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domingo, 15 de setembro de 2024

.: Crítica: "Querido Evan Hansen": as mentiras piedosas em musical sensível


Produzido pela Estamos Aqui Produções, de “A Cor Púrpura”, e Touché Entretenimento, de “Beetlejuice”, o espetáculo vencedor de 6 Prêmios Tony chega ao Brasil para, além de entreter, sensibilizar e apoiar a saúde mental dos jovens. Gab Lara é Evan Hansen em "Querido Evan Hansen" | Foto: Carlos Costa

Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

Evan Hansen é, talvez, o personagem mais controverso dos musicais lançados na Broadway. Certeza, no entanto, é que ele é o mais abnegado de todos. No musical "Querido Evan Hansen", em cartaz até dia 22 no Teatro Liberdade, defendido pelo talento de Gab Lara - o personagem brilha em cada apresentação, tudo pela entrega do intérprete - que tem a maturidade e as nuances certas para cada passo do personagem. É correto afirmar, também, que o Brasil encontrou o ator ideal para defender personagem tão emblemático. Tudo em Gabs grita Evan Hansen e a sua voz afinada, e os seus olhos de mar, transmitem pureza a um personagem que, de tão politicamente incorreto, também é o mais humano de todos os que o público está habituado.

A abnegação vem do fato de Evan Hansen mentir o tempo todo para proteger os outros de uma realidade duríssima. E esse desprendimento, a partir de "mentiras piedosas" que ele distribui à torto e à direita durante todo o espetáculo, fazem do personagem alguém que mata a si próprio por dentro para agradar os outros. Ele abre mão do que ele é para dizerem o que as pessoas querem ouvir - o problema é começar a se beneficiar, e a gostar disso. 

Versão brasileira da Estamos Aqui Produções e Touché Entretenimento, "Querido Evan Hansen", que faz barulho no mundo inteiro, já pode ser considerado um clássico contemporâneo, tendo em vista que é composto por alguns elementos que fazem a cabeça da juventude moderna - a viralização pela internet que tira alguém do completo anonimato para alçar a fama e realizar grandes feitos é tudo o que a maioria almeja e é experimentado por Evan Hansen, o que pode gerar identificação com ele. 

Do outro lado da história, está Vanessa Gerbelli, intérprete da mãe do protagonista. Ela é destaque absoluto no espetáculo e, ao mesmo tempo, um chamariz. Rosto conhecido nas telenovelas brasileiras, ela surpreende ao público ao misturar o carisma de uma personagem que tem dilemas reais, e uma voz cristalina. Thati Lopes, mais conhecida pela comédia, surpreende em um papel dramático. Além de convencer como uma adolescente que busca recomeçar após uma situação de luto, também entrega uma bela voz afinada e, ao mesmo tempo, desconcertante. 

Hugo Bonemer empresta seu talento ao personagem que é a chave de tudo o que acontece na trama. É a partir da história dele que a história avança e tê-lo em qualquer espetáculo é, hoje, uma espécie de selo de qualidade. Sobre a direção delicada de Tadeu Aguiar, capaz de abordar com certa leveza um tema tão perene e indigesto, "Querido Evan Hansen" vai crescendo sustentado por grandes interpretações. Gui Figueiredo e Tati Christine dão leveza ao espetáculo e rendem bons momentos. Mouhamed Harfouch e Flávia Santana adicionam drama na medida certa na tarefa árdua de interpretar pais que perderam um filho. 

"Querido Evan Hansen" é daquelas obras em que tudo colabora para que seja inesquecível. Das músicas à escalação do elenco, dos cenários à orquestra ao vivo, o espetáculo faz refletir sobre o peso das escolhas que são assumidas pelo caminho e a importância de ser genuíno consigo mesmo e com os outros. Também aponta para saídas mais verdadeiras, como mudar de ideia no meio do percurso.



Ficha técnica
Musical "Querido Evan Hansen"
Elenco: Gab Lara, Vannessa Gerbelli, Mouhamed Harfouch, Flavia Santana, Hugo Bonemer, Thati Lopes, Gui Figueiredo e Tati Christine.
Produzido por Estamos Aqui Produções e Touché Entretenimento
Concepção, tradução e direção original: Tadeu Aguiar
Produção geral: Renata Borges Pimenta e Eduardo Bakr
Direção musical: Liliane Secco
Direção de movimento e Coreografias: Suely Guerra
Cenografia: Natália Lana
Figurinos: Ney Madeira e Dani Vidal
Design de luz: Dani Sanchez
Design de som: Gabriel D’Angelo
Conteúdo e imagens: Agência Control+
Assessoria de imprensa: GPress Comunicação > Grazy Pisacane


Serviço
Musical "Querido Evan Hansen"
Teatro Liberdade - R. São Joaquim, 129, São Paulo - São Paulo
Até dia 22 de setembro
Sessões: às sextas-feiras, às 21h00, sábados, às 16h00 e às 20h00, domingos, às 16h00
Valor: R$ 60,00 e R$ 280,00
Vendas: Site Sympla (com taxa de conveniência) | Bilheteria do Teatro
Duração: 2h30min (com intervalo de 15min)
Gênero: Musical
Classificação: 14 anos
*Desconto 35%: Obtenha 35% de desconto no ingresso inteiro ao preencher o formulário durante o processo de compra.
Obs: Para comprar mais de um ingresso nessa modalidade, basta preencher um formulário por ingresso conforme será solicitado. Desconto disponível para todos os públicos.
*Clientes Glesp:  Clientes Glesp tem 25% de desconto nos ingressos inteiros mediante a aplicação do cupom, limitado a 4 ingressos por cupom. Válido para todos os setores.


Horário de funcionamento de bilheteria
Atendimento presencial: de terça à sábado das 13h00 às 19h00. Domingos e feriados apenas em dias de espetáculos até o início da apresentação.


.: Musical da Broadway, "Hairspray" está em cartaz no Teatro Renault


Montagem idealizada por Tiago Abravanel desembarca em São Paulo depois de temporada de sucesso no Rio. Foto: João Caldas


Os anos 60 e muito fixador de cabelo chegam em São Paulo com o espetáculo da Broadway, “Hairspray”. O elenco é composto por grandes nomes dos musicais como Aline Cunha, Ivan Parente, Lindsay Paulino, Pâmela Rossini, Rodrigo Garcia, Thales Cesar, Tiago Abravanel e Vânia Canto. O espetáculo está em cartaz no Teatro Renault, depois de uma curta temporada no Rio de Janeiro com público de mais de 35 mil pessoas. “Hairspray” conta a história da jovem estudante Tracy Turnblad (Vânia Canto), que sonha em se apresentar em um programa musical nos Estados Unidos. 

A história se passa nos anos 60 e, por ser uma garota gorda, enfrenta desafios para conquistar seu sonho. Para isso, conta com a ajuda de muitos amigos como Corny Collins (Ivan Parente), Link Larkin (Rodrigo Garcia), Motormouth Maybelle (Aline Cunha), Penny Pingleton (Pâmela Rossini) e Seaweed J. Stubbs (Thales Cesar). No caminho ao estrelato, ela precisa superar a rival Amber Von Tussle (Verônica Goeldi) e todas as artimanhas de sua mãe e produtora do programa musical, Velma Von Tussle (Liane Maya). Tracy também contará com o apoio de seus pais Wilbur Turnblad (Lindsay Paulino) e Edna Turnblad (Tiago Abravanel).

O público brasileiro poderá conferir as icônicas músicas do espetáculo como "Good Morning Baltimore", "I Know Where I’ve Been" e "You Can’t Stop the Beat", com a versão brasileira é de Victor Mühlethaler. A montagem foi idealizada por Abravanel ao lado de Antônia Prado, Rafael Villar e Tinno Zani. Antônia, Tinno e Tiago ainda dividem a direção do espetáculo. “'Hairspray' faz parte da minha história no teatro. Eu interpretei Edna nos meus tempos de estudante e também fui substituto do Edson Celulari na versão brasileira de 2009 do musical. Além disso, já perdi a conta de quantas vezes assisti a versão cinematográfica com John Travolta, que fez o mesmo papel”, revela Tiago. 

Já para Antonia Prado, "Hairspray" sempre esteve no seu radar. “Sou encantada pela história e pelos personagens deste musical”, conta a produtora. Para Tinno, a produção da peça é muito simbólica, um marco na sua carreira artística. “São quatro anos galgando e maturando passo a passo esse lugar que hoje o Hairspray está ocupando. Ele é um espetáculo que, para além das pautas que ele levanta, para mim celebra a amizade e a integração entre mim, Tiago, Rafa e Toquinha (Antonia), comemora.

A direção musical é de Rafael Villar, sócio da Motivo Produtora e deste musical, ao lado de Tinno Zani. “'Hairspray' é um espetáculo que, de fato, qualquer um que for assistir, além de se divertir e sair com as músicas na cabeça, com certeza vai sair refletindo muito mais sobre preconceitos de uma forma geral”, diz Rafael. “Produzir 'Hairspray' no Brasil é um sonho transformado em realidade. Esse musical vai muito além das pautas, temos um super show de entretenimento que foi pensado em cada detalhe, desde o cenário cartunesco e a concepção dos mais de 200 figurinos, que vão ganhando cor ao longo do espetáculo, até as quase 100 perucas que ajudam a caracterizar os personagens e levá-los para a década de 60. Isso tudo somado ao talento de 30 atores em cena e uma orquestra de 10 músicos tocando ao vivo”, conta Tiago. “O que o público vê no palco é o reflexo do trabalho de uma equipe gigantesca, com mais de 300 pessoas envolvidas direta e indiretamente, trazendo um espetáculo que é uma explosão para o público que ri, se emociona e ainda tem a oportunidade de refletir sobre questões sociais ainda tão atuais”, completa Tiago, reforçando o orgulho de fazer parte de um espetáculo feito por brasileiros e que não deixa nada a desejar para as montagens da Broadway.


Sobre o espetáculo
“Hairspray” é um musical que se passa na década de 1960 em Baltimore, Estados Unidos, e segue a trajetória de Tracy Turnblad, uma jovem otimista e cheia de energia que sonha em dançar no programa de TV local “The Corny Collins Show”. Fora dos tradicionais padrões de beleza, Tracy enfrenta muitos preconceitos, mas, ao ganhar um lugar no show e virar uma celebridade instantânea, se junta a seus amigos para lutar contra a segregação racial e promover a inclusão de todos na cidade: brancos, pretos, gordos, magros etc.


Sobre o elenco
Além de Tiago Abravanel, que viverá Edna Turnblad, mãe da personagem principal, o elenco reúne os atores Aline Cunha, como Motormouth Maybelle; Emmy Oliveira, interpretando a Pequena Inez; Giovana Zotti, como Prudy Pingleton; Ivan Parente, no papel de Corny Collins; Liane Maya, como Velma Von Tussle; Lindsay Paulino, como Wilbur Turnblad; Pâmela Rossini, como Penny Pingleton; Rodrigo Garcia, como Link Larkin; Thales Cesar, como Seaweed Stubbs; Vânia Canto, como Tracy Turnblad e Verônica Goeldi, como Amber Von Tussle.

Carol Pita, Yasmin Calbo e Julia Sanchis fazem parte do Ensemble e estarão disponíveis também como cover de Amber e Penny, respectivamente, além Eddy Norole. O mesmo acontecerá com Manu Gioieli (cover Tracy), Douglas Motta e Vitor Veiga (covers Seaweed), Teo Brito (cover Link), Alvinho de Pádua (cover 2 Link), Pedro Navarro (cover Corny) e Bernardo Berro (cover Edna). Já os atores que têm o grande trabalho de atuarem como “swing” durante o espetáculo são Claudia Rosa (cover Velma e Prudy), Nicole Luz (também cover da Pequena Inez), André Luiz Odin (também cover de Wilbur e Corny) e Tiago Dias (cover Seaweed). As três Diamantes são interpretadas por Thais Ribeiro, Larissa Noel e Carol Roberto. Ao todo são 30 atores e 12 músicos na orquestra.


Sobre a equipe criativa
A versão brasileira das músicas icônicas de Hairspray foi feita por Victor Mühlethaler, que já assinou musicais como “Priscilla - A Rainha do Deserto”, “Uma Linda Mulher”, “Evita Open Air”, entre outros, além de “Wicked” e “A Pequena Sereia”, ao lado de Mariana Elisabetsky. Foi vencedor de três prêmios Bibi Ferreira de Melhor Versão de Musicais. “Esse musical é uma verdadeira aula de comédia musical porque é muito bem escrito, por Marc Shaiman e Scott Wittman, e foi um prazer poder fazer a adaptação. Existem várias gírias da época e eu precisei fazer um mergulho também nessa cultura dos anos 60, no Brasil, como os jovens daquele momento falavam, sem tirar a linguagem da época, nos Estados Unidos”, conta.

Para o figurino, foi escalado Bruno Oliveira. Com uma carreira que começou aos 11 anos, ele já soma mais de um quarto de século criando figurinos que são verdadeiras declarações de arte. Foi responsável pelos espetáculos “Conserto para Dois – o Musical”, “A Fabulosa Fábrica de Música e “O Guarda Costas”, entre outros. Recentemente, foi o responsável pela fantasia icônica de Paolla Oliveira, no Carnaval. Sobre Hairspray, Bruno é muito emocionante falar sobre esse musical. “Poder revisitar todos os personagens que nos levam para caminhos de muitas cores e formas foi prazeroso demais. Tive a liberdade de trazer uma nova leitura do figurino desse espetáculo e isso foi muito desafiador”, completando que ao todo são 238 figurinos confeccionados para o espetáculo.

A cenografia ficou a cargo de Rogério Falcão, arquiteto, cenógrafo e designer que focou sua carreira em cenografia teatral, show e principalmente teatro musical, sendo indicado a vários prêmios de melhor cenografia do meio. “Para Hairspray, tive a liberdade de criar uma identidade de cada cenário com muitas cores vintage e uma pegada cartunista bem dos anos sessenta”, explica Falcão.

As perucas, sem dúvida, são o grande diferencial de Hairspray. Ao todo são 98 perucas, que ficaram sob a responsabilidade de Feliciano Sanroman que cuidou dos desenhos de perucas de grandes musicais no Brasil como “Priscilla – A Rainha do Deserto”, “Tarsila, a Brasileira” e “A Pequena Sereia”. “Foi uma felicidade imensa desenvolver esse trabalho em Hairspray. Pude trabalhar livremente já que nosso produto é totalmente brasileiro, com criativos locais. A gente rompeu com os penteados e as cores, e foram muitas horas de trabalho em perucas front lace, implantes de lace suíço, com uma equipe de 14 pessoas trabalhando durante um mês e meio para termos um material de aparência o mais natural possível. É um orgulho muito grande estar nesse projeto”, conta Feliciano.

Luciano Paradella foi o escolhido da produção para cuidar das maquiagens, que têm o papel de transformar os atores em cena. Formado pelo Senac como maquiador e caracterizador. Trabalhou 17 anos em TV e já fez alguns trabalhos em teatro e publicidade. Fez visagismo para a peça “Os Saltimbancos” e trabalhou com caracterização de muitos personagens. “A criação da maquiagem foi toda feita em parceria com os figurinos de Bruno Oliveira e com o Feliciano, da perucaria. Tem muito dos anos 60 nessa composição, mas com um toque de modernidade. Pensei muito na concepção da criação do espetáculo, passando por toda a transição de cores que existe no decorrer do musical até chegar na explosão de cores e brilhos”, explica. “Estou muito feliz em fazer parte dessa equipe de visagismo”, completa.


Ficha técnica
Musical "Hairspray"
Diretores e idealizadores | Antonia Prado, Tiago Abravanel e Tinno Zani
Diretor Musical e idealizador | Rafael Villar
Diretora Musical Associada | Claudia Elizeu
Direção de Casting | Danny Cury
Diretora Assistente | Thais Uessugui
Diretor Coreográfico | Tiago Dias
Versionista | Victor Muhlethaler
Cenógrafo | Rogério Falcão
Figurinos | Bruno Oliveira
Designer de Perucas | Feliciano Sanroman
Designer de Maquiagem | Luciano Paradella
Designer de Som | Paulo Altafim
Designer de Luz | Wagner Antônio
Stage Manager | João Sá
Diretora de Marketing | Roberta Alegretti
Diretora de Produção Executiva | Bia Izar
Diretora de Produção Administrativa | Ligia Abravanel
Programa completo | www.hairspraybrasil.com.br/programa

Serviço
Musical "Hairspray"
Local: Teatro Renault | Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411 – Bela Vista
Temporada: de quinta a domingo
Horários: Quintas e Sextas | 20h
Sábados | 16h e 20h
Domingos | 15h e 20h

Preços
Plateia Vip | R$175 (meia) e R$350 (inteira)
Plateia Premium | R$145 (meia) e R$290 (inteira)
Plateia Gold | R$130 (meia) e R$260 (inteira)
Plateia Silver | R$130 (meia) e R$260 (inteira)
Camarote Superior | R$175 (meia) R$350 (inteira)
Balcão Vip | R$19,80 (meia) e R$39,60 (inteira)
Balcão Premium | R$19,80 (meia) e R$39,60 (inteira)


Vendas
Sem taxa de conveniência | Bilheteria do Teatro Renault
Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 12h às 20h. Segundas e Feriados – Fechado.
Com taxa de conveniência | Pela internet: www.ticketsforfun.com.br
Retirada na bilheteria e E-ticket – taxas de conveniência e de entrega
Informações para grupos: grupos@t4f.com.br
Capacidade: 1578 lugares
Apresentação | Lei de Incentivo à Cultura e Brasilprev
Patrocínio | Vivo, Karina
Co-patrocínio | PwC Brasil, Instituto Yduqs e Estácio, Shell
Apoio | UOL
Realização | Ministério da Cultura e Governo Federal União e Reconstrução

domingo, 8 de setembro de 2024

.: “Marilyn, por Trás do Espelho” , solo da atriz Anna Sant´Ana, está em cartaz


Espetáculo tem dramaturgia de Daniel Dias da Silva, supervisão de Roberto Bomtemp, direção de Ana Isabel Augusto, além de idealização e atuação de Anna Sant’Ana. 
Foto: Andrea Rocha e Roberto Cardoso


O espetáculo “Marilyn, por Trás do Espelho”, solo da atriz Anna Sant´Ana, revisita a vida de Marilyn Monroe (1926-1962), e está em cartaz no Teatro Ruth Escobar às sextas-feiras, às 20h00, nos dias 13, 20 e 27 de setembro. Depois de três temporadas de sucesso de público e críticas no Rio de Janeiro e uma  temporada em São Paulo, a peça teatral recebeu o Prêmio Cenym 2022 de Melhor Monólogo e Melhor Texto Original, agora realiza sua segunda temporada na capital paulista. A partir da história da mítica estrela do cinema, a peça convida a uma reflexão sobre a solidão e sua cada vez maior presença na vida da população mundial nos dias de hoje. A peça teatral tem direção de Ana Isabel Augusto, encenadora portuguesa com mais de 25 anos de experiência, diretora-fundadora do grupo de teatro do ISCTE-IUL, de Lisboa, em atividade há mais de 20 anos.


Ana Isabel veio ao Brasil especialmente para dirigir a montagem. Através da história de Marilyn Monroe, estrela mundial do cinema e mulher-ícone do século XX, a peça convida a uma reflexão sobre solidão e depressão, temas atuais e urgentes no mundo contemporâneo, especialmente com o advento da pandemia mundial. “'Marilyn, por Trás do Espelho' investiga uma Marilyn menos conhecida, para além do glamour que a eternizou. A mulher por trás do espelho, com que muitas mulheres - e por que não homens - se identificam. Os medos, a solidão, o desejo de ser mãe, a luta pelo reconhecimento na carreira, o abandono, os relacionamentos abusivos, a baixa autoestima, temas universais que se conectam com o público". O trabalho foi concebido a partir de longa pesquisa de Anna Sant’Ana em livros, filmes e reportagens sobre a vida de Marilyn, iniciada em 2010. 

“O que me apaixona neste projeto é a possibilidade de ver refletidas em nós tantas questões que fizeram parte da vida de um dos maiores ícones da nossa geração. Com um foco marcado no que significou - e ainda significa - ser mulher. Ser mulher com as complexidades e sonhos e expectativas que nos atravessam e puxam em todas as  direções, deixando-nos tantas vezes com a sensação de frustração e falha. ‘Marilyn Atrás do Espelho’ é uma viagem ao interior desta personagem criada por Norma Jean nos seus maiores momentos de fragilidade. Uma incursão que obriga a questionar se ser Marilyn não são todas essas escolhas que me deixam a mim, e a ti, e a todos nós, a fabricar uma persona que não passa de um eco do que verdadeiramente somos”, diz Ana Isabel Augusto.

“Eu comecei uma pesquisa em 2012 sobre a Marilyn Monroe, por conta de dois espetáculos seguidos que fiz e que tive que estudar cenas dela. Comecei a achar que era muita coincidência, e aquilo me fez desejar fazer uma pesquisa mais aprofundada. Desde então venho estudando sua vida e o que aconteceu principalmente nos seus últimos anos. Eu percebi que atrás de uma artista tão controversa, considerada símbolo de glamour e sensualidade, havia uma mulher como qualquer uma de nós, que tinha desejos, medos, frustrações, inseguranças e principalmente uma solidão que a acompanhava. Acredito que as coisas acontecem no momento certo, e dez anos depois aqui estamos nós contando essa história, e cumprindo nosso papel como artistas de proporcionar uma identificação do público com o teatro. Eu espero que esse trabalho toque tanto as pessoas quanto ele me toca e elas possam sair transformadas com essa história”, endossa a atriz e idealizadora do projeto, Anna Sant’Ana.


62 anos sem Marilyn Monroe
No dia 4 de Agosto, que a peça estreou no Sesc Tijuca, completaram exatos 60 anos sem Marilyn Monroe em 2022. Esse ano completamos 62 anos da sua morte. A efeméride vem movimentando segmentos variados, que deram origem a reportagens, documentários, séries e filmes no streaming, peças teatrais, livros, exposições e até mesmo leilões - num leilão da Christie’s, seu portrait, feito por Andy Warhol em 1962, tornou-se a peça mais cara do século XX, ultrapassando nomes como Picasso.

Nascida Norma Jeane Mortenson em 1º de junho de 1926, Los Angeles, Marilyn Monroe tornou-se uma das maiores estrelas de cinema de Hollywood e um dos maiores símbolos sexuais do século XX, imortalizada pelos cabelos loiros e curvas generosas.Apesar de sua carreira ter durado somente uma década, seus filmes arrecadaram mais de duzentos milhões de dólares até sua morte inesperada em 1962, aos 36 anos. Seis décadas após sua morte, continua sendo considerada um dos maiores ícones da cultura popular.

Marilyn passou a maior parte de sua infância em lares adotivos e num orfanato, e se casou pela primeira vez aos dezesseis anos. Nos anos 1940, trabalhou numa companhia de aviação que fabricava drones na Segunda Guerra Mundial, quando foi descoberta por um fotógrafo da First Motion Picture Unit e iniciou uma carreira como modelo pin-up.

No início dos anos 50 já era uma das estrelas mais bem-sucedidas de Hollywood. O filme "O Pecado Mora ao Lado" (1955) foi um dos maiores sucessos de bilheteria de sua carreira. Marilyn fundou sua própria empresa de produção cinematográfica, a Marilyn Monroe Productions (MMP). Buscando aprimorar seu desempenho como atriz, dedicou-se aos estudos no famoso Actors Studio de Nova Iorque. Depois de seu desempenho ser aclamado pela crítica em "Nunca Fui Santa" (1956), e de ter atuado na primeira produção independente de MMP, "The Prince and the Showgirl" (1957), ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz por "Some Like It Hot" (1959). Seu último filme completo foi o drama "The Misfits" (1961).

A conturbada vida particular de Marilyn Monroe sempre despertou interesse. Durante a carreira, lutou contra o vício, a depressão e a ansiedade. Além disso, teve dois casamentos midiáticos - com o jogador de beisebol Joe DiMaggio e com o dramaturgo Arthur Miller, ambos terminados em divórcio. A atriz também provocou controvérsia por ter sido cogitada como amante do então presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, apesar de nada ter sido provado. Morreu aos 36 anos de uma overdose de barbitúricos na sua casa, em Los Angeles, no dia 4 de agosto de 1962. 

“Marilyn, por trás do espelho”, é um espetáculo solo da atriz Anna Sant´Ana, que conta a história da estrela mundial do cinema e mulher-ícone do século XX, Marilyn Monroe. Com dramaturgia de Daniel Dias da Silva, encenação da diretora portuguesa Ana Isabel Augusto, e supervisão cênica de Roberto Bomtempo.A peça convida a uma reflexão sobre solidão, depressão, e o papel da mulher, temas atuais e urgentes no mundo contemporâneo. A peça investiga uma Marilyn menos conhecida, para além do glamour que a eternizou. A mulher por trás do espelho, com que muitas mulheres - e por que não homens - se identificam. Os medos, a solidão, o desejo de ser mãe, a luta pelo reconhecimento na carreira, o abandono, os relacionamentos que não deram certo, a baixa autoestima, temas universais que se conectam com o público.

Além dos momentos ícones que são relembrados no espetáculo, como o “Happy Birthday” para o Presidente John Kennedy, a famosa cena do vestido levantando no filme “O Pecado Mora ao Lado”, a música “Diamonds are a Girl´s Best Friend” gravada por diversas cantoras entre elas Madonna, entre outros. Nascida Norma Jeane Mortenson em 1º de junho de 1926, Los Angeles, Marilyn Monroe tornou-se uma das maiores estrelas de cinema de Hollywood e um dos maiores símbolos  sexuais do século XX. Morreu por conta de uma overdose de remédios no dia 4 de agosto de 1962.


Ficha técnica
Solo “Marilyn, por Trás do Espelho”
Idealização, Atuação e Argumento: Anna Sant’Ana
Dramaturgia: Daniel Dias da Silva
Direção: Ana Isabel Augusto
Supervisão de direção: Roberto Bomtempo
Assistente de direção: Letícia Reis
Iluminação: Renato Machado
Trilha sonora: Tibor Fittel
Figurinos e caracterização: Joana Seibel
Cenário: Natália Lana
Direção de movimento: Sueli Guerra
Preparação vocal: Rose Gonçalves
Design gráfico: Guilherme Lopes Moura
Fotos: Andrea Rocha/ZBR e Roberto Cardoso
Filmagem e edição de videos: Alyrio Tkaczenko
Visagismo: Camila Pio e Fernanda Pio
Costureiras: Nice Tramontin
Cenotécnico: André Salles e Equipe
Fisioterapeuta: Alessandro Costa
Preparação física: Gustavo Bassan
Operação de som: Tiago Abreu/ Ana Carolina
Operação de luz: Kadu Moura/ Jackson Oliveira
Contrarregra/Camarim: James Simão/Tina Da hora/Márcia Guilges
Direção de produção: Anna Sant’Ana
Produção local e Assessoria de imprensa: Fábio Câmera/Lugibi Produções
Realização: Sant’Ana Produções e Artes


Serviço
Solo “Marilyn, por Trás do Espelho”
Teatro Ruth Escobar – Sala Dina Sfat
Rua dos Ingleses, 209.
Sextas-feiras - dias 13, 20 e 27 de setemb0 - às 20h00.
Ingressos: R$80,00 (inteira) e R$40,00 (meia-entrada)
Bilheteria: (11) 3289-2358
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 90 minutos
Capacidade: 370 lugares
Temporada: até 27 de setembro de 2024

sábado, 7 de setembro de 2024

.: “O Filho da Geni”: espetáculo em curta temporada no Espaço O Andar


“Soube muito mais tarde que o que fazíamos era malcriação. Para nós, não tinha nome. A coisa mesmo era feita de palavras não-ditas. Ele me oferecia um brinquedo que eu queria e desenhava no chão o que eu tinha de fazer se eu quisesse.” Monólogo do ator Luiz Fernando Almeida. Texto de Diego Lourenço. Encenação de Lipari.Espaço O Andar. Até dia 27 de setembro. Às quintas e sextas-feiras, às 20h30. Grátis. Foto: Renato Domingos


“O Filho da Geni”, monólogo encenado pelo ator Luiz Fernando Almeida, a partir do texto de Diego Lourenço, com direção de Lipari, estreou em 2 de agosto na SP Escola de Teatro, unidade Roosevelt, trazendo à luz a temática da violência sexual contra meninos, propondo reflexão a um tema invisibilizado pela cultura do silêncio. Agora, a temporada no Espaço O Andar, até dia 27 de setembro será às quintas e sextas-feiras, às 20h30.

O título do espetáculo faz referência à música “Geni e o Zepelim” de Chico Buarque, que pode ser lida como uma das múltiplas faces da desigualdade social e econômica sofrida por quem vive às margens da sociedade. O espetáculo assume a continuidade hereditária dessa desigualdade dando ênfase ao abuso sexual infantil.

Segundo o relatório anual —referente a 2019— do Disque 100, canal de denúncias mantido pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, somente 18% dos registros de violência sexual contra crianças e adolescentes brasileiros referiam-se a vítimas do sexo masculino. A subnotificação de abusos contra meninos  se torna ainda maior na adolescência. Enquanto 46% dos casos atinge vítimas do sexo feminino entre 12 e 17 anos, a proporção de garotos da mesma faixa etária que denunciam é de apenas 9%.

Escrito a partir de extensa pesquisa de estudos e entrevistas realizadas pelo ator e equipe com vítimas de abuso sexual infantil no Brasil e na Europa durante cerca de três anos, "O Filho da Geni" enfatiza, por um lado os mecanismos sociais que facilitam a violência sexual com sua perpetuação geracional nas camadas mais pobres da sociedade e, por outro, os processos pessoais pelos quais esses traumas são interiorizados, silenciados e como impactam na vida adulta das vítimas.

“Muitas das vítimas de abuso sexual infantil arrastam essa experiência ao longo de suas vidas como um fardo que não são capazes de descartar. Além disso, em muitos casos, o trauma afeta de maneira disfarçada: a pessoa não se sente bem, mas não consegue identificar o porquê”, diz Luiz. Na peça, o personagem central ao retornar ao Brasil depois de anos trabalhando em condição de subemprego pela Europa, se vê forçado a confrontar seu passado traumático. Com um tom ora inocente, ora cômico, o personagem navega obstinado pelas memórias perturbadoras de sua infância e adolescência para nos contar sua história sem reservas enquanto ganha consciência da dimensão dos abusos que sofreu, inadvertidamente perpetuou, e aprendeu a normalizar.

Para escrever "O Filho da Geni", que envolve entendimento profissional sobre o abuso infantil e seu impacto psicológico na vida infantil e adulta das vítimas, Diego cursou um segundo mestrado, dessa vez em Psicologia pela Arden University, em London. O mestrado, a ser concluído este ano, contribuiu para o embasamento teórico, levantamento de conhecimento científico atualizado sobre os temas centrais da peça e o desenvolvimento de uma pesquisa de campo robusta e ética para acessar o problema. O resultado é uma obra inteiramente baseada em fatos reais que visa refletir de forma anônima, artística e segura sobre as nuances e mecânicas do abuso infantil masculino.

“As mulheres estão emergindo progressiva e dolorosamente da cultura do silêncio pela qual esse tipo de abuso sexual está cercado. Mas as vítimas masculinas de abuso sexual na infância estão apenas começando a denunciar o que há muito tempo silenciaram. Nossa cultura não abre espaço para o homem como vítima. Aqueles que viveram essa situação sentem-se feminilizados, castrados, com vergonha e a sensação de terem deixado de pertencerem ao gênero masculino. A vergonha está relacionada com o sentimento de que não foram capazes de deter o abuso, ou seja, um sentimento de impotência frente à situação vivida”, complementa Luiz.

"O Filho da Geni" é a terceira obra teatral de Diego Lourenço e a segunda parceria com o ator Luiz Fernando Almeida. Sua última peça, "Gotas de Codeína" (2015) – um monólogo visceral tratando de questões de pertencimento, identidade de gênero e suicídio, encenado por Luiz Fernando – continua relevante e sendo apresentada.


Sinopse de "O Filho de Geni"
O personagem ao retornar ao Brasil depois de anos trabalhando em condição de subemprego pela Europa, se vê forçado a confrontar seu passado traumático. Com um  tom ora inocente, ora cômico, o personagem navega obstinado pelas memórias perturbadoras de sua infância e adolescência para nos contar sua história, sem reservas, enquanto ganha consciência da dimensão dos abusos que sofreu, inadvertidamente  perpetuou, e aprendeu a normalizar.


Idealização e atuação - Luiz Fernando Almeida
Formado pelo CPT de Antunes Filho, atua em teatro há 30 anos e trabalhou em montagens como : "Dama da Noite" de Caio Fernando Abreu, "Gotas de Codeína" de Diego Lourenço, "Capitães da Areia" de Jorge Amado, "Anjos de Augusto" de Luiz Fernando Almeida, "Caxuxa" de Ronaldo Ciambroni, "Negrinha" de Monteiro Lobato, "Rapunzelee" de Kadu Veríssimo, "O que terá Acontecido a Rosemary?"de Kadu Veríssimo, "Beckett in White" de Maurício Lencastre, "Navalha na Carne" de Plínio Marcos, "Quando as Máquinas Param" de Plínio Marcos entre outras. Integrou o elenco de Cias como: Teatro Mambembe de Repertorio, Cia Anonima de Teatro, Cia Pernilongos Insolentes Pintam de Humor a Tragédia.Foi indicado ao Prêmio Aplauso Brasil de Teatro 2014, na categoria Melhor Ator, com o espetáculo Dama da Noite. Premiado em diversos festivais e Mostras de Teatro, entre eles: :Festival Santista de Teatro, Prêmio Plínio Marcos de Teatro, Prêmio Nacional das Artes de Mogi das Cruzes .

Como produtor esteve à frente de eventos como Bazar Cafofo, Mercado Mundo Mix, Sansex - Mostra da Diversidade, Festival Santista de Teatro, Free Jazz Festival, Carlton Dance Festival, Skol Beats, Bavaria Vibe Festival, Combo Cultural, Curta Santos- Festival de Cinema de Santos, Verão Teatral (Santos), Teatro nas Bibliotecas, Itinerância Festival Mix Brasil da Diversidade (Santos) Casa de Criadores, Phytoervas Fashion entre outros. Foi membro do Conselho de Cultura de Santos no biênio 2013/2014 ocupando a cadeira do segmento de Produção Cultural. Como Arte Educador, ministrou oficinas em instituições como Oficinas Culturais do Estado de SP e Senac.

Colaborador de sites e publicações importantes como: Mix Brasil, Juicy Santos e Super Site como colunista. É autor dos livros “ Não Deixe a Ansiedade Destruir sua Vida” e “ Notícias do Subterrâneo” ambos disponíveis na Amazon e apresentador do podcast “Tá Passada?" disponível em todas as plataformas digitais.


Encenação de Lipari
Cofundador do Galpão Cultural - Parque Anilinas, e do Coletivo 302, ganhador do 33º Prêmio Shell na categoria Inovação, ambos sediados na cidade de Cubatão, atua como performer, designer de luz, produtor e diretor de arte em obras de diferentes linguagens. Foi presidente do Conselho Municipal de Política Cultural de Cubatão durante o biênio de 2020 e 2021. Atualmente em processo de formação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade São Judas Tadeu.

No campo das artes cênicas, em 2017 fez parte da criação técnica e visual do espetáculo “#República”, peça premiada pelo PROAC - primeiras obras, onde também atuou e desenvolveu sua pesquisa em light performance. Em 2019 desenvolve o projeto da peça Vila Parisi, uma obra em site-specific, contemplada pelo PROAC - montagens inéditas, junto ao coletivo 302 e a diretora convidada Eliana Monteiro do Teatro da Vertigem. Em 2020 coordenou o 17º FESTAC - Festival de Teatro de Cubatão. Em 2022 fez parte da programação do Mirada - Festival Ibero Americano de Artes Cênicas do Sesc com o espetáculo "Vila Parisi".

Em 2020 a convite do Sesc Santos, desenvolveu a direção de arte dos Vídeo - Retratos: Vila Parisi, projeto com exibição permanente em todas as plataformas digitais da rede, sendo este convidado para ser exibido no Festival Internacional de Performance de Zacatecas, México. Em 2021 assinou a direção de arte do documentário “Vila Fabril: Território, História e Cultura" da Flair Produção Cultural em parceria com o Coletivo 302 pela Lei Aldir Blanc e do curta-doc Diário de Bordo Vila Fabril, para edição especial do Mirada 2021.


Dramaturgia de Diogo Lourenço
Diego é historiador e cientista social britano-brasileiro radicado em Londres. Sua pesquisa centra-se na investigação das forças sócio-históricas ligadas à desigualdade social. Para seu doutorado em Sociologia, na Humboldt University of Berlin, Diego pesquisa a desigualdade de classe em 8 países com vínculos coloniais ou imperiais (Brasil, Portugal, Espanha, México, Reino Unido, Estados Unidos, Índia e Alemanha). Mais precisamente, ele investiga como essa forma de desigualdade se manifesta através de práticas de bem-estar, saúde e espiritualidade como o yoga e a meditação. Seu trabalho acadêmico tem sido publicado na França e no Reino Unido, sendo a sua contribuição mais recente um capítulo para o livro Gurus and Media: Sound, Image, Machine, Text and Digital a ser publicado este ano pela UCL, University College London (Livro editado por J. Copeman, A. Longkumar and K. Duggal).

Em Londres, Diego participa de diversas oficinas e eventos voltados a produção teatral, sendo os mais recentes a oficina anual British Theatre 2022 organizada por Matt Wolf no Victoria & Albert Museum voltada a análise crítica dos textos das melhores produções teatrais do Reino Unido em 2022 (2/10/22 a 20/11/22) e palestras Sustainability in Theatre and Representation in Theatre na mesma instituição (22 e 23/04/23).


Ficha técnica
Espetáculo "O Filho da Geni"
Instagram: @ofilhodageni
Idealização e atuação: Luiz Fernando Almeida @oluizfernandoalmeida
Encenação: Lipari @liipari
Dramaturgia Diego Lourenço Não tem insta
Trilha original: Marcos Ozi @marcozi.stos
Design de luz: Juliana Sousa @julianasouza.cultura
Iluminadora: Marina Gatti @marinagatti_
Figurino: Mário Francisco @dermetropol
Direção de Arte: Lipari @liipari
Inflável: Aloha e Ruan @inflapower
Adereços : Mauro Fecco @maurofecco
Preparação corporal : Eleonora Artysenk @eleonoraartysenk
Produção executiva: Luiz Fernando Almeida
Assistente de produção: Ricardo Werson @ricardo_werson_artista
Assessoria de comunicação: Adriana Monteiro/Oficio das Letras @adrianadrixmonteiro
Fotografia: Thiago Santana @thiagofotocubatao
Administração: Regina Aguillar @associacaodosartistassp
Transporte: Mayara Viagens
Costureira : Rose
Ingressos Sympla @sympla
Realização: PROAC e Cafofo Produções @cafofo.producoes
Parceria: Associação dos Artistas, Lab PROCOMUM, SP Escola de Teatro, Associação dos Amigos da Praça, Cultura SP, Governo do Estado de SP (Secretaria de Economia e Indústria Criativa).
Apoio: Apfel, Pizzaria 1900, Nutrisom, Planetas, Oficio das Letras Comunicação, Der Metropol, Mayara Viagens
* Espetáculo contemplado pelo Edital PROAC-01/23- Montagem de Espetáculo Teatral Inédito no Estado de SP


Serviço
Espetáculo "O Filho da Geni"
Espaço O Andar
Até dia 27 de setembro
R. Dr. Gabriel dos Santos, 30, 2º andar, Santa Cecília, São Paulo/SP - 01231010
Região Centro / São Paulo
Capacidade
50 lugares pessoas
Bilheteria
Duração: 60 minutos
Gênero: monólogo dramático
Classificação: 16 anos
Segunda a sexta-feira: uma hora antes do evento
Sábado: uma hora antes do evento
Domingo: uma hora antes do evento
Estacionamento - Rua Dr Gabriel dos Santos, 131
Cafeteria
Ar-condicionado
Acessibilidade
Telefone: (11) 3666-6138
E-mail: contato@oandar.com

.: Do Grupo Pano, "¡Cerrado!" explora as narrativas da América Latina


A peça estreia no Teatro de Contêiner, apresentando a cultura latino-americana e seu passado de autoritarismo, convidando o público a perceber o encantamento e a cultura de frestas como potentes ferramentas políticas. Foto: Leekyung Kim


Com direção e dramaturgia de Caio Silviano, "¡Cerrado!", espetáculo musicado do Grupo Pano, está em cartaz no Teatro de Contêiner. A temporada segue até 30 de setembro com sessões às sexta-feiras, sábados e segundas, às 20h00, e domingos, às 19h00. A inspiração para a criação do espetáculo vem de uma legislação em San Pedro de Atacama, no Chile, que restringe o direito de dançar em estabelecimentos licenciados devido à burocracia excessiva e aos altos custos envolvidos na obtenção das permissões necessárias.

A história se inicia com uma Mulher que, ao finalmente encontrar o Criador dos limites da América Latina, arrasta uma das linhas de seus mapas abrindo uma fresta. Este ato evoca uma entidade capaz de trafegar por tempos antigos, entrelaçar narrativas e revisitar a história da proibição da dança no deserto. “Partimos da regulamentação da dança no deserto do Atacama, no Chile, e sua consequente proibição. Entretanto, no processo de pesquisa e desenvolvimento do espetáculo sentimos a necessidade de levantar um argumento mais abrangente, afinal, talvez a questão a ser explorada não fosse a proibição em si, mas sim um mundo que foi construído para que sua ausência não fosse motivo de revolta”, conta Caio Silviano.

Guiado pelo "portunhol", o enredo apresenta um dialeto misto de português e espanhol, repleto de neologismos, clichês e paródias. A mistura das línguas busca evidenciar a dificuldade da integração brasileira na América Latina devido a um projeto cultural colonial, mostrando que a união do continente ainda é uma ficção a ser construída.


Elementos teatrais
Com direção musical de Marco França (vencedor do prêmio Shell pelo trabalho musical em 2016 e 2019), a trilha sonora é uma fusão de diferentes influências latino-americanas, como os arranjos vocais das Murgas uruguaias, as melodias das milongas argentinas, os tambores cubanos e as músicas tradicionais dos povos andinos, complementados pela musicalidade brasileira.

“A América Latina é um prato cheio e de variados 'sabores' quando falamos em ritmos, instrumentos, gêneros musicais e tradição. O grupo Pano é muito antenado com o contemporâneo sem esquecer do que é considerado raiz de cada lugar. E isso está representado tanto nas intervenções sonoras da boate fictícia, quanto pelos atores com os mais variados instrumentos que foram se agregando em cada experimentação ao longo do processo de criação sonora/musical. A sonoridade do espetáculo certamente é a fusão fiel do que é a latinoamérica: diversa”, pontua França.

A montagem utiliza uma ampla variedade de elementos cenográficos que transformam o público em parte integrante da narrativa, proporcionando uma imersão completa nas localidades descritas. Através de truques de mágica, máscaras expressivas e música ao vivo tocada pelos próprios atores, são criados rituais de celebração e desmantelamento da morte em vida. Mesclando o repertório do realismo fantástico com a dinâmica peculiar do teatro do absurdo, o texto propõe uma ideia de um lugar latino indefinido e marcado por suas contradições. “O objetivo é ao final engajar os espectadores de forma ativa nesse baile que se opõe ao ciclo de morte e desencanto”, explica Silviano.

A construção do figurino, concebido por Cecília Barros, se baseia nas diversas estéticas latino-americanas, com foco em cores, texturas e a pluralidade dos elementos naturais. A pesquisa busca criar algo além das vestes cotidianas, inspirando-se nas Murgas uruguaias e argentinas, no carnaval, nos bailes cubanos, nas danças andinas e outras manifestações culturais do continente. Projetada por Lui Seixas, a iluminação cria atmosferas de boate, deserto e encantamentos. Utilizada pelo grupo como ferramenta narrativa, a luz diferencia os níveis de ficcionalidade entre ator, persona e personagem.

“'¡Cerrado!' é um grito pra fora, para ouvirmos dentro. Um enredo que salta até o Chile para olharmos o Brasil de hoje, que completa 60 anos do golpe civil militar, e tentar entender como e por que o processo de autoritarismo e o pensamento extremista na América Latina volta à tona. E como podemos usar a memória como dispositivo utópico-político dentro da cultura de frestas – política estudada por Luiz Antônio Simas e Luiz Rufino, tema componente da nossa atual pesquisa", conclui Silviano.


Grupo Pano
O Pano desenvolve sua metodologia de trabalho através de estudos teóricos e práticos, explorando textos que vão desde a atuação teatral até os fundamentos sociológicos do teatro. A partir dessas discussões, cria conteúdos musicais, dramatúrgicos e realiza treinamentos com diversas máscaras expressivas para, posteriormente, encenar seus espetáculos. Escolhendo trabalhar o Teatro do Absurdo através de um viés antropofágico, o grupo se utiliza das linguagens que Martin Esslin chama de Teatro Puro (palhaçaria, teatro de revista, etc.).

Seu novo espetáculo, "¡Cerrado!", vencedor da 18ª Edição do Prêmio Zé Renato, faz parte do aprofundamento de sua pesquisa. Unindo os conceitos previamente explorados sobre coeficiente de ficcionalidade com as ideias de encantamento e cultura de frestas estudadas por Luiz Antonio Simas e Luiz Rufino, o grupo se propõe a investigar a cultura latinoamericana, sua capacidade de deslocamento e criação de mundos possíveis.


Ficha técnica
Espetáculo "¡Cerrado!".
Elenco: Amanda Quintero, Cecília Barros, Ian Noppeney, Rafael Érnica, Alice Guêga, Bernardo Bibancos, Henrique Reis, Juliano Veríssimo, Barroso e Gabriela Sugui.
Diretor e Dramaturgo: Caio Silviano.
Direção Musical: Marco França.
Direção de Arte: Cecília Barros.
Iluminador: Lui Seixas.
Máscaras: Rafael Érnica e Caio Silviano. Composições: Caio Silviano, Barroso Eus e Bernardo Bibancos.
Cenotécnico: Pity Santana.
Aderecista: Zé Valdir Albuquerque e Amanda Quintero.
Orientação de manipulação de bonecos: Marcela Arce.
Aprendiz: Marcela Lívier.
Apoio de Palco: Isabela Lourenço| Lou e Marcela Lívier.
Direção de Produção e produção executiva: Isadora Petrin (PiTô Produções).
Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes.
Equipe de vídeo: Pedro Morales, Luiz Felipe Aranha, Rodrigo Nelli
Foto: Leekyung Kim
Apoio: Turma do Bem.
Realização: Grupo Pano, Cooperativa Paulista de Teatro, 18ª edição Prêmio Zé Renato e Secretaria Municipal de Cultura da cidade de São Paulo.


Serviço
Espetáculo "¡Cerrado!"
Temporada de 6 a 30 de setembro. Prorrogação de 4 a 14 de outubro de 2024 - Sexta, sábado e segunda, às 20h00, e domingo, às 19h00.
Duração: 135 minutos.
Classificação: 16 anos.
Ingresso: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada).
Bilheteria: aberta uma hora antes do espetáculo.

Teatro de Contêiner
Rua dos Gusmões, 43 - Santa Ifigênia.
Capacidade: 99 lugares.

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

.: Gustavo Waz é destaque como “Elvis jovem”, no musical sobre o rei do rock


O ator, recém chegado em São Paulo, emociona o público com seu carisma e forte interpretação no papel alternante de Elvis, no novo musical dirigido por Miguel Falabella. Foto: divulgação/Caio Gallucci


O ator Gustavo Waz, recém-chegado a São Paulo, vem encantando com seu talento no musical "Elvis - A Musical Revolution", como Elvis Presley jovem (alternante), nas sessões de quinta-feira. Natural de Canela, no Rio Grande do Sul, Gustavo Waz é um artista em ascensão. Desbravando a cidade de São Paulo, sua estreia na metrópole foi no musical "Paw Patrol", onde deu vida ao protagonista Ryder. Em 2024, destacou-se em "O Rei Leão", interpretando a complexa Hiena Ed e também como cover de Timão e Zazu.

Agora, Gustavo Waz brilha ao integrar o elenco de "Elvis - A Musical Revolution", como Elvis jovem alternante, neste espetáculo com direção de Miguel Falabella, direção coreográfica de Bárbara Guerra e direção musical de Jorge de Godoy, e que promete ser um dos grandes destaques de 2024 da Broadway brasileira. 

Gustavo Waz se preparou com muita dedicação para dar vida a Elvis adolescente, numa construção em conjunto com o time criativo e demais atores que compõem o cast do projeto. Sobre a preparação, ele comenta: “a minha geração não viveu o sucesso de Elvis e por isso tivemos pouco contato até mesmo com a sua história. Comecei então uma pesquisa para entender quem foi esse homem, a sua trajetória, as suas vitórias e os seus fracassos. O próprio musical, por ser biográfico, tem um material bastante completo e robusto para entender de onde veio esse homem e as suas referências”.

Foi uma imersão na vida de Elvis Presley, em cada momento de sua vida - seus movimentos icônicos, o visual autêntico, seu jeito de se relacionar com as pessoas e a própria música - cada detalhe foi milimetricamente estudado para conquistar o público com o carisma e a determinação de Elvis jovem. No musical, Gustavo Waz contrapõe com Daniel Haidar, que interpreta a versão adulta de Elvis - uma dupla talentosa e prodigiosa. Além disso, o projeto conta com Luiz Fernando Guimarães, como Coronel Tom Parker e Leandro Lima, no papel de Elvis adulto, alternando com Robson Lima, nas sessões de sexta a domingo.

Em seu currículo, Gustavo Waz assina personagens marcantes, que certamente deixaram uma marca especial em sua vida. Em "Paw Patrol", como o protagonista Ryder, o ator teve seu primeiro contato com a Broadway brasileira, chegando até São Paulo com a peça. Este foi seu primeiro musical franqueado.

“Sinto que foi onde pude colocar em prática os meus estudos na área de musical, e a rotina como protagonista, foi muito importante para que eu pudesse aprimorar ainda mais os meus conhecimentos. Paw Patrol é uma febre mundial, e eu ainda não tinha dimensão disso. Ainda hoje sou parado na rua e reconhecido por ter interpretado o Ryder”, comenta.

Em "O Rei Leão", clássico da Disney que retornou aos palcos em 2024, Gustavo deu vida à Hiena Ed, um dos maiores desafios de sua carreira até aqui. “É um personagem que, dentro da sua loucura, é extremamente complexo, não só fisicamente, mas porque o ator não pode usar uma lógica humana para justificar atitudes animais”

Além disso, ele também foi cover de Timão e Zazu, dois personagens completamente diferentes de Ed, tanto em manipulação dos bonecos, como em personalidade. “Meu papel de cover foi um trabalho de muita técnica e estudo, para que o público recebesse um espetáculo completo, sem nenhum erro, mesmo com outro ator representando um personagem que não é cotidiano para ele”, complementa o ator.

Para o futuro, Gustavo Waz tem deixado as oportunidades guiarem seu destino e está pronto para emocionar todo o público em "Elvis - A Musical Revolution". “Penso em expandir meus horizontes para as telas também, mas isso é um tema que ainda estou estudando, pois quando acontecer, quero que seja em um projeto que eu realmente acredite no propósito e que converse com meu público!”, finaliza.

Confira o ator nas sessões de quintas-feira às 20h00, no Teatro Santander. O musical fica em cartaz até 1° de dezembro. Acompanhe a carreira de Gustavo Waz através do Instagram: @gustavowaz.


Serviço
"Elvis - A Musical Revolution"
Até dia 1° de dezembro (conferir no site todas as datas disponíveis)
Quintas, sextas, sábados e domingos, às 20h00. Sábados e domingos, às 16h00.
Teatro Santander - Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 2041, São Paulo
Faixa etária 10 anos - menores acompanhados dos pais ou responsáveis legais
Duração 2h30 com 15 minutos de intervalo
Gênero: musical
Ingressos: https://bileto.sympla.com.br/event/90179/d/234549
*Todas as sessões possuem audiodescrição e libras

domingo, 1 de setembro de 2024

.: Crítica: musical "Priscilla, A Rainha do Deserto" é um sopro de liberdade

Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. Na imagem, Reynaldo Gianecchini, teatro, Teatro Bradesco, Verónica Valenttino e Wallie Ruy no sucesso mundial nos palcos e no cinema. Foto: Pedro Dimitrow / Divulgação: @Priscillaratnhadodesertobr

O último dia do musical "Priscilla, A Rainha do Deserto - O Musical da Broadway", em cartaz neste domingo, dia 1° de setembro, no Teatro Bradesco, marca também a passagem de um espetáculo que marcou época e será lembrado por gerações. O espetáculo é um sopro de liberdade em meio a um país que retrocede para o conservadorismo da boca pra fora - aquele de gente que critica nos outros o que faz de pior às escondidas. Para os artistas que se apresentam no palco, sib a direção precisa de Stephan Elliott, simbolizam aspectos diferentes. Se para cada personagem que atravessa o deserto à bordo do ônibus Priscila há uma motivação, para os artistas o espetáculo é a materialização de muitas coisas.

Para Reynaldo Gianecchini, representa a libertação de alguém que fez inúmeros galãs nas telenovelas brasileiras e agora se arrisca em papéis mais difíceis, como a drag queen que atravessa o deserto para conhecer o filho. Ele ainda se arrisca a cantar. Para Diego Martins, o papel da drag inexperiente é ávida para experimentar a vida representa uma realização pessoal. Percebe-se o prazer do jovem artista, que brilhou em uma temporada de "Beatles num Céu de Diamantes" bem antes de estourar na novela das nove,  em interpretar o personagem. Para Verônica Valenttino (assistimos ao espetáculo com ela), é a consagração de alguém com muito talento e história para contar e que, finalmente, e de maneira muito justa, consegue interpretar um papel à altura de sua grandiosidade. 

Há ainda a participação luxuosa de Andrezza Massei e a figura sempre marcante de Fabrizio Gorziza - um nome que despontou em "O Guarda-Costas" interpretando o papel que foi de Kevin Costner no cinema e vem se destacando a cada papel pela versatilidade. Tatiana Toyota, e seu carisma, dão comicidade a uma peça que trata de assuntos espinhosos, mas consegue ser leve. 

Não bastassem todas essas qualidades, o visual parece uma pintura desenhada à mão repleta de detalhes. A cena de Diego Martins em cima do ônibus envolto a um pano prateado esvoaçante, recriando a cena clássica do cinema, é para ficar na memória do teatro paulistano. Tudo isso embalado por clássicos da música na era disco. Tiveram a proeza, e a ousadia, de colocar um microônibus no palco. A Priscila da peça é linda e representa mais do que um simples veículo. Ela é o caminho, a direção e, possivelmente, dará um final feliz a todos aqueles que passarem por ela. Sejam os intérpretes ou o próprio público. Ninguém sai ileso de um espetáculo assim. 

.: Christiane Torloni e Antonio Fagundes estreiam "Dois de Nós" estreia no TUCA


Parceiros há mais de 40 anos no cinema e na televisão, Antonio Fagundes e Christiane Torloni dividem o palco pela primeira vez, ao lado de Thiago Fragoso e Alexandra Martins, na peça "Dois de Nós", que estreia 5 de setembro no TUCA, São Paulo. Espetáculo tem direção de José Possi Neto e texto de Gustavo Pinheiro. Foto: Renata Casagrande

Um dos casais mais icônicos da televisão e do cinema brasileiros, Antonio Fagundes e Christiane Torloni se encontram pela primeira vez no teatro, ao lado dos atores Thiago Fragoso e Alexandra Martins. A nova parceria será na peça “Dois de Nós”, texto inédito de Gustavo Pinheiro, sob direção de José Possi Neto, que estreia dia 5 de setembro no TUCA, em São Paulo. O espetáculo conta a história de dois casais de gerações diferentes se encontram em um quarto de hotel. Segredos e mentiras começam a ser revelados e trazem à tona um divertido turbilhão de sentimentos, com muita emoção e desafios, que mudarão a vida deles para sempre.

Fagundes e Torloni trabalharam juntos pela primeira vez há 43 anos, na série “Amizade Colorida” (1981) e, em seguida, na novela “Louco Amor”, ambas da TV Globo. Depois, contracenaram na telona, no filme “Besame Mucho” (1987). Há exatos 30 anos, em 1994, formaram um dos casais mais antológicos da teledramaturgia brasileira: Dinah e Otávio, em “A Viagem”. Os atores se encontraram pela última vez diante das câmeras em “Velho Chico” (2016), também da Globo.

Outro reencontro em cena é o de Fagundes com o ator Thiago Fragoso que, juntos, fizeram enorme sucesso na novela “Amor à Vida” (TV Globo). “Em primeiro lugar foi o elenco que me fez ser atraído por esse projeto, Fagundes e Chris Torloni são atores que não só admiro, mas que são exemplo e inspiração para mim. Quando li o texto então, já estava dentro”, conta Fragoso, que, além de novelas e séries de enorme repercussão, também dedicou boa parte da sua carreira ao palco em peças como “Romeu e Julieta” (1998), “O Beijo no Asfalto” (2000), “O Despertar da Primavera” (2001), “Veneza” (2005) e “Rock’n’Roll” (2009).

Na comédia “Dois de Nós”, dois casais de gerações diferentes, se encontram num quarto de hotel. Segredos e mentiras começam a ser revelados trazendo à tona um divertido turbilhão de sentimentos, com muita emoção e desafios, que mudarão a vida deles para sempre. “A peça propõe um jogo muito prazeroso e divertido para os atores e mais ainda para a plateia”, afirma Fagundes, há 22 anos sem encenar um texto de autor brasileiro (o último foi “Sete Minutos”, de sua própria autoria). 

De forma poética e bem-humorada, são abordados assuntos comuns aos casais, como rotina, filhos, dinheiro, tempo, realização profissional, desejo sexual, frustrações e mágoas, tudo à luz das mudanças velozes de comportamento, características da atualidade. Da interação dos personagens, emergem as picuinhas da intimidade, as questões mal resolvidas, as implicâncias, mas também as cumplicidades. “Estar com o meu querido Antonio Fagundes em ‘Dois de Nós’ é uma celebração dos nossos 40+2! Uma provocação para uma viagem ainda mais bonita. Dessa vez pelos palcos, nossa casa, compartilhando emoções com novos companheiros como Alexandra e Thiago e… mais um reencontro com meu delicioso e rigoroso diretor, amigo, irmão, José Possi. Evoé!”, celebra Christiane Torloni.

O projeto surgiu em julho de 2023 no Ciclo de Leituras do Teatro Adolpho Bloch, no Rio de Janeiro, onde peças inéditas são lidas gratuitamente para o público. Na leitura de “Dois de Nós”, os 350 lugares do teatro ficaram lotados e outras 200 pessoas ficaram de fora. “As pessoas gargalhavam e se emocionavam também! Essa resposta que tivemos do público no dia da leitura foi muito marcante para nos incentivar a fazer a montagem”, relembra Alexandra Martins que, além de atriz, estreia como produtora executiva do espetáculo ao lado de Fagundes, dando continuidade à parceria de sucesso do casal no teatro, cinema e TV. Os dois estiveram juntos na comédia “Baixa Terapia” entre 2017 e 2023, arrebatando 400 mil espectadores em 600 apresentações entre Brasil, EUA e Portugal.

Fagundes e Martins conheceram o autor Gustavo Pinheiro quando assistiram à peça “A Tropa”, de sua autoria, em 2017. Desde então, acalentavam a vontade de trabalhar juntos. “Nestes últimos anos, tenho a alegria de poder dizer que ficamos amigos. Tive as primeiras ideias para a peça em 2018, então conhecer o Fagundes e a Alexandra foi um motivo perfeito para finalmente colocar o texto no papel, propondo um jogo onde o público é surpreendido a cada minuto e as certezas são postas em xeque a cada nova reviravolta”, conta Pinheiro, também autor dos sucessos “A Tropa”, com Otavio Augusto, e “A Lista”, com Lilia Cabral e sua filha, Giulia Bertolli.

A montagem da peça “Dois de Nós” também renova a longa e bem-sucedida parceria profissional de Torloni com o diretor José Possi Neto, que já a conduziu em peças de sucesso como “O Lobo de Ray-Ban” (1988), “Salomé” (1997), “Joana D’Arc” (2000), “Mulher por Um Fio” (2005) e “Master Class” (2015-2019).  

“'Dois de Nós' é uma comédia que impõe e expõe ao espelho a história de dois casais contemporâneos e essencialmente brasileiros. Noves fora as rabugices e implicâncias que nos fazem morrer de rir, assistimos o desnudar de quatro personagens revelando suas dores e mazelas, suas vitórias e alegrias. Atravessam em uma hora e meia de espetáculo uma longa noite cumprindo o exercício fundamental do teatro que é enfrentar os deuses e mudar seu próprio destino”, afirma José Possi Neto, um dos mais respeitados e premiados diretores do Brasil – vencedor, entre outros, de três Prêmios Mòliere; quatro Prêmios APCA e três Prêmios Mambembe –, e que trabalha pela primeira vez com Fagundes.

“A peça chega me oferecendo a alegria de trabalhar pela primeira vez com o grande Antônio Fagundes e voltar à sala de ensaios com minha parceira mais fiel, Christiane Torloni, somados ao privilégio de um primeiro encontro com os talentos de Alexandra Martins e Thiago Fragoso. Posso querer mais? Posso sim: divertir e encantar nosso público. Com esse time de frente eu tenho certeza que posso”, completa o diretor. Fabio Namatame, nos figurinos e no cenário, e Wagner Freire, no desenho de luz, completam a ficha técnica.

Ensaios abertos
Assim como Fagundes já fez em outros espetáculos, como “Vermelho” e “Baixa Terapia”, a peça terá ensaios abertos para que o público possa acompanhar todo o processo de criação, desde o primeiro dia de produção (as demais datas serão anunciadas nas redes sociais da peça). Os ingressos estão disponíveis no site www.sympla.com.br a R$30,00 ou diretamente na bilheteria do Tuca. Quem comprar o ingresso para conferir o processo de ensaio terá direito a um cupom de desconto na compra do ingresso para o espetáculo durante a temporada, no mesmo valor pago pelo ensaio (R$30,00 por ensaio). Exemplo: quem assistir a três ensaios, terá desconto de 90 reais no preço do ingresso.


Bastidores
O público também poderá ter acesso aos bastidores, antes de todas as sessões, para vivenciar o que acontece por trás do espetáculo. O espectador que comprar o ingresso para o espetáculo, poderá comprar também o ingresso de acesso aos bastidores, onde participará de um tour guiado pelos atores com visita aos camarins, acesso às coxias e sessão de fotos. Para realizar a visita o espectador terá que chegar ao teatro uma hora e meia antes do espetáculo começar. A experiência adicional é oferecida a R$100,00 (por pessoa).


Bate-papo
Ao fim de cada espetáculo, o elenco voltará ao palco para um bate-papo com a plateia, numa troca divertida e informal sobre a peça.


Ficha técnica
Espetáculo "Dois de Nós"
Texto: Gustavo Pinheiro
Direção: José Possi Netto
Assistente de direção: Antonio Fagundes
Elenco: Antonio Fagundes, Christiane Torloni, Thiago Fragoso e Alexandra Martins
Figurinos e cenários: Fábio Namatame
Desenho de luz: Wagner Freire
Fotos: Renata Casagrande
Produção: Antonio Fagundes
Produção executiva: Alexandra Martins
Assistentes de produção: Gustavo de Souza e Vanessa Campos 
Assessoria de imprensa: JSPontes Comunicação - João Pontes e Stella Stephany


Serviço
Espetáculo "Dois de Nós"
Estreia dia 5 de setembro, quinta-feira, às 21h00
Teatro Tuca – Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes / SP     Tel: (11) 3670-8455
Sextas-feiras, às 21h00, sabados, às 20h00, domingos, às 17h00. Ingressos: R$160,00 (inteira) e R$ 80,00 (meia-entrada) / Vendas: www.sympla.com.br ou na bilheteria do teatro de terça-feira a sábado, das 14h00 às 20h00, e domingos, das 14h00 às 18h00. Capacidade: 672 espectadores. Acessibilidade: sim. Duração: 90 minutos. Gênero: comédia. Classificação: 12 anos. Temporada: até 15 de dezembro. Redes sociais: @doisdenosteatro / @fafacultural.

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

.: "O Pássaro na Gaiola" reflete sobre racismo e patriarcado no Teatro Estúdio


A protagonista, inspirada por figuras como Ruby Bridges, que foi a primeira criança negra a ingressar em uma escola primária branca no sul dos EUA em 1961, e Maya Angelou, a primeira mulher a aparecer em uma moeda de dólar americana, encontra força para reescrever sua história em um contexto de racismo e patriarcado. Foto: Renato Mangolin


Dirigida e produzida por Arlindo Lopes, com dramaturgia de César Mello e protagonizada por Renata Vilela, "O Pássaro na Gaiola" estreia no dia 31 de agosto, sábado, às 20h00, no Teatro Estúdio. A temporada segue até 22 de setembro, com sessões aos sábados, às 20h00, e domingos, às 17h00. A pesquisa para a peça teatral tem como foco Ruby, uma personagem fictícia inspirada em Ruby Bridges. Através dessa personagem, o público é conduzido pelas histórias da atriz protagonista, Renata Vilela, e de Maya Angelou. Ao combinar elementos fictícios com fatos reais, o objetivo do espetáculo é mergulhar no subconsciente de diversas mulheres que, mesmo enfrentando a dor, conseguiram superar seus traumas.

“Essa peça nasceu de uma vontade de contar histórias próximas às minhas experiências de vida. Sempre penso que a inquietação do artista é uma abertura para portais que criam um novo olhar para o mundo, e claro juntamente com histórias de mulheres que provocaram mudanças sociais, políticas e ideológicas só me faz vislumbrar um mundo de mais justiça, cura e redenção. Precisamos nos orgulhar e nos encontrar com histórias que elevam o nível da humanidade”, relata Renata Vilela.

O espetáculo narra a trajetória de Ruby, uma escritora que visita seu passado, enfrentando as memórias que a moldaram. Ela revive momentos cruciais de sua vida, com a oportunidade de reescrever sua própria história. Em um cenário dominado pelo racismo e patriarcado, Ruby se une a outras mulheres na busca por afirmar-se como uma figura forte e independente.

A história se passa vinte anos após a morte do Reverendo Martin Luther King, em 1987, onde Ruby recebe a notícia do falecimento de James Baldwin, mentor de Maya Angelou, desencadeando nela uma onda de lembranças e nostalgia. Essa perda faz a protagonista retomar sua trajetória e refletir sobre a vida de Maya Angelou, sua maior mentora e referência.

Com isso, vemos uma prisão metafórica que aprisiona mulheres negras desde a infância, marcada pelo medo, pela rejeição e pela crença de que a cor da pele é um obstáculo à felicidade. No entanto, também retrata o processo de enfrentamento e superação desses medos, a reconstrução pessoal, as conquistas e a possibilidade de recomeçar.

“O texto reflete as histórias que ouço de Renata, seu início no balé clássico, suas experiências na dança contemporânea, sua vida de atriz, suas lembranças da infância, sua relação e experiências como filha, esposa, amiga e suas batalhas como mulher negra dentro dessa estrutura social racista, branca e excludente. É um exercício de tentar entender as diversas violências a que ela foi e está sujeita, mas também seu poder de resiliência, suas vitórias e sua garra em continuar evoluindo como mulher e artista”, conclui César Mello.


Sobre a obra
O objetivo da peça é discutir novas perspectivas sobre o mundo em que vivemos, explorando como mulheres negras e brancas estão ocupando espaços historicamente segregados. A narrativa destaca mulheres empoderadas que, com sua coragem, se tornam figuras de destaque como ativistas de direitos humanos, artistas, escritoras, pensadoras e empresárias. O espetáculo é contemplado no Edital Cultura Negra da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura da Cidade de São Paulo e ProAC Cultura Negra. “Que meninas e mulheres como Ruby Bridges, Maya Angelou e Carolina Maria de Jesus possam sempre inspirar um novo mundo, mais justo, amoroso e corajoso”, comenta Arlindo Lopes.

A obra aborda sobre a liberdade, autodescoberta e empoderamento, revelando o que está à frente e por trás dos processos de reconstrução sociais, políticos e humanos. As trajetórias de figuras como Maya Angelou, Ruby Bridges, Carolina Maria de Jesus, entre outras, nos convidam a reconhecer o potencial dentro de uma existência subjetiva. Contar essas histórias amplia a compreensão de senso de responsabilidade diante das transformações profundas necessárias para superar injustiças históricas.


Sobre César Mello - Dramaturgia
Tem uma carreira sólida no teatro, cinema e televisão, com ênfase em musicais da Broadway e séries da Netflix. Já esteve em cinco novelas da Rede Globo, "Viver a Vida", "Lado a Lado", "Sangue Bom", "Babilônia" e "A Lei do Amor". César atuou em várias produções de destaque, incluindo o musical "Uma Linda Mulher", as séries "Sintonia" e "O Negociador", e os filmes "Terapia da Vingança" e "O Sequestro do Voo 375".


Sobre Arlindo Lopes - Diretor e Produtor
Atuou em peças como "Um Homem Chamado Shakespeare" e O "Jardim Secreto". Ele produziu e atuou no monólogo Leonilson e no musical "A Ver Estrelas", ganhando o Prêmio Zilka Sallaberry de Melhor Direção. Arlindo também atuou em Transpotting, que recebeu o Prêmio Shell de Direção. Dirigiu As Aventuras do Menino Iogue, vencedor de 11 prêmios CBTIJ e Botequim Cultural, seguido por Ombela, que ganhou 9 categorias do Prêmio CBTIJ, também foi produtor e diretor do musical infantil "Menino Mandela".


Sobre Renata Vilela - Atriz
Renata é atriz, cantora e bailarina, com atuações em TV, cinema e teatro. Esteve na série Beleza Fatal da HBO Max e na peça Kafka e a Boneca Viajante. Atuou em séries como O Coro, Assédio, Spectrus, e Segunda Chamada, além dos filmes Nada a Perder 1 e 2. No teatro, interpretou musicais como O Rei Leão, Cats e Cartola.


Ficha técnica
Espetáculo "O Pássaro na Gaiola". Dramaturgia: César Mello. Direção e produção: Arlindo Lopes. Elenco: Renata Vilela. Assistência de direção e preparação corporal: Vanessa Pascale. Figurinos: Tereza Nabuco. Cenário: Teca Fichinski. Iluminação: Danielle Meireles. Direção musical e trilha sonora: Gui Leal. Bonequeiro e artes plásticas: Dante. Design gráfico: Gilberto Filho. Visagismo e coreografias de balé: Marcos Andrade. Fotografia: Renato Mangolin. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Produção: Pássaro Azul Produções em parceria com Capitão Castanho Produções. Realização: Cemear Produções Artísticas.


Serviço
Espetáculo "O Pássaro na Gaiola"
Estreia dia 31 de agosto de 2024, sábado, às 20h, e domingo às 17h no Teatro Estúdio.
Temporada: 31 de agosto até 22 de setembro
Classificação: 14 anos
Ingressos: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia-entrada)
Vendas https://bileto.sympla.com.br/event/97679?share_id=1-copiarlink
Teatro Estúdio
Endereço: Rua Conselheiro Nébias, 891 – Campos Elíseos.
Capacidade: 113 lugares.

sábado, 24 de agosto de 2024

.: Por que não perder "Priscilla, A Rainha do Deserto - O Musical da Broadway"?

Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em agosto de 2024


Uma montagem teatral capaz de elevar o ânimo da plateia -por dias-, ainda que entregue cenas de pura emoção (de pai e filho). "Priscilla, A Rainha do Deserto - O Musical da Broadway", que coloca Reynaldo Gianecchini na pele de Anthony “Tick” Belrose, performer e drag queen chamada Mitzi Mitosis, ao lado de Diego Martins como Adam Whiteley,  que vive a drag queen Felicia, assim como as atrizes Verónica Valenttino e Wallie Ruy em revezamento no papel de Bernadette Bassenger, é completamente imperdível.

Em cartaz no Teatro Bradesco, em São Paulo, o espetáculo esbanja alegria visual, assim como no texto com tiradas bastante adaptadas ao Brasil, cabendo menção à novela "Laços de Família", o que rapidamente cria um elo do público com cada personagem. Seja entre as drags e a trans até o meio valentão, Bob, de Fabrizio Gorziza ou a valentona de Andrezza Massei. A produção ainda tem uma trilha sonora impecável, incluindo "I Will Survive", “I Say A Little Prayer”, “Go West”, “Can’t Get You Out Of My Head”, “True Colors”, “I Love The Nightlife”, “Girls Just Wanna Have Fun”, e muito mais.

Tudo na montagem faz os olhos brilharem. Não por somente alimentar a alegria no público enquanto desfruta da apresentação, mas por usar tudo a favor em cada cena e mostrar que as diferenças são belas, enriquecedoras e devem ser respeitadas sempre. Enquanto Reynaldo Gianecchini mostra seu lado mais livre, sem amarras, levando-o a voltar cantar, com direito a danças coreografadas. 

Diego Martins entrega o vocal impecável -que remete, inclusive ao seu destaque em "Beatles, Num Céu de Diamantes" (2017), garantindo boas sequências de humor. Verónica Valenttino, a atriz cearense, transexual (a primeira a vencer o Prêmio Shell de Teatro, pelo musical "Brenda Lee e o Palácio das Princesas"), que interpreta Bernadette Bassenger, canta, dança e é o real toque feminino na viagem das drags Tick e Felicia. O trio em cena é um grande presente.

"Priscilla, A Rainha do Deserto - O Musical da Broadway" tem ainda três divas soltando o vozeirão -fazendo arrepiar, por vezes- com canções que conectam a trama e fazem a narrativa ganhar agilidade. O trio em cena também remete ao clássico Disney, "Hércules", em que há interferências musicais das musas, que complementam a história. É tão lindo quanto ou, até mais, uma vez que tudo acontece ao vivo no palco do Teatro Bradesco.

A montagem tem como enredo a viagem de duas drag queens e uma mulher transexual que vão a bordo do ônibus que recebe o nome de Priscilla, em pleno deserto australiano, para fazer um show. Contudo, para chegar até a parada final, juntas encaram diversos desafios e aventuras durante até o destino. Baseado no filme clássico de 1994, do diretor Stephan Elliott, o espetáculo que estreou dia 07 de junho, no Teatro Bradesco, em São Paulo, fica em cartaz até 1 de setembro. Não perca!


"Priscilla, A Rainha do Deserto - O Musical da Broadway"

Teatro Bradesco

Endereço: R. Palestra Itália, 500 - 3° Piso - Perdizes, São Paulo

Capacidade: 1.439

O espetáculo, com sessões todas as quintas e sextas, às 20h; sábados e domingos às 16h e 20h

Direção de Mariano Detry. Direção musical de Jorge de Godoy. Coreografias de Mariana Barros. Cenografia de Matt Kinley. Figurino de Fábio Namatame. Design de Luz de Warren Letton. Design de Som de Tocko Michelazzo. Design de peruca de Feliciano San Roman. Design de maquiagem de Alisson Rodrigues. Produção geral de Stephanie Mayorkis.


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quinta-feira, 22 de agosto de 2024

.: Do Grupo Pano, espetáculo "¡Cerrado!" explora as narrativas da América Latina


A peça estreia no Teatro de Contêiner, apresentando a cultura latino-americana e seu passado de autoritarismo, convidando o público a perceber o encantamento e a cultura de frestas como potentes ferramentas políticas. Foto: Leekyung Kim


Com direção e dramaturgia de Caio Silviano, "¡Cerrado!", espetáculo musicado do Grupo Pano, estreia dia 6 de setembro, sexta-feira, às 20h, no Teatro de Contêiner. A temporada segue até 30 de setembro com sessões sexta, sábado e segunda-feira, às 20h00, e domingo, às 19h00. A inspiração para a criação do espetáculo vem de uma legislação em San Pedro de Atacama, no Chile, que restringe o direito de dançar em estabelecimentos licenciados devido à burocracia excessiva e aos altos custos envolvidos na obtenção das permissões necessárias.

A história se inicia com uma Mulher que, ao finalmente encontrar o Criador dos limites da América Latina, arrasta uma das linhas de seus mapas abrindo uma fresta. Este ato evoca uma entidade capaz de trafegar por tempos antigos, entrelaçar narrativas e revisitar a história da proibição da dança no deserto. “Partimos da regulamentação da dança no deserto do Atacama, no Chile, e sua consequente proibição. Entretanto, no processo de pesquisa e desenvolvimento do espetáculo sentimos a necessidade de levantar um argumento mais abrangente, afinal, talvez a questão a ser explorada não fosse a proibição em si, mas sim um mundo que foi construído para que sua ausência não fosse motivo de revolta”, conta Caio Silviano.

Guiado pelo "portunhol", o enredo apresenta um dialeto misto de português e espanhol, repleto de neologismos, clichês e paródias. A mistura das línguas busca evidenciar a dificuldade da integração brasileira na América Latina devido a um projeto cultural colonial, mostrando que a união do continente ainda é uma ficção a ser construída.


Elementos teatrais
Com direção musical de Marco França (vencedor do prêmio Shell pelo trabalho musical em 2016 e 2019), a trilha sonora é uma fusão de diferentes influências latino-americanas, como os arranjos vocais das Murgas uruguaias, as melodias das milongas argentinas, os tambores cubanos e as músicas tradicionais dos povos andinos, complementados pela musicalidade brasileira.

“A América Latina é um prato cheio e de variados 'sabores' quando falamos em ritmos, instrumentos, gêneros musicais e tradição. O grupo Pano é muito antenado com o contemporâneo sem esquecer do que é considerado raiz de cada lugar. E isso está representado tanto nas intervenções sonoras da boate fictícia, quanto pelos atores com os mais variados instrumentos que foram se agregando em cada experimentação ao longo do processo de criação sonora/musical. A sonoridade do espetáculo certamente é a fusão fiel do que é a latinoamérica: diversa”, pontua França.

A montagem utiliza uma ampla variedade de elementos cenográficos que transformam o público em parte integrante da narrativa, proporcionando uma imersão completa nas localidades descritas. Através de truques de mágica, máscaras expressivas e música ao vivo tocada pelos próprios atores, são criados rituais de celebração e desmantelamento da morte em vida.

Mesclando o repertório do realismo fantástico com a dinâmica peculiar do teatro do absurdo, o texto propõe uma ideia de um lugar latino indefinido e marcado por suas contradições. “O objetivo é ao final engajar os espectadores de forma ativa nesse baile que se opõe ao ciclo de morte e desencanto”, explica Silviano.

A construção do figurino, concebido por Cecília Barros, se baseia nas diversas estéticas latino-americanas, com foco em cores, texturas e a pluralidade dos elementos naturais. A pesquisa busca criar algo além das vestes cotidianas, inspirando-se nas Murgas uruguaias e argentinas, no carnaval, nos bailes cubanos, nas danças andinas e outras manifestações culturais do continente.

Projetada por Lui Seixas, a iluminação cria atmosferas de boate, deserto e encantamentos. Utilizada pelo grupo como ferramenta narrativa, a luz diferencia os níveis de ficcionalidade entre ator, persona e personagem.

“'¡Cerrado!' é um grito pra fora, para ouvirmos dentro. Um enredo que salta até o Chile para olharmos o Brasil de hoje, que completa 60 anos do golpe civil militar, e tentar entender como e por que o processo de autoritarismo e o pensamento extremista na América Latina volta à tona. E como podemos usar a memória como dispositivo utópico-político dentro da cultura de frestas – política estudada por Luiz Antônio Simas e Luiz Rufino, tema componente da nossa atual pesquisa", conclui Silviano.


Grupo Pano
O Pano desenvolve sua metodologia de trabalho através de estudos teóricos e práticos, explorando textos que vão desde a atuação teatral até os fundamentos sociológicos do teatro. A partir dessas discussões, cria conteúdos musicais, dramatúrgicos e realiza treinamentos com diversas máscaras expressivas para, posteriormente, encenar seus espetáculos. Escolhendo trabalhar o Teatro do Absurdo através de um viés antropofágico, o grupo se utiliza das linguagens que Martin Esslin chama de Teatro Puro (palhaçaria, teatro de revista, etc.).

Seu novo espetáculo, "¡Cerrado!", vencedor da 18ª Edição do Prêmio Zé Renato, faz parte do aprofundamento de sua pesquisa. Unindo os conceitos previamente explorados sobre coeficiente de ficcionalidade com as ideias de encantamento e cultura de frestas estudadas por Luiz Antonio Simas e Luiz Rufino, o grupo se propõe a investigar a cultura latinoamericana, sua capacidade de deslocamento e criação de mundos possíveis.


Ficha técnica
Espetáculo "¡Cerrado!". Elenco: Amanda Quintero, Cecília Barros, Ian Noppeney, Rafael Érnica, Alice Guêga, Bernardo Bibancos, Henrique Reis, Juliano Veríssimo, Barroso e Gabriela Sugui. Diretor e dramaturgo: Caio Silviano. Direção musical: Marco França. Direção de arte: Cecília Barros. Iluminador: Lui Seixas. Máscaras: Rafael Érnica e Caio Silviano. Composições: Caio Silviano, Barroso Eus e Bernardo Bibancos. Cenotécnico: Pity Santana. Aderecista: Zé Valdir Albuquerque e Amanda Quintero. Orientação de manipulação de bonecos: Marcela Arce. Aprendiz: Marcela Lívier. Apoio de palco: Isabela Lourenço| Lou e Marcela Lívier. Direção de produção e produção executiva: Isadora Petrin (PiTô Produções). Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Equipe de vídeo: Pedro Morales, Luiz Felipe Aranha, Rodrigo Nelli. Foto: Leekyung Kim. Apoio: Turma do Bem.. Realização: Grupo Pano, Cooperativa Paulista de Teatro, 18ª edição Prêmio Zé Renato e Secretaria Municipal de Cultura da cidade de São Paulo.


Serviço
Espetáculo "¡Cerrado!"
Estreia dia 6 de setembro, sexta-feira, às 20h no Teatro de Contêiner
De 6 a 30 de setembro. Prorrogação de 4 a 14 de outubro de 2024 - Sexta, sábado e segunda, às 20h00, e domingo, às 19h00.
Duração: 135 minutos
Classificação: 16 anos.
Ingresso: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada)
Bilheteria: Aberta 1 hora antes do espetáculo.


Teatro de Contêiner
R. dos Gusmões, 43 - Santa Ifigênia
Capacidade: 99 lugares.

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