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quarta-feira, 16 de julho de 2025

: HBO divulga a primeira imagem de Rúbeo Hagrid na nova série de "Harry Potter"

Nick Frost se transformou no icônico personagem pela primeira vez para as gravações da produção. Foto: divulgação

A HBO revelou a primeira imagem de Nick Frost caracterizado como Rúbeo Hagrid na nova série original de "Harry Potter". A produção, que já está sendo gravada nos estúdios da Warner Bros. em Leavesden, tem estreia prevista para 2027, na HBO e na HBO Max. 

O registro inédito foi divulgado um dia após a revelação da primeira imagem de Dominic McLaughlin como o protagonista da série. Além dessas novidades, o elenco anunciado ontem inclui Rory Wilmot como Neville Longbottom, Amos Kitson no papel de Duda Dursley, Louise Brealey como Madame Rolanda Hooch e Anton Lesser como Garrick Olivaras. 

A série é uma produção da HBO em parceria com a Brontë Film and TV e a Warner Bros. Television. O roteiro e a produção são de Francesca Gardiner, com Mark Mylod na direção de vários episódios e produção executiva. Também integram a equipe de produção executiva J.K. Rowling, Neil Blair, Ruth Kenley-Letts e David Heyman. 

segunda-feira, 14 de julho de 2025

.: Entrevista com Andrea Jundi: a estreia de uma autora que recusa o cinismo


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: divulgação.

Há quem diga que todo livro é um abrigo provisório - desses que acolhem até que a vida volte a caber dentro da gente. Em “O Menino e o Livreiro”, publicado pela editora E-Galáxia, Andrea Jundi não escreve apenas um romance de estreia: ela consegue erguer, página por página, uma morada sensível para os órfãos de afeto, para os que foram deixados na estação errada e para os que, apesar de tudo, ainda esperam um trem que os leve a algum lugar que mereça ser chamado de casa.

Roteirista com mais de 20 anos de mercado, Andrea estreia na literatura com a segurança de quem conhece o ritmo das imagens, mas aposta na delicadeza da palavra como potência transformadora. O protagonista do romance, Carlos, é um menino abandonado que não se torna estatística, mas personagem - não por negação da realidade, mas por uma escolha radical: a de escrever esperança sem anestesiar a dor.

Em tempos em que cinismo virou sinônimo de lucidez, a autora faz o movimento inverso e se arrisca onde poucos ousam: acredita no afeto, investe na escuta, escolhe a ternura como campo de batalha. Nesta entrevista exclusiva ao Resenhando.com, ela fala sobre infância e abandono, sobre roteiros e reinvenções, sobre literatura como gesto de reparação. E, principalmente, sobre os livros que salvam - mesmo quando ninguém mais parece disposto a tentar. Compre o livro "O Menino e o Livreiro", de Andrea Jundi, neste link.


Resenhando.com - Você escolheu contar uma história de abandono sem cair na tragédia anunciada. Como autora, que riscos você correu ao optar por uma narrativa esperançosa em um país em que a infância é diariamente sacrificada?
Andrea Jundi - A escrita para mim acontece enquanto escrevo. Quando comecei a escrever "O Menino e o Livreiro", não sabia qual seria o caminho a percorrer, não tinha um final definido e tampouco sabia todos os personagens que fariam parte da história. Carlos se mostrou para mim desde o início como um menino cheio de amor e de vida e, como um novelo, conforme ia puxando o fio, fui sendo guiada por esse caminho do afeto das relações. Escrever qualquer tipo de história sempre envolve o risco de não ser bem aceito. É algo que os escritores lidam diariamente, não importa o tamanho de seu sucesso já conquistado. Mas quando escrevemos com verdade, sempre haverá público. "O Menino e o Livreiro" trata de um tema muito difícil que me toca profundamente, e a tendência à tragédia, na minha opinião, é mais óbvia do que o caminho da esperança. Mas quando se trata de crianças, se nós adultos não conseguirmos ajudá-los a encontrar uma saída, o que resta?


Resenhando.com - "O Menino e o Livreiro" surgiu de uma imagem mental vívida. O que mais a sua cabeça anda projetando? Você costuma confiar nos delírios criativos como ponto de partida ou prefere o planejamento racional da estrutura?
Andrea Jundi - Adorei o “delírios criativos” (risos). Sim, eles são sempre meu ponto de partida. Não sou uma escritora que cria toda a estrutura com começo, meio e fim, antes de começar a escrever. Eu parto de uma cena que está muito clara em minha mente e a partir daí começo a desenvolver a personagem principal, sua trama central. Depois disso é natural que outros personagens comecem a surgir para suprir essa trama. A escrita estruturada para mim acontece quando escrevo roteiro de longa metragem. Aí, sim, preciso ter a curva dramática traçada antes de mergulhar no roteiro em si. Já a escrita literária é onde me permito ser livre na criação, onde me sinto mais à vontade no desordem. Não que não haja ordem alguma, mas ela vai nascendo a partir de um entrelaçado e não de uma linha. Nesse momento estou dedicada a escrever meu próximo livro e ele também surgiu de uma cena muito vívida em minha cabeça, um delírio criativo. Já encontrei a trama central e estou agora descobrindo a trilha das duas protagonistas. Sentindo dores e amores com elas, me entristecendo e me deslumbrando com cada etapa. Às vezes me sinto como numa mata intocada, perdida, mas vou insistindo no caminho e é como se elas me sussurrassem para onde seguir até encontrar um novo rastro para seguir.

Resenhando.com - Você fala de “cargas nos vagões” e escolhas impostas - quais dessas cargas você mesma ainda carrega e quais precisou deixar para escrever esse livro?
Andrea Jundi - Carrego uma carga enorme e linda que foi meu trabalho como assistente de direção no audiovisual. Ele que me trouxe ao longo de mais de vinte anos quase toda minha experiência em contar histórias e me colocou em contato com universos diversos que enriqueceram o meu, me deram repertório. Saí dessa estação mas levei a carga comigo. A maior carga que tive que deixar foi a síndrome de impostora, essa porque nunca agregou. Sempre escrevi pra mim mesma, não mostrava para ninguém, mas quando decidi escrever para os outros lerem, tive que enfrentar o medo do julgamento, medo do olhar dos outros sobre mim. Não sei se consegui deixar mesmo essa carga para trás, mas tenho conseguido ressignificá-la como parte de quem eu sou e me dando o direito de mudar e melhorar sempre.

Resenhando.com - Ao transformar um menino rejeitado em protagonista de uma jornada afetiva e simbólica, você também desafia a lógica de que a dor precisa ser exibida com crueza. A literatura brasileira está pronta para histórias ternas ou ainda prefere o chicote?
Andrea Jundi - Não escrevi com ternura de forma racional, mas durante a escrita, quando precisei fazer escolhas da narrativa, algo me impedia de ser cruel com o Carlos. Ele é um personagem que traz uma carga enorme de abandono em diferentes camadas, mas teve a sorte de encontrar pessoas que o ajudaram a seguir. Existem muitas histórias assim, de crianças que encontram uma mão no meio do caminho e outras tantas crianças como o João, irmão de Carlos, que são engolidos pelo sistema cruel. A existência do João tem a importância não só de representar essa dureza, mas também de enxergarmos as várias camadas que todos têm. Carlos enxerga nos olhos de João as camadas do irmão, sua bondade ressecada pela falta de amor e de cuidado e através desse olhar de Carlos, entendemos que ninguém é bom ou ruim e só, mas que somos moldados por situações externas que muitas vezes não escolhemos viver e ainda assim, estamos tentando fazer o melhor que podemos com o que nos restou. Às vezes, quase nada. A literatura brasileira é riquíssima e diversa e tem espaço para todo tipo de narrativa. Desde que lancei o livro recebo mensagens profundas de pessoas que se emocionaram muito com a história e que foram tocadas de uma forma que fazia tempo não sentiam. Estamos vivendo tempos muito difíceis e acho que histórias afetivas tem sido bem recebidas.


Resenhando.com - O livreiro e o assistente que acolhem Carlos parecem quase figuras arquetípicas — guardiões da palavra. Em quem você se inspirou para criar esses personagens que, em outro tempo, talvez fossem chamados de “mestres”?
Andrea Jundi - No caso de Romeo, o livreiro, ele e Carlos se conectam através de suas faltas, de seus vazios. Romeo tem um papel de mestre porque, ao permitir que sua solidão seja invadida, percebe que esse é o único papel que lhe compete; guiar esse menino. Não há outro papel para ele na vida de Carlos que não seja o de acolhê-lo. Tive avôs muito presentes em minha vida e talvez se forma inconsciente, tenha um pouco de cada um em Romeo. Já Pietro agrega com sua própria experiência de abandono, que é diferente da de Carlos, mas que também tem uma carga suficiente para moldar sua personalidade. Vejo mais o Pietro sendo guiado pelo Carlos do que o contrário, porque a dor do abandono de Carlos coloca o Pietro em movimento para também tentar entender sua própria história.


Resenhando.com - Você veio do audiovisual, um território coletivo e visual, e passou para a literatura, solitária e silenciosa. O que se ganha - e o que se perde - ao fazer essa travessia?
Andrea Jundi - Por vezes sinto bastante falta da coletividade do audiovisual. Sou uma pessoa que sempre andou em grupo e trabalhar nessa área é tão intenso, que as equipes acabam ficando muito ligadas umas às outras. Por outro lado, apesar de ser bastante social, sempre tive prazer no silêncio e em ficar sozinha. Ainda muito nova percebi essa necessidade e desde adolescente já escrevia fechada no quarto, ou ficava ouvindo música. Minha cabeça está o tempo todo criando cenas e imagens, acho que a minha solidão também é um pouco barulhenta rsrs. Fui encontrando saídas para o excesso de solidão que a escrita impõe e há um tempo faço parte de um grupo de escrita literária aqui em Lisboa, a Amora, uma forma de me cercar de pessoas criativas e também exercitar a escrita em grupo. Eu me mantive no audiovisual através da escrita de roteiros e para além de ficar perto dessa arte que amo, ainda posso trabalhar em equipe de tempos em tempos. Em roteiro, sempre acabo fazendo algum laboratório online com encontros semanais, onde lemos e opinamos nos projetos uns dos outros, enriquecendo o trabalho e dando um tempo na solidão quando ela pesa. Mas no geral, gosto desse silêncio da escrita.


Resenhando.com - A infância é quase sempre narrada por adultos. Como foi acessar uma voz infantil sem resvalar no tom professoral ou nostálgico? O que o menino Carlos ensinou a você que a roteirista Andrea ainda não sabia?
Andrea Jundi - Eu amo crianças, tenho um profundo respeito por essas mini pessoas, seus conhecimentos simples e leves muitas vezes tão mais profundos que os nossos. Tenho dois filhos, hoje com oito e 11 anos e somos muito ligados. Amo receber os amigos deles, viajar com amigos que têm filhos e observar essa interação entre eles, ouvir suas teorias sobre as questões da vida, as dúvidas que têm e como no geral pensam de forma tão mais límpida, mais simples. Acho que o tom afetuoso do livro tem muito a ver com a ingenuidade da criança. Apesar de não ser narrado em primeira pessoa, o olhar inocente de Carlos permeia a história. Uma vez ouvi uma menina em situação de guerra responder à pergunta de uma repórter sobre o que ela sonhava em ser quando crescesse, e ela disse que ali eles não sonhavam. Nunca mais esqueci aquilo, como pode uma criança não sonhar? Como podemos nós, como adultos, permitir que crianças não sonhem? Carlos me deu o dever de encontrar uma saída para ele e precisei enxergar através dos seus olhos o que ele precisava.

Resenhando.com - Morando em Portugal, você publicou por uma editora brasileira. Essa geografia afetiva da escrita - entre Brasil, Londres e Lisboa - impacta no modo como você observa e escreve suas personagens?
Andrea Jundi - Morar fora do Brasil me fez entender que muitas histórias e sentimentos são universais, mas tenho uma alma brasileira e através do meu trabalho no audiovisual, pude conhecer vidas muito diferentes da que eu cresci inserida. Amo gente, gosto de conversar e escutar histórias diversas, morei em uma vila de pescadores muito pobre no nordeste do Brasil para filmar um longa metragem e algumas daquelas crianças só tinham água com açúcar para enganar a fome. Filmei em comunidades, sentei no sofá de moradores e ouvi sobre seus medos e suas conquistas. Filmei com refugiados sírios e conheci os sonhos de seus filhos pequenos. Conheci quem voltou a ouvir pela primeira vez depois de anos surdo, quem ganhou seu primeiro cão guia que seria seus olhos a partir dali, presenciei o primeiro dia de dois irmãos chegando à sua nova casa com seus pais adotivos. Tudo isso no Brasil. Acredito que meus personagens terão sempre alma de brasileiro, minha gente, que eu conheço e entendo melhor que qualquer outro povo.

Resenhando.com - Seu livro fala sobre “quem parte e quem escolhe ficar”. Se pudesse revisitar os roteiros da sua própria vida, de quais personagens você teria partido antes, e para quais teria ficado mais tempo?
Andrea Jundi - No geral sou bem resolvida com as minhas escolhas. Gosto de me relacionar com as pessoas, aprofundar amizades, criar bases seguras. Tenho tendência a ser da turma que escolhe ficar e prefiro pensar que fiz o meu melhor antes de partir. Têm amizades e parceiros de trabalho que ficaram pelo caminho e sei que foi melhor assim porque não somavam na minha vida, mas conforme vou mudando de estação sempre dou um jeito de arrastar uns comigo. Sou apegada (risos). E se for para ficar, tem que fazer valer a pena.


Resenhando.com - Há um momento em que Romeo pergunta a Carlos sobre as cargas que ele escolhe levar. Qual foi a carga mais pesada que você precisou transformar em literatura para que não te esmagasse na vida real?
Andrea Jundi - Qualquer coisa que relacione criança à dor me machuca em um lugar profundo. No Brasil, mais de 5,5 milhões de crianças não têm pai na certidão de nascimento e outros tantos só tem o nome do pai na certidão, mas não os tem na vida real. Milhares de casas são lideradas por mulheres, mas numa sociedade que não olha por elas com o respeito e cuidado necessários. Na ponta final, quem sofre de muitos tipos de abandonos, são as crianças. O Estado vira a cara para essas crianças toda vez que não cuida de suas mães, toda vez que cerceia a liberdade às mulheres sobre seus próprios corpos e que as pune por crimes cometidos pelos homens. Acho que o tom afetivo do livro é o meu próprio afeto querendo gritar mais alto do que a raiva que sinto desse abandono imposto.

.: HBO dá início à produção de "Harry Potter" e anuncia novidades no elenco


A série revela novos integrantes da trama, incluindo os intérpretes de Neville Longbottom, Duda Dusley, professora Rolanda Hooch e Garrick Ollivander. Foto: Reprodução/Instagram
 

O mundo bruxo voltou aos holofotes nesta semana com a divulgação da primeira imagem oficial da nova série de "Harry Potter". Publicada no Instagram da HBO Max, a foto mostra o jovem ator Dominic McLaughlin caracterizado como o icônico bruxo. A imagem movimentou as redes sociais e reacendeu o entusiasmo dos fãs, que agora aguardam ansiosos pela estreia da série, prevista para 2027. A produção promete recontar, com fidelidade e profundidade, os sete livros da saga, explorando detalhes que ficaram de fora das adaptações cinematográficas.

Ainda sem data exata de estreia, a série será produzida pelo selo Max Originals e terá envolvimento de J.K. Rowling como produtora executiva. A autora garantiu que a adaptação será fiel à essência dos livros. O elenco será completamente novo, e as gravações devem começar em breve. A expectativa é que os personagens clássicos como Harry, Hermione e Ron ganhem novas interpretações, o que já vem gerando debates nas redes sociais. Para os fãs, a volta a Hogwarts é também uma chance de reviver a emoção do universo mágico com uma nova geração de atores e novos recursos visuais.
 
A repercussão da série vai além do entretenimento. Segundo a Minds Idiomas, rede especializada no ensino de inglês, fenômenos culturais como Harry Potter têm um papel importante no estímulo ao aprendizado de línguas. Quando uma produção conquista o público, especialmente os jovens, ela se torna uma ponte para o idioma original. Os alunos começam a se interessar por assistir sem legenda, entender feitiços, nomes e expressões, o que naturalmente acelera o aprendizado. “Esses lançamentos sempre movimentam as salas de aula de inglês, porque os alunos se empolgam com o que já gostam, nos dando uma excelente oportunidade de conectar o conteúdo à realidade deles. Quando o aluno assiste algo que ama e entende uma palavra, uma frase, ou até um feitiço, ele se sente parte daquilo, e isso é extremamente motivador. Todas essas novidades em inglês ajudam os professores a criar links práticos com o aprendizado, tornando o ensino mais leve, atual e envolvente”, explica Augusto Jimenez, psicólogo e CMO da Minds Idiomas.
 
Com a chegada da nova série, o universo de Harry Potter volta a inspirar não apenas a imaginação dos fãs, mas também o interesse pelo conhecimento. Para escolas de idiomas, esse tipo de conteúdo se transforma em ferramenta poderosa de ensino, mostrando que aprender pode — e deve — ser uma experiência envolvente, conectada com o que acontece no mundo e com o que os alunos realmente amam.


Novidades no elenco
A produção da nova série original da HBO baseada no universo de "Harry Potter" já começou nos estúdios da Warner Bros. em Leavesden, no Reino Unido. A estreia está prevista para 2027, na HBO e na HBO Max. Além disso, a tão aguardada produção anunciou novos nomes no elenco: Rory Wilmot interpretará Neville Longbottom; Amos Kitson assume o papel de Duda Dursley; Louise Brealey será a Madame Rolanda Hooch e Anton Lesser dará vida a Garrick Olivaras.  

Também foram revelados os profissionais que lideram os departamentos criativos da série, responsáveis pela magia por trás das câmeras: o diretor de fotografia Adriano Goldman, a designer de cabelo e maquiagem Cate Hall, o coordenador de dublês Paul Herbert, o supervisor de efeitos especiais Mark Holt, a designer de produção Mara LePere-Schloop, a decoradora de set Naomi Moore, o supervisor de criação de criaturas John Nolan, o supervisor de efeitos visuais Alexis Wajsbrot, o produtor de VFX Dom Sidoli, além da designer de figurino Holly Waddington, anunciada anteriormente. 

A série é produzia pela HBO em parceria com a Brontë Film and TV e Warner Bros. Television. O roteiro e produção são de Francesca Gardiner, com Mark Mylod na produção executiva e direção de vários episódios. Também estão na produção executiva J.K. Rowling, Neil Blair e Ruth Kenley-Letts, da Brontë Film and TV, e David Heyman, da Heyday Films.

sexta-feira, 11 de julho de 2025

.: Evento de leitura revela psicologia oculta nas obras de Machado de Assis


Adelmo Marcos Rossi propõe análise inédita sobre estrutura psicológica dos textos do maior escritor do Brasil. Foto: divulgação


O autor Adelmo Marcos Rossi começa, no dia 26 de julho, uma leitura coletiva e comentada do seu livro "O Imortal Machado de Assis - Autor de Si Mesmo", conduzida ao vivo pelo Google Meet, sempre aos sábados, das 19h às 21h. A proposta é analisar, parágrafo por parágrafo, como a obra revela uma psicologia conceitual presente em Machado de Assis - antecipando até mesmo descobertas que seriam atribuídas, décadas depois, a Freud. 

Durante os encontros, o pesquisador abordará temas como o medo da castração, o riso enquanto defesa, o trágico imprevisível da vida (caiporismo), entre outros conceitos psicológicos. A leitura revela como o Bruxo do Cosme Velho se apoiava em estruturas simbólicas profundas da cultura humana, promovendo uma investigação literária que transcende o tempo e o gênero. Compre o livro "O Imortal Machado de Assis - Autor de Si Mesmo" neste link. 


Sobre o autor
Engenheiro civil (UFES, 1980), mestre em Ciência de Sistemas (Tóquio, 1990), psicólogo (UFES, 2010), mestre em Filosofia (UFES, 2015) e microempresário, Adelmo Marcos Rossi dedica quase 15 anos aos estudos sobre psicanálise. Fundador do Grupo de Pesquisa do Narcisismo, também é autor do livro “A Cruel Filosofia do Narcisismo - Uma Interpretação do Sonho de Freud” (2021). Após um longo período de pesquisa acerca das relações entre as obras machadiana e freudiana, publicou "O Imortal Machado de Assis - Autor de Si Mesmo". Compre o livro "O Imortal Machado de Assis - Autor de Si Mesmo" neste link.

Serviço
Leitura comentada do livro "O Imortal Machado de Assis - Autor de Si Mesmo"

A partir de 26 de julho de 2025, aos sábados, das 19h00 às 21h00
Plataforma Google Meet
Duração: semanal, até a conclusão do livro
Inscrições e informações: Juliana Santa Clara Moreira – (27) 99767-6328

sexta-feira, 4 de julho de 2025

.: Entrevista com Camila Anllelini: entre o amor e o ódio, ela decidiu escrever


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: divulgação

Se Freud tivesse Instagram, talvez stalkeasse Camila Anllelini com a mesma obsessão com que investigava a mente humana - não por voyeurismo, mas por pura fascinação diante de uma mulher que transforma trauma em literatura, dor em bisturi e amor materno em campo de batalha emocional. "De Amor e Outros Ódios" não é somente um livro. É uma ferida aberta que tem letra de filha machucada e psicanalista que observa.

O que Camila faz com essa matéria-prima íntima beira o indecente: ela convida o leitor a ler as cartas que nunca enviou, escancara a criança que quis consertar a mãe e ri - com ares de provocação - da coragem que levou anos para decantar. A personagem do livro escreve para a mãe. A autora escreve a partir da mãe. Mas e se essa mãe respondesse? E se fosse Freud o destinatário dessas confissões de filha? E se o amor não fosse apenas o oposto do ódio, mas a forma mais refinada desse sentimento? Nesta entrevista exclusiva, Camila Anllelini mergulha fundo.

Fala da psicanálise como quem se despe no divã, confessa contradições que a maioria sufoca com mantras de autoajuda, e revela que escrever - diferentemente de clinicar - é estar exposta, sem jaleco, sem diagnóstico e sem salvação. É um território em que não há frases de efeito, muito menos respostas terapêuticas. Só verdades perigosas, perguntas espinhosas e uma escritora que lembra o tempo todo que muitas vezes só dá para amar depois de sobreviver. Compre o livro "De Amor e Outros Ódios" neste link.


Resenhando.com - ⁠Sua personagem escreve cartas à mãe, mas se ela respondesse, que tipo de carta você acredita que ela escreveria de volta?
Camila Anllelini - Seriam bilhetes culpados, melancólicos. Porque essa é a mãe do "De Amor e Outros Ódios", a mãe que pôde ser, mas não de um lugar pacificado.


Resenhando.com - ⁠Você diz que precisou "esperar a ebulição da história" antes de escrever. Na sua vida, o que costuma explodir primeiro: o coração, o texto ou o silêncio?
Camila Anllelini - O silêncio, sempre o silêncio. O texto é um contorno aos "não ditos", o que pode emergir depois da decantação dos fatos que me capturam. O coração vem junto, a reboque, aos tropeços.


Resenhando.com - ⁠Em um mundo onde “ser mãe” ainda é cercado por idealizações tóxicas, seu livro é quase um ato político. Você acha que amar a mãe é, de certa forma, também sobreviver a ela?
Camila Anllelini - Sim. Se não sobrevivermos a ela, apesar do que nos aconteceu, não poderemos amá-la. Acredito que é preciso uma certa revolta pra se descolar da mãe ideal, essa que o sujeito enquanto filho ou filha deposita tantas expectativas, para podermos então entender quem somos além e apesar dela. Essa separação, quando bem sucedida, é uma das possibilidades para o amor.


Resenhando.com - ⁠Na sua escrita há psicanálise, dor e beleza. Já pensou que escrever pode ser mais arriscado do que clinicar? Algum texto seu já revelou algo que nem você sabia sobre si?
Camila Anllelini - Sem a menor sombra de dúvidas escrever é muito mais arriscado do que clinicar (risos). Na clínica, quem diz de si é o paciente. Na literatura, são os personagens dizendo da escritora. Com muita frequência, algo até então desconhecido se revela de mim. Escrever é lidar com um duplo.


Resenhando.com - ⁠Se Freud lesse seu livro, qual hipótese ele teria sobre sua personagem filha - e qual diagnóstico você daria a ele, caso ele fosse seu paciente?
Camila Anllelini - Aposto que Freud teria afeição pela personagem como teve com suas pacientes histéricas. Foi em nome delas que ele criou a psicanálise. A histérica não nega seu desejo, ela se implica no próprio sintoma, sendo capaz de fabricar um desejo para não ser satisfeito e assim se manter desejante. No deslizar entre um desejo e outro, ela vira especialista em denunciar a falta. A histérica tem um corpo que fala, que reivindica, e disso se constituem as histórias.


Resenhando.com - ⁠O que há de mais feio que você escreveu neste livro e decidiu manter?
Camila Anllelini - ”Eu achava que a minha mãe precisava de conserto”. Essa é uma posição infantil que não concebe a mãe como sujeito de si, como mulher, como ser desejante. Aos olhos da criança que escreveu isso por mim, a mãe é uma engrenagem que deve funcionar a serviço de suas leis, ou seja, nos moldes da sua demanda de amor.


Resenhando.com - ⁠Se a psicanálise é, muitas vezes, o exercício de escutar o indizível, o que você ainda não teve coragem de escrever sobre sua mãe - e o que ela talvez nunca tenha ousado ler em você?
Camila Anllelini - Tenho uma mãe que sempre abriu espaço para que eu dissesse, ainda que isso pudesse - e certamente eu o fiz - despedaçá-la. Foi dela que tive desde o início a permissão de dizer. Se tem alguém que me conhece no osso e me ama ainda assim, esse alguém é minha mãe.


Resenhando.com - ⁠Você diz que admirava a ideia de ter uma estante que precisasse de escada. Hoje, o que te faz subir escadas literárias: o desejo de ser lida ou o risco de não caber mais em si mesma?
Camila Anllelini - As duas coisas. O desejo de ser lida indubitavelmente me move degrau por degrau escada a cima, mesmo que eu acredite que ela nunca vai ter fim e que possivelmente terá. Mas o que possibilita que eu suba cada um desses degraus é a escrita. Ela precisa vir primeiro para que eu tenha o que levar comigo, e eu escrevo primordialmente porque, com frequência, não caibo em mim.


Resenhando.com - ⁠Você trabalha com contradições. Mas há alguma contradição que ainda a incomoda aceitar, mesmo sabendo que ela é inevitável?
Camila Anllelini - Todas. A aceitação não é sem incômodo, eu sou uma eterna inconformada. Faço perguntas, entro em conflitos e me pego querendo refazer a ordem do mundo. Mas saber que é inevitável é também um alento. Sem abrir espaço para a contradição a gente endurece, só consegue ver sempre a mesma rota de saída, isso não me interessa.


Resenhando.com - ⁠Se sua mãe nunca lesse esse livro, você ainda o escreveria da mesma forma? Ou a escrita só nasceu porque havia a chance - secreta ou desesperada - de que ela um dia o lesse?
Camila Anllelini - Esse livro foi escrito porque eu precisava escrevê-lo, nunca se sabe o que leva um escritor a correr tamanho risco. Não fui eu que escolhi, foi essa história que me escolheu para ser escrita. Por acaso, nela aparecia a figura da minha mãe. Agradeço ter podido fazer essa declaração a ela em vida e, além disso, sem imaginar que seria assim, essa história ter chegado aos leitores como um pedaço das suas próprias histórias. Desde a publicação essa têm sido uma grata surpresa.


.: "Campo Formoso", um romance com todos os ingredientes



Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Rodrigo Azevedo

"Campo Formoso" é um romance que tem como base, histórias sobre a família da autora Maria Victoria Oliveira. Através de personagens complexos e uma narrativa que alterna perspectivas e incorpora elementos de realismo mágico, o livro explora temas universais como família, identidade, superação e o peso do passado. Uma verdadeira saga, escrita ao longo de oito anos, que chega às livrarias pela Editora Lacre, com noite de autógrafos dia 8 de julho, terça-feira, a partir das 18h30, na Livraria Argumento. 

A narrativa mergulha na complexa história da família Borges, em Campo Formoso, uma cidade no Planalto Central que espelha o interior do Brasil. A trama central gira em torno do Coronel Adauto Borges e sua esposa Maria Pia. O casamento é abalado pela chegada de Bento, filho ilegítimo do Coronel, personagem principal do livro. Ao longo de suas 460 páginas, a obra apresenta uma prosa rica, em que a autora alterna perspectivas para revelar as múltiplas faces da verdade: da rigidez do Coronel até a resistência silenciosa da esposa e a busca de identidade do filho bastardo.  A trama é marcada por um ato simbólico de ruptura com o passado e celebração das transformações que o tempo impõe.

O romance é inspirado em histórias que Victoria escutou do seu pai, Benedicto, neto bastardo de um coronel em Goiás. Embora o livro seja uma obra de ficção, incorpora elementos verídicos, como a infância, a história da fazenda Fim do Mundo e sua viagem aos Estados Unidos. A autora criou personagens baseados em parentes, mas com características e experiências ficcionais..

Maria Victoria Oliveira é formada em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), onde foi revisora e tradutora no Instituto de Documentação, Maria Victoria Oliveira resolveu dar uma guinada em sua vida em 1994 e seguir o sonho de ser cozinheira profissional. Deu aulas, abriu um restaurante e trabalhou como chef executiva em redes de hotelaria, como Windsor Hotel. Ao todo, foram 26 anos dedicados à gastronomia. 

Em 2017 começou a escrever o romance "Campo Formoso", e desde então, não parou mais. Victoria ingressou na Oficina Literária do professor Ivan Proença e hoje faz parte, também, da Oficina Literária do jornalista e cronista Eduardo Affonso. Como contista, participou de duas  antologias comemorativas de aniversários da oficina.  Em 2020, ano da pandemia da Covid-19, deixou de lado as panelas e resolveu se dedicar ao seu sonho antigo que é ser escritora.  Em 2023, publicou o seu primeiro livro de contos, pela editora Francisco Alves, intitulado “Vestido Vermelho e Outras Histórias”

domingo, 22 de junho de 2025

.: "Dias Perfeitos", série adaptada do livro de Raphael Montes, anunciada na Bienal


Na imagem, Jaffar Bambirra, Julia Dalavia, Joana Jabace, Claudia Jouvin e Raphael Montes. Foto: Globo / Manoella Mello


Os fãs das obras de Raphael Montes e de séries de thriller psicológico podem aguardar por uma nova estreia eletrizante. Direto da Bienal do Livro 2025, na noite deste sábado, dia 21 de junho, o Globoplay anunciou a data de lançamento da série Original "Dias Perfeitos", uma adaptação de Claudia Jouvin do livro homônimo best-seller de Raphael Montes que tem direção geral de Joana Jabace: 14 de agosto. Os criadores se reuniram com os protagonistas Julia Dalavia e Jaffar Bambirra para comentarem sobre o processo de adaptação do thriller literário para a nova série do serviço de streaming e apresentaram um trailer inédito.

Diante de um público caloroso, a redatora final falou que mergulhou no universo do autor para a adaptação. “O tempo todo eu escrevi a série pensando nos fãs do Raphael. Tem lugares e objetos icônicos que não podem faltar e tem coisas novas que complementam. Nós expandimos dentro da própria história. Eu mapeei as grandes viradas, as grandes cenas e construí em cima disso. Falo que é como uma faixa extra de um disco”, pontuou. Ela também revelou alguns easter eggs para quem conhece as demais criações de Raphael Montes: “Fizemos uma lista com nomes de todos os personagens dos livros dele e usei ao longo da série. Tem Cyrille, Miguel, Dante...”

 Raphael Montes comemorou a forma como a obra foi transportada para o audiovisual e trouxe novos elementos: “Acho que é interessante que as histórias sejam complementares e não idênticas. Isso mantém a essência e permite uma outra experiência. Eu gosto muito como os personagens paralelos cresceram”. Já a diretora Joana Jabace falou sobre como construiu a atmosfera da obra. “O que mais me chamou atenção no roteiro é a subjetividade dos personagens. O roteiro tem muitos ganchos, assim como no livro, e optamos por fazer uma imagem, uma cinematografia e uma trilha mais pop e jovem. O último episódio é faixa extra do livro”, adiantou. 

 Julia Dalavia falou sobre a importância do anúncio da série na Bienal do Livro. “É uma honra estar na Bienal falando sobre essa série que vem de um livro de um autor brasileiro, exaltando nossa literatura. Estou muito feliz com essa conexão da literatura com o audiovisual”, pontuou. Jaffar Bambirra fez coro com a colega de cena e falou sobre a memória afetiva que tem com a feira. “Lembro de vir criança na Bienal e é muito bacana ver a feira tão cheia. Apresentar nossa série, derivada de um livro do Raphael que é um sucesso nacional, é um imenso prazer. Fico feliz que um evento cultural como esse movimente tanto a cultura”, finalizou.

 A obra tem produção da Anonymous Content BR e apresenta a história da aspirante a roteirista Clarice (Julia Dalavia) e do estudante de medicina Téo (Jaffar Bambirra). Téo se encanta por Clarice após conhecê-la por acaso e, diante das negativas da jovem, decide sequestrá-la acreditando que, com o tempo, ela irá correspondê-lo. Enquanto mantém Clarice distante de todos, Téo a leva para uma viagem horripilante pelas belas paisagens do Rio de Janeiro. O elenco também conta com Débora Bloch e Fabíula Nascimento, como as respectivas mães de Téo e Clarice, e outros nomes como Elzio Vieira, Juliana Gerais, Clarissa Pinheiro, Lee Taylor, Teca Pinheiro, Felipe Camargo, Giovanni Venturini, Heloísa Honein e Joana Castro. Junto a Claudia, Dennison Ramalho e Yuri Costa assinam os roteiros. Compre o livro "Dias Perfeitos", de Raphael Montes, neste link.

sábado, 21 de junho de 2025

.: Luana Xavier lê Djamila Ribeiro na série "A(u)tores" e entrega importância


Antes de frequentar os aniversários badalados da escritora Djamila Ribeiro, Luana Xavier já via a escritora como uma das maiores autoras da sua geração. Por isso, pode-se imaginar sua emoção ao ler trechos do livro de Djamila no programa "A(u)tores", do Canal Futura. O programa conta com artistas da televisão, do teatro e da música vivenciando experiências por meio da leitura de grandes autores da literatura mundial. Para Luana, ler uma autora tão emblemática foi uma grande honra.

 “Além da visibilidade nacional, a Djamila vem ganhando notoriedade em muitos outros países. Então, fiquei lisonjeada por ser escolhida para ler a obra dela, que é tão importante na atualidade”, afirma a artista. Ela ainda entrega um dos livros da escritora, que se tornou o seu xodó de cabeceira: “'Cartas Para Minha Avó'. Acredito que esse meu apreço esteja ligado ao fato de minha avó ser também uma grande referência para mim no entendimento sobre o feminino, sobre negritude e sobre o poder da fé e das ervas”.

Outro livro de Djamila que também ocupa um lugar especial no coração de Luana é "Pequeno Manual Antirracista", tanto que o material inspirou um monólogo da atriz e apresentadora no teatro e lhe rendeu muitos elogios. “Sem dúvidas, essa obra é um divisor de águas na minha vida. Primeiro por ser o meu primeiro monólogo, e segundo, porque se tornou uma das principais referências para quem quer se aproximar do debate sobre antirracismo. Eu costumo dizer que é o prólogo para todos aqueles que querem se tornar aliados na luta antirracista no Brasil. Justamente por isso, muitas pessoas se interessam em assistir à peça para verem de forma mais palpável o que o livro traz como ferramenta”.

Voz ativa na luta contra o racismo, Luana defende que, para se tornar um aliado na causa, é necessário ter embasamento teórico. Por isso, as obras de Djamila são tão necessárias. “O racismo tem muitas facetas, ele se metamorfoseia constantemente, o que exige da sociedade um aprendizado constante. Pessoas não negras necessitam se cercar de informações para se aliarem a nossa luta e pessoas negras também precisam do conhecimento para se defenderem em situações cotidianas. Portanto, o didatismo de Djamila é absolutamente necessário para o avanço da discussão de pautas identitárias. Sorte a nossa, povo brasileiro, ter Djamila como uma de nossas vozes mais brilhantes”Compre os livros de Djamila Ribeiro neste link.


Programa com novo formato 
A grande novidade da produção "A(u)tores", do canal Futura, é o seu formato inédito, que apresenta leituras de obras consagradas, de autores contemporâneos ou do passado, feitas por artistas renomados ou coletivos culturais relevantes para o público do canal. Ao todo, serão 13 episódios de 30 minutos de duração. 

Nesta temporada, com a ampliação do tempo de exibição da série - que antes era de cinco minutos - Thiago Sacramento, diretor e roteirista do programa ao lado de Marcio Vianna, ambos da Guaraná Conteúdo, buscam ampliar o contato dos expectadores com a leitura de obras a partir de autores que marcaram a literatura nacional e internacional. Outra novidade é a presença da Fabiana de Pinho, doutora em Literatura, Cultura e Contemporaneidade. Ela traz um olhar acadêmico sobre cada autor, com depoimentos em todos os episódios.  

“Esperamos que o público seja capturado pela beleza, atemporalidade e magnitude de obras escritas por Machado de Assis, Lima Barreto, Clarice Lispector, Carolina Maria de Jesus, Caio Fernando Abreu, Shakespeare, entre outros, e que se permita tanto o prazer de revisitá-las quanto de conhecê-las. E, principalmente, que a série desperte no espectador o enorme prazer que é estar diante de um livro aberto, que certamente é uma das maiores janelas para o mundo”, afirma Thiago.  

Marcio complementa: “A série nasceu para mostrar como a leitura pode nos transportar para diferentes universos, das aventuras eletrizantes até as mais tocantes reflexões sobre a vida. A atração sempre contou com o carisma e o talento de artistas para apresentar os textos, tornando o convite ainda mais irresistível para o público. Nessa temporada, com episódios maiores e uma curadoria de autores consagrados, conseguimos mergulhar mais fundo nessa jornada. Com mais profundidade nessa conversa entre o público e os convidados que protagonizam os episódios, numa troca cheia de afeto sobre o prazer de conhecer cada livro, poema ou letra de música declamada”.  

No programa, o público poderá embarcar nas obras de Clarice Lispector, Machado de Assis, Carolina Maria de Jesus, Literatura Indígena, Lima Barreto, Fernando Sabino, Mário de Andrade, Cazuza, Djamila Ribeiro, Shakespeare, Caio Fernando de Abreu, Conceição Evaristo e Solano Trindade. A ideia é, junto com eles, despertar conexões e emoções a partir das histórias apresentadas.  

Para Mariana Seivalos, supervisora do Canal Futura, essa nova roupagem do A(u)tores mostrará que diferentes linguagens artísticas podem conversar com a literatura. “Ver artistas que admiramos mergulhando nas obras de seus escritores favoritos é uma experiência poderosa. Revela conexões profundas entre diferentes linguagens artísticas e mostra como a literatura continua a inspirar, provocar e transformar. Estamos muito orgulhosos de lançar a quarta temporada deste projeto — agora com episódios mais longos — e de trazer para a tela autores fundamentais como Lima Barreto, Carolina Maria de Jesus, Mário de Andrade, Machado de Assis, entre tantos outros que moldaram a literatura brasileira.”

Os episódios desta temporada trazem Beth Goulart, Martinho da Vila, Maria Gal, Zahy Tentehar, Luis Miranda, Verônica Sabino, Hugo Germano, Emílio Dantas, Luana Xavier, Grupo Galpão, Cia Luna Lunera, Complexo Negra Palavra, Tatiana Tiburcio, Damiana Inês e Luciana Lopes. 

 
Programação 
Estreia aconteceu em 25 de abril, às 22h30 

Horários alternativos: 
Sábado, às 12h00; Domingo, às 21h00; Segunda, às 2h15; Terça, às 15h30;  Quarta, à 1h00; Quinta, às 10h30 

25 de abril - Clarice Lispector por Beth Goulart: interpretou Clarice Lispector nos palcos e compartilha sua jornada 

2 de maio - Machado de Assis por Martinho da Vila: debutou no samba-enredo com uma canção sobre Machado de Assis e segue admirando sua obra 

9 de maio - Carolina Maria de Jesus por Maria Gal: interpretou Carolina Maria de Jesus no teatro, encantada pelos textos e atitudes ousadas da escritora 

16 de maio - Literatura Indígena por Zahy Tentehar: destacou a importância de Ailton Krenak na Academia de Letras e sua conexão com as palavras 

23 de maio - Lima Barreto por Luis Miranda: interpretou Lima Barreto no cinema e, desde então, admira sua obra 

30 de maio - Fernando Sabino por Verônica Sabino: filha do escritor e cronista, deu um depoimento íntimo sobre sua relação com a Literatura e sobre a obra do seu pai 

6 de junho - Mário de Andrade por Hugo Germano: falou sobre sua adaptação de "Macunaíma" no teatro e a obra de Mário de Andrade. 

13 de junho - Cazuza por Emílio Dantas: interpretou Cazuza em espetáculo musical, compartilha seu processo, valorização das letras e poesias das canções do artista  

20 de junho - Djamila Ribeiro por Luana Xavier: brilhou no teatro com o monólogo adaptado do livro de Djamila Ribeiro, convida-nos a conhecer mais sobre a escritora. 

27 de junho - Shakespeare por Grupo Galpão: único grupo brasileiro a se apresentar no Globe Theatre, compartilha sua versão inovadora do clássico "Romeu e Julieta" 

4 de julho - Caio Fernando de Abreu por Cia Luna Lunera: companhia encenou texto baseado em um conto de Caio Fernando Abreu, celebra a escrita do autor e sua relação com o cotidiano 

11 de julho - Conceição Evaristo por Tatiana Tiburcio, Damiana Inês e Luciana Lopes: texto de Conceição Evaristo foi o ponto de partida do espetáculo Ponciá 

18 de julho - Solano Trindade por Complexo Negra Palavra: coletivo artístico homenageia o poeta Solano Trindade

segunda-feira, 16 de junho de 2025

.: Leonardo Simões: identidade, crise e poesia no Brasil do ornitorrinco


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: Fabio Audi

“Pretinho é camaleão, sabe?” Com essa frase que ecoa como verso e diagnóstico, Leonardo Simões sintetiza o espírito de seu livro de estreia, "Folha de Rosto", publicado pela Mondru Editora. Mineiro de nascença, paulista por adoção e poeta por combustão interna, o autor mergulha nas contradições do Brasil recente para transformar identidade, afeto e política em matéria literária. É um autor consciente de que escrever hoje é, também, um ato de sobrevivência.

Escrito entre 2018 e 2022, período em que “o Brasil virou um meme de si mesmo”, o livro assume a forma de um romance em poemas, um dossiê lírico sobre um país onde apelidos machucam, onde relações desmoronam por ideologia e onde “a identidade, que antes era criada a partir da autenticidade, virou um tipo de produto”. Para Leonardo, escrever "Folha de Rosto" foi mais do que publicar versos: foi enfrentar seus próprios estilhaços e decidir “quais tradições, costumes e relacionamentos você vai dar o sangue pra não perder nunca”.

Nesta entrevista exclusiva ao portal Resenhando.com, o autor fala sobre racismo, arte como resistência, a tensão entre forma e conteúdo e o perigo de se perder no personagem. Com franqueza e delicadeza, ele convida o leitor a olhar o país pelo reflexo torto de um espelho onde, talvez, o que apareça seja um ornitorrinco.

Resenhando.com - “Folha de Rosto” é um romance em poemas, mas também soa como um dossiê emocional da vida no Brasil recente. Escrever poesia em tempos de polarização é um ato de ingenuidade, resistência ou desespero?
Leonardo Simões - 
Acho que é um pouco dos três. Recentemente, assisti uma peça - chamada “Poema” - que parte dessa mesma pergunta. O certo é que a arte é um ponto cardeal quando o caos se instala. Não por acaso, a arte é a primeira coisa a ser limada e atacada por qualquer regime totalitarista. A polarização não pode resistir à poesia, ao teatro, ao cinema e aos demais processos criativos.


Resenhando.com - Em um país onde "pretinho" ainda vem carregado de camadas - do afeto disfarçado ao racismo não admitido - como foi para você transformar essa palavra em literatura sem diluir sua dor?
Leonardo Simões - O distanciamento é necessário para se criar uma imagem que absorva mais de uma dor. A poesia, de certa forma, é uma imagem. Para trabalhar o afeto e o racismo nesta tão tensa como a palavra “pretinho” sugere, para mim, foi importante não somente traduzir experiências pessoais, mas encontrar o ponto que está fora desse raio de visão, algo que atraia outros afetos, sejam eles bons ou ruins.


Resenhando.com - Seu livro começa com um apelido. Num país que adora apelidar tudo - do presidente ao entregador -, você diria que o Brasil tem vocação para batizar ou para reduzir alguém?
Leonardo Simões - 
Acho que sim. Faz parte do nosso jeitinho ser “cordial”. Mas a redução - ou os apelidos, como você citou - não demonstram carinho. Ao contrário, podem ser mecanismos para reduzir, para tirar a identidade do indivíduo. Veja “neguinho", por exemplo, o modo como essa palavra, dependendo do contexto, atinge níveis distintos de compreensão.


Resenhando.com - A fragmentação da identidade do protagonista ecoa a de muitos brasileiros. Mas... e você, Leonardo: ainda se sente às vezes um “camaleão de classe média preta em crise permanente”?
Leonardo Simões - 
Não um “camaleão de classe média”, mas sim “em crise permanente". Com as redes sociais, pulverizar sua própria identidade ficou fácil demais. Você apaga defeitos, edita falas, assume lados sem se aprofundar e pode ignorar tudo isso apenas descendo o feed por horas e rindo de memes. A identidade, que antes era criada a partir da autenticidade, virou um tipo de produto. Então, fica cada vez mais difícil entender o que se é, já que há mais influências e referências do que tempo para absorver a experiência. Para o camaleão, a camuflagem é seu mecanismo de defesa. Para gente, não usar todas essas camuflagens é que te livra do perigo de se perder no personagem. Manter a forma original, de certa forma, é estar em crise permanente. Consigo e com o mundo.


Resenhando.com - Entre Ferreira Gullar e o caos das redes sociais, onde você encontra mais material para escrever: nos clássicos da literatura ou nos comentários do YouTube?
Leonardo Simões - 
É impossível não ser cercado pelas redes sociais. E há diversos canais que colaboram para que os clássicos sejam conhecidos e lidos. Eu tento não me fechar em uma única, mas ficar sempre atento para aparecer e de certo modo me abastecer. Para mim, nesse momento, a fonte de pesquisa está conectada ao objetivo do trabalho. Para fazer “Folha de Rosto", reli a obra inteira do Ferreira Gullar algumas vezes durante o processo. O TikTok tem sido meu reduto. Finalizei uma dissertação de mestrado sobre o app, que se tornou um livro de ensaio, e também para a criação de outro livro. O que estou fazendo agora pede isso. Mas o valor dos clássicos está acima de tudo. É importantíssimo estar por dentro do que já foi escrito.


Resenhando.com - Seu livro pergunta se os casais terminam por amor ou por política. Quantos relacionamentos você perdeu entre 2018 e 2022?
Leonardo Simões - 
Acho que uns cinco, mais ou menos. O número parece pequeno, mas eram pessoas que estavam no convívio. Quando você se vê em lados tão opostos, ou o rompimento é definitivo ou dá pra ser moderado, encontrar um caminho mais próximo do meio… o importante, acredito, não é bem quantos relacionamentos foram perdidos, mas quais foram mantidos. Perder relacionamentos, seja pela política ou não, faz parte da vida. Vai acontecer. As coisas sempre vão mudar. A batalha mesmo é escolher o que vai ser mantido, quais tradições, costumes e relacionamentos você vai dar o sangue pra não perder nunca.


Resenhando.com - "Folha de Rosto" poderia ser lido como um diário íntimo ou um relatório sociológico - mas você o chama de romance. Isso foi uma decisão estética, afetiva ou política?
Leonardo Simões - 
Fico feliz pelo “relatório sociológico", mas essa nunca foi a intenção. A decisão por chamá-lo assim se dá por sua forma esguia, já que é um livro cujo conteúdo foca em alguém na busca por compreender sua identidade. Para isso, prosa e poesia parecem disputar o espaço dessa “voz”. Então, a forma tenta se conectar ao conteúdo. Ou o conteúdo busca delimitar a forma. A dúvida também faz parte dessa “decisão”.


Resenhando.com - O Brasil de 2018 a 2022 foi um laboratório de distorções. Ao escrever nesse intervalo, você teve mais medo de parecer panfletário ou de ser lido como neutro?
Leonardo Simões - 
Ótima pergunta. Mas não tive medo de ser lido como panfletário. O livro foge disso. No poema “ex-filho", por exemplo, a "voz” está muito mais próxima de alguém egoísta, abominável e narcisista. Criar essa tensão parecia importante para mostrar que mesmo as pessoas engajadas politicamente tem suas contradições. “Sobre Isto", livro do poeta Maiakovski, é uma briga feia dele com sua esposa, relatada em versos ferinos. O poema, Inclusive, serve de referência para “banho”, um texto do livro que também fala de uma desavença entre o casal. Sobre ser neutro, também não tive esse medo porque “Folha de Rosto” não defende uma ideia política, mas poética. A partir daí, cada um escolhe o “estilhaço” que vai usar para se defender (ou atacar).


Resenhando.com - Você transita entre a criação publicitária e a literatura. O que dá mais trabalho: vender um carro ou convencer um leitor a sentir?
Leonardo Simões - 
Vender um carro dá mais trabalho porque trabalha em uma única chave: convencer alguém a comprar alguma coisa. Na literatura, você pode frustrar, contrariar, irritar e uma infinidade de outras possibilidades sem que “agradar" seja prioridade. Aliás, não é. Se a literatura só quer agradar o cliente, aí vira publicidade…


Resenhando.com - Você escreveu “Pretinho é camaleão, sabe?”. E se hoje o Brasil se olhasse no espelho, que bicho ele veria?
Leonardo Simões - Um ornitorrinco: um mamífero que põe ovos, semiaquático, que não é ave, mas tem bico de pato e rabo de esquilo. Hoje, a política, a cultura e os relacionamentos no Brasil nunca foram tão confusos quanto olhar para um ornitorrinco.


domingo, 15 de junho de 2025

.: Entrevista: Jacyr Pasternak usa a ficção como denúncia clínica


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: divulgação

Autor de romances que flertam com o policial e com o sarcasmo, o médico infectologista Jacyr Pasternak chega ao terceiro livro de ficção com "Receita Fatal", publicado pela editora Labrador, um thriller mordaz que transforma tragédia em provocação. Com 35 anos de atuação no Hospital Albert Einstein e uma bagagem que inclui pandemias reais como HIV e Covid-19, Pasternak mira agora outra ameaça silenciosa: a ignorância travestida de tratamento. “Foi uma terapia mental, sim, devido ao que provocou as mortes — mais uma vez uma denúncia”, confessa o autor sobre a família exterminada nas páginas do novo livro.

Na entrevista exclusiva ao Resenhando.com, ele não poupa ironia ao falar da medicina alternativa, que, na obra, é praticamente uma personagem vilã. E propõe um remédio direto: “A melhor terapia para as ditas medicinas alternativas, na verdade, são duas: a educação e as noções de ciência”. Com personagens de nomes quase teatrais e diálogos que provocam riso e incômodo, Pasternak constrói um enredo que expõe "o charlatanismo desabrido de profissionais inescrupulosos”, como define Heidi Strecker na quarta capa da obra.

E se o sarcasmo fosse mesmo uma vacina contra a desinformação? “Sarcasmo e ironia são as coisas que mais incomodam os praticantes de charlatanismo em todos os campos”, afirma o autor, que vê na literatura uma forma de resistência: “Estamos em plena septicemia cultural crônica, com piora importante desde que as redes sociais formaram experts em tudo o que nada sabem com um mínimo de profundidade”. Nesta entrevista, Jacyr Pasternak prova que ficção bem escrita pode ser, sim, um antídoto poderoso. Apoie o portal Resenhando.com e compre o livro "Receita Fatal" neste link.

Resenhando.com - Em um país onde reality shows fazem mais sucesso do que livros, o senhor acredita que o público está preparado para digerir um thriller que mistura pseudociência, sarcasmo e cadáveres da elite paulistana?
Jacyr Pasternak - Imagino que o povo que se diverte com os reality shows não é exatamente o povo que consome literatura policial. Acredito que temos um número suficiente de leitores de literatura policial para procurar um livro que mistura o whodunit, quem fez a maldade, com sarcasmo, um pouco de humor e uma espécie de denúncia de pseudociência.


Resenhando.com - O senhor já viu muita coisa bizarra na medicina real. Mas... sinceramente: qual foi a pseudoterapia mais absurda que ouviu alguém defender com convicção?
Jacyr Pasternak - Já vi tantas...mas, sinceramente, a defesa do uso de cloroquina e ivermectina para tratar Covid 19 é forte candidata a mais fatal de todas, e defendida por convicção por expoentes da direita, incluindo direita médica - que não é pequena.


Resenhando.com - O senhor já matou uma família inteira - pelo menos no papel. Foi mais prazeroso como escritor ou mais terapêutico como médico?
Jacyr Pasternak - Olha…prazeroso não é bem o termo para matar uma família, (risos)... Mas foi uma terapia mental, sim, devido ao que provocou as mortes - mais uma vez uma denúncia.


Resenhando.com - Em "Receita Fatal", a medicina alternativa é praticamente uma personagem vilã. Se pudesse, o senhor receitaria qual antídoto à sociedade para esse culto às curas mágicas?
Jacyr Pasternak - A melhor terapia para as ditas medicinas alternativas, na verdade, são duas: a educação e as noções de ciência. Se a pessoa tiver essas noções, certamente não cairá como um pato nas medicinas ditas alternativas ou em "curas mágicas", ou nas mãos de um "João de Deus". O que não consigo entender é como pessoas muito bem formadas e ilustradas e ilustres caem nessas "curas mágicas".


Resenhando.com - Os nomes dos personagens têm um quê teatral: Emerenciana, Marisa, Chico que odeia ser chamado de Chico... Existe aí um certo deboche com os arquétipos da nossa sociedade?
Jacyr Pasternak - Não foi inteiramente consciente, mas o deboche, agora que você assinalou, de fato, existe. Achar nomes para personagens não é nada simples. Raymond Chandler, se não estou enganado, usava lista telefônica, isso no tempo em que as listas eram impressas (risos).


Resenhando.com - A ironia é sua seringa narrativa preferida. Em tempos tão sensíveis, o senhor acha que ainda é possível "vacinar" o leitor com sarcasmo?
Jacyr Pasternak - Sarcasmo e ironia são as coisas que mais incomodam os praticantes de charlatanismo em todos os campos. Humor também funciona para mostrar os pés de barro de autoritários, e a medicina alternativa tem este aspecto autoritário de “acredite em mim porque Deus me deu este poder”, ou “porque sou professor doutor, porque a mafia de branco esconde esta sensacional cura, porque me perseguem...”.


Resenhando.com - Considerando que muitos dos seus leitores podem ser pacientes ou colegas, já pensou em oferecer um curso de "literatura profilática"? Quem seria o público-alvo ideal?
Jacyr Pasternak - Existem literaturas profiláticas e corretivas, existe a revista Questão de Ciência, brasileira, que se dedica a isto, existe a revista americana Septic. Tentam, não digo que com grande sucesso. O público-alvo é mais quem está se educando; quem já acha que sabe tudo, provavelmente, é caso perdido...


Resenhando.com - Se o senhor tivesse que diagnosticar a literatura policial brasileira contemporânea, qual seria o parecer clínico?
Jacyr Pasternak - A literatura policial brasileira não é muito ampla, mas tem excelentes escritores, como Rubem Fonseca, Luiz Garcia Roza, Marcos Rey. Há uma dificuldade na literatura policial no Brasil: literatura policial é mais imaginada e praticada em países onde tem polícia que investiga e justiça que funciona, ambas as condições que não são exatamente o que acontece no Brasil, concorda?


Resenhando.com - Se a pseudociência fosse uma bactéria hospitalar, o senhor acha que a literatura ainda poderia ser o antibiótico certo - ou já estamos todos em septicemia cultural?
Jacyr Pasternak - Estamos em plena septicemia cultural crônica, com piora importante desde que as redes sociais formaram experts em tudo o que nada sabem com um mínimo de profundidade.


Resenhando.com - Como médico, o senhor já enfrentou pandemias reais - HIV, Covid-19, gripes letais - mas agora se aventura na ficção para narrar outra praga: a ignorância travestida de tratamento. O que dá mais trabalho, combater um vírus ou desmascarar um charlatão com diploma falso e Instagram "bombado"?
Jacyr Pasternak - Combater um vírus nas fases iniciais de uma pandemia quando ele não é conhecido ou é um mutante, é muito dificil. Mas a ciência acaba por encontrar a solução. Desmascarar um charlatão ou um influencer com zilhões de seguidores é muito mais dificil. O dr. Drauzio Varella “tem tentado”. Veja o que aconteceu, usaram IA para clonar o Drauzio e fazê-lo de menino propaganda de suplementos alimentares que ele denuncia sempre que pode. A criatividade de sacripantas e charlatões é infinita. Só com mais educação de qualidade a sociedade vai conseguir relegar os charlatões com diploma falso e também os charlatões com diploma de verdade a sua ação deletéria. Sumir não vão sumir nunca...

quarta-feira, 11 de junho de 2025

.: Entrevista com Paulo Scott: o poeta entre o desconforto e a estética


Por 
Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: Morgana Kretzmann

Não é poesia para agradar: é para fisgar. Com essa energia crua e combativa, o escritor Paulo Scott lança pela editora Alfaguara o livro de poemas "Sanduíche de Anzóis". Ao revisitar 25 anos de produção poética, o autor do romance "Marrom e Amarelo" não só costura versos antigos - ele os rasga, remonta, corta fora o que já não sangra. O resultado? Um corpo novo, feito de amores esfolados, revoltas sem anestesia e loucura como linguagem-mãe.

Neste livro-reinvenção, Scott transforma o tempo em lâmina e a memória em anzol. Esqueça o lirismo gourmet de redes sociais: a poesia dele é músculo em espasmo, verbo que lateja, um soco lírico na caretice dos algoritmos. Entre versos indomáveis e um manifesto contra o novo fascismo, Scott reafirma que escrever no Brasil é - ainda - uma forma de risco, de raiva, de ternura. Nesta entrevista exclusiva ao portal Resenhando.com, o autor fala sobre o prazer de cuspir versos que não servem mais, a recusa às anestesias do mercado e por que prefere o desconforto à doçura. Prepare-se: esta conversa não é para os que esperam vinho chileno - aqui, a poesia vem quente e crua para fisgar. Apoie o Resenhando.com e compre a coletânea "Sanduíche de Anzóis", de Paulo Scott, neste link.


Resenhando.com - Você revisitou, reescreveu e reinventou poemas seus com mais de 25 anos. O que Paulo Scott cortou de si ao cortar os próprios versos? O que ficou indigesto nesse "Sanduíche de Anzóis" que você precisou cuspir fora?
Paulo Scott - 
Todo processo de releitura implica reinvenção. Essa reinvenção demanda riscos. Penso que admitir a possibilidade desse risco, considerando que talvez eu tenha me tornado um leitor melhor, mais acurado, mais sereno, é estabelecer uma tentativa de nova busca pelo simples, pela simplicidade, que é tão determinante na literatura e na arte em geral. Há uma acomodação de ritmo, um adensamento, um assentamento, que só a distância do tempo (o passar do tempo) poderia trazer. A supressão dos títulos, inclusive dos poemas inéditos, fez parte desse processo de corte – acredito na afetividade e na eficácia do cortar em relação ao texto, o tal lapidar, é diferente em relação à minha pessoa (e à minha persona de poeta também), com relação a ela há soma, sobretudo em relação à consciência do tempo que passou.


Resenhando.com - Em tempos de algoritmos suaves e poesia pasteurizada no Instagram, sua linguagem parece um soco de verbos crus. É possível fisgar leitores de hoje sem sedá-los primeiro com doçura?
Paulo Scott - A doçura traz a vertigem de curta duração, depois ela calcifica (é como um enigma que se resolve com facilidade). O que desacomoda está sempre em movimento; mesmo que diminua em grau de desconforto, está sempre acenando para a possibilidade de desafio. Penso que no “Luz dos Monstros” (Editora Aboio, 2023) cheguei a um lugar, a uma radicalidade, da qual não posso recuar. Mesmo que se reconheça no primeiro livro deste “Sanduíche de Anzóis”, o do amor, alguma acessibilidade maior, agrado, eu imagino que a estranheza, o martelar e o ruído estão sempre lá. Se eu abrir mão dessa dicção para me tornar mais palatável, mais, digamos, “vinho chileno” (aquele que nunca decepciona), estarei abrindo mão da própria poesia (da forma como leio e aprendo com a poesia buscando sempre sua incerteza). A liberdade que a poesia traz é imensa porque ela não demanda compreensão, ela demanda invenção, demanda leitura criativa (muito mais do que escrita criativa), penso que aí está a magia, aí está a potência, aí está o segredo. Faço como faço porque é o modo que possibilita o meu fazer, é como sei fazer; contornar a doçura fugir das referências, inclusive de mim, do verso que antecedeu o verso que está sendo escrito dentro próprio poema, é minha maneira de respirar, minha singularidade, minha voz única. Com o tempo a gente percebe que essa voz única é só o que podemos ambicionar, ela é um lugar, ele significa, mas, além de ser mais um grão de areia na imensa linha da tradição literária, não há nada de especial nele.


Resenhando.com - Você fala de amor, loucura e revolta como se fossem irmãs siamesas. Qual dessas três, se tivesse que amputar, deixaria você artisticamente amputado?
Paulo Scott - A loucura. Ela é o útero da minha linguagem, ela é a fonte, o duvidar que faz com que tudo se mova.


Resenhando.com - Em “Marrom e Amarelo”, você expõe feridas raciais do Brasil sem anestesia. Na sua poesia, que anestesia você deliberadamente se recusa a usar - mesmo sabendo que poderia facilitar a publicação ou aceitação?
Paulo Scott - Desprezar a inteligência e a criatividade de quem está lendo é formular anestesias que podem produzir resultados diferentes afetando, inclusive, a aceitabilidade comercial do livro (embora, como sabemos, não haja fórmula garantida). Tento não pegar (não ambicionar) esse atalho - meus romances não abrem mão do oculto, da entrelinha, da inquietude porque é minha forma de conseguir narrar. O que posso dizer é: minha prosa é assim porque minha poesia (minha respiração na poesia) é assim. Minha coragem de prosador vem da minha persona poeta, da sua loucura (do seu caos) que, embora menos prolifica, só aumenta em intensidade, vem da minha respiração de poeta, da segurança que, por sorte, consigo encontrar nela. Respondendo à pergunta de maneira mais objetiva: minha poesia é uma fuga, uma construção de exílio, de estrangeiridade e, nesse processo, há um atrito essencial e uma aspereza essencial que ditam o próprio fazer; manter esse movimento talvez seja meu modo de não ceder à tentação das anestesias.


Resenhando.com - Reescrever poemas antigos é como rever fotos ou reabrir cartas antigas? Você teve medo de reencontrar um Paulo Scott que já não é mais você?
Paulo Scott - Não tive medo. Sinto-me o mesmo adolescente tímido e gago buscando mais consistência nesta vida que se faz pela linguagem (e pela leitura dessa linguagem). Fotos e cartas são diferentes, poesia para mim é sempre aflição da busca, ela não cessa, encadeia e me faz, sem hiatos, perceber aqueles que já fui, dependo deles para ser o que sou hoje.


Resenhando.com - Se sua poesia é uma luta corpo a corpo com a linguagem, quem geralmente vence: o Paulo que escreve ou o verso que escapa?
Paulo Scott - Ótima pergunta. O verso que escapa sempre vence. Nele está a luz que instiga o meu perseguir.


Resenhando.com - Você já recebeu conselhos para “suavizar a escrita” ou “alinhar o tom ao mercado”? E, se sim, o que você respondeu - mentalmente ou em voz alta?
Paulo Scott - Sim, muitas vezes. Respondo em voz alta: é só assim que eu sei fazer.


Resenhando.com - Há um manifesto contra o novo fascismo dentro do livro. Como poeta, qual o risco maior: ser panfletário demais ou cúmplice por omissão?
Paulo Scott - Tentar ou arriscar, mesmo que haja falha, é o que importa. O engajamento está na leitura (ela determinará a importância de um texto literário). Não acredito em quem produz escoltado pela jura do engajamento, já justificando e explicando a própria relevância. Dizer que é um manifesto não me extrai da insignificância, não é mais do que uma simples nomeação. Registro que é manifesto porque um determinado tempo e um determinado Paulo Scott nos solicitou. Achei que valia a pena constar como um esforço nascido em um tempo de desespero (tendo por cenário a pandemia e sua incontornável ambiência apocalíptica) parte do grande desespero geral que é, em si, a existência.


Resenhando.com - Você se considera um poeta militante, um militante poeta ou um cara que escreve poesia tentando sobreviver ao país - e a si mesmo?
Paulo Scott - Sou poeta para abraçar da melhor maneira possível a solidão. Não penso em sobrevivência, penso em me aperceber da vida, penso, como já disse, em leitura, em ler mais e melhor o que nos determina e por vezes, nos permite alguma felicidade.


Resenhando.com - Se “Sanduíche de Anzóis” fisga, qual tipo de leitor você mais deseja capturar: o distraído, o indignado ou o que nunca se deixou morder por verso algum?
Paulo Scott - Não penso em quem me encontrará, penso em inscrever, do meu jeito, o que encontrei e repassar. E, nesse sentido, somar-me a uma ética que ainda não conseguimos definir, precisar.


Resenhando.com - O Paulo Scott dos versos é o mesmo que o da prosa e o do dia a dia? O que os aproxima e o que os diferencia?
Paulo Scott - Bom isso de focar nos versos. Mais do que os poemas, penso que existo nos versos, cada um deles é uma companhia irreplicada, um assentamento, um espelho que me dirá, sobretudo, para mim mesmo. Neles sou o tempo, o meu tempo, que não submete ao tempo cristão, ao tempo mercantil, ao tempo das expectativas, dos julgamentos (e, nos julgamentos, das condenações que na nossa maneira de viver o supremo deus capitalismo e suas eternas enfermidades, a atualidade de sua luz dos monstros, nos impõe).

.: IMS lança curta sobre arquivo de Dalton Trevisan, com registro raro


Frame do curta-metragem sobre o arquivo de Dalton Trevisan. Imagem: Instituto Moreira Salles

Na próxima sexta-feira, dia 13 de junho, o Instituto Moreira Salles lança um curta-metragem sobre o escritor Dalton Trevisan (1925-2024), em celebração ao centenário do autor paranaense, completado no dia seguinte, dia 14 de junho. O curta-metragem, que estará disponível no canal de YouTube do IMS, gira em torno do arquivo de Trevisan, doado ao IMS em 2024. Filmado na residência do autor em Curitiba, o filme traz uma raridade: um breve registro de Trevisan, conhecido pelas poucas aparições públicas, trabalhando em frente ao seu computador, aos 99 anos.

Com cerca de 10 minutos, o curta é narrado por sua agente literária e amiga Fabiana Faversani, que mostra materiais do arquivo do escritor, naquele momento armazenados no apartamento onde ele morava. São livros, fotografias, correspondências, recortes de jornais e diários, entre outros itens. Segundo Faversani, Trevisan doou seu arquivo ao IMS “por ter plena ciência da importância do material estar disponível para pesquisa e provocar uma série de novas discussões sobre a obra”.

O filme dialoga com uma série de iniciativas realizadas em celebração ao centenário do escritor. A editora Todavia, por exemplo, que representa o autor desde 2024, publicará os primeiros seis de um conjunto de 37 livros de Trevisan, mais uma antologia inédita organizada por Caetano W. Galindo e Felipe Hirsch. As demais obras ganharão novas edições ao longo dos anos.


Sobre o arquivo
Doado pelo escritor ao IMS em 2024, o arquivo de Dalton Trevisan inclui cadernetas, diários, fotografias, cartas, recortes de jornais e livros. A doação concluiu um ato iniciado em outubro de 2020, quando o IMS recebeu do autor a extensa correspondência trocada com Otto Lara Resende (1922-1992). Entre os destaques, estão pastas com recortes de jornais e revistas, incluindo desde crônicas suas publicadas na imprensa, grande quantidade de resenhas e reportagens sobre seus livros, como também material reunido por temas específicos: crimes, cinema, "Star Trek", saga da qual era fã, e escândalos políticos, entre outros.

O arquivo traz ainda dezenas de gravuras e ilustrações de Poty Lazzarotto (1924-1998), amigo desde a juventude e ilustrador de suas obras, e correspondências trocadas com nomes como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Pedro Nava. Com a chegada ao IMS, o arquivo de Trevisan passará por etapas de conservação, catalogação e digitalização, para então começar a ser disponibilizado para pesquisas, de modo que o público tenha acesso ao material.


Sobre o autor
Dalton Trevisan nasceu em Curitiba em 14 de junho de 1925 e faleceu no dia 9 de dezembro de 2024, aos 99 anos. Formou-se em direito pela Universidade Federal do Paraná e chegou a exercer a advocacia durante alguns anos, tendo atuado também como crítico de cinema e repórter policial. Em 1946, aos 21 anos, com amigos como Erasmo Pilotto e Poty Lazzarotto, criou a revista literária Joaquim, da qual era editor e onde publicou seus primeiros contos.

Seu primeiro livro, Novelas nada exemplares, o tornou nacionalmente conhecido - a reunião de contos ganhou o Prêmio Jabuti, primeiro dos quatro que colecionou ao longo da carreira, consagrada ainda com os prêmios Ministério da Cultura de Literatura (1996), Portugal Telecom de Literatura Brasileira, atual Oceanos, dividido com Bernardo Carvalho (2003), Camões (2012) e Machado de Assis, da ABL (2012).

Entre os livros dele, destacam-se ainda "Cemitério de Elefantes" (1964), "O Vampiro de Curitiba" (1965), do qual herdou a alcunha "Vampiro de Curitiba, Contos Eróticos" (1984), "A Guerra Conjugal" (1975), "Macho Não Ganha Flor" (2006) e o único romance, "A Polaquinha" (2013). A partir deste ano, a obra completa do autor será relançada pela editora Todavia.


Ficha técnica do curta-metragem
Direção e montagem: Matheus Balbino
Assistente de direção: Matheus Nogueira
Operação de câmera: Matheus Balbino, Matheus Nogueira
Color grading: João Felipe Moreira
Pesquisa literária e roteiro e narração: Fabiana Faversani
Acessibilidade: AHU - Acessibilidade Humanista Ltda

.: Espaço Rebentos n'A Feira do Livro: confira a programação oficial infantil


O festival literário paulistano inaugura o Espaço Rebentos, dedicado ao público infantil, com nomes como Bela Gil, Paulo Henriques Britto, Pedro Bandeira, Ruth Rocha, entre outros. Foto: divulgação


Uma das principais novidades da edição de 2025 d’A Feira do Livro é a estreia da programação oficial voltada para crianças no Espaço Rebentos, montado em frente ao estádio, em meio às tendas dos expositores. Nas edições anteriores, as atividades para crianças eram organizadas por parceiros e expositores.

Com entrada gratuita, o novo palco infantil deve receber cerca de 60 convidados em 33 atividades que incluem bate-papos, contações de histórias, oficinas e apresentações musicais com grandes autores, ilustradores e artistas do livro para as infâncias no Brasil. Não é necessário retirar senha ou ingresso. Após as atividades os autores vão assinar seus livros no mesmo local.

A curadoria do Espaço Rebentos, a cargo da jornalista e produtora cultural Juliana Vettore e da jornalista Jaqueline Silva, responsável pela cobertura infantojuvenil da revista Quatro Cinco Um, é uma versão para crianças do que se vê nos palcos voltados para o público adulto d’A Feira do Livro, com a literatura como eixo principal e temas em pauta na educação e no debate público, como cultura indígena, política, meio ambiente, cultura afro-brasileira, entre outros.

“A programação do Espaço Rebentos dialoga com os temas contemporâneos debatidos nos demais palcos d’A Feira do Livro, mas também abre espaço para a imaginação e a fantasia, com a presença de autores que escrevem e ilustram para contar histórias que vão desde um elefante fora de ritmo, passando por um cupcake aventureiro, até um grupo de gatos voadores em meio à cidade grande”, explica Jaqueline Silva.

Entre os confirmados estão a apresentadora e chef de cozinha Bela Gil; estrelas da literatura infantojuvenil, como Ruth Rocha - que tem um estande dedicado à sua obra n’A Feira do Livro - e Pedro Bandeira; o babalorixá e escritor Sidnei Nogueira; a escritora Andréa del Fuego; o ilustrador Daniel Kondo; a poeta e cordelista Auritha Tabajara; o poeta Edimilson de Almeida Pereira; a professora e escritora Lavínia Rocha; e um pocket show da banda Barbatuques.

Voltado principalmente para crianças de 4 a 9 anos - mas sem deixar outras faixas etárias de fora - o espaço foi projetado para acolher pequenos leitores e seus acompanhantes, com palco, área de leitura, bancadas de editoras voltadas para as infâncias e mesa de autógrafos. No interior da tenda, serão distribuídas credenciais especialmente feitas para as crianças - além da brincadeira de dar credenciais semelhantes às dos autores convidados, a iniciativa ajuda a identificar as crianças com o nome e o contato dos acompanhantes.

“A cenografia, que leva a identidade visual d’A Feira do Livro, cria um ambiente lúdico e acolhedor, pensado para atrair leitores de todas as idades”, conta Álvaro Razuk, diretor-geral e de arte e arquitetura do festival literário.

“O espírito d’A Feira do Livro, ao trazer a bibliodiversidade para o espaço público, a céu aberto, sem cobrança de entrada, é expandido nesse novo espaço, que amplia a circulação de livros para os pequenos”, reflete Juliana Vettore.

Nos fins de semana e no feriado serão quatro atividades ao longo do dia, às 11h00, 13h00, 15h00 e 17h00. De segunda, dia 16, a quarta, 18 de junho, serão três atividades, às 12h30, às 15h00 e às 17h00. O Espaço Rebentos tem parceria da Associação Vaga Lume, organização que promove acesso à leitura na região amazônica e participa do festival literário paulistano desde 2022. A Vaga Lume realiza n’A Feira do Livro 2025 um ciclo de debates voltados para educadores, professores e pesquisadores da educação sobre incentivo à leitura, tratando da formação de leitores nas periferias, mediação literária, as infâncias negras e indígenas, edição, acervos e bibliotecas comunitárias.


Patrocínios, apoios e parcerias
Realizada pela Associação Quatro Cinco Um e pela Maré Produções por meio da Lei Rouanet, A Feira do Livro reafirma sua relevância no cenário dos eventos literários do país com o apoio e o patrocínio de importantes instituições brasileiras.

A Petrobras é a apresentadora exclusiva desta edição, por meio da Seleção Petrobras Cultural – Novos Eixos, reforçando seu compromisso com o acesso à cultura, à leitura e à democratização do conhecimento. A Feira do Livro conta ainda com patrocínio da Prefeitura de São Paulo e da Motiva, por meio do seu Instituto, na categoria Prata; do Itaú, pelo terceiro ano consecutivo, e da laranjinha do Itaú, na categoria Bronze.

O Instituto Ibirapitanga pela terceira vez apoia o projeto, ao lado de Pinheiro Neto Advogados, que estreia como parceiro em 2025. O enjoei também renova seu apoio pelo segundo ano. A edição de 2025 conta ainda com o apoio institucional da Mercado Livre Arena Pacaembu, do Museu do Futebol junto à Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer, da Biblioteca Mário de Andrade e da Livraria da Travessa.

O evento também conta com apoiadores institucionais: Embaixada da França no Brasil, Camões – Instituto da Cooperação e da Língua de Portugal, Instituto Cervantes, Canada Council for the Arts, Ernesto Tzirulnik Advocacia (ETAD), Vaga Lume, Ecooar, Kiro, INNSiDE by Meliá São Paulo Higienópolis, Bubu Restaurante e ,Ovo.

A visibilidade e a difusão d’A Feira do Livro 2025 têm o apoio de veículos e plataformas que acompanham, registram e amplificam o alcance do evento, com parcerias de mídia que incluem TV Brasil, Rádio Nacional, Folha de S.Paulo, UOL, JCDecaux, piauí, PublishNews e Quatro Cinco Um.


Programação do Espaço Rebentos

Sábado, 14 de junho
11h00, no Espaço Rebentos:
pocket show da banda Barbatuques.
13h00, no Espaço Rebentos: bate-papo com Silvana Rando, mediação de Maria Cristina Perez Vila.
15h00, no Espaço Rebentos: oficina "Como Montar Seu Gato Alado”, baseada nos livros da série "Gatos Alados" (Glida, 2024), de Ursula K. Le Guin, com Camila Sardinha.
17h00, no Espaço Rebentos: bate-papo com o poeta mineiro Edimilson de Almeida Pereira sobre a poesia produzida para crianças, mediação de Tatiana Nascimento.


Domingo, 15 de junho
11h00, no Espaço Rebentos:
pocket show da banda Fera Neném, com Gustavo Ramus de Aquino, Lia Elazari Biserra e Marcos Eduardo Dávila.
13h00, no Espaço Rebentos: "Preto é Lindo!" (Baião), oficina de desenho e impressão com carimbos, com Gabriel Furmiga.
15h00, no Espaço Rebentos: lançamento Ruth Rocha e Anna Flora (Moderna/Santillana).
17h00, no Espaço Rebentos: "Fabulações Cantadas" (Solisluna, 2024), contação de histórias cantada com Zélia Vitória Cavalcanti e Péricles Cavalcanti.


Segunda, 16 de junho
12h30, no Espaço Rebentos:
 bate-papo sobre poesia indígena voltada para a infância com a poeta Auritha Tabajara, mediação de Rita Carelli.
15h00, no Espaço Rebentos: bate-papo sobre a importância da bibliodiversidade na infância com Alexandre Coimbra Amaral e Renata Nakano.
Apoio: Clube de Leitura Quindim.
17h00, no Espaço Rebentos: bate-papo com Augusto Massi e Daniel Kondo sobre o livro infantojuvenil "Eletricista" (Elo), mediação de Rita M. da Costa Aguiar.


Terça, 17 de junho
12h30, no Espaço Rebentos:
contação de história com Sophia Pinheiro e Zenaide Denardi do livro A jabota poliglota (Boitatá, 2024), seguida de oficina de confecção de máscaras.
15h00, no Espaço Rebentos: leitura compartilhada do livro "Leotolda" (Boitatá), da artista espanhola Olga de Díos, e oficina de desenhos com Renata Nakano. Apoio: Clube de Leitura Quindim.
17h00, no Espaço Rebentos: contação de histórias do livro "Eu Sou Ioga" (Glida, 2024), de Susan Verde, pela atriz Zenaide Denardi e prática de ioga para pais e crianças com o professor de ioga Pedro Figueiredo.


Quarta, 18 de junho
12h30, no Espaço Rebentos:
bate-papo com a professora e escritora mineira Lavínia Rocha sobre o livro "O que Você Pensa Quando Falo África?" (Yellowfante, 2025), práticas antirracistas em sala de aula, e uma pequena atividade com a plateia sobre o que eles pensam quando escutam “África”, mediação de Gabriela Romeu.
15h00, no Espaço Rebentos: bate-papo com Isabel Malzoni e Ananda Luz, organizadoras do livro "Eu Devia Estar na Escola" (Caixote, 2024), escrito por muitas crianças moradoras de favelas da Maré, sobre a violência das operações policiais na favela, mediação de Renata Rossi.
17h00, no Espaço Rebentos: oficina de desenhos feios com a autora Caró Lago.


Quinta, 19 de junho
11h00, no Espaço Rebentos:
bate-papo com Antonio Prata sobre a escrita que utiliza do humor e das observações do cotidiano para acessar as infâncias, a partir dos livros "Jacaré, Não!" (Ubu, 2016), "A Menina que Morava no Chuveiro" (Ubu, 2019) e "Esconde-esconde" (Ubu, 2021), mediação de Marilia Neustein.
13h00, no Espaço Rebentos: bate-papo sobre a contação de histórias indígenas e a criação do podcast "Pavulagem", com Maickson Serrão e Ciça Pinto (Documenta Pantanal), mediação de Rita Carelli.
15h00, no Espaço Rebentos: bate-papo com Paulo Henriques Britto, Caco Galhardo e Fabrício Corsaletti, mediação de Sofia Mariutti.
17h00, no Espaço Rebentos: bate-papo sobre meio ambiente nos livros atuais com Estevão Azevedo e Vitor Bellicanta, autores de "Submersos" (Caixote, 2025), mediação de Gabriela Romeu.


Sexta, 20 de junho
11h00, no Espaço Rebentos:
roda de leitura para bebês com Rafaela Deiab e Tieza Tissi, a partir do livro "Berço, Balanço, Colinho, Neném" (Brinque-Book, 2025).
13h00, no Espaço Rebentos: bate-papo com Renato Moriconi, Rodrigo Andrade, Vítor Rocha e Eva Furnari sobre a criação das ilustrações e a construção de narrativas que aliem o texto com a parte gráfica, mediação de Luis Filipe Pôrto.
15h00, no Espaço Rebentos: leitura encenada de "Sabor Paciência" (Baião, 2025), de Mariana Salomão Carrara, com Julia Corrêa e Mayara Constantino.
17h00, no Espaço Rebentos: bate-papo com Sidnei Nogueira e Luciana Itanifé sobre religiões de matriz africana, intolerância religiosa e autoestima na infância, e contação de história do livro "A Menina dos Cabelos D'água" (Baião, 2023), mediação de Juliana Vettore.


Sábado, 21 de junho
11h00, no Espaço Rebentos:
bate-papo entre a escritora Cidinha da Silva e Marcelo D'Salete e contação de história do livro "O Mar de Manu" (Yellowfante, 2021), mediação de Léo de Paula.
13h00, no Espaço Rebentos: "Pterossauros do Brasil" (Peirópolis), apresentação do paleontólogo Luiz Eduardo Anelli.
15h00, no Espaço Rebentos: bate-papo com Andréa Del Fuego e Pedro Bandeira, mediação de Jaqueline Silva.
17h00, no Espaço Rebentos: bate-papo com as autoras Janaina Tokitaka e Lúcia Hiratsuka sobre literatura japonesa para pequenos e oficina de tsurus customizados.


Domingo, 22 de junho
11h00, no Espaço Rebentos:
bate-papo com a dupla premiada Lalau e Laurabeatriz sobre os 30 anos de parceria e a preocupação constante de abordar a preservação da fauna brasileira com as crianças, mediação de Cris Tavares.
13h00, no Espaço Rebentos: contação de história e pocket show do escritor e músico Cristiano Gouveia.
15h00, no Espaço Rebentos: contação de história e apresentação musical da escritora Mafuane Oliveira e dos músicos Loiá Fernandes e Rafael Galante sobre a obra Cinderela do rio (Peirópolis, 2024).
17h00, no Espaço Rebentos: bate-papo com Bela Gil e Daniel Kondo sobre o livro Florisbela: receitas de amizade (WMF Martins Fontes, 2024) e atividade culinária com Bela Gil, mediação de Luiza Fecarotta.


A Feira do Livro é uma realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet – Incentivo a Projetos Culturais, da Associação Quatro Cinco Um, organização sem fins lucrativos dedicada à difusão do livro e da leitura no Brasil, e da Maré Produções, empresa especializada em exposições e feiras culturais. 


Serviço
A Feira do Livro
Local: Praça Charles Miller - Pacaembu / São Paulo

Sábado, 14 de junho
Abertura d’A Feira do Livro 2025 para o público: 10h00.
Funcionamento: das 10h00 às 21h00.

Domingo, 15 de junho
Funcionamento: das 10h00 às 21h00.

De segunda a quarta-feira, 16 a 18 de junho
Funcionamento: das 12h00 às 21h00.

Quinta, sexta-feira e sábado.  de 19 a 21 de junho - feriado e emenda
Funcionamento: das 10h00 às 21h00.

Domingo, dia 22 de junho
Funcionamento: das 10h00 às 19h00.


Espaço Rebentos n’A Feira do Livro 2025
De 14 a 22 de junho de 2025. Atividades às 11h00, 13h00, 15h00 e 17h00. Dias de semana: atividades às 12h30, 15h00 e 17h00.

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