quarta-feira, 15 de junho de 2022

.: Juliana Notari comemora 20 anos de carreira com o filme "Coágulo"

Gravado na Mata Atlântica, o curta-metragem faz parte do projeto “20 Anos de Marionete Livre - Comemoração e Manifesto”, contemplado pelo programa Rumos Itaú Cultural. As duas sessões de pré-estreia estão marcadas para os dias 21 e 25 de junho. Foto: Mirrah da Silva


A marionetista, diretora, dramaturga e pedagoga cênica Juliana Notari comemora duas décadas de carreira com o projeto “20 anos de Marionete Livre – Comemoração e Manifesto”, que foi contemplado pelo programa Rumos Itaú Cultural. Ele inclui a criação do curta-metragem "Coágulo" e a publicação do livro "Pedagogia da Marionete Livre: Festa e Manifesto". Ainda neste ano, a artista também vai organizar uma mostra de repertório com obras apresentadas no exterior e inéditas no Brasil.

As sessões de pré-estreia do filme vão ocorrer em duas datas. No Cine Matilha, a exibição está marcada para 21 de junho, com recepção a partir das 19h30 e sessão às 20h. No Museu da Imigração, o evento está agendado para o dia 25 de junho, com recepção a partir das 16h e exibição às 16h30. As duas sessões serão seguidas de bate-papo com a equipe e coquetel. No lançamento no Cine Matilha, a entrada será trocada pela doação de um pacote de absorventes para a Campanha Dignidade Menstrual para a população em situação de rua. 

Desde 2000, Juliana Notari criou mais de 30 obras, participou de festivais internacionais e fez grandes turnês por países como México, Bolívia, Argentina, Colômbia, Espanha, Letônia, França, Portugal, República Tcheca, Itália, Suíça, Coreia do Sul, entre outros. Além disso, a artista ficou conhecida pelo projeto “Velhas Caixas”, uma investigação sobre a velhice que a levou a se internar em duas casas de repouso na França em 2011. 

O filme "Coágulo" trata de uma batalha contra um sistema opressor patriarcal que invade os corpos dos seres viventes, humanos e não-humanos, e bloqueia o fluxo da existência. A inspiração para o projeto surgiu em 2016, a partir de reflexões sobre o cenário político do Brasil e a postura opressora adotada por homens que ocupam posições de poder.

Com duração de 20 minutos e dividido em quatro momentos - encantamento, contração, expansão e fluxo - , o filme discute a capacidade do ser humano de se transformar e se livrar das opressões que impedem a plena manifestação da vida e da liberdade.

Para o projeto, Juliana produziu a marionete chamada Coagulador, que representa as forças opressoras do sistema e foi modelada a partir de calcinhas de algodão usadas. “A matéria com que a marionete é fabricada também tem um peso na narrativa que queremos contar. As calcinhas são objetos íntimos, polêmicos, que, em si, manifestam um recorte da sociedade”, destaca Juliana. Já em parceria com Maria Zuquim, a artista criou os chamados coágulos, definidos como objetos-brinquedos-marionéticos, que se transmutam em diferentes formas e se fundem ao lugar em que são dispostos.

Juliana Notari contracena com o percussionista Herí Brandino, que também é o responsável pela direção musical e pela composição da trilha sonora do filme. O curta-metragem foi gravado na Mata Atlântica, no município de Ubatuba, no litoral de São Paulo, durante uma residência artística de 13 dias realizada em dezembro de 2021.

O livro "Pedagogia da Marionete Livre: Festa e Manifesto" reúne as experiências e os diversos processos de criação de marionetes de Juliana Notari, uma artista mulher, independente, antirracista, anticlassista e anticonformista. A obra aborda uma metodologia livre de construção de marionetes e relata os cursos e oficinas ministrados pela artista no Brasil e em diversos países, como Argentina, Colômbia, Chile e Espanha. A obra deve ser publicada no segundo semestre de 2022.

Juliana Notari encontrou nas marionetes a forma ideal de se expressar e se comunicar com o mundo. “Como se trata de uma arte muito generosa e aberta, ela pode dialogar com diversas tecnologias, e também com qualquer outra linguagem artística”, afirma a artista.

As técnicas e os materiais escolhidos para a criação de cada marionete variam de acordo com o objetivo da obra marionetesca. Juliana já criou marionetes com cascas de árvore, folhas, palha, cascas de alimentos e até com um vestido de noiva. A arte da marionete não tem restrição de público. “Desde criança temos essa conexão com os objetos e esse poder de transformá-los. A marionete tem uma liberdade de movimentos e ações, de transitar entre mundos e de, ao mesmo tempo, olhar profundamente, que fisga os adultos”, afirma.

Juliana Notari começou sua carreira no ano 2000, já dedicada à pesquisa e criação de espetáculos e oficinas de teatro de animação ao lado da artista Maria Zuquim, com quem trabalha até hoje. Desde então trabalhou e colaborou com músicos, compositores e multiartistas para abrir novos caminhos para a marionete contemporânea. 

Nas últimas duas décadas, a marionetista apresentou obras para públicos de todas as idades, criou e dirigiu festivais de marionetes, desenvolveu uma pedagogia própria, investigou diferentes processos de criação e materiais para suas marionetes, fez turnês internacionais em mais de 15 países. É criadora da Marionete Livre, movimento nômade defendido por meio de suas obras marionetescas e seus processos pedagógicos de trocas de saberes pelo mundo.

Em 2008, realizou uma residência como artista pesquisadora pelo Institut International de la Marionnette, em Charleville-Mézières, na França. Continuou suas pesquisas sobre o universo das marionetes dentro do programa de mestrado da Universidade de Strasbourg, onde viveu durante cinco anos. Em 2011, criou o projeto “Velhas Caixas”, uma série de mini espetáculos sobre a velhice que foi concebida depois que a artista se internou em casas de repouso da França.

De 2015 a 2020, foi gestora do espaço independente Condomínio Cultural, localizado em São Paulo, onde promoveu ações de difusão e fomentos às artes da marionete. Em 2020, realizou a minissérie audiovisual experimental Selva, ao lado da artista e jornalista Laura Corcuera e do editor Yuri de Francco, com apoio do Instituto Goethe. É fundadora da Sociedade Insólita para Marionete Contemporânea ao lado da Cia Mevitevendo.


Serviço
Filme "Coágulo"
Curta-metragem, 20 minutos
Classificação:
16 anos
Ideia original e concepção: Juliana Notari (@junotari)
Direção: Laura Corcuera (@saltoncia) e Jairo Pereira (@jairopereiraoficial)
Roteiro: Juliana Notari, Jairo Pereira, Laura Corcuera, Maria Zuquim (@maria_zuquim) e Mirrah da Silva (@mi.r.rah)
Direção de fotografia: Mirrah da Silva
Trilha sonora original: Herí Brandino (@heribrandino)
Direção de arte: Maria Zuquim
Câmera e montagem: Mirrah da Silva
Colorista: Marcelo Rodriguez (@mrzmarcelo)| Mia Lab
Criação de figurinos e objetos Coágulos: Maria Zuquim
Marionete: Juliana Notari
Produção: Ana Luiza Bruno (@analuizabruno1)
Costureira figurinos: Rita de Cassia Martins Freitas
Costureira Coágulos: Mônica Cristina Da Rocha
Bordados e estampas: Maria Zuquim


Trilha Sonora:
Herí Brandino -
Composição, direção musical e percussão.
Débora Neves - Soprano
Bárbara Blasques - Soprano
Josué Barcus - Baixo
Lucas Rezende - Barítono
Gerson Brandino - Trompetes
Efraim Santana - Clarinete
Sarah Honsby - Flautas
Gravação e mixagem: Gustavo Vellutini (@estudiomacuco)


Pré-estreias:
Cine Matilha
Dia 21 de junho de 2022
19h30:
Recepção e distribuição de ingressos
20h: Exibição
20h30:  Bate-papo com a equipe e coquetel
Endereço: rua Rêgo Freitas, 542 - República, São Paulo - SP, 01220-010
68 lugares
Entrada: 1 pacote de absorventes para a Campanha Dignidade Menstrual para a população em situação de rua. 


Museu da Imigração
Dia 25 de junho de 2022
16h:
Recepção
16h30: Exibição
17h: Bate-papo com a equipe e coquetel
Endereço: rua Visconde de Parnaíba, 1.316 - Mooca - São Paulo
96 lugares
Entrada: livre


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