terça-feira, 10 de junho de 2025

.: Escola pública de Belém prepara estudantes da periferia para a Cop 30


Em ano de Cop 30, a educação ambiental ganha novo impulso em escola da periferia de Belém


As mudanças climáticas trazem consigo novos conceitos que precisam ser amplamente discutidos na 30ª Conference of the Parties, termo em inglês que define a sigla Cop, e que em português significa “Conferência das Partes" signatárias do tratado global de combate às mudanças climáticas, estabelecido desde 1992. Isso tudo integra a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as mudanças no clima. A capital paraense será a cidade brasileira onde vai ocorrer a conferência anual das partes, para discutir o progresso das ações globais de sustentabilidade e ajustar as metas para os próximos anos.

A agenda do meio ambiente é extensa e tem o propósito de amenizar os impactos ambientais provocados por uma série de fatores que regulam o efeito estufa e interferem diretamente sobre a vida na Terra. Essa agenda cobra dos países que mais poluem o meio ambiente. Mas de nada adiante responsabilizar esses países, se numa microestrutura, os cidadãos não fazem a sua própria parte, reeducando-se para o descarte adequado dos resíduos sólidos, a reciclagem, a sustentabilidade, a florestabilidade, a economia da água, o consumo consciente, e todas essas questões ecossistêmicas que o neoliberalismo econômico tenta mascarar, mas cujos efeitos, sobretudo no clima, já denunciam haver muita coisa errada.

Longe das estruturas de poder que pretendem se promover à sombra das emergências climáticas e dos problemas ambientais causados pela combustão de fósseis que poluem o meio ambiente, um grupo de professores de uma escola pública na periferia de Belém, num bairro situado às margens do furo de um rio, resolveu separar uma semana do calendário escolar, para propor uma programação pedagógica voltada exclusivamente para as questões ambientais.

A Escola Estadual de Ensino Médio Integral Manoel Leite Carneiro, situada no bairro do Tenoné, periferia de Belém, é uma escola nova, com apenas 10 anos de existência e atuação político-pedagógica na comunidade do bairro. Mas já oferece, com base no currículo do novo ensino médio, na parte diversificada, disciplinas eletivas voltadas para a conscientização ambiental, com projetos de cultivo de horta escolar, reaproveitamento de água da chuva e de produção de sabão, a partir da reciclagem de óleo de cozinha.


A Cop 30 em Belém e as questões ambientais na Amazônia
A Amazônia Legal engloba os estados do Pará, Maranhão, Tocantins, Mato Grosso, Rondônia, Acre, Roraima e Amapá. É uma região rica em biodiversidade e comunidades indígenas. Faz fronteira com outros países da América do Sul e, por isso, é o escopo de garimpeiros, grileiros, narcotraficantes, madeireiros, pescadores e caçadores ilegais, todos prenhes de usura e sem compromisso algum com o meio ambiente. 

A violência nesta região é um fenômeno social recorrente, e o Pará é o Estado brasileiro onde mais ocorrem assassinatos provocados por conflitos agrários. Ser sindicalista ambiental na Amazônia paraense é arriscar sua própria vida em defesa do meio ambiente. Mas os estudantes do ensino médio, via de regra, não sabem disso. Por isso, na semana do meio ambiente, o MLC, como é conhecido o colégio estadual, incluiu na programação audiovisual o filme biográfico de Chico Mendes. No debate, surgiram outros nomes de líderes comunitários que morreram devido à defesa da Amazônia, como Dom Phillips, Bruno Araújo Pereira, José Cláudio Ribeiro, Maria do Espírito Santo, Dorothy Stang e outros.

Através do estudo desses casos, esta nova geração de estudantes progride na compreensão dos conflitos ambientais como grandes contradições sistêmicas do Capitalismo globalizado e entendem a relevância do sindicalismo ambiental para o equilíbrio do ecossistema amazônico. A educação pública paraense entra assim na cooperação internacional, para enfrentar o desafio climático, entendendo as demandas climáticas do aquecimento global, para conscientizar os moradores na periferia, que estão na linha de frente dessas mudanças. 

Durante a programação, se discutirão conceitos como vulnerabilidade climática, apartheid climático, cultura do descarte, coleta seletiva do lixo, reciclagem e tratamento de resíduos sólidos, diferença entre consumo como ato político e consumismo, e critério do pós-vida útil, na aquisição de produtos potencialmente prejudiciais ao meio ambiente. A programação é voltada para a formação de cidadãos engajados nas causas ambientais, destacando-se o papel da escola na busca da sustentabilidade.

Até sexta-feira, 13 de junho de 2025, os estudantes participarão de palestras e debates baseados em documentários sobre mudanças climáticas, florestabilidade, sindicalismo ambiental, e sobre os impactos da industrialização e do modo de produção capitalista no ecossistema amazônico.

Um dos objetivos é discutir justiça climática como um valor sócio-humano inseparável do conceito de crise climática. Segundo o diretor da escola, David Cordeiro, é necessário que os estudantes reflitam sobre seu próprio poder de decisão nas políticas públicas de equilíbrio climático. "O trabalhador assalariado, os indígenas, quilombolas e os moradores na periferia são os que mais sofrem com as mudanças climáticas. Queremos também que a comunidade escolar pense sobre o papel de quem tem acesso à educação ambiental, pois a sociedade precisa saber quais destinos democráticos podem ser dados a seus recursos”, enfatiza. “A educação ambiental agora é um componente curricular obrigatório nas escolas de educação básica. Como escola em tempo integral, a Manoel Leite Carneiro oferece disciplinas eletivas, na parte diversificada da matriz curricular do novo ensino médio, com parcerias institucionais, para projetos que são mantidos pela escola e fazem parte da educação ambiental”, conclui.


Serviço
Semana do Meio Ambiente 2025
Até dia 13 de junho de 2025, das 7h30 às 16h30
EEEM Man - Tv. WE 04, 97-149 - Tenoné - Belém / PA

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