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quarta-feira, 7 de junho de 2023

.: #Resenhando20Anos: Entrevista com Marina Elali, cantora e compositora

No dia 4 de junho de 2023 o Resenhando.com completou 20 anos. Durante esse mês, matérias emblemáticas que foram destaque no portal editado pelos jornalistas Mary Ellen Farias dos Santos e Helder Moraes Miranda serão republicadas. Ao fazer essa visita ao passado, percebemos que os textos ainda estão atuais. 

Algumas delas, republicadas na íntegra, embora extremamente relevantes, apresentam aspectos datados ou têm marcas de expressões, pensamentos e linguagens que podem estar ultrapassadas, mas são um registro da história deste veículo. Realizada em novembro de 2005, a entrevista com a cantora e compositora Marina Elali, marcou a história do Resenhando.com.


"O mais importante é que todas as cantoras têm uma coisa em comum, o amor pela arte, pela música"Marina Elali

Por Helder Moraes Miranda, em novembro de 2005.

Uma das grandes estrelas da MPB da nova geração, Marina de Souza Dantas Elali falou com exclusividade ao Resenhando e, mais importante que isto, respondeu as perguntas de fãs de todo o Brasil. As impressões que ela deixou são as melhores: muito receptiva, expansiva, simpática, talentosa, inteligente, linda e rodeada por uma equipe competente, que facilitou nosso contato com ela.

Marina Elali, que recentemente lançou o primeiro CD com selo da Som Livre que leva o nome dela, demonstrou ser mais que uma cantora, mas também um ser pensante no mundo da música. Não há dúvida que ela está preparada para ser a diva da música da nova geração, em um período de entressafra para o lançamento de grandes cantoras, já que estamos em um período que a maioria das carreiras musicais, seja bandas ou novos nomes, é efêmera.

Pudera, para quem desconhece suas origens, é bom alertar: não é apenas um rostinho bonito, tem conteúdo, bagagem: estudou música no Berklee College of Music, uma das mais conceituadas escolas do mundo, situada nos EUA. Além disso, a moça em questão é neta de José Dantas, mais conhecido como Zédantas, parceiro do rei do baião Luiz Gonzaga e um dos compositores mais importantes da música brasileira, que tem em sua trajetória composições como "A dança da moda", "A volta da asa branca" e "Riacho do navio".

Todo este sucesso não é apenas sorte de principiante: a jovem cantora, que antes de ficar famosa em todo Brasil já tinha fã-clube em Natal, contabiliza cerca de 300 shows e já cantou ao lado de gente de peso, como Nana Caymmi, Gal Costa, Zeca Baleiro e Agnaldo Rayol.

Aos quatro anos, Marina Elali ficou encantada com a música clássica que era tocada durante suas aulas de balé, mas descobriu a música pop ao assistir um vídeo de Madonna. Sua estréia como cantora, porém, aconteceu em sua festa de debutante, quando completava 15 anos. Entre os convidados, estava um produtor musical de Natal, que a convidou para abrir um show do cantor Fagner.

Depois disto, Marina foi estudar música nos Estados Unidos. Em Boston, passou por três anos de aulas de canto e teoria. De volta ao Brasil, participou de programas da Rede Globo, como "A turma do Didi" e a novela "O clone". No cinema, atuou como atriz no filme "Maria, mãe do filho de Deus". A nós, meros mortais, resta dizer: "Canta, potiguar, canta!".

  
Resenhando.com - Como você analisa o cenário da música brasileira atualmente?
Marina Elali - Recentemente eu participei da Festa Nacional da Música em Canela- RS, e Fiquei muito feliz ao saber durante um debate, que aproximadamente 76% dos discos vendidos no Brasil são de artistas brasileiros, o que nos mostra que a nossa música está em alta.


Resenhando.com - Ser uma ex-participante de reality show abre ou fecha mais portas? Você já sofreu alguma discriminação em sua carreira por isto? Qual sua concepção sobre o preconceito?
Marina Elali - Participar do Fama Três deu mais visibilidade à minha carreira, tornei-me conhecida nacionalmente e muitas portas se abriram. E em relação a discriminação, eu nunca tive nenhum problema. Pelo contrário, só aconteceram coisas boas na minha carreira depois do programa.


Resenhando.com - Você foi uma das poucas ex-participantes de todas as edições do programa Fama que não caiu no ostracismo. Qual o segredo? Pode apontar quais são os erros dos outros participantes, de acordo com seu ponto de vista?
Marina Elali - Fazer sucesso, permanecer na mídia, é muito difícil. A carreira artística, na minha opinião, deve ser trabalhada pouco a pouco, com metas, objetivos, Ideais. Acho que não há receita para uma carreira promissora, o cantor precisa ter muita disposição, amor pela música, ter força de vontade e batalhar muito pelo seu ideal. Agrupar tudo isso é difícil e muita gente, mesmo talentosa, acaba abandonando o sonho no meio do caminho. Persistência talvez seja a palavra chave.


Resenhando.com - Algumas pessoas questionam o critério de seleção do FAMA ao afirmar que a maioria dos participantes é "carta marcada" ou entra por indicação de alguém. O que tem a dizer sobre isto?
Marina Elali - Acredito que algumas pessoas façam teste e que outras sejam indicadas. As pessoas que participaram comigo do Fama Três são muito talentosas e na minha opinião mereceram participar do programa.


Resenhando.com - Qual lembrança mais marcante que tem de sua participação no Fama? Como eram os bastidores do programa?
Marina Elali - Fiquei muito emocionada ao cantar "Atrás da porta", de Chico Buarque, justamente no dia do aniversário dele. Gosto muito dessa música e me entreguei na interpretação. Quanto aos bastidores, como tínhamos atividades durante todo o tempo, não sobrava muito espaço para o lazer, o bate-papo. Quando nos reuníamos para as refeições o momento era de descontração e muito incentivo.


Resenhando.com - Como foi o processo de escolha do repertório de seu primeiro CD?
Marina Elali - Na verdade eu passei quase dois anos trabalhando no meu primeiro disco. Em 2003 comecei a escolher o repertório, gravei algumas canções e continuei pesquisando, ouvindo e compondo até o último mês de gravação. Estou muito feliz com o resultado final deste trabalho.


Resenhando.com - Você inseriu no repertório do CD um grande sucesso da cantora Rosana "O amor e o poder", qual a razão?
Marina Elali - Essa história é legal. Quando eu estava no Fama Três, uma de minhas apresentações foi com esta música. Quando saí, do Fama as pessoas me paravam na rua para falar que adoraram minha interpretação. Recebi inúmeros e-mails, telefonemas e cartas. Em todos os shows o público falava: - Marina, cante "a deusa". Esta música está no meu CD porque meu público me incentivou a gravá-la e é, sem dúvida, uma das faixas do disco que eu mais gosto.


Resenhando.com - Por ser bonita, você deve ter recebido inúmeros convites para estrelar ensaios sensuais. Alguma revista masculina já lhe convidou para posar nua? Qual a sua opinião sobre o assunto? Você faria um ensaio deste tipo?
Marina Elali - Não recebi nenhum convite para estrelar ensaios sensuais. Minha concentração está voltada, única e exclusivamente, para a minha carreira como cantora.


Resenhando.com - Quais cantoras a influenciaram a lutar para seguir a carreira adiante?
Marina Elali - Quando eu assisti pela primeira vez ao vídeo da cantora Madonna, tive a certeza absoluta do que eu queria para mim: o palco. Mas eu sou bem eclética, gosto de Zizi Possi a Celine Dion. Em cada artista consigo admirar um potencial. Gosto muito de Mariah Carey, Daniela Mercury, Sade, Alicia Keys, Britney Spears, Christina Aguilera, Ivete Sangalo...


Resenhando.com - Já foi convidada para gravar duetos? Com quem você gostaria de gravar?
Marina Elali - Nunca gravei um dueto, mas tive uma experiência maravilhosa no início de minha carreira. Eu estava cantando "Con te partiró', e de repente, Agnaldo Rayol subiu ao palco para cantar comigo. Foi um dueto improvisado, mas muito marcante para mim. Gostaria de gravar com tanta gente... Alexandre Pires, Gabriel o pensador, Jorge Vercilo, Brian Mcknight, Lionel Richie, Sting, George Michael... E por aí vai a lista.


Resenhando.com - Qual a música de seu primeiro CD que você prefere? E se você pudesse escolher, qual seria a canção de trabalho depois de "Mulheres Gostam"? Que música gostaria de interpretar e gravar em seus próximos trabalhos?
Marina Elali - Ai, que difícil! Adoro "Vem dançar", "Só por você", "Conselhos", "Vem vem", "Hipnotizar você", que é composição minha com Lincoln Olivetti. Deixa eu parar senão vou acabar colocando as 14 faixas do CD... Paralelamente à música "Mulheres gostam", que estamos trabalhando, "Você", de Roberto e Erasmo Carlos também está com excelente aceitação, até mesmo porque faz parte da trilha sonora da novela América, da Rede Globo, tema do casal Sol e Tião.


Resenhando.com - Pretende lançar DVD? Pode nos adiantar detalhes?
Marina Elali - Com certeza. Adorei a experiência de gravar meu primeiro videoclipe. A música, "Mulheres gostam", pedia um cenário sensual e mágico, e assim foi, filmamos tudo em Natal, em várias locações, uma mais bonita do que a outra, foi uma semana inesquecível. Sobre o DVD não posso adiantar detalhes porque na verdade eu ainda não comecei este projeto, mas é um sonho que pretendo realizar o mais rápido possível. Sem falar que os meus fãs já estão me cobrando. Mas acredito que tudo tem seu tempo e acho que agora é o momento de divulgar o meu primeiro disco. Na hora certa, vou lançar meu DVD.


Resenhando.com - Acredita estar preparada para a carreira internacional? Se tivesse que escolher entre a carreira no Brasil ou no exterior, qual seria a opção?
Marina Elali - É interessante como várias pessoas já me perguntaram sobre carreira internacional e esta pergunta me deixa feliz, surpresa e um pouco assustada. Confesso que é um grande sonho representar o nosso país em outros países do mundo. Se eu estou preparada? Se um dia surgir uma oportunidade não vou pensar duas vezes, vou encarar como mais um trabalho profissional, vou dar o melhor de mim como eu sempre faço, mas nunca vou deixar de ser uma cantora brasileira.


Resenhando.com - Por ser uma cantora de estilo popular, têm receio de ser rotulada de brega?
Marina Elali - Acho que o artista não deve se preocupar com quem não gosta ou critica o trabalho dele, deve se preocupar em ser um bom profissional, deve respeitar seus fãs e ser sincero em tudo que faz.


Resenhando.com - Conhecendo os bastidores, o que pensa atualmente sobre fazer parte do meio artístico? Existe rivalidade?
Marina Elali - Estou entrando no meio artístico agora, mas acho que sempre existe um lugar ao sol para todos. Rivalidade ocorre em qualquer profissão.


Resenhando.com - Como é sua relação pessoal com outros cantores e grupos? Com quais bandas e cantores você tem laços de amizade mais estreitos? Rola muito assédio?
Marina Elali - Como respondi na pergunta anterior estou começando agora e ainda não conheço muitos artistas. Na Festa Nacional da Música tive a chance de conversar com alguns ídolos meus, e o que me deixou mais feliz foi perceber que estes cantores e músicos que eu sempre fui fã hoje me respeitamcomo cantora. Recebi elogios de Elba Ramalho, por exemplo, não dá nem pra explicar. O assédio às vezes rola, tem que saber lidar, afinal de contas faz parte, né?


Resenhando.com - Durante as turnês, como você lida com a distância da família?
Marina Elali - Aos 17 anos, saí de Natal para morar nos Estados Unidos, onde fui estudar música. A saudade que eu sentia de minha família era imensa. Depois, de volta ao Brasil, para seguir a carreira de cantora, fui para o Rio de Janeiro, novamente sozinha. Então, acabei me acostumando com a distância. agora, que lanço meu CD, e que quero rodar o Brasil com meu show, a separação é inevitável, mas sei que meus pais, meu irmão, meus avós queridos e todos os meus familiares saberão compensar este afastamento toda vez que nos encontrarmos. Família na vida da gente é tudo.


Resenhando.com - Quais são seus ídolos na música e quais bandas novas merecem destaque hoje?
Marina Elali - Madonna, Mariah Carey, Daniela Mercury, Michael Jackson, Sting, Lionel Richie, Djavan, Zizi Possi, Jennifer Lopez, Britney Spears, Christina Aguilera, Phill Collins, Alicia Keys, Celine Dion, Laura Pausini, Gabriel o Pensador, Sade, Sarah McLachlan. Na verdade ouço mais cantores do que bandas, gosto de Maroon 5.


Resenhando.com - Além de cantar, você pretende investir na dramaturgia? 
Marina Elali - Durante quase cinco anos fiz aulas de teatro, sempre gostei da arte de interpretar. E fiz também aulas de atuação no Emmerson College - Boston/EUA. No palco, isso me ajuda. Já participei, cantando, de dois filmes "Didi - o Cupido Trapalhão" e "A Fronteira", e fazendo uma pequena participação em "Maria - a mãe do filho de Deus". Adorei. Também fiz uma participação na novela "O Clone", da Globo. Fui cantar e dançar na fictícia boate Nefertiti. Mas nesse momento estou apenas pensando em minha carreira como cantora, e o palco me dá a oportunidade de atuar, dançar e interpretar ao mesmo tempo.


Resenhando.com - Pode falar sobre sua infância? O que lia e escutava?
Marina Elali - Durante a minha infância fiz aulas de ballet, piano, participei de coral, de grupo de teatro, desfilei, estudei outros estilos de dança, fiz tudo que deu tempo. Gostava de ouvir música clássica, e na verdade sempre gostei mais de ouvir do que de ler, portanto me lembro mais dos meus discos do que dos meus livros. Recebi uma bagagem cultural de minha família que foi primordial para meu amadurecimento. Sou neta de Zédantas, que foi o parceiro de Luiz Gonzaga, então, fui criada, desde pequenininha, nesse meio artístico. Embora eu não tenha, infelizmente, conhecido meu avô, minha avó Iolanda sempre fez questão de apresentar-me toda a herança cultural deixada por ele. Por outro lado, meu pai é palestino e fui apresentada à música e à dança árabe ainda muito jovem. Sou apaixonada por ritmos, estilos, e tudo o que toca o meu coração passa a fazer parte de meu repertório, seja para cantar ou somente ouvir.


Resenhando.com - Como foi despertado o gosto pela música?
Marina Elali - Ih! Faz tempo. Desde pequenininha eu já demonstrava que seguiria a carreira artística. Aos três anos eu fazia aulas de dança, balé clássico. Depois passei a cantar no coral do colégio, fiz piano clássico e ouvia tudo o que emitia som. Cresci dando valor à música, até mesmo pela forte influência de minha família. Antes de completar 14 anos eu já sabia que minha realização seria o palco, o canto, a voz. Para isso abdiquei de minha juventude em Natal, ao lado da família e dos amigos, e fui estudar música nos Estados Unidos, na Berklee College of Music, de Boston, de onde saí formada.


Resenhando.com - O que diferencia Marina Elali das outras cantoras?
Marina Elali - Não existe uma voz igual à outra, uma pessoa igual a outra, e é isso que torna cada ser humano especial, pois ele é único. Sou diferente das outras cantoras porque todas somos diferentes, e o mais importante é que todas as cantoras têm uma coisa em comum, o amor pela arte, pela música.


Resenhando.com - Que conselho você dá para quem está começando a carreira?
Marina Elali - A nossa carreira é uma carreira linda, porém cheia de dificuldades, e pra enfrentar o lado bom e o ruim é preciso coragem e amor à arte. Estudo e aprimoramento são quesitos fundamentais. Dedicação, força de vontade, profissionalismo e fé também não podem faltar. Boa sorte!

.: Entrevista: Debora Ozório, a Petra de "Terra e Paixão" comenta a novela


"É a personagem mais diferente que já fiz na minha trajetória.", afirma a atriz, que interpreta pela primeira vez uma personagem de Walcyr Carrasco. Foto: Globo/João Miguel Júnior


Em cena da novela "Terra e Paixão", escrita por Walcyr Carrasco, Irene (Gloria Pires) se preocupa com o desaparecimento de Petra (Debora Ozório). Ela percebe que a filha não está em seu quarto e com a ajuda de Angelina (Inez Viana) procura por todos os lugares, mas não a encontram. Diante da situação, Irene pede a ajuda de Daniel (Johnny Massaro), que decide avisar a Antônio (Tony Ramos) sobre o sumiço da irmã. Ramiro (Amaury Lorenzo), Caio (Cauã Reymond) e Luigi (Rainer Cadete) se juntam na busca pela jovem na área externa da fazenda. O italiano fica desesperado com a situação e Antônio pede calma, afinal, não quer ter que cuidar de mais uma pessoa. 

Enquanto eles seguem na busca, Caio aproveita as habilidades com o drone e tenta mapear a região. Antônio critica o filho por estar parado manipulando o equipamento, mas é ele quem encontra a irmã no meio das plantações. Nesse momento, Caio, Luigi e Daniel correm para socorrer Petra entre o soja e a localizam desmaiada. Ao chegar em casa, Luigi identifica que ela guardava os remédios tarja preta na fronha do travesseiro e revela o esconderijo à família. Abaixo confira a entrevista de Debora Ozório.


Como você define a sua personagem?
Debora Ozório -
É a personagem mais diferente que já fiz na minha trajetória. Petra é uma mulher muito interessante e cheia de conflitos familiares e internos. 

Em quem se inspirou para fazê-la? Como se preparou?
Debora Ozório - 
Eu me alimento de muitas fontes, gosto de ter muitas referências, estudar muito, e me preparo para na hora estar disponível e jogar com meus colegas e com a direção. 
 

O que ela traz de novo e de mais desafiador para você?
Debora Ozório - Todo o universo cotidiano da Petra é novo, é outro sotaque, outro ambiente, outro estilo. Me sinto desafiada por um todo com ela, principalmente na questão do vício. 
 

Quais são as principais questões que ele enfrenta na trama?
Debora Ozório - A Petra é cheia de história. Ela tem a questão da estrutura familiar, que desenvolve muitos outros pontos como, por exemplo, o vício em remédios. 
 

E como estão sendo as gravações, o convívio com o elenco? O que você destaca como o mais interessante nesse trabalho?
Debora Ozório - Eu estou muito feliz! Meus amigos, a viagem ao Mato Grosso do Sul, toda a equipe…Todos em uma jornada muito vibrante e contagiante. Com a certeza de um belo trabalho sendo feito, de uma cenografia linda, e de muita troca com todos. 
 

Qual a sua expectativa nesse trabalho?
Debora Ozório - Minha expectativa é de uma personagem contada em cada detalhe, que seja uma troca de realidade com sinceridade e dedicação. Eu mergulho por inteiro na personagem e a Petra é um universo profundo, mas também divertido. Acredito que o público vibra junto porque a trama é muito instigante. 
 

Comente sobre a relação de Petra com Antônio e Irene. E com Caio e Daniel?
Debora Ozório - A relação de afeto com os pais é baseada dentro do que é possível da realidade daquelas pessoas que vivem em uma estrutura familiar bem conturbada, e que deixa consequências para minha personagem. A relação com os irmãos, Caio e Daniel já é diferente. Com o Daniel, Petra tem uma relação mais próxima e mais amigável, já com Caio a relação é um pouco morna chegando a ser fria, mas no geral, se dão bem. 
 

Quais foram seus últimos trabalhos, antes de ‘Além da Ilusão’?
Debora Ozório - Quando eu estava no ar em "Além da Ilusão", a série "Filhas de Eva" também foi ao ar, que é um trabalho muito especial, lindíssimo, que eu amei fazer, e também está disponível no Globoplay.


Como foi o convite para atuar na novela?
Debora Ozório - Eu fui chamada para fazer um teste que durou dois dias. Cheguei preparada e desejando muito que desse certo e as coisas aconteceram. Eu acho que o personagem escolhe a gente. Existe uma energia sobre tudo e estou bem feliz e realizada com essa oportunidade. 
 

Como está sendo trabalhar o texto do Walcyr Carrasco e como tem sido a direção do Luiz Henrique Rios?
Debora Ozório - Essa é a minha primeira novela com o Walcyr e estou bem empolgada com esse desafio. Ele escreve muitos sucessos e tenho certeza que esse será mais um. Já tenho uma relação de amizade e confiança com o Luiz e esse será o combo perfeito para esse momento.

segunda-feira, 5 de junho de 2023

.: #Resenhando20Anos: 33 perguntas para Fernanda Young


No dia 4 de junho de 2023 o Resenhando.com completou 20 anos. Durante esse mês, matérias emblemáticas que foram destaque no portal editado pelos jornalistas Mary Ellen Farias dos Santos e Helder Moraes Miranda serão republicadas. Ao fazer essa visita ao passado, percebemos que os textos ainda estão atuais. 

Algumas delas, republicadas na íntegra, embora extremamente relevantes, apresentam aspectos datados ou têm marcas de expressões, pensamentos e linguagens que podem estar ultrapassadas, mas são um registro da história deste veículo. A entrevista "33 Perguntas para Fernanda Young" marcou as comemorações dos três anos Resenhando.com.


 33 perguntas para Fernanda Young - "Escrever me salva da esquizofrenia".  – Fernanda Young


Finalmente, a esfinge decifrada: a rainha da literatura brasileira atual fala sobre processo de criação, roteiros, críticos invejosos e porque troca de computador a cada livro que escreve. 

Por Helder Moraes Miranda.  Em junho de 2006. Atualizada em 25 de agosto de 2020.

Mais que ser a profissão do Super-Homem, ser repórter pode propiciar momentos agradáveis e de plena satisfação. Neste contexto, os três anos do Resenhando me fizeram realizar duas grandes ambições: entrevistar ídolos na literatura. A primeira foi Ana Miranda, logo depois de ser contemplada com o seu segundo prêmio Jabuti de literatura, pelo romance “Dias e Dias”, uma biografia romanceada do poeta Gonçalves Dias. Ana se mostrou extremamente doce, receptiva e atenciosa.

Três anos depois, o feito se repete com a escritora Fernanda Young, uma das escritoras mais vendidas e polêmicas do Brasil. Primeiro porque ela contraria toda idealização que se tem a respeito de um escritor –além de jovem, bonita e de se superexpor escrevendo livros, ela ainda protagoniza um programa de TV e é roteirista, juntamente com o marido, Alexandre Machado, do sitcom "Minha Nada Mole Vida" da TV Globo. Segundo porque a crítica é madrasta com seus livros, que nem por isto deixam de encantar os leitores e deixa-los de joelhos diante de seu brilhantismo.

A entrevista seria dada, em um primeiro momento, na ocasião do lançamento do novo livro “Aritmética”, que marcava sua ida para a Ediouro, época em que chegamos a entrar em contato com a assessoria de imprensa da editora. Mas Fernanda Young merecia uma edição especial, como a de três anos do site –data mais que simbólica– e também pela coragem dela expor seus poemas pela primeira vez, no recém-lançado “Dores do Amor Romântico”, também da Ediouro.

Nunca fui dado a idolatria, mas em entrevistas sempre tento me colocar no lugar de fãs e perguntar o que eles querem saber. Essa relação de confiança sempre me favoreceu a tirar, de meus entrevistados, frases de efeito e declarações sinceras. Com esta entrevista, não foi diferente. Desde o primeiro contato, Fernanda foi rápida, atenciosa, e demonstrou boa vontade conosco. Foi um flerte de três anos –mesmo que fosse platônico e não ela soubesse disso– com final feliz. Próximo passo? “Ainda agora, contra todas as minhas vontades, retorno ao meu novo livro. Essa força é maior do que o desejo de desistência. É a força do dharma, deve ser maior do que eu”. Com vocês, a grande estrela da literatura brasileira atual, lírica, dissecada e reveladora para, tal qual Sherazade, encantar a você pelo seu dom da palavra. 


Resenhando.com - O que diferencia a personagem, da mulher Fernanda Young? Qual a linha tênue que delimita o que é realidade e idealização?
Fernanda Young - Creio que parte do que é idealizado é minha responsabilidade. E mesmo o que não é real já me pertence. Uso de artimanhas cênicas para causar um ruído e, às vezes, sou mal-interpretada. Entendo que nem sempre sou capaz de ser clara nas minhas intenções, mas a burrice também tem péssima noção de ironia. O que posso dizer é: quem me conhece na intimidade sofre muito em ter que me defender dos burros. 


Resenhando.com - Escrever é exteriorizar alteregos, brincar de “querido diário” sem adesivos, meninices e sigilo total, ou necessidade vital? 
Fernanda Young - Necessidade vital. Mesmo sem publicar, eu escreveria. Escrever me salva da esquizofrenia.


Resenhando.com - Como, quando e por que você começou a escrever? Acreditava que iria tão longe?
Fernanda Young - Comecei a escrever por volta dos oito anos, logo que fui alfabetizada. Tive muita dificuldade de aprender a escrever. Diziam que eu era disléxica. Hoje em dia, eu sei que não podia aprender, só isso. Mas eu também sabia que seria uma escritora. Eu recitava os meus poemas, sem conseguir escrevê-los. Nunca achei que publicaria um livro. Mas tinha uma idéia romântica de ser descoberta depois de morta. 


Resenhando.com Por que você escreve outros livros dentro de um? Há ansiedade de dissertar sobre vários assuntos ao mesmo tempo, ou existe outro motivo? 
Fernanda Young - Porque não tenho fôlego, ou paciência, de manter uma história apenas.


Resenhando.com Seu programa na GNT é uma espécie de fake reality, com crônicas urbanas que mostram o quanto você pode ficar irritada quando sai de casa. Na real, o que irrita Fernanda Young?
Fernanda Young - Burrice. Burrice para mim é deficiência de caráter. Um burro é, na verdade, um preconceituoso preguiçoso.


Resenhando.com Escrever é visceral? Requer mais transpiração ou inspiração?
Fernanda Young - Transpiração. Inspiração eu tive só até os 17 anos.


Resenhando.com Até que ponto você permite se expor ao escrever? Em determinados momentos, você coloca um limite?
Fernanda Young - Não coloco limites. Posso não publicar. Não mostrar para ninguém. Mas jamais irei me censurar. Escrevo como quero e o que quero. Escrevo para mim. 


Resenhando.com O que é ficção, e o que é autobiografia em seus livros? Para quem escreve Fernanda Young?
Fernanda Young - A minha literatura é um jogo cheio de enigmas. Quando pensam que estou num personagem, estou num outro. Quando parece que é num acontecimento que me revelo, pode ter certeza que estou disfarçando; são nas sutilezas que me escancaro. Escrevo para mim, para a minha irmã, para o Alexandre e mais alguns amigos. Mas jamais me esqueço dos meus leitores. Parece que conheço cada um deles. Sinto-os, diria.


Resenhando.com Algumas pessoas criticam sua postura de apresentar programas, aparecer, dar opiniões polêmicas, porque consideram que a postura de um escritor deve ser de reclusão, envolta em mistério. O que tem a responder sobre isto?
Fernanda Young - Cafonas. São como aqueles que temem beber refrigerante. Há os que acham que celular dá tumores na cabeça. Os que acreditam que televisão seja um demônio. E que o bom escritor é triste, desleixado, magoado. Se eu fosse uma herdeira milionária, talvez ninguém nunca tivesse visto a minha cara. Poderia dar as minhas “opiniões polêmicas” só para os amigos. Mas preciso – e gosto – de fazer televisão.


Resenhando.com A maternidade mudou sua maneira de produzir?
Fernanda Young - Agora, demoro bem mais para escrever um livro. 


Resenhando.com Você disse que, ser bonita, atrapalhava sua vendagem nos livros, no entanto, é uma das escritoras mais vendidas no Brasil. Continua com este pensamento? Por que?
Fernanda Young - Vendo porque faço um “corpo a corpo” enorme. Vou a várias cidades divulgar o meu livro. Dou entrevistas – quando estou em lançamento – para qualquer mídia. Não tenho frescuras. Não sou exigente. Não faço gêneros. Pela literatura, me expus. Fiz tudo para chamar atenção para que lessem os meus livros. Se dependesse da mídia especializada, estaria vendendo exemplares em bares. Vendo muito porque escrevo bons livros e tenho leitores inteligentes. E porque luto por isso. Não tive nenhuma facilidade na vida. As pessoas podem ter a falsa impressão de que a minha vida profissional foi facílima, e foi o contrário. Só que sou determinada. Não estou brincando de ser escritora. Sou grata aos meus leitores. Preciso deles. Vou atrás deles. Então vendo bem. 


Resenhando De toda sua produção literária, qual de seus livros você considera o melhor? 
Fernanda Young - "Aritmética". Porque penei feito uma desgraçada para escrevê-lo.


Resenhando.com Como é o processo de montagem das personagens de seus livros? São inspiradas em pessoas que você conhece, ou frutos de sua imaginação?
Fernanda Young - Alguns personagens são inspirados, mas nunca totalmente. Sou uma escritora de ficção, não uma adolescente que escreve diários.


Resenhando.com O que levou uma escritora bem-sucedida de romances publicar o primeiro livro de poemas? Você sempre os escreveu? Como foi essa produção, a escolha de poemas?
Fernanda Young - Sempre escrevi poemas. Mas são cada vez mais raros. Decidi publicá-los porque tenho a minha carreira de romancista já bem definida. Não poderia deixar de fazer esse convite aos meus leitores. Acho que ler poesia salva um afogado – como bem disse Mário Quintana. Então, estou tentando ajudar e me salvar de ter esses poemas na gaveta, como fantasmas debaixo da cama. A edição foi feita por mim e pelo meu editor Paulo Roberto, o critério foi a qualidade e o tema: amor.


Resenhando.com É verdade que troca de computador quando vai escrever um novo livro?
Fernanda Young - Fico muito tempo com o computador. Esse que uso agora já está quase sem as letras das teclas. Bato com muita força. E preciso estar estimulada. É o meu trabalho. Adoro um novo Mac. E surgem lindas opções, convenhamos. Mas depois do nascimento das meninas tenho sido menos consumista. Esse em que estou escrevendo vem desde o Aritmética. Estou louca para trocá-lo.


Resenhando Que rituais você tem antes de escrever?
Resenhando.com - Tento estar bonita. Preciso acreditar em mim para escrever coisas belas. Somente de tarde. Nunca de manhã. Agora estou aproveitando as madrugadas. Escuto músicas-chaves. Só paro quando sei como continuar no dia seguinte.


Resenhando.com Por que você repetiu personagens de “As sombras das Vossas Asas”, em “Aritmética”?
Fernanda Young - Não sei bem porque, mas o Rigel Dantas me é muito atrativo. Gosto de fotografia, e ele é fotógrafo, talvez seja isso. 


Resenhando.com Qual a diferença entre escrever roteiros para o cinema e TV, e escrever livros?
Fernanda Young - Nos livros, sou totalmente livre.


Resenhando.com A qualidade dos textos literários pode ser levada para a televisão, ou cinema?
Fernanda Young - Sim. Tenho tentado fazer isso. Mas é preciso estar no meio de uma boa equipe.


Resenhando.com Você flertou com o folhetim em seu segundo livro, “A sombra das vossas asas” e declarou ter vontade e escrever uma telenovela. Como seria esta novela?
Fernanda Young - Já desisti. As novelas não me interessam mais – por enquanto. Gostaria de adaptar o “Aritmética” para uma minissérie.


Resenhando.com Qual a sensação de ver seu primeiro livro “Vergonha dos pés” adaptado para o teatro?
Fernanda Young - Acho que terei um treco no dia da estréia. Estou muito feliz. O José Possi Neto é uma realeza. E espero sobreviver a tamanha exposição.


Resenhando.com Como é ver seus livros traduzidos para outras línguas?
Fernanda Young - Só lancei em Portugal. E um trecho do “Aritmética” na Itália. É engraçado. Mas não me importo. Quero a minha língua. 


Resenhando.com Embora a crítica especializada seja cruel com você, seu último romance “Aritmética”, permaneceu semanas na lista dos mais vendidos da revista “Veja”. Como lida com críticas?
Fernanda Young - Acho que eles não são bem informados. Poderiam apontar deficiências, mas querem somente chamar a atenção do artista para eles, então os acho – na grande maioria – uns bobos invejosos. Mas, sinceramente, não me importo mais. Podem me esculhambar, que eu já criei casco. Acho que por isso, de uns tempos para cá, eles se fazem de cegos. Também não ligo. Os meus leitores continuam fiéis.


Resenhando.com O que explica a maioria dos resenhistas torcerem o nariz para você, e ser tão adorada pelos leitores?
Fernanda Young - Os leitores são muitos. O Brasil é enorme, não é somente Rio-SP. Os resenhistas são sempre os mesmos, sempre com a mesma burrice e rancor.


Resenhando.com Acredita que novos escritores tem tanto espaço na mídia quanto escritores de antigamente?
Fernanda Young - Sim. Até mais. É preciso lutar. Mas há os blogs e a internet. Antes era mais complicado.


Resenhando.com Jornalismo e literatura podem conviver? Ou seja, acredita que o jornalismo pode vaguear em qualquer linguagem?
Fernanda Young - Sim, acredito. Muitos dos meus autores prediletos eram jornalistas: Hemingway, Paulo Francis…


Resenhando.com Como uma das garotas-propaganda do jornal “O Estado de S. Paulo”, para você, o que é pensar “inho” e “ão”?
Fernanda Young - Inho é bobinho. Ão é coração.


Resenhando.com Em 2001, você foi anunciada como cronista do Jornal do Brasil, mas só publicou dois textos e a coluna foi suspensa, sem explicação. O que aconteceu?
Fernanda Young - Escrevi uma crônica que foi censurada. 


Resenhando.com Por que saiu do catálogo da editora “Objetiva” e foi para o da “Ediouro”?
Fernanda Young - Era necessária uma mudança. A Objetiva foi fundamental, mas eu precisava ser vista de maneira diferente, não mais como uma garota, e sim como uma escritora adulta.


Resenhando.com Você já disse que Madonna era sua mãe ideológica. Inclusive colocou parte do nome dela em sua filha, Cecília Madonna (gêmea de Estela May, com cinco anos). Como os atos dela influenciaram em sua vida?
Fernanda Young - Ela é ousada e profissional. Determinada. Doida. Livre. Simular masturbação num palco é libertador. Viver tão livremente, como ela faz, é um constante desafio a nossa própria noção de liberdade.


Resenhando.com Em entrevista para a revista Cláudia, você afirma que sempre detestou o termo "literatura feminina". Por quê?
Fernanda Young - Porque não sou só isso. 


Resenhando.com Qual o real motivo de sua saída do programa "Saia Justa"?
Fernanda Young - Estava de saco cheio. 


Resenhando.com O que falta para realizar você na arte?
Fernanda Young - Escrever mais romances.


Se a melhor maneira de celebrar a existência de um escritor é lê-lo, o Resenhando fez uma lista em ordem alfabética com os livros de Fernanda Young à espera de um leitor. 

"A Louca Debaixo do Branco" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"A Mão Esquerda de Vênus" (Globo Livros), de Fernanda Young. Compre neste link.

"A Sombra das Vossas Asas" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"As Pessoas dos Livros" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"Aritmética" (Ediouro), de Fernanda Young. Compre neste link.  

"Aritmética" (Editora Rocco, relançamento), de Fernanda Young. Compre neste link.  

"Carta para Alguém Bem Perto" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"Dores do Amor Romântico" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"Estragos" (Globo Livros), de Fernanda Young. Compre neste link

"O Efeito Urano" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"O Pau" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"Pós-F: Para Além do Masculino e do Feminino" (Editora Leya), de Fernanda Young. Compre neste link.

"Posso Pedir Perdão, só Não Posso Deixar de Pecar" (Editora Leya), de Fernanda Young. Compre neste link

"Tudo que Você Não soube" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"Vergonha dos Pés" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link.
 

quinta-feira, 1 de junho de 2023

#Resenhando20Anos: "A literatura permeia tudo", diz Ana Miranda


No dia 4 de junho de 2023 o Resenhando.com completa 20 anos. Durante esse mês, matérias emblemáticas que foram destaque no portal editado pelos jornalistas Mary Ellen Farias dos Santos e Helder Moraes Miranda serão republicadas. Ao fazer essa visita ao passado, percebemos que os textos conseguem estar muito atuais. 

Algumas delas, republicadas na íntegra, embora extremamente relevantes, apresentam aspectos datados - como, no caso da entrevista com a escritora Ana Miranda, a pergunta à escritora em relação ao político Eduardo Suplicy que a imprensa, à época, noticiava - ou têm marcas de expressões, pensamentos e linguagens que podem estar ultrapassadas, mas são um registro da história deste veículo. Esta foi a primeira entrevista, feita por e-mail, concedida com exclusividade ao Resenhando.com.


Por Helder Moraes Miranda, e
m junho de 2004.

A escritora de romances e poesias, Ana Miranda, contemplada pela segunda vez com o prêmio jabuti e premiada pela Biblioteca Nacional é a autora de "Desmundo", romance recentemente adaptado para o cinema, "Boca do Inferno" e "Dias e Dias". Ana Miranda é colaboradora da revista "Caros Amigos", mas começou na literatura por meio de poemas e poesias, surgindo seus dois primeiros livros: "Anjos e Demônios" (editora José Olympio/INL, Rio de Janeiro, 1979) e "Celebrações do Outro" (editora Antares, Rio, 1983).

Em 1989, publica seu primeiro romance, "Boca do Inferno", uma visita literária ao passado colonial brasileiro pela recriação das vidas do poeta Gregório de Matos e do jesuíta Antonio Vieira. A obra foi bem recebida pelo público, pela crítica - recebeu o Prêmio Jabuti de 1990 - e por professores que a adotaram como fonte para estudos literários sobre o barroco brasileiro. O romance foi lançado também na França, Inglaterra, Itália, Estados Unidos, Argentina, Noruega, Espanha, Suécia, Dinamarca, Holanda e Alemanha.

Outro tema histórico é recriado em seu segundo romance, "O Retrato do Rei", de 1991. A seguir, "Sem Pecado", de 1993, traz a autora à ação contemporânea, mas em seu romance seguinte, "A Última Quimera", de 1995, a Belle Époque do Rio de Janeiro é o cenário em que outro poeta, Augusto dos Anjos, tem sua vida ficcionalizada. A obra rendeu à autora uma bolsa da Biblioteca Nacional.

"Desmundo" (livro que originou o filme dirigido por Alain Fresnot) , outra ficção histórica, é de 1996. Com uma linguagem do século XVI, conta a história de órfãs mandadas de Portugal ao Brasil para se casar com os colonos. Todos os romances acima foram publicados pela Companhia das Letras, em São Paulo. Outra figura sagrada da literatura brasileira, desta vez Clarice Lispector, é transformada em personagem. A novela "Clarice" é lançada em 1996 na Alemanha e no Brasil pela Fundação Rio.

A Companhia das Letras reeditou a obra em 1998. Ainda pela Companhia das Letras, é publicado em 1997 o romance "Amrik", passado no fim do século 19, sobre os imigrantes libaneses em São Paulo. Em 1999, são publicados os primeiros contos de Ana Miranda, reunidos no volume "Noturnos". Em 2002, outro poeta se transforma em personagem. Em "Dias e Dias", Gonçalves Dias é aproveitado pela autora para dar voz à linguagem do romantismo.


Além da produção literária, Ana Miranda escreve artigos, resenhas e ensaios para jornais e revistas, roteiros de cinema e trabalha na edição de originais, organizando obras de nomes como Vinícius de Morais e Otto Lara Resende. Em 1998, reuniu para a editora Dantes uma coletânea de poesias de amor conventual, "Que Seja em Segredo", e em 2000, uma antologia de sonhos intitulada "Caderno de Sonhos". Foi escritora visitante na Universidade de Stanford em 1996, e faz palestras e leituras em universidades e instituições culturais de diversos países. Desde 1999, Ana Miranda faz parte do grupo de escritores que concede anualmente, em Roma, o Prêmio União Latina de Romance.

Ana Miranda nasceu em Fortaleza, Ceará, em 1951, e mudou-se para o Rio de Janeiro aos quatro anos de idade. Em 1959 foi para Brasília, ao encontro de seu pai, engenheiro, que trabalhava na construção da cidade. Em 1969 voltou para o Rio de Janeiro, a fim de prosseguir com seus estudos de artes. 

Vale lembrar que Ana Miranda tem uma longa história no cinema como atriz e roteirista. Foi uma índia em "Como Era Gostoso o Meu Francês" (1970/72) e protagonizou, com Jofre Soares, o longa-metragem "A Faca e o Rio", que o holandês George Sluizer realizou no Brasil em 1972. Desde 1999 Ana Miranda mora em São Paulo. 


Resenhando.com - O que representa a literatura em sua vida?
Ana Miranda - É o meu trabalho, é o meu alimento espiritual, é a minha vida, não poderia mais viver sem literatura, seja lendo, seja escrevendo. 


Resenhando.com - Você já escreveu "Boca do Inferno", sobre a vida de Gregório de Matos,  "A Última Quimera", sobre Augusto dos Anjos, "Clarice", sobre Clarice Lispector, e "Dias e Dias", sobre o poeta Gonçalves Dias. De onde vem sua paixão por biografias, por que só escritores, e até que ponto é possível romancear a vida de alguém?
Ana Miranda - Na verdade não escrevo biografias, são romances, em que poetas ou escritores são personagens, e o foco não é a biografia desses autores, mas o mundo em que eles viveram. Isso nasceu de meu amor pela poesia, e pela palavra, esses poetas que escolhi como tema são fontes literárias muito ricas. Meus personagens não são apenas escritores, são padres, prostitutas, governadores, índios, moças do interior, bandidos, etc, mas parece que o que tem marcado mais meu trabalho, para os leitores, é a presença dos personagens poetas e escritores. Falo sobre mundos em que a história literária é fundamental, sim, em alguns livros, mas há muito mais entre o céu e a terra... As biografias, em geral, mesmo quando objetivas, sempre têm um ar de romance, sempre que se usa a palavra para contar algo, a visão é muito subjetiva, porque a palavra é subjetiva. 


Resenhando.com - Em uma de suas entrevistas, você afirma que seu trabalho deve aparecer mais que sua vida pessoal. Em contrapartida, o fato de ganhar pela segunda vez o prêmio Jabuti de Literatura, e a adaptação de "Desmundo" para o cinema faz com que ganhe cada vez mais notoriedade. O que isso muda em sua carreira?
Ana Miranda - Minha vida continua a mesma de sempre, gosto de escrever, escrever, escrever, e ler, ler, ler, e ficar em casa quieta escrevendo e lendo. Nem os prêmios, nem o filme, mudam minha vida, sinto que estou ficando cada vez mais conhecida, pelo Brasil afora, mas a minha vida continua a mesma.


Resenhando.com - A maioria de suas protagonistas são mulheres vindas de outros continentes e o pano de fundo é quase sempre um momento histórico. Não teme ser considerada escritora de uma só história?
Ana Miranda - Não, acho que todos os escritores estão sempre escrevendo o mesmo livro, porque o livro é um retrato da alma de quem o escreveu, e a alma é sempre a mesma, ainda que mudem o cenário, a época, os personagens. Acho bom sentir uma certa unidade em meu trabalho, até busco essa unidade. 


Resenhando.com - Seus personagens são muito ardentes e sensuais. Há algum reflexo de personalidade entre eles e o temperamento da autora?
Ana Miranda - Não acho o Braço de Prata ardente ou sensual, nem o padre Vieira, nem a Bernardina Ravasco, nem a Feliciana, nem tantos outros. O que acontece é que o tema de "Boca do Inferno" é ardente e sensual, é a Bahia colonial, com muita devassidão, muitos pecados. Também a Amina, de "Amrik", é muito sensual, pois é uma dançarina libanesa e há a presença da literatura árabe, as Mil e uma noites, o Jardim das delícias, que são livros ardentes e sensuais. Claro que gosto de lidar com essa matéria, tenho um lado sensual e ardente, todos temos, alguns escondem, alguns ignoram, mas todo ser humano é dotado de sensualidade. 


Resenhando.com - Qual a sua opinião sobre a importância que, hoje em dia, o livro exerce sobre a população?
Ana Miranda - Não sei medir, sei que os livros são fundamentais, a literatura permeia tudo, desde sempre, e para sempre, não seríamos a humanidade que somos se não houvesse o livro. É uma peça de extraordinária profundidade na história da comunicação humana, um museu da alma, do intelecto, do espírito, do tempo, do sentimento, um museu da humanidade.


Resenhando.com - Quem você acha que são as pessoas que constituem seu público alvo? Por que?
Ana Miranda - Não tenho público alvo, escrevo para mim mesma. As pessoas que gostam dos meus livros são as pessoas que têm afinidade comigo, com o que eu escrevo, mas são as mais variadas, só têm em comum o fato de serem alfabetizadas. 


Resenhando.com - Para você, a evolução tecnológica está afastando as pessoas dos livros, da boa leitura?
Ana Miranda - Quem gosta de ler sempre vai gostar de ler, a tecnologia não tem nada a ver com isso, apenas ajuda a se escrever mais facilmente um livro, a se imprimir melhor os livros, a se comprar mais facilmente um livro. Mas não há nenhum plano no sentido de usar a tecnologia para aproximar as pessoas dos livros, ou da boa leitura, o que seria muito bom, se acontecesse.


Resenhando.com - O que você sente quando um livro seu é lançado? 
Ana Miranda - Sinto alívio quando termino um livro, sinto apreensão quanto ao que vai acontecer, ao que vão dizer, se vão compreender o livro. Mas, em geral, quando o livro é lançado, já estou escrevendo outro, e isso dilui um pouco a minha relação com o lançamento. 


Resenhando.com - Quem são seus ídolos na literatura? Sofreu ou sofre alguma influência deles?
Ana Miranda - Não tenho ídolos, nunca tive, vejo os escritores como seres humanos, com suas peculiaridades. Claro, admiro profundamente certos textos, como os de Shakespeare, Kafka, Proust, Borges, etc etc, uma infinidade de autores e livros me encantam. E todos eles me influenciam, sou muito permeável a influências. 


Resenhando.com - Na literatura, tem algum nome da nova safra de escritores que você destaca? Por quais motivos?
Ana Miranda - Você está falando da literatura brasileira, certamente. Acho que tenho mais afinidade com o Miltom Hatoum, acho-o maravilhoso, sério e profundo, mas gosto de muitos, muitos, o Cristóvão Tezza, o Bernardo Carvalho, a Patrícia Melo, o Carlos Sussekind, o Marçal Aquino, o Bernardo Ajzenberg, adoro a poesia de Marco Luchesi, acho-o surpreendente e elevado como o infinito, poderia fazer uma lista imensa, são muitos os escritores a destacar. 


Resenhando.com - Fale sobre seus poemas. Continua escrevendo-os? Existe alguma possibilidade de reeditá-los?
Ana Miranda - Continuo recebendo poesias em minha cabeça, e anoto, guardo, esqueço. Não penso em publicá-las, não sou boa em poesia. Não gostaria de reeditar meus livros de poesia, não são bons, e não quero ocupar o espaço dos poetas, que é tão restrito, poucas editoras se aventuram a publicar poesia de novos poetas. Louvo as que o fazem. 


Resenhando.com - Você prefere escrever romances, contos ou poemas? Por que? E para ler, prefere qual desses gêneros literários?
Ana Miranda - Prefiro escrever romances, sou romancista, sinto mais desenvoltura quando escrevo romance, sinto que estou fazendo o que gosto de fazer, o que aprendi a fazer, não sou boa contista, são coisas muito diferentes. Isso não significa que meus romances excluam os outros gêneros, hoje os limites são muito difusos. Para ler, gosto, primeiro, de poesia, depois de romance, depois de conto, geralmente é assim, mas tem épocas em que só leio contos, e outras em que só leio poesia, e outras em que só leio romances, isso depende de meu estado de espírito.


Resenhando.com - O que sente tendo seus livros publicados em outras línguas?
Ana Miranda - Acho horrível, arriscadíssimo, tenho a sensação de que não é mais o meu livro, não escrevi nada daquilo, gostaria que todos aprendessem português para ler os nossos livros no original. Mas sinto orgulho quando olho a minha estante de meus livros traduzidos, sei que isso é bom, mesmo com as deficiências inerentes à tradução. Tenho muita gratidão pelos tradutores, todavia, pois não falo nem árabe nem alemão nem grego nem russo, nem tantas outras línguas, e admiro demais os tradutores, há pessoas que fazem isso de forma genial.


Resenhando.com - Explique seu conceito de invisibilidade.
Ana Miranda - Não entendi essa pergunta. Há diversas invisibilidades. O Mandrake fica invisível, e eu adorava sonhar que eu também tinha esse poder, quando lia as suas histórias em quadrinhos. E às vezes quase consigo, gosto de uma posição discreta, de observadora. Mas há outras espécies de invisibilidade. 


Resenhando.com - Descreva todos os seus talentos na infância. Por que escolheu a literatura?
Ana Miranda - Nasci, como todas as crianças, com todas as aptidões da sensibilidade, para desenho, música, movimento, ritmo, cor, teatro, fantasia, sonho, mas tive a sorte de ver as minhas aptidões desenvolvidas, sou uma pessoa versátil, e isso sempre foi uma faca de dois gumes, atrapalhou e ajudou, mas consegui solucionar esse problema, hoje convivo melhor com isso. 


Resenhando.com - Como foi a sua experiência como atriz? Pretende voltar a atuar, por que?
Ana Miranda - Foi uma ótima experiência, aprendi muito, principalmente sobre o Brasil, pois pude viajar e penetrar muitas realidades de nosso país, conheci muitas pessoas inesquecíveis, adoro cinema. Mas não sei se posso chamar minha experiência de um trabalho de atriz, eu apenas estava por ali, e me convocavam a participar dos filmes, au gostava de viajar com as equipes de cinema, era um tempo em que se fazia cinema por amor, mas a minha compulsão sempre foi autoral, jamais soube interpretar, não gosto de ser olhada. 


Resenhando.com - Todo escritor escreve sobre relações humanas. Como você analisa o relacionamento das pessoas nos dias de hoje. Dá para comparar as relações atuais e as do passado?
Ana Miranda - Estão muito mais complexas, a sociedade está mais complexa. Antigamente você conhecia umas vinte, cinquenta, cem pessoas em sua vida, e se relacionava com poucas. Hoje conhecemos milhares de pessoas, de culturas diferentes, o mundo está pequenino, pega-se um avião e no dia seguinte tudo mudou, e os grupos familiares são os mais inesperados, e a vida íntima das pessoas hoje é pública, tudo isso complica as relações. Mas os seres humanos continuam os mesmos, com seus sentimentos, amor, ódio, ciúme, inveja, traição, desejo de poder, etc etc. 


Resenhando.com - Se pudesse voltar no tempo, reescreveria algo, achando que poderia ter feito melhor?
Ana Miranda - Tenho sempre reescrito meus livros, faço revisões em livros publicados, acabo de fazer uma revisão de "Boca do Inferno", tomada de uma visão mais ampla, sempre se pode fazer melhor, sempre. 


Resenhando.com - A mídia explorou bastante um suposto romance seu com o senador Eduardo Suplicy. O que acha sobre esse tipo de informação? Existe alguma verdade nestas notícias?
Ana Miranda - Sempre preservei a minha vida pessoal. Não gosto desse tipo de publicidade. O Eduardo e eu somos amigos, e nos gostamos muito. 


Resenhando.com- Comente essa frase, dita em uma entrevista para a revista Caros Amigos: "estou sempre a favor do mais fraco, mesmo que ele esteja errado".
Ana Miranda - Essa frase resume a minha atitude política, e ética. Tenho muito amor pelo pobre, pelo oprimido, por aquele que não tem oportunidade, pelo abandonado, pelo frágil, pelo fraco, um sentimento meio maternal. Não posso ver alguém em dificuldade, quero ajudar. Isso me faz sofrer muito. 


Resenhando.com - Para você, qual o real significado da palavra solidão?
Ana Miranda - Faz parte da condição humana, a solidão. Todos somos solitários, e vivemos em busca do outro, mas sempre somos apenas nós mesmos, e ninguém, jamais, tem o poder de compreender totalmente o outro, a compreensão, a afinidade, a conjunção, são apenas um desejo de fugir à solidão. A natureza de nosso trabalho, de escritores, nos põe em contato direto e constante com a solidão. Mas gosto de me iludir, achando que a solidão pode ser substituída pela comunhão, mas a comunhão se dá em momentos, momentos sublimes, mas fugazes.

domingo, 28 de maio de 2023

.: Entrevista: Gloria Pires comenta as maldades de Irene em "Terra e Paixão"


A vaidosa Irene é mais uma personagem marcante na galeria de Glória Pires. Foto: Globo/Paulo Belote

Em cenas da novela "Terra e Paixão", Irene (Gloria Pires) é chamada para uma conversa com Cândida (Susana Vieira) em seu quarto. A dona do bar da cidade é conhecida por deter os segredos de todos os moradores do local. Irene chega e sua presença atrai a atenção dos funcionários do bar, principalmente de Luana (Valéria Barcellos). Ciente do inusitado encontro, ela fica interessada em saber o conteúdo do papo entre as duas e presta atenção ao movimento.

Durante a conversa, Cândida alerta Irene sobre a tentativa de prejudicar Caio (Cauã Reymond), mais uma vez, na sucessão dos negócios de Antônio (Tony Ramos). Ela tem o rapaz como filho e se preocupa com o futuro que ele terá com a madrasta por perto. E para convencer a vilã a desistir das maldades recorrentes, ela ameaça revelar o segredo que guarda sobre o seu passado. 

Irene se apavora com a possibilidade de ter sua vida exposta e decide dar um fim à vida de Cândida na mesma hora. Mas Luana invade o local a tempo de evitar uma tragédia e as duas disfarçam, mesmo constrangidas com o iminente flagrante, sem contar o que acabara de acontecer. Esta é uma das cenas fortes que vem rendendo a Gloria Pires mais um grande papel na teledramaturgia brasileira. Em entrevista, ela comenta a personagem. Compre a biografia de Gloria Pires neste link.

Como você define a sua personagem?
Gloria Pires -
Irene é uma mulher ambiciosa, inteligente e que sabe conduzir as palavras para manipular aqueles que estão em sua volta. É uma personagem interessante, com nuances, que sabe enganar quem está em cena e quem está assistindo. E ela não medirá esforços para realizar os seus desejos.  


Em quem se inspirou para interpretá-la? Como se preparou?
Gloria Pires - 
Eu gosto muito de ler o texto e compreender o que o autor quer dizer com aquela personagem. A leitura e o entendimento do texto são o meu ponto de partida. Depois eu busco as inspirações, sejam livros, documentários, músicas e filmes. E tem a preparação com o elenco, que cria a dinâmica e sintonia. Essas etapas vão construindo a personagem e dando o tom do trabalho.


Com tantos anos de carreira, novos trabalhos ainda são desafiadores? O que Irene traz de novo para você?
Gloria Pires - 
Eu sempre aprendo algo com os meus trabalhos. Sempre. Acho que é por isso que eu sinto essa energia pulsante em mim. Gosto de trocar, de aprender com essa turma nova. Eu levei um tempo para fazer desse processo todo algo prazeroso, gostoso… sem ser tão crítica comigo, como já fui. Essa é uma personagem interessante e estou gostando muito desse trabalho. 
 

Quais são as principais questões que Irene vai enfrentar na trama?
Gloria Pires - 
Ah, mas aí eu vou dar spoiler (risos). Acho que a principal questão da Irene está ligada ao dinheiro e poder. E como fazer essas duas coisas ficarem sob o domínio dela. E ela vai costurando narrativas e situações para manter esse lugar. 
 

E como estão sendo as gravações, o convívio com o elenco?
Gloria Pires - 
É um elenco afinado e muito dedicado. Quando a gente encontra esse comprometimento, isso já ajuda muito no processo. Ao mesmo tempo, existe uma leveza, porque conheço muitas pessoas nos bastidores e em cena. Isso também deixa o trabalho mais especial. Eu me sinto feliz de estar junto com esse elenco. 
 

Comente sobre a relação de Irene com Antônio. E com Caio, Daniel e Petra?
Gloria Pires - 
É uma relação de tensão nessa família. Ela quer que seus filhos Daniel e Petra estejam ali no controle dos bens, nas terras da família. E o Caio é um entrave para ela. Com isso, ela fará de tudo para tirar ele do caminho e ter as coisas do jeito que ela quer. 
 

Quais foram seus últimos trabalhos, além de "Éramos Seis"?
Gloria Pires - 
Na TV, depois de "Éramos Seis"fiz uma participação muito afetiva como Nise da Silveira em "Além da Ilusão". No cinema, eu estreei há pouco o longa "Desapega", e filmei "Vovó Ninja", que ainda será lançado.
 

Como está sendo trabalhar o texto do Walcyr Carrasco e como tem sido a direção do Luiz Henrique Rios?
Gloria Pires - 
O Luiz Henrique é um diretor que tem uma escuta muito boa, aceita toda colaboração que acrescente aos personagens, traz uma equipe afiada de trabalhos anteriores e essa sintonia está enriquecendo a trama tão surpreendente do Walcyr. Reencontrar com o Walcyr - estive com ele em "O Outro Lado do Paraíso" - está sendo muito estimulante. 


Criada e escrita por Walcyr Carrasco, a novela "Terra e Paixão" é escrita com Márcio Haiduck, Vinícius Vianna, Nelson Nadotti e Cleissa Regina, com direção artística de Luiz Henrique Rios, direção geral de João Paulo Jabur e direção de Tande Bressane, Jeferson De, Joana Clark, Felipe Herzog e Juliana Vicente. A direção de gênero é de José Luiz Villamarim e a produção é de Raphael Cavaco e Mauricio Quaresma.

sexta-feira, 26 de maio de 2023

.: Entrevista: Igor Bueno traz o recanto dos mil sonhos para o palco


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

O cantor e compositor Igor Bueno vive um momento especial da carreira, ao desenvolver o projeto da turnê "Recanto dos Mil Sonhos", no qual interpreta composições autorais acompanhado por músicos talentosos. O show já passou por São Bernardo do Campo e tem agenda para Ubatuba no dia 27. Artista multifacetado, Bueno é compositor, multi-instrumentista, intérprete, poeta e educador musical.

Possui licenciatura em Música pela Unesp e experiência em teatro. Integra o Grupo Cupuaçu, cujo trabalho é reconhecido pela riqueza e a diversidade da cultura popular afro-brasileira, em especial a maranhense. Em 2022, lançou suas primeiras canções nas plataformas de música e já figura no panorama emergente de artistas da nova MPB. Em entrevista para o Resenhando.com, ele conta como foi o seu início na música e comenta as possibilidades para o futuro na música. “O acesso à cultura é algo fundamental para nossa sociedade”.


Resenhando.com - Como foi seu início na música?
Igor Bueno -
Minhas lembranças vêm desde os 10 anos, quando passei a ter os primeiros contatos com a música. Comecei aprendendo a tocar flauta doce e a partir daí fui descobrindo os demais instrumentos. Ouvia de tudo um pouco. Samba, rock, forró, música tradicional folclórica e vários outros estilos. A minha música é o resultado de todas as influências que tive ao longo dos anos.

Resenhando.com - Algumas de suas composições lembram as canções que ouvíamos nos antigos festivais. Existe esse paralelo?
Igor Bueno - 
Ocorre que nessa época dos festivais havia muita música com influência de raízes culturais muito fortes. Quem não se lembra de Disparada, por exemplo, do Geraldo Vandré e Theo de Barros? Há uma relação porque também tenho uma influência forte da nossa música regional. Mas considero meu estilo bem eclético, abrangendo várias áreas e segmentos.

Resenhando.com - O teatro parece ter sido determinante nessa sua formação.
Igor Bueno - 
Não só o teatro como também a literatura. Ler bastante me permitiu abrir horizontes como compositor. Sou grato aos professores de Língua Portuguesa, que me incentivaram a ler os chamados livros clássicos de autores,como Machado de Assis e poetas como Carlos Drummond de Andrade.

Resenhando.com - Como foi que surgiu a ideia do "Recanto dos Mil Sonhos"?
Igor Bueno - 
Eu vinha compondo canções há uns dez anos, aproximadamente. Então já tinha um repertório autoral que poderia ser mostrado ao vivo. Tive e tenho o auxílio de músicos talentosos, que ainda por cima são pessoas amigas, com as quais tenho muita empatia. Aí foi só definir um repertório linear, que ajudasse a contar um pouco de minha história como músico.


Resenhando.com - Você acredita que há espaço para a MPB na mídia?
Igor Bueno - 
A nossa autêntica música popular sempre terá seu espaço. Há público para todos os estilos musicais. Eu acredito que a cultura, ou melhor, o acesso da população a ela, seja algo fundamental para a nossa sociedade.

Resenhando.com - E como estão os planos para a turnê?
Igor Bueno - 
Iniciamos a turnê por São Bernardo do Campo e temos uma apresentação agendada para o dia 27 de maio em Ubatuba. Em breve definiremos outros locais para junho e julho. Nesse projeto eu me apresento acompanhado por Debora Predella (violino), Gabriel Moreira (flauta transversal, clarinete e sax), Lua Bernardo (baixo elétrico), Ná Magalhães (percussão), Renato Ihu (percussão) e Rodrigo Zanettini (piano e sanfona). Assino a direção musical e os arranjos, junto com o Zanettini.

Serviço
Turnê: "Recanto dos Mil Sonhos". Ubatuba / SP. Data: 27 de maio - Sábado, às 20h. Local: Fundação Projeto Tamar. Rua Antônio Atanázio, 273 - Jardim Paula Nobre. Telefone: (12) 3832-6202 | (12) 3832-7014. Gratuito. Duração: 60 minutos. Livre.

"Corpo Errante"

"Seus Cabelos"

"Mariposas"

domingo, 21 de maio de 2023

.: Entrevista: Maria Padilha relembra a Hilda de "Mulheres Apaixonadas"


Maria Padilha relembra momentos marcantes da personagem Hilda em "Mulheres Apaixonadas" . Foto: TV Globo / João Miguel Júnior


Em uma novela sobre relações de amor que são expostas às agruras da vida e aos tormentos do destino, a personagem Hilda (Maria Padilha) parece ser um ponto de equilíbrio entre as irmãs Helena (Christiane Torloni) e Heloísa (Giulia Gam). Dona de uma delicatessen onde vende doces e salgados que ela mesma faz, Hilda é casada com o advogado Leandro (Carlos Eduardo Lago) e mãe da adolescente Elisa (Giselle Policarpo). É uma mulher centrada e que dá bons conselhos. No entanto, ao longo da trama de "Mulheres Apaixonadas", escrita por Manoel Carlos, ela vê sua vida mudar ao receber a notícia de que está doente.

“Eu acho que o mais desafiador no papel foi construir essa leveza na personagem, quando parecia que não aconteceria nada com ela. Todas as cenas dela eram muito cotidianas, com a irmã, com o marido e a filha. Então, foi construir essa característica sem que ela ficasse monótona, porque, às vezes, quando os personagens são muito felizes, o público acha que não está acontecendo nada, que não é interessante. Eu sempre fiz personagens mais excêntricos e a Hilda é uma mulher muito bem resolvida, muito tranquila”, relembra Maria Padilha. 

A atriz também destaca recordações dos bastidores do trabalho: “Eu guardo memórias muito boas do elenco, um elencaço! Era uma novela feita em cima das coisas que estavam acontecendo no momento, quase que uma novela jornalística, então a gente tinha que estar muito preparado para fazer as cenas, para decorar o texto”, conta. Na entrevista a seguir, Maria Padilha também fala sobre a relação com o elenco da obra e com o texto de Manoel Carlos. E revela que cena foi mais marcante para ela neste trabalho, que estará de volta à TV Globo no próximo dia 29.


A sua personagem em "Mulheres Apaixonadas" faz parte do núcleo da protagonista da trama. Como foi a experiência de contracenar com a Christiane Torloni e a Giulia Gam, que eram suas irmãs na novela?
Maria Padilha -
Foi muito rico, porque nós realmente ficávamos muito próximas e tivemos que construir uma relação crível de irmãs. A Christiane e a Giulia são atrizes muito diferentes e foi muito interessante poder estar com elas. As duas são muito talentosas, então foi muito legal. Como a gente fala, a bola correu entre nós com muita facilidade, muito empenho e com muito amor. Foi muito bom.

A Hilda é uma mulher muito centrada e que sempre dá bons conselhos às irmãs. A vida dela parece tranquila, com o marido e a filha, quando é surpreendida com a notícia do câncer de mama. Como foi lidar com esse drama da personagem na época? 
Maria Padilha - 
Eu sabia que alguma coisa ia acontecer com a Hilda quando comecei a personagem, mas não sabia bem o quê. Então, quando veio, foi meio rápido. Eu já havia feito personagens que recebem uma notícia muito ruim relacionada a alguma pessoa de quem gosta, um parente ou um amor que está doente. Mas eu nunca tinha feito um personagem que recebesse uma notícia ruim sobre si mesma. Eu perguntei a algumas pessoas se já haviam passado por situação semelhante e como tinham se sentido; isso me ajudou muito. Lidar com esse drama foi bom, por um lado, porque a gente começa a conhecer mais as coisas e saber que também está ajudando, de certa maneira, quem está vendo a novela a se cuidar, a fazer exames de tempos em tempos. E para mim, como atriz, é um conflito interessante; foi um material muito rico que o Maneco (Manoel Carlos) me deu.

O que foi mais desafiador nesse papel?
Maria Padilha - 
Eu acho que o mais desafiador no papel foi construir essa leveza na personagem, quando parecia que não aconteceria nada com ela. Todas as cenas dela eram muito cotidianas, com a irmã, com o marido e a filha. Então, foi construir essa característica sem que ela ficasse monótona, porque, às vezes, quando os personagens são muito felizes, o público acha que não está acontecendo nada, que não é interessante. Eu sempre fiz personagens mais excêntricos e a Hilda é uma mulher muito bem resolvida, muito tranquila; eu nunca tinha feito isso. Foi desafiador, mas muito rico para mim ter a chance de fazer um personagem assim.
 

Que cena da personagem considera a mais marcante?
Maria Padilha - 
Foram muitas marcantes, mas eu posso dizer a cena mais difícil, que foi quando ela recebe a notícia de que tem um câncer. Nessa cena, eu lembro que eu estava com a Helena (Christiane Torloni) no médico, interpretado pelo Emílio di Biasi, e ele falava o que ela tinha. Eu tinha que receber essa notícia de maneira crível, sem muito drama, dentro da personagem da Hilda, que era uma pessoa "equilibrada". Acho que essa foi a cena mais marcante, de que até hoje eu lembro.


A novela foi exibida originalmente há 20 anos. Que memórias guarda da época das gravações?
Maria Padilha - 
Eu guardo memórias muito boas do elenco, um elencaço! Era uma novela feita em cima das coisas que estavam acontecendo no momento, quase que uma novela jornalística, então a gente tinha que estar muito preparado para fazer as cenas, para decorar o texto. Guardo uma recordação muito boa da convivência com o elenco e com os diretores, Ricardo Waddington, Papinha (Rogério Gomes), José Luiz Vilamarim. Só tinha gente muito bacana nessa equipe. Além das duas irmãs, tinha o Eduardo Lago, o Marcello Antony, com quem eu contracenava muito, o Tony Ramos... era um elenco adorável. As recordações são as melhores possíveis, pela convivência com o elenco e com os diretores, que eram muito talentosos e pessoas muito generosas.


De volta a partir do dia 29 de maio, no "Vale a Pena Ver de Novo", "Mulheres Apaixonadas" tem autoria de Manoel Carlos, com colaboração de Fausto Galvão, Vinícius Vianna e Maria Carolina. A novela tem direção de núcleo e geral de Ricardo Waddington e direção geral de José Luiz Vilamarim e Rogério Gomes, com direção de Ary Coslov e Marcelo Travesso.

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