Renomado crítico de cinema do Brasil escreveu obras como Cineastas e Imagens do Povo. Foto: Divulgação/USP
Neste sábado, 12 de julho, o cinema brasileiro perdeu um de seus mais importantes pensadores: Jean-Claude Bernardet faleceu aos 88 anos, deixando um legado imensurável para a crítica, a produção e a reflexão cinematográfica no país.
O velório acontecerá neste domingo dia 13 de julho, das 13h00 às 17h00, na Cinemateca Brasileira, instituição à qual Bernardet dedicou parte significativa de sua trajetória e onde seu acervo pessoal está preservado desde 1988.
Nascido em 1936 na Bélgica, criado em Paris e radicado no Brasil desde os 13 anos, Bernardet naturalizou-se brasileiro e se tornou uma referência incontornável nas artes e na cultura. Sua atuação foi plural: crítico aguçado, professor provocador, teórico influente, roteirista sensível, cineasta experimental, romancista e ator de presença marcante. Formado pela École des Hautes Études en Sciences Sociales e doutor pela ECA-USP, lecionou História do Cinema Brasileiro por décadas, marcando gerações de alunos com ideias que questionavam os limites entre teoria e prática.
Foi autor de obras essenciais como "Cineastas e Imagens do Povo" e "Brasil em Tempo de Cinema", nas quais propôs novas formas de olhar para a cinematografia nacional. Participou ativamente do Cinema Novo, dialogando com figuras como Glauber Rocha e Paulo Emílio Salles Gomes, e contribuiu para a criação do curso de cinema da Universidade de Brasília.
No campo da realização, escreveu e dirigiu filmes como "São Paulo, Sinfonia e Cacofonia" (1994) e atuou em produções como "FilmeFobia (2008), desconstruindo com ironia e inteligência a figura do intelectual tradicional. Em dezembro de 2023, teve uma última homenagem em vida: a mostra “Carta Branca a Jean-Claude Bernardet”, organizada pela Cinemateca, com curadoria do próprio homenageado, incluindo o lançamento do livro "Wet Mácula: Memória/Rapsódia", escrito em parceria com Sabina Anzuategui.
Jean-Claude Bernardet foi mais que um estudioso do cinema: foi parte ativa de sua história e transformação. Sua ausência deixa um vazio imenso, mas seu pensamento continua vivo nas páginas que escreveu, nas imagens que criou e nos debates que inspirou.
A Cinemateca Brasileira, o Ministério da Cultura e toda a comunidade cinematográfica se solidarizam com os familiares, amigos e admiradores deste mestre que fez da arte uma forma de pensar o Brasil.
Serviço
Cinemateca Brasileira
Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Mariana/São Paulo
Velório: domingo, 13 de julho, das 13h00 às 17h00
Aberto ao público.
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