segunda-feira, 4 de setembro de 2023

.: "Visão Noturna", de Franklin Teixeira: suspense e questões LGBTQIAPN+


Chega às livrarias em setembro "Visão Noturna", primeiro romance de Franklin Teixeira publicado pela Intrínseca. Nessa história aterrorizante, conhecemos Theo e Yuri, dois jovens que tentam desvendar os segredos e mistérios de uma cidade aparentemente perfeita enquanto lidam com os sentimentos que nutrem um pelo outro.

Desde pequeno, Theo é fascinado por filmes de terror, mas sabe que eles não são o suficiente para livrá-lo dos pesadelos intensos que o atormentam. Junto a Yuri, amigo com quem tem uma relação complicada e por quem nutre uma paixão secreta, ele encontra uma maneira de dar vazão a esse lado obscuro, e assim é criado o Visão Noturna, canal na internet dedicado a crimes reais e eventos misteriosos.

Após desvendarem a morte brutal de uma mulher no interior fluminense, os dois jovens precisam consolidar a súbita fama com um novo projeto. Por isso, a bordo da kombi Rita Lee, eles partem para a região serrana do Rio de Janeiro com o objetivo de filmar uma série documental em Itacira, cidade repleta de lendas urbanas e acontecimentos sinistros desde sua formação. Não demora muito para que Theo e Yuri entendam que os muitos mistérios que rondam a cidade não ficaram no passado, e que seus moradores podem esconder mais segredos do que estão dispostos a revelar.

Entre relatos de desaparecimentos, de assassinatos em série e de rituais macabros, Theo emprega sua intuição aguçada e seu discernimento para investigar o que se esconde por trás da fachada pacata do lugar. Percorrendo um labirinto de ruas, histórias e personagens, seus passos descortinam segredos há muito guardados, desafiam as dinâmicas de poder da cidade e prometem revelar verdades terríveis — inclusive aquelas que ele esconde de si mesmo.

"Visão Noturna" mescla suspense e romance numa história sobre um jovem que, ao trilhar seu caminho, encontra no amor e na amizade os instrumentos para enfrentar um mundo cada vez mais perverso. Com uma trama sombria, sagaz e bem construída, o livro também aborda com naturalidade temas contemporâneos e questões LGBTQIAPN+, além de retratar com sensibilidade as descobertas e as angústias da juventude, em uma narrativa visceral que vai despertar o interesse tanto do público jovem quanto de leitores mais maduros. Compre o livro "Visão Noturna", de Franklin Teixeira, neste link.


Sobre o autor
Franklin Teixeira nasceu em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, onde cursou Enfermagem no ensino médio e Direito na UNIG. É autor do romance "Verdades Invisíveis", publicado de forma independente em 2017. Também possui textos na plataforma Wattpad e na revista Mafagafo. "Visão Noturna" é seu primeiro romance publicado pela Intrínseca. Foto: Rafaela Cassiano. Garanta o seu exemplar de "Visão Noturna", escrito por Franklin Teixeira, neste link.

.: “Trinta Anos esta Noite ou O Espelho Negativo” aborda as dores femininas


Solo teatral entrelaça a vida pessoal da atriz com os acontecimentos que marcaram o Brasil, como a ditadura. Foto: Maurício Bertoni

Você já parou para pensar nas dores femininas? Após ser diagnosticada com Síndrome de Fibromialgia, a atriz Dulce Muniz começou a refletir sobre o assunto. E as suas vivências se transformaram no solo teatral “Trinta Anos esta Noite ou O Espelho Negativo”, que em setembro inicia a circulação nos espaços culturais no CEU Parque Anhanguera, dia 6 com sessões às 14h e 16h. As apresentações seguem até o dia 23 de setembro (confira a programação completa abaixo), sempre com ingressos gratuitos. 

A fibromialgia provoca dores intensas nos músculos, tendões e ligamentos. Além disso, pode causar sintomas como fadiga, insônia e depressão. De difícil diagnóstico, a síndrome costuma acometer, em 90% dos casos, mulheres entre 35 e 50 anos. Foi em 2005 que Dulce descobriu essa condição. Na época, ela conheceu a psiquiatra Dra. Neuza Steiner, que coordenava um grupo de pacientes e se tornou consultora do espetáculo. 

No trabalho, os relatos pessoais da atriz, desde a sua infância até os dias de hoje, se intercalam aos acontecimentos marcantes do Brasil, como a escravidão, a ditadura e a pandemia de Covid-19. Ao fazer essa costura, ela escancara alguns dos problemas estruturais do país, aproveitando a oportunidade para defender a escola pública e o SUS. Dulce fala abertamente sobre as suas dores, permitindo uma forte conexão com a plateia.

“Eu já tive dor de ouvido, endometriose e, agora, a fibromialgia. Isso sem contar nas dores da alma, como perder pessoas queridas durante a ditadura militar”
, comenta a artista. Assim, a atriz integra a sua vida ao coletivo, mostrando como estamos todos interconectados. A peça, então, configura-se quase como uma conversa com o público, um momento de troca e reflexão. Este Projeto foi contemplado pela 16ª edição do Prêmio Zé Renato- Secretaria Municipal de Cultura.


Sobre a encenação
Para dar um tom mais intimista, “Trinta Anos esta Noite ou O Espelho Negativo” conta com o violonista Beto Kpta tocando músicas ao vivo. Essas canções dividem espaço com outras executadas por uma vitrola. “Todas elas marcaram a minha vida e eu quero dividir isso com os espectadores”, conta Dulce. 

Ao mesmo tempo, a atriz de 76 anos revive alguns de seus papéis icônicos no teatro. Ela reencena trechos de “Antígona”, de Sófocles, quando interpretou Tirésias e foi indicada ao Prêmio Shell; “Avatar”, de Paulo Afonso Grisolli; e “De Profundis”, de Oscar Wilde. O cenário também foi pensado para reforçar o caráter memorialista e intimista da obra: o Núcleo do 184 desenvolveu uma ambientação composta por uma mesa pequena, uma cadeira e um cabideiro. 


A trajetória de Dulce Muniz
A atriz fez do teatro sua luta. Nascida em São Joaquim da Barra, em São Paulo, teve os seus primeiros contatos com a literatura e as artes cênicas pelas experiências escolares e pela observação atenta àqueles que a cercavam, com seus gestos e manias. Viveu o Golpe de 1964 ainda no interior, mas veio para São Paulo em 1968 para estudar - ainda mais - sobre teatro e participar da oposição aos militares pela arte e militância: “Foi isso que me levou ao teatro: lutar contra a ditadura”, afirma. 

Quando chegou em terras paulistanas, participou do curso de interpretação do Teatro de Arena e foi aluna de Heleny Guariba, desaparecida até hoje após ser presa pela ditadura em 1971. Junto do grupo formado no Arena, apresentou a peça “Teatro-Jornal 1ª Edição”, com direção de Augusto Boal. Após passar por outros palcos e trabalhar na televisão, Dulce inaugurou o Teatro Studio 184, em 1997. Em 2013, o espaço localizado na Praça Roosevelt ganhou o nome de sua ex-professora, tornando-se o atual Teatro Studio Heleny Guariba.  


Sinopse
Acompanhada de um músico/ator, Dulce Muniz interpreta um texto que faz a relação entre momentos significativos de sua vida e a história mais recente do Brasil. Um solo teatral que aborda como tema a dor feminina, suas manifestações e simbolismos. Junto disso, a relação da atriz com a Síndrome de Fibromialgia se mostra presente e conduz o espetáculo por outras dores e experiências, como a tortura, desaparecimento de presos políticos e a vida de mulheres, negros e indígenas.


Ficha técnica
Solo teatral “Trinta Anos esta Noite ou O Espelho Negativo”. Autoria, direção e interpretação: Dulce Muniz. Músico/ Violinista: Beto Kpta. Cenários e figurinos: Núcleo do 184. Iluminação: Renata Adriana. Operadora de luz e som: Flávia Arantes.  Pesquisa/Produção executiva: Fernanda Arantes. Administradora geral do projeto: Flávia Arantes. Consultoria médica: Dra. Neusa Steiner. Assessoria de Imprensa: Canal Aberto Comunicação | Márcia Marques. Gestão administrativa: Zé Renato/Cais Produção. Concepção, coordenação e direção geral: Dulce Muniz.


Serviço
Solo teatral “Trinta Anos esta Noite ou O Espelho Negativo”. Duração:  60 minutos | Classificação: 12 anos.

Dia 6 de setembro, quarta, às 14h e 16h. CEU Parque Anhanguera - Rua Pedro José de Lima, 1020, Anhanguera, São Paulo.

Dia 11 de setembro, segunda, às 15h e 17h. CEU Alvarenga - Estr. do Alvarenga, 3752, Balneário São Francisco, São Paulo.

Dias 13 e 14 de setembro, quarta e quinta, às 19h30. Oficina Cultural Oswald de Andrade - Rua Três Rios, 363, Bom Retiro, São Paulo.

Dia 22 de setembro, sexta, às 14h e 16h30. CEU Vila Alpina - Rua João Pedro Lecór, 144, Vila Alpina, São Paulo.

Dia 23 de setembro, sábado, às 17h30. Sede da União de Mulheres de São Paulo -  Rua Coração da Europa 1395, Bela Vista, São Paulo.

.: Martha Nowill em nova temporada do solo "Pagú - Até Onde Chega a Sonda"


Patricia Galvão - Pagú (autora homenageada da Flip 2023) é o ponto de partida desse espetáculo, que conta com direção de Elias Andreato, dramaturgia assinada por Martha, feita a partir de um manuscrito inédito de Pagú. Duas mulheres tem suas histórias contadas. Pagú, em 1939, presa pela ditadura Vargas, na Casa de detenção. Martha, no auge do seu puerpério e da pandemia de 2021. A reestreia é dia 23 de agosto e tem curta temporada. Foto: Rodrigo Chueri

Um manuscrito, inédito até então, deixado pela escritora, poeta, feminista, desenhista, jornalista e militante Patrícia Rehder Galvão, a Pagú (1910-1962) é o ponto de partida para Pagú - Até Onde Chega a Sonda. O espetáculo tem direção de Elias Andreato e atuação de Martha Nowill - que também assina o texto. A peça estreou no final de 2022 no Sesc Pompeia com sessões esgotadas e fez uma segunda temporada de sucesso no Teatro Eva Herz, agora retorna aos palcos do Teatro Vivo, com apresentações às quartas às 20h.


A história desta história
Em maio de 2018, a atriz e escritora Martha Nowill conheceu Rafael Moraes, um colecionador de arte, que lhe apresentou um manuscrito inédito de Patricia Rehder Galvão, a Pagú, escrito na casa de detenção em 1939, durante a ditadura de Getúlio Vargas. Rafael havia comprado o manuscrito e outros objetos pertencentes à artista, de um leiloeiro, 20 anos antes.

Martha Nowill viu ali potencial para a realização de um espetáculo, mas havia dificuldade em transformar o texto de Pagú, tão denso, poético e pouco narrativo, em teatro. Ela se associou à produtora Dani Angelotti e juntas, o projeto começou a ganhar forma.

Com a colaboração da atriz Isabel Teixeira, Martha desenvolveu uma escrita feita a partir de depoimentos, na qual ela, mãe de gêmeos nascidos na pandemia, se mistura com Pagú e seu manuscrito. Desse processo surgiu a dramaturgia, que traz trechos do manuscrito original de Pagú, entrecortados por relatos pessoais, resultando em um encontro improvável e cheio de pontos de diálogo entre mundos separados por mais de 60 anos. Elias Andreato chegou ao processo para que com sua cuidadosa direção, e extensa experiência com solos, conduzisse a encenação.


Sinopse do espetáculo
Em cena os dois femininos dividem e se misturam no espaço, o da atriz e o de Pagú. As personagens compartilham temas como machismo, maternidade, feminismo, suas angústias, alegrias e processos criativos. Com humor e auto-ironia, Martha coloca uma “lente de aumento” em fatos cotidianos, refletindo sobre a vida não só dela e de Pagú, mas de todas as mulheres.


Alguns trechos do espetáculo:
"É muito ruim, depois que eu fui mãe, eu esqueço. Eu leio as coisas e esqueço. Eu leio, eu entendo. Falo: nossa, que legal isso, que coisa importante que eu acabei de ler. Depois eu esqueço. Eu queria que minha vida tivesse aquele previously das séries, que algumas têm, sabe? Que toda vez que você vai começar um novo capítulo, ele te dá um mini resumo de tudo o que aconteceu antes? Eu estou precisando de um previously porque, nossa, eu não lembro de nada." Trecho da dramaturgia escrito por Martha.

“Como subtrair desta avalanche que é o meu mundo, algo coerente, direitinho, com sequência. As ideias me escapam, escorrem dos meus dedos, elas ultrapassam a própria capacidade. Tudo é tão rápido que deve haver coincidência no tempo ou não deve haver tempo. No mesmo instante penso de diversas formas e sinto de diversos modos.” Trecho do manuscrito original de Pagú.


Um pouquinho sobre Pagú
Patrícia Rehder Galvão, a Pagú (1910-1962) foi uma escritora, jornalista, produtora cultural e militante política brasileira. Foi a primeira mulher brasileira a ser presa política no século XX. Filha de uma tradicional família paulista se comportava fora dos padrões da época, fumava na rua, falava palavrões e usava roupas pouco convencionais.

Com 15 anos, já colaborava com o Brás Jornal, com o pseudônimo de Patsy. Em 1928 completa o curso de professora na Escola Normal de São Paulo e conhece o casal Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, que haviam fundado o Movimento Antropófago. Em 1930, causa um escândalo na sociedade da época, quando Oswald  se separa de Tarsila e passa a viver com ela, grávida de seu primeiro filho. 

Três meses após o parto, Pagu viaja pra Buenos Aires, para um festival de poesia, lá conhece Luís Carlos Prestes. Na volta filia-se ao Partido Comunista Brasileiro. Em 1931, junto com Oswald, funda o jornal “O Homem do Povo” e ao participar de uma greve de estivadores em Santos, é presa pela polícia de Getúlio Vargas.

Em 1933 Pagu publica “Parque Industrial”, sob o pseudônimo de Mara Lobo e inicia uma viajem pelo mundo, como correspondente de vários jornais. Em 1935, filia-se ao partido comunista na França e é presa em Paris. Com identidade falsa volta ao Brasil. Separa-se do marido e ao retornar às suas atividades jornalísticas é novamente presa e torturada pela ditadura. Pagu passa cinco anos na cadeia, onde escreve, entre outras coisas, o manuscrito deste espetáculo.

Ao sair da prisão, tenta o suicídio, rompe com o Partido Comunista e passa a defender o socialismo. Em 1945 casa-se com Geraldo Ferraz e dessa união nasce seu segundo filho. Em 1946 passa a colaborar com diversos jornais, entre eles, A Manhã, O Jornal, A Noite e o Diário de São Paulo. Com o pseudônimo de “King Shelter” escreve contos de suspense para a revista “Detetive”, dirigida por Nelson Rodrigues.

O casal se muda para Santos e em 1952 Pagu passa a frequentar a Escola de Arte Dramática de São Paulo. Dedica-se especialmente a grupos amadores e lidera a campanha para a construção do Teatro Municipal, além de fundar a Associação dos Jornalistas Profissionais. Em 1962, Pagu volta a Paris, para o tratamento de um câncer. Sem êxito, tenta novamente o suicídio. Muito doente, publica no jornal “A Tribuna”, o poema “Nothing”. Pagu morre em Santos dia 12 de dezembro de 1962.


Ficha técnica
Espetáculo "Pagú - Até Onde Chega a Sonda". Dramaturgia: Martha Nowill a partir do manuscrito de Patricia Galvão - Pagú. Direção: Elias Andreato. Com Martha Nowill. Cenografia: Marina Quintanilha. Trilha sonora: Ed Côrtes. Iluminação: Elias Andreato e Junior Docini. Preparador corporal: Roberto Alencar. Figurino: Marichilene Artisevskis. Colaboração dramaturgia - escrita na cena: Isabel Teixeira. Assistente de direção e fotografia: Rodrigo Chueri. Coordenação técnica e operação: Junior Docini. Direção vocal interpretativa: Lucia Gayotto. Visagismo: Louise Helene. Designer: Luciano Angelotti. Assessoria de imprensa: Pombo Correio. Operação: Henrique Sanchez. Assistente de produçao: Dairzey Abnara. Produção artística e direção de produção: Dani Angelotti. Idealização: Martha Nowill. Realização: Mil Folhas e Cubo Produções


Serviço
Espetáculo "Pagú - Até Onde Chega a Sonda". Temporada: até dia 4 de outubro de 2023. Quartas, às 20h. Teatro Vivo Av. Chucri Zaidan, 2460. Ingressos: R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia-entrada). Vendas: https://l1nk.dev/kgcGI. Classificação: 12 anos. Duração: 80 minutos. Instagram: @a_sonda_da_pagu.

.: Espetáculo inédito de André Santos, "Quilombo MemORÍa" estreia


Com direção de Eduardo Silva, com André Santos e Miriam Limma no elenco, a peça conta o reencontro entre avó e neto, quando ele a tira do isolamento durante a covid-19 e a leva para morar com ele para resgatar as histórias e memórias da avó enquanto é tempo. Foto: João Caldas


Dramaturgia trata essencialmente de ancestralidade a partir de um pilar importante da cultura africana: a oralidade. Por milhares e milhares de anos, povos do continente africano têm transmitido saberes por meio da fala, já que grande parte dos povos são ágrafos. Sabe-se que a palavra "quilombo" pode ter vários significados além de esconderijo, também pode ser agrupamento, aldeia, refúgio, recanto. "Ori" é um termo Yorubá que significa: a mente, a cabeça, a inteligência, a alma orgânica, a essência real do ser, uma intuição espiritual e destino. A memória se perde com o tempo? Pode ser resgatada? Pode ser relembrada?

"Quilombo MemORÍa" é escrito, dirigido e interpretado por atores negros, que se propõem a criar uma narrativa fantástica que resvala em fundamentos do movimemento afrofuturista. Vale ainda dizer que as principais funções criativas do projeto também são exercidas por artistas negros. No texto, João (André Santos) é um advogado que carrega em si as memórias de muitos momentos com a sua avó, Dona Glória (Miriam Limma), que sofre de Alzheimer e se encontra em risco durante a pandemia do Covid-19. Querendo resgatar sua avó e, com isso, resgatar suas tradições mais ancestrais, ele conduz um “sequestro” para que essas recordações e histórias não se percam.


Ficha técnica
Espetáculo "Quilombo MemORÍa". Direção: Eduardo Silva. Codireção: Ananza Macedo. Texto: André Santos. Elenco: André Santos e Miriam Limma. Cenografia: Flávio Serafin. Figurinos, acessórios e visagismo: Érica Ribeiro. Iluminação: Ricardo Bueno. Direção musical: Stela Nesrine. Trilha sonora e composições: Stela Nesrine. Coreografia: Betho Pacheco. Fotografia: João Caldas Filho. Projeto gráfico: Alexandre Ignácio Alves e Ronaldo Lemos (Estúdio Amarelo). Direção de produção: Sonia Kavantan. Produção executiva: Tiago Barizon. Assistente de produção: Conrado Sardinha. Intérprete de Libras: Karen Nabeta. Realização: LS Gestão e Comunicação Cultural, Secretaria Municipal de Cultura e Prefeitura de São Paulo.


Serviço

Temporada Teatro Giostri
R. Rui Barbosa, 201 - Bela Vista. De 6 de setembro a 5 de outubro. Quartas e quintas, às 20h30. Apresentações com interpretação em libras: dias 13 e 21 de setembro. Ingressos: R$ 40,00 (inteira) / R$ 20,00 (meia). Bilheteria no local a partir das 19h30 ou no app e site da Sympla. Estacionamento com desconto: Rua Rui Barbosa, 216. Duração: 70 minutos. Classificação indicativa: 10 anos. Informações: atendimento@kavantan.com.br.


Temporada Teatro Arthur Azevedo - Sala Multiuso
Av. Paes de Barros, 955 - Alto da Mooca. De 12 a 29 de outubro. Apresentações com interpretação em libras: dias 15 e 27 de outubro. Quintas, sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h. Ingressos gratuitos - Retirada uma hora antes do início do espetáculo na bilheteria. Estacionamento no local (sujeito à lotação). Duração: 70 minutos. Classificação indicativa: 10 anos. Informações: atendimento@kavantan.com.br.

.: Mais apresentações de "Muitas Ondas São o Mar" em São Paulo


Com dramaturgia de Carla Kinzo e direção de Key Sawao, espetáculo faz duas apresentações na Fábrica de Cultura Brasilândia no dia 5 de setembro. Foto:Joelma do Couto


As ideias de corpo como uma manifestação do espaço-tempo de memória e da ancestralidade como um espaço compartilhado são exploradas pela peça "Muitas Ondas São o Mar", com texto de Carla Kinzo e direção de Key Sawao. O espetáculo tem duas apresentações na Fábrica de Cultura Brasilândia, no dia 5 de setembro. 

O trabalho reúne seis artistas com ascendência de Okinawa e do Japão em um processo de criação colaborativo. O elenco é formado por Bárbara Arakaki, Camilla Aoki, Carla Passos, Lígia Yamaguti, Lina Tag e Renata Asato. A ideia é lançar um olhar sobre corpos únicos e múltiplos que compartilham um espaço comum (esse território, nesse tempo) para pensar a ancestralidade e criação nos dias de hoje. Para a diretora Key Sawao, essa reflexão leva em consideração a noção de corpo como espaço e tempo ao mesmo tempo. 

“Eu sou uma artista do corpo e movimento, e foi a partir daí que começamos nosso processo juntes. Então, assim como a palavra percorre a memória, a memória percorre o corpo, tudo é contido e contém esses cruzamentos. E seguimos com um olhar assim para o corpo, como o espaço tempo da memória e suas atualizações, e como esse processo pode afetar e modular a experiência cênica”, explica Sawao sobre a investigação.

Sobre esse processo criativo, a dramaturga Carla Kinzo comenta: “No começo do processo tivemos encontros diários pra nos conhecermos mesmo. Foi um começo bastante calcado no depoimento, em que falamos muito da relação (e do estranhamento) que temos em relação às ascendências uchinanchu e japonesa. Quando a Key chegou, foi a etapa de silenciar e experimentar tudo isso em outro lugar: no espaço, no corpo”.

A cenografia e os figurinos do trabalho são assinados pela premiada artista nipo-brasileira Telumi Hellen. “O cenário é um espaço claro na cor crua, aparentemente árido, no qual, no simples, trazemos a valoração das personagens que performam, num lugar que valoriza figura, fundo e as memórias. Isso potencializa o que devemos amar e respeitar, como um ikebana, pulsante de vida na aparência estática, porém para os olhos mais afinados, o deleite e o prazer da pulsação viva. As personagens transitarão performando neste lugar de cor crua, atravessando a iluminação que altera a atmosfera por onde elas queiram estar presentes em vida, onde quiserem e como quiserem na dança da poética”, conta.

“A proposta de colocar em cena o elenco formado por seis artistas como protagonistas de suas próprias histórias, livre de estereótipos, faz parte de uma luta (dentre várias) que o Coletivo Oriente-se se propõe e vem com muito mais projetos por aí. Queremos romper com esse status-quo de preconceitos, discriminações, fetichização e exotização que nós artistas amarelos sofremos nas artes cênicas e no audiovisual”, explica Rogério Nagai, diretor de produção e coordenador do projeto. 

O espetáculo é parte integrante do projeto “Oriente-se: amarelos em cena” contemplado pela 40° Edição da Lei de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo, com realização do Coletivo Oriente-se e Nagai Produções. 


Ficha técnica
Espetáculo "Muitas Ondas São o Mar". Dramaturgia: Carla Kinzo. Direção: Key Sawao. Assistência de direção: Beatriz Sano. Elenco: Bárbara Arakaki, Camilla Aoki, Carla Passos, Lígia Yamaguti, Lina Tag, Renata Asato. Espaço cênico e figurinos: Telumi Hellen. Trilha sonora: Dudu Tsuda. Luz: Paula da Selva. Colaboração artística: Rodrigo Bolzan. Produção executiva: Amanda Andrade. Direção de produção e coordenação geral: Rogério Nagai. Fotografia: Joelma do Couto. Mídias sociais: Lol Digital. Comunicação visual: Pethra Ubarana. Realização: Coletivo Oriente-se, Nagai Produções e Secretaria Municipal de Cultural - Lei de Fomento ao Teatro.


Serviço
Espetáculo "Muitas Ondas São o Mar". Classificação: livre. Duração: 70 minutos.  Fábrica de Cultura Brasilândia - Avenida General Penha Brasil, 2508, Brasilândia. Dia 5 de setembro, às 10h e às 20h. Ingressos: Gratuitos, distribuídos uma hora antes de cada apresentação no local.

domingo, 3 de setembro de 2023

.: #ResenhaRápida: Litta Mogoff, atriz: "Tenho nojo de gente careta"


Por 
Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

Prestes a estrear o espetáculo "Aviso Prévio", que na primeira montagem  foi encenado por Nicette Bruno e Paulo Goulart, a atriz Litta Mogoff tem um quê de revolucionária no melhor sentido que essa palavra possa ter.  A partir do dia 13 de setembro, no Teatro Contêiner, ela passa a dividir até dia 5 de outubro o palco com o ator Lisandro Di Prospero, como parte de um casal onírico que se desdobra em vários outros. Corajosa, ensolarada e ruiva, esta destemida artista respondeu as perguntas que lhe foram direcionadas sem medo de julgamentos. Esta entrevista marca o retorno da coluna #ResenhaRápida, agora aos domingos, no Resenhando.com.


Nome completo:
Litta Mogoff.
Apelido: Litta.
Data de nascimento: 19 de agosto de 1985.
Altura: 1,66m.
Qualidade: leal.
Defeito: perfeccionista (risos)... Brincadeira... Meu defeito é a procrastinação.
Signo: leão.
Ascendente: escorpião.
Uma mania: tomar café preto depois do almoço.
Religião: católica com mil e um sincretismos.
Time: Palmeiras.
Amor: cachorros.
Sexo: delícia compartilhada com quem se gosta.
Mulher bonita: Paola Oliveira.
Homem bonito: Cauã Reymond.
Família é: base, fortaleza.
Ídolo: Glenn Close.
Inspiração: minha mãe, Marly Moura.
Arte é: o respiro e a alma.
Brasil: um país belo e forte com um povo guerreiro e inspirador.
Fé: Deus e Nossa Senhora.
Deus é: bondoso e está em tudo lugar.
Política é: necessária.
Personalidade histórica favorita: Margarida Maria Alves.
Hobby: pintura.
Lugar: minha casa.
O que não pode faltar na geladeira: manteiga.
Prato predileto: cuscuz.
Sobremesa: creme brûlée.
Fruta: caqui.
Bebida favorita: vinho rosé.
Cor favorita: laranja.
Medo de: injustiça.
Uma peça de teatro: "Aviso Prévio".
Um ator: Raul Cortez.
Uma atriz: Maria Alice Vergueiro e Fernanda Montenegro.
Um cantor: Criolo.
Uma cantora: Rita Lee.
Um escritor: Pedro Bandeira.
Uma escritora: Sylvia Plath.
Um filme: "Entre Mulheres", dirigido por Sarah Polley, Confira a crítica do filme neste link.
Um livro: "A Redoma de Vidro", de Sylvia Plath.
Uma música: "Nada Como Um Dia Após O Outro Dia" - Racionais.
Um disco: "Sobre Viver", de Criolo.
Um personagem: V, de "V de Vingança".
Uma novela: "Rainha da Sucata", de Silvio de Abreu.
Uma série: "Mad Men".
Um programa de TV: "Rá-Tim-Bum".
Uma saudade: conversar com minhas avós.
Algo que me irrita: machismo.
Algo que me deixa feliz é: café da manhã.
Uma lembrança querida: na infância, fazer bolinha de sabão com minha mãe.
Um arrependimento: acreditar mais em críticas do que em elogios.
Quem levaria para uma ilha deserta? Anitta Para quê? Segredo...
Se pudesse ressuscitar qualquer pessoa do mundo, seria... Elza Soares. Porque o mundo ainda precisa do olhar dela.
Se pudesse fazer uma pergunta a qualquer pessoa do mundo, seria... A Ary de Carvalho, como conseguiu vencer o medo e salvar a vida de tantas pessoas.
Um talento oculto: fazer panqueca doce.
Você tem fome de quê? Arte.
Você tem nojo de quê? Gente careta.
Se tivesse que ser um bicho, seria: uma onça pintada. Porque consegue ser sedutora, ágil e respeitada.
Um sonho: atuar num filme.
Cinema em uma palavra: objetivo.
Teatro em uma palavra: vida.
Televisão em uma palavra: desejo.
O que seria se não fosse atriz: professora.
Ser atriz é: dar vida a muitas outras personalidades que já existem em mim.
O que me tira do sério: pessoas que são grosseiras com pessoas gentis.
Democracia é: até agora, o melhor sistema político.
Ser mulher, hoje, é: ser sobrevivente.
Palavra favorita: sol.


Sobre Litta Mogoff
Atriz, 27156/SP, pós graduada pela Universidade de São Paulo em Psicologia Política, formada atriz pelo Teatro escola Macunaíma. Atriz há dez anos, integra a Cia Dois, Cia Guarda Chuva e o Grupo RIA. Fez parte do núcleo TUSP em 2016, integrou a Cia Ocamorana de Teatro por três anos de 2015 a 2018. Realizou diversos espetáculos teatrais desde 2009, sendo os três últimos “Gomorra” com o grupo PalcoMeu, “Coriolano” com a Cia Ocamorana e “Senhor K” com o núcleo TUSP. Integrante do Grupo Ria sob a direção de José Paulo Rosa nos espetáculos “Campo Geral - A Sensível História de Miguilim” e “Dois Irmãos” . É produtora executiva da CiaDois e fundadora da Cia GuardaChuva.

.: Comédia de William Shakespeare, "A Megera Domada" volta ao Teatro UOL


Com Eduardo Semerjian, Leticia Tomazella, Lisandra Cortez, Marcelo Diaz e Pedro Lemos. Estrutura original do texto é base para uma reflexão sobre a desigualdade de gênero.Foto: Guilherme Assano


"A Megera Domada" é uma das peças mais famosas do grande dramaturgo inglês William Shakespeare. A comédia narra as confusões criadas por um grupo de pretendentes pela bela e doce Bianca, após saberem da decisão de seu pai controlador: ela só se casaria após o enlace de sua irmã mais velha, a indomável Catarina, que é refratária à natureza dos relacionamentos amorosos da época. É neste cenário que entra Petruchio que, na busca por um casamento de interesse, se dispõe a enfrentar a fera.  A tradução e a adaptação são dos dramaturgos e roteiristas Fabio Brandi Torres e Isser Korik, que também assina a direção. A peça teve sua estreia em dia 12 de outubro de 2021, no Teatro Folha, tendo no elenco Leonardo Miggiorin, Eduardo Leão, Leticia Tomazella, Lisandra Cortez e Sérgio Rufino.

A nova montagem está em cartaz no Teatro Uol, com novo elenco. Agora, Eduardo Semerjian, Leticia Tomazella, Lizandra Cortez, Marcelo Diaz e Pedro Lemos interpretam 16 personagens do texto original, numa troca rápida que vai além do figurino. A exigência de uma mudança interna para cada personagem, desafia os atores e exige um grande preparo técnico. Para a composição corporal foi convidado Tito Soffredini, neto do grande dramaturgo e diretor Carlos Alberto Soffredini (1939-2001), que é especialista na técnica de Klauss Viana), que fez um intenso trabalho de preparação.

Para facilitar a identificação da plateia com os vários personagens, uma brincadeira com sotaques brasileiros identificará cada um. Se na peça original eles nasceram em Pádua, Pisa ou Mântua, nesta montagem os sotaques passeiam entre mineiros, gaúchos ou paulistas do tradicional bairro da Mooca. “Fui desafiado pelo Fabio a dirigir um texto de Shakespeare. Estranhei, pois meu trabalho sempre foi mais voltado para a comédia e para o popular, mas ele me provou que Shakespeare também tinha este caminho. E assim surgiu esta versão bem popular”, conta Isser Korik.

Escrita em 1594, especialistas divergem sobre a intenção do autor: seria "A Megera Domada" um retrato da vida renascentista ou uma crítica aos costumes da época? Ao conhecermos os personagens, com seus discursos e crenças, fica clara a transformação que a sociedade viveu nestes mais de 400 anos, seja ela moral, ética ou a própria ideia do casamento, ao mesmo tempo mostra que ainda sobrevivem na sociedade atual alguns resquícios do pensamento da época. A adaptação se vale da estrutura original, que cria uma peça dentro da peça, para ampliar a discussão sobre a desigualdade de gênero. Mantendo a graça, a leveza, os romances e o humor do texto de William Shakespeare. Compre o livro "A Megera Domada" neste link.


Ficha técnica
Espetáculo "A Megera Domada". Comédia de William Shakespeare. Tradução e adaptação de: Fábio Brandi Torres e Isser Korik. Direção: Isser Korik. Assistência de Direção: Mariana São João. Preparação Corporal de atores: Tito Soffredini. Elenco: Eduardo Semerjian, Leticia Tomazella, Lizandra Cortez, Marcelo Diaz e Pedro Lemos.Cenografia: Paula de Paoli. Figurinos: Graziela Bastos. Trilha sonora: Wagner Bernardes. Maquiagem: Patrick Aguiar. Fotografia: Guilherme Assano. Equipe de palco: Isabela Alcântara, Mariana São João, Ricardo Koch Mancini. Assessoria de imprensa: ARTEPLURAL Comunicação. Administração: San Marino. Prestação de Contas: Sonia Kavantan. Coordenação de marketing: Emanoela Abrantes. Criação gráfica: Designorama. Equipe técnica: Jardim Cabine. Mídias sociais: Renata Castanho. Coordenador do projeto e produção: Will Siqueira. Realização: Referendum. Gênero: comédia. Duração: 90 minutos. Recomendação: livre

Serviço
Espetáculo "A Megera Domada". Estreia dia 2 de setembro. Temporada - sábados às 22h e domingos às 20h. Até 26 de novembro de 2023.  - Teatro Uol - Shopping Pátio Higienópolis - Av. Higienópolis, 618 / Terraço / tel.: (11) 3823-2323. Ingressos - R$ 80,00. Televendas: (11) / 3823-2423 / 3823-2737 / 3823-2323. Vendas on-line: www.teatrouol.com.br. Capacidade: 300 lugares / Não aceita cheques / Aceita os cartões de crédito: todos da Mastercard, Redecard, Visa, Visa Electron e Amex / Estudantes e pessoas com 60 anos ou mais têm os descontos legais / Clube Uol e Clube Folha 50% desconto / Horário de funcionamento da bilheteria: sextas-feiras, das 16h às 21h; sábados, das 14h às 22h e domingos, das 14h às 20h; / Acesso para cadeirantes / Ar-condicionado / Estacionamento do Shopping consultar valor pelo tel: (11) 4040-2004 / Venda de espetáculos para grupos e escolas: (11) 3661-5896 ou (11) 99605-3094/ bel@conteudoteatral.com.br/Patrocínio do Teatro UOL: UOL, Folha de S. Paulo, Consigáz, Grupo Tecnoset, MetLife, Dasa Hospital 9 de julho e Dasa Salomão Zoppi.  


.: Musical "O Bosque dos Sonâmbulos" volta em cartaz no Teatro Viradalata


Montagem mergulha em romance LGBT de fantasia gótica ao jogar o público entre personagens excêntricos. Foto: João Paulo Belentani


Um musical inspirado pelos filmes de horror gótico das décadas de 1960 e 1070 é o enredo do espetáculo "O Bosque dos Sonâmbulos", que volta em cartaz no Teatro Viradalata a partir de 6 de setembro. As sessões acontecem de terça a quinta, às 21h, até dia 12 de outubro. As músicas são tocadas ao vivo por uma pequena banda para piano, violão, violoncelo e guitarra. Os ingressos estão disponíveis em Sympla.

Adaptando o filme homônimo de Matheus Marchetti para os palcos, "O Bosque dos Sonâmbulos" é um conto-de-fadas macabro sobre uma misteriosa companhia de ópera que vem se apresentar em um antigo hotel nas montanhas. Enquanto o jovem Thomas se apaixona por um belo cantor da trupe, seu irmão mais novo, Oliver, teme que eles sejam vampiros, e que sua família corre grande perigo. 

“'O Bosque dos Sonâmbulos' surgiu de um diário de sonhos que eu tive na minha adolescência, e especificamente para um sonho recorrente sempre envolvendo um hotel isolado e um menino misterioso que eu encontrava lá. Queria escrever um romance gay adolescente que se casasse com minha linguagem narrativa de preferência o horror. Assim, busquei inspiração nos filmes de horror gótico dos anos 1960 e 1970, principalmente os que tratam de vampiras lésbicas - como as obras de Jean Rollin - mas subvertendo o olhar talvez mais heteronormativo dessas narrativas, trocando o gênero dos personagens centrais” , conta Matheus Marchetti.

Com uma encenação minimalista, apenas alguns objetos de cena e figurinos coloridos ocupam a função de cenário. A trilha sonora é cheia de contrastes – indo do lírico ao folk-rock em instantes - buscando recriar o sentimento de sair de um sonho e cair em um pesadelo, e vice-versa. A encenação pretende criar uma performance intimista, colocando o público no mesmo saguão do hotel onde a história acontece. Sentados no mesmo ambiente que os protagonistas, num formato de arena, os espectadores se acomodam no que aparenta ser o lobby de um hotel abandonado com os poucos objetos de cena cobertos por pesados panos que pairam como fantasmas. 

Os elaborados figurinos (parcialmente reutilizados do curta, por Ana Teixeira) funcionam como cenário - cada peça de roupa torna-se essencialmente um objeto cênico chave. Todos os figurinos carregam algum elemento de cor de forma muito intensa, que mesclada com uma iluminação igualmente colorida e exagerada, enfatizam essa viagem ao fantástico, à um mundo de conto de fadas às avessas - igualmente sensual, assustador e fascinante.

O diretor buscou referências em filmes como "A Dança dos Vampiros" (Roman Polanski), "Os Contos de Hoffmann" (Michael Powell & Emeric Pressburger), "Teorema" (Pier Paolo Pasolini), "Escravas do Desejo" (Harry Kümel), entre ouros. “Por ser uma história que trata de sonhos, bebi muito em cineastas que abraçam o onírico, que privilegiam essa sensação de mergulho profundo no subconsciente - Federico Fellini, principalmente seu Julieta dos Espíritos, é uma referência fortíssima no seu desfile de personagens excêntricos que navegam paisagens de sonho; e também o 'Fellini britânico' Ken Russell, que como ninguém brinca muito com esse contraste de gêneros - da comédia ao horror ao romance ao musical”, completa.

Ficha técnica
Musical "O Bosque dos Sonâmbulos". Direção e Dramaturgia: Matheus Marchetti. Música: Vitor Mascarenhas. Direção Musical: Guilherme Gila. Elenco: Andy Cruz (Oliver), Lucas Bocalon (Oliver), Bruno Germano (Thomas), Giuliano Garutti (Thomas), Jow Black (Roman), Mateus Torres (O Escritor), Bruna Pimentel (Mariana), Beatriz Algranti (Irene), Nicole Tacques (Antonia), Tony Germano (Tonino), Adriano De Sidney (O Barão / O General), Giovanna Melo (Eva), Igor Patrocínio (Ensemble / Cover Roman), Bruna Lemberg (Ensemble / Cover Eva), Giovana Brandão (Swing / Cover Antonia), Abel Juliano (Ensemble / Cover Barão, General, Tonino), Isabella Melo (Cover Irene (Henrique Natálio (Cover Escritor). Coreografia: Ana Paula Trevisan. Produção: Isabella Melo. Arranjos: Guilherme Gila e Henrique de Paula. Músicos: Felipe Parisi (Violoncelo), Pedro Vulpe (Violão + Guitarra) e Guilherme Gila (Piano). Direção de Arte: Alice Tassara. Iluminação: Ariel Rodrigues. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli. Assistente de Produção: Yuri Célico. Assistente do Diretor: Thiago Gelli.


Serviço
Musical "O Bosque dos Sonâmbulos". Temporada: de 6 de setembro a 12 de outubro. Sessões terças, quartas e quintas, às 21h. Duração: 90 minutos. Classificação etária: 16 anos. Ingressos: R$ 90,00 e R$ 45,00. Vendas: https://bileto.sympla.com.br/event/86216. Teatro Viradalata. Rua Apinajés, 1387 - Sumaré/São Paulo. Capacidade: 100 lugares.

.: Espetáculo "O Sismo" faz curtíssima temporada no Teatro Itália-Bandeirantes


Montagem do espetáculo com 20 atores baseado na tragédia grega "Medeia" é resultado de processo pedagógico com o diretor Eric Lenate. Foto: Diana Klautau

Adaptação de “Medeia”, de Eurípides, com elenco de vinte atores, "O Sismo" faz curtíssima no Teatro Itália-Bandeirantes, entre os dias 4 a 13 de setembro, às segundas, terças e quartas, às 20h. A montagem do espetáculo é resultado de processo pedagógico com o diretor Eric Lenate. Ao longo de três meses, os atores trabalharam na investigação de suas expressões físico-vocais, tendo como base de estudo a clássica tragédia grega. Nesse período, formataram um experimento cênico, fruto desse processo pedagógico, que agora é compartilhado com o público em duas semanas no Teatro Itália-Bandeirantes.

No espetáculo, antes de chegar à cidade de Corinto, Jasão já tinha atravessado mares, vencido dragões e derrotado exércitos inteiros. Não sem a ajuda de Medeia, a mulher que ele acaba de abandonar com seus dois filhos para se casar com a princesa de Corinto. Enquanto Jasão se alegra com a ascensão ao poder, Medeia planeja uma resposta para o ultraje que sofreu.

"Medeia" é uma cisão com o conceito de tragédia, é também uma ruptura com a própria construção desse gênero, sua trama fez com que se tornasse uma das mais complexas e intrigantes personagens femininas da dramaturgia mundial, e é regida pela originalidade individual, pela salvação da personagem considerando a condição social e psicológica em que estava inserida, relatando a ordem patriarcal vigente.

Essa é a quarta experiência de Lenate para a iNBOx Cultural e foi baseada nos procedimentos físico-vocais experienciados pelo diretor ao longo de sua trajetória. O trabalho é focado principalmente nas possibilidades expressivas e transcendentais dos intérpretes com os quais trabalha. “É uma troca de experiências entre atrizes e atores centrada nas possibilidades de extração de matéria-prima artística dos intérpretes por meio de suas vozes, a partir do trato com o material dramatúrgico, no caso um texto trágico de um dos maiores tragediógrafos gregos”, complementa Lenate.


iNBOx Cultural - Um feito inédito de incentivo à cultura
Em 2015 a iNBOx Cultural surgiu como alternativa de “casa” acessível para diversos segmentos de arte em São Paulo. Além de cursos de excelência na área do audiovisual, a INBOx Cultural desenvolve também um projeto de formação teatral em parcerias genuínas com diretores, em torno de uma obra teatral, unidos pelo propósito comum de levar ao público uma temporada completa, com bilheteria totalmente revertida para os atores (nesta montagem parte da verba também será direcionada ao figurino, criado especialmente por Davi Parizotti), num modelo de cooperação e autogestão que foge dos modos de produção tradicionais.


Ficha técnica:
Espetáculo "O Sismo" | Direção: Eric Lenate | Direção assistente: Vitor Julian |  Adaptação dramatúrgica:  Eric Lenate e Vitor Julian |  Figurinos e adereços: Davi Parizotti | Adereços cenográficos e desenho de luz: Eric Lenate | Elenco: Bibi Graça, Camila Fávero, Caroline do Amaral, Dani Bavoso, Davi Parizotti, Diana Klautau, Ellaine Carvalho, Eraldo Maia, Felipe Carrasco, Felippe Salve, Juliana Poggi, Livia Carvalheiro, Maria Eduarda Pecego, Mônica Michelle Braz, Rodrigo Vellozo, Simone Heitor, Tânia Paes, Vinicius Aguiar, Vitor Julian, Zahra | Design gráfico: Juliana Poggi |  Assessoria de Imprensa: Adriana Monteiro, Ofício das Letras | Social Media: Kalindi D’elia | Produção executiva: Diego Chilio | Direção de Produção: Júlia Ribeiro.


Serviço
Espetáculo "O Sismo". Segundas, terças e quartas-feiras, às 20h00. De 4 a 13 de setembro. Teatro Itália Bandeirantes - Avenida Ipiranga, 344. Edifício Itália - Subsolo, São Paulo.Ingressos: plateia R$ 30,00 (inteira), R$ 15,00 (meia-entrada) e R$ 10,00 (Ingresso Amigo).

.: Sesc Vila Mariana apresenta "Entre Mundos", espetáculo sensorial


Dirigida por Elisa Rossin, com Gabriel Bodstein e Gabriela Cerqueira, espetáculo propõe experiência sensorial, contemplativa e poética sem o uso de palavras. Foto: Pri Fiotti 


Segue em cartaz no Sesc Vila Mariana o espetáculo "Entre Mundos", montagem infantil com narrativa visual, que segue em temporada até o dia 1° de outubro, sempre aos domingos, às 16h. Com direção de Elisa Rossin, que também assina a criação junto com os atores/intérpretes Gabriel Bodstein e Gabriela Cerqueira, o espetáculo "Entre Mundos" é um espetáculo com máscaras teatrais, sem utilização de palavras, propondo uma experiência sensorial para o público infantil.

No enredo, duas criaturas nascem diante dos olhos do público. São seres embrionários, figuras mascaradas, com formas e tempo próprios. Movidos pela curiosidade, eles descobrem que possuem em si mesmos um misterioso portal que lhes permite transitar por diferentes dimensões. Nessa encantada aventura, eles conhecem lugares inusitados e inesperados como a terra dos dinossauros, o fundo do mar, a agitação de uma grande cidade, a aridez do deserto e o interior escuro de uma caverna, entre outros.

A concepção é calcada na narrativa visual, utilizando a máscara como objeto estético definidor de linguagem, construída pelo jogo de imagens. As máscaras cobrem o rosto dos intérpretes, propondo uma encenação simples, elementar e poética. Sem o uso da palavra falada, propicia aos pequenos espectadores uma experiência teatral contemplativa, sensorial e lúdica, despertando o espírito imaginativo do brincar, tocando em camadas sutis de percepção.

Essa composição teatral visual é estruturada por um roteiro simplificado de ações que remete ao storyboard dos desenhos animados ou à sequência das tirinhas das histórias em quadrinhos. Dessa forma, a dramaturgia é construída em cenas curtas e independentes, que obedecem ao esquema clássico com início-meio-fim. Entre Mundos apresenta uma realidade que é moldável e se constrói como haicais ou pequenos poemas visuais e sonoros. O palco se transforma em matéria imaginária, convidando crianças e adultos a mergulharem nas infinitas possibilidades de ser e estar no mundo.


Sobre a encenação
Ator e atriz vestem as máscaras e as personagens surgem. A narrativa de "Entre Mundos" vai sendo construída por meio dos gestos, da respiração, dos movimentos coreografados e das ações e reações geradas. O cenário remete a uma página vazia que ganha novos contornos, cores e formas a cada viagem pelo misterioso portal: as mudanças de cenário são feitas na imaginação, dentro das cabecinhas das crianças. Os ambientes por onde as figuras passam são sugeridos por uma divertida trilha musical original (Alex Huszar, Max Huszar e Thomas Huszar), que instaura paisagens sonoras compostas de ambiências, melodias e ruídos.

Esse portal, que transporta os protagonistas aos diversos “mundos”, é representado por uma fita elástica, por onde eles entram e saem das variadas situações. A trilha sonora é quase uma terceira personagem que interage com os intérpretes, situando os espaços e as aventuras numa sensorial experiência. É pelo som que a plateia identifica os ambientes onde as criaturas se encontram, e sentem com elas as emoções de cada descoberta. A metrópole aparece nos apitos, ruídos dos carros, barulhos de obras; os dinossauros chegam com seus passos pesados e grunhidos; o deserto traz uma assustadora e divertida ventania; o mar apresenta suas criaturas e ondas; na chuva é necessário se abrigar; o pio da coruja assusta na noite escura; a festa de carnaval contagia com muitos sons, música e dança; e tantas outras surpresas e sensações acometem as personagens e também a plateia.

“Dirigir um espetáculo sem palavras é provocar o imaginário, mergulhar em outras camadas comunicativas, aguçar os sentidos, expandir a compreensão para além do racional”, comenta Elisa Rossin. “Nossa proposta foi usar a máscara sem muito nos preocuparmos com conceitos, regras e definições. Ela é usada mesmo como um embrião, que projeta sobre si muitas possibilidades. As figuras mascaradas se comunicam com o público por uma frequência própria e uma lógica não verbal. É o espírito, a energia da criança que circula dentro delas: inquietas, curiosas, por vezes assustadas, entregues por inteiro no instante do presente”, finaliza a diretora.


Ficha técnica
Espetáculo infantil "Entre Mundos". Criação e roteiro: Elisa Rossin, Gabriel Bodstein e Gabriela Cerqueira. Direção: Elisa Rossin. Atuação: Gabriel Bodstein e Gabriela Cerqueira. Trilha sonora: Alex Huszar, Max Huszar e Thomas Huszar. Direção de arte: Maria Zuquim. Iluminação: Gabriel Greghi. Preparação corporal: Lívia Seixas. Criação de máscaras: Elisa Rossin e Gabriel Bodstein. Confecção de máscaras: Gabriel Bodstein. Costura: Rita de Cássia e Mônica Rocha. Assistência em costura: Bruna Vizer. Operação de som: Max Huszar. Operação de luz: Gabriel Greghi. Ilustração e design gráfico: Nathália Ernesto. Idealização e coordenação de projeto: Gabriel Bodstein e Gabriela Cerqueira. Produção: Pulo do Gato Produções Artísticas. Realização: Sesc São Paulo.


Serviço
Espetáculo infantil "Entre Mundos". Temporada até 1° de outubro de 2023. Domingos, às 16h00. Ingressos: R$ 25,00 (inteira), R$ 12,50 (meia-entrada), R$ 8,00 (Credencial Plena) e gratuito (crianças até 12 anos).Vendas: Portal Sesc e bilheterias das unidades. Duração: 50 minutos. Recomendação etária: 4 anos. Classificação: Livre.


Sesc Vila Mariana
Local: Auditório (200 lugares). Rua Pelotas, 141 - Vila Mariana/São Paulo. Telefone: (11) 5080-3000. Site: sescsp.org.br/vila-mariana | Nas redes: @sescvilamariana. Bilheteria: terça a sexta, das 9h às 20h30; sábado, das 10h às 18h e das 20h às 21h; domingos e feriados, das 10h às 18h. Estacionamento: R$ 5,50 primeira hora + R$ 2,00 hora adicional (credencial Plena). R$ 12 primeira hora + R$ 3,00 hora adicional (outros). Paraciclo: gratuito (necessário a utilização travas de seguranças). 16 vagas.


sábado, 2 de setembro de 2023

.: Regina Casé: bastidores das gravações como a vilã de "Todas as Flores"


A atriz Regina Casé já está a postos para acompanhar a trama e revela. Foto: Globo/Estevam Avellar
 

Uma mulher capaz de qualquer coisa para conseguir o que quer, mas que é atravessada pelas surpresas que a maternidade pode apresentar. A partir do dia 4, de segunda a sexta-feira, após "Terra e Paixão", o público da TV Globo acompanha as vilanias e armadilhas criadas por Zoé (Regina Casé). Ela é mãe de Vanessa (Letícia Colin), sua fiel escudeira, com quem traça os mais duvidosos planos para manter a boa condição financeira que conseguiu alcançar. Só que tudo se torna uma preocupação na vida das duas quando Vanessa é diagnosticada com leucemia e precisa de um doador de medula compatível para se salvar. Sem pensar duas vezes, Zoé recorre a um trunfo guardado há mais de 20 anos: Maíra (Sophie Charlotte), a filha que não viu crescer. 

Quando "Todas as Flores" começa, Zoé está na porta de Maíra fingindo arrependimento por tê-la abandonado ainda bebê. Tudo não passa de uma forma de sensibilizar a jovem para que ela doe a medula e ajude Vanessa. O plano dá certo. Zoé só não espera encontrar em Maíra uma doçura e altruísmo admiráveis, capazes de despertar os lados mais afetuosos de sua maternidade. “É muito fácil você embarcar naquela vilã com cara de malvada e que tem o tempo todo a mesma conduta. Já eu me surpreendia nas cenas”, entrega Regina Casé ao falar sobre as nuances de sua personagem. 

Também nos primeiros capítulos da novela, exibidos a partir de segunda-feira, Maíra, já morando no Rio de Janeiro com a mãe, consegue um emprego como perfumista na Rhodes & Co. Tailleur. Lá conhece Rafael (Humberto Carrão), por quem se encanta imediatamente sem saber que se trata do namorado de sua irmã. E na saída de uma das festas da empresa, Olavo (André Loddi), genro de Luis Felipe (Cassio Gabus Mendes), acaba provocando um grave acidente de carro com uma vítima fatal. Para livrar sua barra, Luis Felipe oferece a Diego (Nicolas Prattes) um alto valor em dinheiro para que ele assuma a culpa pelo atropelamento. O rapaz aceita, vendo na oferta uma chance de proporcionar melhores condições para sua família, mas termina preso. A seguir, confira entrevista completa com a atriz Regina Casé.


"Todas as Flores" chega à TV Globo no dia 4 de setembro, e será mais uma oportunidade de o grande público conhecer a Zoé, sua primeira vilã. Como está a sua expectativa?
Regina Casé - Eu estou superfeliz com esta exibição na TV aberta porque sou uma artista que sempre teve a ambição, a utopia e a vontade de falar com todo mundo. Me surpreendeu o resultado da novela já no streaming. Muito mais gente do que eu imaginava assistiu. Acho que isso serviu como uma grande propaganda e um boca a boca para esta exibição na TV Globo (risos). Muita gente me diz: “Soube que ‘Todas as Flores’ está indo para a TV Aberta; vou assistir de tanto que ouvi falar, todo mundo adorou”. E eu acho que vai ser muito, muito legal mesmo. Também vai ser muito legal o público que me viu em trabalhos como o "Esquenta", em "Amor de Mãe", me ver fazendo uma vilã em "Todas as Flores".  

  

Que traços ou aspectos da trajetória de Zoé mais te marcaram e você acredita que merecem a atenção de quem vai assistir à novela?
Regina Casé - Eu gosto da complexidade dela. A Zoé não é linear. Muita gente, no começo, dizia que não sabia nem apontar se ela era má ou boa, e eu acho isso muito bom. Ela se surpreende com a filha que ela não criou, com quem não conviveu, e isso a humaniza. Em muitas tramas isso acontece no final, há uma humanização ou uma redenção do vilão ou da vilã. No caso da Zoé, como ela encontra com essa filha logo no primeiro capítulo, ela divide o lado da vilania com o lado “mãezona” do início ao fim, é algo que o tempo todo está em conflito com ela, até o último capítulo.

 

Zoé ocupa o lugar de vilã, mas a relação de maternidade dela com Vanessa e Maíra, em alguns momentos da trama, também revela um lado mais sensível da personagem. Enquanto intérprete, quais foram seus desafios no processo de construção da Zoé?
Regina Casé - Foi muito difícil, talvez o trabalho mais difícil que eu já tenha feito. É muito fácil você embarcar naquela vilã com cara de malvada e que tem o tempo todo a mesma conduta. Já eu me surpreendia nas cenas. Foi maravilhoso contracenar com a Letícia Colin e com a Sophie Charlotte, que de alguma maneira viraram minhas filhas mesmo. Eu me emocionava de verdade. Algumas cenas foram muito difíceis. Sem dar muito spoiler, apesar de estar no Globoplay, mas entregar o filho da Maíra na instituição (de tráfico humano) foi muito difícil. Eu estava tão apegada ao bebezinho que participava das cenas, era como uma relação de avó com ele... Eu sabia que a personagem tinha que fazer aquilo, mas eu, Regina, sofri muito. Em muitas cenas fiquei dividida de verdade. 

 

Quais foram as contribuições mais importantes deste trabalho em sua carreira?
Regina Casé - Antes de mais nada, o convívio com um elenco que parecia um grupo de teatro. Fábio Assunção, Humberto Carrão, Letícia Colin, Sophie Charlotte - esse meu núcleo, com quem eu gravava quase todo dia - e eu desenvolvemos um compromisso com a novela, uma vontade de acertar, um cuidado com assuntos tão importantes. Houve um movimento muito bonito tanto para isso quanto para encontrarmos o equilíbrio e as nuances de cada personagem e a relação entre eles. Nos encontrávamos nas casas uns dos outros, ensaiávamos, chegávamos mais cedo aos Estúdios Globo para estudar. Isso foi muito rico! Isso nem sempre acontece, nem sempre é possível, nem sempre existe esse encontro entre os atores, mas nesse caso houve. E foi muito intenso, muito profundo. Eu sou muito grata a todos esses colegas. Foi um sonho trabalhar com Fábio pela primeira vez, ele me ajudou muito. As meninas também. Com o Humberto eu já tinha trabalhado, tínhamos um vínculo maravilhoso desde ‘Amor de Mãe’. Da novela, o que eu levo de mais precioso – e a que eu atribuo o sucesso e a surpresa das pessoas – foi esse elenco comprometido, querendo muito acertar. Isso aparece no resultado do produto. 

 

"Todas as Flores" é criada e escrita por João Emanuel Carneiro com direção artística de Carlos Araujo. A novela Original Globoplay é escrita com Vincent Villari, Eliane Garcia e Daisy Chaves. A direção é de Luiz Antonio Pilar, Carla Bohler, Fellipe Barbosa, Guilherme Azevedo e Oscar Francisco. A produção é de Betina Paulon e Gustavo Rebelo e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim. A estreia na TV Globo será exibida a partir desta segunda-feira, dia 4 de setembro, indo ao ar de segunda a sexta-feira, logo após "Terra e Paixão".

.: Selton Mello conta curiosidades sobre a audiossérie "França e o Labirinto"


O ator, que protagoniza Nelson França na produção Original Spotify, estreia no universo das audiosséries com um suspense eletrizante. Foto: Bruno Di Torino/Spotify


O ator Selton Mello acaba de estrear no universo das audiosséries com o thriller Original Spotify "França e o Labirinto". O ator, que interpreta Nelson França, um detetive particular cego em busca do verdadeiro responsável por um crime chocante, revela curiosidades dos bastidores da produção que, em 48 horas desde sua estreia, se destacou na Parada de Podcasts, o guia diário de podcasts populares no Spotify, ocupando o topo do ranking nas categorias Ficção e Top Podcasts. Com 13 episódios e áudio binaural, a audiossérie Original Spotify França e o Labirinto é uma audiossérie Original Spotify, já está disponível gratuitamente no Spotify. Confira as três curiosidades do podcast reveladas por Selton Mello.


1. França e o Labirinto é a estreia do ator no universo das audiosséries. "Eu nunca havia escutado uma audiossérie na vida! França e o Labirinto é minha primeira experiência como ator e como ouvinte também".


2. Dar vida ao Nelson França trouxe uma nostalgia dos tempos em que era dublador. "Entrar em um projeto que precisaria "apenas" da minha voz, me fez relembrar e reviver tempos incríveis. Fui dublador profissional por 10 anos e dublei personagens icônicos, mas emprestar a minha voz a um personagem, agora numa nova roupagem, foi uma experiência sensacional".


3. As gravações ocorreram isoladas e duraram cerca de duas semanas.
"Ao contrário do que pensam, eu não estava interagindo com os outros atores. Era somente eu e as 'mentes brilhantes' do Jovem Nerd e do Azaghal que me dirigiram e indicavam quais cenas eu precisava carregar mais na emoção ou até modular mais minha voz".

Interesse por boas histórias
Os brasileiros adoram uma boa história em áudio com roteiro, como evidenciado pela popularidade das audiosséries "Sofia", "Batman Despertar" e "Paciente 63" - adaptações em português do drama com tema de "IA Sandra", do sucesso de super-heróis "Batman Unburied" e do thriller de ficção científica chileno "Caso 63", respectivamente. "O Paciente 63" chegou a passar três semanas como o podcast mais popular do país no Spotify. 

E agora, os ouvintes poderão se aprofundar em uma nova audiossérie Original Spotify: "França e o Labirinto". O thriller em português é a maior produção de áudio de ficção no Brasil até o momento, e a primeira áudiossérie do Spotify a ser totalmente produzida no país. "França e o Labirinto acompanha" o detetive particular Nelson França em uma saga emocionante enquanto ele tenta solucionar um assassinato que parece familiar demais.

Durante anos, Nelson ajudou a polícia em investigações, incluindo a que levou à prisão de um famoso serial killer. Agora, décadas depois, uma nova vítima é encontrada e França sabe que se trata do mesmo criminoso. Essa perseguição o levará a uma trilha repleta de fantasmas de seu passado. E essa trilha é ainda mais difícil de navegar quando se é totalmente cego.  

Ao longo dos 13 episódios da série, o senso de audição de Nelson é vital para ajudá-lo a resolver esse mistério. E para mergulhar os ouvintes ainda mais na perspectiva do detetive, "França e o Labirinto" é a primeira audiossérie Original Spotify a oferecer áudio 3D, por meio de técnicas de gravação binaural, que usam dois microfones separados pela largura de uma cabeça para reproduzir a forma como nossa audição funciona na vida real. 

Criada em parceria com a Jovem Nerd, a plataforma de mídia brasileira conhecida por seu popular podcast "NerdCast", a audiossérie "França e o Labirinto" conta com os fundadores do Jovem Nerd, Alexandre Ottoni e Deive Pazos, como showrunners, e o ator Selton Mello como a voz de Nelson.



← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial
Tecnologia do Blogger.