domingo, 15 de maio de 2022

.: Opressão, dor e loucura marcam lançamento de Maya Falks


Vencedora do prêmio Vivita Cartier de 2021, a escritora caxiense Maya Falks é conhecida por obras densas colocando sempre assuntos delicados como o centro da discussão. Olançamento não poderia ser diferente. “Já Não Somos os Mesmos” é um romance que flerta com a prosa poética, narrado em primeira pessoa pela protagonista Priscila.

A história se passa durante a ditadura militar brasileira, quando Priscila, jovem estudante de classe média, é arbitrariamente presa junto ao namorado e mais um casal de amigos. Sem direito à defesa e sequer saber sob qual acusação aconteceu a prisão, Priscila narra não apenas a violência de um porão clandestino do regime, mas a fragmentação de sua mente enquanto perde a noção do tempo, a saúde e a sanidade mental.

O título do livro é um trocadilho com o refrão da música “Como Nossos Pais”, de Belchior, eternizada na voz de Elis Regina, em que se ouve “ainda somos os mesmos”; porém, como diz a protagonista, é impossível permanecer o mesmo depois de tudo o que ela e tantos outros enfrentaram.

“Já Não Somos os Mesmos” é o primeiro livro que Maya Falks realizará lançamento presencial depois de dois anos de lançamentos virtuais. Neste período, a escritora lançou “Santurário” (Macabéa Edições), “Eu Também Nasci em Asas” (Telucazu) e “Pedaços que Vejo no Espelho” (inédito).

O título desta novela em versos que Maya Falks nos apresenta dialoga em contraponto com a música de Belchior que afirma que, apesar de tudo, ainda somos os mesmos, como nossos pais. Poderia a protagonista do livro ser a mesma após atravessar o inferno nas masmorras da ditadura, sofrendo tortura e abuso sexual de forma contínua? Como sobreviver à loucura e à perda de todos os pontos de referência no mundo? Como reagir à morte do parceiro e de seus amigos? Como perdoar o pai que a delatou para dar-lhe um susto?

A alegoria usada pela autora repercute a verdade histórica dos sequestros de jovens idealistas que foram levados para casas clandestinas em que os torturadores tinham carta branca do regime para eliminar opositores. Esses estudantes contestavam a falta de liberdade, sentiam-se oprimidos e sonhavam com alguma revolução: pelas armas, por meios pacíficos ou, simplesmente, pelas artes.

Não podemos esquecer o passado recente do país, não podemos compactuar com as forças retrógradas que enaltecem os torturadores e querem impor a desordem e destruir a democracia. Escrever é um ato de resistência e a força da escrita poética reside no seu caráter transgressivo. Às vezes é preciso chocar para abalar os alicerces da inércia do conservadorismo. Você pode comprar o livro "Já Não Somos os Mesmos", de Maya Falks, neste link.


Sobre a autora 
Maya Falks veio ao mundo no inverno de 1982 e não muito depois já criava as primeiras histórias. Graduada em Publicidade e Propaganda, atuou mais de 20 anos nesse mercado como redatora, criando campanhas para clientes dos mais variados portes. No meio acadêmico, Maya fez ainda uma pós-graduação, estudou Direito, se formou em Jornalismo e está no último ano de Letras, mas sua grande paixão é a literatura.

Como escritora, Maya é autora de oito livros publicados; entre eles os romances “Histórias de Minha Morte” e “Santuário” e o poema longo “Eu Também Nasci sem Asas”, agraciado com o prêmio Vivita Cartier de 2021. Maya é também resenhista do blog Bibliofilia Cotidiana e atua como leitora crítica e oficineira.

Ficha técnica
Título: "Já Não Somos os Mesmos"
Autora: 
Maya Falks
Editora: Penalux
Formato:
14x21
Páginas: 122
Link de venda: https://amzn.to/3Mh5xyh


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