cena que ainda não vivi e que dói muito em mim e no público todas as vezes, que é quando esse filho vai embora de casa... O famoso "ninho vazio"... Aff, pra mim é sempre difícil essa cena e nessa hora tenho vontade de fazer mais uns cinco filhos pra ir intercalando, um sai e outros ficam... dói.

Resenhando.com - “Minha Mãe é uma Peça”, “Vai que Cola”, “Além da Ilha”... Batitucci tem um histórico de humor popular. O que o público de teatro ganha quando um tema tão íntimo é tratado com essa mesma pegada, mas sem o filtro da TV?
Wanessa Morgado Na peça ela usa o ritmo da TV mas não o filtro, o que faz da peça esse estrondo que é... Quando as pessoas saem do teatro é sempre maravilhoso e incrível ouvir os depoimentos, de quem se viu como mãe ali, de quem se viu como filho daquela mãe que envelhece, adoece e quer mesmo assim viver muito ainda, de quem se enxerga na mulher, no homem nessa relação e em outros papéis que a peça traz.


Resenhando.com - Quando se fala de maternidade no palco, sempre se pensa no olhar feminino. Se um homem fosse fazer o mesmo espetáculo, que cena você acredita que ele jamais teria coragem de encenar?
Wanessa Morgado (Risos) Ixi, várias, eu teria que repensar a peça toda aqui pra pensar especificamente em uma... Mas tem uma do sexo, que a mulher está com a cabeça na lua e o cara ainda vem com uma frase de matar, que acho que os homens não teriam coragem de assumir.

Resenhando.com - Você já foi mestre de cerimônias para grandes empresas, uma função que exige controle e formalidade. Agora, em “Manhê!”, você se coloca no ridículo, no desespero e no colapso. O que é mais difícil: domar um público corporativo ou assumir o caos da maternidade no palco?
Wanessa Morgado Ah, o palco e o teatro me desafiam muito e sempre. Ser MC é sempre um desafio, cada empresa quer algo específico, tem ali em seu evento todas as expectativas, muitas vezes do ano, do semestre, é muita responsabilidade. Na peça, existe um texto a ser seguido, a luz e trilha dependem de mim e estou vestida de personagem, é diferente e desafiador em outro lugar.


Resenhando.com - Se pudesse escrever uma carta para a Wanessa de 2002, recém-formada na Escola de Teatro Macunaíma, o que ela diria ao ler que, em 2025, você estaria no palco falando de fraldas, amamentação e divórcios - e rindo disso tudo?
Wanessa Morgado O que ela diria? Eita... Acho que daria parabéns pra mulher que me tornei, apesar de todos os perrengues que já vivi, na minha criação mais conservadora, em meus alguns relacionamentos esquisitos, em meus medos e questões, vivi muito bem esses meus anos e cheguei vivíssima até aqui, onde pretendo seguir ainda mais viva!!

.: "Dom Casmurro - O Musical" retorna para duas apresentações em São Paulo


Indicada ao Prêmio APCA e vencedora do Prêmio Bibi Ferreira na categoria Dramaturgia Original, a produção revisita o clássico de Machado de Assis com ousadia, poesia e música original. Foto: Anne Beatriz

Após o sucesso de estreia em 2024 e das novas apresentações em 2025, o musical “Dom Casmurro”, adaptação do clássico de Machado de Assis, retorna ao palco do Teatro Gazeta, em São Paulo, para duas únicas sessões nos dias 4 e 5 de novembro. A produção, indicada ao Prêmio APCA nas categorias Melhor Espetáculo e Melhor Ator (Rodrigo Mercadante), conquistou público e crítica ao unir literatura, música e emoção, e segue ampliando seu reconhecimento ao receber duas novas indicações ao Prêmio Bibi Ferreira 2025 - Letra e Música e Dramaturgia Original em Musicais, categoria na qual foi vencedora. Os ingressos já podem ser adquiridos no site da Sympla ou na bilheteria física do teatro.

Assinada pela dupla Guilherme Gila (autor do premiado musical “A Igreja do Diabo”) e Davi Novaes (“O Que Restou de Você em Mim”), a adaptação conta com direção de Zé Henrique de Paula e propõe uma releitura contemporânea e musicalmente vibrante da obra-prima de Machado de Assis. A produção é uma parceria entre A Casa Que Fala e Tomate Produções, reafirmando o espaço dos musicais autorais no cenário brasileiro.


Um clássico reinventado pela música e pela emoção
O projeto de “Dom Casmurro” foi desenvolvido ao longo de três anos, em um processo colaborativo que buscou reinterpretar as tensões e ambiguidades entre Bentinho, Capitu e Escobar através de uma linguagem moderna. “Percebi que muitos musicais que amamos no exterior são baseados em obras literárias. Decidi então voltar o olhar para os nossos clássicos. ‘Dom Casmurro’ era a escolha perfeita”, comenta Gila, responsável pelas letras, músicas e direção musical.

A dramaturgia de Davi Novaes preserva a essência machadiana, mas convida o público a revisitar a história sob novas perspectivas. “Mantive a estrutura do livro, mas a narrativa agora dá espaço para a dúvida, o ciúme e a memória ganharem voz em forma de canção”, explica o autor. A direção de movimento é de Zuba Janaína, a luz é de Fran Barros, o desenho de som de Cauê Palumbo, os figurinos de Ùga agÚ, o visagismo de Jo Sant Anna e a cenografia, inspirada nas nuances psicológicas da obra, assinada também pelo diretor Zé Henrique de Paula. 


Elenco e a essência machadiana
O elenco original retorna para a nova temporada: Rodrigo Mercadante como Bentinho, Luci Saluzzi como Capitu, Cleomácio Inácio como Escobar, Larissa Carneiro como Prima Justina e Sancha, Fábio Enriquez como José Dias, Nábia Villela como Dona Glória e Eduardo Leão como Tio Cosme. A trilha sonora, que transita entre o rock e a MPB, reflete as emoções e conflitos dos personagens, executada ao vivo por Gila (piano e regência), Samir Alves (violino), Felipe Parisi (violoncelo) e Cássio Percussão (percussão).

Mais do que uma simples adaptação, “Dom Casmurro - O Musical” é uma celebração da literatura brasileira em forma de espetáculo. A produção convida o público a mergulhar no universo de Machado de Assis através de um diálogo entre texto, música e interpretação, oferecendo uma experiência sensorial e emocionante que reafirma o poder atemporal de seus personagens e dilemas.


Serviço:
"Dom Casmurro - O Musical"
Dias 4 e 5 de novembro
Terça-feira, às 20h00 | Quarta-feira, às 20h00
Teatro Gazeta – Av. Paulista, 900 – Térreo Baixo – Bela Vista, São Paulo – SP
Duração: 140 minutos (incluindo 15 min de intervalo)
Classificação: 12 anos

Ingressos:
VIP: R$150 (inteira) | R$75 (meia-entrada*)
Plateia: R$120 (inteira) | R$60 (meia-entrada*)
Venda on-line: https://bileto.sympla.com.br/event/111701
Bilheteria física: Teatro Gazeta (Av. Paulista, 900 – Térreo Baixo - Bela Vista, SP)
Horário de funcionamento: De terça à domingo das 14h às 20h

Convênio com Estacionamento
- MaxiPark - Estacionamento com desconto conveniado com entrada pela Rua São Carlos do Pinhal, 303 - subsolo com acesso por elevador ao térreo  (até 1h da manhã)
Indicação de outro estacionamento ao lado sem convênio:
- Top Center - Alameda Joaquim Eugênio de Lima, nº 424 Ou Rua São Carlos do Pinhal, nº 241  (24h)
Os ingressos dos assentos reservados para acessibilidade (PNE / PO) poderão ser adquiridos somente na bilheteria do teatro.


Ficha técnica
Texto e adaptação: Davi Novaes (baseado na obra de Machado de Assis) | Letras, músicas e direção musical: Guilherme Gila | Direção geral: Zé Henrique de Paula | Direção de movimentos: Zuba Janaína | Assistência de direção: Mafê Alcântara | Elenco: Rodrigo Mercadante, Luci Saluzzi, Cleomácio Inácio, Larissa Carneiro, Fábio Enriquez, Nábia Villela e Eduardo Leão | Banda: Guilherme Gila, Samir Alves, Felipe Parisi e Cássio Percussão | Figurino: Ùga agÚ | Cenografia: Zé Henrique de Paula | Visagismo: Jo Sant’anna | Desenho de Luz: Fran Barros | Desenho de Som: Caue Palumbo | Técnico de Luz: Claudio Gutierres | Técnica de Som: Tatah Cerquinho | Microfonista: Beatriz Passeti | Coordenação de produção: Rebeca Reis | Produção executiva: Titto Gonçalves | Coordenação de comunicação: Marcos Mattje | Assistência de produção: Anne Beatriz, Barbara Trabasso, Gabriel Arjona, Giulia Lavinia e Vitor Colli | Assessoria de imprensa: GPress Comunicação | Fotografia: Felipe Quintini, Anne Beatriz e Hallan Fidelis | Filmagem: Pedro Veras | Realização: A Casa que Fala e Tomate Produções.


sábado, 25 de outubro de 2025

.: Crítica: musical "Homem com H" reza o evangelho segundo Ney Matogrosso


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Foto: Adriano Doria

Alguns musicais nascem de uma ideia; outros, do fogo. “Ney Matogrosso - Homem com H” é dos que ardem e iluminam. A montagem da Paris Cultural, em cartaz no Teatro Porto até dia 7 de dezembro, não apenas homenageia um artista: celebra uma entidade em vida. Ney é invocado. O palco vira altar e arena, corpo e ferida, em um ritual em que o sagrado e o profano se misturam até perderem fronteira. Entre biografia musicada, liturgia do escândalo e exorcismo contra a caretice, o espetáculo vem lotando plateias e reafirmando o poder de quem transforma a própria existência em arte.

No palco, Renan Mattos é um corpo em combustão, em que arte, dor, prazer e liberdade se confundem. Nesse papel, ele está em estado de graça: o Ney Matogrosso que renasce em cena não é cópia, mas epifania. Há algo de místico no modo como o ator acende o palco - cada nota entoada por ele soa como oração pagã e os gestos dele se impõem como sacramento profano. Nesse espetáculo, o corpo do protagonista torna-se instrumento de fé e transgressão, a serviço de uma história que emerge da coragem de existir. É raro ver entrega assim, tão absoluta que parece abolir o limite entre ator e personagem, carne e mito. 

Renan Mattos canaliza o espírito de Ney Matogrosso como quem ergue um orixá: com respeito, intensidade e vertigem. Do menino tímido de Mato Grosso ao ícone que enfrentou a ditadura com o corpo nu e a voz em brasa; do amante que amou outro homem ao artista que reinventou o amor pelo pai e pela mãe; da sombra da Aids, quando tantos se apagaram, à luz de Cazuza, que começa como amante e termina como companheiro de fé. O espetáculo agrega tudo isso e faz da memória um espaço de comunhão. Cada canção é uma oferenda - não ao passado, mas ao que sobrevive dele, e também ao que restará de todos nós.

A encenação de Marilia Toledo e Fernanda Chamma é de uma inteligência cênica que não se rende ao deslumbramento. É grandiosa, mas não se perde na pirotecnia; é teatral, mas sem afetação. As diretoras compreendem que Ney é, por natureza, uma missa herética - e o espetáculo se estrutura como tal. O público assiste às transformações de figurino e maquiagem em cena como quem testemunha um milagre. Há algo de rito iniciático em ver o ator se pintar, despir-se, erguer-se e se reerguer diante de tantas camadas de si mesmo.

O texto costura vida e mito com ecos de Eduardo Galeano, autor de “As Veias Abertas da América Latina”. O Ney de “Homem com H”, intérprete de “Sangue Latino”, canta sem pudores  e sem reservas as veias expostas, as cicatrizes que não cicatrizam e o erotismo que resiste à moral. A trilha musical, conduzida por Daniel Rocha, é outro acerto. As canções - de “Pro Dia Nascer Feliz” a “Poema”, redescoberta no TikTok - reacendem o fogo de uma época que tentou ser silenciada e acabou virando mito. 

O musical entende que Ney nunca foi um sobrevivente, mas um transfigurador contrário à cultura do mais fácil. O figurino, as luzes e o uso do corpo coletivo do elenco convergem para um estado de celebração. “Homem com H” não se contenta em ser um retrato de uma biografia bem-sucedida: é uma experiência. Ney é o santo laico de uma geração que aprendeu que resistir também é um gesto estético. O espetáculo entende isso com devoção e insolência. É um musical que poderia se acomodar na reverência, mas prefere o risco de despertar a vontade de viver, mesmo quando o mundo insiste em morrer aos poucos. E é por isso que não é triste, mas profundamente vivo. "Homem com H" celebra um homem que caiu muitas vezes e, em todas elas, levantou-se maquiado, luminoso, inteiro, selvagem, livre e humano.


Musical "Ney Matogrosso - Homem com H"

Ficha técnica
Texto: Marilia Toledo e Emílio Boechat
Direção: Fernanda Chamma e Marilia Toledo
Coreografia: Fernanda Chamma
Direção musical: Daniel Rocha
Cenografia: Carmem Guerra
Figurinos: Michelly X
Visagismo: Edgar Cardoso
Desenho de som: Eduardo Pinheiro
Desenho de luz: Fran Barros & Tulio Pezzoni
Preparação vocal: Andréia Vitfer
Realização: Paris Cultural
Patrocínio: Porto Seguro
Produção geral: Paris Cultural

Elenco
Renan Mattos - Ney
Bruno Boer - Ney Cover
Vinícius Loyola e Pedro Arrais - Cazuza, Tonho, Cláudio Tovar e Romildo
Giselle Lima - Beíta, Renate Beija-Flor e Sandra Pera
Hellen de Castro - Rita Lee, Sylvia Orthof, Gilda e Yara Neiva
Enrico Verta - Gerson Conrad, Eugênio, André Midani e Frejat
Abner Debret - Vicente Pereira e Vitor Martins
Matheus Paiva - João Ricardo, Nilton Travesso e Marco de Maria
Dante Paccola - Ney Jovem, Mazzola e Paulnho Mendonça
Maria Clara Manesco - Luli, Lidoka e Fã
Tatiana Toyota - Elvira, Rosinha de Valença
Léo Rommano - Titinho, Moracy do Val, Luiz Fernando Guimarães e Arthur Moreira Lima
Ju Romano - Lena, Regina Chaves
Maurício Reducino – Ensemble
Valffred Souza - Ensemble
Vitor Vieira – Matogrosso e Guilherme Araújo
Oscar Fabião – Dódi e Grey

Banda
Teclado 1 e Regência - Rodrigo Bartsch
Teclado 2 e sub de Regência - Renan Achar
Bateria e percussão - Kiko Andrioli
Trombone, trompete, flugel - Renato Farias
Baixo elétrico, acústico e violão - Eduardo Brasil
Reed (sax tenor, clarinete, clarone, flauta) - Tico Marcio

Serviço
Temporada: 19 de setembro a 7 de dezembro de 2025
Sessões: sextas e sábados às 20h e domingos às 17h.
Duração do espetáculo: 3h (com 15 minutos de intervalo)

Ingressos
Plateia R$ 250,00
Balcão e frisa R$ 200,00
Preço Popular*: 50,00  *Obs. O ingresso PREÇO POPULAR é válido para todos os clientes e segue o plano de democratização da Lei Rouanet e está sujeito à cota estabelecida por Lei para este valor. O comprovante para compras ao valor de meia entrada é obrigatório e deverá ser apresentado na entrada do espetáculo.

Teatro Porto
Al. Barão de Piracicaba, 740 – Campos Elíseos – São Paulo.
Telefone (11) 3366.8700
Capacidade: 508 lugares.
Acessibilidade: 10 lugares para cadeirantes e 5 cadeiras para obesos.
Estacionamento no local: Gratuito para clientes do Teatro Porto.

O Teatro Porto oferece a seus clientes uma van gratuita partindo da Estação da Luz em direção ao prédio do teatro. O local de partida é na saída da estação, na Rua José Paulino/Praça da Luz. No trajeto de volta, a circulação é de até 30 minutos após o término da apresentação. E possui estacionamento gratuito para clientes do teatro.

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

.: Consciência Negra: Porto recebe "E Vocês, Quem São?", de Samuel de Assis

O ator global leva ao palco uma reflexão sobre identidade, memória e a luta por reconhecimento do povo preto


No Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro, o Teatro Porto recebe uma apresentação especial do espetáculo "E Vocês, Quem São?", de Samuel de Assis, às 19h. Com dramaturgia de Jonathan Raymundo, a montagem discute a responsabilidade pela realidade brutal e violenta vivida pelas pessoas pretas. A venda de ingressos está aberta pelo site www.sympla.com.br/teatroporto e na bilheteria oficial do teatro.

Definida pelo próprio Samuel de Assis como um texto forte, reflexivo e provocativo para reverberar na cabeça de todos, a peça nasceu de um desabafo. “Eu pedi um texto ao Jonathan e ele me mandou a primeira versão em três horas. Acho que tudo já estava na cabeça dele e ele derramou o texto na tela. Então, peguei o texto proseado dele e fiz um trabalho de dramaturgismo para criar uma história. Como eu não sabia se isso ia dar certo, fiquei receoso de chamar alguém para dirigir, por isso todo o processo de ensaio fiz em frente ao espelho”, conta.

O projeto parte de alguns questionamentos recorrentes e debates bem atuais sobre raça, gênero, classe e outros temas fundamentais, como “O que é lugar de fala?”, “Quem detém o direito de construir a narrativa verdadeira sobre a realidade?” e “Qual é o valor da vida?”.

O público acompanha o relato que traz um apanhado histórico do Brasil, expondo a versão visceral de um país fundado em pilares racistas e inquisidores. E o texto ainda é acompanhado por uma reflexão sobre Machado de Assis, um dos maiores autores negros brasileiros, que foi “embranquecido” pela história oficial.

“Costumo dizer que esse espetáculo mudou minha vida, porque ele me ensinou muita coisa. Sou um homem preto que foi criado no mundo branco. Eu me reconheci, me aceitei e passei a reconhecer o mundo com um olhar de um homem preto já na vida adulta. Só aí comecei a entender de verdade o mundo real e comecei a lutar. E eu acredito que sou um homem melhor e mais forte depois desse espetáculo, que é feito pra todo mundo – pra quem é branco, preto, amarelo, quem está vivo”, reflete o ator e diretor.

A direção de arte do espetáculo é assinada por Marcio Macena, que criou uma cenografia minimalista composta apenas por um coração humano. “O Marcio é meu parceiro desde que comecei a fazer teatro. Quando eu disse que queria botar tudo o que estava guardado no meu peito para fora nesta peça, ele logo disse que a cenografia deveria refletir isso. Ela simboliza o fato de que eu estou colocando o meu coração nas mãos de todas as pessoas que estão ali assistindo a peça”, comenta Assis.

Já os figurinos foram criados pela marca de roupas Meninos Rei, de Junior Rocha e Céu Rocha, que marcam sua estreia no teatro. A confecção baiana, que estreou na São Paulo Fashion Week em 2021, foi escolhida por representar a ancestralidade e a autenticidade da população preta.

E a trilha sonora, tocada ao vivo pelos músicos Cauê Silva e Leandro Vieira, reúne músicas de cantores e compositores pretos famosos, incluindo uma canção original do rapper Coruja BC1 e outra de Larissa Luz, que ainda assina a direção musical ao lado do coletivo Os Capoeira.

“Fico muito feliz ao ver que a trilha sonora da peça caminha junto com o texto e fala por si só. Acho que ver essas duas forças poderosas se complementando e falando juntas é muito bonito de se ver”, acrescenta Samuel de Assis.

Ficha técnica:

Atuação e Direção Geral: Samuel de Assis Texto: Jonathan Raymundo. Direção Musical: Larissa Luz e Os Capoeira (Felipe Roseno, Mestre Dalua, Cauê Silva e Leandro Vieira). Direção Coreográfica: Tainara Cerqueira. Direção de Arte: Márcio Macena. Figurino: Meninos Rei por Junior Rocha e Céu Rocha. Arte do Cenário: Carol Carreiro. Iluminação: César Pivetti. Músicos: Cauê Silva, Leandro Vieira, Rogério Roggi, Marcinho Black, Ito Alves. Op. Som: Felipe Grilo, Silney Marcondes, Paulo Altafim. Op. Luz: Ari Nagô, Ian Bessa, Teo Possatti. Camareira: Jacque Vilar. Designer Gráfico: Pietro Leal. Direção de Produção: Morena Carvalho. Assessoria de Imprensa: Manu Souza. Co-Produção: Estapafúrdia Produções. Realização: Samukaju Produções. 



Serviço

E Vocês, Quem São?

Dia 20 de novembro, quinta-feira, às 19h.

Ingressos:  

Plateia R$ 100,00

Balcão e frisa R$ 80,00

Gêneno: Drama

Duração: 75 minutos 

Classificação indicativa: 14 anos


TEATRO PORTO

Al. Barão de Piracicaba, 740 – Campos Elíseos – São Paulo.

Telefone (11) 3366.8700


Bilheteria:

Aberta somente nos dias de espetáculo, duas horas antes da atração.

Clientes Porto Bank mais acompanhante têm 50% de desconto.

Clientes Porto mais acompanhante têm 30% de desconto.

Vendas: www.sympla.com.br/teatroporto

Capacidade: 508 lugares.

Formas de pagamento: Cartão de crédito e débito (Visa, Mastercard, Elo e Diners).

Acessibilidade: 10 lugares para cadeirantes e 5 cadeiras para obesos.

Estacionamento no local: Gratuito para clientes do Teatro Porto.

O Teatro Porto oferece a seus clientes uma van gratuita partindo da Estação da Luz em direção ao prédio do teatro. O local de partida é na saída da estação, na Rua José Paulino/Praça da Luz. No trajeto de volta, a circulação é de até 30 minutos após o término da apresentação. E possui estacionamento gratuito para clientes do teatro.

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quarta-feira, 22 de outubro de 2025

.: Teatro: comédia dramática "Valência = 2 homens + 1 cooler" estreia no IBT

A amizade genuína entre dois homens é colocada em pauta pela comédia dramática "Valência = 2 homens + 1 cooler”, texto inédito escrito e dirigido por Michelle Ferreira, que tem sua temporada de estreia na sede do IBT - Instituto Brasileiro de Teatro, de 24 de outubro a 30 de novembro, com apresentações às sextas e aos sábados, às 20h; e aos domingos, às 19h.

Na trama, Juno Mangue (Victor Bittow) e Patrick Heffer (Rodolfo Amorim) são dois grandes amigos. Na adolescência, vivem sob o mesmo código moral e compartilham interesses em comum num país que parecia ter um futuro brilhante, assim como eles. 

Mas o tempo passou e, quando se dão conta, são homens de meia idade, confusos e ressentidos. Agora, Patrick está doente e precisa urgentemente de um transplante de rim. Seu melhor amigo se oferece como doador. Mas eis que por trás do ato de solidariedade de Juno, surge uma dúvida: e se fosse ao contrário? Patrick faria isso por ele? 

Valência é um jogo escrito para dois atores que representam diferentes arquétipos masculinos. Nessa partida ganha quem provar, para os espectadores e para si mesmo, a versão verdadeira dos fatos. Por isso Juno e Patrick disputam, palavra a palavra, autoridade sobre a realidade, até que são desafiados a praticar a empatia de forma concreta. E para isso precisam literalmente ficar um no lugar do outro.

“Embora o amor romântico seja muito mais celebrado, a amizade é uma das relações humanas mais reveladoras. Despida de outros interesses, arroubos ou compromissos de sangue, a amizade nos coloca diante da escolha radical de amar alguém que nos lembra constantemente quem somos de verdade. Mas até onde podemos ir por um amigo? Daríamos a ele um pedaço de nós mesmos?”, questiona a autora e diretora Michelle Ferreira.


Michelle Ferreira (autora e diretora)

Atriz, dramaturga, roteirista e diretora. Formada pela Escola de Arte Dramática - EAD/USP, foi integrante do Núcleo de Dramaturgia do CPT, com coordenação de Antunes Filho, por oito anos. Indicada ao Prêmio Shell de melhor dramaturgia pelo espetáculo "Os Adultos estão na Sala", também é autora dos espetáculos "Bárbara", solo de Marisa Orth, e “A Última Entrevista de Marília Gabriela”.


Rodolfo Amorim (ator)

Ator formado pela Escola de Arte Dramática - EAD/USP e pela Faculdade Paulista de Artes. Integrante do Grupo XIX de Teatro, onde atuou nos espetáculos “Hygiene”, “Arrufos” e “Teorema 21”. Desde 2014, pesquisa a presença do ator e o teatro autobiográfico com o diretor Antônio Januzelli, o Janô, com quem desenvolveu o solo “Galo Índio”.


Victor Bittow (ator)

Ator formado pela Escola de Arte Dramática - EAD/USP, é um dos fundadores do grupo As Olívias, com quem desenvolveu diversos projetos para teatro, internet e televisão. Atuou nos espetáculos “Vitaminas”, com o Núcleo de Pesquisas do Grupo XIX de Teatro, "Os Médios", com a Má Companhia Provoca; e "Riso Nervoso" e "Mulher, Imagina!", com As Olívias (texto e direção de Michelle Ferreira).


Ficha Técnica

Dramaturgia e direção: Michelle Ferreira

Elenco: Rodolfo Amorim e Victor Bittow

Assistência de direção: Sofia Jesion

Direção de movimento: Fabiano Nunes

Figurinos: Marianna Armellini

Desenho de luz: Cesar Pivetti

Trilha sonora / desenho de som: Eric Budney

Produção: Fani Feldman


Sinopse: "Valência = 2 homens + 1 cooler” conta a história de um homem que precisa urgentemente de um transplante de rim. Seu melhor amigo se oferece como doador, mas o que parecia ser somente um ato de compaixão se torna estopim de uma crise de consciência e de um acerto de contas de uma amizade de mais de 30 anos.


Serviço

Espetáculo "Valência = 2 homens + 1 cooler”

Temporada: 24 de outubro a 30 de novembro de 2025

Às sextas e aos sábados, às 20h; e aos domingos, às 19h

Sessões extras: 17 e 24/11, segundas-feiras, às 20h

IBT - Instituto Brasileiro de Teatro - Av. Brigadeiro Luís Antônio, 277, Bela Vista

Ingressos: gratuitos (distribuídos 1h antes na bilheteria do teatro)

Duração: 70 minutos

Classificação indicativa: 12 anos

Capacidade: 60 lugares 

Acessibilidade: Teatro é acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida

domingo, 19 de outubro de 2025

.: Teatro: Thalles Cabral vai até a beira do precipício para enfrentar a tristeza


Por Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Fotos: Ronaldo Gutierrez

Thalles Cabral, ator, músico e protagonista do solo "Triste! Triste… Triste?", mergulha em uma das experiências mais intensas da arte: a representação da perda de uma mãe e a busca por identidade em meio ao luto. Inspirado no livro "Triste Não É ao Certo a Palavra", escrito por Gabriel Abreu, e dirigido por Nicolas Ahnert, o espetáculo não apenas traduz a dor do personagem, mas a transforma em uma experiência sensível, íntima e, por vezes, surpreendentemente leve para o público.

Em entrevista exclusiva ao portal Resenhando.com, Thalles fala sobre a liberdade de interpretar um solo literário, a complexidade de misturar memórias próprias com as do personagem e a relação quase terapêutica que se estabelece entre ator e público. Ele comenta ainda como o humor e o cinismo coexistem com a tragédia, criando camadas que tornam o espetáculo um convite à reflexão sobre memória, família e identidade. 


Resenhando.com - Interpretar um filho lidando com a iminência da morte da mãe exige mergulhar em emoções extremas. Como você separa o que é seu do que é do personagem em cenas tão íntimas e dolorosas?
Thalles Cabral - Eu gosto de ir até a beira do precipício. O que eu mais prezo na atuação é a verdade. Como ator, preciso acreditar naquilo pra que os outros acreditem também. E pra isso, acabo buscando dentro de mim ferramentas pra acionar esse lugar: memórias, sensações, experiências, que possam me colocar ao lado daquele personagem. Muitas vezes são emoções que já conheci, mesmo que em outra intensidade. Se há algo de similar, já serve. Depois vem a investigação, o quanto usar, até onde ir. Não me interessa criar um personagem sem misturar algo de mim e tão pouco me confundir com ele. O que me move é essa linha tênue, chegar perto do abismo, mas não saltar.


Resenhando.com - Sua carreira transitou entre novelas, séries e cinema. O que muda na sua abordagem quando o palco é um solo literário, e você não tem outros atores para “compartilhar” a carga emocional?
Thalles Cabral - Quando o Nicolas surgiu com o convite pra transformar o livro em um solo, eu hesitei. Contar uma história sozinho é um desafio enorme. O jogo com outros atores é uma das maiores alegrias do teatro, e abrir mão disso me parecia um risco grande. Mas quando li o livro do Gabriel e depois a adaptação do Nicolas, vi que "Triste..." é, na verdade, um terreno fértil, cheio de possibilidades. E com o tempo, percebi que, no fundo, não estou sozinho. O público, tão perto, respira junto comigo. Eles se tornam meus parceiros de cena, e é com eles que eu compartilho essa viagem toda.


Resenhando.com - O personagem que você interpreta lida com memória, identidade e cinismo. Algum 
desses elementos acabou refletindo em você durante os ensaios ou na vida pessoal?
Thalles Cabral - Ah, passei por todos esses e mais alguns (risos). É impossível lidar com as diferentes emoções que um texto exige sem se encharcar delas. Mas acho que o que mais ficou em mim foi a relação com a memória. Revirei fotos minhas quando criança, fotos antigas dos meus pais, fui atrás desses registros, que aliás é uma coisa maravilhosa. Com o digital, a gente foi perdendo o costume de revelar as fotos, mas eu sempre tive essa mentalidade de registrar tudo, tenho HDs cheios de fotos e vídeos. Acho que a memória é o que nos faz ser quem somos, e é preciso preservá-la com carinho.


Resenhando.com - Em "Triste! Triste… Triste?", o humor surge como contraponto à tragédia. Qual foi 
o momento mais divertido ou irônico que você descobriu dentro do luto do personagem?
Thalles Cabral - Acho que os momentos mais divertidos são os das lembranças da mãe. Ela nunca aparece em cena, mas está por toda parte, principalmente nessas histórias que o filho rememora num tom quase de talk show. Essa escolha foi linda, porque humaniza a ausência. Aquelas histórias são engraçadas, familiares, e o público se reconhece nelas. Nos ensaios, a gente explorou muito essas passagens, buscando uma forma de narrar leve e íntima, como quem conta algo da própria vida. E nesses momentos, eu realmente me diverti.


Resenhando.com - Você já lidou com grandes prêmios e reconhecimento no cinema. Como é lidar com a vulnerabilidade extrema do teatro íntimo, onde cada gesto e silêncio pesa para o público?Thalles Cabral - O teatro é uma das coisas que eu mais amo na vida e o lugar onde eu mais me sinto inteiro. Faço desde os sete anos, e ainda hoje é o espaço onde mais aprendo sobre mim. Talvez só andar de bicicleta tenha começado tão cedo e permanecido até hoje (risos). Existe algo de muito especial entre o ator e o público, algo que não se explica, só se vive. Essa vulnerabilidade é o que me fascina. É o risco, a troca, a sinergia com aquele público daquela noite, um pacto que nunca se repete. Ainda não inventaram nada melhor do que sair de um teatro mexido depois de uma peça boa. E tentar provocar isso nos outros é um privilégio raro.


Resenhando.com - Ao explorar a dor do filho, você se sentiu obrigado a buscar memórias próprias de perda, ou conseguiu criar tudo a partir da imaginação e empatia? 
Thalles Cabral - Sim. Eu vejo o espetáculo como uma grande alegoria do luto. O personagem atravessa todas as fases desse sentimento, ora de maneira realista, ora num registro mais lúdico. É quase um ensaio sobre o que significa perder. O luto é sempre uma quebra, uma interrupção, e pode aparecer de muitas formas na vida, não só na morte. Durante o processo, olhei pras minhas próprias experiências de perda e lembrei de como reagi diante delas. Acho que é sempre a partir da gente que o trabalho começa.


Resenhando.com - O solo é inspirado no livro de Gabriel Abreu, mas Nicolas Ahnert expandiu a 
narrativa. Qual foi a cena que mais te desafiou a reinventar sua própria atuação dentro dessa liberdade dramatúrgica?
Thalles Cabral - A cena em que as várias vozes da cabeça dele começam a discutir foi, sem dúvida, a mais desafiadora. Era preciso dar identidade a cada uma delas sem nenhum apoio visual, só com corpo e voz. Além disso, a cena tem um ritmo próprio, que vai crescendo até quase o caos. Demorei pra encontrar o tom dela, mas depois virou uma das minhas favoritas.


Resenhando.com - Thalles, você já disse que seu disco “Utopia” é uma narrativa própria, com clipes dirigidos por você. Existe alguma relação entre a construção desse universo musical e a construção do personagem em "Triste! Triste… Triste?"?
Thalles Cabral - "Utopia" é um álbum que fala sobre uma geração que vive pro amanhã, um amanhã distante, idealizado, quase inalcançável, e acaba esquecendo do agora. O personagem de Triste é o oposto. Ele não vive pro futuro, vive preso ao passado, sem perspectiva. É justamente olhando pra trás que ele consegue se mover pra frente. De algum modo, os dois se encontram nesse mesmo estado de suspensão: o que paralisa por excesso de futuro e o que paralisa por excesso de passado. Talvez ambos estejam tentando entender o agora, que é o lugar mais difícil de habitar.


Resenhando.com - A peça fala de uma geração anestesiada em busca de identidade. Você se identifica com essa “geração” ou vê o personagem como um espelho crítico do que poderia ter
sido você?
Thalles Cabral - 
Acho que o teatro e a arte no geral sempre me fizeram olhar pro mundo de outro jeito. Desde pequeno, sou curioso, atento, inquieto. O personagem de "Triste..." evita o enfrentamento, foge daquilo que realmente importa, e nisso a gente é bem diferente. Eu não fujo. Posso levar um tempo pra elaborar, pra entender como abordar certas coisas, mas enfrento logo. Não gosto de prolongar nada. E quanto à busca de identidade, eu entendo que é algo que vai nos acompanhar durante a vida toda, e isso não me angustia. Pelo contrário, gosto de me surpreender comigo mesmo e me sinto orgulhoso de quem estou me tornando.


Resenhando.com - Se pudesse escolher um momento do espetáculo para que o público lembrasse de 
você para sempre, qual seria?
Thalles Cabral - Não escolheria um momento, mas uma sensação. Triste oferece várias possibilidades de reflexão, e cada espectador leva a sua. Eu adoro quando vou ao teatro e saio com uma tarefa de casa, algo que me acompanha na volta, que me faz pensar sobre a minha vida. É isso que eu desejo pro público, que saiam pensando sobre as próprias relações, sobre como se comunicam com seus pais, filhos, amores. A palavra é o início e o fim de tudo.

 
Ficha técnica
Epetáculo "Triste! Triste… Triste?"
Texto e direção: Nicolas Ahnert. Elenco: Thalles Cabral. Cenário e figurino: Pazetto. Iluminação: Nicolas Caratori. Trilha sonora: Alê Martins. Direção de produção: Nicolas Ahnert. Produção: Laura Sciulli e Victor Edwards. Realização: ZERO TEATRO.

 
Serviço
Epetáculo "Triste! Triste… Triste?"
Temporada: outubro (sábados, às 20h00, e domingos, às 19h00). Novembro (sábados, às 20h00, domingos, às 19h00, e segundas, às 20h00)
Classificação: 14 anos
Duração: 70 minutos
Ingressos: R$80
Link para venda: linktr.ee/tristeespetaculo
Teatro Do Núcleo Experimental
R. Barra Funda, 637 - Barra Funda/São Paulo
Capacidade: 100 lugares.



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