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quarta-feira, 26 de novembro de 2025

.: Fellipe Fernandes F. Cardoso indica "Piscinas Russas" e "Noite Devorada"


Por Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.comFoto: divulgação

O escritor Fellipe Fernandes F. Cardoso reafirma sua presença na literatura contemporânea brasileira como uma voz que transita entre o lirismo e a crueza da experiência, investigando as fissuras do humano com sensibilidade e rigor estético. Autor dos romances "Sem Mim Não Há Dia", semifinalista do Prêmio Oceanos 2024, e "Uma Tragédia Latino-sertaneja", ambos publicados pela Editora Urutau, a escrita dele se constrói a partir de uma escuta atenta da linguagem e de um olhar que entende a literatura como espaço de confronto, memória e reinvenção. 

"Perguntaram-me num evento, certa vez, o que era isso que tanto faltava ao escritor que me fazia estar em estado de escrita e eu, sem hesitar, respondi que era a palavra, esse universo contido numa casca. Andrea del Fuego também pensa algo similar. Para ela, vibramos em um lugar onde encontramos o que só nós podemos dizer a partir do que é possível na linguagem, essa que já existe para chegarmos onde ela talvez ainda não tenha sido capaz de alcançar. Isso dá a entender que nós, escritores, somos, sobretudo, arqueólogos, legistas, mesmo que não estejamos neste ofício de trabalhar com o que está morto, porque brandimos a matéria viva no que é humano, que é transformada, inventada, ressignificada, proposta a cada momento na combustão com o outro por meio da leitura - do que escrevemos e também de nós mesmos", afirma. 

Na coluna "Literalistas", Fellipe compartilha também as leituras que atravessam seu processo criativo e afetivo atual, destacando o romance "Piscinas Russas" (Tusquets, 2025), de Renata Belmonte, e o livro de poemas "Noite Devorada" (Círculo de Poemas, 2025), de Mar Becker. Obras que dialogam diretamente com a própria pesquisa estética dele ao tensionar temas como silêncio, subjetividade, trauma e reconstrução da experiência por meio da palavra. Entre o gesto de indicar e o gesto de criar, Fellipe revela como a leitura permanece não apenas como hábito, mas como fundamento ético e poético de sua escrita, consolidando uma obra que insiste em pensar a literatura como território de invenção, sensibilidade e risco. 

"Na minha cabeceira de agora, tenho os livros de duas amigas queridas: 'Piscinas Russas', da Renata Belmonte, e 'Noite Devorada', de Mar Becker. A prosa da Renata, que é uma das romancistas mais brilhantes da minha geração, mostra como a protagonista, Malena Matrice, utiliza a fotografia para exorcizar o passado, especialmente o suicídio de sua mãe, enquanto o romance demonstra que a literatura, ao contrário das outras formas de arte, é capaz de reviver experiências quase em sua plenitude ao abrir espaço para outro na fabulação. Com múltiplas linhas temporais e espaços que se entrelaçam, a narrativa abrange gerações e mistura o fictício com o real, abordando temas como as relações de poder, o impacto da História nas vidas individuais e a inabilidade de muitas mulheres para a maternidade. A obra é uma tapeçaria narrativa sofisticada que combina depoimentos em primeira pessoa com terceira pessoa, desafiando o leitor a desvendar seus nós e a compreender as engrenagens do romance, destacando-se por sua complexidade e profundidade. Já no livro da Mar, que é uma paixão antiga desde que li 'A Mulher Submersa', poeta que deveria ser lida de joelhos em cada canto desse país, temos fragmentos e ruínas, poemas que são, ao mesmo tempo, vestígios e construções, explorando temas como amor, fragilidade e silêncio. Se a poesia, per se, tem uma minimalidade intencional, a que Becker faz aqui é uma busca constante pelo paradoxo do silêncio na linguagem, transformando-o num elemento essencial e vulnerável em sua escrita, criando em nós a fricção de tudo o que é possível onde a palavra não chega, mas a subjetividade, sim".

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

.: Literalistas: escritor Thiago Sobral indica "O Amor nos Tempos de Cólera"


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Foto: divulgação

Toda coluna nasce de uma inquietação. "Literalistas" surge do encontro entre literatura e artistas - vozes que carregam no corpo e na palavra as próprias histórias, mas que, aqui, dividem também as leituras que estão fazendo. O nome da coluna traz esse duplo sentido: os que se deixam levar pelas letras e, ao mesmo tempo, aqueles que as recriam a partir das próprias experiências. Quem inaugura esse espaço é o escritor Thiago Sobral, autor do romance independente "O Pai, a Faca e o Beijo". Entre páginas novas que escreve e a memória de obras que marcaram sua trajetória, Sobral revisita um clássico de Gabriel García Márquez: "O Amor nos Tempos de Cólera"

“Estou lendo 'O Amor nos Tempos de Cólera', de Gabriel García Márquez. Decidi relê-lo hoje, 17 anos depois, por conta de um novo projeto de escrita que estou gestando. É uma história belíssima, que retrata o amor na velhice. Na verdade, um amor de juventude que não vingou, mas que, meio século depois, encontra a chance de renascer e existir por completo. Ler Gabo é sempre uma jornada pelas loucuras e peripécias que a vida nos propõe e, muitas vezes, nos impõe. É por isso que recomendo este livro. Acho que deve ser lido porque quebra preconceitos etários e nos dá a chance de acreditar no amor uma vez mais, ainda que tudo pareça indicar o contrário.”

Publicado pela editora Record, "O Amor nos Tempos de Cólera" é uma das obras-primas do colombiano Gabriel García Márquez (1927–2014), Nobel de Literatura em 1982 e referência do realismo mágico. Autor de clássicos como "Cem Anos de Solidão" e "Crônica de Uma Morte Anunciada", Márquez construiu uma obra que atravessa fronteiras culturais e permanece entre os pilares da literatura universal. Compre o livros de Gabriel García Márquez neste link. 

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