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domingo, 17 de março de 2024

.: Entrevista com Midria: "Minha poesia reflete meus processos de inquietação"


Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

Poeta, slammer e cientista social, Midria está entre os principais nomes da atual geração de escritores. A estreia na editora Rosa dos Tempos com "Desamada: um Corpo à Espera do Amor" vem marcada por um texto sensível e amadurecido sobre a descoberta amorosa. Em evidência após o emocionante debut na programação oficial da Flip 2022, também foi capa da revista Glamour em março de 2023 e, em abril do mesmo ano, revelou-se um destaque como referência da geração Z em reportagem da revista Vogue. 

Com texto de orelha assinado pela escritora, tradutora e psicanalista Eliane Marques, Midria vai além do que se espera de quem vive da poesia porque ultrapassa o lirismo para percorrer o universo das vivências. O livro é indicado para qualquer pessoa que já viveu o contrário do amor: a solidão física, corpórea, a falta do toque, a ausência de companhia. Nesta entrevista exclusiva, Midria revela tudo - e um pouco mais - sobre vida, inspiração e amor. Compre o livro "Desamada: um Corpo à Espera do Amor", de Midria, neste link.


Como sobreviver ao desamor?
Midria - Acredito que buscar espaços de autocuidado e de pertencimento coletivo ao mesmo tempo é importante. Para pessoas negras isso pode significar o “aquilombamento”, existir de forma mais plena e amorosa entre pares.


O que há de autobiográfico em "Desamada"?
Midria -  Quase tudo, minha poesia reflete meus processos de inquietação, dores e amores com o mundo.


O que representa a literatura em sua vida?
Midria A literatura pra mim é um fio condutor de muita importância, me reconecta com minha potência criativa e me apresenta o mundo de formas pluriverais. Desde criança, adolescente sempre amei muito ler e mais tarde encontrei nos saraus e slams uma forma de partilhar a escrita que formou muito minha identidade.


Na sua própria literatura, em que você se expõe mais, e por outro lado, em que você mais se preserva, em seus textos?
Midria Acho que busco ter um princípio geral de amor comigo e em relação ao mundo como aquilo que me motiva, isso ajuda a não cair num cinismo ou desesperança frente a questões difíceis que por vezes abordo.


Que conselhos você dá para as pessoas que pretendem enveredar pelos caminhos da escrita?
Midria Sempre busque partilhar só o que você pode dizer, a narrativa que se relaciona com o seu universo pessoal ou de interesses que cruzem uma nova possibilidade de imaginar o mundo.


Quais livros foram fundamentais para a sua formação enquanto escritore e leitore?
Midria - "O Menino do Pijama Listrado", "As Boas Mulheres da China", as obras da Octavia E. Butler no geral e mais recentemente "O Caminho do Artista".


Como e quando começou a escrever?
Midria -  Eu escrevia desde pequene, na escola quando minha professora da segunda série ensinou o que era poesia me encantei pela forma e segui escrevendo poemas aqui e ali. Mais pra frente na quinta, sexta série participei de projetos de formação de leitores na escola, o chamado “Círculos de Leitura”, o que aprofundou mais ainda o amor pela escrita. E nos saraus e slams os poemas que eu já escrevia ganharam mais corpo e espaço de partilha.


Quais escritores mais influenciaram a sua trajetória artística e pessoal?
Midria Gosto de pensar em pares como Mel Duarte, Luz Ribeiro, Danylo Paulo, Igor Chico, Jô Freitas, que são pessoas contemporâneas e para além de escreverem, vivenciam muito o que colocam no papel. Além de serem todes agitadores culturais que criam espaços de escuta e partilha de poesia dos quais pude participar.


É possível viver de literatura no Brasil?
Midria É possível, mas não sem muitos percalços. Fiz uma pesquisa sobre a trajetória de profissionalização de poetas negras do slam em São Paulo ainda na graduação e o que ela mais me mostrou foi como ainda não temos algum tipo de parâmetro que balize os valores mínimos pelos quais nossos trabalhos devem ser valorizados. É tudo muito desigual e por vezes as pessoas não compreendem que a escrita tem um custo de tempo, emocional, interpessoal. Vejo que ainda falta um olhar sério sobre pessoas que escrevem no Brasil, em especial quando falam da margem.


O quanto para você escrever é disciplina? É mais inspiração ou transpiração?
Midria -  Acho que ando no meio termo, vou construindo a inspiração, coletando escritos aqui e ali e quando vejo que o livro está realmente já no caminho sento com mais afinco para dar os toques finais.


Quanto tempo por dia você reserva para escrever?
Midria Tento escrever pelo menos 30 minutos a cada manhã em fluxo livre e o restante vem à medida da inspiração, em especial a poesia que mora bastante nos detalhes do cotidiano.


Você tem um ritual para escrever?
Midria -  Não tenho, só gosto de sentir que há tempo para isso.


Em um processo de criação, o silêncio e isolamento são primordiais para produzir conteúdo ou o barulho não atrapalha?
Midria Muita coisa eu escrevi e escrevo no ônibus, metrô. Mas lapidar as coisas demanda concentração.


Como começar a ler Midria?
Midria -  Ler meus livros desde o primeiro, "A Menina que Nasceu sem Cor" que reúne poesias dos  meus primeiros anos nos slams e seguir conhecendo os seguintes é um bom jeito de se aprofundar nos diferentes momentos que já tive na escrita.


Que livro você gostaria de ter escrito?
Midria Não vou dar spoiler dos próximos, estão no forno! (risos)


Hoje, quem é Midria por Midria?
Midria Midria é uma pessoa que escreve, mas que também se divide entre ser uma pessoa que transforma o mundo por meio de uma ONG, que estuda muito como forma de se alimentar para dar conta da vida, que dança, vai para academia, nada, que está aprendendo a tocar bateria para manter viva sua criança interior, em resumo, uma pessoa que não para quieta para se sentir viva. E que busca a espiritualidade, Orixás e guias como eixo para dar conta de tanto movimento.

quinta-feira, 14 de março de 2024

.: Entrevista com Yasmin Brunet: a sereia conta o que passou no "Big Brother"


"O meu objetivo era me mostrar como eu realmente sou, com falhas, erros, vulnerabilidades, qualidades e coisas que as pessoas não conheciam ainda", afirma ela. Foto: Globo/João Cotta

“Um universo paralelo”, é assim que Yasmin Brunet observa o jogo do "Big Brother Brasil". Após deixar a casa na última terça-feira, dia 12 de março, a modelo e empresária vê uma grande diferença entre as posições de quem assiste e de quem participa do reality. “Como espectadora, eu julgava absolutamente tudo o que era feito na casa. E como jogadora é outro mundo, eu não julgo mais ninguém que passou por lá. Você está em uma casa com pessoas que nunca viu na vida, tem que conviver com pessoas com as quais você tem embates. Eu não sei se eu entrei muito preparada como jogadora; eu entrei para viver a experiência do 'Big Brother', sem pensar nessa parte do jogo e, chegando lá, eu iria ver o que fazer”, comenta a eliminada da semana, que afirma não ter traçado uma estratégia para a competição.

Depois de viver os últimos dias do confinamento em conflito com participantes como Davi, Alane e Beatriz, a participante deixou o programa nesta terça, dia 12, com 80,76% dos votos no paredão contra Lucas Henrique e Isabelle. A seguir, Yasmin Brunet conta qual era seu objetivo ao entrar no BBB, revela o que mais lhe surpreendeu ao ter contato com informações fora da casa, e entrega ainda seus planos para a nova fase.
 

Que balanço faz da sua experiência do "Big Brother Brasil"?
Yasmin Brunet - Foi uma experiência com a qual eu aprendi muito sobre mim mesma como pessoa. Era uma vontade minha de muito tempo.


Quais foram os seus melhores momentos no reality?
Yasmin Brunet Os melhores momentos foram os que eu estava com as pessoas que eu gosto, com os meus aliados; os momentos felizes em que eu estava rindo, me divertindo e em que eu esquecia um pouco do jogo.


E os mais difíceis?
Yasmin Brunet As brigas, com certeza, foram os momentos mais difíceis. Eu não gosto de brigar, de me descontrolar, de ter nenhum tipo de embate com ninguém, então todas as brigas foram ruins.

Qual era seu objetivo no "BBB 24", quando topou o convite? 
Yasmin Brunet O meu objetivo era me mostrar como eu realmente sou, com falhas, erros, vulnerabilidades, qualidades e coisas que as pessoas não conheciam ainda – ou conheciam muito pouco.


Acha que conseguiu alcançá-lo?
Yasmin Brunet Ainda não consegui ver muito do que aconteceu, mas eu espero que tenha, sim, atingido o meu objetivo.
 

Nos últimos dias, você comentou que estava sentindo que sairia do programa. O que te fez ter essa percepção?
Yasmin Brunet Lá dentro todo mundo já sabe quem é o ganhador, está muito claro para todo mundo. E quando você tem algum embate com a pessoa que você sabe que é a preferida, é claro que você vai sair. 
 

Agora que deixou da casa, algum acontecimento do jogo que já tenha visto aqui fora te surpreendeu?
Yasmin Brunet Sim, a conversa do Rodriguinho me surpreendeu muito, foi o que mais me surpreendeu até agora. E também o que me foi passado sobre o que o Davi falou na festa, que na verdade não foi como ele falou. O jeito que o Bin (Laden) me falou foi de uma forma, mas na verdade o que ele disse foi de outra. Isso me surpreendeu muito, porque foi ali que começou todo o meu embate com ele, com uma fofoca mal contada.

Que tipo de espectadora de "BBB" era a Yasmin aqui fora?
Yasmin Brunet Como espectadora, eu julgava absolutamente tudo o que era feito na casa.


Que tipo de jogadora você se considera agora?
Yasmin Brunet Como jogadora é outro mundo, eu não julgo mais ninguém que passou por lá, eu entendo que lá é quase que um universo paralelo onde as emoções ficam completamente à flor da pele. Você está em uma casa com pessoas que nunca viu na vida, tem que conviver com pessoas com as quais você tem embates – e na vida normal você dificilmente teria que fazer isso. Eu não sei se eu entrei muito preparada como jogadora; eu entrei para viver a experiência do "Big Brother", sem pensar nessa parte do jogo e, chegando lá, eu iria ver o que fazer. Essa parte do jogo, de fato, foi bem difícil.

Recentemente, você teve grandes embates com o Davi e confessou o incômodo com sua presença. Na sua visão, o que motivou esses conflitos?
Yasmin Brunet Eu acho que começou com a fofoca contada pelo Bin (Laden) na festa sobre ele achar que Camarote não mereceria estar ali e que não merecia ganhar o "BBB".
 

O Davi chegou a dizer que não via movimentações suas no jogo. A Beatriz, inclusive te indicou ao paredão com essa justificativa. Você acha que faltou movimentação da sua parte ou discorda deles nisso?
Yasmin Brunet Eu me movimentei como pude e como fazia sentido para mim, mas eu acho que nunca vai parecer o suficiente e pode ser que não tenha sido suficiente mesmo. Eu não sei como julgar esse tipo de coisa: o que é muito, o que é pouco, quais são as movimentações certas. Eu acho que depende muito do ponto de vista do outro.
 

Nas últimas semanas, também houve atritos entre você e Alane, e você chegou a comentar que a convivência estava insustentável. Como avalia o jogo dela?
Yasmin Brunet O que me incomoda no jogo dela é que ela distorce muito as falas das pessoas e leva sempre para uma pauta que não tem nada a ver com o que foi falado. Eu acho que é um jogo muito perigoso, inclusive, e ela não tem noção do que está fazendo. Aqui fora pode repercutir de outras formas ela pegando falas das pessoas e distorcendo completamente para que ela sempre seja a vítima e o outro sempre seja o perseguidor.

No início do jogo, você tinha apenas a Wanessa Camargo como aliada, não sendo integrante de um grupo grande, como os demais eram.  Acredita que essa foi a melhor estratégia para seguir na disputa?
Yasmin Brunet Isso foi zero uma estratégia para mim. Eu não entrei preparada para o jogo em si, eu entrei para viver a experiência do "Big Brother" sem pensar muito no jogo. Eu queria jogar com o coração, não tinha uma estratégia. Eu imagino que tenha gente que entra com algum tipo de estratégia, mas não foi o meu caso. E eu não sei se foi a melhor escolha em muitos momentos. E pensando agora, friamente, se eu fosse olhar o quesito estratégia, não teria sido a melhor escolha, não. Na minha cabeça, primeiramente, eu não queria combinar voto, eu queria jogar sozinha, com o coração. Mas chega uma hora lá que fica insustentável fazer isso.

Depois de algumas semanas, você acabou se aproximando mais do Lucas Henrique e da Leidy Elin. Vocês se enxergavam como um grupo?
Yasmin Brunet Com certeza. No final, a gente estava combinando voto porque a gente precisava se salvar. A casa ficou muito dividida em dois grupos: o do quarto Fadas e o restante. Então, chegou uma hora em que a gente precisou fazer isso.

Tem algum arrependimento ou faria algo diferente, se pudesse?
Yasmin Brunet Meu único arrependimento foi ter sido explosiva e impulsiva em alguns momentos, ter exagerado nas palavras com algumas pessoas. Nas brigas, houve momentos em que eu me deixei ser levada por emoções que ficam à flor da pele, porque realmente é um mundo paralelo. Eu não imaginei que seria assim, eu não imaginei que seria tão difícil quanto é o jogo em si. Dessas horas que eu exagerei nas palavras e nas colocações eu me arrependo. Mas da forma como eu joguei, não.

Quem acha que ganha o "BBB 24"? 
Yasmin Brunet Eu sei que o Davi ganha.


E para quem torce?
Yasmin Brunet Eu torço para a Leidy, gosto muito dela. Ela foi minha aliada lá dentro e é uma amizade que eu quero trazer aqui para fora, com certeza. Ela estava comigo em todos os momentos, ela me ajudou muito e era uma força muito grande para mim. Ela sofria antes de eu sofrer, chorava antes de eu chorar, estava sempre ali quando eu precisava. Nós deitávamos na cama juntas, ela ficava me contando coisas aqui de fora para espairecer. Eu acho que ela é uma pessoa muito forte, com uma história de vida incrível, então eu torço muito por ela.

Quais são seus planos pessoais e profissionais agora, depois de passar por essa experiência?
Yasmin Brunet Eu pretendo voltar com tudo para a minha marca, para os meus produtos de beleza, fazer novos lançamentos. Voltar a todo vapor com tudo isso que, enquanto eu estava lá dentro, tive que dar uma pausa e deixar com a minha equipe. E pretendo descansar também.

O "BBB 24" tem apresentação de Tadeu Schmidt, produção de Mariana Mónaco, direção artística de Rodrigo Dourado e direção de gênero de Boninho. O programa vai ao ar de segunda a sábado após "Renascer", e domingos, após o "Fantástico". 

quarta-feira, 13 de março de 2024

.: Giullia Buscacio na novela: "Sandra é a personagem mais desafiadora"


Atriz entra na novela "Renascer" para modificar os rumos da novela. Foto: Globo/Angélica Goudinho

Sem avisar, Sandra (Giullia Buscacio) aparece de surpresa na fazenda de Egídio (Vladimir Brichta) em ‘Renascer’. A jovem é recebida por Marçal (Osvaldo Mil), capanga de Egídio, que se surpreende ao saber que a moça é a filha do patrão. A surpresa também fica por conta de Dona Patroa (Camila Morgado), mãe de Sandra, que se emociona com o reencontro. Sandra decidiu largar a faculdade em Salvador e passar uns tempos na fazenda. O pai recrimina a ideia e se incomoda com a presença de Sandra na casa, já planejando uma forma de mandar a filha de volta para a capital baiana. Enquanto isso, a mãe se assusta com as ideias progressistas da jovem e o embate de gerações fica visível logo no primeiro momento.

Ainda assim, Sandra não abaixa a cabeça pra Egídio e tenta estabelecer um diálogo com a mãe. Avisa que vai ficar um tempo com eles e que tomou a decisão para ficar mais próxima de Dona Patroa, deixando-a comovida. Mas é durante um passeio a cavalo que Sandra terá outro motivo para prolongar sua estada por aquelas bandas. Com dificuldade em domar o cavalo, a jovem se depara com João Pedro (Juan Paiva) na estrada de terra.

O filho de José Inocêncio (Marcos Palmeira) é solícito e ajuda Sandra a montar no animal. Os dois engatam uma conversa e já demonstram um interesse mútuo, mas basta a moça mencionar que é filha de Egídio Coutinho para João Pedro parar de ajudá-la e ir embora deixando Sandra para trás. De volta para casa, a jovem comenta com o episódio com a mãe. Apesar de ter ficado com raiva da atitude de João Pedro, ela não esconde o interesse pelo rapaz. 

"Renascer" é uma novela escrita por Bruno Luperi baseada na obra de Benedito Ruy Barbosa. A direção artística é de Gustavo Fernández, direção geral de Pedro Peregrino e direção de Alexandre Macedo, Walter Carvalho, Ricardo França e Mariana Betti. A produção é de Betina Paulon e Bruna Ferreira e a direção de gênero de José Luiz Villamarim. A seguir, Giullia Buscacio comenta sobre Sandra, sua personagem em "Renascer".


Como está a sua expectativa para "Renascer"?
Giullia Buscacio -
É uma realização profissional, principalmente por terem confiado a mim uma personagem como a Sandra, em uma novela das 21h00, com um elenco e equipe tão competente e um público que já carrega uma paixão por esse projeto. A expectativa é enorme. Comecei a gravar bem depois do restante dos colegas da segunda fase e agora chegou a hora. Sou uma espectadora da novela, gosto de acompanhar o trabalho dos colegas e a história toda que é muito encantadora. Estou muito feliz!


O que você destacaria de semelhanças com a personagem?
Giullia Buscacio - 
O fato de sermos mulheres decididas e dispostas a lutar pelo que acredito e pelo certo. 


Como foi o processo de composição da personagem?
Giullia Buscacio - 
Sandra é a personagem mais desafiadora da minha carreira. A construção de personagem é algo muito individual e que depende muito do tempo em que se passa a novela. Hoje, aos 27 anos, me vejo fazendo meu primeiro trabalho mais maduro na televisão e não mais como uma menina. É difícil esse processo de crescer diante das câmeras, mas muito gratificante. 


Como será a relação de Sandra e João Pedro e com os pais dela?
Giullia Buscacio - 
Será muito importante esse encontro dos dois e para ambos. Tanto na trama quanto na vida esses encontros mudam rumos. Não acho que seja uma responsabilidade da Sandra trazer essa alegria para o João Pedro, mas a partir disso eu espero que o João Pedro entenda que há outras formas de a gente ser feliz. Não é porque uma pessoa nos magoou que não teremos nova chance de ser feliz na vida. Espero que a Sandra traga novos ares pra ele e também tem uma relação bem desafiadora com os pais, Egídio e Dona Patroa, daqui pra frente. Ela traz um novo olhar e questionamentos que podem ajudar a mãe a refletir sobre muitos assuntos. Há uma troca muito bonita entre mãe e filha nos assuntos relacionados à figura masculina dentro de casa.

quarta-feira, 6 de março de 2024

.: Plantagonista: entrevista com Michel, o eliminado da semana do BBB24

Foto: Globo/João Cotta


Plantagonista? Para definir sua trajetória no "Big Brother Brasil 24", o mais recente eliminado escolhe outra palavra: reconstrução. Michel deixou a casa em um paredão contra Alane e Davi, com 70,33% dos votos do público, e conta estar tranquilo com o que viveu no reality show. Revela que preferiu se manter mais distante dos holofotes na primeira semana da competição como tática para fugir do paredão, e que mudou de rumo e aliou os grupos Puxadinho e Gnomos como forma de defesa e articulação no jogo. "Planta ganha três provas do anjo? Planta chega até uma final de prova do líder? Será mesmo que fui planta ou não? Porque eu comecei a incomodar! Na minha visão, eu fiz uma participação bem interessante", pondera.

A seguir, o ex-BBB fala sobre o rótulo de fofoqueiro, explica os embates com MC Bin Laden, Davi e Lucas Henrique e aponta Isabelle como a melhor jogadora da edição. Confira essas e outras avaliações feitas por Michel nesta entrevista pós-confinamento.



Se pudesse definir sua participação no ‘BBB 24’ em uma palavra, qual seria?

Reconstrução. Por chegar ao BBB escolhido pelos próprios participantes, primeiro senti que eu era um visitante. Depois, eu consegui me reconstruir ali dentro, me sentir pertencente àquela casa. Tive, então, uma virada de chave e, junto com os Gnomos, a Raquele, a Giovanna e eu conseguimos ficar mais ativos no jogo, nos defendermos melhor. O tempo inteiro a gente estava se reconstruindo no jogo, por mais que aqui fora isso possa não ter ficado tão claro. A minha meta era fugir do paredão, tanto que no que eu caí eu saí fora – sendo anjo e garantindo a imunidade. Por isso "reconstrução" é a palavra.

 

Por que acha que foi eliminado em seu primeiro paredão?

Eu acho que caí no paredão errado, na hora errada, com dois que são favoritos e eu tive um embate. É a questão da torcida maior. Apesar de que eu estou muito feliz com a minha torcida também. Sei que eles foram muito engajados, e a gente dá trabalho para quem tá aqui fora e gosta da gente (risos). Se eu tivesse ido mais longe, ia mostrar mais jogo e seria mais legal. Eu fui taxado de fofoqueiro, mas o jogo é a comunicação. Se você não consegue comunicação, você não joga. Então precisa ir, sim, atrás de informações, trazer para os seus e dali ter um parâmetro do que fazer.

 

No início do jogo, o Juninho sugeriu uma aliança ao Puxadinho, mas vocês descartaram. Mais adiante, você, Raquele e Giovanna se uniram em um trio até decidirem começar a jogar com os Gnomos. O que você tinha como critério para formar ou não um grupo para jogar no BBB?  

Primeira coisa: conexão. A minha conexão com a Giovanna e com a Raquele foi surreal, com a Raquele ainda mais; acho que vocês conseguiram sentir. Se a gente falar de fidelidade, de carinho e de amor, vai ser a minha amizade com a Raquele. Foi algo muito fidedigno, tanto dela quanto meu. Quando não era ela que me procurava pela casa, era eu que procurava por ela. A gente deu muita força um para o outro. Não tivemos essa conexão com o Juninho, vimos que o jogo era um pouco diferente, e ele foi para o quarto Gnomos com pessoas que, naquele momento, a gente não queria jogar. Depois, fizemos essa aliança quando percebemos que nós três, sozinhos, não conseguiríamos nos defender. Muitos falam: "Foi comprado por uma jujuba, uma pulseira Vip". Mas não foi, foi estratégia nossa também. Tanto que no início a gente se sentiu um pouco desconfortável. Eu tive uma crise de choro horrorosa, falava que eu tinha que ter o coração menor. Mas, quando teve aquele assunto de corpo eu entendi perfeitamente o lado da Fernanda e vi que não foi tão alarmante assim como a Alane colocou. Graças a Deus eu consegui acessar a Fernanda e a Pitel, e foi maravilhoso conhecer as duas, que são pessoas muito legais.

 

No Sincerão, o Marcus Vinicius disse que você se vendeu pelo Vip da Fernanda quando ela foi líder. Acha que a sua estratégia de jogo foi acertada nesse momento? 

Acho que sim. Os outros grupos estavam muito fechados, a gente não conseguiria entrar. Ficaríamos nós três ali vagando, o que era muito perigoso porque era um voto confortável para as outras pessoas. A Isabelle, que a gente gosta muito também, deu muita sorte de ser muito forte fora da casa, porque ela foi a três paredões direto justamente pelo voto confortável, sem ter uma "manada" por trás para defender. Quando os participantes enxergam isso, eles repensam. Então, acredito que foi, sim, assertivo.

 

Nas primeiras semanas, alguns participantes disseram que você era uma das plantas da casa. Depois, mudaram de ideia. Enxerga que teve, de fato, uma mudança de comportamento na competição? 

Tive. Na primeira semana a minha estratégia era não me destacar tanto porque, no início, quem se destaca vai para o paredão. Então, fiquei mais quieto. Sou muito observador e queria observar para criar meus laços. Esse trio que eu tinha (eu, Raquele e Giovanna) era super de confiança, eu tinha certeza de que o que eu falasse ali, não ia sair dali. Acho que ficou nítido isso no programa, foi muito bonito; meu olho enche de água até hoje só de falar. São duas pessoas que eu quero levar para a vida. Depois, eu falo: planta ganha três provas do anjo? Planta chega até uma final de prova do líder? Então é isso: será mesmo que fui planta ou não? Porque eu comecei a incomodar! Estar em cinco Sincerões é ser planta? Eu fui a cinco direto. Então, acho que "planta" não me cabe, não. Na minha visão, eu fiz uma participação bem interessante.

 

Você teve embates diretos com Davi, MC Bin Laden e Lucas. Tinha eles como seus maiores adversários ou foi uma questão de ocasião?

Eu não sou a pessoa do embate direto, não gosto. Mas, quando tenho que me posicionar, me posiciono, apesar de às vezes não saber o que falar no momento (risos). Com o Lucas isso foi o pior porque ele me perguntou onde tinha sido o clique e eu tive problema com a minha memória, o que pegou muito mal para mim. Eu tenho TDAH, o que eu não falei lá na casa. Isso e a pressão me estressaram e me fizeram ter essa confusão de não lembrar das coisas. Tanto que ontem, no 'Bate-papo BBB', eu fiquei muito surpreso quando vi que eu que passei informação para o Bin [MC Bin Laden] (risos). Com o Lucas o clique foi quando ele me colocou no monstro, porque eu não esperava de jeito nenhum. Fiquei muito chateado. Por que, se ele gostava tanto de mim, ia me colocar no monstro? Monstro é negativo. Ele veio falar que queria me dar visibilidade, mas essa eu não queria. Ali começou e vários outros problemas decorreram disso. Com o Bin eu estava vendo o jogo dele de leva e traz, ele achando que estava jogando bem, e isso estava me incomodando muito. E eu nunca fui contra o Davi. A gente teve um problema, mas depois começou a ter uma aproximação de novo com conversas que não eram sobre jogo. Eu falei para ele que votaria no Bin e isso foi uma jogada minha porque eu sabia que ia parecer com o jogo dele e eu era uma prioridade dele de voto. Falei para a minha prioridade descer um pouco, já que meu voto seria parecido com o dele. Dali começou o embate. Mas eu jogava por semana. Cada semana, para mim, era uma vitória.

 

Você tinha a tática de fazer as provas com muita calma e concentração. Essa estratégia te fez ganhar várias provas. Como fazia a sua avaliação das dinâmicas do jogo para conseguir vencer? 

Eu tenho dificuldade de concentração, mas queria tanto vencer! Então eu pensava: tem pessoas muito fortes em agilidade, se eu for para agilidade e correria eu vou perder; isso era fato, eu sou realista. A partir disso comecei a pensar em outro caminho, e foi o de tentar fazer a prova o mais perfeitamente possível. Eu pensava: tenho que fazer rápido, mas perfeito. Acho que isso me ajudou muito nas três provas que ganhei, que tiveram questões de agilidade, mas também de estratégia. 

 

Você foi anjo e ficou imune três vezes no jogo. Em qual delas acha que a imunidade foi mais valiosa para você? 

As duas últimas imunidades foram as mais valiosas por eu estar correndo muito risco de ir ao paredão. E nessa semana eu tinha que ter ganhado também. Nossa, foi por pouco que não peguei a liderança, meu lance [durante o arremesso da prova] bateu na quina e voltou! Eu sabia que se eu perdesse para o Lucas, ele iria me indicar ao paredão. Mas, faz parte do jogo. A gente tem que saber perder também porque, se eu entrei, sabia que um só iria ganhar. Infelizmente não fui eu. Eu nunca corri do jogo. O respeito, para mim, tinha que ser a primeira coisa. E eu tinha uma convivência muito boa com a casa, o que me pegava muito também na hora de ter que indicar alguém. Quando fui anjo e tive que indicar alguém ao paredão, eu fiquei muito nervoso ao falar o nome do Lucas porque era uma pessoa de quem eu gostava por alguns aspectos, mas para o meu jogo não estava sendo favorável.

 

Quem você acha o melhor jogador ou jogadora do ‘BBB 24’? 

Por ter o jogo mais diferente, estar batendo no peito e falando que joga sozinha, talvez a melhor jogadora seja a Isabelle. Eu tinha um trio, mas a Isabelle sempre esteve no meu top 5. Era uma pessoa que eu gostava muito. Não tinha interesse nenhum no jogo dela, tanto que a gente não conversava sobre isso. Às vezes ela me escutava e eu abria meu jogo porque sabia que a informação não ia sair dali. Ela era uma pessoa em quem eu confiava muito também. Cheguei a chamar ela para jogar mais, mas ela batia no peito dizendo: "Não, eu jogo sozinha, meu jogo é assim e se o Brasil tiver que comprar vai ser assim". Por isso acho que ela é uma ótima jogadora e isso pode levá-la longe.

 

Como você acha que Giovanna e Raquele vão se comportar no game após a sua saída? 

Eu tenho muito medo de elas se afundarem. Eu tentava sempre levantar as duas, por mais que eu tivesse destruído também. Confiava muito em nós três, achava que a gente podia ter um enredo muito legal. Acho que a questão do pé atrapalhou muito a Giovanna. Quando ela conversava comigo, eu via o mulherão que ela é, que fala, e acho que essa questão do pé acabou escondendo muito ela. De nós três, acho que ela era a mais escondida; agora, no finalzinho, que ela começou a dar uns pitacos. E a Raquele é maravilhosa, foi uma conexão surreal. Torço muito por ela e quero que ela deslanche. Vi que ela tinha muita força em mim, mas não quero que ela fique apegada a isso. Espero que ela continue, que não pare nem fique baqueada. Acho que elas têm que seguir com a Pitel e a Fernanda. Tomara que elas continuem juntas porque acredito que as quatro podem ter muita força. E agora o jogo não vai vazar, né? Não tem Rodriguinho na casa, o Bin não está jogando... (risos)

 

Para quem fica sua torcida? 

Se eu for pelo coração, Raquele. Se for pelo jogo, Isabelle. Se a Isabelle ganhar eu vou ficar muito feliz, mas obviamente a Raquele é a minha favorita, por conexão e por tudo. Espero que ela cresça muito no jogo! No dia do Sincerão com o Marcus a gente viu o posicionamento dela e eu fiquei muito feliz pelo jeito que ela se colocou. Tomara que ela se coloque mais assim. Eu acho muito difícil ela desrespeitar alguém, perder a linha, mas essa onça pode vir, que tá valendo (risos).

 

Quais os planos para o pós-reality? Pretende voltar para a sala de aula imediatamente?

Eu estou disposto a abraçar todas as oportunidades que vierem. Não quero voltar para a sala de aula por enquanto porque é ralado, sofrido, apesar de eu amar a minha profissão. Eu tenho vontade de ir para o entretenimento. Tenho o pensamento muito rápido, brinco, consigo sair das situações, então estou aberto a oportunidades. Ainda quero ver se consigo ajudar ONGs LGBTs com Educação. Gosto muito de viagens também. 

 

E o casamento? 

O casamento vai sair, tem que sair (risos)! É uma coisa que eu quero muito há cinco anos. Quando falo do Renato meus olhos enchem de lágrimas, brilham. É uma pessoa em quem eu tenho 100% de confiança. Eu no BBB nunca fiquei preocupado com o que ele estaria fazendo aqui fora. Me preocupava com como ele estava. Quero que o casamento saia o mais rápido possível!

 

O "BBB 24" tem apresentação de Tadeu Schmidt, produção de Mariana Mónaco, direção artística de Rodrigo Dourado e direção de gênero de Boninho. O programa vai ao ar de segunda a sábado após "Renascer", e domingos, após o "Fantástico". 

 

Além da exibição diária na TV Globo, o "BBB 24" pode ser visto 24 horas por dia no Globoplay, que conta com 12 sinais com transmissão simultânea, incluindo o mosaico de câmeras, as íntegras e os vídeos dos melhores momentos, edições do "Click BBB" e o "Mesacast BBB", que também terá distribuição de trechos no streaming, no gshow, nas redes sociais e plataformas de vídeos, incluindo a versão em áudio no gshow e nas plataformas de podcast. Todos os dias, logo após a transmissão na TV Globo, o Multishow exibe uma hora de conteúdo ao vivo, direto da casa. O canal ainda conta com flashes diários, ao longo da programação, e com o "BBB – A Eliminação", exibido à 0h30 de quarta para quinta-feira. No gshow, o público pode votar e decidir quem permanece ou deixa o jogo e acompanhar a página "BBB Hoje", as páginas dos participantes e conteúdos exclusivos, como o "Bate-Papo BBB", enquetes e resumos do que de melhor acontece na casa.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

.: Entrevista: Marianna Perna fala sobre a poética das projeções


“O Livro dos Espelhos”
, segundo livro-disco da performer, pesquisadora e poeta Marianna Perna, é um convite a uma reflexão profunda sobre o entrelace entre o Eu e o Outro na descoberta e entendimento da alteridade. Publicada pela editora Penalux, a obra faz parte do Selo Auroras, projeto dedicado apenas à literatura produzida por mulheres, e tem a quarta capa assinada por Dani Costa Russo, jornalista e escritora que faz a curadoria e a edição dos livros do selo. 

Com um time de peso envolvido na apresentação do projeto ao público, vale destacar que os paratextos foram escritos pela psicanalista e escritora Mariana Lancellotti (orelha), pela escritora e pedagoga Fernanda Pacheco (prefácio) e pelo músico e também escritor Juliano Gauche (posfácio). O livro-disco também conta também com fotos especiais tiradas por Subtil Jéssica e contribuições musicais do músico, produtor e engenheiro de som Eduardo Recife e pelo músico João Sobral.

Natural de Brasília, Marianna vive na capital paulista desde a infância e se faz ativa na cena paulistana como escritora e poeta desde 2015. Também é historiadora, mestre em filosofia, produtora cultural e pós-graduanda em Psicologia Transpessoal. Além disso, é fundadora da Casa Urânia, espaço multiartístico & terapêutico na Vila Pompeia, em São Paulo. Confira a entrevista completa com a autora. Compre “O Livro dos Espelhos”, de Marrianna Perna, neste link.

Se você pudesse resumir os temas centrais do livro, quais seriam?
Marianna Perna - Autodescoberta; alteridade e encontro; reflexão profunda e descontentamento; "quem sou eu, quem é você?" desde o subjetivo até o questionamento civilizatório; o poder de transformação que a poesia e a escrita têm; abandono da civilização falida; morte e renascimento.

Por que escolher esses temas?
Marianna Perna Não é que eu os tenha escolhido, foi tão somente a expressão do que estava me atravessando (e  me atravessa) enquanto ser criador e que por necessidade precisava e queria comunicar. O livro acaba sendo também um processo e um percurso para a elaboração e compreensão de tudo o que me move, atravessa, decantando as percepções e sensações, para compor esse espelho multifacetado e caleidoscópico que, no final, se mostra como (tudo) o que somos. Mas refletindo agora sobre essa pergunta, do "porquê", talvez o que tenha me levado à necessidade de escolher falar sobre isso, de expressar, seja uma inquietação frente os tempos que estamos vivendo, tanta morte produzida, tanta falta de escuta, de empatia, tanta dificuldade de aceitar o "radicalmente outro", tanto discurso de ódio, ignorância, tanta alienação, tanta guerra em tantos níveis. É uma provocação e uma angústia frente a esses modos de (não)viver - formas desagregadoras, que são produtoras de morte, de fragmentação do ser. Acho que vem de um engajamento radical de transformação dos valores, do mundo, através da arte e da poesia.


O que motivou a escrita do livro?
Marianna Perna O conceito do livro se iniciou a partir de uma residência artística de dança e performance que realizei em 2018 no CRD (Centro de Referência da Dança no centro de SP, importante local de ocupação e reflexão sobre arte e dança), com a artista Sylvia Aragão. Era uma residência para mulheres, e ficamos alguns meses juntas investigando questões ligadas ao feminino, para criar uma performance a partir de um trabalho que ela já fazia com intervenções na rua. O mote eram espelhos; era um trabalho de reflexão com auto imagem a partir desse objeto.


Como foi o processo de escrita?
Marianna Perna Todos os poemas da "Série dos Espelhos", primeiro capítulo do livro, composto por 13 poemas curtos, foram escritos literalmente olhando para o espelho e me movendo numa sala de ensaio, refletindo sobre o corpo e a existência. Não editei nem modifiquei nada, os poemas estão exatamente como brotaram naquele dia/dias. Escrevi mais outras coisas também que não entraram no livro. E algumas das coisas que escrevi à época tornaram-se "partituras" de movimentos e narrativas que inspiraram e conduziram a história que estávamos contando e investigando juntas. Foi um processo rico e inspirador. Depois de finda a experiência, fiquei revisando esses escritos e foi quando veio a intuição de que meu segundo livro seria “O Livro dos Espelhos”, era o mote tanto de refletir como de reflexão, e a partir daí comecei a reunir outros escritos que já tinha e que gostaria de publicar em um próximo livro. Fui organizando tudo em capítulos e momentos, para criar uma linha narrativa. Daí embarquei numa profunda pesquisa pessoal com o objeto espelho, investigando como ele aparecia na obra de outros poetas, como era retratado. Como o espelho é denso simbolicamente, fui me atentando de camadas que passaram despercebidas anteriormente. Foi, então, uma investigação poética que nasceu pela via do objeto físico, da observação de si, inspirando escritas, textos, a partir da minha subjetividade e que continuou depois pela pesquisa literária, observando o outro, as outras, como isso aparecia em outros lugares/pessoas. A residência findou em dezembro de 2018, então toda a primeira parte de 2019 foi dedicada a continuação do processo; no segundo semestre de 2019 já estava submetendo o livro ao Proac, já tinha ele montado, com as epígrafes, os capítulos e quase todos os textos que estão hoje nele. Quando do processo do segundo Proac a que submeti, dentro da reflexão sobre o período que estávamos vivendo, de pandemia, me incomodou que fossem poemas todos pré-pandêmicos, e por isso atualizei, inserindo alguns escritos daquele momento, de a partir de 2020, e escrevendo, por último, um Post-Scriptum que me arrepiou bastante, que costurou todo o processo e me fez entender o porquê de lançar aquilo, naquele momento. Fez muito sentido. Foi bom esperar, veio na hora certa. Vejo “O Livro dos Espelhos” também como uma grande crítica-provocação à política de morte que vivenciamos desde o macro ao micro, no nosso cotidiano automatizado bem como nas estruturas econômicas e políticas, nessa frieza e desumanização, na brutalização da vida. Coisas que se intensificaram e escancararam na pandemia, mas que estão presentes no mundo há tanto tempo bem como no Brasil, e talvez piorando desde 2018 ou mesmo um pouco antes, desde o golpe…


Que livros influenciaram diretamente a obra?
Marianna Perna Durante o período em que escrevi esses poemas lembro que lia e relia, para variar, (risos) Hilda Hilst, Orides Fontela e Antonin Artaud. Eu também começava a ter mais contato com a obra de Herberto Helder. Após aprontar todo o livro, montado em capítulos meio que "temáticos", fui elegendo pequenas epígrafes, para criar um diálogo direto com autoras/autores, porque minha reflexão passava também pela constatação que somos continuidade e continuação do que veio antes, recriações, e que isso também pode ser libertador. Penso que só é aprisionador para o ego, que quer ser tão original e criador, inventor da roda. Eu gosto de dialogar e ser só mais uma dentro do coro dos descontentes, somar minha voz à de tantos e tantas outras que já falavam e sentiam tudo isso. E acredito que cada ser, mesmo nisso, é também único, por mais parecidas que possam ser a obra ou a criação, não existem dois seres humanos iguais. Então para esse momento fui relendo mais autoras e autores que aprecio, a maior parte na extensa relação acima, e também nesse momento me chegou a leitura de Filosofia do zen budismo, de Byung Chul-Han. Sou uma devoradora de seus livros já desde 2016, minha meta é ler todos seus títulos rs, e esse livro caiu como uma luva, por ser uma crítica à sociedade ocidental a partir da filosofia, comparando visões/autores ocidentais com a oriental, mais especificamente do zen-budismo. Em dado momento ele usa literalmente a figura do espelho para tecer essa crítica à nossa sociedade narcísica e não aberta à alteridade, ao radicalmente diferente, porque isso é apavorante. Essa foi uma chave, com essa leitura compreendi o meu próprio processo intuitivo com esses poemas e porquê veio como veio, compreendi até porquê veio o título do livro todo assim que nasceram os primeiros poemas, sabia que se chamaria “O Livro dos Espelhos”.

Quais são as suas principais referências como autora?
Marianna Perna Tenho muitas! E não posso deixar de citar várias como "principais", tanto literárias como filosóficas, porque realmente me interesso pela escrita e pela ideia de muitas pessoas, tudo isso me compõe, é inescapável.  Hilda Hilst, Orides Fontela, Walt Whitman, García Lorca, Alejandra Pizarnik, Sylvia Plath, Antonin Artaud, Allen Ginsberg, Fernando Pessoa, Drummond, Borges, Jim Morrison, Patti Smith, Adrienne Rich, Alfonsina Storni, Audre Lorde, Clarice Lispector, Rita Lee, Leminski, Rimbaud, Bob Dylan, Herberto Helder, Walter Benjamin, Byung-Chul Han, Michel Foucault, Alejandro Jodorowsky, Nietzsche, Jung, Ailton Krenak, Franz Kafka, Silvia Federici…


Como é o seu processo criativo?
Marianna Perna A escrita poética para mim gera um estado misto de razão e intuição, de saber exatamente o que está acontecendo e não fazer ideia nenhuma do que é aquilo. Sinto quase algo físico no meu corpo, de que algo quer “sair”, me dá uma espécie de coceira para escrever, algo bem peculiar, difícil de colocar em palavras a sensação. Então começo a escrever, no ímpeto daquilo se expressar, buscando as palavras, como se eu soubesse o que é sem saber - um estado distorcido e diferente de consciência. Às vezes quase chego a desistir pois parece que não faço ideia do que seja o que quero escrever, não faz sentido, parece que vou ficar esperando aquilo tomar forma mas de repente vem, e sai exatamente algo que eu sentia que tinha que escrever mas não conhecia ainda, aquilo acaba de nascer mas já me é muito familiar; aquelas palavras, ou imagens criadas, me surpreendem, me causam um profundo espanto. Como se reconhecer em um antigo empoeirado espelho. Você passa alguns minutos ali tentando enxergar o que tem do outro lado, é difícil de entender aquelas formas, mas de repente as imagens adquirem sentido e você percebe que é você ali, você se reconhece de um jeito distorcido - e bonito. Para mim, a escrita é muito esse processo de estranhamento - do mundo, de tudo e de si próprio - e ao mesmo tempo re-conhecimento  - se reconhecer um outro, distante, atemporal, e também tão próximo, tão ali, tão acessível. Já tão antigo. Um estado além da dualidade cotidiana, em que estamos sempre oscilando entre passado e futuro, certo ou errado, presença ou ausência. A escrita me traz para um estado além de tudo isso, não por negar esses estados, mas porque os aceita e por isso pode olhar para eles de fora, como se fosse além da fronteira do comum e olhasse para tudo de um jeito mais amplo, ao mesmo tempo acolhedor e sábio. Pra mim é algo muito louco e maravilhoso conseguir atingir um estado de unicidade com algo, que faz com que palavras brotem como um produto intrínseco da experiência. Não uma representação ou racionalização da experiência, mas sendo a própria dimensão da experiência codificada em palavras. Sabendo, claro, que a experiência viva está muito além das palavras, mas a poesia é uma tentativa de aproximação, de registro e apreensão disso que é muito maior, que é a vida.

Como você definiria seu estilo de escrita?
Marianna Perna Penso que definir é (se) limitar. Minha verve de escrita é poética e de busca por liberdade, pela livre expressão do pensar e sentir e vejo isso como o mais importante - esse espaço de respiro e não-definições que a poesia nos permite, de radical sinceridade e acolhimento também. Mas enquanto um ser humano de muitas formas definido pelo espaço-tempo em que vive e por suas experiências de vida, acredito que minha escrita se faz pela confluência do que vivenciei e vivencio, por tudo que já li, em todos os campos, não apenas da poesia… acho que tudo alimenta o que criamos, e também sinto que minha poesia é composta, inescapavelmente, de um olhar radicalmente crítico para a realidade, desgostoso, descrente do mundo, que vem de minha formação como historiadora (com um pé na filosofia) e que, por mais que não me identifique como uma historiadora acadêmica, acredito que ser historiadora e mesmo filósofa (e agora estudante de psicologia) não é necessariamente uma profissão pela qual você é remunerada, senão um certo modo de olhar para o mundo; são óticas, e isso segue te acompanhando na vida, vai mudando de jeito e expressão, claro, não é algo engessado, congelado, mas te acompanha, é uma vocação também.

Como a música se relaciona com seu processo criativo de escrita? 
Marianna Perna A música sempre esteve presente comigo como a primeira linguagem artística por que me interessei, bem nova, e que foi a porta de entrada, inclusive, para a poesia…comecei a ler poesia através de letras de músicas e de compositores que citavam poetas e assim passei a ir atrás de descobrir a poesia em si e me tornar leitura. As conexões entre essas formas são muito evidentes, a poesia antiga sempre foi expressada pela oralidade e através de música, acompanhamento musical e em sua própria construção: as rimas e a métrica são signos do ritmo, o que denota sua musicalidade inata, sua marca de origem…E isso sempre me atraiu muito, não apenas a palavra poética em si - ela também - mas também sua capacidade de se expandir em outras linguagens que hoje percebemos como distintas, mas que no fundo estão mais próximas do que desconfiamos. E meu processo com a poesia sempre tem sido, além da dedicação ao ofício poético, digamos assim, da palavra, da manufatura do verso, também o desvelar do estado poético que denuncia tudo em conexão - todas as formas como portais para um estado ampliado de contemplação poética. Acho que é isso que me interessa de fato, e a música é um desses caminhos, mas há muitos outros, que tenho explorado também, e o faço por uma necessidade, quase, não como uma determinação exterior, mas como algo natural que se revela a partir da palavra poética - brotam imagens, sensações, ritmo, musicalidade, referências, lembranças. Algo bastante da ordem do sinestésico.


Como surge a ideia de um livro-disco?
Marianna Perna A dedicação a este objeto livro-disco, que agora é meu segundo lançado, é o resultado dessa vontade de registrar essa poesia não apenas em palavra impressa no livro, mas em som vivo, musicalidade inata, estado poético contemplativo que pode inspirar a apreciação poética para algo bem além da leitura no papel, engajando vários sentidos sensoriais da/do leitora/leitora ao mesmo tempo. 

Você escreve desde quando? 
Marianna Perna Eu me considero uma escritora de poesia desde 2013, apesar de ter alguns escritos poéticos que remontam a 2010/2011, e mesmo de antes, da adolescência, porém acredito que foi neste ano de 2013 que "entendi" que "era poeta" - entendi o que isso significava (para mim, antes de tudo) e que exigiria um comprometimento de vida. Também foi o ano que me formei bacharel em História, então de certa forma me "libertei" de algo que me incomodava, que foi um certo lugar limitante (para mim) da escrita, desde 2008, quando entrei na faculdade, e vinha aprendendo essa narrativa objetiva, técnica e acadêmica, a escrita historiográfica. E não é que não goste, aprecie ou compreenda seu lugar e valor, mas em meu ímpeto expansivo na escrita, não encontrava lugar para expressar outras possibilidades de meu ser, e foi na poesia que o encontrei.

Como começou a escrever?
Marianna Perna Primeiro lendo vários poetas, e depois me arriscando em versos. Como escrevi em um outro texto: "Vejo a base cognitiva do ofício do historiador e do escritor como basicamente a mesma: leitura, interpretação e escrita. Porém, a diferença abissal entre elas é o lugar (ou proporção) da imaginação e da liberdade." E me lembro na adolescência de gostar de escrever contos, tinha muita imaginação e gostava de escrever coisas em prosa, no final do ensino fundamental e no ensino médio adorava ler, adorava as aulas de redação, gramática e literatura, me dava gosto escrever e percorrer todo esse universo. Escolhi cursar História porque o "conteúdo" da escrita - o olhar pro mundo atual e entender de onde vem, entender os processos, de onde as "coisas vêm" foi o que mais me chamou, mas também vejo como um ímpeto de escrita - escrever a história (as histórias) trata-se, também, de um ofício da palavra.

Quais são os seus projetos atuais de escrita?
Marianna Perna De escrita no momento não tenho nenhum, estou bem focada neste livro ainda. Focada em divulgar, circular com ele, e agora com a parte musical chegando nas plataformas musicais! A trilha completa do disco é longa, tem 68 minutos, por isso para as plataformas musicais, junto ao Selo Lyra Noise (da produtora e poeta Cris Rangel), dividi em 3 EPS, misturando um pouco a ordem das faixas originais, para propor um caminho de escuta poética que funcione como obra musical e que também possa ser uma forma das pessoas chegarem no livro. Sinto que funciona bem como apreciação musical e estou feliz de disponibilizar essa trilha também nas plataformas para as pessoas poderem conhecer. Então diria que um dos projetos agora de 2023 é focar nesses fonogramas, para divulgar mais o "fato musical", do livro, enfocar a proposta dupla e híbrida de música & poesia, de spoken word, divulgar e mostrar isso também, mostrar que há uma trilha e que inclusive toco nela (piano e sintetizadores) e recito os poemas, e que as pessoas podem até ouvir isso na internet antes de adquirirem o livro!

Garanta o seu exemplar de “O Livro dos Espelhos”, escrito por Marrianna Perna, neste link.

sábado, 20 de janeiro de 2024

.: Entrevista: Yan Rego, escritor, usa a palavra como protesto


"Era Uma Vez Um Mês Seis”
, o premiado autor carioca Yan Rego mergulha nas manifestações de junho de 2013, explorando a violência política e a questão racial de forma ficcional. Publicado pela editora Paraquedas, o livro destaca-se pela abordagem crítica e pela experimentação linguística ao apresentar vozes pouco ouvidas, seja o discurso tendencioso de um apresentador de TV no conto "A Voz de Deus" ou os atravessamentos pessoais no intrigante "V de Viu". Sem adotar uma postura panfletária, Yan convida os leitores a refletirem sobre política e raça por meio de uma narrativa intensa e singular. O livro possui orelha do escritor e jornalista Ronaldo Bressane e quarta capa da escritora Giovana Madalosso.

Yan é escritor, professor e roteirista nascido em 1993 no Rio de Janeiro e traz à literatura sua inquietação sobre as consequências das manifestações. Formado em Ciências Sociais pela USP, o autor combina a oralidade com sarcasmo e humor autodepreciativo em seu estilo de escrita. Reconhecido pelo livro "Agá", segundo lugar no Prêmio Biblioteca Digital 2021, destaca-se pela originalidade ao explorar temas como violência política, não-lugar social e racial, e um amanhã que se revela menor. Sua obra reflete a busca por vozes esquecidas e ridicularizadas, desafiando o leitor a questionar respostas prontas e idealizações sobre política e raça. Compre o livro "Era Uma Vez Um Mês Seis”, de Yan Rego, neste link.


O que motivou a escrita do livro?
Yan Rego - A vontade de revisitar minhas experiências nas manifestações de junho de 2013 contra o aumento da passagem; e também destilar um pouco de rancor, tanto dessas experiências quanto de certas análises sobre as consequências daquele período na política do país.


Como foi o processo?
Yan Rego - 
Procurei misturar autoficção com algumas experimentações de formato e explorar pontos de vista diferentes, como: o de uma criança que odeia vinagre; o de um patriota que ama o Brasil; o de um apresentador de jornalismo policial que odeia baderna; e o de um olho que não sabe o que sente por uma bala de borracha.

Se você pudesse resumir os temas centrais do livro, como chegou neles?
Yan Rego - 
A violência política dentro e fora das organizações; o não-lugar social e racial; e um amanhã que é menor. Junho de 2013 gerou um fenômeno que impactou a política nacional, e sobre ele foram feitas diversas análises. Recorri à ficção porque me parece que há vozes que não foram levadas a sério como deveriam, mas, principalmente, porque há vozes que não foram ridicularizadas e esculachadas como deveriam. E porque falar de política e raça com respostas prontas e idealizadas me parece uma grande sacanagem intelectual.

Algum livro influenciou diretamente “Era Uma Vez Um Mês Seis”?
Yan Rego -  As influências principais foram "Homem de Fevereiro ou Março", de Rubem Fonseca; "O Sol na Cabeça", de Geovani Martins; "Malagueta, Perus e Bacanaço" e "Abraçado ao Meu Rancor", de João Antônio; "Obras Completas (e Outros Contos)", de Augusto Monterroso; "O Exército de Cavalaria", de Isaac Babel; e "Dormitório", de Yoko Ogawa. Mas de forma geral, além destes, Gabriel García Márquez, Lima Barreto, Maria Carolina de Jesus, Mano Brown, Pepetela, Yu Hua e Han Kan também são grandes influências para a minha escrita.


Como você começou a escrever?
Yan Rego - Escrevi meus primeiros contos aos 16 anos, depois de conhecer livros de Rubem Fonseca e desconfiar que a rua, a fala da rua e as pessoas da rua também dão boa literatura.

Como você definiria seu estilo de escrita?
Yan Rego -  Levo a oralidade muito a sério, assim como sua diferença na fala e na escrita. Misturo isso com sarcasmo, humor autodepreciativo e preocupação com o ritmo, para deixar os incômodos mais no conteúdo.


Como é o seu processo de escrita?
Yan Rego -  Faço um pouco de pesquisa em livros e álbuns com estilos/temas semelhantes com o que estou escrevendo, mas a maior parte busco na internet e andando na rua. Anoto muitas coisas que escuto. Reviso meus textos em voz alta; paro quando cabem na boca, cutucam a cabeça e não sobram no ouvido.


Tem algum ritual ou meta?
Yan Rego -  Na hora de escrever em si, enrolo durante cinco horas e escrevo durante uma hora e meia por dia (com muitas aspas). Tento escrever ao menos nove mil toques por semana.

Quais são os seus projetos atuais de escrita?
Yan Rego -  Estou trabalhando em uma prosa longa, talvez novela, talvez romance, sobre um escritor pardinho e perdidão no mercado editorial brasileiro. Pretendo publicá-la em 2024. Também estudo a possibilidade de publicar uma coletânea de contos produzidos entre 2022 e 2023.

Professor, roteirista e escritor: conheça os processos de Yan Rego
Nascido em 1993, no Rio de Janeiro, Yan Rego atua no ensino de crianças imigrantes chinesas e taiwanesas. É formado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP). Foi roteirista do longa-metragem "Lulinha, Meu Santo!", que foi convidado para o Festival de Roteiro de Porto Alegre 2023.; e do curta "O Nariz de Euzébio”, em fase de captação.

Rego conta que começou a escrever aos dezesseis anos, depois de conhecer livros de Rubem Fonseca e “desconfiar que a rua, a fala da rua e as pessoas da rua também dão boa literatura". Frequentou o Sarau do Capão e o Slam Capão, onde aprendeu a mostrar seus escritos publicamente. Foi publicado pela primeira vez na coletânea de poemas "A Favela em Ação: Slam Capão" (Cosmos, 2020). Atualmente, tem textos publicados nas revistas Morel, no Jornal RelevO e nos zines Submarino. Durante a pandemia, publicou seu primeiro livro de contos, "Agá", que foi o segundo colocado na categoria contos do Prêmio Biblioteca Digital 2021 e publicado em e-book (Biblioteca Pública do Paraná, 2021). 

Seu processo criativo se baseia, principalmente, na escuta. "Faço um pouco de pesquisa em livros e álbuns com estilos/temas semelhantes com o que estou escrevendo, mas a maior parte busco na internet e andando na rua. Anoto muitas coisas que escuto. Reviso meus textos em voz alta; paro quando cabem na boca, apertam a cabeça e não sobram no ouvido", conta. Além disso, o escritor coloca como meta a escrita de ao menos nove mil toques semanais.

Suas principais referências literárias são os escritores Rubem Fonseca, Isaac Babel, Gabriel García Márquez, João Antônio, Lima Barreto, Maria Carolina de Jesus e Mano Brown. Durante o processo de escrita de "Era Uma Vez Um Mês Seis", ele comenta ter sido influenciado principalmente pelas obras “O Homem de Fevereiro ou Março”, de Rubem Fonseca; “O Sol na Cabeça”, de Geovani Martins; “Malagueta, Perus e Bacanaço” e “Abraçado ao Meu Rancor”, de João Antônio; “Obras Completas (e outros contos)”, de Augusto Monterroso; “O Exército de Cavalaria”, de Isaac Babel; e “ Dormitório”, de Yoko Ogawa. Garanta o seu exemplar de "Era Uma Vez Um Mês Seis", escrito por Yan Rego, neste link.

.: Entrevista: Ivete Sangalo fala sobre a estreia de "The Masked Singer"


A temporada chega com novidades no cenário, no elenco, nas fantasias, na dinâmica e na interatividade com o público. Foto: Globo/ Maurício Fidalgo.


A partir deste domingo, dia 21, as tardes de domingo da TV Globo estarão repletas de bom humor, música e diversão com a estreia da quarta temporada de "The Masked Singer Brasil", logo após "Temperatura Máxima". Com apresentação de Ivete Sangalo, o público de casa se juntará a José Loreto, Paulo Vieira - ambos novos jurados da edição -, Sabrina Sato e Taís Araújo para descobrir quem são as personalidades por trás das fantasias a partir das apresentações musicais cheias de performance. Kenya Sade, por sua vez, é a nova parceira de Ivete na apresentação e colaborará na investigação com informações exclusivas dos bastidores e da plateia. 

A temporada, que chega com novidades no cenário, no elenco, nas fantasias, na dinâmica e na interatividade com o público, tem os três primeiros episódios dedicados a apresentar as 12 novas fantasias, com apresentações de quatro mascarados diferentes por episódio. Na estreia, competirão Alface, Etzinho, Mamãe Abacate e Sereia Iara. 

 Após as apresentações, a plateia vota para salvar duas fantasias da eliminação, e as duas menos votadas batalham novamente, mostrando um segundo musical. O júri, então, se reúne para deliberar quem dos dois fantasiados será salvo e quem será desmascarado. Em cada um dos três programas, haverá uma eliminação. 

A partir do quarto episódio, os nove mascarados que continuarem na competição poderão se apresentar todos num mesmo programa, como no caso de edições temáticas, que podem contar com mais de uma eliminação, ou serem novamente divididos em programas diferentes. Contudo, reviravoltas poderão acontecer com o "Masked Sino". Localizado ao lado dos jurados, pode ser acionado a qualquer momento, e a consequência é a anulação de uma revelação. Durante a temporada, o sino só pode ser tocado uma única vez por jurado, salvando um personagem que teria sua identidade revelada por decisão do grupo.

O público de casa também pode participar com palpites sobre a identidade dos mascarados por meio do "Masked Game", um jogo on-line hospedado no site do programa dento do Gshow, com perguntas sobre o conteúdo do programa. Os participantes concorrem a brinde e prêmios.

 As fantasias da quarta temporada do "The Masked Singer Brasil" foram idealizadas pelos figurinistas Gabriel Haddad, Leonardo Bora - carnavalescos da escola de samba Acadêmicos do Grande Rio - e executadas e esculpidas por Fábio de Amorim Leme, mais conhecido como Bolinha, à frente do Bolinha Studios, de São Paulo. Com uma equipe de mais de 20 colaboradores, ele coordenou desenvolvimento 3D, planejamento, construção da parte estrutural e acabamento, além de efeitos como movimentação dos olhos e outros diferenciais que serão vistos nesta edição. Ansiosa para mostrar todas essas novidades aos fãs da atração, a apresentadora Ivete Sangalo fala sobre a expectativa para a estreia na entrevista abaixo.


Quais serão os diferenciais desta temporada na sua opinião?
Ivete Sangalo - 
Nesta quarta temporada do "The Masked Singer Brasil" me deparei com um palco completamente diferente e ainda mais sensacional do que a gente já está habituado a ver. Novos jurados, novos detetives, que são José Loreto e Paulo Vieira, e as divas maravilhosas, Sabrina Sato e Thais Araújo. Kenya Sade é a minha companheira de bate-papo com plateia e com os personagens. Há novidades nas fantasias também. Ou seja, embora seja a minha quarta temporada, esse programa me surpreende da hora que eu chego até quando vou embora. Então, é uma delícia e estou muito feliz, muito ansiosa!

 
Você está se preparando de alguma forma para as gravações?
Ivete Sangalo - 
Minha carreira é uma coisa só. Eu faço um preparo físico o ano todo, mas no final do ano eu dou uma intensificada maior por conta das festas do final de ano, como o Maracanã que eu fiz agora, e aí vem o Carnaval. Minha vida gira um pouco em torno desse preparo físico e emocional. Então eu cuido da voz, mas cuido das minhas emoções também, preparo que me coloca ali um equilíbrio para poder encarar o Carnaval. E tudo isso acaba desaguando no projeto do "Masked", porque eu preciso ter bastante energia e a leveza que o programa merece. Emocionalmente, esse programa me dá tantos argumentos e tantos subsídios para chegar ao Carnaval com a energia na melhor qualidade, mas o preparo é todo dia.

Como acredita que a chegada de Paulo Vieira e José Loreto no grupo de jurados impactará a edição?
Ivete Sangalo - 
Paulo e José são pessoas que admiro muito, ambos muito competentes, excelentes em suas carreiras. Eles têm um timming muito bom de humor, tenho certeza de que essa temporada será ainda mais especial com eles. 


E como Kenya Sade chega para somar ao time do programa?
Ivete Sangalo - 
Kenya já escreveu bastante história aí, a gente conhece e reconhece o talento dela. Ela vem capitaneando, vem trazendo o conteúdo de festivais importantíssimos do país. Uma menina completamente preparada, e o que é mais bacana ainda, com conhecimento de causa. Ela vai entrar no programa ciente de que vai tratar de música, de arte, e ela sabe fazer isso lindamente. Então, domingo à tarde, essa mulher linda compartilhará com a gente os conhecimentos e a energia dela.
 

O que o "Masked" representa para você?
Ivete Sangalo - 
Representa a alegria, a nossa vida mais leve, a família curtindo o momento, a união em tentar desvendar quem está naquelas fantasias.

O que o público pode esperar desta temporada?
Ivete Sangalo - 
É a quarta temporada, e a ideia é levar emoção, leveza, arte e alegria para vida das pessoas. Todas as pessoas que passaram aqui colaboraram com isso, então somos uma família que só aumenta - desde os primeiros que fizeram parte da bancada até os que estão entrando agora. Eu acho que o universo conspira para que a gente faça desse propósito algo comum, e é isso que está acontecendo. Tenho certeza de que essa temporada será mágica e que vai deixar muita gente feliz, vai deixar muita gente envolvida nessa energia de alegria e de satisfação.


O "The Masked Singer Brasil" é uma coprodução TV Globo e Endemol Shine Brasil, baseado no formato sul-coreano criado pela Mun Hwa Broadcasting Corp, com supervisão artística de Adriano Ricco (TV Globo) e direção geral de Marcelo Amiky (Endemol Shine Brasil). O programa vai ao ar na TV Globo aos domingos, após o "Temperatura Máxima", com reexibição na madrugada de segunda para terça-feira, à 00h30, no Multishow, seguida da entrevista de Kenya Sade com o eliminado da semana.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

.: Lucas Pizane, do "BBB 24": "Parece que você amadurece um ano a cada dia"


As revelações do terceiro eliminado do "BBB 24": "
Deveria ter enxergado com mais clareza o que estava acontecendo, a proporção que aquilo poderia ter tomado, e ter uma posição mais firme". Fotos: Globo/João Cotta


O jeito tranquilo e apaziguador de Lucas Pizane se destacou em seu confinamento de pouco mais de uma semana no "Big Brother Brasil 24". O baiano conversou com todos da casa, mas optou por não formar alianças tão cedo. Hoje, já fora do jogo, aponta Fernanda como a principal aliada, embora não tenha tido a chance de traçar uma estratégia concreta com ela para seguir no reality. “A estratégia acaba se desenrolando quando as cartas ficam na mesa. Eu acabei saindo do programa em uma fase em que isso não estava tão evidente”, justifica.

Credita à intuição de Beatriz o fato de ter ido parar no paredão de forma tão certeira, mas à própria omissão o motivo de ter deixado a casa, após uma disputa com ela e Davi em que teve apenas 8,35% dos votos do público na preferência para ficar. “Talvez eu não tenha dimensionado a situação da forma correta. Deveria ter enxergado com mais clareza o que estava acontecendo, a proporção que aquilo poderia ter tomado, e ter uma posição mais firme”, avalia sobre o episódio em que discordou de falas do Nizam, mas preferiu não interpelar de imediato. A seguir, Lucas expõe a estratégia que executou no jogo, declara sua torcida para Fernanda e Matteus, e comenta os planos previstos para o pós-"BBB", que incluem aproveitar a oportunidade da eliminação ocorrida ainda antes do Carnaval deste ano.

Participar do "BBB" era como você imaginava? Quais as semelhanças e diferenças?
Lucas Pizane -
Eu esperava que fosse ser difícil, só que em uma proporção um pouco menor (risos). Lá tudo é muito intensificado. Os dias, ao mesmo tempo em que passam mais rápido, passam mais devagar. Parece que você amadurece um ano a cada dia. A restrição a informações também acaba mexendo um pouco com a cabeça. Tem as questões físicas, de não ter horário para dormir, ficar preocupado com comida, que também acabam dificultando. Foi uma experiência muito legal, mas muito mais difícil do que eu achei que seria. Talvez eu tenha subestimado isso.

Qual era sua estratégia de jogo para chegar o mais longe na disputa?
Lucas Pizane - 
A estratégia acaba se desenrolando quando as cartas ficam na mesa. Eu acabei saindo do programa em uma fase em que isso não estava tão evidente, então eu não tinha uma estratégia tão concreta traçada ainda. Mas, o que eu imaginava, principalmente por ser a primeira semana, era um fortalecimento de jogo interno para evitar ir ao paredão. O que não deu muito certo (risos). Também com esse fortalecimento, criar relações pessoais com as quais eu conseguisse estabelecer confiança, mostrar quem eu sou e, dessa forma, também fortalecer meu jogo externo, através de identificação e posicionamentos em que as pessoas pudessem me conhecer.

Você imaginava a jogada da Beatriz Reis Brasil, que pediu aos amigos para votarem em você, caso ela fosse emparedada?
Lucas Pizane - 
Eu realmente não esperava essa escolha. Tanto ela quanto o grupo dela tinham votado, nas duas últimas formações de paredão, em pessoas do meu grupo, mas não em mim. Na minha cabeça, eles iam continuar se indispondo com as mesmas pessoas para não criar um número maior de desavenças lá dentro. Entendo o fato de ter sido opção por não estar no grupo prioritário dela, mas eu achei meio sem critérios, sem fundamentos. Talvez tenha sido um voto realmente na intuição, que no final das contas não esteve tão errada assim.
 

Acha que fez parte de um grupo no programa? Quem considerava seus principais aliados?
Lucas Pizane - 
No início do programa, a gente se apega muito às pessoas que a gente sente que nos protegeriam. A Fernanda (Bande) era a pessoa que eu sentia que daria a vida por mim; eu tinha muita confiança nisso. Embora eu tivesse pessoas que eram minhas amigas e estavam próximas a mim, se tinha uma pessoa de quem eu sentia 100% que eu passaria por cima de coisas por causa dela, era ela. E eu sentia que ela também passava por cima de coisas por minha causa, porque ela queria o meu melhor, e eu queria o melhor dela. Era uma pessoa em quem eu confiava, nesse sentido de estar fechado para tudo. Até com o Nizam  (Hayek Abou Jokn), que também era uma pessoa que estava próxima a mim, havia muita discordância. A gente votou diferente na maioria das votações. A gente era brother, convivia, mas não estava fechado. Eu tinha uma dupla, a Fernanda, não um grupo.

Você falou na casa que, apesar de estar em algumas conversas, tinha posicionamento contrário a falas citadas nas ocasiões. Hoje, analisando, teria feito algo diferente?
Lucas Pizane - 
Eu não sei se eu faria diferente porque foi a forma que eu reagi diante da situação na qual eu estava inserido. Eu era a pessoa mais jovem dentre as que estavam naquela roda de conversa. Estava com pessoas mais velhas, assim como com pessoas que eu admiro o trabalho, a carreira. Eu sentia um pouco de intimidação em relação às coisas que eu falava ou quando eu tinha uma postura mais apaziguadora... Não vou mentir, ficava intimidado em expor a minha opinião ali. Tanto que às vezes eu chamava uma pessoa mais de confiança, isoladamente, para falar o que eu estava pensando. Quando eu vejo isso aqui de fora, é muito claro para mim, porque eu sei o que estava passando na minha cabeça naquele momento. Eu realmente estava muito desconfortável. Obviamente eu não sabia da linha narrativa que se criaria baseado naquilo aqui fora. Lá dentro, era como se tivesse sido algo pontual, e aqui fora foi algo realmente massificado. Para mim, já tinha passado, embora não tivesse passado aqui fora. Aquilo deveria ter sido solucionado, mas eu não consegui solucionar. Acredito que minha eliminação passou por isso. Vendo aqui de fora, com certeza eu gostaria que fosse diferente. Gostaria de ter conversado com a Yasmin (Brunet), de ter me posicionado de uma forma menos branda com o Nizam - porque eu cheguei a conversar com ele, mas talvez devesse ter sido mais incisivo, porque eu não tinha concordado, não era legal, não devia ter sido falado.

O que foi determinante em sua eliminação, na sua opinião?
Lucas Pizane - 
Foi realmente a minha omissão com relação a um acontecimento que, talvez, eu não tenha dimensionado da forma correta naquele momento. Deveria ter enxergado com mais clareza o que estava acontecendo, a proporção que aquilo poderia ter tomado, e ter uma posição mais firme. Tive uma conversa com a Yasmin, uma conversa de peso na consciência; tive uma conversa com o Nizam, porque não queria que ele falasse mais aquilo. Mas, acredito que talvez pudesse ter sido de forma mais expressiva.

Que experiências vão ficar marcadas em sua memória da participação no reality show?
Lucas Pizane - 
A experiência e privilégio de estar lá são muito legais! É um grupo pequeno de pessoas, então ter sido escolhido já é muito especial. Mas claro que vários momentos que vivi estão marcados na minha história: vencer uma prova do líder, na parte em grupo, por mais que eu não tenha ganhado o sorteio; ter sido imunizado por uma pessoa que eu gosto tanto, o Alegrete  (Matteus Amaral); ter ido para o "Cine BBB" e me sentido em casa com pessoas que eu gosto; ter participado da ativação do Mercado Livre... Tudo foi muito legal, demais!

Que amigos vai levar do "BBB 24" para fora do programa?
Lucas Pizane - 
Com certeza a Fernanda (Bande). Lá dentro eu já sentia isso, aqui fora sinto mais ainda. Ela foi uma bênção. Estava no meu top 2 porque fazia eu me conectar com a minha essência, por se parecer muito com as pessoas que eu tenho aqui fora. Ela me lembra muito minha namorada, me lembra muito a minha tia. Com certeza é uma pessoa que eu quero levar para a vida. Também gostaria de ter uma conversa pós-programa com a Yasmin Brunet, que foi uma pessoa de quem eu gostei muito na casa. E o Alegrete, um cara sensacional! Puro, com o coração muito bom. Quero conhecer a terra dele, quero estar junto dele. Ele sofreu muito com a minha saída e eu fiquei muito mal de vê-lo sofrendo, porque ele é muito bom, muito! 


Qual você acha que é o melhor jogador do "BBB 24", aquele que tem mais chances de chegar à final?
Lucas Pizane - 
Eu gosto muito da Deniziane (Ferreira). Ela tem um foco muito legal, torço muito por ela. Conheci um pouco da história dela e, apesar de estar em um grupo diferente, era a pessoa de fora que eu mais me relacionava. Acho que ela está bem focada e tem tudo para chegar à final.

Para quem fica sua torcida pelo primeiro lugar do "BBB"?
Lucas Pizane - 
Apesar de enxergar da forma racional que a Deniziane é forte, a minha torcida é fruto da minha emoção. Torço muito para a Fernanda e o Alegrete chegarem lá. São duas pessoas muito legais, que não tiveram erros. Diferente do Nizam, que foi uma pessoa de quem gostei muito, mas claramente tem algo a aprender, a ser resolvido, e acho que isso não será recompensado com o prêmio - e nem tem como eu torcer para isso, porque foram coisas com que não concordei, não achei certas. 

Quais são os planos para hoje, após o "BBB"? Algo planejado para a carreira musical?
Lucas Pizane - 
É muito legal de pensar porque eu saí antes do Carnaval, né? (risos) Tem o Carnaval pela frente, estou aqui aberto às oportunidades que podem surgir, vou avaliar. Mas primeiro vou chegar ao mundo real, entender o que está acontecendo na minha cidade. Quero ter meus lançamentos, vou continuar com eles, e dar seguimento na minha carreira, que é meu sonho primordial, desde antes de entrar no programa. Então, estou aberto a colher os frutos que o programa pode me dar para dar seguimento a algo que eu já ia seguir, de qualquer maneira, com o programa ou não. Agora eu tenho um pouquinho mais de gente acompanhando essa trajetória comigo, então espero que dê tudo certo (risos)! 


Sobre o "Big Brother Brasil"
"BBB 24" tem apresentação de Tadeu Schmidt, produção de Mariana Mónaco, direção artística de Rodrigo Dourado e direção de gênero de Boninho. O programa vai ao ar de segunda a sábado após "Terra e Paixão", e domingos, após o "Fantástico". Além da exibição diária na TV Globo, o "BBB 24" pode ser visto 24 horas por dia no Globoplay, que conta com 12 sinais com transmissão simultânea, incluindo o mosaico de câmeras, as íntegras e os vídeos dos melhores momentos, edições do "Click BBB" e o "Mesacast BBB", que também terá distribuição de trechos no streaming, no gshow, nas redes sociais e plataformas de vídeos, incluindo a versão em áudio no gshow e nas plataformas de podcast. 

Todos os dias, logo após a transmissão na TV Globo, o Multishow exibe uma hora de conteúdo ao vivo, direto da casa. O canal ainda conta com flashes diários, ao longo da programação, e com o "BBB - A Eliminação", exibido à 0h30 de quarta para quinta-feira. No gshow, o público pode votar e decidir quem permanece ou deixa o jogo e acompanhar a página "BBB Hoje" as páginas dos participantes e conteúdos exclusivos, como o "Bate-Papo BBB", enquetes e resumos do que de melhor acontece na casa.

.: Thalyta Alves, do "BBB 24": "O silêncio pode ser o maior grito de uma pessoa"


As revelações da segunda eliminada do "BBB 24": "As pessoas queriam treta e eu não estava disposta a passar por cima dos meus valores para isso". Fotos: Globo/João Cotta


Thalyta Alves entrou no "Big Brother Brasil" da mesma maneira que seu maior rival no reality show. Ainda na noite da estreia, por trás de paredes de vidro, estavam ali os sonhos e os destinos de 11 pessoas. O seu e o de Juninho foram dois dos escolhidos para terem seguimento na casa mais vigiada do país. Depois de seis dias no programa, a mineira acredita que entrar horas depois dos primeiros brothers fez diferença em seu desempenho e diz que, embora tenha sido eleita pelos próprios participantes, quando chegou ao game, percebeu que a escolha não foi acolhida por todos. 

No último domingo, dia 14, a advogada deixou a competição com o menor percentual dentre os três emparedados, também membros do chamado "Puxadinho": recebeu 22,71% dos votos para ficar depois de protagonizar a primeira discussão da temporada e não ter aceitado um acordo com o grupo junto ao qual entrou no programa. “Tudo acontece no momento em que tem que acontecer. Eu não estava me adaptando ao jogo, foi muito difícil para mim. Mas acredito que se eu tivesse feito o pacto, eu não teria saído. Contudo, não adiantaria, porque eu iria contra aquilo que o meu coração estava pedindo. Agora eu estou aqui e está tudo certo. Antes estar aqui com as minhas verdades, com os meus valores, com a minha mãe orgulhosa de mim do que estar lá dentro concorrendo a milhões de reais, mas pisando nos outros, fazendo besteira e não sendo leal a mim. Dinheiro é bom, mas ter o orgulho dos nossos pais é muito melhor”, avalia a ex-sister. A seguir, Thalyta faz um balanço de sua passagem pelo "BBB 24", revela os aprendizados que tira da experiência e conta que alianças teria feito se permanecesse por mais tempo no jogo.


O que a experiência de participar do "BBB 24" significou para você?
Thalyta Alves -
Representou um sonho, apesar de muito curto. Eu vivi esse sonho e tentei dar o meu melhor; não foi o suficiente. Mas como todo sonho, a gente acorda e sonha outras coisas. Agora, com a visibilidade que eu ganhei, eu vou tentar realizar o que eu gostaria de ter conseguido no programa, conquistar por mérito meu e correr atrás aqui fora.
 

Embora tenha sido a segunda eliminada da temporada, você ficou menos de uma semana na casa. Na sua opinião, o que faltou para ir mais longe no jogo?
Thalyta Alves - 
Posicionamento. As pessoas queriam treta e eu não estava disposta a passar por cima dos meus valores para isso.
 

Você entrou no "BBB" por meio da dinâmica que aconteceu por trás dos vidros na primeira noite da temporada. O que passou pela sua cabeça naquele momento em que precisava se apresentar para conseguir uma vaga no programa?   
Thalyta Alves - 
Passou pela minha cabeça que o meu sonho estava nas mãos de outras pessoas e eu tinha 30 segundos para fazê-las entenderem a importância daquele sonho e, consequentemente, o Brasil todo. Eu estava nervosa, não estava esperando entrar desse jeito. Quando me escolheram, eu me senti muito grata, muito feliz e falei "bora, bora". Só que, quando entrei na casa, eu vi que essa escolha não foi 100% acolhida e exercida. Eu não me senti acolhida, porque só eu tinha que ir atrás, só eu que tinha que falar, só eu que tinha que me apresentar... Foram poucas horas de diferença entre a nossa entrada e a do restante, mas parecia muito mais, parecia que eu estava de visita na casa dos outros. Mas não era a casa dos outros, era do Brasil todo. Eu acho que faltou deixarem eu me mostrar e me conhecer ali dentro.

Você, o Juninho e o Davi entraram no "BBB" juntos, após os outros 18 participantes, e depois se enfrentaram no paredão. O que levou a um rompimento com os membros do "Puxadinho"?
Thalyta Alves - 
A falta de afinidade. A gente não tinha afinidade o suficiente para combinar de irmos todos em uma pessoa e não nos votarmos. A gente tanto não tinha afinidade, que foi proposto aquele plano de não se votar e nem foi cogitado em quem votar. Aí ficaram oito gatos pingados votando um em cada um, o que não daria em nada.
 

Por que você não quis combinar voto com o grupo nem formar uma aliança com eles? 
Thalyta Alves - 
Na verdade, eu não quis com o Juninho, porque ele era uma opção de voto minha. Com ele eu não poderia, porque ali a palavra é muito importante. Eu não poderia ter duas palavras.
 

O que mais te chateou naquela conversa com o Juninho que culminou na discussão?
Thalyta Alves - 
Eu acho que ele ficou muito pilhado com o queridômetro, ele achou que tinha sido eu a dar “Planta” para ele. E não fui eu - o público viu. Ele queria se salvar, assim como o Davi - jogador para caramba, está super certo. Ali, eles queriam fazer um pacto de não nos votarmos e eu falei que não. Num primeiro momento, eu não havia entendido e, depois, não houve pacto. Quando ele cogitou que esse acordo existiria, eu juntei todos e falei: "Para mim não dá. Isso não faz parte de quem eu sou, não é a minha verdade. Eu não vou fazer isso". Eu tinha outras prioridades lá dentro, tinha outras pessoas que eu queria conhecer ainda. Foi isso: eu dei um "tiro no pé" e estou aqui.

Pouco tempo depois da briga, você votou no Juninho no confessionário, e ele te puxou no contragolpe para o paredão. Acredita que, se vocês dois tivessem se resolvido ali, poderia não ter sido eliminada?
Thalyta Alves - 
Tudo acontece no momento em que tem que acontecer. Eu não estava me adaptando ao jogo, foi muito difícil para mim. Mas acredito que se eu tivesse feito o pacto, eu não teria saído. Contudo, não adiantaria, porque eu iria contra aquilo que o meu coração estava pedindo. Agora eu estou aqui e está tudo certo. Antes estar aqui com as minhas verdades, com os meus valores, com a minha mãe orgulhosa de mim do que estar lá dentro concorrendo a milhões de reais, mas pisando nos outros, fazendo besteira e não sendo leal a mim. Dinheiro é bom, mas ter o orgulho dos nossos pais é muito melhor.

Com quem buscaria fazer alianças se pudesse permanecer por mais tempo no reality?
Thalyta Alves - 
Eu até tentei me aproximar bastante do (MC) Bin Laden, gostaria de fazer aliança com ele. Com o Marcus e a Beatriz eu fiz amizade, mas a gente não tinha aliança. O Marcus é uma das pessoas das quais eu mais gosto lá dentro, a quem eu defenderia e não votaria, mas faltou ser aliado no jogo, não só amigo na vida.
 

Alguns participantes mencionaram que vocês do "Puxadinho" não estariam conseguindo se enturmar com a galera da casa. Concorda que essa tenha sido uma dificuldade?
Thalyta Alves - 
Com certeza foi, todo mundo viu. Seria loucura dizer que não. Quando você chega por último, as pessoas estão numa prova e logo depois tem formação de paredão, qualquer aproximação pode ser interpretada como falsidade. Eu e outras pessoas que estavam ao meu lado não queríamos parecer falsas. Talvez tenha faltado um pouco de malícia em nós. A gente sentiu que os meninos foram um pouco mais bem recepcionados por alguns. E nós estávamos ali sozinhos, tanto que ficamos lá no chão, perdidos.

Quem você deseja ver campeão do "BBB 24"?
Thalyta Alves - 
Eu gostaria muito que ganhasse Michel, Giovanna, Raquele, Marcus ou Isabelle. Mas acho que o prêmio deve ficar entre Isabelle e Beatriz. Ou com o Davi, porque ele está se saindo muito bem, ele é um menino sensacional e um jogador muito inteligente. Nós tivemos afinidade. Ali dentro, como eu estava com muita dificuldade, qualquer troca valia muito.

Que aprendizados você tira dessa experiência?
Thalyta Alves - 
Que o silêncio pode ser o maior grito de uma pessoa. Eu fiquei em silêncio lá dentro porque eu estava desesperadamente tentando me encaixar e não estava conseguindo. Talvez, se o Brasil estivesse vendo que eu realmente estava tentando...mas não viu e é isso. A gente não agrada todo mundo nem acerta sempre.
 

Quais são seus planos para essa fase pós-"BBB"? Pretende continuar advogando?
Thalyta Alves - 
Eu ainda não consegui pensar, mas quero continuar advogando, sim. Quero ver as oportunidades que eu vou tirar dessa experiência. Eu tinha mil seguidores e agora estou com 69 mil. Então, vou correr atrás dos meus sonhos e ver no que vai dar. Mas eu quero continuar estudando, fazer pós-graduação, tudo isso...

Sobre o "Big Brother Brasil"
"BBB 24" tem apresentação de Tadeu Schmidt, produção de Mariana Mónaco, direção artística de Rodrigo Dourado e direção de gênero de Boninho. O programa vai ao ar de segunda a sábado após "Terra e Paixão", e domingos, após o "Fantástico". Além da exibição diária na TV Globo, o "BBB 24" pode ser visto 24 horas por dia no Globoplay, que conta com 12 sinais com transmissão simultânea, incluindo o mosaico de câmeras, as íntegras e os vídeos dos melhores momentos, edições do "Click BBB" e o "Mesacast BBB", que também terá distribuição de trechos no streaming, no gshow, nas redes sociais e plataformas de vídeos, incluindo a versão em áudio no gshow e nas plataformas de podcast. 

Todos os dias, logo após a transmissão na TV Globo, o Multishow exibe uma hora de conteúdo ao vivo, direto da casa. O canal ainda conta com flashes diários, ao longo da programação, e com o "BBB - A Eliminação", exibido à 0h30 de quarta para quinta-feira. No gshow, o público pode votar e decidir quem permanece ou deixa o jogo e acompanhar a página "BBB Hoje" as páginas dos participantes e conteúdos exclusivos, como o "Bate-Papo BBB", enquetes e resumos do que de melhor acontece na casa.
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