segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

.: "Escute as Feras" reestreia em curta temporada no Teatro Cacilda Becker


Fruto de uma criação coletiva, a peça é ao mesmo tempo um espetáculo solo de Maria Manoella, e uma experiência artístico-sonora conduzida ao vivo pelo músico Lúcio Maia. Foto: Ariela Bueno 


Quando a experiência vivida nutre uma reflexão vertiginosa sobre o humano e o natural, a identidade e a fronteira, o tempo do mito e a história contemporânea. O livro "Escute as Feras" ganha livre adaptação do livro homônimo da antropóloga francesa Nastassja Martin publicado na França em 2019 e no Brasil em 2021 pela Editora 34 em curtíssima temporada no Teatro Cacilda Becker, de 29 de fevereiro a 3 de março, realizando seis apresentações gratuitas com os artistas Maria Manoella e Lúcio Maia em cena.

A autora do livro teve o rosto desfigurado por um urso pardo em um encontro inesperado na região de Kamchatka, na Sibéria, e experimenta transformações físicas e espirituais se vendo às voltas com questões filosóficas sobre as relações entre a humanidade e a natureza. Sonhos, delírios provocados por intervenções médicas e memórias em meio aos vulcões: é preciso acreditar nas feras. Antes, o projeto, idealizado por Maria Manoella e Fernanda Diamant, foi contemplado pelo edital ProAC n.1 de produção inédita, teve sua temporada de estreia em novembro no Sesc Ipiranga. 

A adaptação teatral se concentra nos principais pontos de contato entre essa história e a realidade brasileira, entre essa mulher e todas as mulheres. A versão final, descarnada, se descola do realismo da obra e procura criar um microclima de sonho e estímulo dos sentidos. A atriz Maria Manoella então dá voz à narradora acompanhada pelo músico Lucio Maia, que executa a trilha ao vivo como uma extensão dramatúrgica, criando não só música, mas ambiências sonoras.

Daniela Thomas e Caetano Vilela colaboram para a instauração deste não-lugar onde a protagonista se encontra; Fabio Namatame e Vivien Buckup na expressividade e hibridação dessa mulher-animal; a escritora Ana Paula Pacheco contribui para a adaptação teatral ao lado de Fernanda Diamant e Mika Lins – que co dirigem o espetáculo. Nastassja Martin teve seu rosto desfigurado por um urso pardo em um encontro inesperado na região de Kamchatka, na Sibéria no ano de 2015. A autora então parte do relato desse acontecimento para pensar questões sociais, políticas e existenciais.

Sobre a adaptação
A atriz Maria Manoella estava à procura de um texto literário para transpor ao teatro quando a filósofa e editora Fernanda Diamant lhe apresentou essa obra ficcional que tinha acabado de ler, baseada numa história verídica, — e as duas, junto com a diretora Mika Lins, escreveram a adaptação teatral.

Fruto de uma criação coletiva, a peça é ao mesmo tempo um espetáculo solo de Maria Manoella, e uma experiência artístico-sonora conduzida ao vivo pelo músico Lúcio Maia. “Uma infinidade de instrumentos musicais acompanha as ações da atriz, a partir da concepção dos Dubs jamaicanos somados a minha experiência autoral de manejar múltiplos setups explorando novas sonoridades”, comenta Lucio.

O processo de adaptação do texto se concentrou nos principais pontos de contato entre essa história e a realidade brasileira, entre essa mulher e todas as mulheres resultando em uma hibridação – ela passa a ser miêdka, meio a meio. A versão final, descarnada, se descola do realismo da obra de não ficção e procura criar um microclima de sonho e estímulo dos sentidos. 

Para isso, conta também com a direção de arte de Daniela Thomas e a iluminação de Caetano Vilella, artistas hipnóticos. Fabio Namatame se soma a proposta estética com o figurino. Para expressar essa fisicalidade, foi essencial o trabalho de Vivien Buckup e também a colaboração dramatúrgica da escritora Ana Paula Pacheco, que acrescentou uma camada a mais ao trabalho desta adaptação. A diretora Mika Lins se encarrega de conduzir essa orquestra.

“Se afirmo sou humano, digo sou diferente dos animais. Toda identidade perpassa por uma noção de diferença, em que ser como se é depende do não-ser outra coisa. A partir do momento em que Nástia sobrevive à troca de olhares com um urso; ao encontro dos corpos físicos de dois mamíferos tão diferentes quanto iguais, se corporifica um não-lugar no que restou de Nástia. É isso que investigamos nessa obra, as incertezas geradas nesse embate”, conclui Maria Manoella.


Ficha técnica
Espetáculo "Escute as Feras". Autora: Nastassja Martin / Tradução: Camila Boldrini e Daniel Lühmann / Idealização: Maria Manoella e Fernanda Diamant /  Adaptação: Fernanda Diamant, Mika Lins, Maria Manoella / Fala do Urso: Ana Paula Pacheco / Direção: Mika Lins /  Co- direção: Fernanda Diamant /  Com: Maria Manoella e Lúcio Maia /  Direção Musical, Produção, Composição e Execução: Lúcio Maia /  Direção de Arte: Daniela Thomas / Figurino: Fabio Namatame /  Iluminação: Caetano Vilela /  Direção de Movimento: Vivien Buckup /  Assistente de Direção: Luana Gouveia /  Direção de Produção: Carla Estefan /  Produção Executiva: Daniela D'eon /   Operação de Luz: Rodrigo Palmieri /  Operação de Som e Vídeo: Edézio Aragão / Direção de Palco: Diego Dac /  Assistente de Palco: Samuel Rodrigues / Fotos e vídeos: Ariela Bueno / Edição de Vídeo: Sergio Glasberg / Identidade Visual: Flávia Castanheira / Assessoria de Imprensa: Adriana Monteiro / Gestão de Projeto e Difusão: Metro Gestão Cultural. Este projeto foi contemplado pelo Programa de Ação Cultural – ProAC n. 1 – 2023, do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas.


Serviço
Espetáculo "Escute as Feras". Teatro Cacilda Becker  – Rua Tito, 295 – Lapa – Curta temporada de 6 apresentações. De 29 de fevereiro a 3 de março de 2024. Reestreia quinta-feira dia 29 de fevereiro, às 18h00. Quinta, 29 de fevereiro e sábado, 2 de Março – sessões às 18h00 e 21h00. Sexta-feira, dia 1° de março, às 21h00. Domingo, dia 3 de março, às 19h00. Ingressos gratuitos distribuídos exclusivamente na bilheteria do teatro, uma hora antes do início das apresentações – Sujeito a lotação – 195 lugares. Recomendação etária – 16 anos. Duração – 70 minutos. Idealização: Maria Manoella e Fernanda Diamant. Adaptação teatral: Fernanda Diamant, Mika Lins, Maria Manoella. Direção: Mika Lins. Co- direção: Fernanda Diamant. Direção Musical, Produção, Composição e execução: Lúcio Maia. Direção de Arte: Daniela Thomas. Iluminação: Caetano Vilela. Figurino: Fabio Namatame. Direção de Movimento: Vivien Buckup.

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