quinta-feira, 14 de julho de 2016

.: "A Paixão Segundo G.H.", de Clarice Lispector, em "O Livro da Vez"

A série "O Livro da Vez" é uma programação mensal do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc na qual são apresentados e debatidos temas de um livro que faz parte do acervo de sua biblioteca. Em julho, o livro escolhido foi "A Paixão Segundo G.H.", de Clarice Lispector, e o convidado para analisá-lo é o professor e editor da revista "Cult", Welington Andrade.

Ler Clarice Lispector, hoje, implica querer romper com o automatismo da experiência cotidiana, presente, inclusive, em grande parte da produção artística e literária contemporânea. 

Neste encontro, Andrade pretende evidenciar a grande perspicácia com que Clarice Lispector tenta apreender ângulos inusitados no trato da linguagem, em geral, e da língua portuguesa, em particular; o radicalismo com que ela explora o vasto espaço da escrita - o que levou o crítico português Carlos Mendes de Souza a declarar que se trata "da primeira mais radical afirmação de um não-lugar na literatura brasileira"; e a eleição, dolorosa, porém necessária, de uma atitude errática fora da linguagem comum, que leva obrigatoriamente à questão da impossibilidade de encontrar nomes.  

Para fruir (na acepção de Roland Barthes) a obra literária da autora, nos dias de hoje, é preciso estar preparado para adentrar um mundo conhecido, porém estranhado, e lê-la sem pressa, recuperando o "ócio das antigas leituras". A leitura de "A Paixão Segundo G.H." pode funcionar como um antídoto contra a vida moderna, ameaçada de se deixar soterrar pelo maciço consumo de vulgaridade.

Diante de um mundo em que a dor e a angústia estão cada vez mais dissimuladas por um linguajar de tipo mecânico, hipnótico, infantil, a escritura da autora convida o leitor ao confronto com sua condição, com a insensatez da realidade, com o medo, inclusive, da expressão que pode  por meio de seu humor tão peculiar, muito bem tentou alertar: "Mas tenho medo: escrever muito e sempre pode corromper a palavra. Seria para ela mais protetor vender ou fabricar sapatos: a palavra ficaria intacta. Pena que não sei fazer sapatos". Welington Andrade é doutor em Literatura Brasileira pela USP, professor da Faculdade Cásper Líbero, editor da revista "Cult".

A biblioteca do Centro de Pesquisa e Formação possui um acervo de aproximadamente 11 mil títulos ligados às ciências humanas, além de CDs, DVDs, jornais e revistas. O empréstimo é gratuito tanto para trabalhadores no comércio e serviços, quanto para o público em geral, com exceção dos jornais e revistas, que são para leitura no local.

Sobre o CPF-Sesc
Inaugurado em agosto de 2012, o Centro de Pesquisa e Formação do Sesc é uma unidade do Sesc São Paulo voltada para a produção de conhecimento, formação e difusão e tem o objetivo de estimular ações  e desenvolver estudos nos campos cultural e socioeducativo.

Além do Curso Sesc de Gestão Cultural - que visa a qualificação para a gestão cultural de profissionais atuantes no campo das Artes, tanto de instituições públicas como privadas - a unidade proporciona o acesso à cultura de forma ampla, tematicamente, por meio de cursos, palestras, oficinas, bate-papos, debates e encontros nas diversas áreas que compreendem a ação da entidade, como artes plásticas e visuais, ciências sociais, comportamento contemporâneo e cotidiano, filosofia, história, literatura e artes cênicas.

"O Livro da Vez": "A Paixão Segundo G.H.", de Clarice Lispector
Segunda-feira, 25 de julho de 2016, das 10h às 12h. 
Recomendação etária: 16 anos. 
Número de vagas: 30.
R$ 15 (inteira); R$ 7,50 (aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e professor da rede pública);  R$ 4,50 (trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciado no Sesc e dependentes).

Atividade com tradução em libras. Solicitação deve ser feita no ato da inscrição, com no mínimo dois dias de antecedência da atividade. Informações e inscrições pelo site (sescsp.org.br/cpf) ou nas unidades do Sesc no Estado de São Paulo.

Centro de Pesquisa e Formação – CPF Sesc
Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – 4º andar - Bela Vista - São Paulo/SP
Horário de funcionamento: de segunda a sexta, das 10h às 22h. Sábados, das 9h30 às 18h30.
Telefone: (11) 3254-5600

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