Depois de transformar em cena figuras centrais da cultura brasileira, como Silvio Santos e Ney Matogrosso, Marília Toledo e Emílio Boechat voltam a unir forças para prestar homenagem a uma artista cuja voz atravessou gerações, estéticas e disputas simbólicas da música popular brasileira. "Gal, o Musical" estreia no dia 6 de março de 2026, no 033 Rooftop, no Complexo JK Iguatemi, em São Paulo, e permanece em cartaz até 10 de maio, integrando a programação comemorativa dos dez anos do Teatro Santander, que serão celebrados em 2026.
Idealizado por Marília Toledo, que também assina o texto e a direção ao lado de Kleber Montanheiro, o espetáculo propõe um mergulho profundo na trajetória de Maria da Graça Costa Penna Burgos, nascida em Salvador, em 26 de setembro de 1945, e que o Brasil aprenderia a chamar simplesmente de Gal. Mais do que revisitar fatos biográficos, o musical se interessa pelo percurso íntimo, simbólico e artístico que transformou Gal Costa na musa da Tropicália, em um ícone feminista e em uma das maiores intérpretes do século XX, reconhecida internacionalmente - a cantora foi eleita pela revista Time como uma das dez maiores vozes femininas do mundo.
A dramaturgia começou a ser gestada em janeiro de 2024, quando Marília Toledo entrou em contato com o livro "A Todo Vapor - O Tropicalismo Segundo Gal", de Taissa Maia. A leitura acendeu o desejo de colocar no centro da narrativa uma protagonista feminina, após uma sequência de obras dedicadas a artistas homens. “Sem sombra de dúvidas, a história de Gal é a que mais se aproxima da minha essência”, afirma a autora e diretora, que encontrou na trajetória da cantora uma chave potente para falar de arte, liberdade e resistência.
Outro pilar conceitual do musical é "A Jornada da Heroína", da psicóloga junguiana Maureen Murdock, que propõe um percurso feminino distinto da narrativa clássica do herói. A equipe contou ainda com a colaboração do pesquisador Tallys Braga, responsável por uma biografia oficial da artista. A partir dessas referências, Gal, o Musical se afasta da ideia de uma sucessão cronológica de sucessos para apostar em uma abordagem psicológica, simbólica e assumidamente feminista.
Como destaca Emílio Boechat, a intenção nunca foi apenas recontar a história de Gal, mas reposicionar seu papel dentro da Tropicália e da música brasileira. “O livro da Taissa Maia defende que a participação de Gal foi muito maior do que a nossa imprensa machista e patriarcal gostaria de admitir. A partir disso, entendemos que o musical precisava ir além da cronologia e mergulhar em um prisma mais profundo, menos factual e mais sensível”, explica o autor.
A trama acompanha momentos decisivos da vida da artista: a infância em Salvador e a relação com a mãe solo, Mariah; o encontro com Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gilberto Gil e Tom Zé, ainda no Teatro Vila Velha; o início da carreira e a parceria com o empresário Guilherme Araújo; e a adoção do filho Gabriel, em 2008. Esses episódios são atravessados por canções que marcaram época e ajudaram a definir o imaginário afetivo do país, como “Força Estranha”, “Baby”, “Divino, Maravilhoso”, “Vaca Profana”, “Azul”, “Vapor Barato”, “Sorte”, “Brasil” e “Balancê”.
No espetáculo, a música não funciona como ilustração, mas como matéria dramatúrgica. “As canções expressam sentimentos e ajudam a contar a história de maneira mais musical do que narrativa”, observa Marília Toledo. Segundo ela, os grandes hits estão presentes, ainda que o espetáculo reserve algumas surpresas ao público. A encenação nasce do diálogo constante entre Marília Toledo e Kleber Montanheiro, parceiro de longa data da diretora.
A escolha se justifica pela visão ampla de Montanheiro, que reúne experiência como ator, cenógrafo, figurinista, iluminador e diretor. “Ele olha para todas as etapas do fazer teatral, e isso sempre me encantou”, comenta Marília. Para Montanheiro, dividir a direção de um espetáculo sobre Gal Costa com uma mulher era não apenas coerente, mas necessário. “Gal foi uma artista que resistiu ao seu tempo e quebrou padrões. Não faria sentido contar essa história sem uma parceria feminina na direção”, afirma.
A cenografia, assinada por Carmen Guerra, transforma o 033 Rooftop em uma experiência imersiva. Inspirado nas instalações de Hélio Oiticica, o espaço sugere ambientes e estados emocionais por meio de elementos plásticos e artísticos, convidando o público a ocupar a cena junto com os intérpretes. Os figurinos, criados por Montanheiro, atravessam a segunda metade do século XX e funcionam como uma camada adicional de dramaturgia, acompanhando as transformações estéticas e simbólicas da artista ao longo do tempo.
A direção musical e os arranjos são de Daniel Rocha, que partiu de transcrições dos arranjos originais com adaptações pensadas para a cena. A montagem também dialoga com o universo espiritual e cultural que atravessa a obra de Gal, incorporando referências ao Candomblé, aos Orixás e às manifestações da cultura popular brasileira. As coreografias e a direção de movimento, assinadas por Semadha S Rodrigues, incluem ainda a presença da LIBRAS, ampliando o campo sensorial e comunicativo do espetáculo. Com produção da Paris Cultural e apresentação da Esfera, Gal, o Musical se anuncia como uma celebração da artista e, ao mesmo tempo, como um gesto político e poético: o de recolocar Gal Costa no centro de sua própria história, como mulher, criadora e voz que ajudou a reinventar a música brasileira.
Serviço
"Gal, o Musical", de Marília Toledo e Emílio Boechat
Temporada: 6 de março a 10 de maio de 2026
Horários: sextas-feiras, às 20h30. Sábados, às 16h30 e 20h30. Domingos, às 15h30 e 19h30.
Duração: 2h30, com intervalo
Primeiro ato: 1h15. Intervalo: 15 minutos. Segundo ato: 1h00.
Local: 033 Rooftop | Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041, Itaim Bibi, São Paulo – Complexo JK Iguatemi
Classificação etária: 14 anos. Menores de 14 anos apenas acompanhados dos pais ou responsáveis legais.
Setores e valores:
Mesa: de R$ 150,00 (meia) a R$ 300,00 (inteira)
Bistrô Alto: de R$ 125,00 (meia) a R$ 250,00 (inteira)
Plateia: R$ 100,00 (meia) e R$ 200,00 (inteira)
Popular: R$ 25,00 (meia) e R$ 50,00 (inteira)
Clientes Santander têm 30% de desconto nos ingressos inteiros, limitados a dois ingressos por CPF, conforme disponibilidade e regulamento.
Ingressos:
Internet: www.sympla.com.br
Bilheteria física:
Teatro Santander
Funcionamento: todos os dias, das 12h às 18h. Em dias de espetáculo, até o início da apresentação.
A bilheteria conta com totem de autoatendimento para compras sem taxa de conveniência, 24 horas por dia.
Descontos:
Meia-entrada: 50% de desconto, mediante apresentação de documento previsto em lei.
Cliente Santander: 30% de desconto, limitado a 20% da lotação do teatro, não cumulativo com meia-entrada, conforme legislação vigente.
Tags:
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