domingo, 30 de setembro de 2007

.: Resenha de "O Dia do Curinga", de Jostein Gaarder

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em setembro de 2007


Viagem no tempo revela um universo maravilhoso. Viagens ao passado e personagens conhecidas dão agilidade ao texto de "O Dia do Curinga", deixando toda a história de Jostein Gaarder ainda mais intrigante e irresistível.


Um livro com capítulos nomeados de Espadas, Paus, Curinga, Ouros e Copas, sendo que cada um dos citados contém subcapítulos de títulos bastante curiosos como por exemplo o primeiro e o último: "Ás de espadas ... um soldado alemão passou pedalando pela estrada..." e "Rei de copas ...as lembranças se afastando mais e mais daquilo que um dia as criou...". É desta forma que o leitor irá perceber em suas mãos o livro "O Dia do Curinga", de Jostein Gaarder.

É certo que aqueles que já leram algo de Jostein Gaarder não terão algum estranhamento quanto a esta forma criativa do autor de "anunciar" o que há melhor nos próprios livros. Já em O Mundo de Sofia, também publicado pela Companhia das Letras, o autor mostra este seu dom ao trazer para o público uma garota às vésperas de seu aniversário de quinze anos. Sofia Amundsen começa a receber bilhetes e cartões postais bastante estranhos. Os bilhetes são anônimos e perguntam a Sofia quem é ela e de onde vem o mundo em que vivemos. Os postais foram mandados do Líbano, por um major desconhecido, para uma tal de Hilde Knag, jovem que Sofia igualmente desconhecia. Em meio a tanto mistério e "lições" o leitor trilha a história da filosofia ocidental.

Ok. O livro em questão é "O Dia do Curinga" que tem como protagonista o jovem Hans-Thomas. Entretanto, nesta história, ele também mergulha no túnel do tempo e viaja no passado e não deixa sua vida naufragar. Tudo começa quando o garoto e seu pai, seguem à procura da mulher que os deixou oito anos antes, e assim, cruzam a Europa, da Noruega à Grécia.


"Há seis anos, em frente às ruínas do antigo temo de Posêidon, no cabo Súnio, eu olhava para o mar Egeu. Há cento e cinqüenta anos o padeiro Hans chegava á misteriosa ilha no Atlântico. E há duzentos anos o navio da Frode naufragava na viagem entre o México e a Espanha.

Tenho de voltar tantos anos no tempo para entender por que mamãe nos deixou e fugiu para Atenas...

Gostaria muito de pensar em outra coisa. Mas sei que preciso tentar escrever tudo enquanto restar em mim um pouco da criança que fui.

Sentado à janela da sala de Hisoy, observo as folhas caindo das árvores. Elas planam no ar e pousam na rua formando um acolchoado macio. Uma garotinha brinca lá fora, amassando com os pés as folhas e as castanhas que caem das árvoes por entre as cercas dos jardins.

Nada parece ter sentido.

Quando penso nas cartas da paciência de Frode, tenho a impressão de que o equilíbrio da natureza desapareceu por completo".


Reflexões sobre a própria história, como por exemplo, ao analisar a história de vida dos avós de Hans-Thomas que seu pai contava quando pararam em um posto de estrada, perto de Hamburgo. Chegar a entender quem ele é, passa a ser interessante, pois caso seus avós não tivessem encontrado-se por causa de um pneu furado e anos depois, seus pais não tivessem permitido que Hans-Thomas nascesse ele não seria ele, e sim, uma outra pessoa.

É no meio desta viagem em família (e na história desta família), que surge um livro misterioso que desencadeia uma narrativa paralela, em que mitos gregos, maldições de família, náufragos e cartas de baralho que ganham vida transformam a viagem de Hans-Thomas numa autêntica iniciação à busca do conhecimento - ou à filosofia. Também pudera o pai do garoto adorava filosofar e se interessava por robôs, pois para ele um dia a ciência conseguiria produzir seres artificiais e pensantes.


"Achei um tanto estranho que a padaria estivesse aberta à tarde. Antes de tomar qualquer decisão, olhei para a estalagem Zum Schönem Waldemar, só para ver se por acaso meu já não tinha saído, satisfeito com a degustação da aguardentes dos Alpes. Como não o vi, abri a porta da padaria e entrei. [...]

O velho padeiro entrou num outro cômodo que havia nos fundos da padaria. Pouco depois, voltou com quatro pãezinhos, que colocou num saco de papel. Entregou-me o embrulho e disse, num tom sério e solene:

- Você precisa prometer uma coisa. Uma coisa muito importante, meu filho. Prometa-se que deixar o pãozinho maior por último e que só vai comê-lo quando estiver sozinho. E não conte nada a ninguém, entendeu?".


O que dizer desta passagem do livro? Pura magia literária. Já no primeiro subcapítulo quando pai e filho estão em Legoland, local em que há enormes bonecos feitos de peças de Lego o pai comenta: "- Imagine se de repente tudo isso ganhasse vida, Hans-thomas - disse ele. - Imagine se, de uma hora para outra, todos esses bonecos saíssem andando no meio dessas casinhas de plástico. O que nós faríamos?", e ainda conclui seu pensamento dizendo: "No fundo somos todos figuras de Lego, só que vivas".

"O Dia do Curinga" é a história de muitas viagens fantásticas que se entrelaçam numa viagem única e ainda mais fantástica - e que só pode ser feita por um grande aventureiro: o leitor. Seja um curinga, diferente, "pois ele veio ao mundo com defeito de ver coisas demais e de ver todas elas em profundidade".

Agora não lhe restam dúvidas se deve ou não ler O Dia do Curinga, não é? Espero que não, pois este é um dos pouquíssimos livros que garantem com tranqüilidade 100% no quesito qualidade de texto aliada à uma excelente criatividade. Faça como Hans-Thomas, entre na sua casa, pegue o seu volume e comece a ler, pois é certa a "sensação de estar entrando num outro mundo". Alguma dúvida? A única que ainda resta é em saber porque nenhum dos fantásticos livros de Jostein Gaarder foram transpostos para a telona, nem mesmo O Mundo de Sofia!

O Autor: Jostein Gaarder nasceu em 1952, na Noruega. Estudou filosofia, teologia e literatura, e foi professor no ensino médio durante dez anos. Estreou como escritor em 1986, tornando-se logo um dos autores de maior destaque em seu país, e a partir de 1991 ganhou projeção internacional com O Mundo de Sofia, já traduzido para 42 línguas. Pela Companhia das Letras publicou ainda Através do Espelho, A Biblioteca Mágica de Bibbi Bokken, O Castelo do Príncipe Sapo, Ei! Tem Alguém aí?, A Garota das Laranjas, Maya, Mistério de Natal, O Pássaro Raro, O Vendedor de Histórias e Vita Brevis. Mora em Oslo, com a mulher e dois filhos.


Livro: O Dia do Curinga

Autor: Jostein Gaarder

140 páginas

Ano: 2007

Editora: Companhia das Letras 

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

.: Resenha de "O Grande Líder", de Fernando Jorge

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em setembro de 2007


O retorno do cenário surreal da política brasileira: A corrupção política brasileira de 1910 a 1964 envolta de uma sátira mordaz


Ao ter em mãos o livro relançado que ficou marcado como a sátira da corrupção brasileira que causou barulho nos anos 1970, isto é, "O Grande Líder - Romance satírico, bárbaro, picaresco, baseado em fatos reais, nas cenas surrealistas da vida social, cultural e política de um país latino-americano chamado Brasil", de Fernando Jorge, tem-se a sensação de emprenhar-se em um caminho polêmico, porém muito curioso e interessante, seja para alguns relembrarem ou para outros conhecerem a história nua e crua do Brasil desta época, que sempre está em seu percurso repetitivo.

O livro traz uma sátira mordaz da história política brasileira de 1910 até o golpe de 1964. Na época do seu lançamento, 1970, o biógrafo Fernando Jorge espantou a muitos. Como o fez? Simples. Trouxe para o universo de todos a história de um certo Piranha Albuquerque, político corrupto e safado, porém muito amado pelo povo. Entretanto, tal livro ainda causa furor, pois apesar de ter passado tantos anos os políticos continuam com o mesmo comportamento.

Nesta obra o autor mostra a saga de Piranha da Fonseca Albuquerque, grande nome da corrupção imperante no Brasil de 1910 até o golpe de 64. Para dar veracidade Fernando Jorge baseou-se em fatos reais – e em pessoas reais, dispensando pseudônimos, uma ousadia que gerou alguns processos. O Grande Líder é tão impecável que não deixa ninguém de fora, até mesmo nomes intocáveis da literatura brasileira, como Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto e Guimarães Rosa.

Em entrevista publicada no site da Editora Geração Editorial (geracaobooks.locaweb.com.br/releases/?entrevista=123), o autor diz:


Geração Editorial - Como surgiu "O Grande Líder"?

Fernando Jorge: A idéia para o livro surgiu quando eu estava trabalhando como chefe da divisão técnica da biblioteca da Assembléia Legislativa de São Paulo (minha formação é em Biblioteconomia).

Ficava chocado ao ver as safadezas do Legislativo e resolvi escrever um romance satírico para mostrar minha revolta contra os políticos corruptos. A figura do Piranha da Fonseca Albuquerque foi inspirada em diversos políticos da época e em suas safadezas — políticos como Moisés Lupion, então governador do Paraná e o político corrupto mais famoso; Ademar de Barros, popularmente conhecido como “Ademar de Barros, de Berros e de Burros”, que foi o primeiro a receber o epíteto de “o que rouba, mas faz” e que foi minha maior fonte de inspiração; Jânio Quadros — de quem peguei o histrionismo (e ele nunca percebeu, tanto que chegou a me pedir que eu fosse seu biógrafo, dizendo “Fernando Jorge, se for o meu biógrafo, meus ossos descansarão em paz”); e em muitos outros protagonistas de patifarias. Além do que eu via no meu dia-a-dia na assembléia, colhi histórias de pilantragens observadas por amigos jornalistas meus. Muitos dos episódios narrados no livro, que podem parecer anedotários, são verdadeiros.


GE - Piranha Albuquerque da Fonseca ainda tem voz e vez hoje?

FJ: Meu livro permanece atualíssimo. Cheguei a essa conclusão por causa de todos os escândalos envolvendo políticos corruptos que estão aparecendo por aí. Basta citar o exemplo do governador de Roraima, preso recentemente. É a mesma coisa, ele e Piranha. O outro nome do Brasil foi e continua sendo Corruptolândia. É o que o Jânio Quadros observou sobre meu livro — que, apesar de ser satírico, ele merece reflexão por ser um grito de revolta contra a desonestidade.

Seu livro teve um sucesso estrondoso quando foi lançado, superando Jorge Amado e Lygia Fagundes Telles nas listas de mais vendidos. Por que não escreveu mais nenhum romance?

Porque me dediquei mais às biografias. Tenho paixão por elas. A de Getúlio Vargas, a de Aleijadinho, a de Santos Dumont, todas me exigiram muitos anos de pesquisa. Mas gostaria de escrever outro romance sim, ele se chamaria “O País dos Generais Linha Dura” e seria sobre a corrupção no Brasil durante a ditadura. Mas, enfim, já sou um pré-cadáver (risos).


GE - Por que Paulo Setúbal?

FJ: A vida dele é muito interessante — viveu pouco, 44 anos. Foi uma figura pitoresca, extraordinária, e vindo de uma família pobre, tornou-se o autor mais popular de seu tempo, ao lado de Monteiro Lobato. Foi um dos principais participantes da Revolução de 32, apesar de já estar tuberculoso na época. Era um grande orador, e foi deputado por dois anos. Era muito lido, muito popular, muito excêntrico. Era excelente escritor, conhecia muito a língua portuguesa, ao contrário de nosso mais popular Paulo atualmente, o Paulo Coelho. Há um grande contraste entre Paulo Setúbal e Paulo Coelho (risos). Paulo Coelho é um literaticida, um assassino da língua portuguesa. E um plagiário, reescreve lendas orientais e as publica como se fossem criações dele.


GE - Por que o sucesso dele, a seu ver?

FJ: A literatura de Paulo Coelho tem comunicação imediata com o leitor primário, desprovido de muita cultura literária, e que constitui a maioria de leitores do mundo todo. Ele tem sorte, no entanto, de os tradutores consertarem muito do estilo claudicante e dos erros gramaticais gravíssimos que ele comete, o que explica em parte por que a crítica internacional gosta tanto dele. Já publiquei um livro explicando por que Paulo Francis era um farsante; pois bem, estou com essa vontade de escrever sobre Paulo Coelho, que além de farsante é vigarista, porque se proclama capaz de fazer chover e ventar (o governo deveria contratá-lo para tentar minimizar o problema de nossas represas, não?). Parafraseando Lênin, para mim Paulo Coelho vai acabar na lata de lixo da literatura.


Fernando Jorge: escritor e jornalista. Entre suas obras de não-ficção mais conhecidas estão “Cale a Boca, Jornalista”, “Getúlio Vargas e o seu Tempo”, “Vida e Poesia de Olavo Bilac”, “As Lutas, a Glória e o Martírio de Santos-Dumont”. Dele, a Geração Editorial também publicou “Vida e Obra do Plagiário Paulo Francis” – “O Mergulho da Ignorância no Poço da Estupidez” (1996) e “A Academia do Fardão e da Confusão” (1999). “O Grande Líder” é seu primeiro e até então único romance.


Livro: O Grande Líder - Romance satírico, bárbaro, picaresco, baseado em fatos reais, nas cenas surrealistas da vida social, cultural e política de um país latino-americano chamado Brasil

Autor: Fernando Jorge

336 páginas

Ano: 2003

Editora: Geração Editorial


segunda-feira, 17 de setembro de 2007

.: Resenha de "Mumu, a Vaquinha Jururu", de Jeanne Willis e Tony Ross

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em setembro de 2007


A verdadeira amizade vale mais do que um caro presente: Sabia que viver jururu pode ser contagiante para seus amiguinhos? Descubra em Mumu, a Vaquinha Jururu, de Jeanne Willis e Tony Ross.


Mumu é uma vaquinha bem velha que vivia jururu, apesar de ter como amigo, Bé, um carneirinho que consegue ver a beleza em tudo na vida. A protagonista de Mumu, a Vaquinha Jururu, de Jeanne Willis e Tony Ross, publicado pela Companhia das Letrinhas, é tão descontente que nem mesmo uma boa conversa era capaz de dar um pingo de felicidade na vida dela.

Os dias pareciam sempre belos somente para os outros, nunca para a vaquinha jururu. Nem mesmo em seu aniversário a situação mudou. "Por que está com esta cara, Mumu?, perguntou Bé. / É que é meu aniversário. Fiquei um ano mais velha, mugiu Mumu. / É daí? Aniversário é para festejar! Dê uma festa, você via ficar feliz!". A festa? Foi ótima, mas ainda sim, noutro dia, Mumu já estava jururu novamente.

Resultado: Ficar jururu é algo contagiante. De tanto conviver com Mumu, Bé vai para casa em prantos, pois nada que fazia alegrava a amiga. "Foi só depois de conhecer Mumu que ele percebeu como o mundo era horroroso, malfeito, desagradável. Não era à toa que Mumu vivia jururu".

O que fazer quando Bé e Mumu estão completamente jururu? Os autores de Mumu, a Vaquinha Jururu tem a solução para este "super problema" quando Bé diz: "Não posso me sentir feliz vendo você infeliz". Afinal de contas Bé sempre fazia de tudo para animar Mumu, embora esta vaquinha nunca tenha dado valor a estas tentativas, nem mesmo um sorriso. É neste momento que Mumu entra em ação e resolve tudo, para a alegria e continuidade desta amizade.

Sobre os autores: Jeanne Willis escreveu seu primeiro livro aos cinco anos, e não parou mais. Hoje escreve histórias para crianças e também para leitores mais velhos. Além disso, escreve roteiros para televisão e produtoras de vídeo. Foi finalista do Whitbread Awart em 2004. Tony Ross nasceu em Londres no ano de 1938. Estudou na Liverpool School of Art. Já foi cartunista, designer gráfico e diretor de arte de uma agência de publicade. Considerado um dos melhores ilustradores de livros infantis da Inglaterra, suas obras ganharam vários prêmios e foram publicadas em inúmeros países.


Livro: Mumu, a Vaquinha Jururu

Autores: Jeanne Willis e Tony Ross

32 páginas

Ano: 2007

Tradução: Eduardo Brandão

Editora: Companhia das Letrinhas

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

.: Resenha de "Os Treze Problemas", de Agatha Christie

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em setembro de 2007


Contos bem amarrados e surpreendentes. Mistérios que parecem impossíveis de solucionar. Não tema! Agatha Christie é chave mestra para resolver todos os treze problemas.


Sabe quando você está com uma grande vontade de ler um super livro, mas pretende ficar entre os livros que tem em casa? Eu estava deste jeito quando decidi mexer nas minhas pilhas e pilhas de livros e encontrei um volume bem velhinho, praticamente aos pedaços (ainda bem que existe cola e durex) que fora comprado em um sebo da cidade há quatro anos pelo menos. Qual livro era este? Por sorte "Os Treze Problemas", de Agatha Christie.

Nossa como o tempo passa, não é mesmo?!?! Ele ficou esse tempo de um lado para outro. Sempre queria lê-lo, mas nunca conseguia chegar até ele, sempre tinha que estudar, fazer trabalhos, ler livros indicados e escrever para o Resenhando críticas de outros livros.

Eis que o momento aguardado chegou e claro a memória fez seu papel em destacar este livro. Tenho guardados outros livros de Agatha que comprei em sebos, troquei em bibliotecas ou ganhei de várias pessoas que sabem da minha paixão pela leitura. Fico com eles não sei se por pena de seu estado ou temendo o pior como seu destino. "Estes livros vão para a reciclagem/lixo limpo. Quer algum deles?". Quantas vezes escutei isso, óbvio, levava todos para casa, muitos consegui dar um jeito e rejuvenesceram.

Hoje tenho alguns destes livros velhinhos, alguns em casa e outros na minha avó que ficam bem guardadinhos no grande baú de meus bisavós, que veio diretamente de Arouca, Portugal. Ah, se este baú falasse (e lesse) teria muita história para contar!

Bom, vamos encarar de frente Os Treze Problemas que a melhor escritora policial nos entrega de bandeja: O Clube das Terças-Feiras, A Casa do Ídolo de Astartéia, As Barras de Ouro, A Calçada Tinta de Sangue, O Móvel do Crime, A Marca do Polegar de São Pedro, O Gerênio Azul, A Dama de Companhia, Os Quatro Suspeitos, Tragédia de Natal, A Erva da Morte, O Caso do Bangalô e Morte por Afogamento.

Neste volume, personagens distintas, mostram a sua forma de ver, viver a vida e seus acontecimentos. Entre estes há Miss Marple, mulher de idade madura que conhecer um pouco de tudo. Ela que junto aos seus amigos faz parte do Clube das Terças-Feiras. "Nós no reuniremos uma vez por semana, e cada sócio do clube terá de propor um problema. Algum mistério que conheça por experiência própria e do qual, naturalmente, saiba a solução".

O bom deste livro é a variedade de casos analisados e resolvidos, desde brigas por herança, casais que agem juntos para roubar, esposas envenenadas, empregados que não merecem a devida confiança, entre outros problemas apresentados. Será que Miss Marple irá acompanhar o pensamento e não perderá a meada das histórias contadas pelos integrantes do grupo que conta mistérios? Até porque ela não larga o seu tricô.

 

"Pairava no ar algo que só consigo descrever

como uma sensação sobrenatural.

Parecia que alguma coisa nos oprimia.

Uma sensação de desgraça iminente".


Agatha Christie: Escritora inglesa (1891-1976) de populares novelas e peças de teatro do gênero policial. Têm como personagens mais célebres o detetive belga Hercule Poirot e a senhora Jane Marple, provinciana de idade madura. Sua peça A Ratoeira, lançada em Londres em 1952, ainda estava sendo representada em 1976, o que constitui a maior exibição teatral contínua do mundo. Seus romances policiais põem em ação detetives antiquados e saborosos, assim como a sociedade na qual se envolvem. Em sua obra muito extensa, destacam-se: O Assassinato de Roger Ackroyd (1928), O Caso dos Dez Negrinhos (1943), A Morte no Espelho (1952) e Testemunha de Acusação (1958).


Livro: Tudo Que Você Não Soube

Autora: Fernanda Young

134 páginas

Ano: 2007

Editora: Ediouro

sábado, 1 de setembro de 2007

.: Resenha de "Quando Termina é Porque Acabou", de Greg Behrendt e Amiira Ruotola-Behrendt

Por: Helder Moraes Miranda

Em setembro de 2007


Quando termina é porque... começou!: Milk Shake ao invés de bebidas e cigarros. Colaborador de Sex And The City divulga os sete mandamentos para não perder a dignidade no término de um relacionamento em livro lançado pela Rocco


Acabou de levar um fora ou não consegue esquecer aquele cara que há tempos saiu de uma relação... Com você? Agora, pesquisa na Internet soluções para os seus problemas, mas sabe que o próximo passo é dar um telefonema, e se humilhar novamente? Calma, há uma luz no fim do túnel antes que você faça qualquer bobagem e coloque a perder tudo o que resta de sua dignidade: corra para a livraria mais próxima.

Tudo porque a editora Rocco lançou, recentemente, o livro "Quando Termina é Porque Acabou – Juntando os Caquinhos e Dando a Volta por Cima", de Greg Behrendt e Amiira Ruotola-Behrendt. Behrendt, um dos colaboradores de Sex And The City – que também lançou pela Rocco o bem-sucedido Ele Simplesmente Não Está a Fim de Você, em que divide a autoria com Liz Tuccillo.

Nesse livro, o autor volta falar de finais de relacionamentos e amores não-correspondidos de forma bem-humorada. Na prática, por meio de discas práticas e descoladas e exemplos reais, a publicação irá encorajar você a expulsar o ex de sua cabeça e memória e redescobrir a pessoa incrível que você sempre foi, mas esqueceu. Com um projeto gráfico de qualidade e belas ilustrações, que seguem a linha bem-humorada do livro, há diversas perguntas formuladas por mulheres (ou personagens femininos) que passam pela mesma situação – isto é, você não é a única – há ainda um caderno de exercícios e de coisas que você deve fazer antes de procurá-lo.

Na primeira parte, "Quando termina é Porque Acabou" gira em torno do fim da relação. Quando não existem novas mensagens e você se torna inconveniente com seus amigos a ponto de falar apenas sobre ele e relembrar momentos que, se fossem tão bons, o relacionamento não teria acabado. A segunda parte trata da superação em grande estilo, com os sete mandamentos para passar essa fase chata sem abalar (um pouco mais) sua auto-estima e um capítulo extra. No fim, você vai descobrir que, realmente, quando termina é porque acabou mas, a vida continua com muitas possibilidades de você ser feliz.


Livro: Quando Termina é Porque Acabou – Juntando os Caquinhos e Dando a Volta por Cima

Título Original: It`s Called a Breakup Because it`s Broken

Autores: Greg Behrendt e Amiira Ruotola-Behrendt

253 páginas

Ano: 2007

Tradução: Alyda Christina Sauer

Editora: Rocco

.: Entrevista com Falcão, cantor e humorista

"Quem acha que a família é algo morto e sem função é porque não teve família." - Falcão

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em setembro de 2007




Ele foge dos padrões impostos pela mídia e diz que ser diferente é o segredo da longevidade de sua carreira. Descubra o outro lado de Falcão: humor e autenticidade na hora de uma boa conversa. Confira!



Ele foge dos padrões impostos pela mídia e contraria tudo o que há no mercado fonográfico da atualidade. Qual o segredo para permanecer neste cenário tão disputado? Este é exatamente o "x" da questão: ser diferente. Afinal, qual cantor com uma longa carreira teria coragem de lançar um CD chamado "What Porra Is This?"? Somente Falcão.

O oitavo CD de Falcão, lançado em 2005, traz um misto de indignação com certos acontecimentos da vida e bom humor exacerbado. Algumas da músicas têm nomes curiosos e chamativos, como por exemplo, Pato Donald no Tucupi, Amanhã Será Tomorrow, Fome Zero-A-Zero, Quem não tem Cão não Caça, Alguma Coisa acontece no meu Bucho, A Sociedade não Pode Viver sem as Pessoas,  Ordem e Progresso, entre outras. No site MUBI -Música Brasileira Independente- (mubi.com.br), este CD está descrito da seguinte maneira: "Se um dia existiu Mamonas e Raimundos, é graças a cara de pau do gigante Falcão. What Porra Is This apresenta todas as marcas registradas de Falcão. Filosofia para as massas, esculhambação da "inteligência nacional" e bom humor. São 11 composições próprias e uma regravação da espetacular It's Not Mole Não, Severina Cooper de Acioly Neto. Para ouvir de cabo a rabo".

Com seu estilo popular, muita naturalidade e humor canta tudo o que muitos brasileiros pensam, mas falam somente para poucos. Confira a entrevista do cantor Falcão!



RESENHANDO - Falcão não é somente um artista cômico. Por esse motivo, nós da equipe Resenhando.com e seus internautas gostaríamos de conhecê-lo um pouco mais, mesmo porque sua versatilidade envolve até formação acadêmica. Como e quando foi despertado o seu lado humorístico?
FALCÃO - Na verdade, eu nunca pretendi ser um artista cômico (E acho que não sou). O caso é que eu sou cearense, e no Ceará quase todo mundo é engraçado por natureza; na minha família, por exemplo, tem material humano para produzir umas duas "Escolinha do professor Raimundo" ou umas três "Zorra total". Por isso, talvez eu tenha enveredado pelo caminho do brega mais irreverente, embora esse gênero musical tenha sempre sido usado como trilha da dor de cotovelo e da cornagem. 



RESENHANDO - O que prefere: brincar com o que acontece no cotidiano ou encarar tudo em seu modo verdadeiro? Quais tipos de assuntos gosta mais de satirizar? Por que? 
FALCÃO - Brincar e satirizar o cotidiano da seriedade, para mim é a forma mais certeira de levar assuntos "difíceis" à reflexão do povo. Desse jeito, quando eu falo de chifre, de viadagem, dos problemas das minorias ou de temas políticos e sociais, as pessoas, que num primeiro instante sentiram-se atraídas pelo humor ou pela melodia simples, acabam captando melhor a mensagem ou a crítica.


RESENHANDO - Pode falar sobre sua infância? O que mais gostava de ler e escutar? 
FALCÃO - Sempre, desde a mais tenra (gostaram do "tenra"?) idade li e escutei tudo que caiu na minha mão, sem distinção do que fosse, lia dos clássicos da literatura às bulas dos remédios da farmácia do meu pai, lá em Pereiro - CE. Aliás, a primeira imagem, que eu me lembro, do meu pai foi ele lendo um livro... Além disso ele era grande amante 
da música em geral e, por tabela, eu acabei ouvindo toda a sua discoteca que ia da ópera ao brega de Waldick Soriano. 


RESENHANDO - Atualmente, com a modernidade a família está perdendo o seu verdadeiro valor, chegando a ser vista por muitos como algo indiferente e sem função. Para você, qual a importância da família nos dias de hoje? 
FALCÃO - Quem acha que a família é algo morto e sem função é porque não teve família... A família é tão importante em todos os tempos que (digo mesmo sem ver nenhuma pesquisa), nas áreas onde não há formação familiar (principalmente nas 
nossas grandes cidades), é onde a sociedade está mais degenerada.


RESENHANDO - O que diferencia o artista Falcão dos outros? 
FALCÃO - Cada artista é um mundo à parte. Claro que há artistas que são, digamos, mais previsíveis. Eu acho que a minha diferenciação dá-se pela autenticidade, pela 
naturalidade e pela sinceridade com que eu chego até meu público.


RESENHANDO - Conhecendo os bastidores, o que pensa atualmente sobre fazer parte do meio artístico? Existe rivalidade? 
FALCÃO - Trabalhar no meio artístico é como trabalhar em qualquer outra área. É claro que como nesse meio as coisas são muito mais públicas e mais glamurosas, as vaidades, as intrigas e as invejas sejam muito mais exacerbadas. No entanto, há uma vantagem: é pouco o contato que se tem uns com os outros, o que não deixa de também ser ruim pois isso nos priva da convivência com aqueles colegas mais chegados.


RESENHANDO - Entre os seus sucessos que vivem na boca do povo, há preferência por alguma música? Qual? Por que? 
FALCÃO - É claro que dentre as minhas músicas há aquelas das quais eu sou mais admirador, algumas nem são grandes sucessos de público. Mas, as que o público mais gosta me dão grande alegria de ouvi-las ou de cantá-las justamente pela energia que o povo nos manda a cada execução. Entre elas a que eu gosto mais é "Holiday foi muito", por que homem é homem, menino é menino, macaco é macaco é macaco e 
viado é viado... 


RESENHANDO - Como você analisa o cenário da música brasileira dos últimos anos? 
FALCÃO - A música brasileira, dita MPB, é de uma grande diversidade e riqueza melódica, literária, etc... e não deve ser confundida com a música que a mídia toca. Essa música que está no rádio e na TV é, digamos assim, a parte descartável da verdadeira MPB.


RESENHANDO - Ao navergarmos em seu site, o www.sitedofalcao.com.br, encontramos coisas interessantes, como por exemplo, o horóscopo que serve para todos os dias e o teste de corno. Qual a finalidade do site, além da divulgação de seu trabalho? Quem idealizou este espaço virtual? 
FALCÃO - O nosso "saite" foi idealizado por mim e minha equipe e tem como principal finalidade levar os conhecimentos bregorianos e a filosofia "falconética" a todos os fãs e interessados. Quando eu falo em filosofia, alguém pode até achar que seja brincadeira mas, das coisas mais bestas veio todo o pensamento ocidental e oriental, afinal a besteira é a base da sabedoria. Em tempo: eu fui o segundo cantor brasileiro a ter um espaço na internet, depois do ministro Gilberto Gil.


RESENHANDO - Disponibilizar uma música para download no "Bolachografia" é uma estratégia de marketing ou apenas uma forma de divulgação de seu trabalho, forma muito utilizada pelos artistas da atualidade? 
FALCÃO - As duas coisas, mas muito mais o desejo de que o fã que não conseguiu no disco possa ter alguma coisa para se deleitar, já que a minha discografia, por motivos operacionais das gravadoras, é muito difícil de ser encontrada em lojas do ramo.


RESENHANDO - Qual o segredo para manter-se na mídia, após tantos anos de estrada, sempre apostando num formato que não é muito bem aceito pelo público? 
FALCÃO - O segredo é exatamente o formato: Como é uma coisa que não é tão comum nem tão descartável, tem um público fiel que espera cada lançamento na certeza que pode ter um produto fora do padrão da mesmice reinante no mercado. 


RESENHANDO - Quais seus planos para a carreira artística? 
FALCÃO - Continuar como um cantor diferenciado na medida que o talento e a inspiração me coadjuvarem e, num futuro bem próximo, voltar a TV com um trabalho também "catilogênico". 


RESENHANDO - Deixe uma mensagem para os internautas do Resenhando.com 
FALCÃO - A mensagem, que nunca é demais, é de que cultivemos a cultura da paz com catilogência que é a soma da "catigoria" com a loucura e a inteligência. Sem esquecer que "gentileza gera gentileza".



PING-PONG: 
Gosto de: Ver TV e ficar sem fazer nada. 
Não gosto de: Chocolate 
Meus cantores favoritos são: Zé Ramalho, Fagner, Bob Dylan, Waldick Soriano, Raimundo Soldado.
Meus escritores favoritos são: Machado de Assis, Rubens Fonseca, Audifax Rios, Edgar Alan Poe.

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