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sábado, 7 de setembro de 2024

.: Livro "Lou Reed: o Rei de Nova York": a biografia do artista que mudou a história


Mais completo e impactante relato sobre uma das personalidades mais influentes do rock, "Lou Reed: o Rei de Nova York", de Will Hermes, entrelaça a vida pública e pessoal do ousado artista que mudou a história da música. Eleito um dos melhores livros de música de 2023 pela Rolling Stone e pela Pitchfork, e um dos melhores de não ficção pela Kirkus Reviews, chega ao Brasil pela BestSeller, do Grupo Editorial Record, em edição de colecionador, com caderno de fotos, sobrecapa em acetato e impressão em serigrafia. Recentemente, Lou Reed ganhou destaque na trilha sonora do filme "Dias Perfeitos", de Wim Wenders, com a música "Perfect Day". 

Em "Lou Reed: o Rei de Nova York", o crítico de música Will Hermes oferece ao público uma narrativa detalhada que cobre desde os acontecimentos mais importantes até fatos menos conhecidos da vida do artista responsável por unir referências do pop comercial e da música de vanguarda europeia. O biógrafo foi o primeiro a ter acesso ao arquivo completo do músico, que integra a Biblioteca Pública de Nova York.

Hermes explora a fundo as complexas relações de Reed com outras personalidades emblemáticas, como David Bowie, Andy Warhol, John Cale e Laurie Anderson, além do jeito fascinante e sem papas na língua com que ele lidava com fãs, jornalistas e frequentadores da cena underground. Passamos a conhecer melhor a sagacidade e o estilo experimental e lírico de Reed — que marcou sua passagem como cantor e compositor no icônico The Velvet Underground e em outros trabalhos —, bem como a ambição artística e a tendência à autossabotagem que herdou de seu mentor, o poeta e escritor Delmore Schwartz.

Além do acervo, Hermes utilizou também gravações inéditas e entrevistou contemporâneos de Reed para oferecer ao leitor uma nova face do astro — desde a época em que morava em apartamentos sem água quente no chuveiro no Lower East Side até o estrelato. Conforme se aprofunda na história de Reed, Hermes também proporciona ao leitor vislumbres da cidade e dos arredores de Nova York, apresentando pouco a pouco a rica história cultural da metrópole que se tornou a grande musa do poeta do rock.

Sucesso de crítica, "Lou Reed: o Rei de Nova York" é a biografia monumental de um compositor pioneiro em escrever sobre papéis de gênero e identidades queer, um artista comprometido na mesma medida em captar o belo e o estranho e um homem complexado e por vezes truculento, cuja sensibilidade artística persiste até os dias de hoje. Compre o livro "Lou Reed: o Rei de Nova York" neste link.
 

O que disseram sobre o livro
“A única biografia sobre Lou Reed que você precisa ler.” — Washington Post

“Um retrato irresistível de uma das personalidades mais importantes do rock dos anos 1960 e 1970.” — Esquire

“Hermes investigou a fundo o passado de Reed — entrevistou familiares, amigos de infância, colegas de faculdade e outros conhecidos —, mas o real valor deste livro está na análise crítica da obra do artista e de sua influência. Acumulando dez anos de pesquisa e ostentando uma grande variedade de fontes, este trabalho de peso representa a história definitiva de Lou Reed.” — Variety

“O experiente jornalista musical Will Hermes encontrou na história de Lou Reed uma fonte de polêmicas que incluem temas como gênero, sexualidade e drogas. Para além das fofocas, ele mostra como o astro foi um ponto de referência para movimentos artísticos, além de um pioneiro, embora pouco conhecido, ícone LGBTQIAP+.” — Los Angeles Times

Sobre o autor
Will Hermes colabora como editor para a Rolling Stone e escreve regularmente para o jornal The New York Times, o noticiário All Things Considered, da NPR, e para o portal Pitchfork. É autor de "Love Goes to Buildings on Fire" e um dos organizadores da coletânea "SPIN: 20 Years of Alternative Music". Garanta o seu exemplar de "Lou Reed: o Rei de Nova York" neste link.

Ficha técnica
"Lou Reed: o Rei de Nova York"
Título original: "Lou Reed: The king of New York"
Will Hermes
Tradução: Lívia de Almeida
576 páginas
Ed. BestSeller | Grupo Editorial Record
Compre o livro neste link.

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

.: Voz de Deus encontra um anjo: Milton Nascimento e Esperanza Spalding


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural

É incrível como Milton Nascimento tem o poder de agregar pessoas de várias gerações em torno de sua obra. E agora foi a vez de Esperanza Spalding, com quem já havia trabalhado anteriormente, que gravou um disco com o nosso eterno Bituca, contando com algumas participações especiais e releituras de canções do compositor mineiro, além do material autoral.

A repercussão do disco no exterior foi a melhor possível. O jornal The New York Times, por exemplo, chamou Milton de "Divindade Musical". Lembrando aquela citação feita por Elis Regina, que afirmou que, "se Deus tiver uma voz, seria a do Milton".

Durante anos, Esperanza Spalding sonhou em fazer música com Milton Nascimento. Ela ouviu sua obra pela primeira vez quando era estudante na Berklee College of Music, em Boston, no início dos anos 2000. O álbum "Milton + Esperanza", é o ápice comovente da admiração de longa data de Spalding, que surgiu como um anjo na vida de Bituca. Uma mistura de clássicos do catálogo de Nascimento, novas músicas de Spalding e covers de outros artistas, incluindo The Beatles e Michael Jackson, o álbum é um retrato de seu relacionamento criativo.

Claro que a voz de Milton já não consegue ter a mesma força. Ainda soa afinada, mas hesitante em alguns momentos. Mas isso não diminui o brilho do trabalho, que conta com banda principal de Matthew Stevens (guitarra), Justin Tyson e Eric Doob (bateria), Leo Genovese (piano), Corey D. King (vocais, sintetizadores). Esperanza Spalding e Milton Nascimento juntos revisitaram cinco de suas canções, junto com quatro originais de Spalding, além de alguns covers do Beatles ("A Day In The Life") e de Michael Jackson ("Human Nature").

É emocionante ouvir a voz de Esperanza entoando "Cais" e "Morro Velho" com Milton Nascimento. O contraste das vozes somente reforça o brilho da obra do compositor mineiro do Clube da Esquina. O álbum convida você a passar um tempo com uma pessoa que é um poço de conhecimento - mais de 80 anos de experiência vivida existem em sua mente e voz. "Milton + Esperanza" compartilha esse milagre simples com você. Sem apelar para os recursos do estúdio. Apenas a música tocada hoje, sem truques. Exatamente como ela é, de fato.

"A Day In The Life"

"Morro Velho"

"Cais"


domingo, 1 de setembro de 2024

.: Crítica musical: há 50 anos, Elis e Tom se encontravam em disco


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural

Gravado há 50 anos, o álbum "Elis e Tom" se tornou um dos marcos máximos de nossa MPB. A união da maior cantora do Brasil com nosso maestro soberano acabou sendo perfeita, apesar dos contratempos e tensões ocorridos durante a gravação. A ideia do disco foi viabilizada pela Gravadora de Elis Regina na época (Phillps/Phonogram). Ela completava dez anos na casa e escolheu como presente a gravação de um disco com canções de Tom Jobim, com a participação do mesmo.

Para o disco foram recrutados músicos Hélio Delmiro (guitarra), Paulinho Braga (bateria) e Luizão Maia (baixo), além de Cesar Camargo Mariano (teclados), que ficou encarregado pela direção e produção do álbum. O grupo viajou para os Estados Unidos para gravar o álbum juntamente com Tom Jobim, que já morava naquele País. Entretanto o encontro inicial teve momentos de tensão, com Tom questionando o fato de a produção ficar sob responsabilidade de Cesar Camargo Mariano, que na época ainda era um jovem talento.

As desconfianças do Maestro Soberano logo cessaram quando foi finalizada a gravação de Corcovado, com um belo arranjo de cordas e um instrumental que parecia renovar a canção de Jobim, além da voz sempre impecável de Elis. Também foi importante a presença do produtor Aloisio de Oliveira, um amigo de longa data de Jobim, que ajudou a dar um ponto de equilíbrio na produção.

O repertório tem 14 faixas, sendo 12 delas cantadas por Elis e duas em dueto com Tom Jobim ("Águas de Março" e "Soneto da Separação"). Além de "Corcovado", Elis está ótima nas releituras de "Chovendo na Roseira", "Brigas Nunca Mais", "Triste", "Só Tinha que Ser com Você", "Pois É", "Inútil Paisagem", "O que Tinha de Ser", "Modinha" e "Fotografia".

Não há um momento ruim no disco. Essa gravação de "Águas de Março" em dueto é considerada definitiva. Cesar Mariano revelou em uma entrevista que Tom Jobim passou a usar esse arranjo em suas apresentações ao vivo dessa canção. Recentemente o documentário sobre a gravação do álbum trouxe imagens raras desse momento mágico de duas figuras míticas de nossa cultura que se uniram apenas para fazer aquilo que mais gostavam: música.

"Águas de Março"

"Corcovado"

"Chovendo na Roseira"

domingo, 25 de agosto de 2024

.: Ann Wilson, da banda Heart e com a Tripsetter, de coração e alma, ao vivo


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural

Veterana na história do rock, Ann Wilson, da banda Heart, surgiu no ano passado com um ótimo projeto solo paralelo com a Tripsetter. Aparentemente buscando obter a essência da sonoridade que fazia nos anos 70. E ela foi ainda mais além. O resultado acabou sendo um tipo de interpretação capaz de emocionar não só os fãs de sua antiga banda. Mas todos que curtem o autêntico rock setentista de raiz.

O disco ao vivo ("Live In Concert") desse projeto reúne parte dessa fértil produção solo com algumas releituras de clássicos do rock como "Isolation" (John Lennon), "Going To California" e "Imigrant Song" (ambas do Led Zeppelin), "Let´s Dance" (David Bowie) e outras do Heart como "Magic Man", "Crazy On You" e "Barracuda".

Chama a atenção a produção autoral com a "Tripsitter". São autênticos petardos sonoros interpretados divinamente por Ann Wilson, contando com uma rica cozinha rítmica. Canções como "This Is Now" e "Ruler Of The Night" atingem em cheio o coração do ouvinte, assim como as releituras, todas cantadas em modo ON, no mais alto grau mesmo. Ann Wilson buscou oxigenar sua criatividade em novas perspectivas dentro da velha e infalível receita do rock setentista. E encontrou na Tripsitter a fórmula ideal para concretizar o seu objetivo.

Recentemente ela anunciou que estava iniciando um tratamento contra um câncer. E que, em função disso, teria que se afastar durante um tempo desse projeto solo e da Heart. Torço para que ela consiga superar esse tratamento o mais breve possível. E possa voltar logo para a estrada e, consequentemente, para os palcos dos shows de rock. 

"This Is Now"


"Ruler Of The Night"

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

.: Entrevista com Simone Kopmajer: a sustentável leveza da voz da Áustria


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Tinksi

A cantora austríaca Simone Kopmajer está divulgando o seu mais recente trabalho, o álbum "Hope", que reúne algumas releituras com foco no jazz e em alguns elementos do pop, além de canções autorais compostas em parceria com outros músicos. O disco segue a linha de sonoridade de outros lançamentos, mostrando uma voz suave, madura e bem segura de si como intérprete. Em entrevista para o portal Resenhando.com, ela conta como foi seu início na música e comenta o atual panorama do mercado fonográfico, marcado pela volta do vinil em países da Europa e na América do Norte. “Espero que possamos desacelerar um pouco nesse processo e curtir mais a música em sua essência”.


Resenhando.com - No seu álbum "With Love" você apresenta músicas autorais. Neste álbum mais recente, "Hope", você se mostrou como compositora novamente?
Simone Kopmajer - Sim, eu co-escrevi três músicas: "Black Tattoo", "Hope" e "So Faengt das Leben an".


Resenhando.com - Como você começou na música?
Simone Kopmajer - Cresci em uma família musical e comecei a tocar piano quando tinha oito anos. Mas cantar continuou sendo meu primeiro amor e ainda é. 


Resenhando.com - Quais foram as suas referências musicais?
Simone Kopmajer - Quando criança, ouvia os artistas favoritos do meu pai, como Frank Sinatra, Louis Armstrong, Ella Fitzgerald, Dean Martin, Herb Alpert, ... e mais tarde fui influenciada por todos os grandes cantores de pop e soul como Aretha Franklin, Stevie Wonder, Whitney Houston, Marvin Gaye, Al Jarreau, entre outros.


Resenhando.com - A indústria musical vem mudando nos últimos anos. Como você vê a situação atual?
Simone Kopmajer - Está mudando rápido e as plataformas de downloads e streaming estão se tornando cada vez mais importantes, mas também está voltando para o vinil e isso é bom. Acho que teremos que desacelerar novamente e selecionar mais.


Resenhando.com - Você conhece a música brasileira?
Simone Kopmajer - Claro, eu adoro música brasileira e também há uma comunidade musical brasileira em Viena que começou anos atrás com Alegre Correa.


Resenhando.com - E quem você mais admira na MPB?
Simone Kopmajer - Eu gosto muito de Elis Regina. Adoro a voz dela, seu fraseado e interpretação de uma música.


Resenhando.com - Quais são os planos para shows de promoção do álbum "Hope"?
Simone Kopmajer - Estamos agora fazendo muitos shows na minha terra natal, Áustria. E faremos uma turnê nos Estados Unidos em fevereiro de 2025.


"The Dock Of The Bay"

"Black Tatoo"

"Hope"

.: Vozes do Cerrado Goiano se unem no palco para celebrar a música brasileira


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

O que era para ser um encontro de amigos no palco acabou se tornando um espetáculo de música brasileira autêntica.  O projeto Vozes do Cerrado Goiano conseguiu unir Juraildes da Cruz, Antônio Pádua e Maria Eugênia, três talentos da região de Goiás,  que desenvolvem carreiras solo férteis para mostrar um pouco de sua arte e poesia cantando juntos.

O show sob a direção musical de Luiz Chaffin já chegou em São Paulo e deve se estender para outras localidades, conforme informa Antônio Pádua. “A resposta do público acabou superando nossas expectativas. De uma certa forma, creio que a obra que apresentamos tem um forte apelo popular. Nós três somos artistas do palco”.

Pádua explica que o projeto nasceu inicialmente para comemorar os 50 anos de carreira de Juraildes da Cruz. Mas acabou crescendo e sendo ampliado com a união de Maria Eugênia, que já havia gravado várias canções de Juraildes. Por sua vez,  Pádua, que já tinha feito várias parcerias com o homenageado ao longo dos anos, acabou por contribuir para dar forma ao espetáculo. “É uma celebração a obra do Juraildes, que representa muito a nossa autêntica música regional, aquela que atinge o coração do público”.

Juraíldes da Cruz é um ícone da música brasileira que celebra 50 anos de carreira e quase 70 anos de vida dedicados à sua arte. Com composições gravadas por artistas renomados como Xangai, Elomar e Saulo Laranjeira, Juraíldes já foi indicado cinco vezes ao Prêmio da Música Brasileira, vencendo duas vezes. Sua obra abrange uma rica diversidade de ritmos, melodias e temas que vão da natureza ao humor e filosofias de vida, é a base deste espetáculo. 

Pádua, nome artístico de Antônio de Pádua da Silva, é um cantor e compositor de voz marcante. Com 40 anos de carreira e diversas premiações em festivais, é conhecido por sua habilidade em mesclar sonoridades e criar músicas que refletem a simplicidade e a riqueza cultural de sua terra. Em "Vozes do Cerrado Goiano", ele apresenta composições próprias e parcerias com Juraíldes da Cruz, Paulinho Pedra Azul e outros grandes nomes da MPB. 

Maria Eugênia celebra 30 anos de carreira fonográfica com uma trajetória dedicada à diversidade da música brasileira. Sua voz já deu vida à abertura da novela Araguaia e foi destaque no programa Som Brasil em homenagem a Chico Buarque. Com uma carreira internacional que inclui turnês por mais de 20 países, Maria Eugênia traz ao palco sua interpretação única das composições de Juraíldes da Cruz e outros clássicos da MPB. Juntos,  os três com seus estilos próprios, encontram um ponto comum na música de Juraíldes, criando uma homenagem singular a este artista ímpar. 

"Toda Vez" - Juraildes da Cruz

"Louca Magia" - Pádua

"Quem Ama Perdoa" - Maria Eugenia

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

.: Crítica musical: a volta de Roberto Riberti em disco


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

O novo álbum “Estrela é o Samba” (distribuição Tratore) traz Roberto Riberti de volta, como um bem guardado segredo de São Paulo. Após um hiato de 38 anos, o compositor apresenta sambas feitos em parceria com grandes nomes do gênero, como Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho e Paulo Vanzolini, gravados entre 2012 e 2023.

Entre 1977 e 1986, Riberti lançou quatro discos, foi gravado por gente como MPB4, Elza Soares, Beth Carvalho, Quarteto em Cy, Marcia, Eliete Negreiros e Leila Pinheiro, e teve música até em novela das oito da TV Globo (“Passageiro”, na trilha sonora de “Os gigantes”). Sua produção como compositor e letrista abrange da MPB mais clássica - como “Passageiro” e “Apenas mais um” - até duas correntes aparentemente antagônicas que em sua obra se harmonizam perfeitamente: o samba e o choro de um lado, e de outro a vanguarda paulista (é parceiro de Arrigo Barnabé em clássicos como “Cidade Oculta”, “Lenda”, “A Serpente”, e “Mística”, do “Tubarões Voadores”).

Nesses 38 anos, Riberti se afastou da música, mas não da composição. Foi aos poucos gravando um álbum de seus sambas, o primeiro só com esse gênero, recheado de participações especiais de velhos ídolos e parceiros (muitos dos quais foram nos deixando). “Estrela é o Samba” é, na verdade, uma procura do samba feita por Riberti dentro de sua obra e por sua cidade, São Paulo.

Há no álbum músicas e gravações inéditas, entre elas três sambas fruto da parceria com Elton Medeiros, o clássico “Estrela” (letra de Riberti e melodia de Elton e Eduardo Gudin) até então nunca gravado por Riberti, e “Imensidade” e “Pobre Amor” (melodias de Elton Medeiros e letras de Riberti), sendo dois deles com a participação de Elton Medeiros; “Túmulo do Samba”, com participação do saudoso Germano Mathias; “Todo Mundo Me Diz” (melodia de Riberti e letra de Paulo Vanzolini escrita na década de 40), com participação do MPB4; e Euforia (letra de Riberti e melodia de Nelson Cavaquinho e Eduardo Gudin), pela primeira vez gravada pelo autor.

Trata-se de um disco bem produzido que se encaixaria na rica e tradicional produção da década de 70, o que por si só já merece uma atenta audição do ouvinte. Porque trata-se de uma seleção de sambas que não possui prazo de validade.  Tão atemporal como aquele conhecido clássico  "Velho Ateu" (1978), composto em parceria com Eduardo Gudin, tão presente nas rodas de sambas do país.

"Quando o Amor Invade"

"A Força do Bem"

"Estrela"

sexta-feira, 2 de agosto de 2024

.: Crítica musical: Deep Purple resgata sua sonoridade em novo disco


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Algumas bandas seguem seu caminho na música atravessando décadas e superando os percalços e mudanças em sua formação. Um desses casos é o Deep Purple, que acaba de lançar "=1"  um novo e ótimo álbum com canções autorais e uma sonoridade que resgata os tempos dos anos 70.

A formação atual conta com Ian Gillan (vocal), Ian Paice (bateria), Roger Glover (baixo), Don Airey (teclados) e Simon McBride (guitarra), que entrou no lugar de Steve Morse. E a mudança acabou sendo benéfica, pois Simon se integrou perfeitamente com a banda, priorizando a criação de riffs e fazendo aqueles conhecidos duelos de solos de guitarra com os teclados. Algo bastante notado nos discos dos anos 70.

Claro que a voz de Ian Gillan sente os efeitos do tempo. Não consegue mais gritar aqueles agudos como no passado. Porém as canções escolhidas para esse disco se adequaram com perfeição na sua voz atual, que ainda é capaz de mostrar um feeling irresistível para quem curte um hard rock clássico.

E é preciso destacar a cozinha rítmica formada pelo baixo de Roger Glover e a bateria de Ian Paice. É de se admirar o perfeito entrosamento deles com o novato Simon McBride, que se revelou um ótimo criador de riffs. Ele até parece uma mistura de Ritchie Blackmore com Steve Morse.

O disco tem nas cinco primeiras faixas, "Show Me", "A Bit On The Side", "Sharp Shooter", "Portable Door" e "Old Fangled Thing" um início envolvente, com aquele som característico dos anos 70, recheados de riffs poderosos e solos precisos.

E o ouvinte não se decepciona nas faixas seguintes. Tem o single de divulgação ("Lazy Sod") que é um petardo sonoro com um show de Don Airey, acompanhado pelos riffs de Simon McBride. E o peso roqueiro de Now You're Talkin', No Money To Burn e Bleeding Obvious. Há momentos mais introspectivos nas faixas If I Were You e I'll Catch You, que não comprometem o conjunto da obra. O novo álbum do Deep Purple pode até não estar no nível de outros clássicos, como Machine Head e Fireball. Mas tem elementos suficientes para agradar seus fãs e admiradores. Vale a pena a audição.

"Lazy Sod"

"Pìctures of You"

"Show Me"

sexta-feira, 26 de julho de 2024

.: Entrevista: Yohan Kisser explora novos rumos na música


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

O músico e compositor Yohan Kisser vem mostrando um trabalho original, fora dos padrões estabelecidos pelo pop e rock convencional. Ele já lançou um elogiado EP e vem divulgando dois singles de seu próximo trabalho, que terá 12 canções autorais e deve ser concluído em breve. Filho do músico Andreas Kisser, integrante do grupo Sepultura, Yohan desenvolve um trabalho por uma linha diferente do seu pai, mesclando influências do rock progressivo e até da chamada vanguarda paulista, representada por nomes como Arrigo Barnabé. Em entrevista para o portal Resenhando.com, ele conta como foi seu início na música e explica o conceito de seu trabalho. "O álbum é uma mistura de inglês e português, e a ideia por trás do título é uma reflexão sobre a vida, a competição e a harmonia na natureza e na sociedade".

Resenhando.com - Fale como foi seu início na música. Os pais te incentivaram?
Yohan Kisser -
Meu início começou ainda na infância. Tive aulas de bateria e violão, que me deram uma base para formar a primeira banda que tocava rock progressivo. Mais tarde me formei em violão clássico e a partir daí passei a buscar uma identidade musical mais definida. Mais precisamente a partir de 2017 passei a compor canções nesse tipo de formato atual, já com muita influência de Frank Zappa e até Arrigo Barnabé, que são dois nomes que curto muito.


Resenhando.com - À primeira vista, quem não te conhece imaginaria que você produziria um trabalho com foco no metal.
Yohan Kisser - 
Pois é. Eu também curto muito o trabalho que meu pai (Andreas Kisser) desenvolve no Sepultura. Mas o fato é que sempre tive a liberdade para seguir o meu próprio caminho, que buscava ir mais além, em novos horizontes.


Resenhando.com - Em um de seus singles recentes, o "Membro Fantasma", você presta uma homenagem a mãe. Como foi a repercussão?
Yohan Kisser - 
Essa música foi muito especial. Eu a compus em um piano que minha mãe (Patricia Kisser, que faleceu em 2022) me deu. Passei a abrir novas perspectivas ao tocar e compor nesse instrumento. Então veio a ideia de compor algo sobre ela, sobre a falta que ela faz para mim e toda a família. Recentemente o neto do Tom Jobim, Daniel Jobim, disse ter gostado muito da canção e observou que o coral que canta a melodia lembrava o grupo vocal que o Tom Jobim tinha na banda quando tocava ao vivo. Não foi algo intencional, mas de certa forma reflete a influência que recebi. Tom Jobim e Chico Buarque sempre foram referências importantes, além das que citei antes, do rock.


Resenhando.com - Como está a produção de seu novo trabalho?
Yohan Kisser - 
Finalizamos duas faixas que já foram lançadas como singles: “Membro Fantasma” e "The Rivals are Fed and Rested", sendo que esta última será a faixa título do disco. As demais devem estar concluídas até o final de agosto. O álbum é uma mistura de inglês e português, e a ideia por trás do título é uma reflexão sobre a vida, a competição e a harmonia na natureza e na sociedade. Há influências que vão desde Frank Zappa até Beatles e Queen, buscando capturar a diversidade e a surpresa que encontramos na música.

Resenhando.com - E como está preparando os shows para divulgar?
Yohan Kisser - 
Com certeza estaremos na estrada para mostrar esse trabalho, assim que o disco for concluído. Estamos ansiosos para subir no palco e tocar essas canções. E espero conseguir levar o show aí, para Santos, que guardo com carinho na memória. Minha família frequentava bastante a Cidade. Andei bastante pelo Canal 1 (Avenida Pinheiro Machado), próximo da praia. É uma cidade muito acolhedora.

"Membro Fantasma"

"The Rivalks Are Fed and Rested"


sexta-feira, 19 de julho de 2024

.: Chris Standring, o homem do soul jazz está de volta com "As We Think"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

O músico britânico Chris Standring, conhecido como "o homem do soul jazz", está lançando mais um trabalho na linha instrumental. Intitulado "As We Think" ("Como Pensamos", em tradução literal), o mais recente álbum mostra uma sonoridade na linha do jazz fusion mesclado com elementos de pop e de soul music.

Para esse disco Standring contou com um time experiente de músicos, entre eles Andrew Berry (baixo elétrico), Chris Coleman (bateria), Lenny Castro (percussão), Rodney Lee (teclados), Dino  Soldo (Sax e Harmonica), Terry Disley (teclados) e Larry Stein (baixo acústico). Os arranjos de metais das faixas foram elaborados por Walter Murphy, exceto o da faixa Alphabet Soup, que foi feito por Standring.

Esse disco justifica o apelido dado ao britânico ("The Soul Jazz Man"), porque ele consegue mesclar com perfeição em seus trabalhos os estilos que influenciaram a sua formação musical. Junte isso ao fato de Standring saber equilibrar o elemento pop em seu trabalho, que não por acaso vem sendo ouvido nas rádios especializadas em jazz e música instrumental. Tudo é feito de forma dosada, na medida certa para o ouvinte.

O primeiro single, "Alphabet Soup", traz a banda tocando uma melodia envolvente que ganha o ouvinte logo na primeira audição. Há momentos mais introspectivos nas faixas "Bedtime Story" e "Come Closer" (esta última com arranjo bem no estilo Philadelphia Soul dos anos 70). Já a faixa "This Life" flerta com o reggae e o pop.

Mas é na faixa "Chocolate Shake", que abre o disco, que Standring mostra o seu soul jazz com maior propriedade. Um discreto solo de guitarra que vai de encontro ao balanço soul de forma certeira. Fica difícil escolher uma faixa como a melhor desse disco, que marca mais um acerto de Standring junto ao público. E que merecidamente vem obtendo boa recepção da crítica especializada no exterior.

"This Life"

"Alphabet Soup"

.: The Weeknd faz concerto único em SP, em show que nunca foi apresentado


O superstar global The Weeknd anunciou um concerto exclusivo em estádio, uma data apenas, em São Paulo, no Brasil, na sexta-feira, 7 de setembro de 2024, no Estádio MorumBIS, estreando uma produção inédita. A apresentação, produzida pela Live Nation, chega após a turnê “After Hours Til Dawn Tour 2022/2023”, que quebrou recordes e teve um sucesso incrível na América do Norte, Europa, Reino Unido e América Latina, com mais de 60 datas e ingressos esgotados em estádios, além de público total de mais de 3 milhões. A turnê também incluiu duas datas em estádios em São Paulo, no Allianz Parque, em outubro passado.

Os ingressos ficam disponíveis a partir das 10h00 (horário de Brasília) de 22 de julho, inicialmente em pré-venda somente para fãs cadastrados no site do artista. Outras pré-vendas serão realizadas durante toda a semana antes da abertura das vendas gerais, que começam na quinta-feira, 25 de julho, às 10h00, em TheWeeknd.com/SaoPaulo.

Como Embaixador da Boa Vontade do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas, Abel “The Weeknd” Tesfaye fará novamente uma parceria com a iniciativa das Nações Unidas para contribuir com fundos do show de São Paulo para o XO Humanitarian Fund, que apoia a resposta da organização à crise de fome global sem precedentes. O equivalente a um dólar de cada ingresso vendido será destinado a essa importante causa.

sexta-feira, 12 de julho de 2024

.: Entrevista: músico, Leandro Fregonesi desenvolve novos projetos


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Fábio Figueiredo

Com 20 anos de carreira, o músico e compositor Leandro Fregonesi tem conseguido conquistar seu espaço na música. Além de lançar discos autorais, suas composições foram gravadas por nomes conhecidos da MPB, como Maria Bethânia e Beth Carvalho, só pra citar dois exemplos. Apesar de ter uma ligação forte com o samba, sua obra também inclui outros ritmos, como o xote, frevo e até baladas românticas, como a de seu mais recente lançamento, a canção "Meu Mar". Em entrevista para o Resenhando.com, Fregonesi conta como foi o seu início na música e revela estar desenvolvendo novos projetos. “Quero realizar um show interpretando canções de outros compositores”.


Resenhando.com - Como foi seu início na música? Quem foram as suas referências?
Leandro Fregonesi - Minha memória afetiva com a música vem desde os sete anos, com a família fazendo reuniões animadas com música e instrumentos. Já nessa época ouvia muitos discos de MPB e alguns internacionais. Mas a MPB sempre fez a minha cabeça, em especial, o samba. Quando passei a trabalhar com música profissionalmente, passei a ter mais clara minhas principais referências como compositores: Chico Buarque, Arlindo Cruz e Paulo Cesar Pinheiro. Mas aprecio também a obra de muita gente que está por aí compondo.

Resenhando.com - Sua família incentivou a sua carreira na música ou houve algum receio?
Leandro Fregonesi - Não tinha músicos na minha família. Fui o primeiro a ingressar profissionalmente nessa área. Mas como sempre levei a coisa a sério, isso acabou por mostrar que o caminho que escolhi seria esse mesmo. Todos compreenderam e me apoiaram na decisão.

Resenhando.com - Como foi ser descoberto por nomes já conhecidos na MPB?
Leandro Fregonesi - No meu caso essas descobertas aconteceram quase que por acaso. A Beth Carvalho recebeu uma fita com composições minhas quando estava escolhendo o repertório de seu disco. Acabou gostando de dois sambas de minha autoria. Foi uma felicidade imensa ouvi-la em disco cantando a minha música. Com a Maria Bethânia ocorreu algo parecido. Eu enviei as canções e ela me contatou uns oito meses depois. As duas foram muito gentis e devo muito a elas. Essas gravações acabaram por ajudar a consolidar minha carreira como compositor.


Resenhando.com - Seu nome tem forte ligação com o samba. Mas você compõe em outros ritmos também.
Leandro Fregonesi - Eu também gosto muito de outros ritmos, como o xote, o frevo e até a música romântica. Cito até Michael Sullivan e Paulo Massadas como referência nesse estilo. Considero a canção Um Dia de Domingo um clássico desse estilo mais romântico. Meu último single, intitulado Meu Mar, é uma canção romântica.  Isso não quer dizer que eu esteja me afastando do samba. Continuo compondo nesse estilo também.  Apenas procuro ampliar meu horizonte musical.

Resenhando.com - Como estão seus planos para o futuro?
Leandro Fregonesi - Estamos divulgando o clipe de “Meu Mar”, com produção, direção e filmagem de Fábio Figueiredo.  Estou trabalhando para um novo show, chamado “Bê-a-Bá do Brasil” que é uma espécie de jukebox de músicas populares. Também é fruto dessa busca e da minha paixão pela música brasileira, à qual dedico toda a minha vida e é o chão no qual floresce a minha obra. Futuramente pretendo lançar um novo disco.

Leandro Fregonesi - "Meu Mar"

Leandro Fregonesi - "Dinheiro Mole"

.: “República Lee - Um Musical ao Som de Rita” estreia nesta sexta, em SP


O espetáculo da In Cena Produções une teatro e cinema, construindo um filme na presença do público, com cenas pré-gravadas e outras filmadas ao vivo. Foto: Gabé

Em uma grande homenagem à cantora e compositora Rita Lee, a In Cena Produções leva aos palcos o espetáculo “República Lee - Um Musical ao Som de Rita”, em curta temporada, de 12 de julho a 4 de agosto, no Teatro Viradalata, em São Paulo. Com texto e direção de Tauã Delmiro, o espetáculo não-biográfico, uma comédia musical, faz um tributo ao legado da rainha do rock brasileiro, marcado pela liberdade e irreverência. Fazem parte da equipe criativa Cella Bártholo (idealização), Hugo Kerth (direção musical e arranjos) e Débora Polistchuck (coreografias e assistência de direção).

“República Lee - Um Musical ao Som de Rita” acompanha a história de cinco jovens, moradores de uma república na cidade de São Paulo, entre os anos de 1968 e 1969. O grupo está engajado em produzir, dentro do apartamento onde mora, um curta-metragem de ficção científica, com baixo orçamento. A trama dentro da trama é baseada em longas-metragens de sci-fi dos anos 1950, como “O Dia em que a Terra Parou”, “A Invasão dos Discos Voadores” e “O Ataque da Mulher de 15 Metros”. No elenco, estão Cella Bártholo (Jullie), Caio Nery (Caio), Rodrigo Salvadoretti (Danilo), Ingrid Klug (Sarah), Pedro Balu (Darín) e João Ferreira e Luiza Cesar (swings).  

A dramaturgia do musical é embalada por canções clássicas do repertório de Rita Lee, como “Agora Só Falta Você”, “Nem Luxo, Nem Lixo”, “Alô, Alô, Marciano”, “Desculpe o Auê” e “Mutante”. “A maior inspiração do enredo foram as canções da Rita e, a partir delas, buscamos absorver o caráter disruptivo presente nas letras e melodias. Embora o espetáculo não seja uma biografia da vida da artista, os cinco personagens são desdobramentos da personalidade transgressora dela”, explica o autor e diretor Tauã Delmiro.

A comédia musical  sintetiza a efervescente cena cultural paulista do final da década de 1960, que assistiu florescer o trabalho de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Os Mutantes. “Um caldeirão de experimentos artísticos que possibilitou o nascimento da Tropicália e a construção da identidade do rock nacional, ritmo que fez de Rita Lee sua principal representante”, ressalta Cella Bártholo, que idealizou o espetáculo e é diretora artística da In Cena Produções.

O espetáculo surpreende o público ao proporcionar uma experiência multilinguagem, unindo teatro e cinema. A partir da interação de cenas teatrais, takes pré-gravados e outros filmados ao vivo, será construído um filme na presença do público. A partir do universo lúdico e disruptivo da lírica de Rita, a narrativa aborda a rebeldia de uma juventude que rompeu paradigmas e quer ser fonte de inspiração para os espectadores.

“Em sua autobiografia, Rita revela sua enorme paixão pelo cinema. Esse fato me inspirou a escrever uma dramaturgia que dialogasse teatro e audiovisual. Levei essa ideia pra Cella e ficamos confiantes de que conseguiríamos desenvolver uma obra instigante e inovadora”, adianta Tauã. Com o objetivo de fomentar o musical brasileiro, a In Cena pretende investir em projetos inéditos e nacionais. “A gente sabe que tem muitos artistas talentosos aqui nas áreas de dramaturgia, composição, dança, e queremos fomentar esse mercado. Além disso, homenagear grandes nomes brasileiros, como a Rita Lee”, completa Cella.


Sobre Tauã Delmiro
Tauã Delmiro atua, dirige, escreve e compõe para teatro. Entrou para lista "Forbes Under 30" como um dos jovens que mais impactaram no setor das artes dramáticas em 2021. Recentemente, com o seu trabalho autoral "As Metades da Laranja", ganhou o Prêmio do Humor nas categorias Melhor Direção e Melhor Espetáculo. Pela peça, também foi indicacado a Melhor Autor no Prêmio APTR e Melhor Ator em Teatro Musical no Prêmio Cesgranrio. Participou do elenco de "Benjamin - O Palhaço Negro" e "(nome do espetáculo]", que ganhou o prêmio de Melhor Espetáculo no Prêmio do Humor, em 2013. Com os monólogos autorais “O Edredom” e "Dois Pais”, acumulou mais de 12 premiações em festivais dedicados ao teatro infanto-juvenil. Em 2024, estreia “República Lee – Um musical ao som de Rita”.


Sobre o Grupo In Cena
A In Cena Casa de Artes e Produções tem sede em Botafogo, no RJ.  Conta com um espaço de mais de 400 metros quadrados, com quatro salas (Bibi Ferreira, Fernanda Montenegro, Ruth de Souza e Amazonas), um estúdio (batizado de Gonzaguinha), camarim, vestiários e um amplo terraço – um local de convivência a céu aberto. É especializada na formação de atores para o teatro musical, e oferece cursos de preparação para musical, teatro infantil, teatro jovem, prática de montagem, prática de produção, entre outros.

A In Cena Produções, braço do grupo aberto em janeiro de 2022, é focada em produções culturais das mais diversas áreas, abrangendo musicais, audiovisuais, peças, monólogos e stand-ups. Organiza shows, festas, saraus, festivais, eventos corporativos e beneficentes; elabora e realiza projetos autorais, e oferece assistência completa e abrangente a atores, cantores, técnicos, músicos e bailarinos.


Ficha técnica
Espetáculo “República Lee - Um Musical ao Som de Rita”
Direção geral: Tauã Delmiro
Coreografias e assistência de direção: Débora Polistchuck
Direção musical: Hugo Kerth
Direção artística e concepção: Cella Bártholo
Direção de produção: Glauce Carvalho
Direção de marketing e comercial: Lívia Rezen
Direção financeira: Camila Biasi
Assistente financeira: Vanessa Lopes
Assistente de direção artística: Patricio Terry
Assistente de produção: Isaac Belfort & Matheus Sabbá
Assistente de produção: Vinicius Pugliese
Designer e social mídia: João Uchôa
Designer e identiidade visual: Gabé
Designer: Júlia Tavares
Cenografia: Glauce Carvalho & Vinicius Pugliese
Figurino: Vinicius Aguiar


Serviço
Espetáculo “República Lee - Um Musical ao Som de Rita”
Temporada: 12 de julho a 4 de agosto de 2024
Teatro Viradalata: Rua Apinajés, 1387, Perdizes / São Paulo
Telefone: (11) 3868-2535
Dias e horários: sextas e sábados, às 20h00; domingos, às 19h00.
Ingressos: Plateia e plateia superior: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia-entrada). Plateia lateral superior: R$ 42 (inteira) e R$ 21 (meia-entrada).
Duração: 2h
Classificação etária: 14 anos
Capacidade de público: 240 pessoas
Venda de ingressos: https://bileto.sympla.com.br/event/94325/d/257584
Instagram: @republicalee

.: Histórico e atual, “Tropicália ou Panis et Circenses” ganha reedição em vinil


Disco-manifesto reuniu Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes e outros expoentes da música brasileira

Pedro Só, em julho de 2024.

A Universal Music Brasil faz o relançamento do antológico álbum “Tropicália ou Panis et Circenses”, em versão vinil colorido, com a contracapa original. Lançado em julho de 1968, o disco-manifesto de um dos movimentos culturais mais originais do século 20 continua relevante como nunca. Mas que fique claro: o álbum não é obra a ser admirada com cerimônia, como monumento histórico. Por mais que tenha sido estudada e dissecada academicamente, para além da contundência e da abrangência em conceitos e bandeiras, é um baita disco a ser desfrutado com prazer sensorial e cognitivo. “Tropicália...” traz ideias musicais e arranjos surpreendentes, grandes canções, sacadas de repertório e interpretações memoráveis. Tudo com incrível coesão: em seus 38 minutos e 45 segundos, a variedade faz a unidade.

É um disco coletivo com assinatura personalíssima, traçada por dois baianos na faixa dos 25 anos, Caetano Veloso e Gilberto Gil, junto com o maestro Rogério Duprat (carioca radicado em São Paulo, então com 32 anos), autor de todos os arranjos. Um triunfo que nunca seria o mesmo sem a contribuição de um grupo paulistano superjovem chamado Os Mutantes - Rita Lee tinha 20 anos, Arnaldo Baptista, 19, e Sérgio Dias, “de menor”, 17 -, presente em cinco das 12 faixas. Tanto quanto a sinergia musical, impressiona a sintonia de senso de humor entre os envolvidos.

Gravado no estúdio RGE, centro de São Paulo, em maio de 1968, quando o Vietnã ardia em napalm e Paris era uma festa de barricadas, o disco nasceu a partir da subversão. No caso, do plano inicial da gravadora Phonogram. A ideia era lançar uma coletânea de candidatas a hit, nos moldes da série de uma concorrente. Mas o produtor Manoel Barenbein foi convencido por Caetano e Gil a fazer algo diferente: um LP todo amarrado conceitualmente, a partir de uma espécie de roteiro cinematográfico elucubrado por Caetano. Com direito a colagens sonoras, efeitos de sonoplastia e trilhas incidentais, seria um álbum da nova era dos álbuns, um pouco como o “Sgt Peppers’ Lonely Hearts Club Band”, dos Beatles, lançado em junho de 1967.

Caetano, Gil, Duprat e Barenbein gravaram em quatro canais, como George Martin e os rapazes de Liverpool. E, se tiveram muito menos tempo (apenas quatro semanas), recursos tecnológicos e financeiros, contaram com a contribuição humana milionária de Gal Costa, Tom Zé e Nara Leão, além dos já citados Mutantes - e também de momentos iluminados de dois jovens poetas.

O baiano José Carlos Capinan, parceiro de Gil na faixa de abertura, “Miserere Nobis” (“tenha piedade de nós”, em latim), como bom egresso do engajado CPC (Centro Popular de Cultura), deixa claro que aquela revolução pop e colorida era também revolucionária. As referências católicas da letra ensanduicham a fome do Brasil profundo entre fatias de religião e de opressão. “Miserere...” é uma prece ácida para um país que rima com fuzil e que vive sob a mira dos canhões, como fica sonoramente explícito ao fim da gravação. A faixa final, “Hino ao Senhor do Bom Fim” (composto para o centenário da Independência da Bahia, em 1923) amarra o diálogo com Caetano, Gil, Gal e os Mutantes juntos, em cortejo que se dissolve em uivos e tiros.

Mas coube ao piauiense Torquato Neto (1944-1972) lapidar e avançar no manifesto prenunciado por “Tropicália”, a canção (incluída no primeiro LP solo de Caetano). “Geleia Geral”, escrita com Gil, usa a expressão do poeta Décio Pignatari (1927-2012), autor da frase “na geleia geral brasileira, alguém tem de exercer as funções de medula e de osso”, e extrai do cantor baiano seu grande momento no disco. O mocotó de Gil enumera referências pop (concurso de miss) e populares (carne seca na janela), com estocadas contundentes (“hospitaleira amizade, brutalidade jardim”) e uma bandeirosa citação do “Manifesto Antropófago” lançado pelo escritor modernista Oswald de Andrade (1890-1954) em 1928: “a alegria é a prova dos nove”. Assim fica explícita a filiação maior do tropicalismo, traduzida também na mixórdia entre bumba-meu-boi e iê-iê-iê (“subgênero” do rock cujo batismo foi puro tropicalismo avant la lettre), com lapadas incidentais de “O Guarani” (Carlos Gomes), “Pata Pata (da sul-africana Miriam Makeba) e “All the Way” (hit cantado por Sinatra que originou a expressão “sambarilove”).

“Parque Industrial” apresenta ao planeta a novidade Tom Zé (autor da música), junto a Gil, Caetano, Gal e os Mutantes. Nela, Duprat apronta mais ainda nas intervenções orquestrais, tacando o “Hino Nacional” e jingle de Melhoral na mistura efervescente. O experimentalismo e a irreverência pop do maestro atingem níveis ainda mais altos na lapidar “Panis et Circenses”, com os Mutantes ambientados em meio a “pessoas na sala de jantar”, uma gravação cultuada mundialmente há mais de três décadas.

O hit do álbum, porém, seria outra obra-prima, simploriamente pop, lançada como single em julho: “Baby”, perfeita na voz de Gal Costa (com um help de Caetano), apesar de originalmente escrita para Maria Bethânia. A estrela de Gal também luz no momento mais puramente lírico do LP: “Mamãe, Coragem”, parceria de Torquato com Caetano. Sua voz preciosa ainda é usada inteligentemente como elemento, junto com a de Rita Lee, em “Enquanto Seu Lobo Não Vem”, que denuncia a repressão da ditadura com agogô e uma “Internacional” socialista incidental.

Dentre as sacadas de repertório, “Coração Materno”, o dramalhão gore de Vicente Celestino (1894-1968, morto no dia da festa de lançamento deste disco), costura conceitualmente o desafio ao bom gosto estabelecido, com a orquestração solene  de Duprat (para Caetano, “uma das maiores vitórias do tropicalismo”). Já “Três Caravelas”, versão de Braguinha para um mambo estilizado espanhol, gravada por Emilinha Borba em 1957 (em arranjo nada kitsch de Radamés Gnatalli), é uma pérola graciosa que se casa deliciosamente com as vozes de Caetano e Gil - e, ironicamente ou não, com o ideário tropicaliente.

O bolero trágico-irônico “Lindonéia” tem o mérito de trazer para o disco o carisma de Nara Leão. A cantora havia encomendado a Caetano uma canção inspirada numa admirável obra de técnica mista de Rubens Gerchman (1942-2008) intitulada “A Bela Lindonéia ou A Gioconda do Subúrbio”, com notas de jornal sanguinolento e desamor de periferia. O tropicalismo, ao que parece, estava mais avançado que a pop art de Andy Warhol. E ficou menos datado também, como prova “Batmacumba”, escrita como poema concreto, que segue século 21 adentro como um irresistível groove afro que anima pistas em todo mundo.

Há mais de vinte anos, “Tropicália ou Panis et Circenses” figura no top 10 de todas as enquetes e eleições sobre os melhores discos brasileiros de todos os tempos. Internacionalmente, desde 1989, quando o selo Luaka Bop (de David Byrne) lançou “Brazil Classics 1: Beleza Tropical”, e o tropicalismo inspirou estudos como “Brutalidade Jardim”, do americano Christopher Dunn, a reputação do disco só faz crescer. Para entender os motivos, basta ouvir.


Faixas do álbum “Tropicália ou Panis et Circenses”:

Lado A:
1 – “Miserere Nobis” (Gilberto Gil / Capinan) – Gilberto Gil
2 – “Coração Materno” (Vicente Celestino) – Caetano Veloso
3 – “Panis et Circenses” (Caetano Veloso / Gilberto Gil) – Os Mutantes
4 – “Lindonéia” (Caetano Veloso / Gilberto Gil) – Nara Leão
5 – “Parque Industrial” (Tom Zé) - Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Os Mutantes
6 – Geléia Geral (Gilberto Gil / Torquato Neto) – Gilberto Gil

Lado B:
1 – “Baby” (Caetano Veloso) – Gal Costa e Caetano Veloso
2 – “Três Caravelas” (A Alguero / G Moreu / João de Barro) – Gilberto Gil e Caetano Veloso
3 – “Enquanto Seu Lobo Não Vem” (Caetano Veloso) – Caetano Veloso
4 – “Mamãe Coragem” (Caetano Veloso / Torquato Neto) – Gal Costa
5 – “Bat Macumba” (Caetano Veloso / Gilberto Gil) – Gilberto Gil
6 – “Hino do Senhor do Bonfim” (João Antonio Wanderley / Arthur De Salles) – Gal Costa, Gilberto Gil, Os Mutantes e Caetano Veloso

.: Livro “O Rock Manda Lembranças” traz crônicas divertidas para gerações


Queen, Mutantes, Led Zeppelin, The Beatles, Rolling Stones, R.E.M. e outros ícones musicais estão na coletânea de crônicas “O Rock Manda Lembranças”. Os premiados escritores Leo Cunha e Rosana Rios falam do universo roqueiro, sobre ídolos, estilos, festivais históricos e sons atemporais. Os autores são amigos, e a paixão pelo rock os levou a essa parceria literária, em que revivem memórias e narram descobertas musicais, grandes shows, momentos marcantes e os impactos que o gênero musical causou em seu auge.

“Música é tudo de bom e faz parte da minha vida desde que aprendi a falar - e a cantar. Quando descobri o rock, nos anos 1960, foi amor à primeira ouvida. Nunca mais parei de ouvir e de cantar com minhas bandas favoritas”, diz Rosana Rios. O livro é repleto de aventuras, curiosidades, encontros, lugares emblemáticos, discos clássicos, rádios especializadas importantes e trilhas que marcaram várias gerações.

“Desde cedo me encantei pela música, principalmente pelo rock. Comecei minha coleção particular ainda adolescente e até hoje tenho centenas de vinis e CDs. Na adolescência passei também a ir a shows de rock, que renderam algumas das crônicas deste livro”, fala Leo Cunha. É possível que o leitor jovem não tenha ouvido falar de bandas ou músicos citados na obra. Mas as histórias reunidas são saborosas e despertam interesse. E, nesse caso, as plataformas de streaming e a internet estão aí para dar um jeito na curiosidade.

A obra “O Rock Manda Lembranças” é publicada pela Elo Editora, tem selo Altamente Recomendável, da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil) e está disponível nas livrarias brasileiras. Compre o livro “O Rock Manda Lembranças”, de Leo Cunha e Rosana Rios, neste link.


Sobre os autores
Leo Cunha
Nasceu em Bocaiúva (MG), em 1966, e desde criança mora em Belo Horizonte. Escritor, tradutor e jornalista, publicou mais de 60 livros para crianças e jovens, além de cinco livros de crônicas e um de teatro. Sua obra recebeu diversos prêmios no campo da literatura infantil e juvenil, como: Nestlé, Biblioteca Nacional, Jabuti, João-de-Barro, FNLIJ e Cátedra Unesco PUC-Rio. Também teve mais de 20 títulos selecionados para programas de leitura como o PNBE, PNAIC e PNLD Literário. Doutor em Artes e Mestre em Ciência da Informação, ambos pela UFMG, é professor universitário desde 1997, em cursos de graduação e de pós-graduação.

Rosana Rios
Escritora paulistana de literatura fantástica, infantil e juvenil, apaixonada por livros, dragões e chocolate. Trabalha com livros para crianças e jovens há 35 anos e tem mais de 185 obras publicadas. Recebeu vários prêmios, como o Cidade de Belo Horizonte (1990); Bienal Nestlé de Literatura (1991); sete selos Altamente Recomendável, Melhor Livro de Teatro (2005) e Melhor Livro Juvenil (2016) pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Finalista quatro vezes do Prêmio Jabuti, foi premiada em 2016. Ganhou o Selo Distinção e Seleção pela Cátedra Unesco de Leitura PUC-Rio em 2017, 2018, 2019, 2021 e 2022. Pela Biblioteca Nacional, foi agraciada com o Prêmio Sylvia Orthoff em 2022. Garanta o seu exemplar de “O Rock Manda Lembranças”, escrito por Leo Cunha e Rosana Rios, neste link.


Ficha técnica
Livro “O Rock Manda Lembranças”
Texto: Leo Cunha e Rosana Rios
Editora: Elo Editora
ISBN: 978-65-80355-42-6
Dimensões: 20 x 26 cm
Páginas: 88
Preço sugerido: R$ 61,00
Com audiodescrição e acessibilidade em Libras
Compre o livro neste link.

.: "A Marca da Zorra", de Rita Lee, ganha edição de luxo em vinil


Com direção musical e arranjos de Roberto de Carvalho, o disco duplo reúne pela primeira vez em LP todas as músicas do álbum, com novo projeto gráfico

Por Guilherme Samora, jornalista, editor e estudioso do legado cultural de Rita Lee.

O ano é 1995. O cenário, um castelo vampiresco. A intenção: celebrar o rock de Rita Lee. Das escadas, com cabelos repicados e uma capa vermelha, Rita abria o show “A Marca da Zorra” com a música-título, composta por ela e Roberto de Carvalho especialmente para a tour: “Não, não, não, não, não há quem lhe socorra/ O mau gosto assola a humanidade/ Não corra, não mate, não morra no trajeto/ Ligue já, disk-Zorra direto/ Que porra é essa?/ Essa é a marca da Zorra”. Pioneira nesse modelo de shows no Brasil - com tema, cenário e troca de roupas - Rita estava desde a "Tour 87/ 88" sem fazer um show daquele porte. E percorreu casas de show, ginásios e estádios do Brasil em uma vitoriosa turnê.

O disco ao vivo, gravado no Rio de Janeiro e produzido por Roberto, ganha uma versão de luxo em vinil duplo, pela Universal Music: um na cor cinza e o outro rosa-choque, ambos marmorizados. Na época de seu lançamento, em 1995, esse foi o último álbum de Rita a sair na trinca analógica LP, K7 e CD. O LP, entretanto, era na versão simples, com menos músicas do que o CD. Agora, nenhuma canção fica de fora. 

Outro fato que torna o relançamento especial é o novo projeto gráfico, criado especialmente para essa edição e que traduz todo o clima sombrio do show, que tinha cenário e figurinos assinados por Chico Spinosa. O design, de Guilherme Francini, traz fotos até então inéditas de Mila Maluhy. E tudo o que uma edição de luxo merece: além dos discos coloridos, capa gatefold, envelopes para os discos e encarte.

Depois da abertura com “A Marca da Zorra”, o trio de canções é matador: "Nem Luxo, Nem Lixo", "Dançar pra Não Dançar" e "Jardins da Babilônia". A direção musical e os arranjos de Roberto são perfeitos para o clima mais pesado que permeia todo o show. Roberto está na guitarra e vocais; Lee Marcucci no baixo; Paulo Zinner na bateria; Ronaldo Paschoa na guitarra e Fábio Recco nos teclados.

Na sequência, Rita levitava no palco ao cantar "Ando Meio Desligado". Com uma capa, a ilusão era perfeita e o público vibrava. A vibe teatral de Rita seguia com "Vítima", quando ela vagava pelo palco de capa e chapéu cantando à procura de seu misterioso perseguidor. Transformando-se, a própria, na perseguidora. Um mini-helicóptero sobrevoava o palco nesse momento. "Todas as Mulheres do Mundo" vem a seguir, numa pauleira-feminista que incendeia o espaço. Ouvir o show novamente é uma lembrança viva de um dos inúmeros talentos de Rita: ninguém ocupava o palco como ela.

Vale lembrar que, antes da “Zorra”, ela vinha de uma bem-sucedida temporada do "Bossa'n'Roll", seu show banquinho e violão que abriu caminhos para os acústicos que vieram a seguir. A ideia do retorno triunfal aos grandes concertos começou no Hollywood Rock de 1995, quando Rita, Roberto e banda tocaram no festival, abrindo para os Rolling Stones. Essa foi a deixa para "A Marca da Zorra".

Enquanto Rita fazia outra troca de figurino, Roberto assume o microfone em um ótimo vocal displicente-pauleira para "Papai, Me Empresta o Carro". Rita voltava como uma entidade, debaixo de um figurino branco, cantando "Atlântida", uma das preferidas dos fãs. "Mamãe Natureza" vem na sequência e, logo depois, o hino "Ovelha Negra" - com o público cantando do início ao fim. Virginia, irmã de Rita, fazia vocais nessas duas canções.

"Miss Brasil 2000" é a próxima. Uma modelo nua por debaixo de uma capa rosa desfilava pelo palco. A icônica "On the Rocks" vem em seguida com um arranjo delicioso e vocais urgentes de Rita. Para fechar, o rockão paulista "Orra Meu", quando ela troca os versos "roqueiro brasileiro/ sempre teve cara de bandido" para "roqueiro brasileiro/ já não tem mais cara de bandido". Nesse momento, Rita estava vestida de boba da corte (figurino com o qual ela aparece no selo dos discos!). Um jeito apoteótico e perfeito para fechar a celebração à roqueira-mor, que ganha uma edição à altura do legado de nossa deusa. Viva Rita!

quinta-feira, 11 de julho de 2024

.: Vídeo explica inteligência artificial para crianças com o robô Ciata


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Tema cada vez mais frequente nos últimos anos, a Inteligência Artificial (I.A.) vem sendo explorada em vários setores da sociedade. Pode ser notada nos jornais, nas TVs, na saúde e até na alimentação.  Foi com esse foco que a Sapoti Projetos Culturais desenvolveu a série “Quando a Máquina Pensa ou Acha que Pensa", de vídeos animados, voltada para estudantes do ensino fundamental. A proposta é explicar, de forma lúdica, o que é Inteligência Artificial para as crianças de 4 a 10 anos.

“Quando a Máquina Pensa ou Acha que Pensa" apresenta o uso da Inteligência Artificial em diversos segmentos, através de uma linguagem contemporânea. O projeto é apresentado por C.I.A.T.A., (sigla para Central de Inteligência Artificial de Tecnologia Avançada), um robô feminino.

 Com seis minutos de duração, aproximadamente, a temporada já conta com três episódios já estão liberados no canal da Sapoti Projetos Culturais no YouTube. O primeiro, “Novas Ferramentas” apresenta as possibilidades de usar I.A. na cultura e conta como criar imagens como a máquina interage com os seres humanos nesse processo.

Em “O que Comemos?”, o vídeo mostra como a Inteligência Artificial pode contribuir na criação de soluções sustentáveis no segmento alimentar. E cita o exemplo de uma empresa da América do Sul, que desenvolve alimentos à base de plantas que simulam as proteínas de origem animal como o frango, a carne e o leite.

 A série fecha com o episódio "Cérebro-Maquina", mostrando como a I.A. pode facilitar a  vida de pessoas com deficiências. Entra em cena: a ICM - Interface Cérebro Máquina, tecnologia projetada para conectar o cérebro humano a um dispositivo computacional, permitindo que os comandos cerebrais sejam interpretados para controlar equipamentos ou realizar tarefas. Para a redação desse episódio a equipe teve a contribuição do neurocientista computacional, Tomás Aquino, doutor e pesquisador de pós-doutorado no Departamento de Engenharia Biomédica Columbia University

O nome escolhido da personagem (Ciata) não foi à toa. É uma homenagem para Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata, considerada por muitos como uma das figuras mais influentes para o surgimento do samba carioca. Quem tiver curiosidade para conhecer o robô Ciata pode acessar os vídeos no canal do YouTube da Sapoti Projetos Culturais.


"Novas Ferramentas"

"O que Comemos?"

"Cérebro-Máquina"


sexta-feira, 5 de julho de 2024

.: MPB-4: disco com participações especiais comemora 60 anos de música


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

O Brasil sempre teve tradição de lançar grupos vocais na música. E alguns conseguem permanecer em atividade com um repertório de qualidade, que merece sempre ser redescoberto pelo grande público. Um desses casos é o do MPB-4, que está lançando um disco comemorando 60 anos de carreira, com várias participações especiais. Um álbum que pode ser classificado como uma pérola musical.

O grupo tem dois integrantes da formação original: Aquiles e Miltinho. Ruy Faria e Antonio Waghabi, o Magro, faleceram em 2018 e 2012, respectivamente. Dalmo Medeiros e Paulo Malagutti completam atualmente o grupo, que busca manter a tradição dos arranjos vocais criados por Magro ao longo da sua trajetória, que se tornaram sua marca registrada.

E a coisa se repete nesse novo lançamento pela gravadora Biscoito Fino. O trabalho funciona como uma pequena e valiosa amostra da genialidade e competência desse grupo, que é considerado por muitos como um patrimônio de nossa música.

O disco abre com "Notícias do Brasil", de Milton Nascimento, contando com o autor no vocal. Um arranjo delicado e um pouco mais cadenciado do que o da versão original, logicamente preservando a integridade do intérprete que já está com 80 anos. E segue com "O Cantador", clássico da era dos festivais com Dori Caymmi no vocal, em uma ótima versão da canção.

O que se segue depois é puro deleite para quem curte a nossa música. O samba pede passagem em "Pret-A-Porter de Tafetá" (com João Bosco) e "Caso Encerrado" (com Toquinho). E ancora em um porto seguro com Ivan Lins na clássica "Velas Içadas". O mestre Edu Lobo canta a sua animada "Dança do Corrupião", com arranjo influenciado pelos ritmos nordestinos. E o eterno parceiro Chico Buarque canta "Angélica", parceria sua com Miltinho, com letra inspirada na história da estilista Zuzu Angel, que perdeu o filho durante o período do governo militar no Brasil.

O disco segue com a genialidade de Guinga, com a complexa canção "Catavento e Girassol". E depois cai novamente no samba raiz com Paulinho da Viola e a clássica "Coisas do Mundo Minha Nega". A dupla gaúcha Kleiton e Kledir participa cantando a canção "Paz e Amor", com uma letra cheia de esperança no futuro e no presente. E Alceu Valença canta com o MPB-4 a sua balada "Na Primeira Manhã". O disco encerra com "Parceiros", bonita composição de Francis Hime com o autor no vocal.

Se por um lado o disco não consegue resumir os 60 anos do grupo, pelo menos teve o mérito de mostrar uma música de qualidade que merece ser redescoberta pelo público. E também comprova que o grupo continua com a sua integridade musical intacta, mesmo com as alterações na sua formação. Vale muito a pena a audição.


"Pret-A Porter de Tafetá"


"Angelica"


sábado, 29 de junho de 2024

.: RBD, Christian Chávez anuncia “Puto”, minidocumentário autobiográfico


Projeto ressignifica tal adjetivo, mostrando o processo de aceitação e amor próprio que o cantor passou ao longo da carreira. Crédito: @lina2eye_


Christian Chávez
apresentou com exclusividade o cartaz de seu novo minidocumentário, “Puto”. A novidade aconteceu na galeria de fotos do artista David Lachapelle, chamada “Amor”, em evento organizado pela Impulse México (organização que trabalha em prol dos direitos das pessoas com HIV/Aids). "Puto" é um mini documentário onde Christian se apropria de sua história, de sua narrativa, de sua identidade, de quem ele é. Muitas vezes chamado de Puto de forma pejorativa e agressiva na infância e adolescência, agora ele ressignifica o termo e demonstra ser seu próprio herói.

“Quero apresentar a vocês a capa desse documentário que culmina com todo esse processo de aceitação e amor próprio. Tantas vezes me disseram essa palavra para me humilhar, para me machucar e hoje se tornou minha espada. Hoje mais do que nunca reconheço esta palavra como minha, hoje mais do que nunca me aceito como sou, hoje mais do que nunca, eu sou meu próprio herói”, disse Christian em seu Instagram.

Um dos maiores astros da América Latina, Christian Chavez é um multiartista que influencia gerações ao longo de mais de 20 anos de carreira. O cantor, ator, compositor, apresentador e dançarino construiu uma trajetória de sucesso e hoje, além da música, é um grande ativista na luta em prol da comunidade LGTQIAP+, buscando mais espaço e visibilidade. Exemplo disso é este documentário e a importância que ele carrega e significa.

sexta-feira, 28 de junho de 2024

.: Arrigo Barnabé revisita Itamar Assunção, por Luiz Otero

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Arrigo Barnabé revisita a obra do amigo Itamar Assunção acompanhado pela banda Trisca, formada por ex-integrantes da banda Isca de Polícia. O resultado desse encontro foi registrado ao vivo em disco e nas plataformas de streaming pela gravadora Atração e revive a sonoridade da chamada vanguarda musical paulista dos anos 70/80, além de trazer luz para a rica obra de um dos músicos mais importantes do movimento musical vanguardista, que faleceu em 2003.

A ideia desse projeto começou quando Arrigo Barnabé participou como convidado de um show com a  banda Isca de Polícia, no Sesc 24 de maio, em janeiro de 2022. Na ocasião ele disse ao Paulo Lepetit (baixista e diretor musical da banda), que gostaria de fazer um trabalho interpretando músicas do Itamar Assumpção. 

Começaram a pensar no projeto, que se concretizou em um show apresentado no Sesc Pompeia, em 2023. No seu desenvolvimento, Arrigo acrescentou às músicas do Itamar algumas canções de artistas que ele sempre gostou muito de cantar. 

Arrigo Barnabé - Foto: Stela Handa

Devido ao sucesso, seguiram com apresentações em outros locais, até que no final do ano passado, Wilson Souto, da gravadora Atração, assistiu à apresentação, no Sesc Consolação, e propôs registrar o projeto.

Resulta daí, um trabalho audiovisual com uma nova linguagem musical derivada de duas vertentes da chamada Vanguarda Paulista: Arrigo Barnabé e Isca de Polícia, em que Arrigo e Trisca não apenas revisitam algumas canções da obra de Itamar, mas também de outros compositores (como Nelson Cavaquinho, por exemplo).

Os arranjos da banda Trisca estão impecáveis, formando uma poderosa cozinha rítmica para Arrigo, que molda com perfeição sua voz rouca para interpretar as canções performáticas do amigo Itamar. Um destaque é a ótima Fico Louco, uma das mais conhecidas do repertório do compositor vanguardista. Vale a pena conferir esse trabalho, que já está disponível nas plataformas em formato EP, com seis faixas.

Fico Louco



Quando eu me chamar saudade


Tristes Trópicos

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