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quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

.: Em São Paulo, espetáculo “Queda de Baleia” retorna ao cemitério


Bruna Longo em cena no solo “Queda de Baleia ou Canto para Dançar com Minha Morte”, encenado na capela de um cemitério em São Paulo. Foto: Danilo Apoena.

Da redação do portal Resenhando.com.

Há experiências teatrais que não se esgotam no palco. Elas atravessam o corpo, desafiam o silêncio e acompanham para fora da sala - ou, neste caso, para fora da capela. “Queda de Baleia ou Canto para Dançar com Minha Morte” está de volta a São Paulo a partir de 16 de janeiro de 2026, retomando temporada na capela do Cemitério do Redentor, no Sumaré, em São Paulo, espaço que não apenas abriga a encenação, mas a transforma em rito.

Solo da atriz, dramaturga e diretora Bruna Longo, indicada ao Prêmio APCA de Melhor Atriz por este trabalho, o espetáculo parte de uma experiência radicalmente íntima: a morte de seu pai. A partir desse acontecimento irreversível, Bruna constrói uma obra que recusa o melodrama e aposta na partilha sensível, no pensamento crítico e na fisicalidade como formas de elaborar o luto - esse processo cada vez mais apressado, higienizado e silenciado na vida contemporânea.

Em cena, a atriz imagina a própria morte. Morta, ela tenta viver aquilo que não nos é permitido empiricamente: o luto de si mesma. A partir desse gesto inaugural, o espetáculo se expande para discutir o tabu da morte nas sociedades capitalistas ocidentais, o esvaziamento dos ritos fúnebres, o medo que contamina o silêncio e a negação cotidiana da finitude. Não se trata de um discurso abstrato, mas de uma experiência encarnada, ritualística, que transforma o corpo em território de passagem.

A escolha do espaço não é mero impacto cenográfico. Encenar dentro de um cemitério recoloca a morte no centro da experiência coletiva, afastando-a da lógica do espetáculo fácil e da espetacularização midiática. O que se propõe ali é outra temporalidade: mais lenta, mais porosa, mais humana. Não à toa, críticos apontaram o trabalho como uma das experiências mais disruptivas do teatro paulistano recente.

A dramaturgia nasce diretamente da vivência da atriz, que relata como, após o falecimento do pai, foi lançada a um mundo de burocracias e prazos, sem qualquer convite real ao rito de passagem. Sem religião, sem respostas prontas, Bruna encontrou no teatro seu templo possível. Esse material autobiográfico não se fecha em si. Ao contrário, amplia-se para uma reflexão histórica e filosófica sobre a morte como origem da cultura, dos ritos, da arte e da linguagem. Ao negar esse contato, o mundo contemporâneo renuncia também a uma angústia metafísica essencial - aquela que lembra, a todo instante, da condição humana.

Com codireção de Vitor Julian e uma equipe que atua como provocadora estética, corporal e dramatúrgica, “Queda de Baleia” constrói uma cena de alta densidade simbólica. A maturidade corporal da atriz, a multiplicidade de estados físicos e emocionais e a construção de imagens fortes fazem do solo uma experiência que permanece ecoando muito depois do último gesto.


Serviço
Espetáculo "Queda de Baleia ou Canto para Dançar com Minha Morte"
Temporada: 16 de janeiro a 8 de fevereiro de 2026
Sessões: sexta a domingo, às 19h00
Local: Capela do Cemitério do Redentor - Av. Dr. Arnaldo, 1105 – Sumaré/São Paulo
Ingressos: R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia-entrada)
Vendas on-line: Sympla
Duração: 80 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Lotação: 20 lugares

terça-feira, 16 de dezembro de 2025

.: Gal Costa vira musical e tem sua liberdade cantada do começo ao fim


Gal, o Musical estreia em março de 2026 no 033 Rooftop e revisita a vida e a obra de uma das maiores vozes da música brasileira. Arte: divulgação

Depois de transformar em cena figuras centrais da cultura brasileira, como Silvio Santos e Ney Matogrosso, Marília Toledo e Emílio Boechat voltam a unir forças para prestar homenagem a uma artista cuja voz atravessou gerações, estéticas e disputas simbólicas da música popular brasileira. "Gal, o Musical" estreia no dia 6 de março de 2026, no 033 Rooftop, no Complexo JK Iguatemi, em São Paulo, e permanece em cartaz até 10 de maio, integrando a programação comemorativa dos dez anos do Teatro Santander, que serão celebrados em 2026.

Idealizado por Marília Toledo, que também assina o texto e a direção ao lado de Kleber Montanheiro, o espetáculo propõe um mergulho profundo na trajetória de Maria da Graça Costa Penna Burgos, nascida em Salvador, em 26 de setembro de 1945, e que o Brasil aprenderia a chamar simplesmente de Gal. Mais do que revisitar fatos biográficos, o musical se interessa pelo percurso íntimo, simbólico e artístico que transformou Gal Costa na musa da Tropicália, em um ícone feminista e em uma das maiores intérpretes do século XX, reconhecida internacionalmente - a cantora foi eleita pela revista Time como uma das dez maiores vozes femininas do mundo.

A dramaturgia começou a ser gestada em janeiro de 2024, quando Marília Toledo entrou em contato com o livro "A Todo Vapor - O Tropicalismo Segundo Gal", de Taissa Maia. A leitura acendeu o desejo de colocar no centro da narrativa uma protagonista feminina, após uma sequência de obras dedicadas a artistas homens. “Sem sombra de dúvidas, a história de Gal é a que mais se aproxima da minha essência”, afirma a autora e diretora, que encontrou na trajetória da cantora uma chave potente para falar de arte, liberdade e resistência.

Outro pilar conceitual do musical é "A Jornada da Heroína", da psicóloga junguiana Maureen Murdock, que propõe um percurso feminino distinto da narrativa clássica do herói. A equipe contou ainda com a colaboração do pesquisador Tallys Braga, responsável por uma biografia oficial da artista. A partir dessas referências, Gal, o Musical se afasta da ideia de uma sucessão cronológica de sucessos para apostar em uma abordagem psicológica, simbólica e assumidamente feminista.

Como destaca Emílio Boechat, a intenção nunca foi apenas recontar a história de Gal, mas reposicionar seu papel dentro da Tropicália e da música brasileira. “O livro da Taissa Maia defende que a participação de Gal foi muito maior do que a nossa imprensa machista e patriarcal gostaria de admitir. A partir disso, entendemos que o musical precisava ir além da cronologia e mergulhar em um prisma mais profundo, menos factual e mais sensível”, explica o autor.

A trama acompanha momentos decisivos da vida da artista: a infância em Salvador e a relação com a mãe solo, Mariah; o encontro com Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gilberto Gil e Tom Zé, ainda no Teatro Vila Velha; o início da carreira e a parceria com o empresário Guilherme Araújo; e a adoção do filho Gabriel, em 2008. Esses episódios são atravessados por canções que marcaram época e ajudaram a definir o imaginário afetivo do país, como “Força Estranha”, “Baby”, “Divino, Maravilhoso”, “Vaca Profana”, “Azul”, “Vapor Barato”, “Sorte”, “Brasil” e “Balancê”.

No espetáculo, a música não funciona como ilustração, mas como matéria dramatúrgica. “As canções expressam sentimentos e ajudam a contar a história de maneira mais musical do que narrativa”, observa Marília Toledo. Segundo ela, os grandes hits estão presentes, ainda que o espetáculo reserve algumas surpresas ao público. A encenação nasce do diálogo constante entre Marília Toledo e Kleber Montanheiro, parceiro de longa data da diretora. 

A escolha se justifica pela visão ampla de Montanheiro, que reúne experiência como ator, cenógrafo, figurinista, iluminador e diretor. “Ele olha para todas as etapas do fazer teatral, e isso sempre me encantou”, comenta Marília. Para Montanheiro, dividir a direção de um espetáculo sobre Gal Costa com uma mulher era não apenas coerente, mas necessário. “Gal foi uma artista que resistiu ao seu tempo e quebrou padrões. Não faria sentido contar essa história sem uma parceria feminina na direção”, afirma.

A cenografia, assinada por Carmen Guerra, transforma o 033 Rooftop em uma experiência imersiva. Inspirado nas instalações de Hélio Oiticica, o espaço sugere ambientes e estados emocionais por meio de elementos plásticos e artísticos, convidando o público a ocupar a cena junto com os intérpretes. Os figurinos, criados por Montanheiro, atravessam a segunda metade do século XX e funcionam como uma camada adicional de dramaturgia, acompanhando as transformações estéticas e simbólicas da artista ao longo do tempo.

A direção musical e os arranjos são de Daniel Rocha, que partiu de transcrições dos arranjos originais com adaptações pensadas para a cena. A montagem também dialoga com o universo espiritual e cultural que atravessa a obra de Gal, incorporando referências ao Candomblé, aos Orixás e às manifestações da cultura popular brasileira. As coreografias e a direção de movimento, assinadas por Semadha S Rodrigues, incluem ainda a presença da LIBRAS, ampliando o campo sensorial e comunicativo do espetáculo. Com produção da Paris Cultural e apresentação da Esfera, Gal, o Musical se anuncia como uma celebração da artista e, ao mesmo tempo, como um gesto político e poético: o de recolocar Gal Costa no centro de sua própria história, como mulher, criadora e voz que ajudou a reinventar a música brasileira.

Serviço
"Gal, o Musical", de Marília Toledo e Emílio Boechat
Temporada: 6 de março a 10 de maio de 2026
Horários: sextas-feiras, às 20h30. Sábados, às 16h30 e 20h30. Domingos, às 15h30 e 19h30.
Duração: 2h30, com intervalo
Primeiro ato: 1h15. Intervalo: 15 minutos. Segundo ato: 1h00.
Local: 033 Rooftop | Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041, Itaim Bibi, São Paulo – Complexo JK Iguatemi
Classificação etária: 14 anos. Menores de 14 anos apenas acompanhados dos pais ou responsáveis legais.

Setores e valores:
Mesa: de R$ 150,00 (meia) a R$ 300,00 (inteira)
Bistrô Alto: de R$ 125,00 (meia) a R$ 250,00 (inteira)
Plateia: R$ 100,00 (meia) e R$ 200,00 (inteira)
Popular: R$ 25,00 (meia) e R$ 50,00 (inteira)
Clientes Santander têm 30% de desconto nos ingressos inteiros, limitados a dois ingressos por CPF, conforme disponibilidade e regulamento.

Ingressos:
Internet: www.sympla.com.br

Bilheteria física:
Teatro Santander
Funcionamento: todos os dias, das 12h às 18h. Em dias de espetáculo, até o início da apresentação.
A bilheteria conta com totem de autoatendimento para compras sem taxa de conveniência, 24 horas por dia.

Descontos:
Meia-entrada: 50% de desconto, mediante apresentação de documento previsto em lei.
Cliente Santander: 30% de desconto, limitado a 20% da lotação do teatro, não cumulativo com meia-entrada, conforme legislação vigente.


Tags:
#GalOMusical #GalCosta #teatro #musical #teatromusical

sábado, 13 de dezembro de 2025

.: ResenhandoTeatro: ainda dá para curtir os musicais "Wicked" e "Titanique"

As férias de dezembro abrem uma grande oportunidade para curtir os dois musicais que seguem em cartaz nos teatros paulistas neste final de semana: "Wicked" e "Titanique". Como a equipe do Resenhando.com se deliciou com as duas montagens, recomendamos ambas. Uma eleva o nível de magia e encantamento entre as produções de teatro musical no Brasil, outra faz rir do início ao fim ao som de canções da cantora Céline Dion.

"Wicked - O Musical" segue em cartaz no Teatro Renault, em São Paulo, somente até 21 de dezembro de 2025, com sessões de quarta a domingo. A montagem com padrões elevados, capaz de garantir o voo, de fato, da bruxa verde, Elphaba (Mira Ruiz) por cima do público é, sem dúvida, um espetáculo inesquecível e que agrada a todo família. Não somente para os fãs do fenômeno cultural, mas também para os que amam uma impecável encenação com muita cantoria. Portanto, garanta os ingressos deste espetáculo que foi prorrogado ao longo de 2025, mas chegará ao fim da temporada.

Outra super opção de entretenimento, mas para o público adulto, é o musical "Titanique", em cartaz em São Paulo somente até o dia 14 de dezembro de 2025, no Teatro Sabesp Frei Caneca. A comédia irreverente parodia o filme Titanic usando os grandes sucessos da cantora e compositora canadense Céline Dion para recontar a história do casal Jack e Rose, com narração, logo garantindo inferências hilárias da própria diva pop, interpretada com maestria por Alessandra Maestrini. 


"Wicked"

Elenco Principal: Elphaba: Myra Ruiz; Glinda: Fabi Bang. Outros Nomes: Tiago Barbosa, Marcelo Médici, Diva Menner, Cleto Baccic, Nayara Venancio e Dante Paccola, entre outros artistas.

Produção: Instituto Artium de Cultura em coprodução com o Atelier de Cultura.

Direção Nacional: Ronny Dutra.

Direção Musical e Regência: Maestro Thiago Rodrigues.

Duração: Aproximadamente 3 horas, com um intervalo.

Classificação Indicativa: Não recomendado para menores de 10 anos (para a temporada de 2025).

.: Crítica: musical “Wicked” desafia a gravidade e as expectativas


"Titanique"

Elenco: Alessandra Maestrini (Céline Dion), Marcos Veras (Jack), Giulia Nadruz (Rose), Luis Lobianco (Ruth, mãe da Rose), George Sauma (Cal), Wendell Bendelack (Victor Garber) e Talita Real (Molly Brown).

Direção Artística: Gustavo Barchilon. 

Direção de Produção: Thiago Hofman. 

Direção Musical, Arranjos e Orquestração: Thiago Gimenes. 

Direção de Movimento/Coreografia: Alonso Barros. 

Cenografia: Natália Lana. 

Figurino: Theodoro Cochrane. 

Desenho de Luz: Maneco Quinderé. 

Visagismo: Feliciano San Roman. 

Design de Som: André Breda (ou João Baracho, dependendo da fonte). 

Assistência de Direção: Talita Real e Gabi Camisotti. 

Duração: 110 minutos, sem intervalo.

Classificação indicativa de 12 anos. 

.: No musical "Titanique", Céline Dion assume o leme e vira furacão pop

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

.: ‘A Lista’, comédia inédita estrelada por Lilia Cabral, chega à TV Globo


Lilia Cabral protagoniza comédia ao lado de Giulia Bertolli, filha dela na vida real. Foto: Globo/ Angélica Goudinho


Sucesso de público e crítica, assistido por mais de 50 mil pessoas em casas de teatro desde 2022, a peça teatral "A Lista" ganha uma adaptação para as telas com data de estreia marcada para esta segunda-feira, dia 17 de fevereiro, na TV Globo. Estrelada pelas atrizes Lilia Cabral e Giulia Bertolli, mãe e filha na vida real, a comédia conta a história de Laurita, uma professora aposentada, moradora de Copacabana, que se vê obrigada a estabelecer uma relação com uma vizinha décadas mais nova, a cantora lírica Amanda, personagem de Giulia. O encontro das duas desencadeia um turbilhão de sentimentos, lembranças e descobertas que marcarão a vida delas para sempre. Gustavo Pinheiro, autor da peça, também assina o roteiro do filme, com colaboração de Giulia Bertolli e supervisão de texto de Marcelo Saback. A direção é de José Alvarenga Jr.

 A primeira versão da história das duas personagens ganhou vida em 2020, ainda na pandemia, quando Lilia e Giulia encenaram pela primeira vez o texto de Gustavo Pinheiro em um teatro vazio, com apenas três câmeras que transmitiam a peça online para pessoas de todo o mundo. O tempo passou, a pandemia terminou e a possibilidade de encenar "A Lista" em um teatro com público tornou-se viável. E foi após assistir ao espetáculo pessoalmente que o diretor José Alvarenga Jr. pensou que a história renderia um filme.

 Na versão para a televisão, lugares, rostos e novos enredos tomam forma e incrementam a trama. Com isso, personagens que eram apenas citados na peça ganham corpo e, assim, somam-se ao elenco, que no teatro era formado apenas por mãe e filha, nomes como Tony Ramos, Leticia Colin, Vitor Britto, Zezeh Barbosa, Guida Vianna, Bia Montez, Rosamaria Murtinho, Betty Faria, Tony Tornado, Reginaldo Faria, Anselmo Vasconcellos, Eber Inácio e Cláudio Gabriel.

“O grande desafio desse texto foi transformar o que era falado na peça em concreto no filme. Assim apareceram as amigas de Laurita, os moradores do edifício. Eu, Gustavo Pinheiro, o autor, Lilia e Giulia conversamos muito sobre esse elenco. À medida que um personagem ia aparecendo no roteiro, fazíamos uma lista de sugestões de nomes para interpretá-los. Até porque víamos o elenco que cabia no projeto como um grande trunfo”, conta o diretor José Alvarenga Jr.

O que também passa a ser concreto na produção é o bairro de Copacabana que, mais do que um cenário, é um personagem e um grande homenageado da trama. “Uma das coisas mais legais de ter adaptado a peça para o cinema foi poder mostrar Copacabana – esse bairro que é uma verdadeira metáfora do Brasil, louco e adorável. É bairro onde acontecem a parada LGBTQIA+, festas evangélicas e o maior réveillon do mundo. Tudo pode ali, inclusive essa reinvenção de vidas. Cada janelinha de Copacabana tem alguém, tem uma vida. Isso é muito bonito”, comenta o autor Gustavo Pinheiro.

"A Lista" é o quarto longa-metragem produzido pelo Núcleo de Filmes dos Estúdios Globo. Escrito por Gustavo Pinheiro, com colaboração de Giulia Bertolli e supervisão de texto de Marcelo Saback, o filme tem direção artística de José Alvarenga Jr. Luciana Monteiro e Raphael Cavaco assinam a produção e a supervisão artística é de José Luiz Villamarim. O filme vai ao ar na TV Globo nesta segunda-feira, dia 17 de fevereiro, no "Tela Quente".

domingo, 5 de janeiro de 2025

.: Com direção Ilana Kaplan, espetáculo "Paródias In Concert" estreia no Teatro Uol


Após temporada de sucesso, Aquela Dupla, composta pelas atrizes Livia La Gatto e Renata Maciel, está de volta à cena paulistana com o espetáculo "Paródias In Concert". Foto: Weslei Soares

Conhecidas pelas paródias, que conquistaram o público nas redes sociais, Aquela Dupla retorna a São Paulo para uma experiência única, misturando humor e música ao reinterpretar clássicos da MPB e sucessos internacionais. O show "Paródias In Concert", com Livia La Gatto e Renata Maciel, sob a direção da atriz Ilana Kaplan, acontecerá de 11 de janeiro a 2 de fevereiro no Teatro Uol, que fica no Shopping Pátio Higienópolis.

O espetáculo traz novas paródias e momentos hilários, mantendo o público envolvido do início ao fim. O sucesso da dupla nas redes sociais, com milhões de visualizações, agora se traduz em apresentações ao vivo que não perdem a essência irreverente e crítica que as consagrou.


Ficha técnica
Espetáculo 
"Paródias In Concert"
Elenco: Livia La Gatto e Renata Maciel
Direção: Ilana Kaplan
Produção Executiva: Luisa Toledo
Realização: Ventilador de Talentos
Técnico de luz: Jânio Silva
Técnico de som: Éder Sousa
Designer e rede sociais:  Pierre da Rosa
Contrarregra: Venicio Alvarenga
Coordenador geral: Paulo Marcel


Serviço
Espetáculo 
"Paródias In Concert"
Elenco: Livia La Gatto e Renata Maciel
Direção: Ilana Kaplan
Duração: 60 minutos
Classificação: 14 anos
Gênero: comédia
Temporada: de 11 de janeiro a 2 de fevereiro de 2025
Horário: sábados, às 22h00, e domingos, às 20h00.
Ingressos: a partir de R$ 50,00
Ingressos on-line: https://teatrouol.com.br
Bilheteria: quartas e quintas-feiras, das 17h00 às 20h00, sextas-feiras, das 16h00 às 20h00, sábados, das 13h00 às 22h00, e domingos, das 13h00 às 20h00.
Informações e reservas para grupo: @ventiladordetalentos
Teatro Uol | 300 lugares
Shopping Pátio Higienópolis - Av. Higienópolis, 618 / Terraço
Telefone: (11) 3823-2323

domingo, 15 de setembro de 2024

.: Crítica: "Querido Evan Hansen": as mentiras piedosas em musical sensível


Produzido pela Estamos Aqui Produções, de “A Cor Púrpura”, e Touché Entretenimento, de “Beetlejuice”, o espetáculo vencedor de 6 Prêmios Tony chega ao Brasil para, além de entreter, sensibilizar e apoiar a saúde mental dos jovens. Gab Lara é Evan Hansen em "Querido Evan Hansen" | Foto: Carlos Costa

Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

Evan Hansen é, talvez, o personagem mais controverso dos musicais lançados na Broadway. Certeza, no entanto, é que ele é o mais abnegado de todos. No musical "Querido Evan Hansen", em cartaz até dia 22 no Teatro Liberdade, defendido pelo talento de Gab Lara - o personagem brilha em cada apresentação, tudo pela entrega do intérprete - que tem a maturidade e as nuances certas para cada passo do personagem. É correto afirmar, também, que o Brasil encontrou o ator ideal para defender personagem tão emblemático. Tudo em Gabs grita Evan Hansen e a sua voz afinada, e os seus olhos de mar, transmitem pureza a um personagem que, de tão politicamente incorreto, também é o mais humano de todos os que o público está habituado.

A abnegação vem do fato de Evan Hansen mentir o tempo todo para proteger os outros de uma realidade duríssima. E esse desprendimento, a partir de "mentiras piedosas" que ele distribui à torto e à direita durante todo o espetáculo, fazem do personagem alguém que mata a si próprio por dentro para agradar os outros. Ele abre mão do que ele é para dizerem o que as pessoas querem ouvir - o problema é começar a se beneficiar, e a gostar disso. 

Versão brasileira da Estamos Aqui Produções e Touché Entretenimento, "Querido Evan Hansen", que faz barulho no mundo inteiro, já pode ser considerado um clássico contemporâneo, tendo em vista que é composto por alguns elementos que fazem a cabeça da juventude moderna - a viralização pela internet que tira alguém do completo anonimato para alçar a fama e realizar grandes feitos é tudo o que a maioria almeja e é experimentado por Evan Hansen, o que pode gerar identificação com ele. 

Do outro lado da história, está Vanessa Gerbelli, intérprete da mãe do protagonista. Ela é destaque absoluto no espetáculo e, ao mesmo tempo, um chamariz. Rosto conhecido nas telenovelas brasileiras, ela surpreende ao público ao misturar o carisma de uma personagem que tem dilemas reais, e uma voz cristalina. Thati Lopes, mais conhecida pela comédia, surpreende em um papel dramático. Além de convencer como uma adolescente que busca recomeçar após uma situação de luto, também entrega uma bela voz afinada e, ao mesmo tempo, desconcertante. 

Hugo Bonemer empresta seu talento ao personagem que é a chave de tudo o que acontece na trama. É a partir da história dele que a história avança e tê-lo em qualquer espetáculo é, hoje, uma espécie de selo de qualidade. Sobre a direção delicada de Tadeu Aguiar, capaz de abordar com certa leveza um tema tão perene e indigesto, "Querido Evan Hansen" vai crescendo sustentado por grandes interpretações. Gui Figueiredo e Tati Christine dão leveza ao espetáculo e rendem bons momentos. Mouhamed Harfouch e Flávia Santana adicionam drama na medida certa na tarefa árdua de interpretar pais que perderam um filho. 

"Querido Evan Hansen" é daquelas obras em que tudo colabora para que seja inesquecível. Das músicas à escalação do elenco, dos cenários à orquestra ao vivo, o espetáculo faz refletir sobre o peso das escolhas que são assumidas pelo caminho e a importância de ser genuíno consigo mesmo e com os outros. Também aponta para saídas mais verdadeiras, como mudar de ideia no meio do percurso.



Ficha técnica
Musical "Querido Evan Hansen"
Elenco: Gab Lara, Vannessa Gerbelli, Mouhamed Harfouch, Flavia Santana, Hugo Bonemer, Thati Lopes, Gui Figueiredo e Tati Christine.
Produzido por Estamos Aqui Produções e Touché Entretenimento
Concepção, tradução e direção original: Tadeu Aguiar
Produção geral: Renata Borges Pimenta e Eduardo Bakr
Direção musical: Liliane Secco
Direção de movimento e Coreografias: Suely Guerra
Cenografia: Natália Lana
Figurinos: Ney Madeira e Dani Vidal
Design de luz: Dani Sanchez
Design de som: Gabriel D’Angelo
Conteúdo e imagens: Agência Control+
Assessoria de imprensa: GPress Comunicação > Grazy Pisacane


Serviço
Musical "Querido Evan Hansen"
Teatro Liberdade - R. São Joaquim, 129, São Paulo - São Paulo
Até dia 22 de setembro
Sessões: às sextas-feiras, às 21h00, sábados, às 16h00 e às 20h00, domingos, às 16h00
Valor: R$ 60,00 e R$ 280,00
Vendas: Site Sympla (com taxa de conveniência) | Bilheteria do Teatro
Duração: 2h30min (com intervalo de 15min)
Gênero: Musical
Classificação: 14 anos
*Desconto 35%: Obtenha 35% de desconto no ingresso inteiro ao preencher o formulário durante o processo de compra.
Obs: Para comprar mais de um ingresso nessa modalidade, basta preencher um formulário por ingresso conforme será solicitado. Desconto disponível para todos os públicos.
*Clientes Glesp:  Clientes Glesp tem 25% de desconto nos ingressos inteiros mediante a aplicação do cupom, limitado a 4 ingressos por cupom. Válido para todos os setores.


Horário de funcionamento de bilheteria
Atendimento presencial: de terça à sábado das 13h00 às 19h00. Domingos e feriados apenas em dias de espetáculos até o início da apresentação.


sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

.: Superprodução "Cinderella" retorna ao Teatro Liberdade para nova temporada


Com direção de Billy Bond, o musical baseado no conto original dos Irmãos Grimm terá nova temporada a partir do dia 6 de janeiro. Foto: divulgação


Após lotar o teatro na cidade de Riad, na Arábia Saudita com seus efeitos especiais e iluminação impressionantes, o espetáculo "Cinderella" retorna ao palco do Teatro Liberdade para uma nova temporada no Brasil: entre 6 de janeiro e 4 de fevereiro de 2024, com apresentações aos sábados e domingos, às 16h. 

A superprodução é dirigida por Billy Bond, que já encantou milhões de espectadores no Brasil, Argentina, Chile, Peru, e agora traz seus elementos mágicos e envolventes para mais uma temporada de sucesso, continuando a tradição que marcou suas montagens de clássicos como "A Bela e a Fera", "Natal Mágico", "Mágico de Oz" e "Branca de Neve".

O espetáculo "Cinderella" é baseado no conto do livro original dos Irmãos Grimm e tem adaptação de Billy Bond e Lilio Alonso. “As crianças acreditam no que dizemos a elas, têm completa fé em nós, acreditam em fadas, bruxas, príncipes, princesas e por isso, eu lhes peço um pouco dessa inocência infantil para contarmos esta história. Era uma vez...”, convida Bond.

Na trama, Cinderella era filha de um comerciante rico, mas, depois que seu pai morreu, sua madrasta tomou conta da casa. Então, a jovem passou a viver com a malvada esposa de seu pai, junto das duas filhas dela que invejavam a beleza da protagonista. Cinderella tinha de fazer todos os serviços domésticos e ainda era alvo de deboches e malvadezas.

Um belo dia é anunciado que o Rei realizará um baile para que o príncipe escolha sua esposa dentre todas as moças do reino. No convite distribuído aos cidadãos, havia o aviso de que todas as moças deveriam comparecer ao baile promovido pelo Rei. A madrasta de Cinderella sabia que ela era a mais bonita da região e disse que ela não poderia ir porque não tinha um vestido apropriado. 

A menina, então, costura um vestido de retalhos muito bonito com a ajuda de seus amigos da floresta, passarinhos, ratinhos e esquilos. Porém, a madrasta não queria que Cinderella comparecesse ao baile, pois sua beleza impediria que o príncipe se interessasse por suas duas filhas.

Sendo assim, ela e as filhas rasgam o vestido, dizendo que não tinham autorizado Cinderella a usar os retalhos que estavam no lixo. Muito triste, Cinderella vai para seu quarto no sótão e chora junto à janela, olhando para o Castelo na colina. De suas orações e lágrimas, surge a fada-madrinha que conforta a moça e usa de sua mágica para criar um lindo vestido e uma bela carruagem. Porém, antes de sua afilhada sair, a fada-madrinha lhe deu um aviso: a moça deveria chegar antes da meia-noite ou toda a mágica iria se desfazer aos olhos de todos.

Cinderella chega à festa como uma princesa. Estava tão bonita que não foi reconhecida, exceto pela madrasta, que passou a noite inteira dizendo para as filhas que achava que conhecia a moça de algum lugar, mas não conseguia dizer de onde. O príncipe, logo que a vê, convida-a para dançar. Eles bailam a noite inteira, conversam e riem como duas almas gêmeas e logo percebem que foram feitos um para o outro.

Quando o relógio badala as doze batidas e um minuto, Cinderella precisa sair correndo. E, na pressa, deixa um dos seus sapatinhos de cristal na escadaria. O príncipe, muito preocupado por não saber o nome da moça ou como reencontrá-la, pega o sapatinho e sai em busca da moça pelo reino e outras cidades.

Muitas damas dizem serem donas do sapatinho, mas o pé de nenhuma delas se encaixava perfeitamente no calçado. Quando o príncipe bate à porta da casa de Cinderella, a madrasta tranca a jovem no sótão e deixa apenas que suas duas filhas experimentassem o sapatinho. Apesar de muito esforço, o sapatinho de cristal não serve em nenhuma das duas. E um ajudante do príncipe percebe que há uma moça na janela do sótão da casa.

Sob as ordens do príncipe, a madrasta tem que deixar Cinderella descer. A moça, então, experimenta o sapatinho, mas, antes mesmo que ele servisse em seus pés, o príncipe já tinha dentro do seu coração a certeza de que havia reencontrado o amor de sua vida. Cinderella e o príncipe se casam em uma linda cerimônia e são felizes para sempre.


Números do espetáculo
O musical tem os diálogos e as músicas cantadas em português, muitos efeitos especiais e de iluminação, gelo seco, telões em 3D, levitações, ilusionismo e cheiros. Todos os recursos são utilizados para que a plateia tenha a sensação de fazer parte do musical. A produção conta com 25 atores, 15 técnicos e a equipe completa totaliza 50 profissionais. O espetáculo tem cinco trocas de cenários, 28 toneladas de equipamentos e efeitos visuais deslumbrantes.


Ficha técnica
Espetáculo "Cinderella". Direção de dramaturgia: Marcio Yacoff. Arranjos e direção musical: Vila/Bond. Adereços e próteses: Gilbert Becoust. Diretor vocal: Thiago Lemmos. Designer de coreografia: Italo Rodrigues. Realização cenográfica: Cyrus oficinas. Designer de figurinos: Carlos Alberto Gardin. Designer make up artist: João Boccaletto. Direção técnica: Angelo Meireles. Fotos: Henrique Tarricone. Direção geral de produção: Andrea Oliveira. Direção geral: Billy Bond. Apresentado por Ministério da Cultura e Grupo Bradesco Seguros. Realização: Gepeto Produções e Black and Red. Ministério da Cultura e Governo Federal. Elenco: Paula Canterini (Cinderella), Renan Cuise (Príncipe), Vanessa Ruiz (Madrasta), Luana Martins (Anastacia), Joana Lapa (Criselda), Fernanda Perfeito (Fada), Marcos Antonelli (Rei), Marcio Yacoff (Duque) e Italo Rodrigues (Mensageiro). Ratos: Ricardo Mesquita, Leonardo Souza, Axila Felix e Gabriela Hage. Corpo de baile: Axila Felix, Carla Reis, Gabriela Hage, Mayla Betti, Tayanne Zandonato, Hudson Ramos, Leonardo Souza, Mateus Laurini, Ricardo Mesquita e William Santana. Adaptação: Billy Bond e Lilio Alonso. Diretor geral de dramaturgia: Billy Bond, Andrew Mettine. Direção de cena : Marcio Yacoff. Coreografia: Italo Rodrigues. Direção musical: Bond e Villa. Designer de som: Paul Gregor Tancrew. Designer de luz: Paul Stewart. Efeitos especiais: Gabriele Fantine. Filmes e animações: George Feller e Lucas Médici. Mappings: Nicolas Duce. Direção de produção: Andréa Oliveira. Direção geral: Billy Bond.


Serviço
Espetáculo "Cinderella", com direção de Billy Bond. Temporada: de 6 de janeiro a 4 de fevereiro de 2024. Aos sábados e domingos, às 16h. Sessões especiais: 25 de janeiro, às 16h, e 4 de fevereiro, às 11h. Ingressos: Balcão II: R$ 50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia-entrada). Balcão I: R$ 170,00 (inteira) e R$ 85,00 (meia-entrada). Plateia: R$ 190,00 (inteira) e R$ 95,00 (meia-entrada). Plateia Premium: R$ 220,00 (inteira) e R$ 110,00 (meia-entrada). Clientes Glesp tem 25% de desconto nos ingressos inteiros mediante a aplicação do cupom, limitado a quatro ingressos por cupom. Válido para todos os setores. Internet (com taxa de conveniência): https://bileto.sympla.com.br/event/87003/d/216847. Bilheteria física (sem taxa de conveniência): De terça a sábado, das 13h às 19h. Domingos e feriados apenas em dias de espetáculos até o início da apresentação. Teatro Liberdade - Rua São Joaquim, 129, Liberdade/São Paulo. Classificação: livre Gênero: infantil/família. Duração: 120 minutos. Capacidade: 900 pessoas. Acessibilidade: teatro acessível para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

.: "Vestido de Noiva", do Grupo Oficcina Multimedia, estreia temporada no CCBB


Com direção de Ione de Medeiros, espetáculo criado a partir da obra de Nelson Rodrigues celebra os 45 anos de atuação cultural ininterrupta do grupo, que tem como marca a ênfase à experimentação e ao risco. Foto: Netun Lima

Depois de uma temporada de estreia com sessões esgotadas no CCBB de Belo Horizonte, chega a São Paulo o espetáculo "Vestido de Noiva", obra do dramaturgo Nelson Rodrigues, nova montagem do Grupo Oficcina Multimédia (GOM) com direção de Ione de Medeiros. As apresentações acontecem de 18 de agosto a 24 de setembro de 2023, quintas e sextas, às 19h; sábados e domingos, às 17h. Os ingressos custam R$30 (inteira) e R$15 (meia-entrada) e podem ser adquiridos na bilheteria do CCBB SP ou pelo site bb.com.br/cultura.

Com patrocínio e apresentação do Banco do Brasil e realizado pelo Governo Federal , a montagem integra as comemorações dos 45 anos de atuação cultural ininterrupta do Grupo Oficcina Multimédia (GOM) e os 40 anos de direção artística de Ione de Medeiros.

Há exatamente 80 anos, "Vestido de Noiva" deu início ao processo de modernização do teatro brasileiro. "A peça lida com o inconsciente e com a falta de uma ordem cronológica, o que nos desafiou a construir uma dinâmica de montagem que pudesse levar o público à compreensão destas camadas de acontecimentos e diálogos que se relacionam", diz Ione de Medeiros, diretora.

No elenco estão Camila Felix, Henrique Torres Mourão, Jonnatha Horta Fortes, Júnio de Carvalho, Priscila Natany e Victor Velloso, que se revezam nas cenas entre personagens masculinos e femininos, sem distinção de sexo, numa performance que dá continuidade à proposta de duplos e trios como no espetáculo anterior da companhia, “Boca de Ouro” (2018/2019). Após a temporada paulistana, o Grupo Oficcina Multimédia circula com "Vestido de Noiva" pelos CCBBs Rio de Janeiro (4 a 29 de outubro) e Brasília (9 de novembro a 3 de dezembro).


O espetáculo
O ponto de partida de "Vestido de Noiva" é a história de Alaíde, personagem que após ser atropelada por um carro em alta velocidade se vê numa mesa de cirurgia, entre a vida e a morte. A partir desta cena se desenrola a trama que utiliza em sua dramaturgia e cenário três planos que se intercalam: o da realidade, o da alucinação e o da memória. O plano da realidade é tratado pelo fato de Alaíde estar em uma mesa de cirurgia com diagnósticos médicos, procedimentos cirúrgicos e tensões refletidas a partir de um ambiente frio composto basicamente de cadeiras, mesas e macas hospitalares de aço inox nas cores prata, branco e preto. Um cenário com aspecto duro, gélido e higienizado que remete aos ambientes assépticos de salas de cirurgia e corredores de hospitais.

"Nas narrativas que compõem o plano das alucinações de Alaíde ela passa a debater com a enigmática Madame Clessi em busca de reconstruir sua própria identidade. Já nos momentos de memória, Alaíde se depara com sua história familiar e a conturbada relação com a irmã e o marido”, conta a diretora Ione de Medeiros, que ressalta a contemporaneidade da obra de Nelson Rodrigues e sua genialidade.

A abstração da narrativa perpassa por uma dramaturgia fragmentada e de teor intenso para reprodução da mente da personagem, entre suas memórias e alucinações. Por este argumento absolutamente inusitado, a peça traz uma perspectiva não linear e aparentemente caótica, o que foi um desafio para o GOM. No espetáculo, um narrador em vídeo conduz a história e ajuda o público a ir conectando peças como num quebra-cabeça. “Para trazer dinamismo, misturamos vídeos com material cênico dialogando com os atores, trazendo mais riqueza para a montagem. Esses desafios tornam o processo de criação mais complexo e, ao mesmo tempo, mais vibrante e interessante de ser produzido”, relata Ione de Medeiros.

O espetáculo mantém a dramaturgia original da peça de Nelson Rodrigues, e incorpora soluções cênicas que são marcas da identidade do GOM, tais como como as movimentações de cenário e objetos "O material cênico tem rodinhas e alturas variadas, o que possibilita aos atores se posicionarem em níveis diferentes, conferindo à cena uma atmosfera de flutuação e, ao cenário, uma mobilidade fluida", explica Ione.

Além disso, a narrativa dialoga entre o texto, o vídeo, o material cênico, a trilha sonora, e as coreografias. Algumas vezes separadamente, outras com ações simultâneas. “O Multimédia tem este perfil multimeios desde sua origem, o que se define pela multiplicidade das informações na encenação, os diferentes usos do espaço, a tecnologia, a diversidade das referências para as montagens e ênfase na criatividade, sempre fiel à experimentação e ao compromisso com o risco”; relembra Ione.

Uma curiosidade é que, como o espetáculo começou a ser concebido antes da pandemia, os ensaios adentraram o período de isolamento físico de forma remota e on-line. "Descobrimos as infinitas possibilidades de criar cenas em vídeo usando somente os recursos que tínhamos à disposição em casa. Diante de um fundo verde, os atores gravavam as cenas usando as câmeras de seus próprios celulares. Posteriormente, editamos essas cenas e incluímos os atores em cenários diferentes, utilizando a técnica do chroma key. Gravamos os diálogos pelo Google Meet para que os atores utilizassem como guias em suas falas. A iluminação era feita com os abajures e luminárias que cada um possuía em casa, e o áudio captado pelos fones de ouvido dos celulares dos próprios atores".

A diretora, responsável pelo processo criativo, conta que diante da precariedade dos tradicionais recursos offline, foi preciso muita criatividade para criar, em vídeo, uma proposta coerente com a linguagem multimeios do GOM e sintonizada com a atmosfera rodrigueana da obra. "No final, acredito que a concentração nesse trabalho de vídeo experimental não só serviu para aprofundarmos ainda mais a compreensão da obra de Nelson Rodrigues, como nos ajudou a atravessar a pior fase da pandemia, possibilitando adquirir novos conhecimentos de técnicas audiovisuais, o que também faz parte da proposta do GOM".

Alguns trechos gravados à época foram mantidos na montagem que chega agora aos palcos paulistanos. “​​Fizemos ensaios on-line todas as noites durante um ano e meio. Mesmo consolidando uma versão experimental da peça em vídeo, não tínhamos a intenção de apresentá-la como um espetáculo on-line", explica a diretora.


45 anos de GOM
Além de marcar as celebrações dos 45 anos do Grupo Oficcina Multimédia e 40 anos de direção teatral de Ione de Medeiros, "Vestido de Noiva", a 24.ª montagem, dá continuidade a uma proposta de imersão na obra de Nelson Rodrigues, iniciada com “Boca de Ouro” (2018/2019), que teve temporadas em Belo Horizonte (CCBB BH) e São Paulo (SESC Santo Amaro) com apresentações com ingressos esgotados.

O Grupo Oficcina Multimédia, da Fundação de Educação Artística, foi criado em 1977, pelo compositor Rufo Herrera, no XI Festival de Inverno da UFMG. Sob a direção de Ione de Medeiros desde 1983, o Grupo montou 24 espetáculos. Além de Ione de Medeiros, Jonnatha Horta Fortes e Henrique Mourão integram o GOM. Paralelamente à sua atividade teatral, o Grupo realiza em Belo Horizonte (MG) eventos culturais como Bloomsday, Bienal dos Piores Poemas e Verão Arte Contemporânea, este último completou sua 15ª edição em 2023.

Ione de Medeiros acaba de lançar um livro contando a trajetória do Grupo pelo selo Lucias da SP Escola de Teatro. Disponível nos sites www.oficcinamultimedia.com.br e www.spescoladeteatro.org.br/biblioteca/selo-lucias.


Sinopse
"Vestido de Noiva" é uma peça teatral de Nelson Rodrigues na qual o autor mescla realidade, memória e alucinação para contar a triste história de Alaíde. Após ser atropelada por um carro em alta velocidade, ela é hospitalizada em estado de choque. Na mesa de cirurgia, oscilando entre a vida e a morte, a mente de Alaíde visa reconstruir sua própria história, e aos poucos seus sonhos inconscientes e desejos mais inconfessáveis vêm à tona.

Quem vai ajudá-la nesse processo é a enigmática Madame Clessi. Juntando as peças desse quebra-cabeça, ela conduz Alaíde na busca pela reconfiguração de sua própria identidade. "Vestido de Noiva", escrita em 1943, mantém-se atual: o que poderia parecer um drama familiar revela-se uma tragédia de alcance universal. Nessa obra, dividida em três atos, Nelson Rodrigues conta uma história a partir da análise do interior da mente da personagem, ou seja, de seu espírito, de sua psique, de sua alma.

Ficha técnica
Espetáculo "Vestido de Noiva". Direção, concepção cenográfica e figurino: Ione de Medeiros. Assistência de direção, figurino e preparação corporal: Jonnatha Horta Fortes. Elenco: Camila Felix, Henrique Torres Mourão, Jonnatha Horta Fortes, Júnio de Carvalho, Priscila Natany e Victor Velloso. Elenco em vídeo: Alana Aquino, Heloisa Mandareli, Henrique Torres Mourão, Hyu Oliveira, Jonnatha Horta Fortes e Thiago Meira. Texto: Nelson Rodrigues (1943). Criação de luz: Bruno Cerezoli. Coordenação de montagem de luz: Piccolo Teatro Meneio. Operação de luz: Cyntia Monteiro. Concepção de trilha sonora: Francisco Cesar e Ione de Medeiros. Mixagem e finalização de áudio: Henrique Staino | Sem Rumo Projetos Audiovisuais. Operação de trilha sonora: Eduardo Shiiti. Vídeo, concepção e edição: Henrique Torres Mourão e Ione de Medeiros. Finalização de vídeo: Daniel Silva. Citações no vídeo: Performance “Ophelia”, vídeo de Gabriela Greeb |”Ondina”, performance de Luanna Jimenes, vídeo de Gabriela Greeb |Coreografia “Tango Queer” - Tango Fem Buenos Aires (Nancy Ramírez y Yuko Artak). Operação de vídeo: Daniel Silva. Projeto gráfico: Adriana Peliano. Fotografia: Netun Lima. Assistente de fotografia: Yan Lessa Lema. Assessoria de imprensa: Canal Aberto. Gerenciamento financeiro e prestação de contas: Roberta Oliveira - MR Consultoria. Produção executiva: Corpo Rastreado e Grupo Artes/Eventos Multimédia (Grupo Oficcina Multimédia). Apresentação e patrocínio: Banco do Brasil. Realização: Governo Federal.

Serviço
Espetáculo "Vestido de Noiva". Montagem: Grupo Oficcina Multimédia. Temporada: de 18 de agosto a 24 de setembro de 2023, sempre de quinta a domingo. Horário: quinta e sexta às 19h, sábado e domingo às 17h. Local: Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo - CCBB SP. Endereço: Rua Álvares Penteado, 112 - Centro Histórico/São Paulo. Próximo à estação São Bento do Metrô. Duração: 90 minutos. Recomendação: 14 anos. Ingressos: R$ 30,00 (inteira) / R$ 15,00 (meia-entrada). Vendas: bilheteria do CCBB BH ou pelo site bb.com.br/cultura. Informações: bb.com.br/cultura | (11) 4297-0600 | Redes Sociais: instagram.com/Ccbbsp | facebook.com/ccbbsp | twitter.com/ccbb_sp | @oficcinamultimedia. CCBB SP - Aberto todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças. Estacionamento conveniado: Rua da Consolação, 228, com traslado gratuito até o CCBB. Parada no Metrô República no trajeto de volta. Consulte horário de funcionamento em nossas redes sociais. R$14 pelo período de 6 horas (necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB).

sábado, 10 de junho de 2023

.: Crônica: "O Guarda Costas - O Musical" é showzão de Leilah Moreno

Cena de "O Guarda Costas - O Musical" em cartaz no Teatro Claro, São Paulo. Foto: Helena Mello


Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em junho de 2023


"O Guarda Costas - O Musical", em cartaz no Teatro Claro, em São Paulo, até o dia 11 de junho, não é somente uma belíssima adaptação teatral da 4ACT para o marcante filme de 1992 com a diva Whitney Houston e o ator Kevin Costner. O espetáculo brasileiro protagonizado pela cantora Leilah Moreno, a Whitney Houston do Brasil, como Rachel Marron, é um verdadeiro show de emoção para se assistir com toda a família.

Empolgante e arrepiante do início ao fim, a montagem dá o devido destaque para aquela mulher talentosa que ficou conhecida por todo o Brasil no show de calouros, programa televisivo, apresentado por Raul Gil. Contudo, ver Leilah Moreno que lançou CD, atuou em novelas e séries, além de brilhar com destaque na Banda do programa Altas Horas, a dona de uma voz ímpar, num musical de teatro na pele de outra diva da música gera uma experiência inesquecível a qual pude viver no dia do meu aniversário. E que presentão!

Mesmo com as mudanças tecnológicas, tenho o CD dela, dado com amor por meu maridão quando ainda namorávamos. Para tornar todo o espetáculo ainda mais interessante, tive uma nova surpresa. Durante o espetáculo, enquanto me debulhava em lágrimas de felicidade e encantamento, tentando cantar as canções (originais em inglês, pois há versões lindas que ficam na mente e você pode se pegar cantando por vezes após a apresentação), alguém ao lado notou o quanto eu estava embarcando na apresentação. Era o marido de Leilah Moreno, quem também assistia a tudo com admiração.

No fim, testemunhar aquele show em formato de musical, podendo conversar com o parceiro de quem admirava foi ainda mais especial. Somando a expectativa para a apresentação, o musical em si e o intervalo, fica guardada com carinho, a sensação única de alegria imensurável por vê-la atuar tão pertinho e soltando o vozeirão com as canções de Whitney Houston que vão além das do filme "O Guarda Costas - O Musical"

Para fechar com chave de ouro, há ainda a dobradinha vocal de Leilah Moreno com Talita Cipriano, que interpreta a irmã da protagonista, Nikki Marron, representando o encontro de dois vozeirões que levam o público para um estado de espírito de pura paz e alegria. Garantindo arrepios mil. Se eu recomendo "O Guarda Costas - O Musical"? Sem dúvida. Fabrizio Gorziza, intérprete de Frank Farmer, personagem que dá nome ao musical é extremamente carismático e complementa a personalidade de Rachel Marron. O espetáculo é imperdível e só fica em cartaz até o dia 11 de junho. Não perca!!

* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm

Serviço
"O Guarda-Costas - O Musical"
Temporada até 11 de junho de 2023. Local: Teatro Claro SP – Shopping Vila Olímpia - R. Olimpíadas, 360 - Vila Olímpia/São Paulo. Capacidade: 799 pessoas Site: teatroclarosp.com.br. Classificação: 12 anos. Duração: 125 minutos. Acessibilidade. Ar-condicionado. Sessões: quinta e sexta-feira, às 21h. Sábado, às 17h30 e 21h. Domingo, às 19h. Ingressos: de R$ 50 a R$ 200. Obs.: confira legislação vigente para meia-entrada. Canais de venda oficiais: www.sympla.com.br - com taxa de serviço. Bilheteria física - sem taxa de serviço. Teatro Claro (Shopping Vila Olímpia). De segunda-feira a sábado, das 10h às 22h. Domingos e feriados, das 12h às 20h. Telefone: (11) 3448-5061.


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sexta-feira, 9 de junho de 2023

.: "O Guarda Costas - O Musical" em 11 motivos para não perder

 
Cena de "O Guarda Costas - O Musical" em cartaz no Teatro Claro, São Paulo. Foto: Helena Mello


Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em junho de 2023


"O Guarda Costas - O Musical", em cartaz no Teatro Claro, em São Paulo, vai além de um espetáculo e entrega um show impecável da cantora Leilah Moreno, a Whitney Houston do Brasil, na pele da personagem Rachel Marron que precisa dos cuidados de Frank Farmer. Confira a lista de 11 motivos para não perder a belíssima adaptação teatral da 4ACT para o marcante filme de 1992 e que fica em cartaz até o dia 11 de junho!

1. A montagem brasileira do filme para o teatro musical é mais do que um espetáculo, mas um verdadeiro show de atuação e voz da cantora Leilah Moreno em que interpreta canções de Whitney Houston, sem ficar restrita na trilha sonora do longa "O Guarda Costas - O Musical". Na montagem estão "Greatest Love of All", "How Will I Know", "One Moment in Time" e "I Wanna Dance With Somebody".

2. No elenco, além de Leilah Moreno, estão Fabrizio Gorziza, que interpreta o segurança Frank Farmer, Talita Cipriano, finalista da terceira temporada do "The Voice Kids" há cinco anos e Vinicius Conrad, como o stalker da protagonista.

3. No palco, dançarinos em figurinos deslumbrantes seguem no ritmo das músicas, além de soltarem a voz. Não há como esquecer o trio no karaokê: Mariah, Celine e Cyndi!

4. A cenografia caprichada complementa a atuação da equipe visivelmente em sincronia, seja nas cenas mais sérias, com direito a perseguição, ou de pura cantoria com direito a piano. 

5. "O Guarda Costas - O Musical" adapta o filme de 1992, logo a trama não é exatamente a mesma e as mudanças favorecem ainda mais a versão da história abrasileirada.



6. O espetáculo apresenta protagonistas e equipe de palco em figurinos dignos de um verdadeiro show. O que, de fato, é! 

7. Entre as músicas interpretadas, grande parte delas são cantadas em inglês, enquanto que há algumas versões em português que ficam na lembrança e, quando menos perceber, você irá cantarolar.

8. Além de Leilah Moreno fazer par com Fabrizio Gorziza, quem dá vida ao guarda-costas, há duetos emocionantes com Talita Cipriano, filha da Deise do "Fat Family", que é dona de uma voz limpa e tocante. Como segurar as lágrimas ao ouvi-la também nos solos do espetáculo? 

9. O musical entrega tensão com o sinistro stalker de Vinicius Conrad -que, de fato, assusta.

10. Embora seja um musical, o personagem que dá o nome ao espetáculo, o guarda-costas não sai cantando para declarar seu amor. Pelo contrário, há uma brincadeira dele quando é desafiado por Rachel Marron e acaba dando uma nova interpretação para “I Will Always Love You”.

11. Indica a todos, principalmente aos admiradores ou fãs de Whitney Houston, a montagem é simplesmente indispensável.


* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm

Foto: Helena Mello

Serviço
"O Guarda-Costas - O Musical"
Temporada até 11 de junho de 2023. Local: Teatro Claro SP – Shopping Vila Olímpia - R. Olimpíadas, 360 - Vila Olímpia/São Paulo. Capacidade: 799 pessoas Site: teatroclarosp.com.br. Classificação: 12 anos. Duração: 125 minutos. Acessibilidade. Ar-condicionado. Sessões: quinta e sexta-feira, às 21h. Sábado, às 17h30 e 21h. Domingo, às 19h. Ingressos: de R$ 50 a R$ 200. Obs.: confira legislação vigente para meia-entrada. Canais de venda oficiais: www.sympla.com.br - com taxa de serviço. Bilheteria física - sem taxa de serviço. Teatro Claro (Shopping Vila Olímpia). De segunda-feira a sábado, das 10h às 22h. Domingos e feriados, das 12h às 20h. Telefone: (11) 3448-5061.


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quinta-feira, 8 de junho de 2023

.: Crítica: "O Guarda Costas - O Musical" consegue ser melhor que o filme

Leilah Moreno brilha no papel de sua vida no teatro. Última apresentação de "O Guarda-costas - O Musical" será neste domingo, no Teatro Claro SP. Foto: Foto: Helena Mello

Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

Mais do que um espetáculo, "O Guarda-costas - O Musical" é uma celebração à música e à memória de Whitney Houston e pode ser visto até este domingo, dia 11 de junho, no Teatro Claro SP. A montagem brasileira do espetáculo, produzida pela 4ACT e dirigida por Ricardo Marques e Igor Pushinov, consegue a proeza de ser melhor que o filme da década de 90 que o inspirou. Grande parte do mérito disto acontecer é a entrega da protagonista, interpretada por Leilah Moreno, que nasceu para o papel. 

Intérprete da personagem principal, ela está entregue e devora tudo o que vem pela frente em mais de duas horas que parecem minutos. Encantado com o que a artista promove a partir da voz e do talento da artistas, o público não vê o tempo passar. Parece que Leilah Moreno, na pele de Rachel Marron, tem o poder de parar o tempo. Não há outra atriz no mundo capaz de interpretar um papel que foi de Whitney Houston como faz Leilah Moreno neste espetáculo.

Caloura do programa Raul Gil há 20 anos, quando ele ainda estava na Record TV, e vocalista da banda "Altas Horas", de Serginho Groisman na TV Globo, ela dá a impressão de que se preparou para o papel a vida inteira, até mesmo antes de saber que ele viria. E o que se vê no palco vai além de uma artista interpretando o papel de sua vida: é uma mulher realizando um sonho. 

No espetáculo, personagem e intérprete se misturam de uma maneira muito delicada e bonita. Sorte a do mundo ter presenciado uma voz como Whitney Houston para ouvir. Sorte a dos brasileiros terem Leilah Moreno para representá-la e, também, ser a artista que é, já que não se atém apenas a covers na produtiva carreira que mantém desde que estreou na televisão como um jovem promissora.

O musical não se atém às músicas do filme. Há, também, um compilado de hits da própria Whitney Houston, como "Greatest Love of All", "How Will I Know", "One Moment in Time" e "I Wanna Dance With Somebody", grandes sucessos da intérprete internacional, que não estão na trilha do longa-metragem, mas fazem total sentido estar na trilha da peça - além de o público gostar de ouvir, também foram em parte responsáveis para que Whitney Houston fosse convidada para o papel devido ao sucesso que tiveram quando foram lançados. No final, "O Guarda-Costas - O Musical" também pode ser visto como um grande show que homenageia uma artista imortal.

O espetáculo não faz apostas ousadas, o que é ótimo, e há pouquíssimas versões em português das canções do filme - que são boas, mas que talvez pudessem soar como "blasfêmias" a uma obra que não precisa ser mexida. As versões, quando aparecem, começam no idioma original. Não há muitas trocas de cenário, mas há muitos figurinos usados por Leilah Moreno. Eles fazem questão de lembrar o porquê de a personagem Rachel Marron ser tão emblemática até hoje no mundo do cinema.

Outro destaque é Talita Cipriano, finalista da terceira temporada do "The Voice Kids" há cinco anos. Agora uma jovem adulta, ela encara o desafio de interpretar o papel de Nicki, a irmã invejosa de Rachel - no espetáculo, no entanto, bem mais profunda e "boazinha" do que no filme - já que dá para entendê-la e, em partes, torcer por ela. São dela alguns dos grandes momentos do espetáculo.

Fabrizio Gorziza, que interpreta o segurança Frank Farmer, papel que pertenceu a Kevin Costner no filme. O guarda-costas brasileiro é extremamente carismático e dá humanidade a um personagem que é bem mais desafiador do que aparenta por ser tão seco. É muito coerente, também, o personagem não cantar - o que seria estranho dentro de todo o contexto. Isso só acontece em um momento engraçadinho do musical: quando ele canta desafinadamente “I Will Always Love You” em um karaokê.

Isso dá ainda mais sentido ao ponto alto do espetáculo, na grand-finale que todos esperam. Depois de passar pelos clássicos do longa-metragem “Run to You” e “I Have Nothing”, a protagonista relembra a música que foi cantada para ela, despretensiosamente, na noite do primeiro encontro, em um karaokê.  

Vinicius Conrad, o stalker do espetáculo, é realmente assustador. No papel do filho de Rachel, o menino Pedro Galvão, como Fletcher une momentos de fofura e talento nato a um espetáculo perfeito e sem pontas soltas. Tudo em "O Guarda-costas - O Musical" é natural, embora se saiba que foi exaustivamente ensaiado. O mérito de não deixar perceber o trabalho duro por traz dessa naturalidade é mérito de todos os envolvidos em um espetáculo desse porte. Nada parece forçado ou piegas.

"O Guarda-costas - O Musical" é uma celebração à vida, ao amor, ao cinema e, principalmente ao teatro. Pena que a última apresentação será na véspera do Dia dos Namorados no Brasil, embora a antecipação da data possa levar alguns casais a mais para assistir a esse, que é o espetáculo do ano.


Ficha técnica
"O Guarda-Costas - O Musical"
Equipe criativa. Diretor: Ricardo Marques. Diretor associado: Igor Pushinov. Diretor musical: Paulo Nogueira. Coreografo: Tutu Morasi. Cenário: Rogério Falcão. Visagista: Antonio Vanfill. Figurino: Bruno Oliveira. Desenho de som: Marcelo Claret. Desenho de luz: Rogério Cândido. Desenho de luz associado: Marcel Rodrigues. Assistente de coreografia/Coreógrafa residente: Victoria Ariante. Assistente de direção musical: Roniel de Souza. Versão brasileira: Sofia Bragança Peres, Silvano Vieira e Ricardo Marques. Produtor de objetos: Clau Carmo.

Equipe de Stage
Production Stage Manager (PSM): Tatah Cerquinho. Stage manager: Vivian Rodrigues. Stage manager: Renatinho.

Equipe de produção
Gerente de produção: Bia Izar; Produtora administrativa: Juliana Lorensseto. Produtor: Clayton Epfani

Equipe de comunicação
Produtora de conteúdo: Marilia Di Dio. Assessoria de imprensa: Pombo Correio. Agência de comunicação: AR Propaganda.

Elenco
Leilah Moreno (Rachel Marron). Fabrizio Gorziza (Frank Farmer). Talita Cipriano (Nicki). Pedro Galvão (Fletcher). Marcelo Goes (Bill). Vinicius Conrad (Stalker). Nalin Junior (Tony). Victor Barreto (Sy Spector) Alvaro Real (Ray Court). Back'n vocal: Daiana Ribeiro. Ensembles: Mari Saraiva,Danilo Coelho, Jefferson Felix, Leandro Naiss, Lucas Maia, Maik Soares, Raquel Gattermeier, Fernanda Salla, Josemara Macedo, Thaiane Chuvas. Swings: Vicky Maila e Lucas Teodoro.

Orquestra
Maestro / Pianista 1: Paulo Nogueira. Pianista 2: André Repizo. Segundo Regente / Pianista 3: Roniel de Souza. Reed: Chiquinho de Almeida. Trompetista: Bruno Belasco. Baterista: Douglas Andrade. Percussão: Wagner Gusmão. Baixista: Mauro Domenech. Guitarrista 1: Thiago Lima. Guitarrista 2: Lucas Fragiacomo. Pianista (ensaio): Roniel de Souza e André Luz Coletti. Produção: 4ACT Performing Arts.


Serviço
"O Guarda-Costas - O Musical"
Temporada até 11 de junho de 2023. Local: Teatro Claro SP – Shopping Vila Olímpia - R. Olimpíadas, 360 - Vila Olímpia/São Paulo. Capacidade: 799 pessoas Site: teatroclarosp.com.br. Classificação: 12 anos. Duração: 125 minutos. Acessibilidade. Ar-condicionado. Sessões: quinta e sexta-feira, às 21h. Sábado, às 17h30 e 21h. Domingo, às 19h. Ingressos: de R$ 50 a R$ 200. Obs.: confira legislação vigente para meia-entrada. Canais de venda oficiais: www.sympla.com.br - com taxa de serviço. Bilheteria física - sem taxa de serviço. Teatro Claro (Shopping Vila Olímpia). De segunda-feira a sábado, das 10h às 22h. Domingos e feriados, das 12h às 20h. Telefone: (11) 3448-5061.

  


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No dia 4 de junho de 2023 o Resenhando.com completou 20 anos. Durante esse mês, matérias emblemáticas que foram destaque no portal editado pelos jornalistas Mary Ellen Farias dos Santos e Helder Moraes Miranda serão republicadas. Ao fazer essa visita ao passado, percebemos que os textos ainda estão atuais. 

Algumas delas, republicadas na íntegra, embora extremamente relevantes, apresentam aspectos datados ou têm marcas de expressões, pensamentos e linguagens que podem estar ultrapassadas, mas são um registro da história deste veículo. A crítica de teatro "'Ghost - O Musical' é completo e emociona do início ao fim", é uma das mais lidas nos 20 anos Resenhando.com.

"Ghost - O Musical' é completo e emociona do início ao fim"

Por Mary Ellen Farias dos SantosEm setembro de 2016

Quem nunca ouviu o sucesso "Unchained Melody" e, mentalmente, visualizou a Demi Moore e Patrick Swayze na cena sensual do vaso de argila em "Ghost - Do Outro Lado da Vida" que atire a primeira pedra, já! O longa de 1990, em 2011, foi adaptado para o teatro e passou por palcos americanos e internacionais na versão musicada. Entretanto, desde o início de setembro de 2016, está mais brasileiro do que nunca e ganhou versão musical que estará em cartaz até 11 de dezembro, no Teatro Bradesco, em São Paulo.

Aos que tanto valorizam o fato de não receber "spoilers", não há o que esconder desta clássica trama. "Ghost - O Musical" reconta a famosa história de amor entre Molly e Sam para os dias atuais, que, fatidicamente é interrompida pelo desejo mega ambicioso de Carl, um amigo-urso. Como nem tudo são lágrimas e tristeza, a graça faz da vidente Oda Mae um personagem de peso que suaviza todo o drama e chororô. Não só pela atuação hilária e caprichada -às vezes caricata- da cantora e atriz Ludmillah Anjos, mas pela cena de apresentação, que tem um "algo a mais", que no caso é em dobro: Duas ajudantes que, de fato, colaboram no alto nível do bom humor, fazendo com que a intérprete de Oda Mae Brown brilhe ainda mais em cena.

Nem tudo são risadas, afinal, a história é de um espírito ainda apegado à vida. Além de ter um "fantasma" em cena, outra curiosidade é a da transformação de um clássico do drama e romance em musical. Considerando apenas o filme é preciso ir além de "Unchained Melody". Por outro lado, facilmente se esbarra na repetitiva provocação de Sam à falsa vidente Oda Mae: "Um elefante incomoda muita gente". Engraçado? Também! O que torna "Ghost - O Musical" imperdível? Todos os ingredientes que amolecem até os mais duros de coração, fazendo rir e até chorar, além de tentar secar as lágrimas enquanto se dá boas gargalhadas com as peripécias de Oda Mae.

Não há dúvida de que a meta do desafio para resgatar e reconquistar o público com algo tão entranhado na memória afetiva é realizado com êxito pelo produtor Ricardo Marques e toda equipe. O uso de recursos como pouca luz e efeitos especiais dão total credibilidade ao que se vê: seja no momento da morte de Sam, em que o corpo permanece caído e a alma dele testemunha a agonia de Molly na rua ou na despedida final dos dois. É para chorar? Totalmente. Logo, o funga-funga e mãozinhas secando as lágrimas viram uma coreografia seguida pelo público.

E ali um pouco abaixo do palco, perto da plateia do gargarejo, uma orquestra perfeitamente sincronizada pelo maestro que faz a emoção transbordar, independente do estilo da canção. Sim! A trilha sonora passeia do romântico ao rock mantendo a transição completamente agradável. O som natural de cada instrumento consegue se conectar diretamente com o público, muitas vezes, passando de modo até imperceptível. 

"Ghost - O Musical" abrange todos os corações, aqueles que ainda vão amar e os que amam para sempre. De fato, embora famílias e amigos marquem presença, é nítido, no público em geral, a maioria formada por casais das mais variadas idades. Detalhe: Seja durante ou no intervalo do espetáculo, as mãos dadas são mantidas. Vale a pena se apaixonar mais uma vez por essa história clássica? Com toda certeza! Emocione-se e repense no valor à vida diante da atuação musicada de André Loddi (Sam), Giulia Nadruz (Molly), Igor Miranda (Carl) -que facilmente rouba as cenas- e Ludmillah Anjos (Oda Mae Brown). 

*Editora do site cultural www.resenhando.com. É jornalista, professora e roteirista. Twitter: @maryellenfsm


"Unchained Melody" e a cena clássica de "Ghost - Do Outro Lado da Vida"

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