domingo, 13 de julho de 2025

.: O adeus a Jean-Claude Bernardet: o pensador que deu rosto ao cinema


Renomado crítico de cinema do Brasil escreveu obras como Cineastas e Imagens do Povo. Foto: Divulgação/USP


Neste sábado, 12 de julho, o cinema brasileiro perdeu um de seus mais importantes pensadores: Jean-Claude Bernardet faleceu aos 88 anos, deixando um legado imensurável para a crítica, a produção e a reflexão cinematográfica no país.

O velório acontecerá neste domingo dia 13 de julho, das 13h00 às 17h00, na Cinemateca Brasileira, instituição à qual Bernardet dedicou parte significativa de sua trajetória e onde seu acervo pessoal está preservado desde 1988.

Nascido em 1936 na Bélgica, criado em Paris e radicado no Brasil desde os 13 anos, Bernardet naturalizou-se brasileiro e se tornou uma referência incontornável nas artes e na cultura. Sua atuação foi plural: crítico aguçado, professor provocador, teórico influente, roteirista sensível, cineasta experimental, romancista e ator de presença marcante. Formado pela École des Hautes Études en Sciences Sociales e doutor pela ECA-USP, lecionou História do Cinema Brasileiro por décadas, marcando gerações de alunos com ideias que questionavam os limites entre teoria e prática.

Foi autor de obras essenciais como "Cineastas e Imagens do Povo" e "Brasil em Tempo de Cinema", nas quais propôs novas formas de olhar para a cinematografia nacional. Participou ativamente do Cinema Novo, dialogando com figuras como Glauber Rocha e Paulo Emílio Salles Gomes, e contribuiu para a criação do curso de cinema da Universidade de Brasília.

No campo da realização, escreveu e dirigiu filmes como "São Paulo, Sinfonia e Cacofonia" (1994) e atuou em produções como "FilmeFobia (2008), desconstruindo com ironia e inteligência a figura do intelectual tradicional. Em dezembro de 2023, teve uma última homenagem em vida: a mostra “Carta Branca a Jean-Claude Bernardet”, organizada pela Cinemateca, com curadoria do próprio homenageado, incluindo o lançamento do livro "Wet Mácula: Memória/Rapsódia", escrito em parceria com Sabina Anzuategui.

Jean-Claude Bernardet foi mais que um estudioso do cinema: foi parte ativa de sua história e transformação. Sua ausência deixa um vazio imenso, mas seu pensamento continua vivo nas páginas que escreveu, nas imagens que criou e nos debates que inspirou.

A Cinemateca Brasileira, o Ministério da Cultura e toda a comunidade cinematográfica se solidarizam com os familiares, amigos e admiradores deste mestre que fez da arte uma forma de pensar o Brasil.

Serviço 

Cinemateca Brasileira

Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Mariana/São Paulo

Velório: domingo, 13 de julho, das 13h00 às 17h00

Aberto ao público.


sábado, 12 de julho de 2025

.: Crítica: "O Talentoso Ripley": um serial charmoso no divã da moral burguesa


Por 
Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com

Existem livros que se oferecem como enigmas, outros como espelhos. "O Talentoso Ripley", de Patricia Highsmith, tem essas duas características. Lançado originalmente em 1955 - e ainda assim repulsivamente atual -, o romance convida o leitor a um pacto silencioso de admiração e desconforto pelo protagonista: Thomas Ripley, um camaleão social, um falsário de si mesmo, um assassino com elegância de bailarino russo e crise existencial de quem leu demais, mas só para imitar.

Ripley não é exatamente um personagem, mas um sintoma. Patricia Highsmith, com prosa afiada, constrói um romance em que a identidade é uma performance calculada, e o desejo - de ser, de ter, de pertencer - é a verdadeira motivação do crime. Ao contrário do que se espera de um “romance policial”, não se busca justiça, mas um alívio que Highsmith não entrega. Ela quer o leitor como cúmplice.

Logo no início, o leitor é lançado em uma Nova York turva, paranoica, onde Tom já se vê perseguido. Mas não é paranoia gratuita - alguém de fato o segue. E assim começa o jogo de gato e rato em que o leitor jamais sabe ao certo quem é quem. Se Hitchcock tivesse adaptado Ripley (em vez de "Pacto Sinistro", também da autora), teria feito um thriller sobre espelhos, porque Ripley - ao contrário de tantos vilões - não quer destruir o outro. Ele quer ser o outro.

Dickie Greenleaf, a peça central desse desejo projetado, não é apenas uma vítima: é o bilhete dourado para uma vida idealizada que vem com prazo de validade. Highsmith é cruel, mas justa - faz com que Ripley seduza o leitor ao mesmo tempo em que mancha as mãos com sangue. E o mais inquietante? O leitor torce por ele.

A cada capítulo, Highsmith afasta do “quem matou?” e vai direto na pergunta que interessa: “por que nos sentimos tão fascinados por quem matou?”. Ripley, como Gatsby, é um construtor de ilusões; mas onde Fitzgerald deixou a ternura, Highsmith plantou o vazio - e esse abismo é a grandeza do livro. A edição da Intrínseca respeita o clima do texto, com projeto gráfico elegante e tradução competente de José Francisco Botelho. Mas a força continua sendo o texto original, que encara com o mesmo olhar inquisidor que Tom lança aos seus alvos. E, quem sabe, aos leitores.

"O Talentoso Ripley" é um convite para examinar as zonas cinzentas que existem em cada um. Não se trata de amar um anti-herói, mas de reconhecer que a linha entre o que as pessoas são e o que fingem ser é, muitas vezes, tênue como o rastro de um barco milionário no mar de San Remo. Patricia Highsmith, com este romance, escreveu um dos tratados mais perversos e sedutores sobre a identidade como um teatro, o crime como arte, e a moral como um luxo que só os ricos podem bancar - até serem assassinados. Compre o livro "O Talentoso Ripley" neste link.

.: Ricardo Araújo Pereira no Brasil: 23ª Flip e lançamentos no Rio e em SP


Humorista português desembarca no Brasil em agosto para uma série de eventos que contarão com a presença de importantes nomes da cena cultural e intelectual brasileira, como Caetano Galindo, Janaisa Viscardi, Francisco Bosco, Tati Bernardi e Fernando Luna


O humorista, jornalista e escritor português Ricardo Araújo Pereira desembarca no Brasil em agosto para uma série de eventos literários. Além de participar da programação oficial da prestigiada Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), no dia 2 de agosto, o autor também lançará "Coisa que Não Edifica nem Destrói" (Tinta-da-China Brasil) em encontros no Rio de Janeiro e em São Paulo. Os eventos contarão com a presença de importantes nomes da cena cultural e intelectual brasileira, como Caetano Galindo, Janaisa Viscardi, Francisco Bosco, Tati Bernardi e Fernando Luna.

Ricardo Araújo Pereira é jornalista, roteirista e fundador do grupo de humor Gato Fedorento, cocriado com Miguel Góis, Zé Diogo Quintela e Tiago Dores em 2003. Escreve semanalmente no jornal português Expresso e na Folha de S.Paulo, e é um dos integrantes do Programa cujo nome estamos legalmente impedidos de dizer (SIC Notícias). É autor e apresentador do programa de televisão "Isto é Gozar com Quem Trabalha" (SIC) e criador do podcast "Coisa que Não Edifica nem Destrói" (SIC), que deu origem ao livro de mesmo nome, publicado pela Tinta-da-China Brasil. Pela editora publicou ainda "Se Não Entenderes eu Conto de Novo, Pá" (2012), "A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram num Bar" (2017) e "Estar Vivo Machuca" (2022). Compre o livro "Coisa que Não Edifica nem Destrói" neste link.


Ricardo Araújo Pereira na 23ª Flip - Festa Literária Internacional de Paraty
Ricardo Araújo Pereira será uma das atrações principais da 23ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), festival literário realizado pela Associação Casa Azul.  No sábado, 2 de agosto, às 21h, o autor e humorista participará da mesa "Roçar a Língua de Camões" com o escritor, tradutor e professor Caetano Galindo. A conversa será mediada pela doutora em linguística Janaisa Viscardi. Além do debate, haverá uma sessão de autógrafos na Livraria da Travessa, proporcionando aos fãs a oportunidade de interagir com o autor e adquirir suas obras.

Caetano Galindo é professor, escritor e tradutor literário premiado. É reconhecido por sua tradução de Ulysses, de James Joyce, que lhe rendeu os prêmios Jabuti, ABL e APCA entre 2012 e 2013. Autor de obras como Sim, eu digo sim e Latim em pó, publicadas pela Companhia das Letras, ele é professor de história da língua portuguesa na UFPR desde 1998, dedicando-se a aproximar o público da complexidade do nosso idioma.

Janaisa Viscardi é pós-doutora em linguística pela Unicamp, professora, pesquisadora e palestrante com foco em linguagem, gênero e inclusão. Autora do livro Escrever sem medo (Planeta), ela produz conteúdo educativo em seu canal do YouTube, abordando temas como discurso político e comunicação social. Com experiência como coordenadora de Cooperação Internacional no Senai (2012–2015), Janaisa atua como comunicadora e formadora de opinião, tornando debates linguísticos mais acessíveis. Compre o livro "Coisa que Não Edifica nem Destrói" neste link.


Serviço
Ricardo Araújo Pereira na 23ª Flip
Mesa: "Roçar a Língua de Camões"
Sábado, 2 de agosto, às 21h00
Auditório da Matriz, Centro Histórico - Paraty/Rio de Janeiro

 
Lançamento de "Coisa que Não Edifica nem Destrói" na Livraria da Travessa Botafogo, no Rio de Janeiro
O lançamento do livro "Coisa que Não Edifica nem Destrói" pela editora Tinta-da-China Brasil acontecerá na Livraria da Travessa Botafogo, no Rio de Janeiro. Ricardo Araújo Pereira apresentará a obra em uma conversa bem-humorada com o filósofo, colunista e ensaísta Francisco Bosco. Após o bate-papo, haverá uma sessão de autógrafos, permitindo que os leitores obtenham seus exemplares autografados e interajam com os autores.

Francisco Bosco é ensaísta e doutor em teoria da literatura pela UFRJ, além de autor de livros como Banalogias (Objetiva) e Meia palavra basta (Record). Reconhecido por sua análise crítica da sociedade e da cultura, Bosco é também colunista e letrista de canção popular. Foi presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte) e apresenta atualmente o programa de TV Papo de Segunda, no GNT. Compre o livro "Coisa que Não Edifica nem Destrói" neste link.


Serviço
Lançamento de "Coisa que Não Edifica nem Destrói" na Livraria da Travessa Botafogo
Segunda-feira, 4 de agosto, às 19h00
Livraria da Travessa Botafogo - Rua Voluntários da Pátria, 97, Botafogo/Rio de Janeiro
 

Lançamento de "Coisa que Não Edifica nem Destrói" no Teatro Cultura Artística, em São Paulo
Em São Paulo, Ricardo Araújo Pereira participará de um bate-papo com a escritora, roteirista e apresentadora Tati Bernardi. Ambos são conhecidos pelo uso marcante do bom humor em suas obras. A mediação do evento ficará a cargo do jornalista e colunista da revista Quatro Cinco Um, Fernando Luna.

Tati Bernardi é escritora, roteirista e colunista da Folha de S.Paulo há 13 anos. É também apresentadora de podcasts e videocasts. Autora de dez livros, incluindo o best-seller "Depois a Louca Sou Eu" (Companhia das Letras), adaptado para o cinema, também assinou roteiros para filmes e colaborou com séries da Rede Globo. Formada em publicidade, Tati estuda psicanálise e possui uma grande base de seguidores nas redes sociais.

Fernando Luna é jornalista e editor com décadas de atuação em redação e curadoria de conteúdo. Foi sócio e diretor editorial da Trip Editora e, posteriormente, contratado pela Editora Globo para supervisionar revistas como Época Negócios e Marie Claire. Atualmente, é colunista da Quatro Cinco Um e da revista Gama.


Serviço
Lançamento de "Coisa que Não Edifica nem Destrói" no Teatro Cultura Artística
Terça-feira, 5 de agosto, às 18h30
Teatro Cultura Artística - Rua Nestor Pestana, 196, Consolação/São Paulo

.: Comédia dark “Rapsódia - O Musical” chega a SP após temporadas no Rio


Sucesso no Rio de Janeiro, a produção poderá ser vista pela primeira vez na Sala Experimental do Teatro B32 a partir de 2 de agosto, com montagem inédita, cenário sustentável, novas músicas e proposta imersiva. Na imagem, o elenco de "Rapsódia - O Musical". Foto: Álefe Ouriques


Após 12 anos de estreia no Rio de Janeiro, onde cumpriu temporadas em casas como o Teatro dos Quatro e o Teatro Serrador, o espetáculo “Rapsódia - O Musical” chega pela primeira vez a São Paulo em uma montagem inteiramente renovada. Produzida pela Cerejeira Produções, de Mau Alves e Julia Morganti, em parceria com o produtor Rafael Ramirez, a temporada chega à Sala Experimental do Teatro B32, espaço multiuso localizado na Faria Lima, que passou a integrar a cena cultural da cidade com um conceito contemporâneo, sustentável e voltado à experimentação cênica. Com ingressos já à venda, as apresentações acontecem de 2 de agosto a 7 de setembro, com sessões duplas aos sábados e domingos.

Criada e dirigida por Mau Alves, a produção é uma comédia de terror que mescla humor ácido, exagero estético e um toque expressionista. Para São Paulo, o espetáculo chega com 14 músicas autorais, sendo duas inéditas, cenários e figurinos totalmente novos, texto atualizado e uma proposta cênica que transforma a sala em um ambiente imersivo e sensorial. “A gente está recontando a mesma história, mas com uma roupagem completamente diferente. Quem assistiu no Rio vai se surpreender, e quem vê pela primeira vez vai encontrar uma peça autoral, brasileira, que aposta na originalidade em todos os níveis”, comenta o autor e diretor.

A montagem paulistana é também marcada pelo compromisso com a sustentabilidade. Com cenário desenvolvido a partir de materiais recicláveis fornecidos pelo próprio B32 - um teatro que recicla todos os seus resíduos - e figurinos que incorporam elementos reaproveitados, a nova produção assume um discurso coerente com o espaço que a abriga. “Estamos construindo tudo com o que, normalmente, seria descartado. É bonito ver isso fazer parte da cena, literalmente”, explica Mau. “Nosso objetivo sempre foi montar esse espetáculo em São Paulo, e fazer isso inaugurando uma sala como essa, com esse cuidado estético, sonoro e ambiental, tem um significado enorme”.

Na trama, o público acompanha Pátrio (Felipe Assis Brasil), um jovem sonhador que, ao se ver sem perspectivas, aceita o convite do primo distante Jeremias (Conrado Helt) para trabalhar numa antiga fábrica de sabonetes na misteriosa cidade de Rapsódia. Lá, se depara com figuras excêntricas como Tobias (Mau Alves), Coné (Lurryan), Catarina (Jofrancis), Horácio (Igor Miranda) e as artistas do cabaré “Palco dos Prazeres”: Gana (Luan Carvalho), Shana (Julia Morganti) e Tamara (Marília Di Lorenço). A curiosidade de Pátrio o coloca frente a um segredo grotesco que transforma sua jornada numa sucessão de reviravoltas.

A ambientação acompanha o tom da narrativa: em vez da tradicional configuração frontal, a plateia será disposta dentro da própria cena. O espetáculo não é interativo, mas se propõe a uma vivência sensorial - o público poderá ser surpreendido por bolhas de sabão, folhas secas, objetos de cena entregues durante as cenas e até respingos (controlados) de sangue cenográfico. “É um espetáculo para os olhos, os ouvidos, o tato. Uma hora você olha pra direita, outra pra esquerda. As cenas acontecem ao redor. A gente quis criar uma experiência de presença total, onde o público se sente parte da atmosfera”, conta Mau.

A equipe criativa da montagem reúne profissionais de destaque: a direção geral é de Mau Alves, com direção residente de Andressa Secchin, direção musical de Tony Lucchesi e direção musical residente de Dan Motta. O texto e as letras são assinados por Mau Alves e Sarah Benchimol, com músicas de Tony Lucchesi e Sarah Benchimol. A coreografia é de Clara da Costa, a iluminação de Rafael Ramirez, o design de som é de Anderson Moura, os figurinos são de Ùga agÚ e Fê Faria, e o cenário leva a assinatura de Lurryan.


Ficha técnica
Espetáculo "Rapsódia - O Musical"
Direção: Mau Alves
Direção residente: Andressa Secchin
Direção musical: Tony Lucchesi
Direção musical residente: Dan Motta
Coreografias: Clara da Costa
Texto: Mau Alves
Letras: Mau Alves e Sarah Benchimol
Músicas: Tony Lucchesi e Sarah Benchimol
Iluminação: Rafael Ramirez
Designer de som: Anderson Moura
Figurinos: Ùga agÚ e Fê Faria
Cenário: Lurryan
Assessoria de imprensa: GPress Comunicação
Produção: Cerejeira Produções
Apoio: A Voz Em Cena
Elenco: Julia Morganti, Conrado Helt, Jofrancis, Lurryan, Mau Alves, Igor Miranda, Luan Carvalho, Marília Di Lorenço, Felipe Assis Brasil e Pablo Petronilho


Serviço
Espetáculo "Rapsódia - O Musical"
Local: Espaço Experimental do Teatro B32
Av. Brigadeiro Faria Lima, 3732 – Itaim Bibi/São Paulo
Temporada: de 2 de agosto a 7 de setembro de 2025
Sessões: sábados, às 19h00 e 21h30 | Domingos, às 17h00 e 19h30
Ingressos: R$ 90,00 (inteira) | R$ 45,00 (meia-entrada)
Vendas: site Teatro B32 e na bilheteria do teatro
Duração: 70 minutos
Classificação indicativa: 14 anos

.: "açúcar ou As Irmãs Anne" reúne as atrizes Cleide Queiroz e Dirce Thomaz


Com Cleide Queiroz e Dirce Thomaz somando, respectivamente, mais de 50 e 40 anos de profissão, a peça celebra as vozes femininas com mais de 60 anos e o protagonismo negro no teatro. Foto: Leonardo Cenedeze

Com mais de 40 anos de carreira, Cleide Queiroz e Dirce Thomaz sobem ao palco juntas em "açúcar ou As Irmãs Anne" texto de estreia na dramaturgia do ator, educador e produtor Breno Rosa Gomes. Trata-se de um drama lírico que se utiliza da crítica e do metateatro para refletir sobre o tempo, o envelhecimento e o papel das mulheres na sociedade.

O drama, que faz uso do humor, do lirismo e da crítica social para abordar o envelhecimento e as estruturas sociais que moldam e limitam as mulheres na sociedade, em cartaz no Itaú Cultural até dia 27 de julho, sempre de quinta-feira a domingo. A direção artística é de Eliana Monteiro e, pela primeira vez, Breno Rosa Gomes assina a dramaturgia. Também é inédita a reunião em cena das atrizes Cleide Queiroz e Dirce Thomaz, nomes fundamentais da cena teatral brasileira.

As sessões são realizadas às 20h00, de quinta-feira a sábado, e às 19h00, nos domingos e feriados. Como toda a programação do Itaú Cultural, as apresentações são gratuitas. Os ingressos devem ser reservados a partir das 12h da terça-feira da semana de apresentação dos espetáculos, pela plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br.

"açúcar ou As Irmãs Anne" começa com o reencontro, após décadas, de duas ex-parceiras de palco, que decidem revisitar as personagens que marcaram suas carreiras: as irmãs Mary Anne e Rose Anne, filhas de uma família burguesa decadente e moldadas por silêncios, aparências e expectativas sociais. No passado, elas próprias tiveram suas trajetórias interrompidas por imposições familiares: uma engravidou e a outra se casou.

Nesse reencontro inesperado, o passado e o presente, a realidade e a ficção se cruzam, confundem e mesclam provocando um jogo cênico de espelhos, que transforma o palco em um espaço poético sobre identidade, afeto, frustrações e a passagem do tempo. Não à toa, a atriz Beatriz Nauali também se faz presente em cena, na narração performativa do espetáculo.

Com Cleide e Dirce somando, respectivamente, mais de 50 e 40 anos de profissão, a peça celebra as vozes femininas com mais de 60 anos e o protagonismo negro no teatro. Uma combinação de metateatro e crítica social se desenvolve em diversas camadas do espetáculo, desde a presença das próprias atrizes às que elas interpretam em cena, passando pelas personagens que revisitam.

“Quando convidei a Cleide e a Dirce para a peça eu não sabia que elas já se conheciam, mas nunca tinham trabalhado juntas”, recorda Breno. “Desde os ensaios deu para ver que elas se identificam com as atrizes que interpretam”, diz o dramaturgo. Ele conta que a mãe e a madrinha, duas mulheres negras, o inspiraram a construir essa dramaturgia e o elenco formado por atrizes negras. “Esse é um projeto muito provocativo, com muitos temas envolvidos, como a questão do feminino. É importante que a narrativa faça entender isso, sem que a gente precise ser literal”, observa.

Segundo Gomes, o ponto de partida para criar esta obra foi a visualização de uma imagem na qual duas mulheres enlutadas tomavam um chá inglês, vendo uma chuva de açúcar. Não à toa, o açúcar no espetáculo vai além do título e é um elemento cênico central da peça. “As personagens se oferecem açúcar o tempo inteiro, para fugir de conversas difíceis”, conta ele.


Serviço
Espetáculo "açúcar ou As Irmãs Anne"
Até dia 27 de julho (quinta-feira a sábado, às 20h00, e domingos e feriados às 19h00)

Sala Itaú Cultural (piso térreo)
Duração: 90 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Entrada gratuita. Reservas de ingressos a partir da terça-feira da semana da apresentação, a partir das 12h, na plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br.


Protocolos / Sala Itaú Cultural
- É necessário apresentar o QR Code do ingresso na entrada da atividade até 10 minutos antes do seu início. Após esse período, o ingresso será invalidado e disponibilizado na bilheteria.
- Se os ingressos estiverem esgotados, uma fila de espera presencial começará a ser formada 1 hora antes da atividade. Caso ocorra alguma desistência, os lugares vagos serão ocupados por ordem de chegada.
- O mezanino é liberado mediante ocupação total do piso térreo.
- A bilheteria presencial abre uma hora antes do evento começar.


Devolução de ingresso
Até duas horas antes do início da atividade, é possível cancelar o ingresso diretamente na página da Inti, assim outra pessoa poderá utilizá-lo. Na área do usuário, selecione a opção “Minhas compras” no menu lateral, escolha o evento e solicite o cancelamento no botão disponível.


Programação sujeita a cancelamento
O Itaú Cultural informa que sua programação poderá ser cancelada em virtude de questões extraordinárias. Nesse caso, os ingressos adquiridos perdem a validade. O público que reservou o ingresso será notificado por e-mail. Um eventual reagendamento da programação ficará a exclusivo critério do IC, de acordo com a disponibilidade de agendas, sem preferência para quem adquiriu os ingressos anteriormente.


Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, próximo à estação Brigadeiro do metrô
De terça-feira a sábado, das 11h00 às 20h00.
Domingos e feriados, das 11h00 às 19h00.
Informações: pelo telefone (11) 2168.1777 e wapp (11) 9 6383 1663 E-mail: atendimento@itaucultural.org.br
Acesso para pessoas com deficiência física
Estacionamento: entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108.
Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.

sexta-feira, 11 de julho de 2025

.: Fernanda Baronne, a dubladora que fala grosso com dinossauros e divas

Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: divulgação

Há quem diga que dublagem é uma arte invisível. Mas quando a voz de Fernanda Baronne entra em cena - seja na pele da Viúva Negra, da Lucy alucinada ou da Zora de "Jurassic World: Recomeço" -, o que era invisível vira inconfundível. Com mais de três décadas de microfone e emoção, ela já emprestou as cordas vocais a Scarlett Johansson tantas vezes que, se a atriz americana acordasse falando português fluente, ninguém estranharia. Fernanda dubla com a precisão de quem sabe quando respirar no lugar do outro - e com a ousadia de quem sabe, também, quando não respirar.

Do dramalhão mexicano à ficção científica que treme a tela, Baronne nunca se escondeu atrás da técnica. Pelo contrário: tornou-se referência por habitar cada timbre como se fosse uma extensão de sua própria alma - mesmo quando a alma alheia é digital, barulhenta ou reptiliana. Nesta entrevista exclusiva ao Resenhando.com, Fernanda Baronne fala sobre limites, desejos, vícios sonoros e dinossauros com crises de identidade. O resultado é um passeio irreverente pelos bastidores da voz - onde o talento sempre fala mais alto.


Resenhando.com - Se a Scarlett Johansson resolvesse aprender português só para dublar a si mesma, você toparia ser a coach dela - ou preferiria evitar o risco de perder o posto?
Fernanda Baronne - 
Claro que eu toparia! Seria a minha chance de conhecer ela!!


Resenhando.com - Você dubla a Scarlett há anos. Já sonhou com ela? Já brigou com ela mentalmente por alguma fala impossível de dublar?
Fernanda Baronne - 
Nunca sonhei com ela não. No filme “Como Vender a Lua” ela me deu um trabalhinho. A personagem falava rápido demais, mas nunca briguei com ela mentalmente, não. Eu gosto de desafios!


Resenhando.com - É possível desenvolver uma espécie de carinho com as artistas que você empresta a voz? Com quem dessas artistas você mais se indentifica? Ou você impõe algum distanciamento?
Fernanda Baronne - 
É super possível! Nossa, eu tenho carinho por várias atrizes. A própria Scarlett, Jennifer Garner, Charlize Theron, Eva Green, Katherin Winnick, Carey Mulligan… Mas acho que as mais “próximas” são a Scarlett (principalmente por causa dos 10 anos de Vingadores), e a Jennifer Garner que eu dublo desde a série "Alias" e sempre me identifiquei muito com ela!


Resenhando.com - No universo de "Jurassic Park", qual dinossauro você seria?
Fernanda Baronne - 
Eu seria um dinossauro herbívoro porque tenho pavor de violência!


Resenhando.com - Alguma vez você já pensou: “essa atriz não me representa, mas vou ter que emprestar a minha voz mesmo assim”? Como lida com esse ruído entre ética e estética?
Fernanda Baronne - 
Eu acho que quando uma atriz está fazendo um personagem, ela está a serviço do personagem. Eu não estou simplesmente dublando aquela atriz especifica, estou dublando aquela personagem especifica. Então, esse tipo de coisa nunca chegou a me incomodar. Claro que se me chamassem pra dublar um vídeo de fake news ou ofensivo a alguém, eu me recusaria, mas, felizmente, isso nunca aconteceu.


Resenhando.com - Dublar envolve ceder a própria respiração a outra pessoa. Qual foi o momento em que você percebeu que isso virou, para você, uma forma de arte - e não apenas técnica?
Fernanda Baronne - 
Linda definição sobre a arte! Quando eu dou aula ou estou orientando alguém que está iniciando, eu sempre falo da respiração. Não basta falar na hora em que a pessoa falou e no mesmo ritmo; tem que respirar junto. Não basta respirar junto, tem que reproduzir as expressões. Por exemplo, quando a gente está falando e levanta uma sobrancelha no meio da frase, a nossa inflexão de voz muda. Quando a gente está falando e pega alguma coisa no chão, o nosso jeito de falar, muda. São muitos detalhes que podem parecer pequenos, mas que tornam a dublagem uma arte profunda e sútil. Eu dublo desde pequena, mas acho que comecei a sentir que a dublagem realmente passou a ser uma forma de arte, foi depois que fiz minha formação em teatro. Naquele momento, eu entendi que a dublagem era apenas mais uma ferramenta para o ator expressar a sua arte, assim como o palco, o vídeo, o rádio, e tantos outros veículos…


Resenhando.com - Você começou na dublagem quando “Carrossel” ainda era novidade e o Google nem existia. Hoje, com IA clonando vozes e rostos, o que ainda é irreplicável no trabalho de um dublador de verdade?
Fernanda Baronne - 
Você disse bem: a “IA clona”. Ela apenas replica, ela não cria. E o que ela “cria” foi alimentado por uma imensidão de dados de trabalhos artísticos protegidos por direitos autorais cujos criadores não receberam qualquer remuneração por isso. Aliás, sequer autorizaram o uso. Mesmo que um dia aprimorem a IA e ela possa soar como alguém de verdade, tem uma coisa que ela jamais vai ter: alma. Um bom trabalho de dublagem traz a alma do dublador nele. A minha maneira de dizer uma frase quando estou dublando alguma personagem feita pela Scarlett, por exemplo, vem não só de todas as experiências artísticas que eu tive até hoje como também de tudo que eu vivi até hoje. Todas as experiências, profissionais e pessoais, moldam o artista; ele é inevitavelmente a soma de todas elas. O que a IA produz é um “Frankenstein”, uma colcha de retalhos sem alma. Uma das formas de nos reconhecermos humanos é através da arte. Como vamos nos reconhecer através de   algo que foi produzido sem alma? Se um dia a IA realmente dominar a produção artística, será que não nos tornaremos meros reflexos das máquinas? Sem profundidade e sem alma? Acho que é algo sobre o qual precisamos começar a refletir bem seriamente.


Resenhando.com - Qual personagem você dublaria de novo, mas só depois de um bom vinho, um suspiro fundo e terapia?
Fernanda Baronne - 
Posso escolher dois? Jackie, de Hilary e Jackie, interpretada magistralmente pela magnífica Emily Watson, e a Marylin Monroe da Anna de Armas em Blonde.


Resenhando.com - Se sua voz fosse congelada em âmbar, como no DNA dos dinossauros de Jurassic World, o que você gostaria que as futuras gerações ouvissem dela?
Fernanda Baronne - 
Eu adoraria que elas ouvissem minha voz dizer coisas como: “Não há mais guerras no mundo”, ou “O ser humano aprendeu a respeitar a natureza”, ou “Não há mais fome no mundo e todo mundo tem onde morar.”


Resenhando.com - Você dubla mulheres fortes, perigosas, engraçadas, misteriosas. Já teve que inventar emoções que a atriz original não entregou? Como lidar com o papel de "melhorar" a atuação alheia?
Fernanda Baronne - 
Eventualmente, nós fazemos trabalhos que não parecem estar muito bem realizados. Eu digo “parecem” porque por se tratarem de trabalhos em língua estrangeira, sempre pode ser uma falta de compreensão cultural nossa do que é a interpretação naquela cultura. Mas, sim, isso já aconteceu. Na dublagem, por termos a imagem junto, não dá pra fugir totalmente do que a atriz está expressando fisicamente. Eu sempre dou o exemplo da interpretação clássica em novelas mexicanas que, para a nossa cultura, é bem exagerada. Não dá pra fugir totalmente daquilo, senão fica falso, mas claro que dá pra melhorar, pra aproximar mais da gente. Esse “inventar emoções” nada mais é do que o trabalho de interpretação do ator. Num caso desses, é como se você estivesse pintando sobre uma tela semi pronta, mas na qual você enxerga várias possibilidades de mudança: um sombreado, um tom, um efeito de luz… Você segue o que foi começado, mas dá o seu toque a partir do momento em que pega o pincel. E, às vezes, não tem a ver mesmo com um trabalho de má qualidade, mas com um jeito de interpretar ou de falar totalmente oposto ao que temos aqui. Os K Dramas, por exemplo, que fazem muito sucesso no Brasil. A língua coreana é muito diferente da nossa, o jeito deles de falar, os fonemas, a musicalidade… mas a essência, a alma, o bom trabalho, estão lá. Cabe aos dubladores traduzir aquilo para algo que se assemelhe mais ao nosso “jeito” de viver as coisas. É isso que eu chamo de “versão brasileira”.


Resenhando.com - Em um mundo ideal, que atriz do cinema internacional você ainda não dublou - mas gostaria de dar voz como se estivesse pegando carona em sua alma?
Fernanda Baronne - 
Hipoteticamente falando, claro, porque a atriz que eu vou citar já é dublada por uma colegas super talentosa que é a Adriana Torres, eu adoraria dublar a Claire Danes. Acho ela incrível!

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Programação do Cineflix Santos
“Jurassic World: Recomeço” | "Jurassic World: Rebirth" | Sala 3 | Ação e aventura
Classificação:
 14 anos. Ano de produção: 2025. Idioma: inglês. Direção: Gareth Edwards. Elenco: Scarlett Johansson, Jonathan Bailey, Mahershala Ali e outros. Duração: 2h14. Cenas pós-créditos: não. Cineflix Santos | Miramar Shopping | Rua Euclides da Cunha, 21 - Gonzaga - Santos/SP.

Dublado
11/7/2025 - Sexta-feira: 15h15
12/7/2025 - Sábado: 15h15
13/7/2025 - Domingo: 15h15
14/7/2025 - Segunda-feira: 15h15
15/7/2025 - Terça-feira: 15h15
16/7/2025 - Quarta-feira: 15h15

Legendado
11/7/2025 - Sexta-feira: 18h00 e 20h45
12/7/2025 - Sábado: 18h00 e 20h45
13/7/2025 - Domingo: 18h00 e 20h45
14/7/2025 - Segunda-feira: 18h00 e 20h45
15/7/2025 - Terça-feira: 18h00 e 20h45
16/7/2025 - Quarta-feira: 18h00 e 20h45

.: Crítica musical: Wanda Sá, 80 anos em plena bossa nova


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação

Wanda Sá é daqueles casos raros de amor a primeira vista. Amor esse dividido com aquele estilo musical que nasceu no Rio de Janeiro e conquistou o mundo de ponta a ponta: a bossa nova. É impossível separar Wanda Sá desse requintado estilo musical e isso é fato.

Agora que está completando 80 anos, ela decidiu comemorar em grande estilo. Um disco com oito composições inéditas, oferecidas por nomes bem conhecidos do público: Carlos Lyra, João Donato, Roberto Menescal, Cristóvão Bastos, Abel Silva, entre outros, incluindo ainda os filhos Bebel Lobo e Bernardo Lobo. Jards Macalé participa na canção "A Voz de Sal", composta por ele em parceria com Romulo Fróes.

Apesar de ser uma intérprete, Wanda Sá também se aventura na composição, ao trazer uma valsa delicada feita em parceria com o filho Bernardo Lobo, bem no espírito da bossa nova. E a amiga Joyce Moreno divide gentilmente os vocais da faixa "Se Solta Coração", outro momento sublime desse disco.

Wanda Sá conseguiu reunir o veterano Marcos Valle com Nando Reis na canção "Só Desalento". Outra parceria inédita. E faz uma delicada releitura de "There Will Never Be Another You", do repertório de Chet Baker, um dos músicos que influenciaram os pioneiros da bossa nova.

Mas para mim a faixa que definiu de vez o conceito do álbum foi “Não Pergunte Demais”, parceria de Roberto Menescal e Abel Silva, com arranjo do mestre Antonio Adolfo, que abre o disco. Wanda Sá está simplesmente magistral nessa faixa com tom saudosista típico dos anos 60.

Wanda Sá contou que está esperando o disco sair em vinil, o que ocorrerá em agosto, quando ela começa a colocar o pé na estrada para divulgar o novo trabalho. E que não demore muito, pois quem curte música de qualidade merece ouvir esse seu novo trabalho.

"Não Pergunte Demais"

"Só Desalento"

"Se Solta Coração"

.: Machado de Assis encontra Bram Stoker em romance de Edson Aran


"Quincas Borba e o Nosferatu"
, o novo romance de Edson Aran, é uma ode ao universo machadiano e à literatura gótica. Aran mistura com fluidez e humor personagens destes dois mundos que, embora pareçam distantes, são contemporâneos. Um exercício que o autor havia iniciado em "Histórias Jamais Contadas da Literatura Brasileira", indicado ao Prêmio Jabuti, mas que agora alcança um patamar ainda mais alto, com uma evidente maturidade literária e consistência narrativa.

Lançado pela editora Faria e Silva, do Grupo Editorial Alta Books, o livro tem uma história que leva o leitor ao Rio de Janeiro do Brasil Império e nos coloca diante de um encontro surpreendente entre os personagens machadianos e o demoníaco conde Drácula que se oculta no Paço Imperial. A crônica social de Machado se mistura com naturalidade ao terror epistolar de Bram Stoker. O leitor se diverte com as divertidas incursões de Brás Cubas pelas ruas do então elegante centro do Rio e nos aterrorizamos com as visitas de Drácula à frágil e impulsiva Capitu.

Inteligente, divertido e assustador, "Quincas Borba e o Nosferatu" reflete um longo trabalho de pesquisa de Edson Aran e evidencia sua paixão pela literatura, pelos romances clássicos e, acima de tudo, pela arte de escrever. Compre o livro "Quincas Borba e o Nosferatu" neste link.


Sobre o autor
Edson Aran
é autor de 13 livros de ficção e não-ficção. Entre eles, estão o best-seller "Conspirações" - tudo o que não querem que você saiba, a sátira cyberpunk "Delacroix Escapa das Chamas" e "Histórias Jamais Contadas da Literatura Brasileira", indicado ao Prêmio Jabuti na categoria Crônicas. Aran também atua como jornalista e comandou as principais revistas masculinas do país, incluindo Playboy e VIP. Desde 2013, se dedica aos roteiros de cinema e TV. Compre o livro "Quincas Borba e o Nosferatu" neste link.

.: Entre o luxo e o desejo, "Emmanuelle" volta com sofisticação e controvérsia


A personagem que revolucionou o erotismo nos cinemas retorna às telas brasileiras repaginada em "Emmanuelle", nova produção francesa dirigida por Audrey Diwan, vencedora do Leão de Ouro por L'Événement. A estreia do longa nos cinemas brasileiros será nesta quinta-feira, dia 10 de julho, com distribuição da Imovision. É um reboot ousado e moderno da franquia que começou nos anos 1970, agora protagonizado por Noémie Merlant ("Retrato de uma Jovem em Chamas"), ao lado de Naomi Watts e Will Sharpe.

O filme teve sua estreia mundial no prestigiado Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, em setembro de 2024, e depois uma passagem discreta por salas francesas. Baseado no romance de Emmanuelle Arsan, publicado em 1967, esta nova encarnação de "Emmanuelle" busca reinterpretar a jornada de descoberta sexual da protagonista a partir de uma perspectiva feminina mais contemporânea.

A direção sensível e provocadora de Diwan, em parceria com o roteiro coescrito com Rebecca Zlotowski, aposta menos na exploração e mais na subjetividade dos desejos, em uma abordagem elogiada por parte da crítica como "mais cerebral do que carnal". A trama acompanha Emmanuelle, uma executiva de uma rede de hotéis de luxo, enviada a Hong Kong para avaliar a performance de um hotel da rede e encontrar razões para dispensar a gerente local, Margot (Naomi Watts). 

Mas a viagem, inicialmente profissional, é transformada em uma busca pessoal por prazer, liberdade e reconexão com o próprio corpo. Entre experiências sensoriais em ambientes luxuosos e encontros intensos com diferentes personagens - incluindo o enigmático Kei (Will Sharpe) - Emmanuelle atravessa uma jornada de erotismo, autoconhecimento e frustração emocional. Um detalhe curioso: parte das filmagens ocorreu nas Chungking Mansions, locação famosa do filme "Amores Expressos" (1994), de Wong Kar-wai, cineasta cultuado por Audrey Diwan.

O elenco também conta com Jamie Campbell Bower (Stranger Things), Chacha Huang, Anthony Wong e Carole Franck. A produção passou por Paris e Hong Kong, e incorporou elementos visuais sofisticados e referências ao cinema asiático contemporâneo. Inicialmente, Léa Seydoux havia sido escalada para o papel principal, mas foi substituída por Merlant em 2023.

Embora o filme tenha chamado atenção por sua proposta de renovar uma franquia famosa pela ousadia, a recepção crítica internacional foi polarizada. No site Rotten Tomatoes, Emmanuelle de 2024 acumula apenas 17% de aprovação entre os críticos - uma média decepcionante de 4,8/10 - com parte da imprensa considerando a produção "uma odisseia erótica sem brilho", apesar da excelência técnica e da densidade temática prometida. Ainda assim, a estética refinada e a tentativa de romper com o erotismo masculino tradicional tornam o filme um experimento cinematográfico relevante, sobretudo em tempos de debate sobre representação e sexualidade no audiovisual.

Para o público brasileiro, acostumado a associar "Emmanuelle" aos filmes exibidos no "Cine Privê" da TV Bandeirantes nos anos 1990, a nova versão deve surpreender: trata-se de um drama erótico elegante, que pretende ser feminista e reflexivo, ainda que sem abandonar o apelo sensual. A classificação indicativa é, naturalmente, para maiores de 18 anos. O filme promete reabrir o debate sobre o erotismo no cinema contemporâneo: pode uma mulher se redescobrir em meio ao luxo, ao desejo e à culpa? Audrey Diwan, ao que tudo indica, quer provocar mais do que seduzir.


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Programação do Cineflix Santos
“Emmanuelle” | Sala 4
Classificação:
 18 anos. Ano de produção: 2024. Idiomas originais: inglês e francês. Direção: Audrey Diwan. Roteiro: Audrey Diwan e Rebecca Zlotowski. Elenco: Noémie Merlant,Will Sharpe, Jamie Campbell Bower, Naomi Watts, Chacha Huang e outros. Duração: 1h45. Cenas pós-créditos: não. Cineflix Santos | Miramar Shopping | Rua Euclides da Cunha, 21 - Gonzaga - Santos/SP.

Legendado
11/7/2025 - Sexta-feira: 20h50
12/7/2025 - Sábado: 20h50
13/7/2025 - Domingo: 20h50
14/7/2025 - Segunda-feira: 20h50
15/7/2025 - Terça-feira: 20h50
16/7/2025 - Quarta-feira: 20h50

.: Evento de leitura revela psicologia oculta nas obras de Machado de Assis


Adelmo Marcos Rossi propõe análise inédita sobre estrutura psicológica dos textos do maior escritor do Brasil. Foto: divulgação


O autor Adelmo Marcos Rossi começa, no dia 26 de julho, uma leitura coletiva e comentada do seu livro "O Imortal Machado de Assis - Autor de Si Mesmo", conduzida ao vivo pelo Google Meet, sempre aos sábados, das 19h às 21h. A proposta é analisar, parágrafo por parágrafo, como a obra revela uma psicologia conceitual presente em Machado de Assis - antecipando até mesmo descobertas que seriam atribuídas, décadas depois, a Freud. 

Durante os encontros, o pesquisador abordará temas como o medo da castração, o riso enquanto defesa, o trágico imprevisível da vida (caiporismo), entre outros conceitos psicológicos. A leitura revela como o Bruxo do Cosme Velho se apoiava em estruturas simbólicas profundas da cultura humana, promovendo uma investigação literária que transcende o tempo e o gênero. Compre o livro "O Imortal Machado de Assis - Autor de Si Mesmo" neste link. 


Sobre o autor
Engenheiro civil (UFES, 1980), mestre em Ciência de Sistemas (Tóquio, 1990), psicólogo (UFES, 2010), mestre em Filosofia (UFES, 2015) e microempresário, Adelmo Marcos Rossi dedica quase 15 anos aos estudos sobre psicanálise. Fundador do Grupo de Pesquisa do Narcisismo, também é autor do livro “A Cruel Filosofia do Narcisismo - Uma Interpretação do Sonho de Freud” (2021). Após um longo período de pesquisa acerca das relações entre as obras machadiana e freudiana, publicou "O Imortal Machado de Assis - Autor de Si Mesmo". Compre o livro "O Imortal Machado de Assis - Autor de Si Mesmo" neste link.

Serviço
Leitura comentada do livro "O Imortal Machado de Assis - Autor de Si Mesmo"

A partir de 26 de julho de 2025, aos sábados, das 19h00 às 21h00
Plataforma Google Meet
Duração: semanal, até a conclusão do livro
Inscrições e informações: Juliana Santa Clara Moreira – (27) 99767-6328

quinta-feira, 10 de julho de 2025

.: Crítica: musical “Wicked” desafia a gravidade e as expectativas


Por 
Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: divulgação/Jairo Goldflus

Existe um momento em que o teatro deixa de ser teatro e passa a ser transcendência, em que a arte deixa de apenas entreter e começa a transformar. “Wicked - A História Não Contada das Bruxas de Oz”, em cartaz no Teatro Renault, é exatamente isso: um salto entre o bom e o inesquecível. E se a palavra “clássico” já pairava sobre essa história nascida nos palcos da Broadway, o que se vê na terceira montagem brasileira é o nascimento de um novo patamar para o teatro musical no país.

Myra Ruiz não interpreta Elphaba - ela É Elphaba. E isso não é apenas um elogio, é um aviso. Prepare-se para testemunhar uma entrega artística de tirar o fôlego, que combina técnica vocal absurda, presença cênica hipnótica e uma força emocional que faz tremer a poltrona. Ver Myra “voar” - literalmente e metaforicamente - enquanto canta “Desafiando a Gravidade” é uma experiência de se guardar talismã verde-esmeralda. Em uma era de performances cada vez mais plastificadas, ela entrega verdade.

Bel Barros, como Glinda, na apresentação que substituiu Fabi Bang, encontra o tom exato entre o carisma solar e a frivolidade encantadora da bruxa boa. A química com Myra é mais do que uma parceria: é a prova de que antagonismos podem gerar beleza. Já Luisa Bresser, como Nessarose, mostra um domínio emocional raro para tanta juventude. A transição da atriz, de doce para amarga, é digna de nota - e, se o futuro da dramaturgia musical brasileira precisa de representantes, ela certamente já está convocada.

Hipólyto, como Fiyero, encontra mais um papel que o desafia e o valoriza. O Fiyero interpretado por ele tem charme, mas também tem camadas - algo raro nesse tipo de papel. E Cleto Baccic, como sempre, é a cereja do bolo: o Mágico de Oz dele destila cinismo com vulnerabilidade, lembrando a todos os espectadores que até o poder pode ser patético. Há algo que diferencia esta montagem das anteriores: ela ouve o tempo. 

Sob a direção de Ronny Dutra e com novos figurinos, efeitos visuais e sistemas de voo que parecem saídos de uma ficção científica glamurosa, o espetáculo conecta-se às angústias e urgências do presente. A mensagem de resistência, identidade e amizade feminina não poderia ser mais atual. “Wicked” não é apenas um musical: é uma alegoria queer, um manifesto feminista, uma crítica às narrativas oficiais. Tudo isso embalado em luz verde e rosa, plumas, vassouras e canções que colam na alma.

Além disso, o projeto extrapola os limites do palco. O leilão de figurinos em prol do GIV, as ações durante o Mês do Orgulho LGBTQIAPN+ e a participação ativa do elenco em iniciativas sociais mostram que esta produção entende o que significa “teatro vivo”. Se o teatro é um espelho, “Wicked” é aquele espelho mágico que nos mostra não só quem somos, mas quem podemos ser.

E que prazer vê-lo em cartaz justamente agora, quando a cultura brasileira parece, mais do que nunca, precisar de esperança, de empatia e de um pouco de feitiçaria também. Não é novidade que "Wicked" sempre será o melhor espetáculo do ano em todas as vezes em que estiver em cartaz. Mas, sem qualquer exagero, também é o melhor espetáculo que você terá a honra de assistir em toda a sua vida.


Serviço
"Wicked - A História Não Contada das Bruxas de Oz"
Quartas, quintas e sextas-feiras, às 20h00. Sábados e domingos, às 15h00 e às 19h30.
Teatro Renault - Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411 - República/São Paulo.
Bilheteria oficial no Teatro Renault (sem taxa de conveniência): de terça a domingo, das 12h00 às 20h00 (exceto feriados). Site e app Ticket For Fun: ticketsforfun.com.br.
Temporada estendida até 10 de agosto de 2025.

.: Com Rihanna azul, "Os Smurfs" cantam alto em nova aventura musical


"Smurfs", o novo longa-metragem musical em animação e live-action da Paramount Animation, foi antecipada para esta quinta-feira, dia 10 de julho. Dirigido por Chris Miller (conhecido por "Shrek 3" e "Gato de Botas"), com co-direção de Matt Landon, o filme busca resgatar a essência das histórias originais criadas por Peyo. 

O elenco brasileiro de dublagem tem no elenco Bruno Gagliasso, como Gargamel e o Razamel, além de Jeniffer Nascimento, Diego Martins e Tatá Estaniecki. A trama acompanha Smurfette, que lidera uma missão no mundo real para resgatar o Papai Smurf, sequestrado pelos bruxos Gargamel e Razamel. Ao longo da aventura, os Smurfs formam alianças com novos aliados e descobrem o que realmente importa. 

Na versão americana, o filme contará com a cantora Rihanna como Smurfette, que assume as músicas originais e é produtora musical do filme, e John Goodman, como Papai Smurf. James Corden dubla um novo personagem chamado "Sem Nome". Esse personagem aparece na primeira imagem do filme ao lado de Papai Smurf e Smurfette, e terá um papel importante na trama. 

Com forte apelo nostálgico, mas também voltado para uma nova geração, o novo "Smurfs" busca equilibrar o humor ingênuo dos personagens clássicos com a sofisticação da música pop contemporânea. É uma aventura musical que, mesmo cercada de críticas sobre sua profundidade narrativa, promete encantar crianças e fãs da franquia - com a vantagem extra de oferecer a rara chance de ver (e ouvir) uma Rihanna "azulada". No Brasil, o filme será exibido com sessões diárias em salas como a do Cineflix Santos, sempre às 15h00, entre os dias 10 a 16 de julho. Há uma cena pós-créditos. 


Bastidores e curiosidades
Rihanna já conhecia bem o universo dos Smurfs desde a infância, o que a tornou uma escolha natural para Smurfette, segundo a produção. James Corden, no elenco como o personagem Sem Nome, contou que tentou por oito anos incluir Rihanna no Carpool Karaoke, e finalmente pôde cantar com ela – mesmo que em forma de personagem animado no filme. O compositor Henry Jackman (de "Puss in Boots") assina a trilha sonora musical do filme. 

O filme fez pré-estreia mundial em Bruxelas em 28 de junho de 2025, mesclando fantasia com cenas em live-action - e foi seguido por um curta de "Bob Esponja, Order Up", nos cinemas  A recepção inicial foi mista. O site Rotten Tomatoes destacou que a proposta talvez soe confusa para diferentes públicos. Além disso, críticas apontam que a história é básica, com pouco foco na música, e questionam o apelo geral. Por outro lado, a animação e a musicalidade - especialmente de Rihanna - receberam elogios.


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Programação do Cineflix Santos
“Smurfs” | Sala 2 | Animação
Classificação:
 livre. Ano de produção: 2025. Idioma original: inglês. Direção: Chris Miller. Co-direção: Matt Landon. Roteiro: Pam Brady. Elenco: Rihanna, James Corden, John Goodman e outros. Duração: 1h32. Cenas pós-créditos: sim. Cineflix Santos | Miramar Shopping | Rua Euclides da Cunha, 21 - Gonzaga - Santos/SP.


Dublado
10/7/2025 - Quinta-feira: 15h00
11/7/2025 - Sexta-feira: 15h00
12/7/2025 - Sábado: 15h00
13/7/2025 - Domingo: 15h00
14/7/2025 - Segunda-feira: 15h00
15/7/2025 - Terça-feira: 15h00
16/7/2025 - Quarta-feira: 15h00

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