domingo, 28 de fevereiro de 2021

.: "Bonita Lampião" em cartaz no Teatro Sérgio Cardoso


A poética do espetáculo está centrada na dramaturgia do corpo, na construção imagética da cena e no trabalho psicofísico dos intérpretes Aysha Nascimento (Bonita) e Francisco Gaspar (Lampião). Foto: Joca Duarte


Atualização em 7 de março: Devido ao aumento expressivo de casos de coronavírus na cidade de São Paulo, o Teatro Sérgio Cardoso, juntamente com a produção da peça "Bonita Lampião", optaram por alterar a temporada prevista para iniciar dia 26 de fevereiro para uma temporada virtual com estreia marcada para o dia 19 de março, de quinta a domingo, às 20h, pela Sympla Streaming. A reformulação do espetáculo está sendo realizada para garantir uma melhor experiência online e segurança ao público.


O espetáculo "Bonita Lampião" segue em cartaz no Teatro Sérgio Cardoso. Escrita por Renata Melo, a peça tem direção de Lena Roque. No elenco, Aysha Nascimento (Bonita) e Francisco Gaspar (Lampião). Discussões sobre violência e desumanização são centrais no espetáculo Bonita Lampião, que une teatro, dança e vídeo.

O espetáculo presencial acontece no Teatro Sérgio Cardoso em conformidade com todas normas de segurança no enfrentamento da covid-19, incluindo indicações de distanciamento social, totem de álcool em gel e tapete sanitizante dispostos na entrada do teatro. Inicialmente prevista para estrear no ano passado, em comemoração aos 40 anos do Teatro Sérgio Cardoso, a peça foi adiada para 2021 devido à pandemia. A temporada marca um retorno aos palcos deste espaço, já que foi nele que a primeira versão de Bonita Lampião cumpriu temporada, em 1994.

O texto quebra a estrutura espaço-tempo ao apresentar uma narrativa fragmentada e linguagem não linear. A escrita cênica do espetáculo, também a cargo de Lena Roque, verticaliza ainda mais esses conceitos. O projeto foi contemplado pela 10º Edição do Prêmio Zé Renato da Secretaria Municipal de Cultura da cidade de São Paulo. 

A poética do espetáculo está centrada na dramaturgia do corpo, na construção imagética da cena e no trabalho psicofísico dos intérpretes Aysha Nascimento (Bonita) e Francisco Gaspar (Lampião). Como recursos de linguagem, são usadas coreografias, partituras físicas, partituras vocais e repetição de movimentos. A intenção é alterar o enunciado original, subvertendo a lógica textual para contar a história.

Na peça, Maria e Lampião são figuras alegóricas, isto é, representam pensamentos, ideias, qualidades que estão além deles, sendo possível deslocar essas qualidades para outras pessoas, lugares e situações. Maria de Déa (que passou para a história como Maria Bonita), é uma mulher arquetípica que mostra as muitas “Bonitas Contemporâneas” - negras, indígenas, periféricas, quilombolas, sem teto, trabalhadoras rurais, trabalhadoras urbanas - mulheres exploradas pelo sistema, que lutam contra todas as mazelas do cotidiano brasileiro. A peça também saúda as mais velhas e a ancestralidade negra feminina, que em cena conduz Bonita.

Já Lampião é o homem que contribui com este estado de coisas, que é levado a isso, que se humaniza e se desumaniza na dor de existir e sobreviver. Isso faz com que a discussão centro do espetáculo seja a violência, o território dos corpos violados diariamente, sistematicamente de forma institucionalizada, exterminando corpos negros, alienando a mente das pessoas, devastando a natureza, instaurando o extremismo político e social.

“Nunca estivemos em paz, o mito da democracia racial e a invenção do homem cordial, vendem a imagem de país tropical abençoado por Deus, mas nossa luta diária mostra que isso é mais uma das fachadas do capitalismo predatório”, diz Lena Roque. 

O cenário de Paula de Paoli, figurinos de Cleydson Catarina, vídeo de Luan Cardoso música de Dani Nega, a iluminação de Lúcia Chedieck, as coreografias de Djalma Moura e a direção corporal e vocal de Jorge Balbyns dialogam com as premissas expostas acima e interagem com estéticas afros, sonoridade remixada, passeiam pelo expressionismo, com o cuidado de não abandonar as referências clássicas e históricas do que foi o movimento do cangaço brasileiro.

Sinopse
Espetáculo que funde teatro, dança, vídeo, apresenta momentos da trajetória de luta e resistência do casal de cangaceiros Maria Bonita e Lampião, mostrando o universo violento do “banditismo social” chamado Cangaço, em paralelo às perversas violências cotidianas a que é submetida a população brasileira hoje.

Sobre o Teatro Sérgio Cardoso
Localizado no boêmio bairro paulistano do Bixiga, o Teatro Sérgio Cardoso foi inaugurado em 13 de outubro de 1980, com uma homenagem ao ator. Na ocasião, foi encenado um espetáculo com roteiro dele próprio, intitulado “Sérgio Cardoso em Prosa e Verso”. No elenco, a ex-esposa Nydia Licia, Umberto Magnani, Emílio di Biasi e Rubens de Falco, sob a direção de Gianni Rato. 

A peça “Rasga Coração”, de Oduvaldo Viana Filho, protagonizada pelo ator Raul Cortez e dirigida por José Renato, cumpriu a primeira temporada do teatro. Em 2020, o TSC cumpriu 40 anos de atividades, tendo recebido temporadas importantes de todas as linguagens artísticas e em novos formatos de transmissão, se consolidando como um dos espaços cênicos mais representativos da cidade de SP.

Sobre a Amigos da Arte
A Amigos da Arte, Organização Social de Cultura responsável pela gestão do Teatro Sérgio Cardoso, trabalha em parceria com o Governo do Estado de São Paulo e iniciativa privada desde 2004. Música, literatura, dança, teatro, circo e atividades de artes integradas fazem parte da atuação da Amigos da Arte, que tem como objetivo difundir a produção cultural por meio de festivais, programas continuados e da gestão de equipamentos culturais públicos como o Museu da Diversidade Sexual o Teatro Estadual de Araras.

Ficha técnica
Texto:
Renata Melo
Escritura cênica e direção geral: Lena Roque
Intérpretes: Aysha Nascimento e Francisco Gaspar
Coreografia e preparação corporal: Djalma Moura
Direção de corpo e voz: Jorge Balbyns
Direção Musical: Dani Nega
Desenho de Luz: Lúcia Chedieck
Direção de Fotografia, pesquisa de imagens e edição: Luan Cardoso
Fotos / Arte: Joca Duarte
Designer Gráfico: Luiz Basile
Cenotécnico: Wagner José De Almeida
Pintura Arte: Alessandra SiqueiraAssistente de Iluminação E Operador De Luz – Juarez Adriano
Assistente Fotos: Ilson Pimentel
Produtor Executivo: Josivaldo Lima
Idealizador do Projeto: Francisco Gaspar
Operadora som: Manuela Cruz
Locução Off: Cleydson Catarina
Cenário e figurinos cena: Paula de Paoli
Adereços e figurinos / Foto: Cleydson Catarina

Serviço
"Bonita Lampião"
Até dia 29 de março de 2021
Sessões às sextas, sábados, domingos e segundas, às 19h
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Duração: 50 minutos
Classificação: 12 anos
Capacidade Sala Paschoal Carlos Magno:
58 lugares (40% da capacidade total da plateia, conforme estabelecido pelo protocolo do Governo do Estado e da Prefeitura da capital) 

Teatro Sérgio Cardoso - Sala Paschoal Carlos Magno
Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista. São Paulo – SP | 01326-010
Bilheteria: (011) 3288-0136

Moradores do Bixiga e Bela Vista
50% de desconto nos ingressos*
No Teatro Sérgio Cardoso os moradores do Bixiga e da Bela Vista podem adquirir ingressos pela metade do preço. Vá até a bilheteria do teatro com um comprovante de residência e verifique as condições e disponibilidade de ingressos promocionais. Até dois ingressos por CPF.

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